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artigo de minha autoria publicado na revista brasileira de politicas públicas 2015

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  • Ativismo judicial: o contexto de sua compreenso para a construo de decises judiciais racionaisJudicial activism: context of its understanding for the construction of rational judicial decisions

    Ciro di Benatti Galvo

  • SumrioEditorial ..........................................................................................................................VCarlos Ayres Britto, Lilian Rose Lemos Soares Nunes e Marcelo Dias Varella

    Grupo i - atiVismo Judicial ............................................................................1

    apontamEntos para um dEbatE sobrE o atiVismo Judicial ................................................ 3Inocncio Mrtires Coelho

    a razo sEm Voto: o suprEmo tribunal FEdEral E o GoVErno da maioria .....................24Lus Roberto Barroso

    o problEma do atiVismo Judicial: uma anlisE do caso ms3326 ......................................52Lenio Luiz Streck, Clarissa Tassinari e Adriano Obach Lepper

    do atiVismo Judicial ao atiVismo constitucional no Estado dE dirEitos FundamEntais ..... 63Christine Oliveira Peter

    atiVismo Judicial: o contExto dE sua comprEEnso para a construo dE dEcisEs Judi-ciais racionais ..................................................................................................................89Ciro di Benatti Galvo

    HErmEnutica FilosFica E atiVidadE Judicial praGmtica: aproximaEs ................... 101Humberto Fernandes de Moura

    o papEl dos prEcEdEntEs para o controlE do atiVismo Judicial no contExto ps-positi-Vista ................................................................................................................................ 116Lara Bonemer Azevedo da Rocha, Claudia Maria Barbosa

    a ExprEsso atiVismo Judicial, como um clicH constitucional, dEVE sEr abandona-da: uma anlisE crtica .................................................................................................. 135Thiago Aguiar Pdua

    a atuao do suprEmo tribunal FEdEral FrEntE aos FEnmEnos da Judicializao da poltica E do atiVismo Judicial ...................................................................................... 170Mariana Oliveira de S e Vincius Silva Bonfim

  • atiVismo Judicial E dEmocracia: a atuao do stF E o ExErccio da cidadania no brasil ..191Marilha Gabriela Reverendo Garau, Juliana Pessoa Mulatinho e Ana Beatriz Oliveira Reis

    Grupo ii - atiVismo Judicial E polticas pblicas .....................................207

    polticas pblicas E atiVismo Judicial: o dilEma EntrE EFEtiVidadE E limitEs dE atuao ..........209Ana Luisa Tarter Nunes, Nilton Carlos Coutinho e Rafael Jos Nadim de Lazari

    controlE Judicial das polticas pblicas: pErspEctiVa da HErmEnutica FilosFica E constitucional ..............................................................................................................224Selma Leite do Nascimento Sauerbronn de Souza

    a atuao do podEr Judicirio no Estado constitucional Em FacE do FEnmEno da Judi-cializao das polticas pblicas no brasil ..................................................................239Slvio Dagoberto Orsatto

    polticas pblicas E procEsso ElEitoral: rEFlExo a partir da dEmocracia como proJEto poltico ..........................................................................................................................253Antonio Henrique Graciano Suxberger

    a tutEla do dirEito dE moradia E o atiVismo Judicial ..................................................265Paulo Afonso Cavichioli Carmona

    atiVismo Judicial E dirEito sadE: a Judicializao das polticas pblicas dE sadE E os impactos da postura atiVista do podEr Judicirio .................................................... 291Fernanda Tercetti Nunes Pereira

    a Judicializao das polticas pblicas E o dirEito subJEtiVo indiVidual sadE, luz da tEoria da Justia distributiVa dE JoHn rawls ............................................................... 310Ur Lobato Martins

    biopoltica E dirEito no brasil: a antEcipao tEraputica do parto dE anEncFalos como procEdimEnto dE normalizao da Vida ..............................................................330Paulo Germano Barrozo de Albuquerque e Ranulpho Rgo Muraro

    atiVismo Judicial E Judicializao da poltica da rElao dE consumo: uma anlisE do controlE Jurisdicional dos contratos dE planos dE sadE priVado no Estado dE so paulo ..............................................................................................................................348Renan Posella Mandarino e Marisa Helena DArbo Alves de Freitas

  • a atuao do podEr Judicirio na implEmEntao dE polticas pblicas: o caso da dE-marcao dos tErritrios quilombolas ........................................................................362Larissa Ribeiro da Cruz Godoy

    polticas pblicas E EtnodEsEnVolVimEnto com EnFoquE na lEGislao indiGEnista bra-silEira .............................................................................................................................375Fbio Campelo Conrado de Holanda

    tEntatiVas dE contEno do atiVismo Judicial da cortE intEramEricana dE dirEitos Humanos ........................................................................................................................392Alice Rocha da Silva e Andrea de Quadros Dantas Echeverria

    o dEsEnVolVimEnto da cortE intEramEricana dE dirEitos Humanos ........................ 410Andr Pires Gontijo

    o atiVismo Judicial da cortE EuropEia dE Justia para alm da intEGrao EuropEia ...... 425Giovana Maria Frisso

    Grupo iii - atiVismo Judicial E dEmocracia ..............................................438

    libErdadE dE ExprEsso E dEmocracia. rEalidadE intErcambiantE E nEcEssidadE dE aproFundamEnto da quEsto. Estudo comparatiVo. a Jurisprudncia do suprEmo tri-bunal FEdEral no brasil- adpF 130- E a suprEma cortE dos Estados unidos da amri-ca. ...................................................................................................................................440Lus Incio Lucena Adams

    a GErmanstica Jurdica E a mEtFora do dEdo Em ristE no contExto ExploratiVo das JustiFicatiVas da doGmtica dos dirEitos FundamEntais ................................................452Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy

    anarquismo Judicial E sEGurana Jurdica ...................................................................480Ivo Teixeira Gico Jr.

    a (dEs)Harmonia EntrE os podErEs E o diloGo (in)tEnso EntrE dEmocracia E rEpbli-ca .................................................................................................................................... 501Alssia de Barros Chevitarese

    promEssas da modErnidadE E atiVismo Judicial ............................................................ 519Leonardo Zehuri Tovar

    por dEntro das suprEmas cortEs: bastidorEs, tElEVisionamEnto E a maGia da tribuna ..... 538Saul Tourinho Leal

  • dirEito procEssual dE Grupos sociais no brasil: uma VErso rEVista E atualizada das primEiras linHas .............................................................................................................553Jefferson Cars Guedes

    a outra rEalidadE: o panconstitucionalismo nos istEitEs ..........................................588Thiago Aguiar de Pdua, Fbio Luiz Bragana Ferreira E Ana Carolina Borges de Oliveira

    a rEsoluo n. 23.389/2013 do tribunal supErior ElEitoral E a tEnso EntrE os podE-rEs constitudos ............................................................................................................606Bernardo Silva de Seixas e Roberta Kelly Silva Souza

    o rEstabElEcimEnto do ExamE criminolGico por mEio da smula VinculantE n 26: uma maniFEstao do atiVismo Judicial .........................................................................622Flvia vila Penido e Jordnia Cludia de Oliveira Gonalves

    normas Editoriais .........................................................................................................637Envio dos trabalhos .................................................................................................................................................... 639

  • doi: 10.5102/rbpp.v5i2.3101 Ativismo judicial: o contexto de sua compreenso para a construo de decises judiciais racionais*

    Judicial activism: context of its understanding for the construction of rational judicial decisions

    Ciro di Benatti Galvo**

    Resumo

    o presente artigo analisa o contemporneo contexto sociojurdico e po-ltico de compreenso do ativismo judicial brasileiro com repercusso acer-ca do entendimento operativo da separao dos poderes. sabido que a complexidade social e a previso normativa de interesses e assuntos plurais tm feito com que as funes estatais sejam reanalisadas para que possam permanecer aptas a atender as suas funes preponderantes. No seria di-ferente com a funo jurisdicional do Estado. A partir da anlise do citado contexto, percebe-se que uma renovao do princpio jurdico da Separao dos Poderes se mostra imprescindvel para que a atividade precpua de solu-o de conflitos, com a consequente necessidade de preservao da pacifica-o social e alcance da noo de justia, sejam obtidas. Renovando-se a sua compreenso, renova-se a legitimidade estatal junto sociedade, quando da exigncia por uma deciso judicial verdadeiramente racional. Para chegar-se a essa concluso, a metodologia empregada baseou-se na coleta e anlise crtica de argumentos de cunho doutrinrio (muitas vezes, contrrios entre si) suficientes para construir a linha pensamento adotada, favorvel adoo

    mais proativa (e, s vezes, criativa) da funo jurisdicional do Estado, em es-pecial, a da jurisdio constitucional com o objetivo de concretizar ou tutelar os valores e metas constitucionais do Estado.

    Palavras-chave: Ativismo judicial. Separao dos poderes. Racionalidade judicial decisria.

    AbstRAct

    This article examines the socio-legal context of understanding the Bra-zilian judicial activism. It is known that social complexity and the normative prediction of plural interests and subjects has forced State to recalculate its functions or powers so that they remain capable of well executing their predominant functions. It would not be different with the judicial function of the State. From the analysis of that context, it is noticed that a renewal of the principle of separation of powers is essential to the core activity of conflict resolution, with the consequent need to preserve and achieve social

    * Recebido em 28/10/2014 Aprovado em 14/03/2015

    ** Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Mestre em Cincias Jurdico-Polticas pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL) e em Direito do Estado pela Faculdade de Direito da Universidade de So Paulo (USP). Especialista em Direito Pblico. Professor de Direito Constitucional, de Teoria do Estado e de Direito Administrativo. Autor de artigos e de livros na rea do direito. Ad-vogado em Minas Gerais. E-mail: [email protected]

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    peace. Renewing the understanding of the judicial function, from the requirement for a truly rational judicial decision, the state legitimacy in society renews itself. To reach this conclusion, the methodology used was based on the analisis of critical and doctrinal arguments (often contrary of each other) sufficient to cons-truct the line of thought adopted here, supporting the adoption of a proactive stance of the jurisdictional function of the State, in particular the constitutional jurisdiction in order to achieve or protect the constitu-tional values and goals of the State.

    Keywords: Judicial activism. Separation of powers. Judicial rationality

    1. conceituAo, impoRtnciA e contexto sociojuRdico e poltico de ReAlizAo do Ati-vismo judiciAl

    A temtica da performance ou do comportamento do Poder Judicirio tem se tornado sedutora, em tem-pos atuais. Contrapondo-se noo norte-americana de judicial self restraint, responsvel pela adoo de um comportamento judicial de conteno autonomamente realizado, pelo qual h encorajamento dos membros do Poder Judicirio de autolimitar as suas fronteiras de atuao. O fenmeno do ativismo judicial ou judicial activism, envolvendo nova abordagem da funo jurisdicional do Estado, tem levado a calorosos debates, condenando ou afirmando a sua importncia, de acordo com o contexto em que se trabalha a questo.

    Apesar de poder ser-lhe dirigida uma perspectiva analtica negativa1, a partir do levantamento de ques-tes relativas inexistncia de legitimidade democrtica da funo jurisdicional (por assumir uma postura contramajoritria) e eventual ofensa noo tcnica de separao dos poderes (em razo do pretenso comprometimento das funes tpicas pertencentes ao demais poderes do Estado), culminando, na adoo de comportamento pretensamente imprprio e, at mesmo, abusivo do Judicirio, adotar-se- uma anlise positiva acerca de sua compreenso.

    Embora trata-se de expresso cujo contedo semntico possa se mostrar plrimo2, compreende-se o ativismo judicial3, como sendo um comportamento proativo (e, por raras vezes, antecipador funo tpica dos demais poderes constitudos do Estado), desempenhado pelo Judicirio (especialmente, em termos da jurisdio constitucional), mediante procedimento interpretativo-constitucional, com a justificativa de suprir

    ou corrigir deficincias ou insuficincias posturais das demais funes estatais (legislativa e administrativa),

    tendo o ntido escopo de melhor garantir, a partir de decises judiciais, a correspondncia do Estado com os valores albergados nas normas constitucionais4 (em especial, as normas-princpio), principalmente os ligados proteo e ao aprimoramento dos direitos fundamentais e ao controle e/ou racionalidade do exerccio do poder estatal.5

    1 Nas palavras de Randy Barnett: judicial activism is used to criticize a judicial practice that is to be avoided by judges and op-posed by the public. Cfr. BARNETT, Randy E. Constitutional Clichs. Capital University Law Review, v. 36, p. 495-496.2 Cfr. YOUNG, Ernest A. Judicial activism and conservative politics. University of Colorado Law Review, v. 73, n. 4. p. 1139-1216, 2002. 3 Aproveita-se a oportunidade para correlacionar ao termo ativismo judicial o de judicializao da poltica. Adota-se o pen-samento de que a judicializao significa o encaminhamento ao Judicirio de questes poltico-sociais (que antes no tinham tanta ressonncia decisria em termos judiciais em virtude da pretensa completude de tratamento pelas demais esferas de poder) para tomada de deciso final. Muitas vezes, o prvio amadurecimento deliberativo desses novos temas exercido no mbito de deciso do Judicirio acaba refletindo, em certos casos, na necessidade de tomada de comportamentos novos, passveis de serem enquadrados no exerccio da funo tpica dos demais poderes, adotando-se no mais uma postura legislativa ou administrativa meramente nega-tiva. Objetivamente, a judicializao, muitas vezes, est pressuposta ou inserida na postura ativista comportamental do Judicirio de maneira prvia a esta. Corroborando a anlise que aqui se faz sobre a judicializao da poltica, cfr. HIRSCHL, Ran. O novo constitucionalismo e a judicializao da poltica pura no mundo. Revista de Direito Administrativo, n. 251, maio/ago. 2009. Na viso do autor tem-se que: A judicializao da poltica agora inclui a transferncia massiva, para os tribunais, de algumas das mais centrais e polmicas controvrsias polticas em que uma democracia pode se envolver.4 Em sentido prximo, BARROSO, Lus Roberto. O controle de constitucionalidade no direito brasileiro. So Paulo: Saraiva, 2011. p. 365.5 Keenan D. Kmiec corrobora esta viso ao asseverar que in other words, the Court is engaging in judicial activism when it

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    A manuteno da ordem constitucional a partir, essencialmente, dos processos de constitucionaliza-o do Direito torna a discusso do tema atrativa e a sua importncia dirige-se, pois, necessidade de se questionar a prpria compreenso do sistema jurdico-constitucional a partir das espcies de normas que o compem e das formas de sua aplicabilidade e de concretizao pelos rgos funcionais bsicos do Estado.

    Sabendo-se que a composio do ordenamento jurdico se faz por meio de normas-regra e de normas--princpio6, basilar se mostra o argumento de que o comportamento ativista da funo jurisdicional mostra--se em afinidade com a constatao de que nem todas as questes fticas que se tornam problemas para o

    Direito possuem, aprioristicamente, soluo regrada previamente.

    Cr-se que, se uma postura de autoconteno extrema adotada, fatalmente predispe-se a dizer o direito somente a partir de normas detentoras de certo grau de concretude prvia, apta a se enquadrar ao problema, na expectativa de evitar o comprometimento do sistema jurdico como se somente assim ele fosse constitudo e compreendido.

    Mas o direito no conhecido, apenas, pelo que est posto ou positivado. Muitas vezes, a norma de deciso far-se- mediante aplicao de dispositivos normativos, que passam a obter concretude a partir da anlise do contexto que envolve o problema carecedor de soluo jurdica, mediante a interveno de in-trpretes devidamente autorizados pelo prprio texto constitucional. sabido que o ordenamento jurdico caracteriza-se no apenas por dispositivos normativos previamente prontos para serem aplicados, mas tam-bm, por conceitos normativos mais genricos, fluidos e com maior capacidade de adaptao contextual, a

    exemplo dos princpios jurdicos (inclusive, alguns so subentendidos, diga-se de passagem, a exemplo da proporcionalidade, decorrente da interpretao adequada do art. 5, LIV, da CF/88). Assim, em muitos ca-sos, a adoo de uma postura jurisdicional menos autocontida revela-se mais indicada e, talvez, mais exitosa, de acordo com a complexidade apresentada pelo problema ao Poder Judicirio, justamente para dar concre-tude a normas de carter constitucional mais genrico ou fluido, igualmente detentoras de importncia e,

    portanto, carecedoras de efetividade prtica.

    A defesa da coerncia normativa do ordenamento jurdico-constitucional no importando quais as es-pcies normativas que o compem (e, continuar sendo) uma necessidade atual, vinculada preservao da ideia de unidade e harmonia jurdica, principalmente em termos constitucionais. Infelizmente, no entanto, percebe-se que h certa dificuldade na efetivao de muitas normas constitucionais pela atuao dos poderes

    Legislativo e Executivo, que tem a lei em sentido estrito ou como objetivo de seu atuao ou como base para a sua atuao. Especificamente em relao ao Legislativo, verifica-se a persistncia de lacunas normativas prove-nientes da inrcia regulamentadora a partir de decises legislativas ou de sua m elaborao (especificamente,

    em termos de contedo), comprometendo situaes sociais que se tornam conflituosas e que acabam sendo

    levadas anlise do Judicirio, exigindo-lhes uma definio em termos decisrios. J em relao atuao ad-ministrativa, tem-se, muitas vezes, a inrcia de atuao camuflada na noo de discricionariedade administrativa

    ou mrito administrativo, refletido principalmente na adoo de polticas pblicas em diversos setores.

    Dessa maneira, sabendo-se que no cabe aos juzes eximir-se (princpio do non liquet) de decidir em razo de inexistncia de norma posta regulamentadora ou da existncia de certa antinomia, observa-se que a ativi-dade interpretativa, na qual argumentos principiolgicos possam ser realmente aproveitados, ganhando utili-dade jurdica prtica para a soluo final, refora a predisposio em se defender uma postura mais proativa

    dos rgos judiciais7, dentro, obviamente, de parmetros racionais em termos de deciso. Nesses termos,

    reaches beyond the clear mandates of the Constitution to restrict the handiwork of the other government branches. Cfr. KMIEC, Keenan D. The Origin and Current Meanings of Judicial Activism. California Law Review, v. 92, issue 5, p. 1464-1465, 2004.6 Cfr. ALEXY, Robert. Teoria dos direito fundamentais. Traduo de Virglio Afonso da Silva. So Paulo: Malheiros, 2008. p. 87. BAR-ROSO, Lus Roberto. O novo direito constitucional brasileiro: contribuies para a construo terica e prtica da jurisdio constitucional no Brasil. Belo Horizonte: Frum, 2013. p. 147.7 No mesmo sentido, Cfr. SANTAROSA, Humberto. Jurisdio Criativa e a motivao das decises judiciais como seu aspecto legitimador. In: FUX, Luiz (coord.). Processo Constitucional. Rio de Janeiro: Forense, 2013. p. 567.

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    aponta-se, como parmetro especial a esse perfil comportamental do Judicirio, a motivao argumentativa,

    que continuamente merece guarida em termos jurdico, ganhando, enfim, ressonncia e considervel grau de

    importncia em todo comportamento decisrio.

    Tradicionalmente concebida como elemento garantidor do controle da atividade decisria, por facilitar a sua correspondncia e adequao noo de legalidade (juridicidade), passa-se, atualmente, a conceb-la e/ou compreend-la, em todos os mbitos decisrios estatais, como uma exigncia de racionalidade jurdica de cunho objetivo, conformadora de um adequado iter ou processo de fixao dos entendimentos e razes

    que sero expostos na deciso final a ser tomada. Explica-se: ao mesmo tempo, a exposio de razes e

    argumentos serve para facilitar ou potencializar a fiscalizao da deciso final (a posteriori) mas, igualmente, na condio de dever jurdico fundamental objetivo, significa a preocupao prpria de quem decide em

    faz-lo em conformidade com noes fundamentais do ordenamento jurdico, garantindo-lhe pertinncia, coerncia e racionalidade, evitando-se as chances das decises serem atacadas, invalidadas ou questionadas, alcanando, tambm, maior grau de legitimidade ( o que se denomina de vocao jurdico-racional preventiva).8

    No caso especfico do comportamento de no autoconteno do poder judicirio, o dever jurdico de

    motivao de base jurdico-argumentativa revela-se elemento essencial, apto a justificar eventual deciso que,

    possivelmente, seja objeto de contestao por, pretensamente, contrariar a noo de separao de poderes ou por se revelar como deciso contramajoritria, pois, atualmente, impera a busca por funcionalidade operativa no exerccio das funes estatais clssicas, de maneira que as decises dos poderes constitudos devem apre-sentar-se verdadeiramente teis ao propsito para qual as funes so exercidas (conforme se ver adiante).

    Classicamente, em relao funo judicial, diz-se que ela est condicionada a extinguir litgios, (justa composio das lides9) e/ou combater ilegalidades, aplicando-se concretamente a vontade do direto objetivo vigente, com a finalidade ltima e geral de obter pacificao, ordenao e organizao sociais.

    Contudo, a partir da assuno dos Estados tipicamente Constitucionais, centrando-se o ordenamento nas disposies normativas do texto constitucional, especificamente em sua fora normativa e em sua ne-cessidade permanente de efetivar-se, volta-se o olhar crtico s pretenses funcionais desempenhadas pelo Poder Judicirio. Acrescente-se a isso a anlise da prpria evoluto do Estado, com ntido e exponencial crescimento da complexidade dos assuntos levados resoluo por ele, constatando-se que a deciso final

    tende a no ser to diretamente buscada em dispositivos legais em sentido estrito e previamente existentes, simplesmente para apaziguar situaes conflituosas.

    A utilidade e a operacionalidade das decises judiciais passam a se apresentar mediante o recurso a ar-gumentos de ordem valorativa contidos em normas principiolgicas (especialmente, em princpios consti-tucionais), relativizando, pretensamente, e, de antemo a harmonia (originalmente concebida) dos poderes, implicando, no entanto, e, eventualmente, uma significativa e indicada releitura da postura do Judicirio10, visto que ele tende a ser mostrar como um dos principais atores de realizao das intenes constitucionais e resguardo da unidade da normatividade constitucional.

    Nesses termos, a argumentao motivada das decises judiciais, baseada na utilizao sistmica das normas do orde-namento jurdico, a partir, obviamente, das normas constitucionais e que, eventualmente, possam indicar uma falsa ideia de invaso ou contrariedade s normas de competncia legais dos demais poderes constitudos, passa a auxiliar o Poder Judicirio na obteno de um esforo funcional mais complexo, revelador de um aprimoramento apto e crucial potencializao da cumprimento da sua prpria funo tpica e de atribuio de legitimidade ao prprio Estado.

    8 Cfr. GALVO, Ciro di Benatti. O dever jurdico de motivao administrativa: parmetro objetivo para a racionalidade decisria dos atos administrativos restritivos de direito. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013. p. 105 e ss.9 Cfr. MEDINA, Paulo Roberto de Gouva. Teoria geral do processo. Belo Horizonte: Del Rey, 2012. p. 97.10 Nesse sentido, precisas se mostram as palavras de Luiz Guilherme Marinoni para quem: A transformao da concepo de direito fez surgir um positivismo crtico, que passou a desenvolver teorias destinadas a dar ao juiz a real possibilidade de afirmar o contedo da lei comprometido com a Constituio. Cfr. MARINONI, Luiz Guilherme. A jurisdio no Estado constitucional. Dis-ponvel em: . Acesso em: 06 out. 2014.

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    A variao de posicionamento (pr judicial activism ou pr judicial self restraint) tambm est condicionada anlise do contexto sociopoltico em que se exerce a funo jurisdicional do Estado.

    Variando o momento de evoluo estatal, as mudanas sofridas pelo Estado refletem na atuao ou no

    comportamento de seus poderes constitudos. Ou seja, toda manifestao de poder estatal est condiciona-da ou, ao menos, significativamente, influenciada pelo contexto de incidncia do Estado e do Direito que o

    regulamenta. No h porque contrapor-se a essa afirmao.

    Relativamente ao Poder Judicirio e, portanto, ao exerccio da funo jurisdicional do Estado, percebe-se que a superao da fase tipicamente liberal e a insero, ainda, no contexto social tem feito com que constatemos a necessidade enfrentada por ele em lidar com as novas e complexas questes que lhe so direcionadas, a exemplo das demandas judiciais vinculadas questo do direto fundamental vida e sade, meio ambiente, bem como de-mandas referentes liberdade em suas mais diversas perspectivas (liberdade religiosa, liberdade sexual, liberdade de conscincia, liberdade de expresso e de pensamento etc.), cobrando-lhe comportamentos afirmativos, positivos.

    Verifica-se que a chamada crise do contexto estatal vem forando a ruptura de paradigma da jurisdio

    como um todo, em especial da jurisdio constitucional, que passa a depender de uma postura mais operativa e criativa em sua funo tpica, passando a depender de um perfil que requer-lhe comprometimento para

    a realizao e/ou concretizao de uma suposta ordem de valores presentes nas determinaes legais, em especial, nas determinaes de cunho constitucional, mediante correes s funes prprias exercidas pelas demais manifestaes de poder do Estado, especialmente, pelo Poder Legislativo. No se tolera, ou melhor, no se coaduna mais com um perfil do Poder Judicirio conivente com os silncios ou omisses das demais

    funes estatais, geralmente rendidas por questes meramente polticas e, muitas vezes, partidrias, compro-metedoras de realizao de direitos fundamentais, inclusive de minorias em termos de representao poltica.

    Faz-se, portanto, e, na viso de Marcelo Cattoni, uma conexo entre o Direito e a realizao do que a nao, corporificada na figura estatal, entende como bem-comum11, ou seja: a jurisdio constitucio-nal assumir o lugar de um poder constituinte permanente de desenvolvimento de valores pressupostos Constituio12, servindo de figura intermdia para o alcance e/ou aperfeioamento dos valores constitucio-nais presentes tanto nos direitos fundamentais, quanto nas instituies democrticas, constatada a impossi-bilidade do processo de autorrealizao da identidade cvica13 da prpria sociedade.

    Ainda dentro do contexto scio-poltico de desenvolvimento do pensamento ativista (em termos judi-ciais), pode ser afirmado que a correspondente e nova postura do Judicirio (em especfico, da jurisdio

    constitucional) se justifica, ainda, a partir de outra significativa situao constatvel: a famigerada crise da

    representatividade poltica, em especial a do Legislativo, derivada, em sua essncia, da inoperncia, incom-pletude e da falta de apreo qualidade legislativa.

    Anteriormente, vigorava a certeza e a confiana real de que os entes legislativos pudessem prever, me-diante normas legislativas prprias, as situaes e os comportamentos sociais, de maneira que eventuais incompletudes poderiam ser sanadas pelos mtodos tradicionais de interpretao jurdica. O dogma da completude legislativa imperava. O Direito (e, portanto, a noo de justia) era compreendido e se perfazia, apenas, a partir dessa tica, de maneira que a funo judicial baseava-se, predominantemente, na busca de enquadramento perfeito e lgico entre enunciado normativo e o seu contexto de aplicao prtica, ou seja: bastava-lhe uma atuao mecanicista.

    A acelerao das mudanas sociais14 e a complexidade do mundo da vida passam a forar a crucial alter-nncia de perspectiva analtica acerca do papel do Poder Legislativo e de sua, at ento, absoluta aptido de

    11 OLIVEIRA, Marcelo Andrade Cattoni de. Teoria da Constituio. Belo Horizonte: Initia Via, 2012. p. 203.12 OLIVEIRA, Marcelo Andrade Cattoni de. Teoria da Constituio. Belo Horizonte: Initia Via, 2012. p. 204.13 OLIVEIRA, Marcelo Andrade Cattoni de. Teoria da Constituio. Belo Horizonte: Initia Via, 2012. p. 204.14 PELEJA JNIOR, Antnio Veloso. As sentenas aditivas na jurisdio constitucional. In: FUX, Luiz (coord.). Processo Constitu-cional. Rio de Janeiro: Forense, 2013. p. 175.

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    regulamentao social. Soma-se a isso a constatao de significativas falhas no processo legislativo, especifi-camente mediante a constatao de que, nem sempre, a orientao jurdico-normativa do Poder Legislativo, no exerccio de sua funo legiferante, est em sintonia com a realizao da vontade de constituio15, to bem trabalhada por Konrad Hesse, sucumbindo a verdadeiras vontades ou perfis parciais de poder, prxi-mas da noo de dominao de fatores reais de poder socialmente incidentes e comprometedores do projeto denominado, aqui, de obteno de uma Constituio inclusiva ou agregadora.

    A m qualidade dos textos legislativos produzidas pelos Parlamentos correspondentes e a recusa cons-ciente e, at mesmo, a transferncia de responsabilidade pela deliberao juridicamente inclusiva e tolerante acerca de muitas questes controvertidas e pungentes, tem levado a que, a posteriori, haja interveno subsi-diria, mas necessria, dos demais poderes constitudos, especialmente, do Judicirio, apta a dar-lhe contor-nos realmente racionais em termos jurdico-constitucional. Dessa forma, compartilha-se das observaes feitas por Lnio Streck16 acerca da atuao da jurisdio constitucional, dispondo que haja de sua parte

    [...] uma nova insero no mbito das relaes dos poderes de Estado, transcendendo as funes de cheks and balances, mediante uma atuao que leve em conta a perspectiva de que os valores constitucionais tm precedncia mesmo contra textos legislativos produzidos por maiorias parlamentares.

    o que tem sido denominado de postura contramajoritria, principalmente valendo-se do argumento de proteo e/ou aprimoramento de direitos fundamentais afetados, seja pela inexistncia de textos legislativos, seja pela sua feitura deficitria ou omissa.

    Reconhece-se que h, de fato, uma crise na funo legislativa estatal ou crise de representatividade legisla-tiva (principalmente, se levarmos em considerao o nvel de despreparo tcnico-funcional dos componen-tes ou, o que pior, a apatia pessoal em buscar o know-how necessrio a ser aplicado atividade legislativa) e que carece de superao urgente, mas que somente vai se dar a partir do comprometimento do rgo em se transformar, de fato, numa arena ou lcus de deliberao sria e comprometida das necessidades sociais, am-paradas, obviamente, em valores materialmente constitucionais, realizando verdadeira filtragem, pois nem

    tudo que socialmente desejvel ser juridicamente vivel de incidir.

    Nesse sentido, a alterao ou o aperfeioamento do Legislativo como lcus deliberativo-decisrio urge e se mostra salutar. Mas, infelizmente, a sua colonizao inadequada fora e/ou concretiza a necessidade de ordenao social juridicamente pertinente por meios alternativos (juridicamente amadurecidos e pensados), pois o mote fundamental de alcanar, manter e aprimorar a ordenao social persiste desde a concepo tcnica de Estado, datada do sculo XVI, com a subsequente necessidade de vincular a ideia de ordenao social com os ideias do constitucionalismo.

    2. A noo opeRAcionAl dA sepARAo dos podeRes estAtAis e suA AplicAo juRisdio constitucionAl

    Quando um dos atores responsveis pela representao dos poderes constitudos do Estado falha de-liberadamente ou no, poderia outro substituir-lhe ou corrigir a sua eventual falha, impreciso ou omisso para efetivar o contedo substancial do texto constitucional? E, mais: principalmente, no que se refere s temticas relativas a direitos fundamentais e necessidade de controle e racionalizao do poder estatal, tal comportamento mostra-se vivel em Estados de Direito? Haveria, a partir da normatividade constitucional, uma justificativa argumentativa que pudesse defender a resposta positiva dos questionamentos acima?

    15 HESSE, Konrad. A fora normativa da Constituio. Traduo de Gilmar Ferreira Mendes. Porto Alegre: S. A. Fabris, 2002.16 STRECK, Lnio Luiz. Jurisdio Constitucional e Hermenutica: perspectivas e possibilidades de concretizao dos direitos fundamentais sociais no Brasil. Novos Estudos Jurdicos, v. 8, n. 2, p. 257-301, 2003. p. 281.

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    O enfretamento das colocaes acima pressupe a) a tentativa de reconfigurao do princpio jurdico da

    Separao dos Poderes, dando-lhe contornos mais atualizados a fim de que possa corresponder aos ideais

    da evoluo do constitucionalismo, principalmente, no que tange ao chamado constitucionalismo da efetividade; b) a concretizao da caracterstica de autocorreo constitucional, feita institucionalmente, com vistas ao aperfeioamento social e garantia de valores constitucionais, conforme ser visto.

    A partir de certa perspectiva compreensiva, a Separao dos Poderes implica(va) a defesa do raciocnio de evitar-se concentrao e abuso do poder estatal, retrocedendo a um contexto arbitrrio e contrrio proteo ou garantia da esfera jurdico-subjetiva do indivduo diante do Estado. Priorizou-se a necessidade de distribuir as funes estatais a entes ou rgos diferentes, autnomos e independentes entre si, havendo controle mnimo e recproco, impedindo-se, no entanto, a descaracterizao das competncias e funes tpicas desempenhadas por cada um. Trata-se da dimenso garantstica ou negativa de tal princpio estruturante do Estado de Direito, amparado no pensamento liberal de John Locke, aprimorado por Montesquieu, como tradicionalmente se analisa a temtica.17

    Importante ser salientado, no entanto, que h certa ampliao entre os espaos de interseo e frico entre o Judicirio e os demais poderes constitudos, potencializando, conforme observa Lus Roberto Bar-roso, a necessidade de demarcao do mbito de atuao legtima de cada um, atentando-se, no entanto, para o fato de que as eventuais fronteiras demarcatrias no devem se mostrar fixas ou extremamente rgi-das, devido existncia dinmica e pendular das citadas interaes.18

    nesse cenrio que se redesenha a noo jurdica da separao dos poderes, levando-se em considerao o fato de que, no que diz respeito jurisdio constitucional, a sua vocao imediata est na tutela e/ou no aperfeioamento dos objetivos primrios do constitucionalismo moderno e contemporneo, evidenciando--se, por bvio e, devido a sua importncia para o desenvolvimento do indivduo (em suas mais diferentes manifestaes), os direitos fundamentais e os valores constitucionais albergados por eles, muitas vezes.

    Para se alcanar tal desiderato, a separao dos poderes passa a admitir uma perspectiva positiva ou operativa, relativa necessidade de que seja atribudo um aumento da capacidade de atuao racional19 (para alguns, at criativo20) dos rgos executores das funes estatais, de maneira que potencializem suas funes tpicas, tornando-se verdadeiramente teis realidade estatal e ao elemento subjetivo de composio do Estado, ou seja, aos cidados em sua dimenso individual e/ou coletiva.

    Pretende-se, com essa viso, ordenar racionalmente21 o contexto social e as problemticas dele advindas e, a partir da noo jurdica de vontade de constituio22, tornar as decises dos rgos estatais funcionalmente

    17 No mesmo sentido, cfr. NOVAIS, Jorge Reis. Separao de poderes e limites da competncia legislativa da Assembleia da Repblica. Lis-boa: Lex, 1997. p. 25 e ss. PIARRA, Nuno. A Separao dos Poderes como doutrina e princpio constitucional: um contributo ara o estudo das suas origens e evoluo. Coimbra: Coimbra, 1989. p. 13. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituio. 7. ed. Coimbra: Coimbra, 2003. p. 250. STRECK, Lnio Luiz; OLIVEIRA, Fbio de. Comentrio ao art. 2. In: CANOTILHO, J. J. Gomes et al. (Coord.). Comentrios Constituio do Brasil. So Paulo: Saraiva; Almedina, 2013. p. 142.18 BARROSO, Lus Roberto. Direito constitucional contemporneo. So Paulo: Saraiva, 2012. p. 383 -386.19 Sobre este ponto, cfr. NOVAIS, Jorge Reis. Separao de poderes e limites da competncia legislativa da Assembleia da Repblica. Lisboa: Lex, 1997. p. 25-26; PIARRA, Nuno. A Separao dos Poderes como doutrina e princpio constitucional: um contributo ara o estudo das suas origens e evoluo. Coimbra: Coimbra, 1989. p. 262; NOVAIS, Jorge Reis. Os princpios constitucionais estruturantes da Repblica Portuguesa. Coimbra: Coimbra, 2011. p. 34.20 Sobre uma criatividade pautada na inexistncia e inadmissibilidade de argumentos meramente voluntaristas do intrprete-Judicirio, cfr. STRECK, Lnio Luiz; OLIVEIRA, Fbio de. Comentrio ao art. 2. In: CANOTILHO, J. J. Gomes et al. (Coord.). Comentrios Constituio do Brasil. So Paulo: Saraiva; Almedina, 2013. p. 147.21 Neste sentido, cfr. SCHMIDT-ASSMANN, Eberhard. La teoria general del derecho administrativo como sistema: objeto y fundamen-tos de la construccin sistemtica. Madri: INAP, 2003. p. 193. Na literalidade do pensamento do autor tem-se que: en definitiva, la finalidade fundamental de la separacin de poderes, a saber: generar racionalidade atravs de estructuras diferenciadas, no se halla hoy en da superada, ni fctica ni juridicamente.22 Adota-se com esta expresso a concepo fornecida por Konrad Hesse em sua obra ao referir-se ela como a necessidade dos atores da realidade social (e, a nosso ver as instituies jurdicas) se conformarem de acordo com a normatividade constitucional e, mais: se predisporem a atribuir e concretizar as ordenaes provenientes do texto constitucional. Cfr. HESSE, Konrad. A fora normativa da Constituio. Traduo de Gilmar Ferreira Mendes. Porto Alegre: S. A. Fabris, 2002. p. 8.

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    adequadas e substancialmente justas e coerentes, lembrando, sempre, que essa perspectiva positiva requer, para se justificar e evitar decisionismos, a noo de responsiveness e accountability (exigncia de capacidade e de responsabilidade funcional sujeita a controle, digamos assim).

    Afinal, conforme prudentemente adverte Lnio Streck, a deciso adequada constitucionalmente ex-surgir da reconstruo do Direito, com efetivo respeito integridade e coerncia23, no devendo ser o reflexo de uma opo poltica por valores (grifo nosso), cabendo aos juzes construrem seus argumentos de forma integrada ao conjunto do direito, recomendao objetiva que limita qualquer subjetivismo even-tualmente passvel de manifestao.24

    Obedecida essa exigncia de adequao da deciso judicial integridade e coerncia da ordem jurdico--constitucional (manifestada, obviamente, conforme j exposto, pela exigncia de motivao argumentativa--normativa) afirma-se que a atualizao do perfil que o Poder Judicirio pode passar a adotar poder albergar

    tanto a necessidade de concretizao e efetividade constitucional, quanto de segurana jurdica e proteo social contra subjetivismos.

    Tomemos como embasamento jurisprudencial apto a reforar o perfil ativista do Judicirio, a partir da

    perspectiva operativa apresentada acerca da Separao dos Poderes a deciso emanada pelo STF acerca da anlise da ADI 4277/DF, cuja relatoria coube ao Ministro Ayres Britto, julgada em 05 de maio de 2011, bem como da ADPF 132.

    As referidas aes processuais objetivas se referiam discusso e anlise da pertinncia constitucional da temtica alusiva proteo jurdico-constitucional das unies estveis entre pessoas de mesmo sexo a fim

    de lhes fossem garantidos os mesmos direitos que a legislao civil infraconstitucional garante s parcerias interpessoais heterossexuais, de maneira a realizar a interpretao adequada e coerente do Cdigo Civil (es-pecificamente o art. 1723) com o texto constitucional, com consequente extrao da norma de deciso per-tinente a efetivar as pretenses de incluso e de repdio desigualdade e de desrespeito dignidade humana, na condio de capacidade de autodeterminao individual e de reciprocidade de tratamento respeitoso, ensejando a possibilidade automtica de que haja, caso fosse (e seja) de interesse pessoal, a sua converso em casamento, nos moldes do que determina o 3 do artigo 226 do texto constitucional.

    Institucionalizou-se, portanto, no somente a unio estvel homoafetiva, mas, tambm, a viabilidade da ocorrncia do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, com todos as implicaes jurdicas advindas desse instituto. Percebe-se, claramente, que, no caso em tela, prescindiu-se de deliberao sobre a matria em mbito interno da arena poltico-parlamentar, que, possivelmente, manifestaria contrariedade questo devido a sua composio, que, pela heterogeneidade, abarca setores conservadores, nitidamente em razo de considervel parcela da bancada evanglica.

    A jurisdio constitucional exercida pelo STF atuou, portanto, a partir de procedimento interpretativo baseado em valores constitucionais presentes em dispositivos expressos, como lcus especializado de de-liberao e de deciso acerca de um assunto que, pelo vis nitidamente sociopoltico e pela resistncia ou resqucios de sexssimos e preconceitos, certamente no encontraria regulamentao jurdica adequada em termos de legislao infraconstitucional. Pretendeu-se inovar, instituindo-se, mediante deciso judicial, no apenas a unio estvel entre pessoas do mesmo sexo, mas, tambm, o casamento civil por consequncia lgica, corrigindo-se no apenas a falha do constituinte originrio, mas a omisso ou mora do legislador infraconstitucional civil no que tange regulamentao dessa matria, tornando o texto constitucional ver-dadeiramente inclusivo nesse aspecto, atribuindo-lhe efetividade no que diz respeito aos enunciados norma-tivos do art. 3, III e do art. 5, caput, por exemplo.

    23 STRECK, Lnio Luiz. Hermenutica e princpios da interpretao constitucional. In: CANOTILHO. J. J. Gomes et al. (Co-ord.). Comentrios Constituio do Brasil. So Paulo: Saraiva; Almedina, 2013. p. 82.24 STRECK, Lnio Luiz. Hermenutica e princpios da interpretao constitucional. In: CANOTILHO. J. J. Gomes et al. (Co-ord.). Comentrios Constituio do Brasil. So Paulo: Saraiva; Almedina, 2013. p. 82-87.

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    Perpetuar a sujeio da unio civil homoafetiva a uma pretensa regulamentao infraconstitucional a fim de que pudesse-lhe resguardar ou atribuir direitos prprios desse instituto, j verificados e atribudos

    s unies heterossexuais, representaria a perpetuao de uma omisso jurdico-constitucional reveladora de opresso, desconsiderao e desrespeito. Admitir que o Legislativo viesse a regulamentar adequadamente essa questo seria sujeitar os parceiros homossexuais a uma deciso majoritria de inquestionvel dvida existencial diante da composio parlamentar em termos representativos. Optou-se pela adoo de postura contramajoritria, com ntido vis inclusivo e dignificante.

    Deciso tambm emblemtica e significativa, reforando o perfil ativista (e, com embasamento argumen-tativo plausvel, diga-se de passagem), foi a preferida em sede de julgamento do Mandado de Injuno (MI) n 712/PA cuja relatoria coube ao Ministro Eros Grau. Diferentemente do entendimento adotado em pre-trita ao sobre a mesma temtica (MI n 20), adotou-se o posicionamento de repreender a mora legislativa referente regulamentao do direito de greve dos servidores pblicos, determinando-se que, ao contrrio de apenas comunicar o Congresso de sua mora legislativa, determinasse-se que a lei geral sobre o direito de greve (Lei n 7.783/89) incidisse amplamente para os casos anlogos no servio pblico at que, finalmente,

    o rgo legislativo cumprisse com a sua funo precpua de regulamentao legislativa. Amparou-se no argu-mento de que estava se tratando de direito ou prerrogativa fundamental individual, consubstanciado no texto constitucional, no art. 37, VII. O interessante nesse processo estava no fato de que ao processual pretrita que versava sobre o mesmo assunto disps, em termos decisrios, de maneira autocontida no que se refere ao perfil do STF, ao estipular, apenas, que fosse dada cincia ao Legislativo acerca de sua mora legislativa. Trans-corrido considervel lapso temporal, com o advento do MI n 712/PA verificou-se a necessidade de se alterar

    o perfil comportamental em termos decisrios no contentando-se mais com a cientificao do rgo faltan-te, impondo-se medida decisiva que pudesse, realmente, efetivar a norma constitucional constante do art. 37, II, carecedor de produo de efeitos jurdicos concretos e amplos. O perfil institucional, portanto, renovou-se

    em razo da tutela adequada de posies jurdio-subjetivas fundamentais em termos constitucionais.

    3. concluso

    grande a tentao de reconhecer o Judicirio como uma elite capaz de se desviar dos trechos demasia-damente embaraados da estrada do processo democrtico. Tratar-se-ia, contudo, de desviao s aparente-mente provisria; em realidade, seria ela a entrada de uma via incapaz de se reunir estrada principal, con-duzindo inevitavelmente, por mais longo e tortuoso que seja o caminho, ao estado totalitrio. Essa frase dita por Lord Devlin e reproduzida por Mauro Cappeletti, em sua obra Juzes Legisladores, serve-nos de apoio para reafirmar alguns pontos cruciais das intenes dadas questo do ativismo judicial neste artigo.

    Diferentemente do que correntemente se apregoa quando do tratamento da temtica, jamais, em Es-tados de Direito, defender-se- quaisquer manifestaes totalitaristas, por se mostrarem, obviamente, con-trrias aos ideais do desenvolvimento do Estado, ps contexto oitocentista. O que se pretende, mediante a realizao de posturas ativistas, no fragilizar ou comprometer o esquema organizatrio-funcional do Estado, mas, antes, garantir-lhe legitimidade mediante a boa e coerente atuao das funes estatais, a partir da busca por utilidade nas decises vinculadas competncia precpua de cada um de seus rgos. H que se ter condies de aperfeioar continuamente as funes precpuas de cada rgo estatal para que se possa ter verdadeiramente um cenrio racional do prprio Estado.

    necessidade de defender a autonomia dos rgos responsveis pela realizao do poder estatal em mbito interno de maneira que desmandos ou ingerncias abusivas sejam verificadas, soma-se, atualmente, a

    necessidade de aperfeioamento constante das maneiras de exerccio de suas competncias prprias, vincu-ladas, cada qual, noo de aperfeioamento do prprio poder de conformao social do Estado.

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    A garantia de uma organizao estrutural racional do poder estatal, refletida no desempenho adequado e

    coerente das especialidades funcionais (competncias) dos rgos estatais para atender as mltiplas tarefas do Estado (e, para suprir a crise de representatividade poltica), garantindo-se ordenao social desejada, pressupe no somente a no interveno excessiva dos poderes constitudos entre si, mas o aumento da capacidade produtivo-funcional, buscada na possiblidade de atribuio de maior liberdade de atuao, mas baseada, obviamente, em critrios objetivos de comportamento decisrio, a exemplo da motivao argu-mentativa, da noo de responsiveness e accountability em termos decisrios.

    Se a Constituio deve criar mecanismos ou condies adequadas obteno da autorracionalidade e autoaperfeioamento da prpria sociedade, segundo observado prudentemente por Gomes Canotilho25, no se mostra impertinente a defesa do ativismo como manifestao desse ideal constitucional por meio de comportamentos corretivos aos demais poderes constitudos, realizveis a partir de processos interpretati-vos de base jurdico-argumentativa.

    A partir disso, pode ser dito que o Poder Judicirio, hoje, passa a ser, tambm, um lcus adequado de deciso por deliberao, destituindo-se da exclusiva atividade mecnica de enquadramento lgico dos textos normativos s situaes sociais controvertidas.

    A ele deve ser garantido espao de atuao e estruturao em que as suas decises, a partir de mtodos e princpios de interpretao constitucional, sejam autor responsavelmente deliberadas para que possa cum-prir adequadamente com a realizao de sua funo precpua, que no caso especfico, no mais, apenas,

    resolver litgios, mas, verdadeiramente, posicionar a parcela do poder estatal manifestado por si de maneira a realizar a justia constitucional, ou seja, obter decises que reflitam o ideal valorativo que identifica o corres-pondente texto constitucional, garantindo-lhe efetividade real. A utilidade decisria que se espera encontrar em cada rgo funcional estatal, principalmente relativa ao aprimoramento da normatividade constitucional, depende dessa compreenso operativa, de maneira que comportamentos de autoconteno podem no con-cretizar a contento essa vocao de realizao valorativo do texto constitucional.

    RefeRnciAs

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    Grupo I - Ativismo JudicialApontamentos para um debate sobre o ativismo judicial*Inocncio Mrtires Coelho**

    A razo sem voto: o Supremo Tribunal Federal e o governo da maioria*Lus Roberto Barroso**

    O problema do ativismo judicial: uma anlise do caso MS3326*Lenio Luiz Streck**Clarissa Tassinari***Adriano Obach Lepper****

    Do ativismo judicial ao ativismo constitucional no Estado de direitos fundamentais*Christine Oliveira Peter**

    Ativismo judicial: o contexto de sua compreenso para a construo de decises judiciais racionais*Ciro di Benatti Galvo**

    Hermenutica filosfica e atividade judicial pragmtica: aproximaes*Humberto Fernandes de Moura*

    O papel dos precedentes para o controle do ativismo judicial no contexto ps-positivista*Lara Bonemer Azevedo da Rocha**Claudia Maria Barbosa***

    A expresso ativismo judicial, como um clich constitucional, deve ser abandonada: uma anlise crtica sobre as ideias do ministro Lus Roberto Barroso*Thiago Aguiar Pdua*

    A atuao do Supremo Tribunal Federal frente aos fenmenos da judicializao da poltica e do ativismo judicial*Mariana Oliveira de S**Vincius Silva Bonfim***

    Ativismo judicial e democracia: a atuao do STF e o exerccio da cidadania no Brasil*Marilha Gabriela Reverendo Garau**Juliana Pessoa Mulatinho***Ana Beatriz Oliveira Reis****

    Grupo II - Ativismo Judicial e Polticas PblicasPolticas pblicas e ativismo judicial: o dilema entre efetividade e limites de atuao*Ana Luisa Tarter Nunes**Nilton Carlos Coutinho***Rafael Jos Nadim de Lazari****

    Controle Judicial das Polticas Pblicas: perspectiva da hermenutica filosfica e constitucional*Selma Leite do Nascimento Sauerbronn de Souza**

    A atuao do poder judicirio no estado constitucional em face do fenmeno da judicializao das polticas pblicas no Brasil*Slvio Dagoberto Orsatto**

    Polticas pblicas e processo eleitoral: reflexo a partir da democracia como projeto poltico*Antonio Henrique Graciano Suxberger**

    A tutela do direito de moradia e o ativismo judicial*Paulo Afonso Cavichioli Carmona**

    Ativismo Judicial e Direito Sade: a judicializao das polticas pblicas de sade e os impactos da postura ativista do Poder Judicirio*Fernanda Tercetti Nunes Pereira**

    A judicializao das polticas pblicas e o direito subjetivo individual sade, luz da teoria da justia distributiva de John Rawls*Ur Lobato Martins**

    Biopoltica e direito no Brasil: a antecipao teraputica do parto de anencfalos como procedimento de normalizao da vida*Paulo Germano Barrozo de Albuquerque**Ranulpho Rgo Muraro***

    Ativismo judicial e judicializao da poltica da relao de consumo: uma anlise do controle jurisdicional dos contratos de planos de sade privado no estado de So Paulo*Renan Posella Mandarino**Marisa Helena DArbo Alves de Freitas***

    A atuao do Poder Judicirio na implementao de polticas pblicas: o caso da demarcao dos territrios quilombolas*Larissa Ribeiro da Cruz Godoy**

    Polticas pblicas e etnodesenvolvimento com enfoque na legislao indigenista brasileira*Fbio Campelo Conrado de Holanda**

    Tentativas de conteno do ativismo judicial da Corte Interamericana de Direitos Humanos*Alice Rocha da Silva**Andrea de Quadros Dantas Echeverria***

    O desenvolvimento da Corte Interamericana de Direitos Humanos*Andr Pires Gontijo**

    O ativismo judicial da Corte Europeia de Justia para alm da integrao europeia*Giovana Maria Frisso**

    Grupo III - Ativismo Judicial e DemocraciaLiberdade de Expresso e Democracia. Realidade intercambiante e necessidade de aprofundamento da questo. Estudo comparativo. A jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal no Brasil- Adpf 130- e a Suprema Corte dos Estados Unidos da Amrica.*Lus Incio Lucena Adams**

    A germanstica jurdica e a metfora do dedo em riste no contexto explorativo das justificativas da dogmtica dos direitos fundamentais*Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy**

    Anarquismo Judicial e Segurana Jurdica*Ivo Teixeira Gico Jr.**

    A (des)harmonia entre os poderes e o dilogo (in)tenso entre democracia e repblica*Alssia de Barros Chevitarese**

    Promessas da modernidade e Ativismo Judicial*Leonardo Zehuri Tovar**

    Por dentro das supremas cortes: bastidores, televisionamento e a magia da tribuna*Saul Tourinho Leal**

    Direito processual de grupos sociais no Brasil: uma verso revista e atualizada das primeiras linhas*Jefferson Cars Guedes**

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