artigo científico_consentimento informado em fisioterapia

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1 Consentimento Informado em Fisioterapia Que realidade? Paula Soares* “A vida é curta e muito longo o caminho a percorrer. As oportunidades são passageiras, a experiência traiçoeira e a avaliação difícil”. Hipócrates _ Aforismos, I RESUMO: O consentimento informado em saúde, livre e esclarecido, constitui um requisito indispensável no desenvolvimento da ética, e das relações humanas, realçando o princípio da autonomia, na plena relação a dois, na especificidade da sua prática em pessoas sem capacidade decisiva, e nas regras provenientes dessa mesma ética. As relações, profissional de saúde, utente/cliente mantêm-se, ainda hoje, e apesar de vivermos na era da comunicação e da informação, apenas superficiais, continuando o utente/cliente um mero consumidor de saúde, e o profissional, o detentor, dos poderes e dos saberes, tornando-se assim difícil, o verdadeiro esclarecimento, devido não só, à deficitária comunicação, como ainda, à potencial utilização de linguagem técnica, levando a uma enorme dificuldade de compreensão por parte dos utentes. Não nos podemos esquecer, também da influência cultural (crenças, valores), quando efectuamos um acto terapêutico, estes conceitos terão sempre de ser levados em atenção, quando da prática do consentimento informado. Qual será, na nossa prática diária a realidade quanto ao consentimento informado em Fisioterapia? PALAVRAS-CHAVE: consentimento informado, ética, comunicação, fisioterapia, autonomia, informação *Mestre ISO Saúde, com Especialização em Políticas de Administração e Gestão de Serviços de Saúde pela Universidade de Évora e Escola Superior De Tecnologia Da Saúde De Lisboa, Fisioterapeuta.

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Page 1: Artigo Científico_Consentimento Informado em Fisioterapia

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Consentimento Informado em Fisioterapia – Que realidade?

Paula Soares*

“A vida é curta e muito longo o caminho a percorrer. As oportunidades são passageiras, a experiência

traiçoeira e a avaliação difícil”.

Hipócrates _ Aforismos, I

RESUMO:

O consentimento informado em saúde, livre e esclarecido, constitui um requisito

indispensável no desenvolvimento da ética, e das relações humanas, realçando o

princípio da autonomia, na plena relação a dois, na especificidade da sua prática em

pessoas sem capacidade decisiva, e nas regras provenientes dessa mesma ética. As

relações, profissional de saúde, utente/cliente mantêm-se, ainda hoje, e apesar de

vivermos na era da comunicação e da informação, apenas superficiais, continuando o

utente/cliente um mero consumidor de saúde, e o profissional, o detentor, dos poderes e

dos saberes, tornando-se assim difícil, o verdadeiro esclarecimento, devido não só, à

deficitária comunicação, como ainda, à potencial utilização de linguagem técnica,

levando a uma enorme dificuldade de compreensão por parte dos utentes. Não nos

podemos esquecer, também da influência cultural (crenças, valores), quando

efectuamos um acto terapêutico, estes conceitos terão sempre de ser levados em

atenção, quando da prática do consentimento informado. Qual será, na nossa prática

diária a realidade quanto ao consentimento informado em Fisioterapia?

PALAVRAS-CHAVE: consentimento informado, ética, comunicação, fisioterapia, autonomia,

informação

*Mestre ISO Saúde, com Especialização em Políticas de Administração e Gestão de Serviços de Saúde pela Universidade de Évora e Escola Superior De Tecnologia Da Saúde De Lisboa, Fisioterapeuta.

Page 2: Artigo Científico_Consentimento Informado em Fisioterapia

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ABSTRACT:

The free, pryor , informed consent in health, it's an indispensable require towards

ethics and human relationships, highlighting the concept of autonomy that grows in a

therapeutic relationship, specially in the one's which one of the parts hasn't de ability to

decide in consciousness or by the rules which that ethic define. The relationships

between health professionals and patients/health costumers are kept, in spite of the

changes operated in the society of knowledge and information, in superficial bases only,

where the patient is a simple health consumer and the health professional are still the

one's who possesses the knowledge and the power, making it hard to truly

perform informed consent, this is the consequence, not only to the lack of

communication skills but also due to different terminology used by health professional

causing a major hole in the ability to understand the revealed information. We can’t

forget also the cultural influence (beliefs and values) when we perform a medical act,

because these concepts are the one's that cannot be forgotten. In our daily practice

while Physical Therapists, what is the reality toward procedures of informed consent?

KEY WORDS: Informed Consent; Ethics; Communication; Physical Therapy, Autonomy

Information

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1. INTRODUÇÃO

É objectivo deste artigo propor uma reflexão sobre a prática do Consentimento

Informado (CI) na área de intervenção da Fisioterapia, assim como, aprofundar em que

contexto, este é na realidade obtido.

O termo de Consentimento Informado é um dever do exercício profissional, bem

como ao nível de qualquer pesquisa envolvendo seres humanos, pois representa o

respeito pela autonomia, e dignidade dos mesmos.

É um tema de extrema pertinência, assim actualmente fala-se cada vez mais de

Consentimento Informado, Direitos dos Utentes, Códigos de Ética, mas essencialmente

ao nível da Medicina e não ao nível da Fisioterapia, ou de outras profissões de saúde,

esta continua a lutar, também ela enquanto profissão por uma verdadeira identidade e

autonomia profissionais.

Falaremos então aqui em autonomia, por um lado na perspectiva do utente,

utilizador de saúde, a quem deverá ser efectuado o Consentimento Informado, e por

outro, na vertente do profissional, que se debate com a autonomia de decisão do seu

utente, paralelamente com a sua própria autonomia enquanto profissional, “amarrado”

que está ainda, ao poder exercido sobre si pela classe médica, formalizado no acto da

prescrição.

Segundo Munoz e Fortes (1998): “A Autonomia é um termo derivado do grego

"autos" (próprio) e "nomos" (lei, regra, norma). Significa autogoverno, autodeterminação da

pessoa para tomar decisões que afectem a sua vida, a sua saúde, a sua integridade físico-

psíquica, e as suas relações sociais. Refere-se à capacidade do ser humano decidir o que é

"bom", ou o que é seu "bem-estar."

É de extrema importância para esta classe profissional, a real percepção, da sua

prestação, ao nível da eficácia, na transmissão, da informação, aos seus utentes, bem

assim como, à comunidade em geral sobre a Fisioterapia e os serviços prestados pela

mesma.

Iremos falar sobre o Consentimento Informado, que prestamos ou deveríamos

prestar aos utentes de quem cuidamos diariamente, e na sua grande maioria por vários

meses ou até mesmo vários anos.

Considerando-se assim, Consentimento Informado a permissão dada por

qualquer individuo para que lhe possam vir a ser prestados os cuidados propostos ou

necessários, isto após lhe ter sido dada uma explicação adequada, tendo esta sido

compreendida com exactidão, devendo o utente saber com rigor, o que se pretende

fazer, como irá ser feito, porquê e ainda qual o resultado esperado com o acto

desenvolvido, Fernandes (2007), define desta forma Consentimento Informado, “ (…)

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decisão voluntária, realizada por uma pessoa autónoma e capaz, tomada após um

processo informativo e deliberativo, visando à aceitação de um tratamento específico,

sabendo da natureza dos mesmos, das suas consequências e dos seus riscos”.

O exercício do Consentimento Informado torna-se real após a acção conjugada

de autonomia, capacidade, voluntariedade, informação, esclarecimento e do próprio

consentimento.

Entre os elementos que o validam talvez a informação seja um dos mais

importantes, devendo ser clara, objectiva e em linguagem compatível com o

entendimento individual de cada utente, e levando sempre em consideração a situação

(física, psíquica), no qual é efectuado.

2. O CONSENTIMENTO INFORMADO E A DIGNIDADE DO SER HUMANO

O Consentimento Informado é actualmente, um elemento característico no actual

exercício clínico, não sendo apenas uma norma legal, mas um direito moral dos utentes

que cria também, obrigações morais aos profissionais de saúde em geral.

O uso correcto do Consentimento Informado consiste, na total relação do

médico/profissional de saúde com o utente, tendo como objectivo, a clara informação do

procedimento ou terapêutica à qual este será submetido.

Segundo Clotet (1995), “O Consentimento Informado é um direito moral dos

pacientes e uma obrigação moral dos médicos, profissionais da área médica e todos os

prestadores de assistência.”

Este decorre essencialmente do respeito pela autonomia do indivíduo, e pela

dignidade própria do ser humano, apesar de ser um facto recente na história da

humanidade, segundo Kant (1785), “ (…) as pessoas tem valor absoluto, e devem ser

consideradas sempre e simultaneamente como fim e nunca como meio” .

A dignidade, é pois um atributo essencial, independentemente de raças,

religiões, valores, condições sociais entre outras, significando a não invasão da pessoa

humana, o reconhecimento da sua autonomia para livremente poder guiar a sua

existência, sem limites impostos por outro alguém.

O respeito à dignidade da pessoa humana significa, na realidade, a promoção da

sua capacidade para pensar, decidir e agir.

“ As acusações de assassínio e tortura nos campos de concentração

conduziram à formulação de Código de Nuremberg em Agosto de 1947.” (Shuster,

1997)

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Este é composto por dez princípios que têm na sua essência, o objectivo de

salvaguardar os direitos dos indivíduos.

Ainda segundo Shuster (1997:1436), “ O código de Nuremberg é o documento

mais importante na história da ética da investigação médica.” , isto porque até à sua

formulação não existiam regras de protecção aos seres humanos ao nível da

investigação na área médica, o que mais se assemelhava era o juramento de

Hipócrates, mas este refere-se essencialmente ao acto do tratamento.

Assim antes de Nuremberg “ (…) os doentes não passavam de acontecimentos

biológicos, nada mais do que meros objectos”. (Shuster, 1997)

Em 1948, após a 2ª guerra mundial foi adoptada a Declaração Universal dos

Direitos Humanos, em cujo art. 1º refere que “Todos os seres humanos nascem livres e

iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns

para com os outros em espírito de fraternidade.”

Esta tem “ (…) como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as

nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a

constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver

o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas de

ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e

efectivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros como entre as dos

territórios colocados sob a sua jurisdição”. (DUDH art. 1º, 1948)

Em Novembro de 1950 é assinada em Roma a Convenção Europeia dos Direitos

Humanos, cuja entrada em vigor ao nível internacional se dá em 1953, a sua entrada

em vigor na Ordem Jurídica Portuguesa dá-se somente em Novembro de 1978.

Em 1964 surge a Declaração de Helsínquia, que foi aperfeiçoada

constantemente até ao ano 2000 e que se propõe “ (…) fornecer orientações aos

médicos ou outros participantes em investigação médica que envolva sujeitos

humanos”.

Após este breve historial conseguimos facilmente perceber, a enorme

preocupação ao longo dos “últimos” tempos pela constante defesa dos direitos, e

liberdades do homem, assim como da sua dignidade e autonomia.

Existe pois constantemente por parte dos profissionais de saúde o dever de

informar, e no art. 5º (consentimento) da Convenção dos Direitos do Homem e da

Biomedicina, é referido que: “Qualquer intervenção no domínio da saúde só pode ser

efectuada após ter sido prestado pela pessoa em causa o seu consentimento livre e

esclarecido. Esta pessoa deve receber previamente a informação adequada quanto ao

objectivo e à natureza da intervenção, bem como às suas consequências e riscos. A

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pessoa em questão pode, em qualquer momento, revogar livremente o seu

consentimento.”, podemos assim verificar que este não é nunca definitivo.

Reflectindo sobre a nossa lei penal e referindo o Código Penal no seu art. 38º,

este diz que, “Além dos casos especialmente previstos na lei, o consentimento exclui a

ilicitude do facto quando se referir a interesses jurídicos livremente disponíveis e o facto

não ofender os bons costumes. O consentimento pode ser expresso por qualquer meio

que traduza a vontade séria, livre e esclarecida do titular do interesse juridicamente

protegido, e pode ser livremente revogado até à execução do facto. O consentimento só

é eficaz se for prestado por quem tiver mais de 16 anos e possuir o discernimento

necessário para avaliar o seu sentido e alcance no momento em que o presta. Se o

consentimento não for conhecido do agente, este é punível com a pena aplicável à

tentativa.”

Podemos assim analisar, que este foi criado com o intuito e objectivo primordial

de garantir os direitos, liberdades e garantias das pessoas, constituindo o início de um

grande desenvolvimento na área da saúde.

Em 1994 e após diversas adaptações, surge a Declaração de Promoção dos

Direitos dos Doentes na Europa, ambas tentam salvaguardar os direitos dos indivíduos

que participam em investigação, enquanto os Códigos de Ética dos profissionais visam

guiar o comportamento desses profissionais para salvaguardar aqueles direitos.

A Declaração dos Direitos dos Doentes na Europa aborda tanto a investigação

terapêutica, como a investigação no sentido global, sendo de extrema importância em

ambos os casos o Consentimento Informado.

A maior participação do utente implica, desde logo um aumento na tomada de

consciência das suas responsabilidades, assim sendo o Consentimento Informado

representa para os utentes uma conquistas que lhe garante o direito à

autodeterminação na área da saúde.

Podemos reconhecer que conjuntamente com estes ganhos por parte dos

utentes, persistem ainda inúmeros problemas, reconhecendo-se assim a necessidade

de uma atenção e de um aperfeiçoamento contínuo.

3. O CONSENTIMENTO INFORMADO

A falta de informação ao nível da saúde é frequente sendo motivo de queixas

regulares por parte dos utentes, o esclarecimento deficiente sobre os procedimentos, é

sem dúvida um dos aspectos mais criticados.

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Estes, têm o direito de receber dos profissionais de saúde todas as informações

sobre o seu estado clínico, bem como os eventuais tratamentos, exames ou ainda

outras intervenções, de que necessitem, para que, na posse de todos esses elementos,

consigam decidir em consciência, a opção a efectuar em relação ao seu Consentimento.

Segundo Ribeiro (2002), em Portugal, este mesmo Consentimento Informado,

está regulado por leis essencialmente, ao nível da investigação, e ensaios clínicos.

Embora sejam diversas as referências ao Consentimento Informado em

intervenções específicas, na maior parte das vezes, não se indicam as informações a

ser fornecidas, são quase sempre os hospitais, por exemplo, através das suas

Comissões de Ética, ou os profissionais de saúde a decidir, devendo sem dúvida neste

caso, a lei ser mais objectiva, definindo com rigor as situações que exigem o

consentimento escrito e o tipo de explicação a ser efectuada.

O Código Penal, no seu art. 156.º refere que, os médicos ou outros profissionais

de saúde que “ (…) realizem intervenções ou tratamentos sem consentimento do

paciente são punidas com uma pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa (…). “,

exceptuando os casos de urgência.

Para além disso, existem vários documentos com recomendações para os

profissionais sobre o Consentimento Informado, tais como o Código Deontológico da

Ordem dos Médicos, a Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia e na área

da Fisioterapia os Princípios Éticos, estabelecidos pela Associação Portuguesa de

Fisioterapeutas, e extraídos da World Confederation for Physical Therapy, (Actualização

Junho 95).

O Consentimento Informado dá múltiplas vezes origem a questões não só morais

como éticas.

Segundo Baú e Pithan (2006) a palavra Ética origina-se da palavra grega ethos,

que significa carácter ou modo de ser, para estas autoras a palavra não é indicativa de

uma maneira de agir, mas uma resposta à pergunta, sobre porque agir desta ou

daquela forma, revelando-se de maneira diferente da opção normativa que muitos

autores reconhecem na ideia de Ética. “A Ética visa fundamentar racionalmente o agir

humano considerando o correcto ou incorrecto.” (Baú; Pithan, 2006)

Neste mesmo artigo as autoras demonstram que a moral teria maior relação com

a conduta, e com os costumes, relacionando-se com as regras.

Define-se Moral como um conjunto de normas, princípios, preceitos, costumes, e

valores que orientam o comportamento do indivíduo no seu grupo social.

Moral e Ética não devem ser confundidas, pois enquanto a Moral, se rege por

normas, a Ética é teórica, tentando dar explicações e justificar os costumes de uma

determinada sociedade, assim como fornecer soluções, para os seus problemas mais

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comuns, porém, são expressões sinónimas, sendo Ética de origem grega, e Moral a sua

tradução para o latim. A Ética não deve ser confundida com lei, embora frequentemente

a lei tenha por base princípios Éticos.

Actualmente, a grande maioria das profissões, principalmente ao nível da saúde

regem-se pelos seus Códigos de Ética Profissional, estes são conjuntos de normas que

deveram ser cumprimento por todos os elementos da classe profissional.

Segundo Guerra (2008), “Uma das características de ser profissão, é ser

regulada por um código de ética, auto imposto. (…) O altruísmo e a responsabilidade,

são valores fulcrais para o conceito de profissionalismo e os códigos de ética

profissional podem ser vistos como a afirmação destas noções.”

Estes códigos são compostos por um determinado número de princípios, ou

regras, cuja pretensão, é orientar na prática os membros dessa mesma profissão.

No caso dos Fisioterapeutas, estes são regidos pelos Princípios Éticos definidos

pela WCPT, de 1963 quando a Associação Portuguesa de Fisioterapeutas se tornou

membro desta Confederação Mundial de Fisioterapeutas, adoptando o Código de Ética

Mundial, ao qual fez as devidas adaptações à realidade Portuguesa.

Para todas as intervenções invasivas que implicam uma “entrada” no corpo ou a

interrupção de funções, como cirurgias, é indispensável o Consentimento escrito. O

mesmo se aplica aos exames e tratamentos com riscos, como rádio e quimioterapia.

Além da identificação e assinatura do profissional de saúde, os formulários

devem descrever a intervenção, consequências, contra-indicações e riscos, em

linguagem simples e clara, ao utente deve ser entregue uma cópia, de preferência, e

sempre que a situação o permitir, com a antecedência suficiente para uma decisão

tomada em plena consciência.

O Consentimento Informado, não deve de forma alguma ser visto apenas como

uma burocracia, sendo dever dos profissionais o adequado fornecimento dos dados, em

linguagem adequada ao utente em causa, mesmo quando da existência de informação

científica, e em escrita legível, a comunicação com o utente é pois a base fundamental,

para que possa realmente haver uma decisão esclarecida sobre a saúde do utente.

Existem elementos fundamentais, que se tornam necessários para que o

Consentimento Informado seja considerado válido, sendo estes a disponibilização de

informações correctas, a compreensão dessas informações por parte do utente, e por

fim o próprio Consentimento fornecido pelo mesmo, e efectuado com plena consciência

em liberdade e sem coação. Este deve sempre ser elaborado dentro de um contexto

legal, moral e ético.

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4. O DEVER DE INFORMAR

Segundo Oliveira (2001) citado por Rodrigues (2007:1), “A bondade das

motivações técnico-profissionais, por um lado, e a necessidade de quem se encontra

fora das condições físico-psíquicas prévias (…), por outro lado, pressionam o paciente

(…) para a aceitação da intervenção.”

Já Appelbaum et al (1987) citados também, por Rodrigues (2007:2), diz que, “A

própria expressão consentimento informado sugere muito mais a expectativa de os

pacientes aceitarem ser tratados do que a de declinarem o tratamento.”

Mas pode também acontecer precisamente o contrário, ou seja o doente

simplesmente recusar a informação (dissentimento), tendo ele igualmente o direito de

não querer saber a sua situação clínica.

Uma correcta, e perfeita informação engloba os meios alternativos de diagnóstico

e de tratamento.

No caso dos Fisioterapeutas e principalmente dos que exercem as suas

actividades na prática privada, em cujos locais se pensa primeiramente no factor

económico, o primeiro obstáculo com que nos deparamos é sem dúvida com a escassez

de tempo para efectuarmos de forma correcta essa informação.

O aumento de autonomia técnica condiciona também esse consentimento, visto

que a prática profissional fica muitas vezes sujeita a vontades externas aos próprios

profissionais, condicionando assim também a sua autonomia profissional, em detrimento

da autonomia expressa pelos utentes.

Segundo Granadeiro (2004:52), citado por Rodrigues (2007), e referindo-se à

baixa taxa de recusas por parte dos utentes este afirma que “O medo de não se

devidamente atendido se alguém se negar a uma intervenção e ser recriminado e

catalogado de não cooperante, limita a autonomia do paciente. (…).”

Podemos então dizer, que mutuamente a autonomia fica condicionada, ou seja,

por parte do utente verifica-se, ainda actualmente o medo da descriminação quando da

imposição da sua opção por receios fundamentados ou não de recriminação, por parte

dos profissionais de saúde essa condicionante pode ser sentida, como uma limitação

dos seus saberes, os quais ficam simplesmente “à mercê” das vontades dos utentes.

Podemos assim concordar com Oliveira (2001), quando este refere, “Tenho para

mim que o «consentimento informado» vai ser uma dor de cabeça para os profissionais

da saúde, nos próximos anos. Há muitas normas legais a falar dele e há pouca tradição

de o praticar (…).”

O Art. 157º diz do Código Penal, (Dever de esclarecimento) diz que “ (...) o

consentimento só é eficaz quando o paciente tiver sido devidamente esclarecido sobre

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o diagnóstico e a índole, alcance, envergadura e possíveis consequências da

intervenção ou do tratamento (...)”.

Falamos no dever de informar, que por sua vez, consiste no dever que o

prestador de um acto terapêutico, tem para com o utente de informá-lo sobre o referido

acto, que lhe será prestado de forma clara e específica, resultando esta conduta no

princípio da boa-fé objecto das relações de mútua confiança.

5. A IMPORTÂNCIA DO CONCENTIMENTO INFORMADO

Nesta fase, entrecruzam-se vários aspectos Éticos e Legais, pois não sendo

efectuado o Consentimento Informado, o utente pode sempre acusar o profissional de

saúde de negligência.

Podemos, na realidade imaginar facilmente um tratamento efectuado sem o

Consentimento do utente, no qual ocorra uma situação não desejada para o mesmo,

este poderá sem dúvida acusar o profissional de negligência, pois, devido à

desinformação, e a não lhe terem sido facultadas todas as oportunidades de escolha,

não teria tido condições de decidir atempadamente pelo Dissentimento, ficando assim

sujeito à exposição desnecessária de riscos não especificados.

A competência do profissional passa igualmente pelo conceito relacional, que se

reflecte na relação entre as capacidades dos profissionais e o bom desempenho por

parte dos mesmos na execução de diferentes tarefas.

Estas competências, passam também pela esfera comunicacional, devendo sem

dúvida, ser suficientes para que possa haver segurança e eficácia quando esta

comunicação for efectuada, entre este profissional e outros, bem como com os utentes,

assim como com os seus acompanhantes ou representantes, levando sempre em conta,

não só, as capacidades físicas dos indivíduos como também as psicológicas e culturais.

O Fisioterapeuta tem o dever de considerar sempre, o contexto da sua actuação,

bem como a “Compreensão integrada dos aspectos éticos, morais e legais relacionados

com a prática da Fisioterapia.” GTF (2004:8).

Deve ainda “Comunicar e cooperar eficazmente com outros membros da equipa

de cuidados de saúde e com acompanhantes de forma a servir, com Consentimento

Informado os interesses dos utentes (…) Implementar práticas não discriminatórias,

informadas por uma legislação relevante e códigos nacionais e locais de boas práticas

(…) respeitar as convicções pessoais, dignidade e identidade do utente”. Ibidem

(2004:15)

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No entanto deve-se ter sempre presente que podem existir excepções ao

Consentimento Informado, como é o caso de incompetência, incapacidade, ou ainda em

situações de urgência referidas no art.8º dos Direitos do Homem e Biomedicina

“Sempre que, em virtude de uma situação de urgência, o consentimento apropriado não

puder ser obtido, poder-se-á proceder imediatamente à intervenção medicamente

indispensável em benefício da saúde da pessoa em causa.”

Em termos de Consentimento Informado livre e esclarecido, há que ter em conta

que as prioridades do utente ou de quem o representa, voltamos assim e uma vez mais,

ao respeito à autonomia e à aceitação informada da vontade do utente, opte ele pelo

Consentimento (aceitar) ou pelo Dissentimento (recusar), o respeito pela sua autonomia

implica assim respeitar sua decisão seja ela qual for.

6. A FISIOTERAPIA E OS CÓDIGOS DE ÉTICA OU A ÉTICA EM FISIOTERAPIA?

Ética em cuidados de saúde, deverá conseguir definir as acções que são

moralmente correctas e as que são moralmente incorrectas.

Este é, um processo baseado inicialmente, em critérios morais em oposição a

decisões clínicas, administrativas ou outras. O raciocínio ético é aplicado aos cuidados

de saúde e não resultado deles.

O objectivo final do processo é, sem dúvida a tomada de decisão, ou seja a

opção da acção que pode por um lado ser clinicamente correcta, mas por outro, ser sem

dúvida moralmente incorrecta.

A Fisioterapia partilha assim as suas questões fundamentais, com a Ética

Médica, a Bioética e a Ética em geral, estando os fisioterapeutas cada vez mais

preocupados com as suas responsabilidades Éticas em relação aos seus utentes.

Esta responsabilização advém, igualmente do próprio crescimento da

Fisioterapia como profissão, bem como do aumento dos seus saberes e competências,

levando-os a preocupar-se com questões específicas, e também sem dúvida e cada vez

mais a ter uma crescente preocupação com as questões éticas e morais dos cuidados

de saúde.

Podemos assim dizer que, a um aumento dos saberes e competências

profissionais, corresponde também um aumento da responsabilidade profissional.

Com que realidade tem que lidar os Fisioterapeutas, e com que problemas se

devem na realidade preocupar?

“ A Fisioterapia envolve a interacção entre fisioterapeutas, utentes ou clientes,

famílias e prestadores de cuidados, num processo de avaliação do potencial de

movimento e no estabelecimento de objectivos e metas, usando conhecimentos e

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competências clínicas dos fisioterapeutas. A interacção é pré – requisito para uma

alteração positiva na consciência corporal e comportamento do movimento, levando à

promoção da saúde e bem-estar. A interacção envolve trabalho em equipas inter

disciplinares, com o objectivo de determinar necessidades, formular objectivos para a

intervenção da fisioterapia, reconhecendo o utente/cliente/família e prestadores de

cuidados de saúde, como participantes activos neste processo.” GTF (2004:3)

“ (…) é parte essencial do sistema de saúde. A crescente complexidade da

prestação de cuidados de saúde associados aos altos níveis de exigência por parte de

todos os intervenientes envolvidos no processo do «cuidar» tem obrigado a que este

grupo profissional assuma diferentes papéis e competências”. Ibidem (2004:4)

“Os fisioterapeutas regem-se por códigos e princípios de ética próprios, e podem

praticar independentemente de outros profissionais de saúde bem como no contexto de

programas e projectos interdisciplinares de habilitação/reabilitação, com o objectivo de

restaurar a função e a qualidade de vida, em indivíduos com alterações de movimento.”

Ibidem (2004:4)

Será que temos sempre de obter o Consentimento Informado, antes de cada

abordagem efectuada aos nossos utentes, e assim sendo, que informação se deve

transmitir, de que forma o devemos fazer, e como utiliza-la?

Como já foi referido esta classe rege-se por Códigos de Ética próprios podendo

praticar a sua profissão independentemente de outros profissionais de saúde,

respeitando e tendo sempre presentes esses Princípios Éticos, estabelecidos pela

Associação Portuguesa de Fisioterapeutas, com base na World Confederation for

Physical Therapy tendo sido adaptados à nossa realidade, o Código de Ética dos

Fisioterapeutas, diz que, cada fisioterapeuta enquanto profissional deve:

o “Respeita os direitos e a dignidade de todos os indivíduos;

o Actuar de acordo com as leis e regulamentos que regem a prática da

Fisioterapia do país onde trabalha;

o Assumir a responsabilidade da sua prática profissional e das suas decisões;

o Realizar um serviço profissional honesto, competente e responsável;

o Está obrigando a prestar serviços de qualidade de acordo com as políticas de

qualidade e os objectivos definidos pela sua associação nacional de

Fisioterapia;

o Tem direito a um nível de remuneração justo e satisfatório pelos seus serviços;

o Presta informações correctas aos clientes, a outros agentes e à comunidade

sobre a Fisioterapia e sobre os serviços prestadores de Fisioterapia;

o Contribui para o planeamento e desenvolvimento dos serviços destinados a

satisfazer as necessidades de saúde da comunidade.” (APF, Junho 1995)

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Como último repto, fica a questão, se como profissionais responsáveis, e que

cumprem um Código de Ética próprio, podemos ou devemos manter, um tratamento

provadamente ineficaz, e que não raras vezes é mesmo prejudicial ao utente, no

sentido apenas e só, da manutenção de uma qualquer prescrição, simplesmente por se

tratar de um acto médico, que hierárquica e deontologicamente sabemos ter a

“obrigação” de cumprir?

Aonde fica numa situação como esta a nossa almejada autonomia profissional,

em relação ao poder prescritivo médico inúmeras vezes com execução tão díspar da

nossa acção interventiva, e sem dúvida de provada insuficiência e ineficácia?

7. INFORMAÇÃO E CONSENTIMENTO EM FISIOTERAPIA, QUE REALIDADE?

As novas tecnologias de informação, nomeadamente o progresso da Internet, vieram

reforçar, o aumento de conhecimento por parte dos utentes, desenvolvendo nestes, as suas

capacidades ao nível das trocas de informação, e do aumento do diálogo com os

profissionais de saúde.

Isto apesar dessa informação disponibilizada via Internet, nem sempre ser obtida

através de sites credíveis, não tendo estes na sua grande maioria exactidão cientifica, e

levando não raras vezes, ao aumento das dúvidas por parte dos utentes, os quais

questionam assim as acções desencadeadas pelo profissional, que na realidade, faz uso

das suas competências no sentido da eficácia das técnicas aplicadas.

De forma geral os utentes criam assim, expectativas diferentes em relação a estes

profissionais, não se limitando unicamente às suas capacidades técnicas, aos seus saberes

e competências, mas exigindo deles também uma maior eficácia ao nível das relações

humanas.

Os novos utentes estão pois, mais activos e intervenctivos, em relação à assistência

que lhe é agora prestada, criando novas expectativas e necessidades. A evolução destas,

tem vindo a originar uma profunda transformação na sociedade, que tende a adaptar e a

promover um modelo de autonomia e afirmação dos direitos dos utentes. Abandonamos

assim o modelo paternalista encarando agora o utente como par, com novos direitos e

deveres.

O Fisioterapeuta tem procurado acompanhar essa evolução, ao nível das

necessidades da saúde e também das expectativas dos utentes, este profissional respeitou

desde sempre o utente no seu meio, pois é para ele de extrema importância o contexto em

que o mesmo está integrado, considerando assim, o meio familiar, profissional entre outros,

no qual se pretende que seja feita a integração após a sua recuperação.

Page 14: Artigo Científico_Consentimento Informado em Fisioterapia

14

Se estivermos a lidar com uma criança ou um idoso, é da maior importância o meio

familiar, enquanto se estivermos a lidar com utentes de outra faixa etária, não nos podemos

limitar ao conhecimento desta envolvente, mas sim ao de todas as restantes.

O utente deve confiar nos profissionais de saúde com que lida, e estes por seu lado

devem estar sempre atentos aos seus comportamentos, de forma a poderem adaptar mais

facilmente os seus discursos, tratamentos assim como esclarecimentos.

Esta troca efectuada entre profissional de saúde/utente passa igualmente por uma

escuta activa, fortalecendo assim esta relação.

É de referir que quando falamos de Consentimento Informado, temos de ter

presente que este pode ser efectuado de diversas formas, o art. 39.º do Código Penal,

refere “O consentimento efectivo é equiparado ao consentimento presumido. Há

consentimento presumido quando a situação em que o agente actua permitir

razoavelmente supor que o titular do interesse juridicamente protegido teria eficazmente

consentido no facto, se conhecesse as circunstâncias em que este é praticado.”

O Consentimento Presumido pode ser entendido como a vontade hipotética do

paciente, no entanto alguns autores são muito cépticos sobre esta modalidade de

Consentimento, e segundo Andrade (2004:132), este pode “ (…) representar o triunfo

da heteronomia sobre a autonomia”.

Para além do já falado Consentimento Presumido, existem ainda diversas formas

de obter o Consentimento Informado, podendo este ser Expresso, (traduzido de forma

escrita e/ou oral), Implícito, (no qual apesar de não ser dado de forma explicita o

individuo demonstra de alguma forma o seu consentimento), sendo este semelhante ao

Presumido, e ainda Tácito, (aquele em que a pessoa simplesmente não se mostra

contrária à acção).

Os profissionais de saúde deverão obter sempre que possível, um consentimento

expresso junto dos utentes, para que assim possam sempre salvaguardar a sua

intervenção, em circunstâncias especiais, nas quais essa acção não seja possível, a

atitude profissional assim como e as estratégias seleccionadas, terão que estar de

acordo com o respeito pela dignidade e pela autonomia dos utentes.

Em Fisioterapia, a maior parte do Consentimento Informado é o Implícito, pois

após a sua ida à consulta médica o utente, surge-nos com uma prescrição a qual temos

de cumprir, deduzindo que o mesmo foi previamente informado pelo médico do acto a

ser praticado pelo fisioterapeuta.

Mas esta situação raras vezes acontece, ou seja apesar de prescrever o médico

não esclarece o utente dos actos a serem praticados cabendo assim ao fisioterapeuta, a

informação, e explicação detalhada, não só da prescrição médica como também dos

actos terapêuticos que irá praticar no utente.

Page 15: Artigo Científico_Consentimento Informado em Fisioterapia

15

O doente tende assim a colaborar com o fisioterapeuta, visto este estar na maior

parte das vezes, simplesmente a cumprir a prescrição médica, e colaborando está então

consentindo.

Um acto terapêutico efectuado em alguém que não nos concedeu o seu

consentimento, é sem dúvida uma falta de respeito pela dignidade do utente em

questão, até porque em Fisioterapia a proximidade física, entre utente e profissional é

enorme, levando a uma invasão da intimidade do mesmo, não só simbólica, como real,

como no caso de ter de permanecer total ou parcialmente despido, levando-o a

situações constrangedoras, principalmente de inicio, tendo ambos que aprender a lidar

com a circunstância da melhor forma. Deveremos ter toda a atenção e prudência para

puder captar desde logo a confiança do utente, facilitando a relação profissional, e

procurando o equilíbrio, e bom senso sabendo desde logo, respeitar os timings do

utente, e deixando-o adaptar-se à sua nova condição, respeitando também uma

possível recusa inicial ao tratamento.

O utente sente-se despido do seu eu, enquanto o profissional, não raras vezes

passa a considera-lo apenas como seu objecto de trabalho.

O Consentimento Expresso para além de raramente efectuado, pode funcionar

através de uma dualidade de acções, protegendo tanto o utente, como o fisioterapeuta,

este de forma inequívoca nas sua prática padrão, mas esta não será talvez, a melhor

forma de iniciar uma relação que se pretende, seja de confiança, comunicação e

empatia, confrontando-o desde logo com um papel, o qual ele terá de ler, compreender,

e posteriormente se concordar com os termos assinar, este pode representar, a “quebra

do elo” na relação fisioterapeuta/utente.

O Fisioterapeuta é considerado um dos profissionais de saúde que mais tempo

contacta com o mesmo utente, dependendo da situação clínica, assim como da sua

evolução.

Periodicamente, devemos então assegurarmo-nos da compreensão e da

satisfação face aos resultados obtidos, por parte do utente, ou do seu representante

legal, esta sua participação não significa, a transferência das nossas responsabilidades,

mas antes uma forte ralação na qual ambos devemos saber manter os nossos direitos,

autonomias e limites de responsabilidade.

8. CASOISTICAMENTE FALANDO

Vai já longa a minha experiência profissional, conto mesmo sem querer com

vinte e quatro anos de exercício diário, entre as centenas de casos, e para qualquer

Page 16: Artigo Científico_Consentimento Informado em Fisioterapia

16

profissional de saúde, é fácil concordar comigo quando digo que muitos de entre eles

ficaram gravados na minha memória.

No inicio pela inexperiência, e mais tarde, porque obtivemos um bom resultado,

ou pelo contrário o resultado que não queríamos obter, ou simplesmente porque nos

tocaram mais fundo nos nossos corações, que com os anos vão “endurecendo”, mas

que, agradavelmente nunca deixam de ser profundamente humanos. Costumo mesmo

dizer que a experiência é tão grande que os olhos conseguem muitas vezes trespassar

o que é realmente físico para tocar, o mais íntimo e profundo que existe nos nossos

utentes.

Esta é realmente a grande táctica dos Fisioterapeutas para, como vulgarmente

dizemos “ganhar” o utente, ou seja criar com ele uma empatia que se possa traduzir em

confiança profissional por sua parte, e numa maior dádiva da nossa parte. Isto porque

se estivermos a lidar com um utente ao qual não conseguimos ganhar a confiança, por

muito profissionais, competentes e sabedores que sejamos, dificilmente conseguiremos

efectuar o tratamento da forma mais correcta.

Nesta fase final do artigo, e sabendo que por ser um artigo científico não deveria

deixar transparecer a minha própria opinião, arrisquei, pensado que sem a transmissão

de exemplos da minha realidade nada teria sentido.

Estes têm como intenção ilustrar, simbolicamente tudo o que na realidade já foi

dito e fundamentado.

Começo pelo João jovem de vinte e poucos anos que na sequência de uma

viagem de finalistas mal sucedida, cujo transporte era feita num autocarro de longo

curso, despistando-se este e capotando, o João é cuspido e o autocarro aterra sobre

ele nas quatro rodas, para além dos poli traumatismos, os ácidos que entretanto saem

do motor caiem sobre o jovem que fica assim também, com queimaduras vastas.

Após um período de internamento em Espanha local do acidente regressa a

Portugal e passa a ser meu doente. Inicialmente era uma situação confrangedora, pois

o João encontrava-se muito afectado psicologicamente, não só pela sua actual

situação, mas também porque no acidente tinha perdido quase todos os seus

companheiros, tendo apenas sobrevivido ele e outra colega.

Quando me deparei com o João, ele era uma pessoa muito triste, fechado em si

próprio, com o qual foi muito difícil, inclusive iniciar uma conversa, lembro-me que, me

tentei aperceber da situação clínica, sem tocar no assunto acidente, e apenas

focalizando a situação no tratamento a efectuar, depois de fornecidas todas as

explicações da actuação que iria inicialmente ser desencadeada, como aliás tento

sempre fazer com todos os utentes, quando o tempo e a situação mo permite, percebi

que o João, não expressara o mínimo esforço no sentido de tentar iniciar comigo uma

Page 17: Artigo Científico_Consentimento Informado em Fisioterapia

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relação cordial, apenas se mantinha calado, aguardando o início da minha intervenção,

numa demonstração expressa de Consentimento Implícito. Assim, iniciei a minha

actividade calmamente, apesar de o primeiro dia de tratamento ter sido o mais

importante para mim, pois foi neste que me comecei a aperceber das limitações, tanto

físicas como psíquicas do João.

Ao fim de longos meses de sessões diárias a evolução física do João foi

excelente, não ficando quase com nenhumas sequelas, a não ser as queimaduras

ácidas, com as quais teve de aprender a lidar e que o levaram algumas vezes a

intervenções de Cirurgia Plástica, fora essa situação tornou-se um jovem comunicativo,

confiante, e que demonstrou uma enorme força psicológica, para enfrentar uma vida

com um novo rumo, no qual espero sinceramente ter conseguido contribuir da melhor

forma.

Passo agora a referenciar um novo caso, este da Conceição, também ela jovem

na faixa dos vinte e cinco anos, tinha feito uma artróscopia a um joelho, mas com ela a

situação foi completamente diferente, era uma jovem muito comunicativa, activa, que

queria simplesmente ficar boa rapidamente.

Na primeira sessão expliquei-lhe, como se iriam desenrolar, os tratamentos, e

após avaliação inicial começamos imediatamente a prática, tendo sido fácil obter da

parte dela o Consentimento Expresso, apesar de este ter sido dado de forma oral e

informal, hoje e à distância dos anos penso que este é o exemplo de um caso em que o

Consentimento deveria ter sido obtido de forma escrita, senão vejamos, a pressão que

a utente colocava sobre mim enquanto profissional, levou-me a tentar avançar no

tratamento, contornando por vezes uma regra de ouro da Fisioterapia, que é, o nunca

passar o limiar da dor.

Assim neste caso e em algumas vezes, com o consentimento da utente esse

limiar foi ultrapassado, levando a que o joelho inicialmente melhorado, com ganho de

maior amplitude e mobilidade, passa-se a referenciar dor e a apresentar edema.

Mesmo perante as minhas advertências a doente apresentava-se obstinada e só

perante a minha recusa em continuar com o mesmo esquema de tratamento a fez parar,

mas não pensar da melhor forma, pois passou a coagir-me, levando elementos da

família e ameaçando levar-me a tribunal, agora por lhe ter estragado o joelho.

Situação complicada esta, apesar de ter Consentimento Expresso, foi muito dificil

provar, e só com o testemunho da minha colega de profissão que diariamente

trabalhava a meu lado, e com a confiança depositada no meu profissionalismo por parte

da Directora Clínica, não me vi envolvida num processo legal.

Surge-me então uma entre muitas questões, será que depois de toda a reflexão feita

neste artigo valerá mesmo a pena obter do utente o Consentimento Informado?

Page 18: Artigo Científico_Consentimento Informado em Fisioterapia

18

Claro que teria muitos mais casos para expor mas, não quis deixar de referir, um

bom caso e um mau caso, pois com estes vamos aprendendo a reflectir, e hoje apesar de

continuar a proceder da mesma forma, na tentativa constante da obtenção de

Consentimento Informado, tenho a noção exacta que raras são as vezes, em que não o faço

de formal informal, ou seja depois da prescrição médica, início o tratamento do utente e ao

mesmo tempo vou falando com ele, explicado e esclarecendo todas as suas dúvidas, desde

que ele as apresente, pois em prática privada convencionada o tempo urge, não se

condoendo a maior parte das vezes com Códigos de Ética, Praticas Padrão, entre outros,

confirmando assim que a prática contraria por diversas vezes a teoria.

9. CONCLUSÕES

Em Portugal e já com vários anos de prática profissional, confronto-me cada vez

mais com situações, às quais vulgarmente designamos de burocráticas, pois apesar de

o Consentimento Informado, ser como nos apercebemos ao longo do artigo uma

obrigação inscrita no Código Penal, bem como nos Códigos de Ética Profissional, não é

habitual a sua prática vulgarizada no nosso país. Quanto será ele aplicado nas

Unidades Privadas de Fisioterapia, nos Centros de Saúde, nos Hospitais Públicos e

Privados, e mesmo nos indivíduos submetidos a situações experimentais?

Será prática comum, no momento de um internamento hospitalar, ser

apresentado ao utente ou ao seu acompanhante um termo de Consentimento Informado

para ser assinado? E qual será ainda a sua validade, visto que, mesmo se cumprirmos

todas as regras para um Bom Consentimento Informado, termos ainda de contar com

situações de envolvência psico traumática no qual o utente se encontra nesse

momento, e que como refere Lesage-Jarjoura (1990:144), citada por Rodrigues (2007),

limitam igualmente a compreensão dos indivíduos, “ (…) sobre o efeito da ansiedade e

do medo, o paciente ouve sem compreender”.

Temos ainda, vulgarmente uma situação repetida na qual, esse mesmo termo

está escrito sob um padrão comum para todos os utentes. Se a situação psico

traumática não for o suficiente para interferir nessa análise, estará a linguagem

adequada a todos os indivíduos? Não estará, nesse momento, o indivíduo sob

condições de tal forma vulneráveis que dificilmente compreenderá o documento?

Como já foi ressalvado anteriormente, o Consentimento Informado é a

materialização do respeito à autonomia, sendo importante acautelar a condição mental,

emocional, cultural e educacional do indivíduo, bem como a situação do mesmo no

momento em que se lhe apresenta o documento. A circunstância mais difícil é pois,

Page 19: Artigo Científico_Consentimento Informado em Fisioterapia

19

reconhecer a condição real de entendimento do indivíduo, mesmo em situação normal e

na ausência de períodos de emergência.

A International Ethical Guidelines for Biomedical Research Involving Human

Subjects dá grande importância a alguns aspectos, tais como linguagem acessível,

informação adequada ao indivíduo, à finalidade e método a utilizar, duração, benefícios

esperados, possíveis riscos, tratamentos alternativos, grau de confidencialidade,

responsabilidade do pesquisador (se for o caso), terapia gratuita no caso de danos ou

resultados negativos, tipo de compensações e liberdade de abandonar a

pesquisa/tratamento em qualquer altura.

Voltando à Fisioterapia razão deste artigo, foi sempre actuação vulgarizada para

todos nós profissionais “uma espécie” de Consentimento Informado, ao longo da prática

efectuada num mesmo utente, pela forma que comunicamos e vamos sempre

respondendo às suas questões, apesar de claro gostarmos sempre mais do utente que

se submete sem fazer grandes questões, isso deixa-nos geralmente pouco à vontade,

não devido a ausência de conhecimentos, mas sim devido a uma questão cultural na

qual ainda nos vimos como utilizadores essencialmente do modelo biomédico.

Será que vamos conseguir alterar esta forma de Consentimento Informado

Informal?

Será importante que esta classe profissional compreenda, que a forma como

cumpre as regras terá também um significado deveras importante, não só para a sua

protecção enquanto profissional, evitando desagradáveis situações legais, que podem

hoje, e cada vez mais ocorrer pelo aumento das capacidades de esclarecimento

pessoal dos próprios utentes, mas também levando a um esclarecimento da própria

classe profissional, por uma maior fundamentação das certezas das suas competências

e dos seus saberes.

O exercício da autonomia, valor indiscutível na sociedade, mesmo no campo

particular das intervenções médicas é, ainda, em Portugal, pouco ou nada praticado.

Mas é importante e necessário que as profissões da área da saúde percebam que as

pessoas cada vez mais irão exercer a sua autonomia na decisão clínica, partilhando a

informação necessária com o profissional e formalizando o seu consentimento.

Page 20: Artigo Científico_Consentimento Informado em Fisioterapia

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS Appelbaum, P.S., L.C., M., A., (1987), “Informed Consent — Legal Theory and Clinical Practice”, Oxford. Andrade, C. M. da, (2004), “ Direito Penal Médico”, Coimbra Editora. Baú, M., K., Pithan, L. H., (2006,)“Aproximação entre bioética e direito”, In: Kipper, D. J., (Org.), “Ética: teoria e prática, uma visão multidisciplinar”, Porto Alegre, Edipucrs

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Dec. Lei n.º 261/93 de 24 de Julho

Dec. Lei n.º 320/99 de 11 de Agosto

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ANEXOS

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ANEXO- 1

Associação Portuguesa de Fisioterapeutas

Consentimento Informado

Padrão 2 Deve ser dada ao utente toda a informação relevante sobre os procedimentos propostos pelo Fisioterapeuta, tendo em consideração a sua idade, estado emocional e capacidade cognitiva, de forma a permitir o consentimento expresso, claro e informado. Orientação: No caso de utentes que não apresentem capacidade para dar consentimento informado, por exemplo, utentes inconscientes, crianças, utentes com problemas mentais severos, confusos e alguns utentes com dificuldades de aprendizagem, o consentimento deve ser obtido, sempre que possível, por parte dos pais, tutores, ou outros indivíduos legalmente designados para representar o indivíduo. Na presença de decisões complicadas, relacionadas com o consentimento, estas devem ser discutidas com outros colegas, bem como com outros profissionais envolvidos na intervenção, antes de ser tomada a decisão final. A declaração de princípios da WCPT (1995)

deve ser considerada em conjugação com estes padrões. Critérios 2.1- O consentimento do utente é obtido antes de se iniciar qualquer exame ou intervenção. 2.2- As opções de intervenção, incluindo benefícios significativos, riscos e efeitos secundários são

discutidos com o utente. Orientação: Por exemplo, se o fisioterapeuta considerar a utilização de electroterapia, deverá discutir com o utente a relevância científica da sua efectividade, mas também chamar a atenção para o eventual risco de queimaduras. 2.3- É dada ao utente, a oportunidade de colocar questões.

Orientação: Os utentes podem necessitar de tempo para absorver a informação e deverá ser dada a oportunidade de colocar questões em todas ocasiões, de molde a que o consentimento seja claro e expresso. 2.4. O utente é informado do seu direito de recusar a fisioterapia em qualquer fase sem ser

prejudicado em cuidados futuros. 2.5- Se o utente declinar ou rejeitar a fisioterapia este facto deve ser documentado no processo

clínico, conjuntamente com as razões invocadas, sempre que estas sejam conhecidas. 2.6- O utente é informado de que pode ser consultado ou intervencionado por um aluno de

fisioterapia, sendo-lhe dado o direito de recusar e nesse caso ser tratado por um Fisioterapeuta. Orientação: Este critério só é aplicado nos locais onde existam alunos de fisioterapia.

2.7- O documento de consentimento informado para a intervenção é guardado no processo clínico do

utente.

Fonte: APF – Padrões de Prática, (2005), 3ª Edição, pp 10

http://www.apfisio.pt/Ficheiros/Pad_Pratica.pdf

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ANEXO – 2

TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

Pelo presente instrumento, declaro que fui suficientemente esclarecido (a) pelo (a)

Médico/Fisioterapeuta (nome completo do médico/fisioterapeuta) sobre os procedimentos

(esclarecer quais procedimentos), a que vou me submeter, ou a que vai ser submetido

(nome do paciente), do qual sou responsável legal, bem como do diagnóstico, prognóstico,

riscos e objectivos do tratamento (discriminar).

Declaro também que fui informado (a) de todos os cuidados e orientações (discriminar) que

devo seguir a fim de alcançar o melhor resultado. Estou ciente que o tratamento não se

limita ao (colocar o procedimento realizado), sendo que deverei retornar ao

consultório/clínica nos dias determinados pelo médico/fisioterapeuta, bem como informá-lo

imediatamente sobre possíveis alterações / problemas que porventura possam surgir.

Pelo presente também manifesto expressamente minha concordância e meu consentimento

para realização do procedimento acima descrito.

Local e data

____________________________________________

Nome e assinatura do paciente (ou representante legal)

Documento de Identidade

Testemunha

__________________________ Testemunha

Fonte: http://www.ammg.org.br/guia/termo.doc (Adaptado e utilizado no nosso serviço)