artigo cientifico de sociologia juridica1- aborto (1)
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FACULDADE CATÓLICA RAINHA DO SERTÃO
LARISSA FERNANDES DE SOUSA
ARTUR DOS SANTOS SOUSA
O Direito à Vida e a Dignidade da Pessoa Humana analisados frente a questão do
aborto
QUIXADÁ-CE
2015
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O Direito à Vida e a Dignidade da Pessoa Humana analisados frente a questão do
aborto
RESUMO
O tema do aborto é, dentre a totalidade das situações analisadas pelo direito, aquele
sobre o qual mais se tem escrito, debatido e realizado congressos científicos e
discussões públicas. Isso não significa, no entanto, que tenham ocorrido avanços
substanciais sobre a questão nestes últimos anos, ou mesmo que se tenham alcançado
alguns consensos morais democráticos, ainda que temporários, para o problema. Ao
contrário. A problemática do aborto é um exemplo nítido tanto da dificuldade de se
estabelecer diálogos sociais frente a posições morais distintas quanto do obstáculo em se
criar um discurso acadêmico independente sobre a questão, uma vez que a paixão
argumentativa é a tônica dos escritos sobre o mesmo. Para um não-iniciado, a maior
dificuldade ao ser apresentado à literatura relativa ao aborto é discernir quais são os
argumentos filosóficos e científicos consistentes dentre a infinidade de manipulações
retóricas que visam apenas arrebatar multidões para o campo de batalha travado sobre o
aborto.
Palavras-Chave: Aborto, Jurídica, Problemática
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RESUME
The abortion issue is, among all the situations analyzed by the right, one on which more
has been written, debated and held scientific conferences and public discussions. This
does not mean, however, that have been substantial advances on the issue in recent
years or who have reached some democratic moral consensus, albeit temporary, to the
problem. Instead. The abortion issue is a clear example of both the difficulty in
establishing social dialogue across the different moral positions as the obstacle in
creating an independent academic discourse on the issue, since the argumentative
passion is the keynote of the writings on it. For the uninitiated, the greatest difficulty to
be presented to the literature relating to abortion is to discern what are the philosophical
arguments and scientific consistent among the multitude of rhetorical manipulations
aimed only snatch crowds to the locked battlefield on abortion.
Keywords: Abortion, Legal, Problems
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................05
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...........................................................................06
2.1 Conceito....................................................................................................................06
2.2 Visão Histórica..........................................................................................................07
2.3 Espécies de Aborto...................................................................................................09
2.3.1 Quanto a Causa......................................................................................................09
2.3.1.1 Acidental.............................................................................................................09
2.3.1.2 Natural.................................................................................................................09
2.3.1.3 Legal....................................................................................................................09
2.3.1.4 Criminoso............................................................................................................09
2.3.2 Quanto a Finalidade...............................................................................................10
1.2.3.1 Sentimental..........................................................................................................10
1.2.3.2 Eugênico..............................................................................................................10
1.2.3.3 Terapêutico..........................................................................................................10
1.2.3.4 Econômico...........................................................................................................10
2.4 Análise Anti-Aborto..................................................................................................10
3. Aborto em face do Código Penal.................................................................................13
4. CONCLUSÃO............................................................................................................16
5. REFERÊNCIAS.........................................................................................................17
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1. INTRODUÇÃO
Atualmente, há uma grande discussão sobre a partir de que momento surge e começa
uma vida, estas giram em torno de diversas posições, sejam elas psicológicas, médicas e
religiosas. Afirmam que a vida começa desde a concepção, outras de que só há vida
quando o feto desenvolve seu cérebro e ainda existem grupos de pessoas que acreditam
que a vida só passa a existir a partir do nascimento.
Abortar significa interromper algo no seu processo dinâmico de uma forma definitiva e
irreversível. Alguns Países já legalizaram a prática do aborto, contudo no Brasil e na
Argentina, por exemplo, há uma enorme discussão sobre o tema e sua possível
legalização. Apesar da legislação restritiva, o aborto é amplamente praticado no Brasil,
pois assim como a morte o aborto independe de teorias e leis.
O presente artigo ressalta como problemática a discussão sobre o aborto que não se
alheia das questões éticas e de como essa prática é vista e tratada tanto pela sociedade
em seus âmbitos morais e éticos, quanto pelos ordenamentos jurídicos do Brasil. Tem se
por objetivo expor as diferentes posições, contrárias e favoráveis, sobre este tema que é
bastante polêmico; Mostrar quais seriam os efeitos da descriminalização para a
sociedade e qual o posicionamento jurídico em relação ao fato de um ser poder
interromper a vida de outro nos trâmites da lei.
O que é importante no momento é que cada um possa conhecer e examinar cada
argumento à luz dos princípios da bioética e elaborar dentro de si um entendimento,
tendo consciência de que cada um de nós tece seus comentários, emite suas opiniões
com base em suas próprias crenças e regras éticas e morais.
Polêmica, a criminalização do aborto divide a sociedade. Para uma parcela da
população, o procedimento equipara-se ao assassinato se não for mais grave, já que a
vítima é tida como um inocente que não tem chance de defesa.
Para a outra porção, contudo, trata-se de direito inalienável da mulher. O embrião nos
estágios iniciais da gestação não é vida plena, mas apenas em potência, e cabe à mulher
decidir se quer ou não levar adiante o processo.
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Embora seja muito difícil que as pessoas mudem suas posições em relação ao aborto em
sí, nada impede a busca de soluções capazes de diminuir os conflitos emergidos por
essaproblemática.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 CONCEITO
A palavra aborto vem do Latim “ab” que sigbifica privação e “ortus”, nascimento. Sob a
prespectiva etimológica, aborto significa então, privação do nascimento.
De acordo com Gomes (1997) é a interrupção da prenhez, com a morte do produto,haja
ou não a expulsão, qualquer que seja o seu estado evolutivo, desde a conjunção ate
omomento antes do parto.
Ainda, segundo Maria Helena Diniz (DINIZ. Maria Helena.O Estado atual do
Biodireito. São Paulo: Saraiva, 2001), o termo aborto, originário do latim abortus,
advindo de aboriri (morrer, perecer), vem sendo empregado para designar a interrupção
da gravidez antes de seu termo normal, seja ela espontânea ou provocada, tenha havido
ou não expulsão do feto destruído.
No Direito Brasileiro o crime de aborto está classificado dentre os crimes contra a vida,
pois a destruição de uma vida que ainda está no útero consiste na caracterização da
prática do crime de aborto.
Assim, pode-se inferir que o aborto seria a interrupção da vida com a conseqüente morte
do feto que seria o produto da concepção.
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2.2 VISÃO HISTÓRICA
“Tão antiga é a prática de aborto, quanto mesmo à própria humanidade. Também o
são os motivos que levam a mulher a formulá-lo que são muitos em outros distintos: às
vezes motivos de ordem econômica/ financeira, às vezes social, religioso, terapêutico,
sentimental, psicológico, traumas. (ALFRADIQUE, 2005).”
As informações que regem o tema aborto não são muitas, a prática do aborto vai
variar de acordo com as idéias, religão e até mesmo das tendências do Estado da época
vigente que vai determinar a permissão ou a punição ao ato de abortar.
Nas Ilhas de Formosa era terminantemente proibido a mulher ter filhos antes dos
seus 36 anos de idade; se isso acontecesse, a mulher era submetida ao pisoteamento do
seu ventre pelas sacerdotisas da época. Para os Hebreus, o aborto só era considerado
proibido se fosse causado através de violência, nesse caso o agressor era punido com a
própria vida.
Para os Romanos, a mulher detinha o total direito sobre seu corpo, sendo assim, o
aborto tornou-se comum na época por todas as classes sociais.
Os povos antigos viam o feto, assim como útero partes visceraismaternas, dessa
forma, à mãe podia dispor livremente do feto, exceto quando o esposo nãoconcordasse
com a prática abortiva da mulher, ou, ainda se desse ato trouxesse lesão
corporalprevisível à mulher. (BELO, 1999). Houve um período em que a prática do
aborto podia tornar-se impune quando deste ato não acarretasse risco à saúde da mulher.
“Os eugenistas alemães estabeleceram relações acadêmicas e pessoais com
Davenport e com o establishment eugenista americano, desde a virada do século XX.
Mesmo depois da Primeira Guerra Mundial, suas ligações com Davenport e com o resto
do movimento americano permaneceram fortes e inabaláveis. Fundações americanas,
como a Carnegie Institution e a Rockefeller, patrocinaram generosamente a biologia
racial alemã com centenas de milhares de dólares, mesmo quando os americanos
estavam nas filas da sopa durante a Grande Depressão.” (Edwin Black, obra citada, pp.
418, 419).”
Na Alemanha, no período do Nazismo havia um certa liberdade de aborto eugênico
que de acordo com a teoria Hitlerista evitaria o nascimento de qualquer ser portador de
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anomalias e deformações, criando assim a raça ariana, ou seja, uma raça pura, neste
contexto, eram severamente banidos os que não se enquadravam nesta classificação.
Em 1917, o aborto tornou-se livre pela antiga União Soviética, com isso surge as
inúmeras complicações pelo fato de que era praticado por pessoas sem instrução e
capacidade para fazê-lo. Logo mais, em 1926, surge uma legislação que visa solucionar
estes problemas, a medida foi que o aborto só poderia ser praticado quando se
houvessem técnicas adequadas para com isso, o Estado proteger a vida da gestante.
Com os contínuos acidentes que a prática trouxe, o aborto tornou-se ilegal, foi nessa
época que se consolidou o cristianismo e com isso surgiu a reprovação total do aborto,
pois segundo a Bíblia sagrada é considerao Homicídio.Segundo Almeida (2000) o
cristianismo sempre condenou o aborto de forma repulsiva,porém com menos
severidade, pois os povos antigos não viam aborto como um “homicídio”.Somente
através do cristianismo é que o aborto passou a ser visto como crime; como umpecado,
ao ser humano que ainda virá a nascer.
Clemente de Alexandria condenou o aborto tal como Antenágoras que escreveu
oseguinte: “São homicidas todos aqueles que empregam meio de fazer abortar”.
DisseTertuliano: “Não se destrua a matéria gerada no ventre”. (BELO, 1999, p. 24). As
idéias de lícito e ilícito, proibido e permitido em relação ao aborto sofreram e sofrem
ainda hoje variações de acordo com o tempo e crenças dominantes de cada época.
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2.3 ESPÉCIES DE ABORTO
2.3.1 QUANTO A CAUSA
2.3.1.1 ACIDENTAL: É aquele que não acontece de acordo com a vontade
da gestante, ocorre sem que a mãe dê causa ao fato. Pode ser
decorrente de sustos, quedas, por exemplo, sem que haja ato culposo
na ação.
2.3.1.2 NATURAL: É aquele que ocorre espontaneamente, que pode ter
sido desencadeado por fatores como doença que surgiram ao longo
da gravidez. O aborto natural, ocorre involuntariamente e geralmente
nos primeiros meses ou semanas de gravidez. No conceito de aborto
natural, há dois casos: o eminente, que é uma ameaça de aborto e o
inevitável, que é quando se tem uma dilatação no útero para a
expulsão do conteúdo.
2.3.1.3 LEGAL: É aquele que é previsto no artigo 128 do Código Penal:
Art. 128- Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto Necessário
I- Se não há outro meio se salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de
estupro
II- Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido da gestante ou,
quando incapaz, de seu representantre legal.
III-
2.3.1.4 CRIMINOSO: É aquele previsto nos arts. 124 a 127 do Código Penal. É
considerado crime e como tal deve ser repudiado pela medicina.
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2.3.2 QUANTO A FINALIDADE
1.2.3.1 SENTIMENTAL: É aquele autorizado quando é csao de estupro e
há o consentimento da gestante. A norma é justificada pelo fato de uma
mulher não ser obrigada a gerar uma criança resultado de um coito
violento. A legalidade do estupro sentimental vem expressamente descrita
no art. 128 do Código Penal.
1.2.3.2 EUGÊNICO: É aquele praticado quando houver provas de que a
criança nascerá com anomalias graves, microcefalia e doenças congênitas.
Esse tipo de aborto se tornou um dos mais polêmicos no Congresso
Nacional.
1.2.3.3 TERAPÊUTICO: É aquele que é realizado por médicos com o
intuito de salvar a vida da gestante. A legalidade desse tipo de aborto está
prevista no art. 128 I do Código Penal.
1.2.3.4 ECONÔMICO: É aquele que é realizado no intuito de impedir que
se agrave a situação de penúria ou miséria da gestante ou do casal, que não
tem recursos para prover a criação deste filho.
2.4 ANÁLISE DE ARGUMENTO ANTI- ABORTO
O direito a vida é reconhecido e resguardado pelo nosso ordenamento jurídico da forma
mais ampla possível, havendo proteção à vida desde o momento de sua concepção.
Apesar de ainda não se considerado como uma “pessoa”, uma vez que, em que pese
existir de forma autônoma, não o faz de forma independente, conquanto ainda em
estágios de formação, já é reconhecido como sujeito de direitos, antes mesmo de ser-lhe
reconhecida a personalidade jurídica, que somente advém do nascimento com vida.
As posições dos que são contra a prática do aborto, parte das seguintes considerações:
A vida é igual para todos os seres humanos. Como então se poderia falar em aborto?
Como admitir o aborto, em que a vitima é incapaz de defende-se não podendo clamar
por seus
direitos? Como acatar o aborto que acoberta em si seu verdadeiro conceito jurídico:
assassinato? Se toda vida humana goza da mesma inviolabilidade constitucional, como
seria
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possível a edição de uma lei contra ela? A vida extrauterina teria um valor maior do que
apreocupação com a coerência lógica, rebaixando o direito de nascer? (DINIZ, 2001, p.
26).
A fetologia e as modernas técnicas de medicina comprovam que a vida inicia-se no ato
da concepção, ou seja, através da fecundação do óvulo pelo espermatozóide, dentro ou
fora do útero. A fecundação é o marco do inicio da vida e daí pra frente, qualquer
método artificial para destruí-lo constitui um assassinato.
A falta de sensibilidade dos abortistas decorre de dois fatos: de uma vida que não pode
ver, e da crença de que o feto faz parte do corpo da mãe, sendo por isso disponível.
Daí entende que a mulher tem o direito ao aborto livre. Se o embrião ou feto, desde a
concepção, é uma pessoa humana, então, ele tem direito à vida. Pais e médicos devem
conservá-la, pois esse novo ser é tão humano quanto seus progenitores. O seu direito à
vida é maior do que qualquer direito da mulher sobre o seu corpo. (DINIZ, 2001, p. 80).
Existem outros fatores que banalizam os valores morais e religiosos, como por
exemplo, o excesso de liberdade que os pais concedem aos filhos e a falta de diálogo
sobre esse assunto, como forma de conscientização de que o aborto é um crime contra a
vida.
Mais prioritário do que a legalização do aborto seria não só a elaboração de normas
voltadas à defesa da vida humana e ao planejamento familiar, de modo a eliminar as
causas daquele.
Outro ponto importante que constava no Código da República era em consideração ao
médico: Encontramos a previsão do aborto legal, em função de risco de vida da mãe,
contudo, o medico não teria o direito de falhar. Se a mulher morresse, apesar do aborto
terapêutico, o
médico poderia ser punido por imperícia ou negligencia. Isto, de certo modo, levará à
omissão
de socorro, também prevista no código. (GOMES, 1997, p. 616).
O Código Penal Brasileiro de 1940, e ainda em vigor no Brasil, classifica o aborto
entre os crimes contra a vida e assim estabelece:
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Art.124 – Provocar aborto em si mesmo ou consentir que outrem lhe provoque:
Pena - Detenção, de um a três anos.
Art. 125- Provocar aborto sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
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Art.126 – Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo Único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de
quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido
mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante:
II - se a gravidez resulta de estrupo e o aborto é precedido de consentimento da
gestante ou, quando incapaz, de seu representante
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3. Aborto em face do Código Penal
O Código Penal vigente refere-se ao assunto nos artigos 124 a 128. Não difere
entre óvulo fecundado, embrião ou feto. A suspensão da gravidez extra-uterina
ou da gravidez molar (formação degenerativa do óvulo fecundado) não
configuram aborto, uma vez que o produto da concepção não atinge vida própria.
Poderá o abortamento ser natural, acidental, legal ou criminoso. No primeiro
caso, há interrupção espontânea da gravidez; no segundo, é conseqüência de
acidente (queda de cavalo, por exemplo). É legal quando terapêutico, destinando-
se a salvar a vida da gestante, ou quando a gravidez resultar de estupro. O
Anteprojeto de Reforma da Parte Especial acrescenta um terceiro caso de
exclusão de ilicitude, o chamado aborto piedoso: " fundada probabilidade,
atestada por outro médico, de o nascituro apresentar graves e irreversíveis
anomalias físicas ou mentais". O objeto material do crime é o feto, sobre o qual
recai a ação. O sujeito passivo do delito é a comunidade, ou o Estado; no caso de
aborto sem o consentimento da gestante, também ela será sujeito passivo. O
sujeito ativo é a mulher grávida (auto-aborto) e, nas demais modalidades,
qualquer pessoa (terceiro). Os processos empregados para o aborto poderão ser
químicos (fósforo, chumbo, mercúrio, arsênico), orgânicos (estricnina, quinina,
ópio), físicos (mecânicos, elétricos ou térmicos) ou psicológicos (susto, terror,
ameaça, sugestão). Para que se realize o crime basta a interrupção da gravidez
com a morte do feto, não sendo necessária a sua expulsão. Pune-se a tentativa,
quando, apesar das manobras abortivas, o feto não perecer. Leva-se em conta o
momento da morte do feto e não o das manobras abortivas. Modalidades: 1 -
Auto-aborto (detenção de 1 a 3 anos); 2 - Aborto consentido pela gestante (à
gestante: pena de detenção de 1 a 3 anos; ao terceiro, pena de reclusão de 1 a 4
anos). 3 - Aborto provocado não consentido (reclusão de 3 a 10 anos). 4 - Aborto
qualificado (quando em conseqüência do aborto ou dos meios empregados a
gestante sofre lesão corporal grave ou morre): penas aumentadas de um terço ou
duplicadas. 5 - Aborto necessário: não é punível o aborto praticado por médicos
com fins terapêuticos ou profiláticos. A decisão é do médico. O Código de ética
médica aconselha a consulta a uma junta. Independe do consentimento de
familiares ou da gestante, que poderia não estar em condições de prestá-lo ou
poderia sacrificar-se para salvar o filho. 6 - Aborto de estuprada (também
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chamado aborto sentimental, ético ou humanitário). É indispensável o
consentimento da gestante ou de seu representante legal, bem como que seja feito
por médico que, por cautela, deverá tomar o consentimento por escrito e com
duas testemunhas (não pode o médico contentar-se com a alegação de estupro da
gestante). Se, apesar das aparências, não tiver havido o estupro, o médico não
responde pelo crime. Também não é punível. Os registros demonstram que o
aborto sempre foi tema polêmico na evolução da história da humanidade, com
exceção para a antigüidade, época em que não era punido. Historicamente (em
outros países), observamos que as penas cominadas à infração variaram desde a
prisão até a pena de morte: um verdadeiro paradoxo, pois, ao mesmo tempo em
que se preservava uma vida, ceifava-se outra em nome do castigo. Nossa
legislação, bem como outras de diversos países, com exceção de poucos, coíbe o
aborto de forma rigorosa. Assim, é inafastável a proposição de que ao Estado
compete o dever de manter a ordem e o bem-estar social, autorizado a impor
severas sanções aos violadores das normas elencadas em seu ordenamento
jurídico. Entretanto, tem a história também demonstrado que determinadas leis
restritivas de direitos são ineficazes nos objetivos moralistas, porém eficazes na
promoção da destruição social, com a expansão do aborto ilegal.
De acordo com o artigo 2º do capítulo I (da Personalidade e da Capacidade) do
Código Civil brasileiro, o nascimento com vida configura o início da
personalidade civil da pessoa, resguardando-se os direitos do nascituro desde a
sua concepção. “O Direito ampara a vida humana desde a concepção. Com a
formação do ovo, depois embrião e feto, começa a tutela, a proteção e as sanções
da norma penal” (SANTOS, TEIXEIRA, 1998).
Dessa forma, atualmente o aborto é considerado crime em todas as suas formas,
embora não seja punível em virtude de determinadas circunstâncias. Assim
dentre os abortos intencionais - aqueles que de fato interessam ao meio jurídico
ao contrário dos patológicos ou espontâneos e acidentais - existem dois grupos:
puníveis (arts. 124, 125 e 126 do Código Penal - CP) e não puníveis (art. 128, I e
II - CP).
as formas de aborto ainda consideradas criminosas no país, que é mais polêmico
no sentido de sua descriminização, são os abortos controvertidos: aborto
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eugênico – a gravidez seria interrompida por ser o feto portador de anomalia que
comprometeria sua saúde, mas não sua vida; aborto eutanásico neste caso há
comprometimento da sobrevida, como no caso dos anencéfalos; aborto
econômico - usado para promoção de controle de natalidade.
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4. CONCLUSÃO
A discussão sobre a legalidade do aborto ou não, é uma tarefa complicada,pois a
questão que envolve o aborto não diz respeito à somente aos artigos expressos no
Código Penal Brasileiro, mas também as questões individuais como:moral,
religião, cultura, ética, condições sócio-economicas, entre outras;
Nesta abordagem, tentamos minuncisar questionamentos que fossem além da
mera superfície acerca de novas formas de descriminalização do aborto. Notada a
emancipação feminina, nos mais diversos aspectos, surgem também necessidades
de amparo legal adequado que atendam a novas demandas.
Por uma visão médica sobre o tema, entende-se tratar de uma questão de saúde
pública em virtude do elevado número de mortes e de complicações médicas por
práticas abortivas clandestinas, não leva em consideração as questões de ordem
ética e moral, como a proteção à vida que é garantida em nossa Carta Magna.
A partir do momento que tratamos o aborto como ato de mera vontade, ainda que
atestada a impossibilidade psicológica da mãe, damos margem a graves
possibilidades de distorção da realidade como a compra de laudo médico
favorável ao aborto e até mesmo a continuidade de atos clandestinos nos casos
em que não haja o devido aparato de acompanhamento psicológico à gestante.
Mais uma vez, a classe menos abastada ficará sujeita a um sistema de saúde
corrompido, que pode muito bem recorrer ao aborto como forma de controle de
natalidade, até incentivando a prática.
Para nós, a conscientização prévia da população em relação ao uso de
preservativos e outras formas contracepção continua sendo ideal. Para que não
apelem à clandestinidade de atos abortivos, a orientação e o suporte adequados
podem conduzir os membros de qualquer classe social ao entendimento de que
não pode dispor da vida de um terceiro – a criança, que nada tem a ver com as
mazelas que lhe impediriam o desenvolvimento. Voltamos ao problema básico do
país, que é conhecido por todos, mas parece sempre ignorado: a ausência de
educação.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php? n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2730
http://jus.com.br/artigos/4185/aborto-o-legal-e-o-existencial http://www.lindinalvarodrigues.com.br/materias.php?subcategoriaId=3&id=2939 http://www.sociologiajuridica.net.br/lista-de-publicacoes-de-artigos-e-textos/47-
direito-penal-/95-o-aborto-de-fetos-anencefalos-o-direito-e-a-realidade-atual http://ambitojuridico.com.br/site/?
n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10160&revista%20caderno=3
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