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1 A REALIDADE DO VOLEIBOL DAS ESCOLAS DE LUCAS DO RIO VERDE PARA O 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 1 Rodrigo Alexandre dos Santos 2 Moacir Juliani ³Washington Luís dos Santos RESUMO O voleibol no Brasil vem ganhando popularidade e seu espaço na mídia tem aumentado o que acaba influenciando nas aulas de Educação Física escolar, pois os estudantes passam a interessar-se pela modalidade. Desse modo o objetivo geral desse estudo foi o de analisar se as aulas de Educação Física Escolar do 9º Ano do Ensino Fundamental de Lucas do Rio Verde têm desenvolvido todas as possibilidades de aprendizagem que o voleibol pode proporcionar aos estudantes nesta faixa etária. Especificamente buscou-se: Identificar o conhecimento que os professores possuem sobre a modalidade voleibol; Entender como o voleibol tem sido trabalhado nas aulas de educação física na percepção dos alunos e Identificar qual a percepção dos alunos e professores sobre as contribuições que o voleibol pode trazer para os alunos que praticam a modalidade nas aulas de educação física escolar. Para tanto, o estudo foi através do método de abordagem dedutivo e descritiva por se tratar de pesquisa qualitativa. Participaram do estudo 3 professores e 79 alunos de três escolas, uma escola de cada rede de ensino, privada, estadual e municipal, através de questionário, o método adotado foi o estudo de caso por se tratar de um procedimento específico. Os principais resultados indicam a ausência das aulas de voleibol nas aulas de Educação Física Escolar, devido fatores como a falta de motivação dos professores, o sistema apostilado das escolas, as atitudes dos alunos durante as aulas e a pouca estrutura material de algumas escolas para a modalidade, sendo possível enxergar certa contradição devido à motivação ainda existente por parte dos alunos para a prática. Palavras-chave: Voleibol. Educação Física Escolar. Professores. Alunos. ABSTRACT 1 Autor do artigo: Acadêmico do 6º semestre do Curso de Licenciatura em Educação Física da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde- MT. Email: [email protected] 2 Professor Orientador, Mestre em Educação nas Ciências. Email: [email protected] ³ Coautor do artigo: Acadêmico do 5° semestre do Curso de Licenciatura em Educação Física da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT. Email: [email protected]

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A REALIDADE DO VOLEIBOL DAS ESCOLAS DE LUCAS DO RIO VERDE PARA

O 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

1Rodrigo Alexandre dos Santos

2Moacir Juliani

³Washington Luís dos Santos

RESUMO O voleibol no Brasil vem ganhando popularidade e seu espaço na mídia tem aumentado o que acaba influenciando nas aulas de Educação Física escolar, pois os estudantes passam a interessar-se pela modalidade. Desse modo o objetivo geral desse estudo foi o de analisar se as aulas de Educação Física Escolar do 9º Ano do Ensino Fundamental de Lucas do Rio Verde têm desenvolvido todas as possibilidades de aprendizagem que o voleibol pode proporcionar aos estudantes nesta faixa etária. Especificamente buscou-se: Identificar o conhecimento que os professores possuem sobre a modalidade voleibol; Entender como o voleibol tem sido trabalhado nas aulas de educação física na percepção dos alunos e Identificar qual a percepção dos alunos e professores sobre as contribuições que o voleibol pode trazer para os alunos que praticam a modalidade nas aulas de educação física escolar. Para tanto, o estudo foi através do método de abordagem dedutivo e descritiva por se tratar de pesquisa qualitativa. Participaram do estudo 3 professores e 79 alunos de três escolas, uma escola de cada rede de ensino, privada, estadual e municipal, através de questionário, o método adotado foi o estudo de caso por se tratar de um procedimento específico. Os principais resultados indicam a ausência das aulas de voleibol nas aulas de Educação Física Escolar, devido fatores como a falta de motivação dos professores, o sistema apostilado das escolas, as atitudes dos alunos durante as aulas e a pouca estrutura material de algumas escolas para a modalidade, sendo possível enxergar certa contradição devido à motivação ainda existente por parte dos alunos para a prática.

Palavras-chave: Voleibol. Educação Física Escolar. Professores. Alunos.

ABSTRACT

1 Autor do artigo: Acadêmico do 6º semestre do Curso de Licenciatura em Educação Física da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde- MT. Email: [email protected] 2 Professor Orientador, Mestre em Educação nas Ciências. Email: [email protected] ³ Coautor do artigo: Acadêmico do 5° semestre do Curso de Licenciatura em Educação Física da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT. Email: [email protected]

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Volleyball in Brazil has been gaining popularity and its media space has increased which influences in the classes of Physical Education, for students spend the interest in the sport. Thus the general objective of this study was to examine whether the physical education classes the 9th Elementary School Year Lucas do Rio Verde have developed all learning possibilities volleyball can provide students in this age group. Specifically sought to: Identify the knowledge that teachers have on the volleyball modality; Understanding how volleyball has been working in physical education classes in students' perception and identify the perception of students and teachers about the contributions that volleyball can bring to students who practice the sport in physical education classes. Therefore, the study was by the method of deductive and descriptive approach because it is qualitative research. The study included three teachers and 79 students from three schools, a school of each school system, private, state and municipal, through a questionnaire, the method used was the case study because it is a specific procedure. The main results indicate the absence of volleyball classes in physical education classes, because factors such as lack of motivation of teachers, the apostilled system of schools, the attitudes of students in class and the little material structure of some schools to mode, and you can see a contradiction due to the still existing motivation for the students to practice.

Keywords: Volleyball. School Physical Education. Teachers. Students.

1 INTRODUÇÃO

A Educação Física Escolar atual está focada na cultura corporal do

movimento e na construção dos conhecimentos específicos da área relacionados

com a cultura, envolvendo as danças, as ginásticas, as lutas, a capoeira, os jogos,

os desportos a expressão corporal e ritmos e os conhecimentos sobre o corpo

(PCNs); no entanto muitas pessoas da comunidade escolar ainda confundem sua

verdadeira finalidade. O mesmo acontece entre os professores que ainda não

construíram entendimento acerca dos objetivos a serem alcançados em uma aula de

educação física.

O professor de Educação Física Escolar possui diversas ferramentas

valiosas para provocar estímulos que levem ao desenvolvimento integral de seu

aluno, como a brincadeira, a dança, a luta, o jogo, o desporto e entre outras

atividades que auxiliam na construção dos conhecimentos de corpo e movimento.

Através da observação direta dos contextos das aulas de Educação Física

Escolar constata-se a predominância do desporto como o grande fio condutor das

aulas. O desporto é realmente de grande valor no processo pedagógico a ser

trabalhado na escola, desenvolvendo aspectos muito importantes para a formação

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integral do aluno como o aumento da autoestima, confiança, respeito mútuo,

comunicação, criatividade, alegria e entusiasmo, além das habilidades físicas, porém

como os professores de Educação Física Escolar têm desenvolvido o desporto nas

escolas? Será que têm atingido todos os objetivos de aprendizagem necessários ao

desenvolvimento da criança e do adolescente? Kunz (2010, p. 86) enfatiza que “a

aprendizagem se reduz ao desenvolvimento de capacidades motoras, respeitando-

se as dimensões afetivas, cognitivas, sociais e motoras”, desse modo é interessante

perceber que não basta apenas aprender a jogar bem, mas é preciso adquirir outras

habilidades que também são de grande importância para a formação do indivíduo.

De acordo com a Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998, o desporto é

reconhecido em três tipos de manifestações: o desporto educacional, participativo e

o de rendimento (BRASIL, 1998), eles se diferem muito pela forma de trabalhar cada

um e pelos seus objetivos, sendo assim uma mesma modalidade pode ser

trabalhada com fins para a educação na escola, para participação em uma praça e

com vistas para o rendimento num ginásio poliesportivo. O voleibol é um exemplo

bastante interessante de desporto no processo pedagógico, pois trabalham várias

capacidades do aluno. Campos (2006, p.39) assinala que:

O voleibol é um esporte fundamental para o desenvolvimento do aluno, e a ele proporciona uma gama de movimentos a serem explorados. É um ótimo esporte para a integração social dos alunos, porque na prática desse esporte há a possibilidade da participação simultânea de meninos e meninas, sem que a estrutura do jogo tenha que ser alterada.

O voleibol no Brasil vem ganhando popularidade e seu espaço na mídia tem

aumentado o que acaba influenciando nas aulas de Educação Física Escolar, pois

os estudantes aumentam o interesse pela modalidade. Assim, surgiu o interesse em

saber: As aulas de Educação Física Escolar do 9º Ano do Ensino Fundamental de

Lucas do Rio Verde têm desenvolvido todas as possibilidades de aprendizagem que

o voleibol pode proporcionar aos estudantes nesta faixa etária? Para tal se faz

necessário abordar o conhecimento que os professores possuem sobre a

modalidade voleibol, entender como o voleibol tem sido trabalhado nas aulas de

educação física na percepção dos alunos e identificar qual a percepção dos alunos e

professores sobre as contribuições que o voleibol pode trazer para os alunos nas

aulas de Educação Física Escolar.

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A pesquisa justificou-se por estar há mais de 10 anos praticando o voleibol,

dessa forma sentiu-se a necessidade e a curiosidade sobre esse questionamento,

de como está a realidade das aulas de voleibol aqui em Lucas do Rio Verde, para o

9º ano do ensino fundamental, por ser uma faixa etária onde o aluno já apresenta

condições físicas, emocionais e sociais para o desenvolvimento na modalidade.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Educação Física Escolar

O principal instrumento da Educação Física escolar é o movimento, por ser o

denominador comum de diversos campos sensoriais. Betti (2009, p.24) cita que:

“Medina vê a possibilidade de entender a educação física ao mesmo tempo como

“educação do movimento” e “educação pelo movimento””, isso mostra a importância

que o movimento tem para a educação física, porem seu aprendizado não está

ligado somente ao movimento.

No caso específico da educação física escolar, ela desenvolve de forma

ampla as habilidades de cada indivíduo como ser humano, não somente

características físicas, como muitos pensam. Segundo Barbosa (2001, p.17):

[...] existem representações sociais acerca da Educação Física Escolar, que a identificam como uma disciplina responsável apenas pela prática de treinamento desportivo e pela prática recreativa e/ou de lazer, sem qualquer preocupação em relacionar-se com a realidade social mais ampla, da qual a própria escola faz parte.

Porém não bastam simplesmente atividades em cima de atividades, é preciso

traçar objetivos, planejar, e sempre buscar a melhor forma de trabalhar com cada

faixa etária, ou melhor, com cada turma, e diria até com cada aluno. Pois de modo

contrário não há educação física, como Medina (apud BETTI, 2009, p.25) afirma que

a “simples prática dessas atividades não caracteriza a existência da Educação

Física”.

Vale lembrar que a educação física escolar acima de tudo ainda se

caracteriza como uma “educação”, que visa não somente a aprendizagem de um

movimento, mas a construção de um cidadão, Oliveira (apud BETTI, 2009, p.25)

relata esse real sentido de educação, quando afirma que “Educação Física é

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Educação, na medida em que reconhece o homem como o arquiteto de si mesmo e

da construção de uma sociedade melhor e mais humana”, dessa forma a educação

física é duma responsabilidade grande diante a formação de uma sociedade com

melhores valores e princípios.

Betti (2009, p. 58) definiu a Educação Física Escolar da seguinte forma:

[...] como uma disciplina cuja finalidade é introduzir e integrar o aluno na cultura corporal de movimento, formando cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir do jogo, do esporte, da dança e das ginásticas em benefícios de sua qualidade de vida.

A partir destas concepções a Educação Física Escolar é mais que uma mera

disciplina que visa o aperfeiçoamento físico do estudante, mas sim na construção de

cidadão críticos e criativos para produção, reprodução e transformação do meio

envolvido através do dinamismo criado pela cultura corporal de movimento.

2.2 Educação Física Escolar e o Desporto

O desporto é um dos grandes instrumentos de trabalho para a Educação

Física Escolar, através dele podem-se alcançar inúmeros objetivos com as crianças

e os jovens, não só a parte física do aluno, como também a parte psíquica e social

são trabalhadas dentro do desporto. Kunz (2010, p. 19) relata sobre o que deve ser

desenvolvido através do esporte, quando afirma que o “Importante é desenvolver

uma capacidade de agir pelo esporte e, para tanto, os próprios alunos precisam

aprender a compreender melhor o sentido que o esporte tradicional tem e que

poderá ter para o seu mundo”, com isso não basta apenas saber realizar um belo

saque no voleibol se o aluno não trouxer seu aprendizado para o seu cotidiano.

Algo que é bastante importante enfatizar neste contexto é o questionamento

sobre: o que a criança desenvolve ou aprende sendo submetida ao aprendizado de

determinado desporto? A Educação Física Escolar não tem como objetivo principal e

nem o professor pode se satisfazer, por exemplo, pela execução correta de saque

por cima de seu aluno numa aula de voleibol. Conforme Kunz (2010, p.21) “[...] deve

ir além da simples “prática” de atividades apresentadas nos exemplos e que os

alunos precisam aprender”.

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É importante entender quais foram às mudanças internas que possibilitaram a

execução desse saque por cima, pois o importante é oportunizar o desenvolvimento

de capacidades gerais do esporte através das habilidades específicas, como:

antecipação, atenção, percepção, organização do movimento, detecção e correção

do erro, que serão úteis para a criança em outros desportos e atividades.

2.2.1 O Desporto Educação

O desporto educacional é característico da escola, pois é nela que ele deve

ser trabalhado, por ter como o objetivo primário a educação e a formação do cidadão

acima de tudo, ou seja, é o esporte voltado a fins educativos e lúdicos, deixando

sempre a ênfase no processo de aprendizagem do aluno de forma ampla, sempre

evidenciando também a participação do todo nas aulas, com regras e formatos de

aula com cada modalidade adaptada aos alunos e pelos alunos.

De acordo com a lei nº 9.615, de 24 de março de 1998, o desporto é

reconhecido em três tipos de manifestações, sendo a primeira delas o desporto

educacional:

I – desporto educacional, praticado nos sistemas de ensino e em formas assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação para o exercício da cidadania e a prática do lazer (BRASIL, 1998).

Barbanti (2005, p.3) afirma que “deve-se possibilitar que as crianças

experimentem diversos tipos de esporte, para que elas façam a sua escolha”. Sendo

assim é importante dar a oportunidade da criança experimentar e vivenciar várias

modalidades, para que no futuro ela possa escolher por alguma modalidade para se

especializar ou apenas praticar como lazer.

2.2.2 O Desporto Participação

Esse tipo de desporto tem por características principais a realização de

atividades físicas sem pretensão e o objetivo da competição ou a de superar índices

individuais para apenas sentir-se integrado ao meio ambiente.

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De acordo com a lei nº 9.615, de 24 de março de 1998, o desporto é

reconhecido em três tipos de manifestações, sendo a segunda delas o desporto

participação: “II - desporto de participação, de modo voluntário, compreendendo as

modalidades desportivas praticadas com a finalidade de contribuir para a integração

dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde e educação e na

preservação do meio ambiente” (BRASIL, 1998).

Freire (1994, p.152) afirma que “Vencer a qualquer custo é o lema que orienta

a competição, nas relações sociais e nos jogos desportivos”, porém neste tipo de

desporto pode-se dizer que esse lema fica muito distante, pois é ser atraído para a

prática de um esporte despojado de comparações atléticas; sentir-se satisfeito pela

convivência com as pessoas; perceber a facilidade de acesso à prática das

atividades físicas e esportivas oferecidas por uma estrutura de funcionamento

organizada com segurança para a integridade pessoal de todos; tornar possível a

realização do convívio social e seu aproveitamento, decorrente do esporte; favorecer

uma prática esportiva que elimine diferenças no sentido de democratizar o bem

estar: esses são alguns dos preceitos que nascem da prática do desporto

participação.

2.2.3 O Desporto Rendimento

O esporte de rendimento tem por características principais a busca pela

vitória e o melhor resultado; a formação de atletas; as regras são padronizadas

ditadas pelas federações de cada modalidade; ocorre a exclusão de muitas pessoas,

pois apenas os melhores jogam e este tipo de desporto está submetido aos

interesses econômicos da indústria esportiva dos clubes e da mídia.

De acordo com a lei nº 9.615, de 24 de março de 1998, o desporto é

reconhecido em três tipos de manifestações, sendo a terceira delas o desporto

rendimento: “III - desporto de rendimento, praticado segundo normas gerais desta

Lei e regras de prática desportiva, nacionais e internacionais, com a finalidade de

obter resultados e integrar pessoas e comunidades do país e estas com as de outras

nações” (BRASIL, 1998).

Paes (1997, p.88) afirma que tanto o jogo como a competição podem estar

presentes no processo formativo de uma criança nas aulas de educação física,

“desde que aplicadas no momento adequado e por profissionais competentes,

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respeitando acima de tudo a criança e sua individualidade. O jogo e a competição

são elementos do esporte que, por sua vez, é conteúdo da Educação Física”. Para

muitos esse tipo de esporte tem cada vez mais perdido seu valor educacional, mas

talvez seja o modo que ele está sendo trabalhado para os alunos.

2.3 O voleibol enquanto desporto e conteúdo da Educação Física Escolar

O desporto sem dúvida tem cada vez mais crescido e se tornado um grande

espetáculo em todo o mundo, além da sua grande importância para as pessoas.

Becker (2000, p.44) afirma que “o esporte permeia tudo e está presente em todos os

momentos do cotidiano das pessoas”. No Brasil então nem se fala, o esporte em si é

uma verdadeira paixão da grande maioria, ainda mais se mencionar o futebol.

Porém, nos últimos anos, um esporte tem ganhado grandes proporções de interesse

da população. Muito disso graças aos excelentes resultados que o voleibol brasileiro

obteve nas três últimas décadas e a grande organização da Confederação Brasileira

de Vôlei. Campos (2006, p.22) relata sobre isso:

Naquela época, no início da década de 80 os organizadores do voleibol no Brasil preocuparam-se em tornar o voleibol um fenômeno social esportivo, para tanto, foi necessária a montagem de uma estrutura na Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), bem como um trabalho intenso de marketing. O resultado foi expressivo em conquistas de medalhas e adeptos até o momento atual [...].

O voleibol também é uma modalidade recheada de história e características

de grande importância para serem ensinadas nas escolas, não somente aquele

típico bate bola entre os alunos, nada contra o bate bola lúdico que é muito realizado

em aulas de voleibol, mas há muito mais a se aprender do que apenas isso. A parte

histórica de um esporte e suas evoluções tanto como seus fundamentos são

essenciais para o melhor aprendizado do aluno dentro das aulas de educação física

em relação a qualquer modalidade, não somente o voleibol. Nos PCN’s (1998, p.70)

quando se cita sobre o bloco dos esportes, jogos, lutas e ginásticas, também é

mencionado à inclusão das “informações históricas sobre as origens e

características dos esportes, jogos, lutas e ginásticas, e a valorização e apreciação

dessas práticas” dentro das aulas de educação física, neste caso o voleibol está

inserido.

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2.3.1 A iniciação esportiva do voleibol na Educação Física Escolar adequada para

cada faixa etária

Na iniciação esportiva em qualquer modalidade é de suma importância levar

em consideração quais foram às motivações para que ela busque praticar tal

desporto, e no voleibol não é diferente, é preciso descobrir qual a motivação que os

alunos têm em praticar o voleibol, Smooll (apud BECKER, 2000, p.18) relata que:

“Várias pesquisas que ouviram as crianças sobre seus motivos para envolver-se nos

programas esportivos, apontaram os seguintes objetivos: Ter alegria; aperfeiçoar

suas habilidades e aprender novas; estar com amigos e conseguir novas amizades;

sentir emoções; adquirir forma física”.

É evidente a necessidade de uma organização da didática do ensino do

voleibol para que o professor possa exercer bem o seu papel. Quanto a essa

organização didática, Campos (2006) apoiou-se na conceituação do estudo do

Coletivo de Autores e elegeram ciclos, o que dá uma grande diretiva para aqueles

professores que querem melhorar suas aulas de voleibol no contexto escolar.

No terceiro ciclo, que vai da 7ª série ao 9º ano do ensino fundamental,

Campos (2006, p.42) já direciona para o aumento desta sistematização do

conhecimento devido à “bagagem” que o aluno chega nesta fase, “É o “ciclo de

ampliação da sistematização de conhecimento”. O aluno possui elementos

suficientes para pensar de forma autônoma sobre o vôlei e para pôr em prática os

elementos que compõem o jogo de voleibol de uma forma mais efetiva”. Deste modo

fica claro que o esse aprofundamento não é só dentro de quadra, mas envolvendo

todo o meio em que está inserido.

3 METODOLOGIA

Este projeto de investigação se insere no campo das ciências sociais. Deste

modo pode-se caracterizar a pesquisa como qualitativa descritiva, pois teve como

objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou

fenômeno ou então o estabelecimento de relação entre variáveis. São habitualmente

utilizadas por pesquisadores preocupados com a atuação prática. Neste caso ela

descreveu a realidade do ensino do voleibol escolar do 9º ano no Município de

Lucas do Rio Verde – MT, o que caracteriza o estudo de caso.

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Nesta pesquisa foi utilizado o método dedutivo que faz relações entre os

resultados encontrados e a teoria estudada. Quanto aos procedimentos está

classificada como pesquisa de campo e quanto à natureza em pesquisa aplicada.

Os sujeitos de pesquisa deste estudo foram três professores de Educação

Física Escolar e setenta e nove estudantes do 9º ano do ensino fundamental das

escolas de Lucas do Rio Verde-MT, escolhidos os professores de forma intencional

e os estudantes de forma aleatória.

Como instrumento de pesquisa foi utilizado questionário misto composto de

perguntas abertas e fechadas que foram respondidas de forma escrita pelos

professores de educação física escolar do 9º ano e estudantes do mesmo ano sem a

presença do pesquisador.

Através das questões do questionário foram coletadas as informações

necessárias para a análise que possibilitou descrever a realidade do ensino do

voleibol para o 9º ano no município de Lucas do Rio Verde – MT.

As respostas das questões de pesquisa dos professores e estudantes do 9º

ano foram apresentadas através de quadros.

A partir das respostas sistematizadas nos quadros foram realizadas as

interpretações das mesmas e tecidas considerações de análise estabelecendo

conexão com as teorizações dos autores enunciados neste estudo.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Com o objetivo de analisar se as aulas de Educação Física Escolar do 9º ano

de Lucas do Rio Verde têm desenvolvido todas as possibilidades de aprendizagem

que o voleibol pode proporcionar aos estudantes nesta faixa etária, realizou-se a

pesquisa em três escolas da cidade de Lucas do Rio Verde-MT para os professores

de Educação Física Escolar e os estudantes do 9º Ano do Ensino Fundamental,

possibilitando obter as informações necessárias sobre essa realidade.

Das três escolas participantes, buscou-se a diferenciação da rede de ensino,

sendo assim, uma escola da rede privada e as outras da rede pública, sendo uma da

rede municipal e a outra da rede estadual de ensino. Para preservar a identidade

dos professores e alunos será usada a identificação de P1 [...] P3, bem como os

alunos serão identificados de A1 [...] A79.

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4.1 O Conhecimento do Professor de Educação Física Escolar Sobre a Modalidade

Voleibol

Aqui abordou-se questões voltadas mais especificamente de como tem sido

trabalhado o voleibol nas aulas de educação física escolar na percepção dos

professores de Educação Física Escolar do 9º ano do ensino fundamental. Deste

modo, questionou-se aos professores se eles estão motivados para ministrarem as

aulas de voleibol na Educação Física Escolar. As respostas encontradas estão

presentes no quadro 1:

QUADRO 1 – Respostas referente ao questionamento se os professores se sentem motivados a ministrarem as aulas de voleibol na Educação Física Escolar

Resposta

P1 Sim

P2 e P3 Não Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

Neste contexto constatou-se que a maioria dos professores, 67% se sente

desmotivados para dar as aulas de voleibol na Educação Física Escolar e já os 33%

dos professores possuem motivação para ministrarem as aulas de voleibol nas aulas

de Educação Física Escolar. Mostrando assim que talvez desconheçam a

importância do desporto para o aluno e sociedade, como afirma Borsari (1972,

p.121) que “Temos que utilizar o esporte, para orientar e formar o homem,

aproveitando todas as oportunidades que surgirem para educar”, dessa forma o

desporto possui sua contribuição direta na educação do indivíduo que o pratica.

Em seguida inseriu-se o questionamento em relação ao entendimento que

eles possuíam de como deveria ser ministrada uma aula de voleibol na Educação

Física Escolar, as respostas estão descritas no quadro 2:

QUADRO 2 – Respostas referente ao questionamento do entendimento que os professores possuem de como deveria ser ministrada uma aula de voleibol na Educação Física Escolar

Resposta

P1 Na Educação Física escolar o objetivo não é formar atletas. Portanto deve-se trabalhar a base do voleibol, como os fundamentos e funcionamento do jogo através do lúdico.

P2 Na EDF escolar as aulas de voleibol devem ser de extrema importância para a formação do aluno (a) em sua aprendizagem física-motora e

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intelectual.

P3 Ela deve ser ministrada de forma recreativa. Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

Notou-se que 33% dos professores apontam que a aula de voleibol deveria

trabalhar os fundamentos técnicos através de jogos lúdicos, 33% dos professores

afirmaram a importância que a aula de voleibol tem na Educação Física Escolar, no

entanto não respondendo como deveria ser essa aula e já 33% restante acredita que

a aula de voleibol deve ser baseada na recreação. Campos (2006, p.37) descreve

qual deve ser a postura do professor diante uma aula de educação física utilizando o

voleibol como modalidade:

Ao ter como conteúdo o voleibol o professor deverá não só ministrá-lo como uma atividade física esportiva com fins em si mesma, mas relacioná-la a todas as questões que permeiam a vida social e cultural do aluno, bem como, buscar ações interdisciplinares com os outros componentes curriculares da escola.

Em seguida pediu-se aos professores para descreverem como têm sido

realizadas as aulas de voleibol na educação física escolar, como mostra o quadro 3:

QUADRO 3 – Descrições das aulas de voleibol na Educação Física Escolar

Resposta

P1 As aulas de EDF no Ensino Fundamental II e Médio são programadas conforme a apostila e conteúdo da Positivo, portanto as modalidades esportivas não estão inseridas na apostila do 9º ano, pois entende-se que eles já tenham passados pelos fundamentos, funcionamento, técnicas e táticas de todas as modalidades, abrangendo assim outros conteúdos como esportes adaptados, ginástica, entre outros.

P2 Em nosso estabelecimento de ensino não possui ainda o buraco para fixar os postes das para a realização aulas de voleibol.

P3 Por ser as aulas no horário (grade) aqui na escola as aulas são divididas cada dia uma modalidade e com turmas grandes fazemos jogo propriamente dito.

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

Notou-se assim que 67% dos professores raramente ministram aulas de

voleibol na Educação Física Escolar para o 9° Ano do Ensino Fundamental devido

aos problemas de estrutura material, como relata o P2, no entanto os Parâmetros

Curriculares Nacionais (1998, p.70) mostram que os professores estão sujeito a

mediações e mudanças se necessário, elaborando assim um jogo para se trabalhar

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determinado esporte em sua aula: “Os jogos podem ter uma flexibilidade maior nas

regulamentações, que são adaptadas em função das condições de espaço e

material disponíveis, do número de participantes, entre outros”.

Devido ao sistema apostilado da escola, que de acordo com o P1 acaba

impedindo que as aulas sejam realizadas, mostrando assim um equívoco quando se

entende que ao 9°ano ainda é necessário oportunizar mais o aluno a prática do

voleibol, pois de acordo com Campos (2006) é o momento em direciona para o

aumento da sistematização do conhecimento devido à “bagagem” que o aluno chega

nesta fase, “É o “ciclo de ampliação da sistematização de conhecimento”. O aluno

possui elementos suficientes para pensar de forma autônoma sobre o vôlei e para

pôr em prática os elementos que compõem o jogo de voleibol de uma forma mais

efetiva”. (2006, p.42). Os 33% dos professores restantes apontam que as aulas de

voleibol são apenas o jogo propriamente dito devido ser aulas com turmas grandes.

Deste modo após a coleta e análise dos dados constatou-se que os

professores possuem conhecimento sobre a modalidade e como devem ser

ministradas as aulas de voleibol na educação física escolar, no entanto a maioria

não estão motivados a darem essas aulas de voleibol, o que acaba contribuindo

para um pequeno desenvolvimento da modalidade dentro do ambiente escolar.

4.2 Como o Voleibol é Trabalhado nas Aulas de Educação Física Escolar na

Percepção dos Estudantes

A partir deste ponto tratou-se de questões voltadas mais especificamente

sobre como tem sido trabalhado o voleibol nas aulas de educação física na

percepção dos alunos. Com isso perguntou-se aos alunos sobre sua motivação em

participar das aulas de voleibol na educação física, as respostas encontradas estão

presentes no quadro 4:

QUADRO 4 – Respostas referente ao questionamento se os alunos se sentem motivados a participarem das aulas de voleibol na Educação Física Escolar

Resposta

Alunos Meninas Meninos Resposta

63% 81% 47% Sim

37% 19% 53% Não

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

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Deparou-se com 63% dos alunos motivados para as aulas e já os 37%

restante dos alunos não possuem essa motivação para participar das aulas de

voleibol, no entanto percebe-se na pesquisa que quando se analisava em relação ao

gênero, os meninos apresentavam menor motivação que as meninas, sendo que

apenas 47% dos rapazes estavam motivados e já em relação às meninas o número

era bem expressivo, chegando a 81% das meninas motivadas para participar das

aulas de voleibol.

Em seguida questionou-se sobre como têm sido realizadas as aulas de

voleibol na Educação Física Escolar, como mostra o quadro 5:

QUADRO 5 – Principais descrições das aulas de voleibol na Educação Física Escolar

Alunos Resposta

40% Raramente temos aulas de voleibol na educação física devido a problemas de estrutura material ou devido ao sistema apostilado instituído pela escolar

21% As aulas de voleibol são apenas jogo.

13% Tem explicações e trabalho com os fundamentos e depois jogo. Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

Notou-se assim que 40% dos alunos raramente tinham aulas de voleibol na

educação física devido a problemas de estrutura material ou devido ao sistema

apostilado instituído pela escola e 21% apontavam que as aulas de voleibol eram

apenas o jogo propriamente dito.

Portanto, verificou-se com o questionamento aos alunos que o trabalho com o

voleibol nas escolas de Lucas do Rio Verde-MT tem raramente acontecido nas aulas

de educação física devido à falta de estrutura material para a prática ou por ter que

seguir um sistema apostilado que já não trabalha mais essa modalidade no 9º Ano

do Ensino Fundamental, entendendo que o aluno já possui certo domínio de tais

fundamentos da modalidade e necessita passar por outras experiências, por vezes

fora do contexto sociocultural do aluno.

E de acordo com a pesquisa quando eles têm a oportunidade de ter aulas de

voleibol na Educação Física Escolar o que mais acontece é o jogo propriamente dito,

o que acaba mostrando que os professores não aplicam nas aulas de voleibol aquilo

que eles entendem que deveria ser ministrado, como mostra o quadro 2. No entanto,

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apesar de todos esses pontos, a maioria dos alunos ainda estão motivados a

participarem das aulas de voleibol.

Deste modo se faz necessário olhar mais crítico dos professores para as

aulas de Educação Física Escolar, Campos (2006, p.36) alerta que “para tanto

deverá haver uma reflexão constante sobre os objetivos propostos e um

planejamento coerente com toda a proposta pedagógica da escola e, principalmente,

com as demandas dos alunos”.

4.3 Contribuições que o Voleibol Pode Trazer Para os Alunos nas Aulas de

Educação Física Escolar Pela Percepção dos Alunos e Professores

Neste momento tratou-se sobre questões voltadas mais especificamente para

as contribuições que as aulas de voleibol na Educação Física Escolar trazem para

os alunos que praticam a modalidade. Com isso, perguntou-se aos alunos e

professores se eles percebiam benefícios com a prática do voleibol na Educação

Física Escolar, as respostas estão presentes no quadro 6:

QUADRO 6 – Respostas referente ao questionamento sobre a percepção dos benefícios aos praticantes do voleibol na Educação Física Escolar por parte dos alunos e professores

Resposta

Professores 100% Percebem os benefícios que a prática do voleibol traz a quem pratica

Alunos 75% Percebem os benefícios que a prática do voleibol traz a quem pratica

25% Não percebem os benefícios que a prática do voleibol traz a quem pratica

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

Sendo assim deparou-se com 75% dos alunos afirmando que percebem sim

os benefícios que a prática do voleibol nas aulas de educação física traz para os

praticantes e 25% já não percebem esses benefícios, no entanto os professores

cerca de 100% responderam que percebem os benefícios que prática traz para seus

alunos que participam das aulas.

Para aqueles que responderam sim no questionamento anterior, resolveu-se

perguntar quais benefícios são esses alcançados com a prática do voleibol na

Educação Física Escolar, as principais respostas estão apresentadas no quadro 7:

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QUADRO 7 – Principais respostas referente ao questionamento sobre quais benefícios são esses alcançados com a prática do voleibol nas aulas de Educação Física Escolar

Resposta

Professores 100% Melhora no aspecto motor, cognitivo e afetivo

Alunos 50% Melhora no aspecto motor, cognitivo e afetivo

16% Melhora no aspecto motor e cognitivo

14% Melhora no aspecto motor

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

O resultado da pesquisa apontou que 50% dos alunos acreditam que uma

aula de voleibol auxilia tanto na parte motora, cognitiva, como também na afetiva, já

16% afirmaram que a prática ajuda apenas no aspecto motor e cognitivo e 14%

consideram que o benefício ocorre apenas na parte motora do praticante. No

entanto 100% dos professores entenderam que uma aula de voleibol contribui para o

aluno na parte motora, cognitiva e afetiva.

Corroborando esse pensamento Campos (2006, p.40) aponta alguns de seus

benefícios quando corretamente desenvolvido nas escolas, “Promove o

desenvolvimento de valores éticos e morais do aluno, estimula o interesse para o

bem estar físico, social e mental, possibilitando uma melhor interação social e afetiva

no contexto social em que esse aluno vive”.

No decorrer do questionário perguntou-se aos alunos e professores se eles

conseguiam enxergar tais benefícios citados anteriormente sendo alcançados em

suas aulas de voleibol na Educação Física Escolar, o quadro 8 mostra as respostas:

QUADRO 8 – Respostas referente ao questionamento sobre percepção de tais benefícios sendo alcançados com a prática do voleibol em suas aulas na Educação Física Escolar

Resposta

Professores 100% Conseguiram enxergar os benefícios sendo alcançados

Alunos 56% Não conseguiram enxergar os benefícios sendo alcançados

44% Conseguiram enxergar os benefícios sendo alcançados Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

Constatou-se que a maioria, 56% dos alunos não conseguiam enxergar esses

benefícios sendo alcançados em suas práticas de voleibol nas aulas de educação

física e apenas 44% dos alunos enxergam tais benefícios alcançados, já os

professores 100% afirmaram enxergar esses benefícios sendo alcançadas nas aulas

em que ministram voleibol, mostrando certa contradição entre aluno e professor.

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Desse modo questionou-se sobre o que poderia ser alterado e/ou adequado

para que as aulas de voleibol pudessem alcançar esses benefícios, as principais

respostas estão presentes no quadro 9:

QUADRO 9 – Principais respostas referente ao questionamento sobre o que poderia ser alterado e/ou adequado para que as aulas possam alcançar tais objetivos citados anteriormente

Resposta

Professores 33% Aumentando as aulas de voleibol na educação física escolar e também a carga horária da educação física

33% Preciso incentivo para a prática dentro das escolas

33% Aulas de educação física no contra turno dos alunos e aulas de treinamento auxiliariam muito

Alunos 26% Aumentando as aulas de voleibol na educação física escolar e também a carga horária da educação física

17% Mudança de atitudes dos alunos durante as aulas Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

Averiguou-se que 26% dos alunos acreditam que o aumento das aulas de

voleibol na educação física escolar e o aumento da carga horária da educação física

são medidas essenciais para que assim os benefícios que o voleibol pode

proporcionar para os praticantes, venham a ser contemplado, já 17% dos alunos

entendem a mudança de atitudes dos alunos durante as aulas, primordial para a

aquisição desses benefícios.

Já em relação aos professores, percebeu-se diferenciação nas respostas,

33% afirmaram que o aumento das aulas de voleibol na Educação Física Escolar e o

aumento da carga horária da educação física serem fatores fundamentais para a

aquisição desses benefícios, já outros 33% apontaram que é preciso ainda muito

incentivo para a prática dentro das escolas, e os 33% dos professores restantes

justificaram que aulas de educação física no contra turno dos alunos e aulas de

treinamento auxiliariam alcançar esses benefícios.

Sendo assim a pesquisa apontou que as contribuições que o voleibol pode

trazer são variadas, tanto benefícios no aspecto motor, no afetivo, como também no

cognitivo, porém algumas vezes o próprio aluno não percebe tal melhoria ou mesmo

acredita que não obtém essa melhoria em suas aulas de voleibol na educação física,

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o que acabou contradizendo as respostas dos professores que de acordo com o

quadro 8, todos os professores percebem esses benefícios sendo alcançados em

suas aulas para os alunos que praticam a modalidades. No entanto constatou-se na

pesquisa que isso ocorre devido a poucas aulas da modalidade, e quando tem, a

aula acaba sendo com pouca duração ou também por atitudes dos alunos que não

deixam o professor desenvolverem as aulas programadas. Mostrando assim a

necessidade da maior inserção da modalidade e de maior carga horária nas aulas

de educação física para que os alunos possam ter a oportunidade de se beneficiar,

principalmente com relação à saúde conforme Barbanti (2005, p.9) “Se quisermos

formar adultos saudáveis, é preciso aumentar a quantidade de movimentos que as

crianças e jovens fazem”.

A partir deste ponto analisou-se como o voleibol tem sido trabalhado com os

alunos do 9º Ano do Ensino Fundamental das escolas de Lucas do Rio Verde. A

falta de motivação dos professores, o sistema apostilado das escolas, as atitudes

dos alunos durante as aulas, as aulas pouco diversificadas, onde prevalece o jogo, e

a pouca estrutura material de algumas escolas para a modalidade, são os principais

fatores que determinam o atual momento do trabalho com o voleibol nas escolas de

Lucas do Rio Verde- MT de acordo com a pesquisa realizada. No entanto a pesquisa

mostrou que existe ainda certo otimismo para que esse quadro possa ser revertido,

devido à motivação que percebemos ainda existente por parte alunos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos dados coletados através da aplicação dos instrumentos de

pesquisa junto aos professores de Educação Física Escolar e estudantes do 9º Ano

do Ensino Fundamental de escolas privada, estadual e municipal, foi possível

perceber construir muitas considerações a respeito do voleibol nas aulas de

Educação Física Escolar a partir das percepções dos sujeitos da pesquisa. A

primeira constatação é de que a modalidade do voleibol não tem sido

constantemente desenvolvida dentro do ambiente escolar, devido vários aspectos

sendo os principais a falta de motivação dos professores, o sistema apostilado das

escolas e a pouca estrutura material de algumas escolas para a modalidade.

Nesse contexto, quando ocorre o trabalho com a modalidade nas escolas, o

que ainda se vê são aulas pouco diversificadas, onde somente o jogo é colocado em

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prática na maioria das vezes, no entanto a pesquisa mostrou também que a maioria

dos alunos ainda possui motivação para praticar a modalidade mesmo diante desse

quadro.

Por corolário a contradição constatada é o fato dos professores enxergarem

os benefícios que o voleibol proporciona aos estudantes, sabendo que se trata de

uma modalidade que trabalha todas as áreas do desenvolvimento do indivíduo, no

seu aspecto motor, psíquico e emocional, e ainda terem conhecimento sobre como

pode ser trabalhada a modalidade, mas não trabalharem a modalidade, privando

assim o estudante de tal riqueza de benefícios e experiências.

Sendo assim entendeu-se que o voleibol precisa ser melhor trabalhado nas

escolas, independente das barreiras escolares que se encontrar, pois para o voleibol

dentro da escola não se faz necessário grandes estruturas, o que vale mesmo é a

vontade de ensinar e proporcionar a seus alunos essa modalidade tão rica, no

entanto deixando bem claro que o voleibol é apenas mais uma “ferramenta”, um

conteúdo que o professor de Educação Física Escolar tem para trabalhar e estimular

a formação integral de seus alunos. Como Campos (2006, p. 41) afirma, “É o

desenvolvimento de todos esses conteúdos de forma integrada que possibilitará ao

aluno uma assimilação real da necessidade de uma prática física e esportiva para

um melhor desempenho de sua cultura corporal de movimentos”.

A motivação do professor, a estrutura material e o pouco tempo das aulas

para o trabalho do voleibol nas aulas de Educação Física Escolar são as

dificuldades encontradas, que podem ser solucionadas principalmente pela vontade

do professor em mudar o quadro atual da Educação Física Escolar, cabendo a ele

saber do seu papel importante dentro da sociedade e na formação de seus alunos,

conforme Becker (2000, p.47) o professor pode “contribuir na formação integral da

pessoa humana por meio da atividade esportiva”, não deixando que a estrutura

material tire essa oportunidade de transformação na sociedade, pois várias

modalidades não necessitam de materiais tão caros para se trabalhar, sugerindo

assim ao professor usar da sua criatividade e disposição para trabalhar e

desenvolver o voleibol, neste caso, um barbante amarrado e uma bola não muito

pesada em um terreno plano, já pode se tornar materiais suficientes para uma bela

aula de voleibol, dependendo claro do professor de educação física escolar para

transformar essa deficiência em estímulo e aulas variadas e quem sabe assim

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mostrando o ganho proporcionado por tal prática não venha a aumentar a carga

horária para tal aula.

Ao focarmos na questão motivadora desta investigação: “As aulas de

Educação Física Escolar do 9º Ano do Ensino Fundamental de Lucas do Rio Verde

têm desenvolvido todas as possibilidades de aprendizagem que o voleibol pode

proporcionar aos estudantes nesta faixa etária?” a pesquisa demonstrou a

importância de mudar a atual realidade do voleibol dentro das escolas de Lucas do

Rio Verde-MT para o 9º Ano do Ensino Fundamental, onde a modalidade não tem

sido trabalhada da maneira como deveria, surgindo assim à necessidade de

adequações e mudanças para que possa se reverter esse quadro, sabendo ainda

que os alunos possuem motivação para tal modalidade mesmo diante essa situação.

REFERÊNCIAS

BARBANTI, Valdir J. Formação de esportistas. Barueri, SP: Manole, 2005. 349p. BARBOSA, Cláudio L. de Alvarenga. Educação física escolar: as representações sociais. Rio de Janeiro: Shape, 2001. BECKER Júnior, Benno. Psicologia aplicada à criança no Esporte. Novo Hamburgo: FEEVALE, 2000.

BETTI, Mauro. Educação física escolar: ensino e pesquisa-ação. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2009.

BORSARI, J. R., SILVA, J. B. Voleibol: Fundamentos – Aulas - Circuitos. São Paulo: São Paulo, Editora S.A., 1972. BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental, Parâmetros curriculares nacionais: Educação Física/Secretaria de Educação Fundamental, Brasília: MEC/SEF, 1998. CAMPOS, Luiz Antônio Silva. Voleibol “da” escola. Jundiaí-SP: Fontoura Editora, 2006.

FREIRE, J. B. Educação de Corpo Inteiro – Teoria e Prática da Educação Física. Ed. Scipione: São Paulo, 1994. GRECO, P. J., BENDA, R. N. Iniciação Esportiva Universal. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998. KUNZ, Elenor. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2006.

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PAES, R. R. Educação Física escolar: o esporte como conteúdo pedagógico do ensino fundamental. 1996. 198f. Tese (Doutorado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1996. SITE DO PLANALTO, março de 1998, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9615consol.htm. Acesso em 10/05/2014.