artigo. acolhimento familiar - validando e atribuindo sentido Às leis protetivas

23
576 Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012 Acolhimento familiar: validando e atribuindo sentido às leis protetivas Foster care: validating and giving sense to the protective laws Jane Valente* Resumo: No contexto da atual legislação brasileira, no que se re‑ fere às crianças e aos adolescentes em situação de vulnerabilidade e risco, vamos encontrar um novo serviço dentre as medidas protetivas previstas: o serviço de acolhimento em família acolhedora. Dado o ineditismo desse serviço como política pública, este artigo tem por objetivo contribuir para a reflexão sobre a sua execução no território nacional. Palavras‑chave: Acolhimento familiar. Criança e adolescente. Família acolhedora. Política pública. Abstract: In the context of the current Brazilian legislation, which refers to children and adolescents in situations of vulnerability and risk, we will find a new service among the protective measures provided: host service in welcoming family. Given the unprecedented of this service as a public policy, this article aims to contribute to reflection about its execution in the country. Keywords: Foster care. Child and adolescent. Foster family. Public policy. * Assistente social, assessora da Proteção Social Especial da Secretaria Municipal de Cidadania, Assis‑ tência e Inclusão Social da Prefeitura Municipal de Campinas (São Paulo), Brasil; especialista em violência doméstica contra a criança e o adolescente, terapeuta familiar, mestre e doutoranda em Serviço Social. mem‑ bro do Grupo de Trabalho Nacional Pró‑Convivência Familiar e Comunitária, consultora da Relaf — Rede Latino Americana de Acolhimento Familiar. E‑mail: [email protected].

Upload: chicodoslivros

Post on 29-Sep-2015

10 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Artigo. Acolhimento Familiar - Validando e Atribuindo Sentido Às Leis Protetivas

TRANSCRIPT

  • 576 Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    Acolhimento familiar: validando e atribuindo sentido s leis protetivas

    Foster care: validating and giving sense to the protective laws

    Jane Valente*

    Resumo:.No.contexto.da.atual.legislao.brasileira,.no.que.se.refere.s.crianas.e.aos.adolescentes.em.situao.de.vulnerabilidade.e.risco,.vamos.encontrar.um.novo.servio.dentre.as.medidas.protetivas.previstas:.o.servio.de.acolhimento.em.famlia.acolhedora..Dado.o.ineditismo.desse.servio.como.poltica.pblica,.este.artigo. tem.por.objetivo.contribuir.para.a.reflexo.sobre.a.sua.execuo.no.territrio.nacional.

    Palavraschave:.Acolhimento.familiar..Criana.e.adolescente..Famlia.acolhedora..Poltica.pblica.

    Abstract:.In.the.context.of.the.current.Brazilian.legislation,.which.refers.to.children.and.adolescents.in.situations.of.vulnerability.and.risk,.we.will.find.a.new.service.among.the.protective.measures..provided:.host.service.in.welcoming.family..Given.the.unprecedented.of.this.service.as.a.public.policy,.this.article.aims.to.contribute.to.reflection.about.its.execution.in.the.country.

    Keywords:.Foster.care..Child.and.adolescent..Foster.family..Public.policy.

    *.Assistente.social,.assessora.da.Proteo.Social.Especial.da.Secretaria.Municipal.de.Cidadania,.Assistncia.e.Incluso.Social.da.Prefeitura.Municipal.de.Campinas.(So.Paulo),.Brasil;.especialista.em.violncia.domstica.contra.a.criana.e.o.adolescente,.terapeuta.familiar,.mestre.e.doutoranda.em.Servio.Social..membro.do.Grupo.de.Trabalho.Nacional.PrConvivncia.Familiar.e.Comunitria,.consultora.da.Relaf..Rede.Latino.Americana.de.Acolhimento.Familiar..Email:[email protected].

  • 577Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    Acolhimento familiar:1 validando e atribuindo sentido s leis protetivas

    Este.artigo.tem.por.objetivo.contribuir.para.a.reflexo.sobre.a.proposta.de.acolhimento.familiar.no.contexto.da.legislao.brasileira,.trocando.em.midos.a.sua.execuo..Sua.realizao.se.apoia.no.estudo.de.trajetrias.realizadas.por.diferentes.profissionais.que.atuaram.ou.atuam.em.servios.

    existentes.e.em.outros. j.extintos,.no.Sul.e.Sudeste.do.pas.2.Pretende. tambm.propor.o.enfrentamento.de.algumas.necessidades.para.a.sua.operacionalizao.como.poltica.pblica.nacional.

    O.Servio.de.Acolhimento.em.Famlia.Acolhedora.est.inserido.na.Poltica.Nacional.de.Assistncia.Social.(PNAS,.2004),.no.Plano.Nacional.de.Promoo,.Proteo.e.Defesa.do.Direito.de.Crianas.e.Adolescentes..Convivncia.Familiar.e.Comunitria3. (PNCFC,.2006).e.no.Estatuto.da.Criana.e.Adolescente.(ECA),.alterado.pela.Lei.n..12.010/094..Sua.operacionalizao.est.descrita.nos.documentos:.Orientaes.Tcnicas:.Servios.de.Acolhimento.para.Crianas.e.Adolescentes.(MDS,.2009).e.Tipificao.Nacional.de.Servios.Socioassistenciais.(MDS,.2009).

    Algumas.questes.so.norteadoras.desta.reflexo:.ser.o.servio.de.acolhimento.em.famlia.acolhedora.inovador?.Guarda.princpios.de.estrutura.e.de.organizao.relacionados.aos.servios.j.existentes.ou.que.foram.vigentes.em.outros.momentos.histricos.do.pas?

    De.incio,.podese.adiantar.que.existem.no.Brasil.servios.de.acolhimento.em.famlias.acolhedoras.de.crianas.e.adolescentes.que.apresentam.objetivos,.meto

    1..Este.artigo.est.baseado.no.captulo.da.dissertao.de.mestrado.da.autora.com.o.tema.O acolhimento familiar como garantia do direito convivncia familiar e comunitria,.PUCSP.2008,.j.atualizado.de.acordo.com..Lei.n..12.010/2009,.que.altera.o.Estatuto.da.Criana.e.do.Adolescente.

    2..Estas.reflexes.foram.sendo.construdas.no.cotidiano.do.Sapeca.e.tambm.a.partir.das.apresentaes.no.GT.Nacional.PrConvivncia.Familiar.e.Comunitria,.dos.seguintes.profissionais:.Cludia.Cabral,.Isabel.L..F..Bittencourt,.Alice.Bittencourt,.Edinalva.Severo,.Janete.Valente,.Richard.P..Pae.Kim.e.Leila.Machado.Costa..Outros.estudos.sobre.o.tema.podem.ser.encontrados.em.Silvia.Arend.(2005),.e.Nina.Rosa.R..A...Costa.(2009).

    3..No.PNCFC.(2006).este.servio.ainda.era.tratado.como.programa..A.partir.da.Tipificao.Nacional.de.Servios.Socioassistenciais.(MDS,.2009),..apresentado.como.servio,.parte.integrante.da.PNAS.(2004).

    4..Lei.n..12.010,.de.3.de.agosto.de.2009,.que.dispe.sobre.adoo;.altera.as.Leis.ns..8.069,.de.13.de.julho.de.1990..Estatuto.da.Criana.e.do.Adolescente,.8.560,.de.29.de.dezembro.de.1992;.revoga.dispositivos.da.Lei.n..10.406,.de.10.de.janeiro.de.2002..Cdigo.Civil,.e.da.Consolidao.das.Leis.do.Trabalho..CLT,.aprovada.pelo.DecretoLei.n..5.452,.de.1.de.maio.de.1943;.e.d.outras.providncias..Esta.lei.dispe.sobre.o.aperfeioamento.da.sistemtica.prevista.para.garantia.do.direito..convivncia.familiar.a.todas.as.crianas.e.adolescentes,.na.forma.prevista.pela.Lei.n..8.069,.de.13.de.julho.de.1990,.Estatuto.da.Criana.e.do.Adolescente..

  • 578 Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    dologias.e.nomenclaturas.diversas,.de.maneira.que.no.conseguem,.por.mera.referncia.a.famlias.acolhedoras,.retratar.a.ao.desenvolvida.e.acabam.por.gerar.confuses.e.interpretaes.muitas.vezes.diferenciadas.da.proposta.na.poltica.nacional..Quando.se.fala.em.acolhimento.familiar,.a.que.tipo.de.ao.est.se.referindo?.Seria.a.mesma.coisa.que.a.circulao.de.crianas?.Sero.as.famlias.acolhedoras.iguais.s.famlias.conhecidas.como.de.criao?.As.crianas.envolvidas.nesses.programas.possuem.laos.afetivos.ou.familiares.anteriores.com.as.famlias.que.as.acolhem?.A.acolhida.se.faz.naturalmente,.da.famlia.de.origem.para.a.famlia.acolhedora,.ou.nesse.processo.h.a.mediao.do.Estado?

    Aspectos peculiares ao acolhimento familiar: a nomenclatura e sua influncia na formao de uma cultura de acolhimento

    A.antroploga.Cludia.Fonseca,. em. seus. estudos. acerca. da.circulao de crianas5 em.seu.livro.intitulado.Caminhos da adoo (2002,.p..33), lana.mo.do.termo.em.ingls.fosterage6 para.explicar o.atendimento.provisrio.de.crianas.e.adolescentes.afastados.de.sua.famlia.de.origem.por.proteo.

    Fonseca.chama.a.ateno.para.o.fato.de.ser.amplamente.reconhecido.que,.no.Brasil,.efetivamse.relaes.entre pais, filhos e famlias de criao...,.mas.no.se.lembra.de.ter.visto.esse.termo.sendo.usado.em.documentos.jurdicos.oficiais,.a.no.ser para uma.crtica.a.esse.tipo.de.vnculo. Complementa.(2004,.p..88).que,.no Brasil, existem hoje iniciativas espordicas de Programas de Famlias Acolhedoras em certos municpios, mas seu nmero no se compara com o volume de foster families existentes na Amrica do Norte.7

    Ser.que.os.atuais.servios.de.acolhimento.em.famlia.acolhedora.previstos.na.Poltica.Nacional.da.Assistncia.Social.conseguiriam.ser.a.traduo.do.fosterage?.Seria.possvel.expressar.essa.ao.sem.precisar.lanar.mo.de.termos.como.

    5..Crianas.que.passam.parte.da.infncia.ou.juventude.em.casas.que.no.a.de.seus.genitores.(2002:14)

    6..Fosterage:.palavra.usada.em.ingls.para.designar.a.transferncia.temporria.e.parcial.de.direitos.e.deveres.paternos.entre.um.adulto.e.outro..Segundo.Cludia.Fonseca,.essa.noo.faz.contraste.com.a.adoo.legal.que.implica.a.transferncia.total.e.permanente.destes.direitos..Por falta de um vocabulrio especfico em portugus, essa autora se props a empregar o termo adoo (sem adjetivo) para designar transaes de fosterage, e adoo legal ou adoo formal para designar a transferncia permanente e total de crianas que aparece na legislao contempornea.

    7..Cludia.Fonseca.afirma.que.cerca.de.75%.das.crianas.norteamericanas.sob.a.responsabilidade.do.Estado.vivem.em.famlia.de.acolhimento.(foster family)..

  • 579Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    adoo contraposto.ao.termo.adoo formal e permanente..para.as.adoes.em.si,.como.a.autora.precisou.fazer.para.expor.suas.ideias.alguns.anos.atrs,.na.tentativa.de.diferenciar.as.concepes?

    .importante.ter.presente.que.esta.reflexo.se.encontra.no.livro.citado,.cuja.primeira.edio.saiu.em.1995.e,.at.o.momento,.esta.terminologia.ainda.no.est.suficientemente.construda..Mesmo.agora,.apesar.de.o.servio.de.acolhimento.em.famlia.acolhedora.ser.considerado.poltica.pblica.de.alta.complexidade.dentro.do.Sistema.nico.da.Assistncia.Social.(PNAS,.2004),.o.servio.famlia acolhedora.no.consegue,.por.si.s,.expressar.a.sua.ao.e.,.na.maioria.das.vezes,.confundido.com.adoo,.ou.mesmo.com.situaes.de.guarda.judicial.na.famlia.extensa..A.partir.da.promulgao.da.Lei.n..12.010/2009,.que.alterou.o.Estatuto.da.Criana.e.do.Adolescente,.o.acolhimento.familiar.passou.a.compor.os.programas8.do.artigo.90,.devendo.ser.utilizado.como.um.programa.de.proteo,.anterior.ao.acolhimento.institucional.9

    Porm,.apesar.das.explicaes.e.depoimentos.acerca.da.ao.do.servio.de.acolhimento.em.famlia.acolhedora,.ainda.h.muita.dificuldade.na.compreenso.da.proposta.de.um.servio.dessa.natureza..Por.uma.ausncia.de.discusses.e.referenciais.estabelecidos,.verificase.no.existir.um.acmulo.de.informaes.suficientes.para.gerar.a.clareza.necessria.para.a.diferenciao.das.aes.de.acolhimento,.de.adoo,.de.circulao.de.crianas,.de.acolhimento.familiar.informal.ou.mesmo.de.guarda.na.famlia.extensa.ou.na.rede.social.significativa.

    Estudos.nas.reas.da.demografia,.da.antropologia.e.de.outras.de.mbito.social,10.mostram.a.existncia.de.uma.cultura.muito.antiga.de.ajuda.mtua.entre.famlias.brasileiras,.traduzida.no.cuidado.familiar.de.crianas.e.adolescentes.assumidos.por.uma.famlia.que.no..a.delas.ou.por.algum.pertencente..famlia.extensa,.como.filhos.de.criao..Esses.cuidados.so.tambm.estudados.como.um.fenmeno.de.circulao.de.crianas,.que.se.realiza.naturalmente,.na.grande.maioria.das.vezes.sem.chegar.a.uma.regularizao.formal.de.guarda,.de.tutela.ou.de.adoo..Hoje.essas. aes. esto. sendo.nomeadas. tambm.de. acolhimento. familiar. informal. e.

    8..Neste.caso,.o.termo.programa.est.relacionado.aos.programas.do.artigo.90.do.ECA,.que.devem.ser.inscritos.no.Conselho.Municipal.dos.Direitos.da.Criana.e.do.Adolescente.no.municpio.de.sua.execuo.

    9..Acolhimento.institucional.foi.uma.nomenclatura.proposta.pela.Poltica.Nacional.de.Assistncia.Social.(PNAS.2004).e.regulamentada.no.Estatuto.da.Criana.e.do.Adolescente,.a.partir.da.Lei.n..12.010/2009,.entendida.como,.casa.de.passagem,.abrigo,.casa.lar.e.repblica.

    10..No.Brasil.podese.citar,.como.referncia,.diversos.autores:.Cludia.Cabral,.Cludia.Fonseca,.rica.Brasil,.Eunice.Fvero,.Irene.Rizzini,.Isabel.Lzia.Fuck.Bittencourt,.Mrcia.Maria.Pivatto.Serra,.Pilar..Uriarte,.Renato.Pinto.Venncio,.Nina.Rosa.do.Amaral,.citados.na.bibliografia.do.presente.trabalho.

  • 580 Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    supem.a. existncia. de. vnculos. (sejam.eles. biolgicos. ou.de. relacionamentos.significativos).entre.essas.famlias.e.essas.crianas.ou.adolescentes.

    O.estudo.mostra.que,.no.Brasil,.essa.cultura.aparece.em.todas.as.classes.sociais,.mas.principalmente.entre.as.famlias.empobrecidas,.as.quais.acabam.por. lanar.mo.dessa.ajuda.para.a.resoluo.de.problemas.enfrentados.nos.seus.diferentes.ciclos.de.vida..Esse.tipo.de.relao.tornase.mais.necessria.na.medida.em.que.no.existam.polticas.suficientes.e.eficazes.para.atender.s.questes.colocadas.por.determinadas.situaes:.famlias.jovens,.famlias.empobrecidas,.famlias.que.enfrentam.separaes,.recasamentos,.e.que.veem,.na.solidariedade.familiar.de.sua.rede.de.apoio,.meios.para.minimizar.srios.problemas.de.subsistncia.e.de.sobrecarga.no.cuidado.de.sua.prole.

    Em.2003,.por.ocasio.da.realizao.da.Conferncia.Internacional.da.IFCO.(Internacional.Foster.Care.Organization),.realizada.em.La.Plata,.na.Argentina,.foi.lanado.um.estudo.internacional.comparativo.denominado.Apostando no acolhimento familiar..Este.estudo.demonstrava.que.havia.poucas.informaes.sobre.a.realidade.brasileira,.principalmente.no.que.diz.respeito..cultura.de.circulao.de.crianas.

    Shanti.(2003,.p..57).afirma.que.observou.que.a.maior.parte.dos.pases.em.vias.de.desenvolvimento.trata.o.acolhimento.familiar.de.uma.forma.que.parece.continuar.com.o.enfoque.colonial.de.no.interveno..Cita.alguns.pases.como.Guatemala,.Filipinas,.Venezuela,.Brasil.e.outros.que.aparentemente tm pouca ou nenhuma legislao sobre o acolhimento familiar. Relata, porm,.a.utilizao.do.instituto.da.guarda.na.transferncia.de.crianas.para.outras.famlias.e.afirma.que,.para.a.adoo,.esses.pases.possuem.leis.mais.claras..Refora.a.questo.de.o.acolhimento.familiar.Formal.no.ter.status.de.poltica..com.leis.e.aparato.estatal..em.nenhum.desses.pases,.de.forma.a.organizar.e.valorizar.uma.interveno.dessa.natureza.11

    Com.a.aprovao.da.Poltica.Nacional.de.Assistncia.Social.(PNAS,.2004).e.a.incorporao.do.Servio.de.Acolhimento.em.Famlia.Acolhedora,.no.Estatuto.da.Criana.e.do.Adolescente.atravs.da.Lei.n..12.010/2009.h.que.se.fazer.referncia.ao.movimento.existente.no.Brasil,.principalmente.aps.a.pesquisa.do.Ipea.(Silva,.2004),.que.levou..aprovao.o.Plano.Nacional.de.Promoo,.Proteo.e.Defe.sa.do.Direito.de.Crianas.e.Adolescentes..Convivncia.Familiar.e.Comunitria.

    11..Esta.situao,.em.termos.de.Brasil,.vem.sendo.superada,.com.a.aprovao.da.PNAS.(2004).e.da.Lei.n..12.010/09,.restando.agora.o.desenvolvimento.de.esforos.no.sentido.de.sua.implementao.

  • 581Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    .(PNCFC/2005),.bem.como.do.trabalho.realizado.pelo.Grupo.de.Trabalho.Nacional.PrConvivncia.Familiar.e.Comunitria.12

    O acolhimento familiar formal e o Servio de Acolhimento em Famlia Acolhedora

    O.acolhimento.familiar.formal..uma.prtica.mediada.por.profissionais,.com.plano.de. interveno.definido,. administrado.por. um. servio,. conforme.poltica.pblica.estabelecida..No..uma.atitude.voluntria.dos.pais.e.sim.uma.determinao.judicial.com.vistas..proteo.da.criana.(Cabral.2004,.p..11).

    A.Poltica.Nacional.de.Assistncia.Social.(PNAS,.2004).determina.dentro.da.Proteo.Social.Especial.de.Alta.Complexidade..servios.que.garantam.proteo.integral.[...].para.famlias.e.indivduos.que.se.encontram.sem.referncia.e,.ou,.em.situao.de.ameaa,.necessitando.ser.retirados.de.seu.ncleo.familiar.e,.ou.comunitrio..Essa.determinao.norteou.a.implantao,.a.qualificao.e.o.reordenamento.de.servios,.entre.eles.o.Servio.de.Acolhimento.em.Famlia.Acolhedora.

    O.Plano.Nacional.de.Promoo,.Proteo.e.Defesa.do.Direito.de.Crianas.e.Adolescentes..Convivncia.Familiar.e.Comunitria. (PNCFC,.2006).enfatizava.essa.ao.e.o.denominava.como.Programa Famlia Acolhedora,.o.que.hoje.j.se.encontra.atualizado.e.legitimado.como.poltica.pblica.nacional,.tendo.como.regulador.o.j.citado.documento.Tipificao.Nacional.de.Servios.Socioassistenciais.(MDS,.2009).13.Salienta.tambm.que.esse.servio.deve.atuar.em.contnua.articulao.com.os.demais.servios.que.compem.as.polticas.pblicas,.inclusive.com.a.Justia. da. Infncia. e. da. Juventude,. no. sentido.de.oferecer. proteo. integral. s.crianas.e.adolescentes.e.o.retorno.mais.breve.possvel..famlia.de.origem.

    A.partir.da.promulgao.da.Lei.n..12.010/2010,.o.acolhimento.familiar.si.tuase.como.um.servio.que.deve.ser.acessado.anteriormente.ao.acolhimento.institucional,. como.medida.de.proteo..A. adoo.deve. ser. tomada. como.medida.excepcional,.cuja.realizao.apenas.deve.ocorrer.quando.esgotadas.as..possibilidades.

    12..O.GT.Nacional.iniciou.suas.atividades.em.2005,.por.ocasio.da.realizao.do.II.Colquio.Internacional.sobre.Famlias.Acolhedoras.em.Campinas/SP..A.sua.coordenao..realizada.pela.Associao.Brasileira.Terra.dos.Homens,.com.o.apoio.do.Unicef,.SEDH.e.MDS..Maiores.informaes.podem.ser.obtidas.no.site:..

    13..O.documento.Orientaes Tcnicas: servios de acolhimento para crianas e adolescentes (MDS.2009),.tambm.descreve.essas.aes.em.mbito.nacional.

  • 582 Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    de.retorno..famlia.de.origem.ou.extensa.ou.mesmo..rede.significativa.da.criana.e.do.adolescente.

    O.Servio.de.Acolhimento.em.Famlia.Acolhedora

    .aquele.que.organiza.o.acolhimento.de.crianas.e.adolescentes,.afastados.da.famlia.por.medida.de.proteo,.em.residncia.de.famlias.acolhedoras.cadastradas...previsto.at.que.seja.possvel.o.retorno..famlia.de.origem.ou,.na.sua.impossibilidade,.o.encaminhamento.para.adoo..O.servio..o.responsvel.por.selecionar,.capacitar,.cadastrar.e.acompanhar.as.famlias.acolhedoras,.bem.como.realizar.o.acompanhamento. da. criana. e/ou. adolescente. acolhido. e. sua. famlia. de. origem.. (Tipificao. de.Servios.socioassistenciais,.2009)

    Como.uma.medida.de.proteo,.o.Servio.deve.realizar.um.trabalho.psicossocial. levando. sempre. em.considerao.o carter excepcional e provisrio do acolhimento..Deve.assumir.como.necessidade.fundamental.e.prioritria.a.preparao.da.reintegrao.familiar.de.forma.protegida..Para.isso,.tornase.imprescindvel.o.acompanhamento..famlia.de.origem/extensa..em.corresponsabilidade.com.a.rede.de.proteo.e.a.Vara.da.Infncia.e.da.Juventude..para.que,.com.qualidade,.as.aes.possam.ocorrer.de.maneira.gil,.como.o.prprio.momento.da.criana.e.do.adolescente.exige..Na.impossibilidade.de.retorno..famlia.de.origem/extensa,.deve.ser.realizado.o.trabalho.de.encaminhamento.para.uma.famlia.substituta,.garantindo.assim.o.direito..convivncia.familiar.e.comunitria.

    Entendese.aqui.por.famlia.acolhedora.aquela.que.voluntariamente.tem.a.funo.de.acolher.em.seu.espao.familiar,.pelo.tempo.que.for.necessrio,.a.criana.e/ou.o.adolescente.que,.para.ser.protegido,.foi.retirado.de.sua.famlia,.respeitando.sua.identidade.e.sua.histria,.oferecendolhe.todos.os.cuidados.bsicos.mais.afeto,.amor,.orientao,.favorecendo.seu.desenvolvimento.integral.e.sua.insero.familiar,.assegurandolhe.a.convivncia.familiar.e.comunitria.(Valente,.in.Rizzini.2006,.p..61).

    Acolhimento familiar: acolher ou no na prpria famlia?

    Tomando.como.objeto.de.reflexo.o.conceito.de.famlia,.encontrarse.no.art..226..4.da.Constituio.Federal.de.1988..Entendese,.tambm,.como.entidade.familiar.a.comunidade.formada.por.qualquer.dos.pais.e.seus.descendentes.e.na.Lei.n..8.069,.de.13.de.julho.de.1990,.na.Seo.II..Da.Famlia.Natural..o.art..25:.Entendese.por.famlia.natural.a.comunidade.formada.pelos.pais.ou.qualquer.deles.e.seus.descendentes.

  • 583Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    J.o.Plano.(PNCFC,.2006).chama.a.ateno.para.a.necessidade.de.desmistificar.a.idealizao.de.uma.dada.estrutura.familiar.como.sendo.a.natural,.abrindose.caminho.para. o. reconhecimento.da. diversidade.das. organizaes. familiares. no.contexto.histrico,.social.e.cultural.

    Esse.Plano.reconhece.a.necessidade.do.conhecimento.das.leis.citadas,14.mas.considera.imprescindvel.compreender.tambm.a.complexidade.e.riqueza.dos.vnculos.familiares.e.comunitrios.que.podem.ser.mobilizados.nas.diversas.frentes.de.defesa.dos.direitos.das.crianas.e.adolescentes,.enfatizando.a.importncia.de.se.trabalhar.com.uma.definio.mais.ampla.de.famlia,.de.base.socioantropolgica:.A.famlia.pode.ser.pensada.como.um.grupo.de.pessoas.que.so.unidas.por.laos.de.consanguinidade,15.de.aliana,16.e.de.afinidade17.(op.cit.,.p..27).

    Ressalta.ainda.a.necessidade.de.reconhecer.outros.tipos.de.vnculos.que.pressupem.obrigaes.mtuas,.mas.no.de.carter.legal,.e.sim.de.carter.simblico.e.afetivo..relaes.de.vizinhana,.apadrinhamento,.amizade.,.que.no.raro.se.revelam.mais.fortes.e.importantes.para.a.sobrevivncia.cotidiana.do.que.muitas.relaes.de.parentesco..Ao.mesmo.tempo.em.que.amplia.o.conceito.de.famlia.e.reconhece.os.vnculos.para.alm.da.consanguinidade,.chama.a.ateno.para.que,.uma.vez.utilizado.qualquer.desses.recursos.como.possibilidade,.tornase.necessria.a.sua.regulamentao.legal.

    Com.a.aprovao.da.Lei.n..12.010/2009.o.conceito.de.famlia.se.amplia,.tomando.por.base.conceitual.a.mesma.estrutura.proposta.no.Plano.Nacional,.reconhecendo.e.legitimando.as.relaes.de.vnculos.

    Artigo.25..Pargrafo.nico..Entendese.por.famlia.extensa.ou.ampliada.aquela.que.se.estende.para.alm.da.unidade.pais.e.filhos.ou.da.unidade.do.casal,.formada.por.parentes.prximos.com.os.quais.a.criana.ou.adolescente.convive.e.mantm.vnculos.de.afinidade.e.afetividade.

    14..Constituio.da.Repblica.Federativa.do.Brasil.(1988).e.Lei.n..8.069,.de.13.de.julho.de.1990ECA.

    15..A.definio.pelas.relaes.consaguneas.de.quem..parente.varia.entre.as.sociedades.podendo.ou.no.incluir.tios,.tias,.primos.de.variados.graus.etc..Isto.faz.com.que.a.relao.de.consanguinidade,.em.vez.de.natural,.tenha.sempre.de.ser.interpretada.em.seu.referencial.simblico.e.cultural..Plano.Nacional.de.Promoo,.Proteo.e.Defesa.do.Direito.de.Crianas.e.Adolescentes..Convivncia.Familiar.e.Comunitria.(2006).

    16..Vnculos.contrados.a.partir.de.contratos,.como.a.unio.conjugal..Plano.Nacional.de.Promoo,.Proteo.e.Defesa.do.Direito.de.Crianas.e.Adolescentes..Convivncia.Familiar.e.Comunitria.(2006).

    17..Vnculos.adquiridos.com.os.parentes.do.cnjuge.a.partir.das.relaes.de.aliana..Plano.Nacional.de.Promoo,.Proteo.e.Defesa.do.Direito.de.Crianas.e.Adolescentes..Convivncia.Familiar.e.Comunitria.(2006).

  • 584 Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    Passase,.com.isso,.a.valorizar.mais.as.diversas.formas.de.viver.em.famlia,.prprias.da.cultura. familiar.brasileira,.e.nem.por. isso.desestruturada,.mas.com.estruturas.diferenciadas.que.precisam.ser.respeitadas,.desde.que.representem.cuidado.e.proteo.s.crianas.e.adolescentes.que.com.elas.convivem.

    .importante.observar.que.na.alterao.assegurada.pela.Lei.n..12.010/2009,.a.rede.social.significativa..aquela.representada.pela.famlia.extensa.ou.ampliada,.que.se.estende.para.alm.da.unidade.pais.e.filhos.ou.da.unidade.do.casal. Esta.famlia.ampliada,.por.essa.lei,..formada por parentes prximos.com.os.quais.a.criana.ou.o.adolescente.convive.e.mantm.vnculos.de.afinidade.e.afetividade.

    No.entanto,.se.analisarmos.o.PNCFC,.2006,.podese.observar.que.o.mesmo.inclui.tambm,.no.contexto.da.famlia.ampliada,.padrinhos,.madrinhas.ou.qualquer.outra.pessoa.do.convvio.estreito.da.criana.e.do.adolescente.que.represente.espaos.de.garantia.de.relaes.de.cuidado.e.proteo..Este.fato..por.essa.incluso.no.estar.ainda.referenciada.em.lei..vai.exigir.que,.para.a.efetivao.dessa.poltica.e.para.que.a.tradio.ampliada.de.cuidados.da.sociedade.brasileira.seja.respeitada,. seja. realizado.um.qualificado. estudo. social,. circunstanciado,. em. relatrio.social.detalhado,.para.que.possa.configurar.e.assegurar.o.vnculo.preexistente.que,.aps.ser.avaliado.pelo.Ministrio.Pblico.e.pela.Vara.da.Infncia.e.da.Juventude,.subsidiar.a.deciso.final.

    Desta.forma,.a.famlia.de.origem,.a.famlia.extensa.ou.ampliada.e.as.famlias.fora.da.rede.de.parentesco.formal..porm.participantes.da.rede.significativa.da.criana.e.do.adolescente,.quando.as.acolhem,.no.so.entendidas.como.famlias acolhedoras, mas. sim. como. importante. recurso. a. ser. utilizado.no.processo. de reintegrao familiar que. j. se. inicia. com.a. entrada.da. criana/adolescente. no.servio.de.proteo.18

    A.necessidade.de.preciso.conceitual.em.relao.aos.servios.de.acolhimento.em.famlias.acolhedoras.evidenciase.principalmente.em.razo.do.custo.econmico.e.de.tempo.necessrios.para.a.preparao.e.cadastramento.de.famlias.acolhedoras.para.atendimento.de.crianas.que.necessitam.desse.servio:.uma.mesma.famlia. acolhedora. .preparada.para. acolhimentos. sequenciais..O.acolhimento.na.prpria.famlia.no.se.enquadra.nessa.proposta,.pois.acolhe.por.tempo.indeterminado.a.uma.mesma.e.especfica.criana/adolescente..Essa.alternativa.merece.ateno.especial,.por.ser. inerente..cultura.brasileira..cultura.esta.estudada.sob.a.

    18..Nessa.particularidade,.caso.seja.necessria.cobertura.econmica.para.viabilizar.o.atendimento,.esta.cobertura.se.caracterizaria.como.subsdio familiar.e.deveria.estar.sendo.operacionalizado.por.meio.de.um.programa.de.guarda.subsidiada,.atendendo.o.artigo.36.do.ECA.

  • 585Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    perspectiva.da.circulao.de.crianas.,.a.qual.ser.tratada.mais.a.frente,.como.parte.da.proposta.de.um.programa.de.guarda.subsidiada.

    A natureza jurdica do acolhimento familiar Servio de acolhimento em famlia acolhedora e a interface com o abrigo e a adoo

    O.Suas..Sistema.nico.de.Assistncia.Social.prev,.nos.Servios.de.Proteo.Especial.de.Alta.Complexidade.de.crianas.e.adolescentes,.as.modalidades:.Atendimento.Integral.Institucional,.Casa.Lar,.Famlia Acolhedora,19.Repblica.e.Casa.de.Passagem..O.documento.Orientaes.Tcnicas.para.os.Servios.de.Acolhimento.para.Crianas.e.Adolescentes.(2009),.bem.como.a.Tipificao.Nacional.de.Servios.Socioassistenciais.(2009),.esclarecem,.ainda,.a.necessidade.do.reordenamento.dos.servios.de.acolhimento,.oferecendo,.dentro.do.acolhimento.institucional,.os.servios.de.Abrigo,.Casa.Lar.e.Repblica,.considerando.ainda.que.cada.municpio,.em.funo.das.necessidades.locais,.pode.criar.servios.de.Casa.de.Passagem..Todos.esses.servios.precisam.ser.oferecidos.conforme.a.necessidade.de.cada.criana.e.de.cada.adolescente.

    Tanto.o.acolhimento.institucional.quanto.o.acolhimento.familiar.so.modalidades.de.atendimento.integral.de.Proteo.Social.Especial.de.Alta.Complexidade.do.Suas..Cumprem.a.finalidade.de.acolher.e.oferecer.proteo.integral.a.crianas.e.adolescentes.quando.necessitam.ser.afastados.temporariamente.do.convvio.familiar.de.origem.ou.quando.j.no.contam.mais.com.a.proteo.e.os.cuidados.de.suas.famlias..No.entanto,.diferem.quanto..metodologia.e.a.natureza.jurdica.

    Com.a.alterao.da.Lei.n..12.010/2009.o.acolhimento.familiar.no.s.passa.a.ser.previsto.na.legislao.nacional,.como..dada.nfase..sua.prioridade.no.momento. da. aplicao. da.medida. de. proteo. da. criana. e. do. adolescente,. como.descrito.no.art..34.do.ECA:..1.A.incluso.da.criana.ou.adolescente.em.programas. de. acolhimento. familiar. ter. preferncia. a. seu. acolhimento. institucional,.observado,.em.qualquer.caso,.o.carter.temporrio.e.excepcional.da.medida,.nos.termos.desta.Lei.

    As.crianas.atendidas.nos.servios.de.acolhimento.em.famlia.acolhedora.no.possuem.laos.afetivos.ou.familiares.anteriores.com.as.famlias.que.as.acolhem..A.

    19...a.primeira.vez.que.o.Programa.Famlias.Acolhedoras..contemplado.em.uma.poltica.de.mbito.nacional. (PNAS,.2004)..Na. atualidade,. como.consequncia.da. conquista. de. status. de. poltica.pblica. .considerado.servio.continuado,.sob.responsabilidade.da.gesto.estatal.

  • 586 Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    famlia.acolhedora..cadastrada.e.previamente.preparada.para.participar.da.vida.das.crianas.e.adolescentes,.em.um.servio.continuado,.e..vinculada.a.esse.servio,. podendo. receber. continuadamente.diversas. crianas. dentro. de.um.processo.planejado.

    No.Estatuto.da.Criana.e.do.Adolescente.tanto.o.acolhimento.familiar.como.o.institucional.esto.descritos.no.artigo.90.como.programas.de.proteo.e.socioeducativos.destinados.a.crianas.e.adolescentes.em.regime.de.colocao.familiar.e.de.acolhimento.institucional.

    Ambos.os. programas20. precisam. ser. inscritos. no.Conselho.Municipal. dos.Direitos.da.Criana.e.do.Adolescente,.conforme.o.previsto.no.ECA,.no.art..90,.Pargrafo.nico:

    As.entidades.governamentais.e.no.governamentais.devero.proceder..inscrio.de.seus.programas,.especificando.os.regimes.de.atendimento,.na.forma.definida.neste.artigo,.junto.ao.Conselho.Municipal.dos.Direitos.da.Criana.e.do.Adolescente,.o.qual.manter. registro. das. inscries. e. de. suas. alteraes,. do.que. far. comunicao. ao.Conselho.Tutelar.e..autoridade.judiciria.

    No.pargrafo.3,.III:.Em.se.tratando.de.programas.de.acolhimento.institucional.ou.familiar,.sero.considerados.os.ndices.de.sucesso.na.reintegrao.familiar.ou.de.adaptao..famlia.substituta,.conforme.o.caso.

    Reafirmando.que.toda.poltica.de.atendimento.deve.dar.nfase.ao.direito..convivncia.familiar.de.crianas.e.adolescentes,.a.reforma.ampliou.o.artigo.92.do.ECA,. que. trata. dos. princpios. que. devem. ser. seguidos. pelas. entidades. de.acolhimento:

    Art..92..As.entidades.que.desenvolvam.programas.de.acolhimento.familiar.ou.institucional.devero.adotar.os.seguintes.princpios:

    I..preservao.dos.vnculos.familiares.e.promoo.da.reintegrao.familiar;

    Incluise.a.reintegrao.familiar.como.um.dos.objetivos.das.entidades.que.acolhem.crianas.e.adolescentes.

    II..integrao.em.famlia.substituta,.quando.esgotados.os.recursos.de.manuteno.na.famlia.natural.ou.extensa;

    Incluiu.a.famlia.extensa.como.uma.das.possibilidades.de.encaminhamento.da.criana.ou.adolescente.

    20..Neste.caso,.o.uso.da.palavra.programa.est.compatvel,.pois.se.refere.aos.programas.inscritos.no.CMDCA,.artigo.90,.para.obteno.da.inscrio.de.funcionamento.municipal.

  • 587Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    .1.O.dirigente.de.entidade.que.desenvolve.programa.de.acolhimento.institucional..equiparado.ao.guardio,.para.todos.os.efeitos.de.direito.

    .2.Os.dirigentes.de.entidades.que.desenvolvem.programas.de.acolhimento.familiar.ou.institucional.remetero..autoridade.judiciria,.no.mximo.a.cada.6.(seis).meses,.relatrio.circunstanciado.acerca.da.situao.de.cada.criana.ou.adolescente.acolhido.e.sua.famlia,.para.fins.da.reavaliao.prevista.no..1.do.art..19.desta.Lei.

    .3.Os.entes.federados,.por.intermdio.dos.Poderes.Executivo.e.Judicirio,.promovero.conjuntamente.a.permanente.qualificao.dos.profissionais.que.atuam.direta.ou.indiretamente.em.programas.de.acolhimento.institucional.e.destinados..colocao.familiar.de.crianas.e.adolescentes,.incluindo.membros.do.Poder.Judicirio,.Ministrio.Pblico.e.Conselho.Tutelar.

    .4.Salvo.determinao.em.contrrio.da.autoridade.judiciria.competente,.as.entidades.que.desenvolvem.programas.de.acolhimento.familiar.ou.institucional,.se.necessrio.com.o.auxlio.do.Conselho.Tutelar.e.dos.rgos.de.assistncia.social,.estimularo.o.contato.da.criana.ou.adolescente.com.seus.pais.e.parentes,.em.cumprimento.ao.disposto.nos.incisos.I.e.VIII.do.caput.deste.artigo.

    .5.As.entidades.que.desenvolvem.programas.de.acolhimento.familiar.ou.institucional. somente.podero. receber. recursos.pblicos. se.comprovado.o.atendimento.dos.princpios,.exigncias.e.finalidades.desta.Lei.

    .6.O.descumprimento.das.disposies.desta.Lei.pelo.dirigente.de.entidade.que.desenvolva.programas.de.acolhimento.familiar.ou.institucional..causa.de.sua.destituio,.sem.prejuzo.da.apurao.de.sua.responsabilidade.administrativa,.civil.e.criminal.

    Na.sutileza.das.aes.cotidianas.de.um.servio.de.acolhimento.em.famlia.acolhedora.aparecem.necessidades.que.no.so.ainda.atendidas.no.detalhamento.legal..Uma.das.importantes.questes.defendidas..a.criao,.para.melhor.amparo.s.decises.legais,.de.um.instituto.jurdico.de.guarda.compartilhada.(famlia.acolhedora.e.o.servio.que.o.realiza).e.o.reconhecimento.da.natureza.dos.vnculos.criados:.a.criana.mantm.vnculos.com.as.duas.famlias.(a.acolhedora.e.a.de.origem).durante.todo.o.processo,.e.isso.precisa.ser.considerado.na.hora.de.qualquer.deciso.

    Tanto.os.programas.de.acolhimento.familiar.como.os.de.acolhimento.institucional.devero.ser.implantados.ou.reordenados.cumprindo.as.Orientaes tcnicas: servios de acolhimento de crianas e adolescentes.(Brasil,.2009a).21

    Ambos.esto.sujeitos..fiscalizao.prevista.no.art..95.do.ECA:.As.entidades.governamentais.e.no.governamentais.referidas.no.art..90.sero.fiscalizadas.pelo.Judicirio,.pelo.Ministrio.Pblico.e.pelos.Conselhos.Tutelares.

    21..As.orientaes.tcnicas.foram.formuladas.com.grande.participao.do.Grupo.de.Trabalho.Nacional.Pr.convivncia.familiar.e.comunitria..Para.maiores.informaes.acesse:.www.abth.org.br.

  • 588 Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    Da.mesma.forma,.o.acolhimento.institucional.e.o.acolhimento.familiar.devem.ser.financiados.pelo.Poder.Executivo,.conforme.o.artigo.90,..2,.como.segue:

    .2.Os.recursos.destinados..implementao.e.manuteno.e.dos.programas.relacionados.neste.artigo.sero.previstos.nas.dotaes.oramentrias.dos.rgos.pblicos.encarregados.das.reas.de.Educao,.Sade.e.Assistncia.Social,.dentre.outros,.observandose.o.princpio.da.prioridade.absoluta..criana.e.ao.adolescente.preconizado.pelo.caput.do.art..227.da.Constituio.Federal.e.pelo.caput.e.pargrafo.nico.do.art..4.desta.Lei.

    Deve.ainda,.receber.outros.aportes,.conforme.determina.o.art..260.do.ECA,..5,.como.segue:

    .5.A.destinao.de.recursos.provenientes.dos.fundos.mencionados.neste.artigo.no.desobriga.os.Entes.Federados..previso,.no.oramento.dos.respectivos.rgos.encarregados.da.execuo.das.polticas.pblicas.de.assistncia.social,.educao.e.sade,.dos.recursos.necessrios..implementao.das.aes,.servios.e.programas.de.atendimento. a. crianas,. adolescentes. e. famlias,. em. respeito. ao.princpio. da. prioridade.absoluta.estabelecido.pelo.caput.do.art..227.da.Constituio.Federal.e.pelo.caput.e.pargrafo.nico.do.art..4.desta.Lei.

    Ambos.os.programas.devem.atentar.ao.inciso.1.e.2.do.art..101.do.ECA.como.seguem:

    .1.O.acolhimento.institucional.e.o.acolhimento.familiar.so.medidas.provisrias.e.excepcionais,.utilizveis.como.forma.de.transio.para.reintegrao.familiar.ou,.no.sendo.esta.possvel,.para.colocao.em.famlia.substituta,.no.implicando.privao.de.liberdade.

    .2.Sem.prejuzo.da.tomada.de.medidas.emergenciais.para.proteo.de.vtimas.de.violncia.ou.abuso.sexual.e.das.providncias.a.que.alude.o.art..130.desta.Lei,.o.afastamento.da.criana.ou.adolescente.do.convvio.familiar..de.competncia.exclusiva.da.autoridade.judiciria.e.importar.na.deflagrao,.a.pedido.do.Ministrio.Pblico.ou.de.quem.tenha.legtimo.interesse,.de.procedimento.judicial.contencioso,.no.qual.se.garanta.aos.pais.ou.ao.responsvel.legal.o.exerccio.do.contraditrio.e.da.ampla.defesa.

    Partindo.do.princpio.de.que.a.Proteo.Social.Especial.de.Alta.Complexidade.(PNAS:.SUAS).tem.que.organizar.servios.que.garantam.proteo.integral.[...].para.famlias.e.indivduos.que.se.encontram.sem.referncia.e/ou.em.situao.de.

  • 589Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    ameaa,.necessitando.ser.retirados.de.seu.ncleo.familiar.e/ou.comunitrio., o.acolhimento.familiar.e.o.institucional.devem.realizar.essa.proteo,.respeitando.ao.mximo.os.pressupostos. legais..No.caso.do.acolhimento. familiar,. realizado.em.espao. fsico.privativo.de.uma. famlia,. as. crianas. e.os. adolescentes. acolhidos.recebem.cuidados.e.convivem.com.as.regras.prprias.da.dinmica.familiar,.tendo.garantido.o.seu.direito..convivncia.familiar.e.comunitria.

    O.acolhimento.familiar.tem.importantes.diferenas.legais.em.relao..adoo..Embora.ambos.ofeream.a.proteo.integral.em.ambiente.familiar.e.comunitrio,.na.adoo.a.transferncia.dos.direitos.parentais..total.e.irrevogvel:.a.criana.assume.a.condio.de.filho;.h.a.substituio.dos.direitos,.das.obrigaes,.e.mesmo.a.identidade.legal.pode.ser.alterada..No.acolhimento.familiar.a.transferncia.dos.deveres.e.direitos.da.famlia.de.origem.para.outro.adulto.ou.famlia..temporria..No.h. substituio.da. famlia;. h. parceria. e. colaborao,. e. so.preservados. a.identidade,.os.vnculos.e.a.histria.da.criana.

    Existe.uma.importante.interface.na.relao.das.aes.do.servio.de.acolhimento.em.famlia.acolhedora.e.a.efetivao.de.um.processo.de.adoo..O.servio,.ao.indicar.a.destituio.do.poder.familiar,.por.meio.de.relatrio.fundamentado.no.trabalho.em.rede,.aguardar.os.trmites.legais.do.Ministrio.Pblico.e.da.Vara.da.Infncia.e.da.Juventude.(VIJ)..Uma.vez.indicada.a.famlia.adotante.pelos.profissionais.da.VIJ,.a.famlia.acolhedora.deve.participar.em.conjunto.com.os.profissionais.do.Servio.de.Acolhimento,.contribuindo.na.transio.da.criana.para.uma.famlia.substituta..Esta.tem.se.mostrado.uma.estratgia.importante.para.minimizar.os.efeitos.decorrentes.dessas.mudanas.

    O.respaldo.legal.para.essa.ao..encontrado.no.art..28.do.ECA

    .5.A.colocao.da.criana.ou.adolescente.em.famlia.substituta.ser.precedida.de.sua.preparao.gradativa.e.acompanhamento.posterior,.realizados.pela.equipe.interprofissional.a.servio.da.Justia.da.Infncia.e.da.Juventude,.preferencialmente.com.o.apoio.dos.tcnicos.responsveis.pela.execuo.da.poltica.municipal.de.garantia.do.direito..convivncia.familiar,

    como.tambm.no.art..46

    . 4.O. estgio. de. convivncia. ser. acompanhado. pela. equipe. interprofissional. a.servio. da. Justia. da. Infncia. e. da. Juventude,. preferencialmente. com. apoio. dos.tcnicos.responsveis.pela.execuo.da.poltica.de.garantia.do.direito..convivncia.familiar,.que.apresentaro.relatrio.minucioso.acerca.da.convenincia.do.deferimento.da.medida.

  • 590 Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    Ainda.no.art..50.se.estabelece.que:

    .4.Sempre.que.possvel.e.recomendvel,.a.preparao.referida.no..3.deste.artigo.incluir.o.contato.com.crianas.e.adolescentes.em.acolhimento.familiar.ou.institucional.em.condies.de.serem.adotados,.a.ser.realizado.sob.a.orientao,.superviso.e.avaliao.da.equipe. tcnica.da.Justia.da. Infncia.e.da.Juventude,.com.apoio.dos.tcnicos. responsveis. pelo. programa.de. acolhimento. e. pela. execuo. da. poltica.municipal.de.garantia.do.direito..convivncia.familiar.

    Acolhimento institucional, acolhimento familiar e guarda subsidiada: medidas protetivas com especificidades prprias

    No.acolhimento.institucional,.a.regularizao.da.situao.legal.em.relao..criana.e.ao.adolescente.se.d.a.partir.do.art..92,.Pargrafo.nico: O.dirigente.de.entidade.de.abrigo..equiparado.ao.guardio,.para.todos.os.efeitos.de.direito.(no.h.necessidade.do.termo.de.guarda.e.responsabilidade,.a.responsabilidade.j.esta.implicita).

    O.acolhimento.familiar..contemplado.por.vrios.dispositivos,.mas.a.transferncia.da.responsabilidade.jurdica.sobre.a.criana.e.o.adolescente..feita.por.meio.do.Termo.de.Guarda.e.Responsabilidade,.previsto.no.art..33,..2:.Excepcionalmente,.deferirse.a.guarda,.fora.dos.casos.de.tutela.e.adoo,.para.atender.a.situaes.peculiares.ou.suprir.a.falta.eventual.dos.pais.ou.responsvel,.podendo.ser.deferido.o.direito.de.representao.para.a.prtica.de.atos.determinados.

    A.prtica.cotidiana.tem.mostrado.que.muitas.famlias.de.baixa.renda.tm.se.responsabilizado.pela.guarda.de.crianas.e.de.adolescentes.no.processo.de.reintegrao.familiar,.a.partir.de.iniciativas.do.acolhimento.institucional.e.do.acolhimento. familiar..H,. no. entanto,. necessidade. de.maior. ateno.no.desenvolvimento.dessas.prticas,.para.que.a. responsabilidade.do.Estado.no.seja,.uma.vez.mais,.transferida.para.as.famlias.pobres.

    Profissionais.dos.servios.que.atendem.crianas.e.adolescentes.em.situao.de.rua.relatam.existir.um.grande.nmero.deles.que,.antes.de.alcanarem.as.ruas,.j.residiram.com.outras.pessoas.(tios,.avs,.madrinhas,.entre.outras)..Este.fato.pode.indicar.que.um.programa.de.guarda subsidiada.poderia.ampliar.as.possibilidades.de.permanncia.desse. tipo.de. acolhida,. viabilizando.o. seu. carter. preventivo. e.garantindo.s.crianas/adolescentes.e.seus.familiares.o.direito.indiscutvel.de.proteo.do.Estado..Este.tipo.de.programa.ou.servio.poderia.tambm.se.responsabi

  • 591Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    lizar.por.um.trabalho.de.orientao.e.de.apoio.sociofamiliar,. to.necessrio.em.situaes.de.acmulo.de.responsabilidades.no.cuidado.de.crianas.e.adolescentes.

    Um.programa.ou.servio.de.guarda.subsidiada.poderia.tambm.atender.quelas.crianas.que,.tendo.seus.vnculos.rompidos.com.sua.famlia..de.origem.e.extensa.,.no.so.alcanadas.pelos.programas.de.adoo..A.guarda.subsidiada.poderia,.nesses.casos,.ser.uma.forma.de.garantirlhes.o.direito..convivncia.familiar.e.comunitria.

    Enfim,.a.grande.diferena.desses.servios.pode.ser.entendida.como:.as.famlias acolhedoras.acolhem.vrias.crianas.(sai.uma,.entra.outra,.como.resultado.de.uma.avaliao.institucional),.enquanto.a.guarda na prpria famlia.ou rede social significativa.acontece.com.o.acolhimento.de.uma.ou.mais.crianas.e.pressupe.vnculos.j.existentes.e,.na.maioria.das.vezes,.em.situaes.de.longa.permanncia.

    No.art..19.do.ECA..indicado.que:

    .3.A.manuteno.ou.reintegrao.de.criana.ou.adolescente..sua.famlia.ter.preferncia.em.relao.a.qualquer.outra.providncia,.caso.em.que.ser.esta.includa.em.programas.de.orientao.e.auxlio,.nos.termos.do.pargrafo.nico.do.art..23,.dos.incisos.I.e.IV.do.caput.do.art..101.e.dos.incisos.I.a.IV.do.caput.do.art..129.desta.Lei.

    No.art..34.do.ECA.encontrase.o.apoio.jurdico.necessrio.para.um.programa.dessa.natureza: O.poder.pblico.estimular,.por.meio.de.assistncia.jurdica,.incentivos.fiscais.e.subsdios,.o.acolhimento,.sob.a.forma.de.guarda,.de.criana.ou.adolescente.afastado.do.convvio.familiar. .em.resposta.a.esse.artigo.que.podero.ser.criados.programas.que.subsidiem.as.famlias.extensas.e.as.pessoas.significativas.de.crianas.e.adolescentes.

    O acolhimento familiar e sua implementao

    O.Servio.de.Acolhimento.em.Famlia.Acolhedora.pode.ser.implantado.tanto.em.cidades.de.grande,.mdio.e.pequeno.porte,.quanto.em.metrpoles,.coexistindo.com.instituies.de.acolhimento.institucional..Em.cidades.de.pequeno.porte,.pode.ser.implantada.como.a.nica.modalidade.de.acolhimento..As.experincias.diferem.de.uma.cidade.para.outra,.atendendo.s.necessidades.e.caractersticas.locais.e.regionais,.de.acordo.com.os.mecanismos.facilitadores.e/ou.dificultadores.existentes.

    O.Servio.de.Acolhimento.em.Famlia.Acolhedora..trabalhando.dentro.do.Sistema.de.Garantia.de.Direitos..deve.ser.operacionalizao.sob.a.responsabilidade.do.Poder.Executivo.na.interface.de.aes.com.o.Poder.Judicirio.

  • 592 Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    Servio de Acolhimento em Famlia Acolhedora: tradio ou inovao?

    Brasil.(2004),.no.artigo.intitulado.O.conceito.de.Acolhimento.Familiar.na.tica.de.diversos.atores.estratgicos,22.entre.outras.questes,.chama.a.ateno.para.o.fato.de.que,.ao.iniciar.sua.pesquisa,.ficou.surpresa.ao.notar.que.quase.todos.os.programas.de.acolhimento.familiar.estavam.sendo.apresentados.como.uma.prtica.recente.em.nossa.cultura,.uma.nova.alternativa.que.possibilitar.finalmente.fechar.todos.os.abrigos.

    Podese.afirmar.que.a.proposta.atual.do.Servio.de.Acolhimento.em.Famlia.Acolhedora,.apesar.de.encontrar.aes.similares.aos.programas.de.colocao.familiar.j.existentes.no.Brasil,.retrata.hoje.fortes.caractersticas.inovadoras23.e.o.fiel.compromisso.no.trabalho.intersetorial.com.a.famlia.de.origem,.no.sentido.do.retorno.da.criana.e.do.adolescente.ao.seu.meio.

    Essa.inovao.tambm.pode.ser.verificada.na.ampliao.do.conceito.de.famlia, to.bem.proposto.no.PNCFC..Quando.no.marco.conceitual.do.PNCFC.se.enfatiza.a.necessidade.de.uma.considerao.socioantropolgica.da.famlia.e.se.amplia.o.conceito.de.famlia.para.alm.do.proposto.na.Constituio.da.Repblica.Federativa.do.Brasil.e.no.ECA,.somente.alertando.para.a.necessidade.da.regulamentao.legal,.passa.a.indicar.e.reconhecer.a.to.almejada.considerao.das.redes.familiares..no.s.de.famlias.pobres,.mas.to.prprias.dessas.famlias.que.retratam.fronteiras.muito.ampliadas..no.trabalho.social.e.no.desenho.das.polticas.pblicas.a.elas.destinadas.

    Constatase.hoje,.por.meio.das.aes.cotidianas.de.muitos.servios.de.Acolhimento.em.Famlia.Acolhedora,.que.as.discusses.e.as.aes.assumem.o.lugar.de.entendimento.de.que.esses.servios.no.esto.com.a.pretenso.de.fechar.os.abrigos.e.nem.de.oferecer.discusses.que.desmeream.suas.aes,.at.mesmo.porque.o.ECA.j.prope.para.os.servios.de.abrigamento,24.h.mais.de.vinte.anos,.um.atendimento.diferenciado.dentro.de.uma.rede.de.proteo..O.que.deve.se.esperar..um.

    22..rica.Dantas.Brasil.apresenta.esse.artigo.no.livro.Acolhimento familiar: experincias e perspectivas,.organizado.por.Cludia.Cabral,.que..o.resultado.do.I.Colquio.Internacional.sobre.Acolhimento.Familiar,.realizado.pela.Associao.Brasileira.Terra.dos.Homens.no.Rio.de.Janeiro.em.2003.

    23..A.partir.da.promulgao.da.Constituio.Federal.(1988)..desencadeada.no.Brasil.uma.legislao.especfica.para.a.proteo.integral.da.infncia.e.da.adolescncia.e.a.criao.de.um.sistema.de.garantia.de.direitos,.que.passa.a.direcionar.a.criao.de.novos.programas.que.atendam.essa.proteo..

    24..Hoje.esses.programas.so.chamados.de.servios.de.acolhimento.para.crianas.e.adolescentes..So.entendidos.como.acolhimento familiar:.Servio.de.Acolhimento.em.Famlia.Acolhedora.e.como.acolhimento

  • 593Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    maior.empenho.no.reordenamento.de.aes,.no.sentido.de.que.as.ofertas.de.servios.sejam.compatveis.com.a.proposta.atual.de.acolhimento.institucional.

    Esses.servios.precisam.ser.criados.na.lgica.do.atendimento.s.necessidades.especficas.das.crianas.e.dos.adolescentes,.razo.pela.qual.a.indicao.da.poltica.(PNAS). e. do.ECA.propem. servios. diferenciados,. como. abrigos,. casas. lares,.casas.de.passagem.e.repblicas.e.ainda.que.o.trabalho.com.as.famlias.de.origem.seja.garantido,.objetivando.o.retorno.mais.breve.da.criana/adolescente.ao.seu.meio.

    So.casos.complexos.de.situaes.muitas.vezes.crnicas.de.pobreza.e.conflitos.familiares,.acrescidos.dos.problemas.vivenciados.pelas.prprias.entidades,.como.os.de.superlotao,.altorrotatividade.dos.abrigados,.falta.de.continuidade.no.atendimento,.e.perspectiva.de.ajuda.s.crianas.e.aos.adolescentes,.uma.vez.que.o.abrigamento.pouco.parece.ajudar.no.sentido.de.melhoria.da.vida.das.crianas.e.de.suas.famlias.[...]. .preciso. rever. esta.prtica,. estimulandose. a. elaborao.e. implementao.de.polticas.pblicas.que.deem.conta.de.apoiar.a.famlia.e.a.comunidade.na.manuteno.e.cuidado.de.seus.filhos..(Rizzini,.2004,.p..60)

    .ntida.a.necessidade.de.maior.investimento.na.Proteo.Social.Especial.de.Alta.Complexidade,.entendendo.que.a.partir.da.aprovao.da.Poltica.Nacional.de.Assistncia.Social.(PNAS,.2004).o.gestor.dessa.poltica..o.Estado.brasileiro,.que.na.composio.de.aes.intersetoriais.deve.garantir.com.absoluta.prioridade.a.vida.de.crianas.e.adolescentes.em.famlia.e.na.comunidade,.preferencialmente.com.a.sua.famlia.de.origem.

    Essa.proteo..para.garantir.a.responsabilidade.que.lhe.compete..necessita.obrigatoriamente.atuar.na.interseco.com.as.demais.protees.(bsica.e.especial.de.mdia.complexidade).dentro.da.poltica.(PNAS).e.desta.para.com.as.demais.polticas.que.compem.a.proteo.integral.de.crianas.e.adolescentes..Os.programas.de.acolhimento.institucional.e.familiar.necessitam,.ainda,.de.maior.investimento.em.formao.continuada.e.garantias.salariais.que.permitam.a.contratao.de.profissionais.com.maior.experincia.no.trabalho.com.famlia,.pois.isso.est.intimamente.ligado..necessidade.do.cumprimento.do.prazo.estabelecido.em.lei,.conforme.o.art..19

    .1.Toda.criana.ou.adolescente.que.estiver.inserido.em.programa.de.acolhimento.familiar. ou. institucional. ter. sua. situao. reavaliada,. no.mximo,. a. cada.6. (seis).

    institucional:.Servio.de.Acolhimento.Institucional,.compreendidos.como.casa.de.passagem,.abrigo,.casa.lar.e.repblica..

  • 594 Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    meses,.devendo.a.autoridade.judiciria.competente,.com.base.em.relatrio.elaborado.por.equipe.interprofissional.ou.multidisciplinar,.decidir.de.forma.fundamentada.pela.possibilidade.de.reintegrao.familiar.ou.colocao.em.famlia.substituta,.em.quaisquer.das.modalidades.previstas.no.art..28.desta.Lei.

    .2.A.permanncia.da.criana.e.do.adolescente.em.programa.de.acolhimento.institucional.no se prolongar por mais de 2 (dois) anos,.salvo.comprovada.necessidade.que.atenda.ao.seu.superior.interesse,.devidamente.fundamentada.pela.autoridade.judiciria.

    Tendo.a.clareza.de.que.se.est.vivendo.um.momento.mpar.no.Estado.brasileiro.na.ltima.dcada,.no.sentido.de.elucidar.a.situao.das.crianas.e.adolescentes.atendidas.nos.servios.de.acolhimento,.desde.a.pesquisa.realizada.pelo.Ipea,.j.citada.anteriormente,.bem.como.pelo.compromisso.no.desencadeamento.de.aes.para.o.enfrentamento.da.realidade.encontrada,.h.que.se.considerar.a.necessidade.da.continuidade.de.investimentos.em.poltica.nacional,.com.aportes.de.recursos.financeiros.em.mbito.nacional,.estadual.e.municipal..Com.isso,.esperase.que.a.cada.dia,.consigase.diminuir.a.distncia.entre.o.pas.legal.e.o.pas.real.e.ver.cumprido.no.cotidiano.o.que..determinado.na.Constituio.Cidad,.em.seu.art..226:.A.famlia,.base.da.sociedade,.tem.direito..especial.proteo.do.Estado.

    Sugestes para a implementao municipal do servio de acolhimento em famlia acolhedora

    Dever ser operacionalizado incluindo o conjunto das aes do Sistema de Garantia de Direitos: promoo, defesa e controle

    Promoo: Responsabilidade do Poder Executivo

    Iniciativa. da.Secretaria.Municipal. de.Assistncia.Social,. como.gestora. da.Poltica.Municipal. de.Assistncia.Social,. atendendo. a. implantao.da.proteo.social.especial.de.alta.complexidade.do.Sistema.nico.da.Assistncia.Social.(Suas)..Atender.aos.documentos.vinculados..poltica:.Norma.Operacional.Bsica..Suas.(MDS,.2010).Orientaes.Tcnicas:.Servios.de.Acolhimento.para.crianas.e.adolescentes,.Conanda/MDS.2009.e.Tipificao.Nacional.de.Servios.Socioassistenciais,.CNAS/MDS.2009.

    Incluir.a.previso.dessa.ao.com.metas.anuais.no.Plano.Plurianual.(PPA),.no.Plano.Municipal.de.Assistncia.Social,.no.Plano.Municipal.de.Promoo,.Proteo.e.Defesa.do.Direito.de.Crianas.e.Adolescentes..Convivncia.Familiar.e.

  • 595Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    Comunitria,.e.a.previso.oramentria.na.LOA..Lei.Oramentria.Anual.de.cada.ano,.sintonizada.com.a.LDO..Lei.de.Diretrizes.Oramentrias.e.o.PPA.

    Propor.ao.Poder.Legislativo.uma.lei.municipal.instituindo.o.Servio.de.Acolhimento. em.Famlia.Acolhedora,. garantindo.o. repasse.de. auxlio.financeiro. s.famlias.acolhedoras.

    Garantir. uma. equipe.mnima. para. a. execuo. do. programa,. prevista. nas.Orientaes.Tcnicas:.Servios.de.Acolhimento.para.Crianas.e.Adolescentes..MDS.e.demais.legislaes.e.normas.brasileiras.j.citadas.

    Capacitao.da.equipe.tcnica.que.ser.responsvel.pelo.servio,.conforme.citado.no.art..92.do.ECA,..3.

    Dever.atender.aos.dispositivos.do.ECA,.alterado.pela.Lei.n..12.010/09.e.planejar.a.composio.oramentria.na.corresponsabilidade.com.a.educao.e.a.sade,.atendendo.o..2.do.art..90.do.ECA.

    Defesa: Vara da Infncia e da Juventude, Ministrio Pblico, Defensoria Pblica e Conselho Tutelar

    Devero.estar.includos.desde.o.incio.das.discusses.para.a.implementao.do.programa,.representantes.da.Vara.da.Infncia.e.da.Juventude,.Ministrio.Pblico,.Defensoria.Pblica.e.Conselho.Tutelar..Poder.ser.composto.um.grupo.gestor.para.construir.e.avaliar.as.etapas.de.implementao.

    Alm.das.obrigaes.pertinentes..medida,.devem.se.responsabilizar.dentro.das.especificidades.pela.emisso.do.Termo.de.Guarda.e.Responsabilidade..Famlia.Acolhedora,.pela.manuteno.de.uma.relao.estreita.com.os.servios.de.acolhimento,.verificando.o.desenrolar.do.plano.individual.de.atendimento,.exigir.a.peridiocidade.no.envio.dos.relatrios.de.acompanhamento.e.demais.atribuies.propostas.pelas.legislaes.brasileiras..Devese.estar.atento.aos.artigos.88.e.92.do.ECA:

    Artigo.88

    VI..integrao.operacional.de.rgos.do.Judicirio,.Ministrio.Pblico,.Defensoria,.Conselho.Tutelar.e.encarregados.da.execuo.das.polticas.sociais.bsicas.e.de.assistncia.social,.para.efeito.de.agilizao.do.atendimento.de.crianas.e.de.adolescentes.inseridos.em.programas.de.acolhimento.familiar.ou.institucional,.com.vista.na.sua.rpida.reintegrao..famlia.de.origem.ou,.se.tal.soluo.se.mostrar.comprovadamente.invivel,.sua.colocao.em.famlia.substituta,.em.quaisquer.das.modalidades.previstas.no.art..28.desta.Lei;

    Artigo.92

    .3.Os.entes.federados,.por.intermdio.dos.Poderes.Executivo.e.Judicirio,.promovero.conjuntamente.a.permanente.qualificao.dos.profissionais.que.atuam.direta.ou.

  • 596 Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    indiretamente.em.programas.de.acolhimento.institucional.e.destinados..colocao.familiar.de.crianas.e.adolescentes,.incluindo.membros.do.Poder.Judicirio,.Ministrio.Pblico.e.Conselho.Tutelar.

    Controle: Conselhos Setoriais e de Polticas (principalmente CMDCA e CMAS)

    O.Conselho.Municipal.dos.Direitos.da.Criana.e.do.Adolescente,.alm.de.atender.os.dispositivos.prprios.do.ECA,.principalmente.no.registro.das.entidades.executoras.e.da.inscrio.de.seus.programas,.dever.atentar.para.o.art..260.do.ECA:

    .1.Na.definio.das.prioridades.a.serem.atendidas.com.os.recursos.captados.pelos.Fundos.Nacional,.Estaduais.e.Municipais.dos.Direitos.da.Criana.e.do.Adolescente,.sero.consideradas.as.disposies.do.Plano.Nacional25.de.Promoo,.Proteo.e.Defesa.dos.Direitos.de.Crianas.e.Adolescentes..Convivncia.Familiar,.bem.como.as.regras.e.princpios.relativos..garantia.do.direito..convivncia.familiar.previstos.nesta.Lei.

    .5.A.destinao.de.recursos.provenientes.dos.fundos.mencionados.neste.artigo.no.desobriga.os.Entes.Federados..previso,.no.oramento.dos.respectivos.rgos.encarregados.da.execuo.das.polticas.pblicas.de.assistncia.social,.educao.e.sade,.dos.recursos.necessrios..implementao.das.aes,.servios.e.programas.de.atendimento. a. crianas,. adolescentes. e. famlias,. em. respeito. ao.princpio. da. prioridade.absoluta.estabelecido.pelo.caput.do.art..227.da.Constituio.Federal.e.pelo.caput.e.pargrafo.nico.do.art..4.desta.Lei..(NR)

    Recebido em 7/2/2012 Aprovado em 6/6/2012

    Referncias bibliogrficas

    AREND,.Silvia..Filhos de criao:.numa.histria.dos.menores.abandonados.no.Brasil.(dcada.de.1930)..Tese.(Doutorado.em.Histria)..Universidade.Federal.do.Rio.Grande.do.Sul,.Porto.Alegre,.2005.

    AUSLOOS..G..As competncias das famlias:.tempo,.caos,.processo..Lisboa:.Climespi.editores,.1996.

    BAPTISTA,.M..V..Texto em aula:.algumas.aproximaes.sobre.a.emergncia.do.cotidiano.como.objeto.de.reflexo..So.Paulo:.PUCSP,.2006.

    25..A.elaborao.do.Plano.municipal.de.promoo,.proteo.e.defesa.do.direito.de.crianas.e.adolescentes..convivncia.familiar.e.comunitria.dever.ser.realizada.conforme.Resoluo.Conjunta.CNAS/Conanda.n..001,.de.9.de.junho.de.2010.

  • 597Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    BARBETTI,.M..H..Sapeca:.famlias.substitutas.para.atender.crianas.e.adolescentes.vtimas.de.violncia.domstica..So.Paulo:.LacriUSP,.2000.

    BITTENCOURT,.Isabel..F..Relato.da.experincia..acolhimento.familiar..In:.CABRAL,..Cludia.(Org.)..Acolhimento familiar:.experincias.e.perspectivas..Rio.de.Janeiro:.BookLink,.2004.

    RICA.D..O.conceito.de.acolhimento.familiar.na.tica.de.diversos.atores.estratgicos..In:.CABRAL,.Cludia. (Org.)..Acolhimento familiar:. experincias. e. perspectivas..Rio. de. Janeiro:.BookLink,.2004.

    BRASIL..Estatuto.da.Criana.e.do.Adolescente..Lei.n..8.069,.de.13.de.julho.de.1990.

    ______..Constituio da Repblica Federativa do Brasil..17..ed..So.Paulo:.Saraiva.1997.

    ______..Ministrio.do.Desenvolvimento.Social.e.Combate..Fome..Poltica nacional de assistncia social..Braslia,.2004.

    ______..Presidncia. da.Repblica,.Secretaria.Especial. dos.Direitos.Humanos,.Ministrio. do.Desenvolvimento.Social.e.Combate..Fome..Plano nacional de promoo, proteo e defesa do direito de crianas e adolescentes convivncia familiar e comunitria..Braslia,.2006.

    ______..Orientaes tcnicas:.servios.de.acolhimento.para.crianas.e.adolescentes,.Braslia:.CNAS,.Conanda,.2009a.

    ______..Tipificao.nacional.de.servios.socioassistenciais..Resoluo.n..109,.de.11.de.novembro.de.2009..Braslia:.MDS/CNAS,.2009b.

    CABRAL.Cludia..Perspectivas.do.acolhimento.familiar.no.Brasil..In:______.(Org.)..Acolhimento familiar:.experincias.e.perspectivas..Rio.de.Janeiro:.BookLink,.2004.

    COSTA,.Nina.Rosa.R..A..Famlia acolhedora:.uma.anlise.de.experincias.no.estado.de.So.Paulo..So.Paulo:.USP,.2009..(Relatrio.e.cientfico.de.psdoutorado.no.publicado.)

    DI.GIOVANNI,.G..Poltica Nacional de Assistncia Social..Braslia:.MDS,.2003.

    FVERO,.E..T..Servio Social, prticas judicirias, poder:. implantao.e. implementao.do.servio.social.no.Juizado.da.Infncia.e.da.Juventude.de.So.Paulo..So.Paulo:.Veras.Editora,.1999.

    ______..Rompimento dos vnculos do ptrio poder:.condicionantes.socioeconmicos.e.familiares..So.Paulo:.Veras.Editora,.2001.

    FONSECA,.C..Caminhos da adoo..So.Paulo:.Cortez,.1995.

    ______..Me..uma.s?.Reflexes.em.torno.de.alguns.casos.brasileiros..Revista de Psicologia USP,.So.Paulo,.2002.

    ______..Fabricando.famlias:.polticas.pblicas.para.o.acolhimento.de.jovens.em.situao.de.risco..In:.CABRAL,.Cludia.(Org.)..Acolhimento familiar:.experincias.e.perspectivas..Rio.de.Janeiro:.BookLink,.2004.

    ______..Conexes.intergeracionais.em.famlias.acolhedoras:.consideraes.sobre.tempo.e.abrigagem. Praia Vermelha,.Rio.de.Janeiro,.n..13,.p..154173,.2006.

  • 598 Serv. Soc. Soc., So Paulo, n. 111, p. 576-598, jul./set. 2012

    GRUPO.DE.TRABALHO.NACIONAL.PRCONVIVNCIA.FAMILIAR.E.COMUNITRIA..Fazendo valer um direito..Braslia:.Unicef/ABTH,.2006.

    GOFFMAN,.E..Estigma, notas sobre a manipulao da identidade deteriorada..4..ed..Rio.de.Janeiro:.Guanabara,.1998.

    HELLER,.Agnes..O cotidiano e a histria..Rio.de.Janeiro:.Paz.e.Terra,.2004.

    MARCLIO,.M..L..Histria social da criana abandonada..So.Paulo:.Hucitec,.1998.e.2006.

    PROJETO.DE.DIRETRIZES.das.Naes.Unidas. sobre. emprego. e. condies. adequadas. de.cuidados.alternativos.com.crianas,.apresentado.pelo.Brasil.ao.Comit.dos.direitos.da.criana.da.ONU.em.Braslia,.31/5/2007.

    RIZZINI,.Irene..A.internao.de.crianas.em.estabelecimentos.de.menores:.alternativa.ou.incentivo.ao.abandono?.USU Cadernos de Cultura,.Rio.de.Janeiro,.n..11,.1985.

    ______.(Org.)..Acolhendo crianas e adolescentes..So.Paulo/Braslia/Rio.de.Janeiro:.Cortez/Unicef/PUCRJ,.2006.

    RIZZINI,.Irma..Assistncia infncia no Brasil:.uma.anlise.de.sua.construo..Rio.de.Janeiro:.Edusu,.1993.

    ______..A institucionalizao de crianas no Brasil:.percurso.histrico.e.desafios.do.presente..Rio.de.Janeiro/So.Paulo:.PUCRJ/Loyola,.2004.

    SILVA,.Enid.R..A..O direito convivncia familiar e adolescente no Brasil..Braslia:.Ipea/Conanda,.2004.

    URIARTE,.Pilar..Substituindo famlias:.continuidades.e.rupturas.na.prtica.de.acolhimento.familiar. intermediada.pelo. estado. em.Porto.Alegre..Dissertao. (Mestrado)..UFRGS,.Porto.Alegre,.2005.

    VALENTE,.Janete.A..G..A.experincia.do.Sapeca..In:.CABRAL,.Cludia.(Org.)..Acolhimento familiar:.experincias.e.perspectivas..Rio.de.Janeiro:.BookLink,.2004.

    ______..Famlias.acolhedoras..uma.alternativa.ao.abrigamento..In:.CECIF..Dialogando com os abrigos..So.Paulo:.CeCIF,.2004.

    ______..Uma.reflexo.sobre.o.acolhimento.familiar.no.Brasil..Servio Social & Sociedade,.So.Paulo,.n..92,.2007.

    ______..O acolhimento familiar como garantia do direito convivncia familiar e comunitria..Dissertao.(Mestrado)..PUCSo.Paulo,.2008.

    ______.et.al..Acolhimento Familiar da proteo alternativa poltica pblica:.a.experincia.do.programa.Sapeca..Holambra:.Ed..Setembro,.2009.