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ANÁLISE DO GRAU DE INOVAÇÃO EM MPEs DE COMÉRCIO E SERVIÇOS DO PLANO PILOTO DISTRITO FEDERAL André Vinícius Rodrigues Agente Local de Inovação Resumo O Brasil possui um grande número Micro e Pequenas Empresas, dessas os setores de comércio e de serviço são os maiores, os quais ajudam muito a alavancagem da economia do país. Essas empresas são uma das principais bases de sustentação da economia brasileira, seja pela sua enorme capacidade geradora de empregos, seja pelo representativo número de estabelecimentos que desconcentram geograficamente a distribuição de riquezas. Tais empresas oferecem atuação complementar aos empreendimentos de grande e médio porte; têm atuação estratégica no comércio exterior, possibilitando a diversificação na pauta de exportações e torna a economia brasileira menos suscetível às variações que ocorrem na estrutura comercial globalizada. Possuem ainda, a capacidade de gerar uma classe empresarial legitimamente nacional, aumentando a participação da economia privada na economia nacional. A mensuração do crescimento da inovação em tais empresas mostra como a busca do crescimento pode gerar melhoria nos setores, na economia local e nacional e assim para toda a população. Palavras-chave: Micro e Pequena empresa; Inovação; Radar da Inovação. Abstract Brazil has a large number of micro and small enterprises, which most of them are sectors of commerce and service. These sectors provide much leverage to the country's economy. These enterprises are one of the main support bases of the Brazilian economy, because they enormous capacity to generate jobs, the high number of establishments which geographical decentralize distribution of richness. These enterprises are in the supply chain to large and medium enterprises; are important piece in foreign trade, allowing diversification in the export and makes the Brazilian economy less susceptible to changes that occur in the structure of global trade. They also have the ability to generate a legitimate national business class, increasing the participation of the private economy in the national economy. The measurement of the growth of innovation in these companies shows how the pursuit of growth can generate improvements in those sectors, also in local and national economy and thus for the entire population. Key-words: Micro and Small enterprises, Innovation, Innovation Radar

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ANÁLISE DO GRAU DE INOVAÇÃO EM MPEs DE COMÉRCIO E SERVIÇOS

DO PLANO PILOTO – DISTRITO FEDERAL

André Vinícius Rodrigues

Agente Local de Inovação

Resumo

O Brasil possui um grande número Micro e Pequenas Empresas, dessas os

setores de comércio e de serviço são os maiores, os quais ajudam muito a

alavancagem da economia do país. Essas empresas são uma das principais

bases de sustentação da economia brasileira, seja pela sua enorme

capacidade geradora de empregos, seja pelo representativo número de

estabelecimentos que desconcentram geograficamente a distribuição de

riquezas. Tais empresas oferecem atuação complementar aos

empreendimentos de grande e médio porte; têm atuação estratégica no

comércio exterior, possibilitando a diversificação na pauta de exportações e

torna a economia brasileira menos suscetível às variações que ocorrem na

estrutura comercial globalizada. Possuem ainda, a capacidade de gerar uma

classe empresarial legitimamente nacional, aumentando a participação da

economia privada na economia nacional. A mensuração do crescimento da

inovação em tais empresas mostra como a busca do crescimento pode gerar

melhoria nos setores, na economia local e nacional e assim para toda a

população.

Palavras-chave: Micro e Pequena empresa; Inovação; Radar da Inovação.

Abstract

Brazil has a large number of micro and small enterprises, which most of them

are sectors of commerce and service. These sectors provide much leverage to

the country's economy. These enterprises are one of the main support bases of

the Brazilian economy, because they enormous capacity to generate jobs, the

high number of establishments which geographical decentralize distribution of

richness. These enterprises are in the supply chain to large and medium

enterprises; are important piece in foreign trade, allowing diversification in the

export and makes the Brazilian economy less susceptible to changes that occur

in the structure of global trade. They also have the ability to generate a

legitimate national business class, increasing the participation of the private

economy in the national economy. The measurement of the growth of

innovation in these companies shows how the pursuit of growth can generate

improvements in those sectors, also in local and national economy and thus for

the entire population.

Key-words: Micro and Small enterprises, Innovation, Innovation Radar

Page 2: ARTIGO (ANDRÉ VINÍCIUS RODRIGUES).pdf

1.INTRODUÇÃO

As Micros e Pequenas Empresas (MPEs) são de extrema

importância para a economia brasileira, devido principalmente a sua

capacidade de geração de empregos e sua desconcentração geográfica. As

empresas desse porte apresentam melhores condições de adequação ao seu

ambiente, devido à proximidade com seus clientes, empregados, fornecedores

e comunidade. O seu potencial de geração de empregos é bastante desejável

no cenário econômico atual. As micros e pequenas empresas foram as

responsáveis pela totalidade de contratações do mês de maio deste ano.

Enquanto as médias e grandes reduziram seu efetivo em pouco mais de 11 mil

pessoas, os pequenos negócios geraram 80 mil vagas de emprego, o que

representa crescimento de 28% em relação ao mesmo período do ano

passado, (Redação Portal desenvolvimento local). No Brasil Entre 2000 e 2011,

as micro e pequenas empresas criaram 7,0 milhões de empregos com carteira

assinada, elevando o total de empregos nessas empresas de 8,6 milhões de

postos de trabalho em 2000 para 15,6 milhões em 2011, no pais os dados de

crescimento médio dos empregos gerados pelas MPEs foi de 5,5% ao ano.

Dados comparados a geração de empregos das Médias e Grandes Empresas.

No Distrito Federal existem 44.343 MPes de comércio 41.689 Mpes de Serviço

(DIEESE).

Evolução do número de empregados por porte no Brasil de 2000 a 2011 em milhões.

Fonte: MTE/Rais 2012

Com a economia globalizada, as MPEs convivem com a crescente e

intensa concorrência no mercado em que atuam. Dessa maneira elas precisam

implantar e programar estratégias de inovação para a sua sobrevivência. As

inovações em micro e pequenas empresas representaram o fim de muitas

Page 3: ARTIGO (ANDRÉ VINÍCIUS RODRIGUES).pdf

empresas obsoletas e oportunidades para a criação e crescimento de

empresas novas e inovadoras, contudo considerada como uma evolução a

novas aplicações, com o propósito de lançar novidades para a área econômica.

A inovação é um diferencial competitivo nas empresas, é um fator determinante

para a competitividade do negócio. Mas, para que esse investimento se

transforme em resultados, é preciso empunhar essa bandeira e acreditar no

seu poder.

Pesquisa sobre o porquê de ser importante inovar e seus benefícios

Fonte: Deloitte 2007

A ferramenta utilizada foi o Radar da Inovação qual busca mensurar

a inovação em estruturas organizacionais. Criada pelo professor Mohanbir

Sawhney, diretor do Center for Research in Technology & Innovation, da

Kellogg School of Management, nos Estados Unidos. A metodologia do

instrumento apresenta maior precisão das informações na realidade das MPEs,

pois tal pressupõe que a inovação não é um evento ou fato isolado, e sim o

resultado de todo um processo, por isso não avalia tão somente o resultado e

sim todo o procedimento em si qual se desenvolve na estrutura da organização

(SEBRAE PR).

A partir da avaliação de um grupo de MPEs de comércio e Serviço

busca-se mensurar o nível de inovações implementadas nas diversas

dimensões possíveis em tais organizações, buscando avaliar em qual setor do

há maior representatividade da inovação, comércio ou serviço. A localização de

tais MPEs limita-se a regiões do Plano Piloto em Brasília, mais precisamente

nas regiões da Asa Norte e Asa Sul, na região administrativa do Cruzeiro e na

região administrativa do Sudoeste/Octogonal. Informações de 20 empresas

foram analisadas para elaboração de tal artigo. Presume-se que haverá dados

comparativos desses dois setores e assim será possível analisar qual dos dois

apresenta mais aspectos inovadores em suas dimensões.

Page 4: ARTIGO (ANDRÉ VINÍCIUS RODRIGUES).pdf

2.REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Inovação

Existem inúmeros conceitos e definições para a inovação, é um

estudo relativamente novo que ainda causa muitas divergências, segundo

DRUCKER (2011) não é possível teorizar inovação, mas já se pode definir

aonde, quando e como buscar oportunidades inovadoras. O mesmo autor

enfatiza que é de extrema importância inovar para que qualquer empresa que

seja, atinja seu objetivo principal que é a satisfação de seus clientes. Já

SCHUMPETER (1988) determina que inovar se baseia na modificação dos

métodos de produção através de novas funções que evoluem, e onde haja o

aparecimento dessas novas maneiras de organizar-se no trabalho para a

produção de novos produtos, o que possibilita a ação em novos mercados, tal

autor liga diretamente inovação ao desenvolvimento econômico.

A inovação de acordo com TIDD; BESSANT; PAVITT (2005) se

move e se transforma pela habilidade de relacionar-se, e nessas relações há a

detecção de oportunidade tirando proveito das mesmas. Nesta mesma linha

BERNARDES; ALMEIDA (1999) definem inovação como a introdução de um

novo produto ou novo método de produção voltado a abertura de um novo

mercado, a descoberta ou conquista de uma nova fonte de matéria-prima ou a

introdução de uma nova estrutura de mercado.

GATTERMAN PERIN; SAMPAIO; HOOLEY (2007) apresentam que

é possível desenvolver inovação principalmente em produtos e processo, como

a ideia de um produto diferenciado no mercado que seja novo ou

incrementado, sendo este segundo prioritariamente em maior escala. Para

ROBBINS (2000) a inovação é basicamente uma ideia aplicada no

desenvolvimento de produto, processo ou serviço e por assim ser, inovação

qualquer que seja envolve mudanças e novas ideias. De acordo com tal autor,

a inovação é a propulsora das novas oportunidades, de crescimento e da

sobrevivência da organização. SCHUMPETER (1988) definiu cinco pontos para

a inovação dentre tais a fabricação de um novo bem; a introdução de um novo

método de produção; a abertura de um novo mercado; a conquista de uma

nova fonte de matérias primas e a realização de uma nova organização

econômica.

ROBBINS (2000) destaca que as fontes da inovação advêm da

estrutura orgânica da organização de sua flexibilidade e facilidade de

adaptação, também da permanência e desenvolvimento da administração

organizacional, o que decorre do amadurecimento da gestão e por fim da

facilidade em obter recursos, organizações que tem facilidade em obter

recursos, encontram um ambiente mais propício ao fomento da inovação.

DRUCKER (2011) enumera algumas fontes de inovação, tais que podem surgir

Page 5: ARTIGO (ANDRÉ VINÍCIUS RODRIGUES).pdf

de diversas situações, do inesperado, das incongruências, da necessidade de

processos, das atuais estruturas da indústria e do mercado, de mudanças

demográficas e de percepção e novos conhecimentos.

BACHMANN e DESTEFANI (2008) destacam o conceito de três

zonas de inovação a primeira delas é a da Inovação Básica, que são as

pequenas melhorias nos produtos ou serviços, as quais se baseiam em sua

extensão ou em suas melhorias incrementais. A zona dois é a da Inovação

relativa, são ações que se baseiam em produtos ou serviços existentes,

voltados para novos mercados. A terceira zona é a da Inovação conceitual que

abrangem Produtos ou serviços com um novo conceito, propostas de valor e

modelos de negócios revolucionários.

Conceito de 3 zonas da inovação de Bachman e Destefani

FONTE: HSM Management.

2.2 Competitividade

A competição é uma forma de rivalidade entre uma e mais empresas

segundo MORAES (2001), isso em uma sistemática complexa de relações com

o concorrente qual envolve desde busca de recursos até busca de clientes.

Assim, a forma que se lida em tal situação é chamada de estratégia

competitiva.

Competitividade de acordo com HAMEL e PRAHALAD (1995) está

intimamente ligada à compreensão por parte das organizações do significado

em si da própria competitividade atrelada a estratégias da organização. A

capacidade de ter diferencial perante as outras. De acordo com PORTER

(1993), o conceito de competitividade é basicamente a aptidão ou talento

Page 6: ARTIGO (ANDRÉ VINÍCIUS RODRIGUES).pdf

resultantes de conhecimentos adquiridos e capazes de criar e sustentar um

desempenho superior ao desenvolvido pela concorrência.

ROBBINS (2000) afirma que competitividade está ligada a

capacidade de a organização propiciar uma margem de vantagem sobre seus

concorrentes ou rivais. Fundamentalmente a competitividade de acordo com

PORTER (1993) aborda como o conhecimento resultante de experiências

adquiridas e formando novas estratégias, quais disponibilizam desempenho

superior ao de seus concorrentes, basicamente a capacidade da empresa de

atingir índices superiores de produtividade e aumentá-la continuamente com o

tempo o que é responsável pela elevação na participação de mercado.

PORTER (1991) afirma que a definição das estratégias competitivas

é a forma, ofensiva ou defensiva que se lida em tal competição, assim se dá

três principais campos que uma organização pode se focar estrategicamente.

Pode ser diferenciando-se no seu custo total, tendo alguma diferenciação

significativa em seu produto ou serviço ou no enfoque de sua podução.

2.3 Radar da Inovação

A ferramenta utilizada para elaboração da pesquisa e ressaltada

para operacionalizar o cálculo do Grau de Inovação priorizou o Radar da

Basicamente o Radar de Inovação é uma ferramenta de diagnóstico e

mensuração da inovação dentro de uma organização definido por Mohanbir

Sawhney em doze aspectos nos quais pode ocorrer inovação. Posteriormente

foi acrescentado mais uma dimensão por BACHMANN e DESTEFANI (2008).

Inovação com uma inclusão adicional, denominada “Ambiência inovadora”, por

entender que um clima organizacional propício à inovação é pré-requisito

importante para uma empresa inovadora. A metodologia adota uma abordagem

mais qualitativa que quantitativa, para respeitar a menor disponibilidade de

informações o que é típico das MPE. O Radar da inovação destaca treze

dimensões a as avalia com uma nota de 1 a 5, sendo a mais baixa

caracterizada como uma organização com mínima ou nenhuma inovação e a

mais alta com processos contínuos ou com inovação significativa.

Índice utilizado para as notas ou escores dados pelo Radar da Inovação

Fonte: SEBRAE/PR

Page 7: ARTIGO (ANDRÉ VINÍCIUS RODRIGUES).pdf

As dimensões da inovação, são os campos organizacionais aonde

se pode avaliar e perceber a inovação segundo o Radar da Inovação.

DIMENSÃO CARACTERÍSTICA DE INOVAÇÃO

OFERTA

Desenvolvimento de produtos com características inovadoras.

PROCESSOS

Redesenho dos processos produtivos de modo a permitir incremento de eficiência

operacional.

CLIENTES

Identificar necessidades dos clientes, ou novos nichos de mercado.

PRAÇA

Identificar novas formas de comercialização e/ou distribuição.

PLATAFORMA Relaciona-se com a adaptabilidade do

sistema de produção face à diversidade de produtos demandados.

MARCA

Formas de como as empresas transmitem aos clientes os seus valores

SOLUÇÕES

Sistemas ou mecanismos para simplificar as dificuldades do cliente

RELACIONAMENTO

Relaciona-se com a experiência do cliente com a empresa

AGREGAÇÃO DE VALOR

Melhorar a forma de captar o valor dos produtos percebido por cliente e

fornecedores.

ORGANIZAÇÃO Melhorar a estrutura da empresa.

CADEIA DE FORNECIMENTO

Incrementar a logística com os fornecedores e clientes, seja interno ou

externo.

REDE Comunicação entre os elos da cadeia de

fornecimento.

AMBIÊNCIA INOVADORA

Relaciona-se com os profissionais que compõem a empresa e que colaboram

com a cultura da Inovação. FONTE: BACHMANN e DESTEFANI (2008).

Após atribuídas a referentes notas, tais são lançadas em um gráfico

qual promove sua avaliação de maneira mais adequada seja para comparar as

etapas de aplicação do diagnóstico, seja para comparações com mercado.

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Gráfico Radar Utilização para análise do Radar da Inovação

Fonte: SISTEMALI (2013)

3. OS SETORES DE COMÉRCIO E SERVIÇO

O setor de comércio no Brasil segundo dados do DIEESE (2012)

apresentou uma queda em suas participações relativas, e isso se dá ao fato de

o ritmo de expansão de todos os outros setores de MPEs terem sido superior à

média do comércio. O setor de comércio apresentara taxas de crescimento

anuais de 3,1 % a.a., contra 3,7% a.a. na média nacional. Já o crescimento das

participações relativas do setor de serviços e da construção está associado ao

ritmo mais acelerado de criação de novas empresas nesses setores, com taxas

de crescimento anual de 4,7% a.a. e 4,8% a.a., respectivamente.

Segundo o IBGE (2012) a economia brasileira cresceu apenas 0,9%

em 2012. O PIB chegou a 4,403 trilhões de reais no ano. Entre os setores, o

destaque foi de crescimento foi para o de serviços, com avanço de 1,7% no

ano.

O Índice de Confiança de Serviços (ICS) iniciou 2013 em alta, com

um crescimento de 1,1% na comparação de janeiro deste ano com dezembro

de 2012. O setor de serviços está mais otimista relação ao momento atual,

medido pelo subíndice da situação atual, que cresceu 4,2% entre dezembro e

janeiro. O crescimento é resultado de uma melhor avaliação em relação à

demanda atual por serviços. O percentual de empresas que percebem o

volume de demanda atual como forte aumentou de 16,5% para 18,2% de

dezembro para janeiro, enquanto aquelas que o consideram fraco recuaram de

20,3% para 16,6% (FGV, 2013).

Segundo dados DIEESE (2012) empresas o setor de Serviços não

apenas se mantiveram como as do segundo setor mais expressivo em número

Page 9: ARTIGO (ANDRÉ VINÍCIUS RODRIGUES).pdf

de MPEs, como tiveram sua participação elevada de 29,9% do total de MPEs

em 2000 para 33,3% do total de MPEs em 2011. Nesse último ano, havia cerca

de 2,1 milhões de MPEs no setor de serviços.

MPEs e seus setores em números absolutos no Centro-Oeste Brasileiro

FONTE: Dieese (2012)

Segundo dados IBGE (2012) o melhor desempenho do DF está

relacionado ao setor de serviços. Este é o segmento que predomina na

estrutura produtiva de Brasília, sendo responsável por 93,3% da renda

produzida em 2008 (um crescimento de 3,7% em relação a 2007). As

empresas do DF geram 45% da receita bruta do setor de serviços em todo

Centro-Oeste, tal setor gerou R$ 28,5 bilhões em receita dos cerca de R$ 62,6

bilhões gerados na região por esse tipo de empresa em 2010. Número de

empresas de serviços chegou a quase 23 mil no mesmo ano.

Distribuição das MPEs por setor de atividade no DF (em%)

Indústria Construção Comércio Serviço Total

5,8 6,7 45,1 42,4 100,0 FONTE: DIEESE (2012)

Distribuição dos empregos gerados em MPEs em setores de atividades econômicas (em%)

Indústria Construção Comércio Serviço Total

8,1 12,5 43,8 35,5 100,00 FONTE: DIEESE (2012)

Segundo dados da FECOMÉRCIO/DF (2013) no geral houve

significativo aumento das vendas no acumulado de um período de um ano,

qual se estende de março de 2012 a março de 2013, nos setores de comércio

e serviço nas regiões do DF aonde é realizada a pesquisa (Asa Norte, Asa Sul,

Cruzeiro e Sudoeste).

Page 10: ARTIGO (ANDRÉ VINÍCIUS RODRIGUES).pdf

Dados das vendas de setor comércio e serviço

FONTE: Adaptado de FECORMÉCIO (2013)

4. METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a coleta de dados para

desenvolvimento do trabalho baseia-se na tomada dos resultados dos

diagnósticos feitos através do questionário do Radar da Inovação. A realização

do estudo, em linhas gerais, obedeceu às etapas que são:

O recebimento dos dados das empresas participantes e a sua

inserção em um banco de dados online; a verificação da consistência das

informações recebidas, para retirar os dados; é realizada análise das

informações e atribuída uma nota de acordo com a inovação de cada

dimensão; realizada análises dos estratos e a consolidação do material e das

conclusões e sugestões em um relatório; é feito o agrupamento dos resultados

da avaliação inicial, chamada de ciclo 1, e em seguida é implementada as

ações sugeridas é aplicada novamente o radar e realizado uma mensuração

posterior chamada ciclo 2; é realizado o cálculo do Grau de Inovação dos dois

grupos e posteriormente comparados.

A metodologia utilizada para a obtenção dos dados é proposta pelo

Manual de Oslo e implantada no Programa Agentes Locais de Inovação do

SEBRAE, o que permite realizar a avaliação de 13 dimensões da inovação,

obtidas através da aplicação do diagnóstico denominado Radar da Inovação.

6,72%

-1,06%

5,66%

7,01%

3,58%

10,59%

Comécio

Serviço

Page 11: ARTIGO (ANDRÉ VINÍCIUS RODRIGUES).pdf

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS NA PESQUISA

O cálculo de mensuração da inovação nas empresas pesquisadas

foi concretizado com base na avaliação de cada uma das variáveis que

compõem as treze dimensões trabalhadas. Primeiramente realizou-se a

mensuração do grau de inovação de cada uma das empresas pesquisadas,

através de visitas a 20 empresas, 10 do setor de comércio e 10 do setor de

serviço, e assim, foi possível avaliar a inovação de cada uma das empresas. O

grau de inovação médio das empresas de cada segmento foi obtido da divisão

entre o somatório dos valores do grau de inovação obtido em cada uma das

empresas pelo número total de empresas pesquisadas de cada segmento, as

quais neste estudo representam um total de 20 empresas. O grau de inovação

médio das empresas do setor de comércio avaliadas na amostra foi de 2,6,

indicando que a inovação ainda é incipiente nesse grupo, o resultado das 10

empresas do setor de serviços foi ainda menor com a pontuação média de 2,2.

Pontuação das empresas avaliadas do setor de Comércio

DIMENSÃO/EMPRESA #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 Média

A - Dimensão Oferta 1 5 5 2 3 3 4 3 3 5 3,4

B - Dimensão Plataforma 3 3 5 5 3 5 3 3 3 1 3,4

C - Dimensão Marca 4 5 2 3 3 3 4 3 2 2 3,1

D - Dimensão Clientes 4,3 1 3 2,3 1,7 3,7 2,3 1 2,3 3 2,5

E - Dimensão Soluções 2 2 5 4 4 3 1 2 1 1 2,5

F - Dimensão Relacionamento 3 3 2 1 2 2 1 3 2 2 2,1

G - Dimensão Agregação de valor 3 1 2 1 1 3 1 1 1 1 1,5

H - Dimensão Processos 3 1,7 1,3 1 2,7 2 2 3 1,3 1,7 2,0

I - Dimensão Organização 4 1,5 2,5 1,5 2,5 3,5 2 3 1,5 2 2,4

J - Dimensão Cadeia de fornecimento 5 3 1 1 1 5 1 3 3 1 2,4

K - Dimensão Presença 3 1 1 1 1 4 4 4 1 1 2,1

L - Dimensão Rede 3 1 1 1 1 3 3 1 1 1 1,6

M - Dimensão Ambiência Inovadora (peso 2) 3,6 2,4 1,6 1,3 2,1 2,4 1,6 2,4 1,6 2,4 2,1

Grau de Inovação Global 3,5 2,5 2,6 2,0 2,3 3,5 2,4 2,7 1,9 2,0 2,6

FONTE: Pesquisa do Autor

A exposição dos dados do setor de comércio feita no Gráfico Radar

oferece uma análise visual mais detalhada do desempenho de cada dimensão,

o que busca oferecer melhor julgamento de que tipo ou modelo de inovação

será implementada.

Page 12: ARTIGO (ANDRÉ VINÍCIUS RODRIGUES).pdf

Grau de inovação nas empresas pesquisadas do setor de Comércio

FONTE: Pesquisa do Autor

O nível de inovação médio de cada uma das dimensões de toda a

amostra do setor de comércio indica uma grande variação nos resultados e

comprova que os melhores resultados foram obtidos nas dimensões Oferta,

Plataforma e Marca, enquanto as dimensões Agregação de Valor, Rede e

Processos obtiveram as menores notas.

Pontuação das empresas avaliadas do setor de Serviço DIMENSÃO/EMPRESA #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 Média

A - Dimensão Oferta 2,5 4 2,5 1,5 2 2 3,5 3,5 2,5 3 2,7

B - Dimensão Plataforma 4 3 4 3 3 2 5 5 3 2 3,4

C - Dimensão Marca 2 3 3 3 3 2 3 4 2 2 2,7

D - Dimensão Clientes 3 3 2,3 1 1 2,3 3,7 1 2,3 1,7 2,1

E - Dimensão Soluções 3 1 3 1 1 4 2 1 2 1 1,9

F - Dimensão Relacionamento 2 3 2 1 1 2 5 2 2 3 2,3

G - Dimensão Agregação de valor 2 1 2 1 1 3 2 2 2 2 1,8

H - Dimensão Processos 1 2,3 1,7 1 1 1,3 2 2 1,7 2,3 1,6

I - Dimensão Organização 3 1,5 1,5 1 1 3 2,5 1,5 3 1,5 2,0

J - Dimensão Cadeia de fornecimento 1 3 1 1 1 1 3 1 1 3 1,6

K - Dimensão Presença 2 1 1 1 1 2 3 1 2 1 1,5

L - Dimensão Rede 1 1 3 1 1 5 3 3 1 1 2,0

M - Dimensão Ambiência Inovadora (peso 2) 1,5 2 1,3 2 1,8 1,5 1,8 2 1,5 1,8 1,7

Grau de Inovação Global 2,3 2,4 2,3 1,6 1,6 2,5 3,2 2,4 2,1 2,1 2,2

FONTE: Pesquisa do Autor

0

1

2

3

4

5A - Dimensão Oferta

B - Dimensão Plataforma

C - Dimensão Marca

D - Dimensão Clientes

E - Dimensão Soluções

F - DimensãoRelacionamento

G - Dimensão Agregaçãode valor

H - Dimensão Processos

I - Dimensão Organização

J - Dimensão Cadeia defornecimento

K - Dimensão Presença

L - Dimensão Rede

M - Dimensão AmbiênciaInovadora (peso 2)

Page 13: ARTIGO (ANDRÉ VINÍCIUS RODRIGUES).pdf

Grau de inovação nas empresas pesquisadas do setor de Serviço

FONTE: Pesquisa do Autor

O nível de inovação médio das dimensões da amostra do setor de

serviço indica uma grande variação nos resultados quais comprovam que os

melhores resultados foram obtidos nas dimensões Plataforma com maior

pontuação, seguido de Oferta e de Marca, enquanto as dimensões Presença,

Cadeia de Fornecimento e Processos obtiveram as menores notas.

Comparativo do Grau de inovação entre as empresas dos dois setores Comércio e Serviço

FONTE: Pesquisa do Autor

0

1

2

3

4

5A - Dimensão Oferta

B - Dimensão Plataforma

C - Dimensão Marca

D - Dimensão Clientes

E - Dimensão Soluções

F - DimensãoRelacionamento

G - Dimensão Agregaçãode valor

H - Dimensão Processos

I - Dimensão Organização

J - Dimensão Cadeia defornecimento

K - Dimensão Presença

L - Dimensão Rede

M - Dimensão AmbiênciaInovadora (peso 2)

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5A - Dimensão Oferta

B - Dimensão Plataforma

C - Dimensão Marca

D - Dimensão Clientes

E - Dimensão Soluções

F - DimensãoRelacionamento

G - Dimensão Agregaçãode valor

H - Dimensão Processos

I - Dimensão Organização

J - Dimensão Cadeia defornecimento

K - Dimensão Presença

L - Dimensão Rede

M - Dimensão AmbiênciaInovadora (peso 2)

Comércio Serviço

Page 14: ARTIGO (ANDRÉ VINÍCIUS RODRIGUES).pdf

Na análise dos resultados das empresas do setor de serviço em

comparação desempenho as de comércio percebe-se o menor grau de

inovação foi na dimensão Plataforma, ambas as maiores notas 3,4. Na

dimensão Oferta e Marca apesar de terem as melhores avaliações em ambos

os setores, o comércio obteve maior pontuação 3,4 e 3,1 respectivamente,

enquanto o setor de serviço obteve 2,7 em ambas as dimensões.

Nas menores pontuações do Comércio, Agregação de Valor, Rede e

Processos 1,5, 1,6 e 2,0 respectivamente, no setor de serviços somente a

dimensão Processos está entre as mais baixas com nota ainda menor 1,6, nas

dimensões Agregação de Valor e Rede o setor de Serviços obteve nota 1,8 e

1,7 respectivamente, nota pouco maior que do setor de comércio.

Em Serviços além da menor nota na Dimensão Processos, a

Dimensão Presença e Cadeia de Fornecimento foram as mais baixas 1,5 e 1,6,

respectivamente, e no Comércio obtive-se avaliação 2,1 e 2,4,

respectivamente.

6.CONCLUSÃO

O grau de inovação médio das empresas avaliadas na amostra foi

de 2,4, demonstrando que a inovação nos setores das amostras é rudimentar.

O grau de inovação médio de cada uma das dimensões de toda a amostra

indica uma grande variação nos resultados e comprova que os melhores

resultados foram obtidos nas dimensões Oferta, Plataforma e Marca, enquanto

as dimensões Processos, Agregação de Valor, Cadeia de Fornecimento e

Rede obtiveram as menores avaliações.

A dimensão Plataforma obteve uma média pouco mais elevada de

3,4 nos dos setores estudados, toma-se que as questões desta dimensão

avaliam o sistema de produção e a outra as versões de produto, obtiveram

pontos elevados pelo fato das empresas entrevistadas serem MPEs e como

típico deste porte fazerem uso de um sistema de único para tipos de produtos,

que buscam adaptar-se as peculiaridades das demandas.

Grau de Inovação

Comércio Serviço Média Geral de todas as empresas Avaliadas

Grau de Inovação 2,6 2,2 2,4

FONTE: Pesquisa do Autor

Os resultados evidenciam que existe um clima adequado para o

aperfeiçoamento das dimensões onde se inova das empresas que foram

pesquisadas. Um evento que se destaca é que existe um número significativo

de empresas com disposição para implementar as ações sugeridas pelo plano

de ação elaborado. Tais ações tem de ser implementadas por provedores de

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soluções que visam tornar o ambiente organizacional da empresa o mais

favorável passível para o aumento de inovações.

Por fim, a pesquisa permite analisar o grau de inovação a fim de ser

uma medida útil para mensurar o grau das inovações nas MPEs o que pode ser

uma direção para orientar quais são as medidas que devem ter a sua

priorização na realidade das organizações com a finalidade de instigar a

tradição de uma cultura inovadora na empresas que são as maiores geradoras

de empregos no país.

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