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X CINFORM – Encontro Nacional de Ensino e Pesquisa em Informação 19 a 22 de setembro de 2011 ● Porto Bello Hoteis & Resorts ● Salvador – Bahia
Responsabilidade social na representação, preservação e disseminação de conteúdos
A Informação, a Ciência, o Cientista e o Conhecime nto
Luiz Carlos Flôres de Assumpção Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação - PPGCInf – Faculdade de Ciência da Informação - UNB-DF [email protected] Mônica Regina Peres Mestre e Prof. da Faculdade de Ciência da Informação – UNB-DF [email protected] André Porto Ancona Lopez Doutor Prof. do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação - PPGCInf – Faculdade de Ciência da Informação - UNB-DF [email protected]
Resumo: O presente estudo é uma busca do entendimento da visão filosófica e científica de alguns dos pensadores contemporâneos sobre a informação, a ciência, o cientista e o conhecimento. Quando falamos de ciência, temos a idéia rígida de que tudo que se faz está baseado em métodos e técnicas regidas e controladas e de forma impessoal, no entanto, ao aprofundarmos percebemos que não é exatamente assim que o conhecimento é estruturado na ciência. Ou seja, o conhecimento científico, este está arraigado pela formação cultural, vivência, experiências e informações acumuladas no decorrer da formação pessoal e profissional de cada indivíduo, vindo a influenciar os resultados e as formas em que os resultados das pesquisas são conclusos e apresentados. Ao tratar das questões epistemológicas, a abordagem não será de forma generalizada sobre outras áreas do conhecimento, e sim de forma específica sob o foco de cada autor pesquisado, ou seja, suas colocações, colaboração, contraposição ou os pontos que se harmonizam. Palavras Chaves: Informação, Conhecimento, Ciência, Cientista. Abstract: This study is a quest for understanding the philosophical and scientific view of some contemporary thinkers on information, science, scientists and knowledge. When we talk about science, we have a rigid idea that everything we do is based on methods and techniques governed and controlled and impersonal way, however, realize that the deepening is not exactly the way knowledge is structured in science. In other words, scientific knowledge, this is rooted in the cultural background, experience, experience and information accumulated over a personal and professional development of every individual, came to influence the results and the ways in which research results are inconclusive and presented. When dealing with epistemological issues, the approach is not widely on other areas of knowledge, but the specific form the focus of each author studied, or their placement, collaboration or opposition points that harmonize. Keywords: Information, Knowledge, Science, Scientist.
1 INTRODUÇÃO
Ao abordar a informação, a ciência, o cientista e o conhecimento,
precisaremos entender de que ponto de vista será embasado estes temas. Então,
para isso, iremos fazer uma incursão na visão de alguns pensadores
contemporâneos sobre a filosofia da ciência e da informação, já que essa visão
poderia ser tratada por pontos de vista de outros autores de várias áreas do
conhecimento, no entanto, não é o foco deste estudo abordar de forma ampla uma
resposta sobre o tema, mas sim a de analisar sob a visão de Popper, Kuhn e outros
autores que os apoiam, harmonizam e ou até se contrapõem a eles. Assim, a
estrutura deste estudo aborda no primeiro momento o que é a informação e a
ciência, onde passamos a discorrer sobre a visão de Popper e de Kuhn quanto à
ciência, o cientista e o conhecimento do tipo senso comum e do tipo científico.
Finalizamos com uma breve reflexão quanto ao entendimento sobre o tema tratado.
2 O QUE É INFORMAÇÃO?
De acordo com Buckland (1991), “a ambigüidade da "informação", enfrenta
dificuldades desde que a informação imediata tem a ver com tornar-se informado,
com a redução da ignorância e da incerteza, é irônico que o termo "informação" é
em si mesmo é ambíguo e usado de diferentes formas”. Podemos perceber que a
palavra informação, é um tanto complexa na sua descrição, já na concepção de
Robredo (2003), “a 'informação' pode ser: registrada, duplicada, transmitida,
armazenada, organizada, processada e recuperada”. Em parte concordamos com
isso, porém podemos perceber a representação da informação ocorre quando
extraída da mente e codificada, pela linguagem natural (falada ou escrita),
seguindo normas e padrões (gramática, sintaxe) próprios de cada língua, ou de
outras linguagens criadas pelo homem (linguagens de programação, que também
têm suas gramáticas e sintaxes). A interpretação da informação de fato gera, um
processo de transformação do conhecimento (dentro da mente) em 'informação' fora
da mente. Então, 'informação' seria o conhecimento 'externalizado', mediante algum
tipo de codificação. Observe-se que isso somente se aplica ao conhecimento já
existente na mente.
Portanto, Buckland (1991) nos traz três significados de "informação":
"Informação como processo", "informação como conhecimento" e "informação como
coisa", ainda diz que o uso atributivo de "informação" para designar as coisas
consideradas informativa. A natureza e as características de "informação como
coisa" são discutidos, utilizando uma abordagem indireta ("Que coisas são
informativas?"). Buckland (1991) ainda diz que “há uma variedades de "informação
como coisa" inclui dados, textos, documentos, objetos e eventos”. Ainda
complementa, “seja qual for o armazenamento da informação e sistemas de
recuperação o ato de armazenar e recuperar é necessariamente "informação-como-
coisa" (BUCKLAND, 1991). Neste estudo, vamos abordar a informação como
coisa , esta que se baseia em dados, estes utilizados pelos cientistas nas ciências
onde a informação registrada é usada como meio de prova da captação dos
resultados de seus estudos.
Aprende-se a partir da análise de vários tipos de coisas. A fim de aprender, os textos são lidos, os números são computados, objetos e imagens são inspecionados, tocado, ou percebido. Em um sentido importante de informação é usado como prova na aprendizagem - como base para o entendimento. Um conhecimento e as opiniões são afetados pelo que se vê, lê, ouve e experiências. Livros didáticos e enciclopédias fornecem material para uma introdução, textos literários e comentários fornecem fontes para o estudo da língua e literatura; matrizes de dados estatísticos são para fornecer informações e cálculos de inferência; estatutos e os relatórios indicam lei a lei, as fotografias mostram que as pessoas, lugares e acontecimentos pareciam; citações e fontes são verificadas, e assim por diante. Em cada caso, é razoável para ver informação como coisa, como prova, mas sem que tal implique que o que foi lido, visto escutado ou visto ou observado era necessariamente preciso, útil, ou mesmo pertinentes para fins do usuário. Nem precisa ser assumido que o usuário fez (ou deve) acreditar ou concordar com o que foi percebido. "Evidência" é um termo apropriado porque denota algo relacionado à compreensão, algo que, se encontrado e corretamente entendido, poderia mudar de conhecimento, suas crenças, sobre algum assunto (BURCKLAND, 1991).
Assim, a informação não é uma entidade física, não é um objeto tangível, visível,
audível (O que se toca se vê ou se ouve é o documento escrito, gravado, etc. contendo
conhecimento registrado, em geral, mediante um código de representação). Estamos
nos referindo sobre a informação não ser considerada um objeto tangível, se trata da
questão da interpretação do que está exposto num texto – documento escrito, numa
música, numa imagem. Ou seja, a informação é o que o indivíduo interpreta dos dados e
ou da coisa em si.
Então, podemos observar que a informação é composta de dados no qual
constitui o substrato, este substrato de acordo com Ferreira (2004)1 é "o que
constitui a parte essencial do ser; a essência, na Filosofia, o que serve de suporte a
outra existência, considerada esta outra como modo ou acidente” e conforme
Abbganano (1998, p. 927) “deriva as qualidade da coisa: derivar no sentido de que
deveriam ser deduzíveis dessa constituição, de tal modo que pudessem ser
explicadas e compreendidas em virtude dela”. Já os dados2 em estado bruto são um
conjunto de números, caracteres, imagens ou outros dispositivos de saídas para
converter quantidades físicas em símbolos, num sentido muito extenso. E na
Filosofia3, é “o que se apresenta à consciência como imediato, não construído ou
não elaborado”. Na informação4, elemento de informação, ou representação de fatos
ou de instruções, em forma apropriada para armazenamento, processamento ou
transmissão por meios automáticos. Podemos observar que os dados podem ser
processados de forma manual pelo ser humano ou de forma automatizada por
entrada em um computador, armazenados e tratados ou transmitidos (saída) para
outro computador ou humano. A palavra "dados" é um termo relativo, e o tratamento
de dados comumente ocorre por etapas, e os "dados processados" a partir de uma
etapa podem ser considerados os "dados brutos" do próximo.
Assim, vamos ver o Reducionismo5, em filosofia, é “o nome dado a teorias
correlatas que afirmam, a grosso modo, que objetos, fenômenos, teorias e
significados complexos podem ser sempre reduzidos”, ou seja, expresso em
unidades diferentes, a fim de explicá-los, nas suas partes constituintes mais simples.
E é no reducionismo metodológico que há a idéia de que as explicações, como as
científicas, devem ser continuamente reduzidas às entidades mais simples
possíveis. E, complementado pelo reducionismo científico que tem sido usado para
descrever todas as idéias acima no que se refere à ciência, entretanto é mais
1 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.0, 3ª. ed. São Paulo: Editora Positivo, 2004.
2 Ibid.; 3 Ibid.; 4 Ibid.; 5 Ibid.
freqüentemente usado para descrever a idéia de que todos os fenômenos podem
ser reduzidos a explicações científicas.
Assim percebemos que as bases iniciais para o desenvolvimento de qualquer
pesquisa, em todas as áreas do conhecimento, estão apoiadas nas informações
construídas através da representação dos dados, pois, o que o cientista faz, é
justamente a coleta e uso dos dados transformando-os em informação e gerando
conhecimento sobre as mais variadas áreas do conhecimento científico. Desta
forma, buscaremos entender o que seria o uso da informação para o cientista nas
ciências e no conhecimento.
2.1 A CIÊNCIA E O CIENTISTA
De acordo com Popper (2009), a ciência é uma construção racional
exatamente por ser histórica. “Sua construção se dá com base no enfrentamento,
pelo homem, de problemas que lhe surgem ao longo da vida, sendo, portanto,
irrecusável sua estreita vinculação com a realidade externa e com os fenômenos
culturais de cada época” (SCHMIDT E SANTOS, 2007). Contudo, Popper (2009, p.
31) diz que o trabalho do cientista consiste em elaborar teorias e pô-las à prova.
Desta forma Popper, considera que os cientistas, são solucionadores de problema;
toda investigação científica parte de problemas, este seria o caminho inicial para o
desenvolvimento da ciência. Porém, Popper diz que, não existe observação pura,
todas as observações são sempre realizadas à luz de pressupostos e de teorias
prévias que o cientista traz consigo (RODRIGUES, 2010) e que a ciência, não pode
ser alinhada pelo indutivismo empiricista e sim pela dedução lógica. Além do mais,
“a indução não pode levar à certeza e sim a um ciclo constante de incertezas”
(SCHMIDT E SANTOS, 2007).
No entanto, Popper salienta que “a ciência é feita através de uma permanente
construção de hipóteses e de seu cotejamento com a realidade. Sendo que as
teorias científicas são enunciados universais. Como todas as representações
lingüísticas, são sistemas de signos ou símbolos” (POPPER, 2009, p. 61), diante de
tal colocação podemos observar que se trata justamente do uso da informação
registrada a qual estamos abordando. E as teorias são redes, lançadas para
capturar aquilo que denominados “o mundo”, para racionalizá-lo, explicá-lo, dominá-
lo. Popper (2006, p. 32) “não descarta que a indução baconiana (e também a
aristotélica) é basicamente idêntica a maiêutica de Sócrates; o seja a preparação da
mente, pela depuração dos seus preconceitos, no sentido de à tornar capaz de
reconhecer a verdade manifesta, ou lê o livro aberto da Natureza”. Assim, o que
vemos são nossos esforços no sentido de tornar as malhas da rede cada vez mais
estreitas baseada no método, conforme Descartes (1996) propôs na sua obra ao
definir o método racional na resolução de problemas, ou seja, nestas colocações
temos a aceitação tanto do empirismo quanto do racionalismo. Porém, Popper é
enfático ao dizer que “o conhecimento humano consiste em teorias, hipóteses e
conjecturas que nós formulamos como produto de nossas atividades intelectuais”
(POPPER, 2009, p. 61-62), percebemos que isso ocorre com a estruturação formal
da informação através do seu registro, no entanto essa informação poderá ser
Conjecturada – ato ou efeito de inferir ou deduzir que algo é provável, com base em
presunções, evidências incompletas, pressentimentos; conjectura, hipótese,
presunção, suposição (HOUAISS, 2010).
Popper (2009), ainda concebe a ciência como uma sucessão de
pensamentos, frutos da imaginação criadora do homem, que historicamente se
aproxima cada vez mais da verdade (ao mesmo tempo em que, num certo grau,
transforma essa mesma verdade), ao transformar o mundo que nos cerca,
parecendo afastá-la para uma fronteira cada dia mais distante, sempre capaz de
uma explicação cada vez mais abrangente dos fenômenos observáveis, movida
sempre pela crítica de nossos erros e pela refutação sucessiva das teorias, uma
após a outra, refutações estas que colocarão novos problemas a serem enfrentados,
novas perguntas a serem respondidas.
Contudo, Popper (2009) afirma que o progresso científico demonstrou
consistir, não em acumulação de observações, mas em superação de teorias menos
satisfatórias e sua substituição por teorias melhores, ou seja, por teorias de maior
conteúdo. Além de contestar a indução, sustentou que toda e qualquer teoria
científica assenta-se sobre uma série de pressupostos metafísicos que, mesmo não
sendo refutáveis, podem ser discutidos criticamente, o que significa que são
inteligíveis e, portanto, possuem significados. Por isso, “pode ser levada a
justificação ou falseamento” (POPPER, 2009) - Falseamento - é o que ocorre
quando uma teoria é tida como falha. Falseamento é antônimo de prova, é retirado,
em especial, da lógica e da matemática formal (HOUAISS, 2010)6. Ainda, afirma que
“a ciência é crítica e falível”, desta forma o falseamento popperiano é o resultado de
uma demarcação entre o que ainda é aceito como correto cientificamente e o que já
não possui este mesmo crédito na metafísica - Metafísica 7 – no aristotelismo,
subdivisão fundamental da filosofia, caracterizada pela investigação das realidades
que transcendem a experiência sensível, capaz de fornecer um fundamento a todas
as ciências particulares, por meio da reflexão a respeito da natureza primacial do
ser; filosofia primeira. No kantismo8, estudo das formas ou leis constitutivas da
razão, fundamento de toda especulação a respeito de realidades suprassensíveis (a
totalidade cósmica, Deus ou a alma humana), e fonte de princípios gerais para o
conhecimento empírico. Empirismo 9 - doutrina segundo a qual todo conhecimento
provém unicamente da experiência, limitando-se ao que pode ser captado do mundo
externo, pelos sentidos, ou do mundo subjetivo, pela introspecção, sendo
descartadas as verdades reveladas e transcendentes do misticismo, ou apriorísticas
e inatas do racionalismo, atitude de quem se atém a conhecimentos práticos. Nessa
definição de empirismo, podemos observar que há uma divergência da utilizada
dentro das ciências, pelos cientistas, pois dizem que o empirismo são estudos sob o
uso coordenado de métodos e técnicas de forma prática na execução das pesquisas
para os problemas que enfrentam. Porém, Popper (2009) questiona que
determinado sistema científico é válido até o momento em que é refutado,
mostrando sua falsidade. Desta forma, relata que a invenção de uma nova teoria ou
de um novo sistema científico pressupõe que, em qualquer hipótese, para sua
validade, devam ser submetidos à prova em um processo de "reconstrução
racional". "Ora, eu sustento que as teorias científicas nunca são inteiramente
justificáveis ou verificáveis, mas que, não obstante, são suscetíveis de se verem
submetidas à prova" (POPPER, 2009). Assim podemos perceber que a objetividade
dos enunciados científicos reside na condição deles poderem ser submetidos a
teste, e além do mais irá depender da forma como as informações foram registradas,
de que formas vão ser reinterpretadas para execução de um novo teste, ou seja, a
re-utilização da informação. Além do que, a utilização da informação por qualquer
6 HOUAISS. Dicionário Eletrônico . CD-ROM 2010. 7 Ibid.; 8 Ibid.; 9 Ibid.
um que não tenha conhecimentos ou formação dentro da área de estudos na qual a
pesquisa foi desenvolvida poderá fazer uso e interpretação dessa informação
registrada, porém não se poder garantir que essa sua interpretação e descrição será
a mesma. Assim, cremos no posicionamento de Popper de que os resultados de um
estudo poderá ser ou não aceito se for conjecturado, refutado ou falseado pelos
seus pares.
De acordo com Popper (2009), este processo de construção de uma nova
teoria ou sistema científico inicia-se com uma comparação lógica entre as
conclusões obtidas pela teoria construída, buscando uma coerência interna do
sistema, com o registro das informações obtidas do decorrer da pesquisa, com uso
de signos e símbolos – aqui observamos que o registro é onde se usa a
interpretação dos dados transformando-os em informação, então, já que a
informação é registrada em um suporte físico para interpretação, ela “é uma coisa”
(grifo nosso) de acordo com o que diz Buckland (1991). O segundo momento, a
prova é da investigação lógica da teoria para verificar se ela apresenta o caráter de
uma teoria empírica ou científica. O terceiro momento é o do confronto com outras
teorias, com o objetivo de determinar se a teoria construída representa um avanço
de ordem científica. Finalmente, há a comprovação da teoria por meio de aplicações
empíricas das conclusões que dela se possam deduzir. Quando Popper se refere a
uma teoria construída, subentende-se uma revisão da literatura buscando identificar
quem ou quais cientistas está desenvolvendo estudos parecidos, já a verificação de
empírica, podemos inferir que seria uma dedução sem a formalidade dos métodos
cientifico é realmente se essa teoria não está alicerçada nas definições científicas
com metodologia e técnicas que possam dar conta da solução do problema a qual
se definiu tal teoria. Ou seja, o que observamos é que há por parte Popper uma
convicção no sentido de que toda teoria há de se passar pelo teste de falseamento
para sua validação, de certa forma percebemos que nem sempre isso será possível
dependendo de que tipo de objeto o cientista está estudando e principalmente se
tratando das ciências sociais é o que veremos em Tomanik e o próprio Popper
concorda com essa concepção.
Para Kuhn (2009), a ciência esta alinhada ao indutivismo empiricista, pois,
sempre haverá interferência ou inferência por parte do cientista na pesquisa. A
reflexão de Kuhn sobre a natureza da atividade científica articula-se em três
conceitos fundamentais: os conceitos de "paradigma", "ciência normal" e "ciência
revolucionária". Às diversas formas de ver o mundo, Kuhn (2009) chamou
paradigmas . O conceito de paradigma tornou-se conhecido de forma geral a partir
das propostas de Kuhn e hoje significa, mesmo na linguagem corrente, uma maneira
diferente de ver a mesma realidade. Trata-se de um conceito particularmente
importante para compreender, não apenas a ciência, mas a própria vida em
sociedade. De fato, muitos dos conflitos que hoje em dia são gerados, resultam de
choques entre pessoas que vêm à realidade de maneiras antagônicas. Este fato é
mais importante quando acontece, quando se vê a realidade de uma determinada
maneira tende-se a ser incapaz de vê-la de outra, possivelmente mais correta.
As figuras seguintes ilustram este fenômeno sobre uma imagem.
Fig. 01 Fig. 02 Fonte: Disponível em: <http://my.opera.com/silveira/blog/figuras-com-duplo-sentido>
Na figura 01, algumas pessoas acham que ela representa um homem tocando
sax. Outras acham que representa o rosto de uma moça. Ambas têm razão. Na
realidade, a mesma imagem representa as duas coisas. Porém, depende de quem
vê nela uma coisa ou a outra. Já na figura 02, temos um rosto de um velho ou um
casal se beijando? Isso depende de quem observa, pois uns conseguirá ver o velho
e não o casal, outros poderão ver o casal e o velho, outros não conseguem ver as
imagens separadas uma da outra. Isso nos demonstra que quando estamos presos
a um paradigma, raramente conseguimos aceitar outro paradigma que concorra com
o anterior. Apresentamos essas ilustrações a título de entendimento de paradigma,
pois, para mudarmos a visão, só se fizermos um esforço grande para nos situarmos
no outro paradigma é que, então, subitamente, passaremos a ver as coisas de uma
forma completamente diferente. Assim, o que podemos pré-concluir na
apresentação destas figuras, é que a informação visual percebida pelo espectador
vai depender do seu ponto de vista e de que paradigma ele está se apoiando para
poder definir o que está representado. Sendo que a definição esteja ou não de
acordo com as explicações acima, ainda poderão apresentar outra e tentar
convencer daquilo – imagem decifrada - que está percebendo.
Segundo Kuhn (2009, p. 24), “a ciência normal, freqüentemente suprime
novidades fundamentais, porque estas subvertem necessariamente seus
compromissos básicos”, ou seja, em algumas vezes um problema comum, que
deveria ser resolvido por meio de regras e procedimentos conhecidos, resiste ao
ataque violento e reiterado dos membros mais hábeis do grupo em cuja área de
competência ele ocorre. Além do mais, Kuhn (2009, p. 29) afirma que “a ciência é
firmemente baseada em uma ou mais realizações científicas passadas” e a define
“como uma ciência normal”. Ou seja, o mundo ao qual essa ciência se aplica, é visto
por todos os seus praticantes segundo uma mesma perspectiva, ainda “essas
realizações são reconhecidas durante algum tempo por alguma comunidade
científica específica como proporcionando os fundamentos para sua prática
posterior” (KUHN, 2009, p. 29). Em suma, de acordo com Kuhn (2009) a ciência
evolui por etapas que ora são de evolução normal, ora de rotura revolucionária,
sendo as roturas revolucionárias que mais contribuem para o progresso dessa
ciência. O exemplo disso é a revolução copernicana apresentada por Kuhn (2002, p.
17) onde diz que “a Revolução Copernicana foi uma revolução de idéias, uma
transformação do conceito que o homem tinha do universo e da sua própria relação
com ele”. E “para as outras ciências, a sua sugestão levantou simplesmente novos
problemas e, até estarem resolvidos, o conceito dos astrônomos sobre o universo
era incompatível com o dos outros cientistas” (KUHN, 2002, p. 18)10, nesta época
deu-se então a revolução científica11.
A ciência normal desorienta-se seguidamente. E quando isso ocorre – isto é, quando os membros da profissão não podem mais se esquivar-se das anomalias que subvertem a tradição existente da prática científica – então começam as investigações extraordinárias que finalmente conduzem a profissão a um novo conjunto de compromissos, a uma nova base para a prática da ciência (KUHN, 2009, p. 24).
Assim, “para ser aceito como um paradigma, uma teoria deve parecer melhor
que suas competidoras, mas não precisa (e de fato isso nunca acontece) explicar
todos os fatos com os quais pode ser confrontada” (KUHN, 2009, p. 38), já “o novo
paradigma implica uma definição nova e mais rígida do campo de estudos. Aqueles
que não desejam ou não são capazes de acomodar seu trabalho a ele têm que
proceder isoladamente ou unir-se a algum grupo” (KUHN, 2009, p.39). Contudo,
uma vez encontrado um primeiro paradigma com a qual conceber a natureza, já não
se pode mais falar em pesquisa sem qualquer paradigma. Rejeitar um paradigma
sem simultaneamente substituí-lo por outro é rejeitar a própria ciência (KUHN, 2009).
Segundo Schmidt e Santos (2007) na visão de Kuhn, os Cientistas , são
solucionadores de enigmas, os grandes progressos da ciência não resultam de
mecanismos de continuidade, mas sim de mecanismos de rotura. Na definição do
próprio Kuhn (2009), o cientista está circundado de problemas que precisa resolver e
ele, não a teoria, está em dificuldade para encontrar uma solução para o problema.
Resolver um problema de pesquisa normal é alcançar o antecipado de uma nova maneira. Isso requer a solução de todo tipo de complexos quebra-cabeças instrumentais, conceituais e matemáticos. O Indivíduo que é bem sucedido nessa tarefa prova que é um perito na resolução de quebra-cabeças. O desafio apresentado pelos quebra-cabeças constitui uma parte importante da motivação do cientista para o trabalho (KUHN, 2009, p. 59)
Assim, percebemos no caso do cientista, “o que incita ao trabalho é a
convicção de que, se for suficientemente habilidoso, conseguirá solucionar um
quebra-cabeça que ninguém até então resolveu ou, pelo menos, não resolveu tão
10 KUHN, Thomas. A REVOLUÇÃO COPERNICA (2002) aborda o contexto histórico das descobertas de Copérnico e as suas conseqüências no campo das ciências e dos cientistas, tornando-se foco das tremendas controvérsias de religião, filosofia e teoria social. 11 KUHN, 2002, loc. cit.
bem” (KUHN, 2009, p. 61), ele obedece a regras que limitam tanto a natureza das
soluções aceitáveis como os passos necessários para obtê-las, ou seja, aqui
podemos ver que Kuhn (2009) se refere a métodos/metodologias e teoria aceitas
pela comunidade científica, no entanto, isso poderá ser verificado, e aí podendo ser
refutado ou falseado dentro da proposta de Popper sobre a lógica da pesquisa, ele
esclarece que “a tarefa da lógica da pesquisa científica, ou da lógica do
conhecimento, é, segundo penso, proporcionar uma análise lógica desse
procedimento, ou seja, analisar o método das ciências empíricas” (POPPER, 2009,
p. 27).
De acordo com Schmidt e Santos (2007), Kuhn indaga se o falseamento
popperiano não é uma refutação concludente. Para nós, a partir do estabelecimento
dos critérios de refutação, uma teoria pode ser falseada ou corroborada. Se ela for
falseada, certamente poderá ser de forma concludente, se não, virão novas
situações que colocarão seus conteúdos a prova novamente. O falseamento é, sem
dúvida, uma contenda entre a teoria e a observação – aqui sendo a contestação dos
dados considerados como “coisa” de acordo com Buckland (1991), interpretados e
transformados em informações registradas, estas tidas como teoria do que se
sucedeu ao resultado do estudo ou experiência tido como conhecimento científico.
No entanto, o próprio Kuhn busca demonstrar a necessidade do cientista em ter uma
flexibilidade ao buscar desenvolver as soluções para os problemas de acordo com a
as suas técnicas ou teorias abordadas.
O cientista deve preocupar-se em compreender o mundo e ampliar a precisão e o alcance da ordem que foi imposta. Esse compromisso, por sua vez, deve levá-lo a perscrutar com grande minúcia empírica (por si mesmo ou através de colegas) algum aspecto da natureza. Se esse escrutínio revela bolsões de aparente desordem, esses devem desafiá-lo a um novo refinamento de suas técnicas de observação ou a uma maior articulação de suas teorias (KUHN, 2009, p. 65)
No entanto faz um alerta de que a ciência normal é uma atividade altamente
determinada, mas não precisa ser inteiramente determinada por regras (KUHN,
2009, P. 66).
Diante da visão de Popper e Kuhn, percebemos que há dualidade e ao
mesmo tempo harmonia na forma de cada um dos autores, ou seja, existe oposição
em determinados pontos de vista, mas também concordam em outros. Com isso,
vemos que a ciência está em transformação constante e o cientista faz parte deste
contexto com a geração de informações e conhecimentos registrados – novas
teorias - que poderão ou não superar as existentes, mas desde que sejam
contestadas e colocadas à prova dentro de um rigor lógico e científico, através
recuperação da informação como “coisa” na forma de textos, artigos, dissertações
ou um livro com descrição dos resultados das pesquisas para um novo
conhecimento.
Para Kuhn (2009, p. 40) “um cientista pode considerar um paradigma como
certo, não tem mais necessidade, nos seus trabalhos mais importantes, de tentar
construir seu campo de estudos começando pelos primeiros princípios e justificando
o uso de cada conceito introduzido”. No entanto, Kuhn (2009, p. 41) diz que isso,
pode ser deixado para os autores de manuais. O próprio Kuhn (2009, p. 41) faz um
alerta, “o cientista que escreve um livro tem mais probabilidade de ver sua reputação
comprometida do que aumentada”. Neste alerta, vemos a consideração no qual ao
tornar público um determinado resultado, este poderá passar pela avaliação dos
pares podendo ser refutado ou conjecturado de acordo com Popper, porém
percebemos que isso não deve comprometer a evolução tanto do cientista quanto da
ciência em si, essa colocação encontra respaldo em Kuhn na qual todo cientista está
sempre fazendo uso de um referencial e “a cada nova teoria científica conserva o
âmago do conhecimento fornecido pelas suas predecessoras e acrescenta-o. A
ciência progride substituindo as teorias antigas por novas” (KUHN, 2002, p. 20). E,
também se harmoniza com Popper, ou seja, o cientista a partir do momento que
trabalha com a ciência e registra seus resultados de pesquisa e os torna público
disponibilizando a informação registrada, essa poderá ser acessada, conjecturada
ou refutada por qualquer um que se detenha a fazer uma análise e revisão dos
procedimentos adotados para conclusão de determinado estudo/pesquisa. Daí,
poderá então surgir novos conhecimentos e novas teorias baseadas nos já
existente.
2.2 O CONHECIMENTO
A abordagem sobre o conhecimento no qual fazermos uma incursão, será
sobre a visão do conhecimento chamado de senso comum e a do conhecimento
científico, conforme a visão dos autores pesquisados (POPPER, 1999, 2004, 2006,
2009; KUHN, 2002, 2006, 2009; TOMANIK, 2004; CHALMERS, 1993), podemos
perceber o aparecimento de alguns termos que vão estar presentes nesta análise da
formação do conhecimento: indutivismo/indução, empirismo, empiricista,
objetividade, falseamento, conjectura e refutações. Usamos estes termos no item
anterior, mas são termos recorrentes na linguagem destes autores, pois há
momentos em que corroboram entre si, se contrapõem e às vezes se harmonizam.
Assim, vamos fazer uma delimitação dos termos (indução; objetividade; refutação)
os outros serão abordados posteriormente. Então vamos ao entendimento dos
mesmos de acordo com Dicionário Houaiss (2010):
• Indução: raciocínio que parte de dados particulares (fatos, experiências,
enunciados empíricos) e, por meio de uma sequência de operações
cognitivas, chega a leis ou conceitos mais gerais, indo dos efeitos à causa,
das consequências ao princípio, da experiência à teoria;
• Objetividade: qualidade do que dá, ou pretende dar, uma representação fiel
de um objeto; realidade exterior ou dessemelhante ao sujeito (o intelecto
cognitivo humano), passível de por ele ser conhecida ou transformada;
• Refutação: ação de refutar; contestação; argumento, série de argumentos ou
prova que destrói o que foi alegado; réplica, contestação; conjunto de razões
invocadas para refutar parte do discurso que refuta argumentos contrários.
Diante destas colocações, passaremos a fazer uma análise nesta linha de
pensamentos para podermos formar um ponto de vista. De acordo com Popper
(2009) desde os tempos mais remotos, os filósofos como Descartes, Hobbes, Locke,
e sua escola, que inclui não só Daivd Hume, mas também Thomas Reid, a teoria do
conhecimento humano tem sido amplamente subjetiva: “o conhecimento humano
tem sido encarado como um tipo especialmente seguro de crença humana, e o
conhecimento científico como um tipo especialmente seguro de conhecimento
humano” (POPPER, 1999, p.7), entendemos por “conhecimento seguro” o fato de o
conhecimento científico ser registrado, validado e não ter sido refutado. Assim,
vamos buscar uma visão de Popper sobre a base do conhecimento do tipo Senso
Comum e Conhecimento Científico, complementadas por Chalmers (1993) e Kuhn
(2002, 2009).
Os seres humanos individuais têm duas maneiras de adquirir conhecimento a
respeito do mundo: pensando e observando. Se dermos prioridade ao primeiro modo
chegaremos numa teoria do conhecimento racionalista clássica, ao passo que se
dermos prioridade ao segundo chegaremos a uma teoria empirista (CHALMERS,
1993, p. 139).
Chalmers (1993, p.139-140) nos traz uma explicação no qual diz que:
Para o empirista clássico, os verdadeiros fundamentos do conhecimento são acessíveis aos indivíduos através dos sentidos. Os empiristas supõem que os indivíduos possam estabelecer como verdadeiras algumas afirmações confrontando o mundo através de seus sentidos. As afirmações assim estabelecidas constituem os fundamentos sobre os quais é construído o conhecimento adicional por algum tipo de inferência indutiva. John Locke foi um dos primeiros empiristas modernos. O ponto de vista indutivista da ciência, [...], representa um tipo de empirismo.
Essas colocações estão em consonância com Popper (1999, p. 16) quando
argumenta que Russell asseverando que se a indução (ou princípio de indução) for
rejeitada, “qualquer tentativa para chegar a leis científicas gerais partindo de
observações particulares é ilusória e o ceticismo de Hume é inevitável para um
empírico”.
De acordo com Popper (1999, p. 66) “o Senso Comum, é sempre nosso ponto
de partida, mas deve ser verificado”. Pois, “o considera uma atrapalhada”. Mas, diz
que o mesmo “tem fornecido o alicerce sobre o qual se erigem até mesmo as mais
recentes teorias filosóficas”. Ainda explica que “é uma teoria comum e simples”,
vejamos:
Se você ou eu quisermos conhecer alguma coisa ainda não conhecida a respeito do mundo, temos de abrir os olhos e olhar ao redor. E temos de aguçar nossos ouvidos e ouvir os ruídos, especialmente feitos por outras pessoas. Assim nossos vários sentidos são nossas fontes de conhecimento – as fontes ou os acessos para nossas mentes (POPPER, 1999, p.66).
Chalmers (1993, p.48-49) nos dá outra explicação bem próxima a de Popper,
mas com certa ênfase sob o ponto de vista do observador em relação a visão como
uma das principais fontes de acesso na percepção humana para formação do
conhecimento, então vejamos:
Em parte porque o sentido da visão é o sentido mais extensivamente usado na prática da ciência, e em parte por conveniência, restringirei minha discussão de observação ao domínio da visão. [...]. Assim, o funcionamento do olho é muito semelhante ao de uma câmera. Uma grande diferença está na maneira como a imagem final é registrada. Os nervos óticos passam da retina para o córtex central do cérebro. Eles transportam a informação relativa à luz que incide sobre as várias regiões da retina. É o registro dessa informação pelo cérebro humano que corresponde à visão do objeto pelo
observador humano. Muitos detalhes poderiam ser acrescentados a esta descrição simples, mas o relato oferecido capta a idéia geral. Dois pontos são fortemente sugeridos pelo esboço que se segue da observação via sentido da visão, que são pontos-chave para o indutivista. O primeiro é que um observador humano tem acesso mais ou menos direto a algumas propriedades do mundo externo à medida que essas propriedades são registradas pelo cérebro no ato da visão. O segundo é que dois observadores normais vendo o mesmo objeto ou cena do mesmo lugar “verão” a mesma coisa. Uma combinação idêntica de raios de luz vai atingir o olho de cada observador, vai ser focada em suas retinas normais pelas suas lentes normais e produzirá imagens similares. Informação similar vai então alcançar o cérebro de cada observador via seus nervos óticos normais, e daí podermos concluir que os dois observadores “vêem” a mesma coisa.
Assim, o que podemos pré-concluir é que a o conhecimento do tipo senso
comum está baseado na forma como vemos e aceitamos as coisas da qual
tomamos conhecimento pelos nossos órgãos dos sentidos, e principalmente pela
visão conforme colocações de Chalmers e Popper. Esta posição é corroborada
quando Popper (1999, p. 66) nos apresenta a teoria do “balde mental” que é
conhecida no mundo filosófico de “teoria da tabula rasa”, porém faz uma distinção
entre elas, ao dizer que “na teoria do balde nossa mente é um balde que
primitivamente se acha vazio ou mais ou menos assim, e nesse balde entra material
através de nossos sentidos (ou talvez por um funil para enchê-lo ou atingi-lo por
cima), e se acumula, e é digerido”. Já quanto à tabula rasa, informa que a “nossa
mente é uma lousa vazia na qual os sentidos gravam suas mensagens”.
Todavia ao fazer tais colocações, acrescenta que “o ponto principal da teoria
da tabula rasa vai além da teoria do senso comum do balde: “refiro-me à sua ênfase
sobre a perfeita vacuidade da mente do nascimento” (POPPER, 1999, p. 66).
Contudo, afirma que a tese importante da teoria do balde é que “aprendemos a
maior parte, se não tudo, de quanto aprendemos por meio da entrada da experiência
pelas aberturas de nossos sentidos; de modo que toda experiência consiste de
informação recebida através de nossos sentidos” (POPPER, 1999, p. 67).
Na sua crítica a teoria de Senso Comum do conhecimento, Popper (1999, p.
71) alega que ela está radicalmente errada em todos os pontos. Seus erros
fundamentais talvez possam ser aclarados como segue:
1. Há conhecimento no sentido subjetivo, que consiste de disposições e
expectativas.
2. Más há também conhecimento no sentido objetivo, conhecimento
humano, que consiste de expectativas formuladas linguisticamente
submetidas à discussão crítica.
3. A teoria do Senso Comum deixa de ver que a diferença ente 1 e 2 é de
significação do mais longo alcance. O conhecimento subjetivo não é
sujeito à crítica, embora possa ser alterado por vários meios – por
exemplo, pela eliminação (morte) do portador do conhecimento subjetivo,
ou disposição, em foco. Assim, o conhecimento no sentido subjetivo
cresce ou obtém melhores ajustamentos pelo método darwiniano de
mutação e eliminação do organismo. Em oposição a isto, o conhecimento
objetivo pode alterar-se e crescer pela eliminação (morte) da conjectura
linguisticamente formulada: o “portador” pode sobreviver -, pode até, se
for uma pessoa autocrítica, eliminar sua própria conjectura.
Ainda afirma que a diferença está em que as teorias formuladas
linguisticamente podem ser discutidas criticamente.
4. Além de importantíssimo, a teoria de senso comum está errada em
diferentes pontos. É, essencialmente, uma teoria de gênese do
conhecimento: a teoria do balde é uma teoria de nossa aquisição do
conhecimento – de nossa aquisição de conhecimento amplamente
passiva – e assim é também uma teoria do que chamo de crescimento do
conhecimento. Mas, como teoria do crescimento do conhecimento é
extremamente falsa.
5. A teoria da tabula rasa é pré-darwiniana: para qualquer pessoa que tenha
algum senso de biologia deve ser claro que muitas de nossa disposição
são inatas, ou no sentido de que nascemos com elas (por exemplo, as
disposições para respirar, engolir, etc.) ou no sentido de que, no processo
e amadurecimento, o desenvolvimento da disposição é elidido pelo
ambiente (por exemplo, a disposição de aprender uma língua).
6. Mesmo que esqueçamos tudo a respeito de teorias de tabula rasa e
admitamos que o balde, no nascimento está cheio pela metade, ou que
muda sua estrutura com o processo do amadurecimento, ainda assim a
teoria é muito enganadora. E isto não só porque todo conhecimento
subjetivo é disposicional, mas principalmente porque não é uma
disposição afirmar minha posição clara e radicalmente: não há essa coisa
de associação ou reflexo condicionado. Todos os reflexos são não-
condicionados; os reflexos supostamente “condicionados” são resultados
de modificações que eliminam parcial ou totalmente os começos falsos,
isto é, os erros no processo de experiências e erros.
Diante de todos os argumentos, podemos inferir que o conhecimento do senso
comum é baseado na observação de um ou mais seres humanos e aceitos como
verdade subjetiva, sem uma análise crítica e sem o registro da informação – a
subjetividade aqui pode ser entendida como teoria para a qual todo julgamento
estético denota apenas gosto individual; doutrina filosófica idealista, segundo a qual
a realidade do mundo objetivo depende das características, formas e explicações
que lhe são atribuídas pela subjetividade humana, considerada, desta maneira, fator
preponderante no processo cognitivo (HOUAISS, 2010) – Assim, tendo a aceitação
pelos outros seres humanos como verdade objetiva. Neste sentido não podendo ser
refutável. Portanto essa é uma forma de conhecimento bastante questionada em
termos de ciência, pois o objetivista dá prioridade, em sua análise do conhecimento,
às características dos itens ou corpos de conhecimento com que se confrontam os
indivíduos, independentemente das atitudes, crenças ou outros estados subjetivos
daqueles indivíduos. Desta forma “o conhecimento é tratado como algo exterior,
antes que interior, às mentes ou cérebros dos indivíduos” (CHALMERS, 1993, p.
140). Partindo do princípio de que o conhecimento do Senso Comum não tem uma
aceitação no campo da ciência por não tratar a formação do conhecimento de forma
estruturada, com normas e métodos/metodologias, técnicas e instrumentos –
registro e sistematização dos dados para geração da informação ou teoria - nos
quais poderia se aproximar da verdade objetiva, a que os cientistas estão em busca,
vamos assim, passar a ver o conhecimento objetivo, também conhecido como
“conhecimento científico”.
2.2.1 A VISÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO DAS CIÊNCIAS
Os cientistas estão sempre se apoiando no contexto metodológico da ciência,
em métodos com estruturas e regras que buscam dar conta do conhecimento,
podemos observar que esse conhecimento é qualificado como científico, contudo
nunca é dominado como um todo, sempre sem partes/fração, isso, pelo fato de cada
cientista tratar de um problema específico – uma parcela de um determinado
contexto - dentro de cada área das ciências não sendo generalista, Tomanik (2004),
vai nos dar uma visão deste contexto no qual ele define como a atuação dos
empiristas.
Hoje devem ser muito poucos os cientistas que ainda acreditam na
possibilidade de que um dia se possa atingir o conhecimento pleno da realidade e com isso dar por encerrada a tarefa da ciência, mas não são poucos os que postulam que esta tarefa consiste exclusivamente na descrição, classificação e descoberta de relações entre os fatos - ou seja, entre acontecimentos naturais, concretos e mensuráveis. Este são os que estou denominando de empiricistas (TOMANIK, 2004, 57).
Porém, Tomanik (2004, p. 59) diz que ao optar pelo termo “empiricismo”,
esclarece que ele engloba todas aquelas linhas de pensamento que se propõem a
trabalhar com base exclusivamente nos fatos. De outro lado, optamos pelo uso do
empiricismo ao invés do empirismo já que este último termo vem sendo usado para
indicar o mero conjunto de experiências individuais, não intencionais e nem
coordenadas. Ainda, diz que o “empiricismo exige de quem pretende se dedicar aos
estudos, um verdadeiro espírito científico. [...] Sendo que “o espírito científico, na
prática, se traduz por uma mente crítica, objetiva e racional” (TOMANIK, 2004, P. 59
- 60). Para Tomanik (2004, P. 60), “a busca da objetividade é o ponto central na
definição da ciência para o empiriscismo”. Assim, descreve que “a ciência é um
conjunto de conhecimento que se dá através da utilização adequada de métodos
rigorosos, capazes de controlar os fenômenos e fatos estudados”. Ainda, afirma que
o método científico, dentro do empiricismo, “é um conjunto de procedimentos, cada
vez mais elaborado e rigoroso, que visa garantir que os conhecimentos obtidos
possuam as necessárias condições de neutralidade, precisão e verificabilidade que
lhes garantam a objetividade” (TOMANIK, 2004, p. 64). Na questão da percepção,
também concorda de que neste processo intervêm não só “as grandezas física dos
estímulos e as capacidades fisiológicas do organismo, como, também, e
principalmente, as estruturas psicológicas do indivíduo percebedor, decorrentes de
seu passado, do seu estado atual e, possivelmente influenciadas por suas
expectativas para o futuro” (TOMANIK, 2004, p. 64). Aqui, percebemos que há uma
sintonia com os autores pesquisados no sentido de haver a influência da bagagem
cultural e da formação na atuação do cientista.
Tomanik (2004) assinala que os objetos de estudos científicos só podem ser
fenômenos naturais, tendentes à repetição e acessíveis aos procedimentos
experimentais, há aí um processo de dependência entre o objeto e o método.
Contudo, ao estudarmos o comportamento humano, temos vários pontos que não
podem ser desconsiderados conforme apresentados por Tomanik (2004, P. 73)
advindos da complexidade do ser humano em si. Embora haja evidentes
dificuldades em enquadrar os objetos de estudos das ciências sociais nos
parâmetros da metodologia empiricista, que tem base nos objetos físicos, estas
dificuldades devem ser encaradas apenas como obstáculos a ser superados, e não
como provas da impossibilidade de se realizarem estudos objetivos do
comportamento humano (TOMANIK, 2004, p. 74).
Assim, “estudar os processos humanos de maneira rigorosamente
experimental não é apenas uma possibilidade colocada pelo empiricismo, é também
uma necessidade para quem, como os empiristas, que se propõem a construir uma
ciência que tem como objetivo” (TOMANIK, 2004, p. 75) o homem em seu meio. O
próprio Popper demonstra a complexidade de se aplicar os métodos das ciências
naturais nas ciências sociais,
[...] existe, por exemplo, a equivocada e errônea abordagem metodológica do naturalismo ou cientificismo, que frisa que está na hora das ciências sociais aprenderem das ciências naturais o que é o método científico.
Este naturalismo equivocado estabelece exigências tais como iniciar com observações e medidas; isto significa, por exemplo, começar por coletar dados estatísticos; prossegue, logo após, pela indução e generalizações e a formação de teorias.
Declara-se que, através deste caminho, você se aproximará do ideal da objetividade científica, na medida em que isto é possível nas ciências sociais.
Procedendo deste modo, você deve estar consciente do fato de que a objetividade nas ciências sociais é muito mais difícil de alcançar (se puder totalmente ser atingida) do que nas ciências naturais, pois uma ciência objetiva deve ser “isenta de valores”, isto é, independente de qualquer juízo de valor. Mas, apenas nos casos, mais raros pode o cientista social libertar-se do sistema de valores de sua própria classe social e assim atingir um grau mesmo limitado da “isenção de valores” e “objetividade” (POPPER, 2004, p. 17).
Contudo, os objetivos de compreensão, previsão e controle estão presentes
igualmente nas ciências sociais. Desta forma a ciência não apenas possibilitaria ao
ser humano o domínio sobre a natureza, como poderia se constituir, e de fato se
constitui, num instrumento de previsão e de controle sobre as ações dos próprios
homens (TOMANIK, 2004, P. 75-76). Contudo, não obsta a uma visão relativista da
qual nos dá outros pontos de vista que são esclarecedores, Chalmers (1993, p. 132)
comenta que o relativismo de Kuhn está enfatizado nas sentenças de conclusão do
pós-escrito à Estrutura das Revoluções Científicas. “O conhecimento científico, como
a linguagem, é intrinsecamente a propriedade comum de um grupo ou então não é
nada. Para compreendê-lo será necessário que saibamos as características
especiais dos grupos que as criam e usam” (CHALMERS, 1993, p.132). Ainda,
busca esclarecer quando Kuhn nega ser um relativista. E, em resposta à acusação
de ser, Chalmers (1993. p.132) diz que ao escrever que “as teorias científicas mais
recentes são melhores que as antigas para a resolução de enigmas nos ambientes
freqüentemente bastante diferentes em que são aplicadas” não demonstra que Kuhn
fosse um relativista. Esta “não é a posição de um relativista, demonstra o sentido em
que sou um crente convencido do progresso científico” (CHALMERS, 1993. p.132),
isto faria nos parecer que Kuhn é um racionalista (aqui entendido como: conjunto
de teorias filosóficas (eleatismo, platonismo, cartesianismo etc.) fundamentadas na
suposição de que a investigação da verdade, conduzida pelo pensamento puro,
ultrapassa em grande medida os dados imediatos oferecidos pelos sentidos e pela
experiência especificando um critério universal, em relação ao qual podem ser
avaliados os méritos relativos das teorias, a saber, sua habilidade em resolver
problemas (CHALMERS,1993. p.132), em linha com esta colocação Popper (2006)
também faz uma alusão das questões sobre as escolas do empirismo clássico e do
racionalismo onde diz que as diferenças que as separam são largamente
ultrapassadas pelas suas semelhanças, mas que ambas estão enganadas. “Afirmo
que estão enganadas, apesar de eu próprio ser um misto de empirista e racionalista”
(POPPER, 2006, p. 18) . De acordo com Kuhn, para um campo ser ou não ciência,
dependerá dele se conformar ou não ao relato da ciência oferecido na Estrutura das
Revoluções Científicas (KUHN, 2009), e de acordo com o autor, a característica
mais importante de um campo de indagação quanto à distinção entre a ciência e a
não-ciência, é a extensão em que o campo é capaz de sustentar uma tradição
científica normal. Na visão Kuhn, “é difícil encontrar um outro critério que proclame
de maneira tão clara um campo como ciência” (CHALMERS, 1993 p.134).
De acordo com as colocações acima, ainda temos outra visão, a de Chalmers
(1993), que concorda com Kuhn e Popper e indica um melhor entendimento sobre a
forma do conhecimento científico e do quanto cada resultado das pesquisas estão
sob a influência de outros contextos além relação método/metodologia definidos
para o desenvolvimento de um estudo/pesquisa, então vejamos:
As caracterizações de progresso e as especificações de critérios para julgar os méritos das teorias serão sempre relativas ao indivíduo ou às comunidades que aderem a elas. As decisões e as escolhas feitas por cientistas ou grupos de cientistas serão governadas por aquilo a que aqueles indivíduos ou grupos atribuem valor. Em uma dada situação não há um critério universal que dite uma decisão logicamente convincente para o cientista “racional”. Uma compreensão das escolhas feitas por um cientista específico requererá uma compreensão daquilo que o cientista valoriza e envolverá uma investigação psicológica, enquanto as escolhas feitas por uma comunidade dependerão daquilo que ela valoriza e uma compreensão destas escolhas envolverá uma investigação sociológica (CHALMERS, 1993 p.140).
Esse esclarecimento, busca nos mostrar o quão impregnado se encontra as
teorias (teorias, entendidas aqui como informações registradas, ou seja, a formação
do conhecimento científico junto aos seus pares e interesses - grifo nosso)
disponibilizado para os não cientistas, assim, podemos perceber ou pré-concluir que
a ciência propriamente dita não está isenta da formação e convívio cultural
(conhecimento do convívio social), ética, moral na formação do indivíduo quando se
faz a pesquisa e o seu registro em um suporte físico, este se tonando informação
como coisa (grifo nosso), pois passa a ser tangível, passivo de reinterpretação e
reutilização na geração de um novo conhecimento, ou seja, de uma nova coisa. Isso
está claramente definido por Popper (2004, p. 22),
[...] é um erro admitir que a objetividade de uma ciência dependa da objetividade do cientista. É um erro acreditar que a atitude do cientista natural é mais objetiva que a do cientista social. O cientista natural é tão partidário quanto às outras pessoas, e a não ser que pertença aos poucos que estão, constantemente, produzindo novas idéias, ele está, infelizmente muito inclinado, em geral, a favorecer suas idéias preferidas de um modo parcial e unilateral. Vários físicos contemporâneos de maior projeção têm fundado também escolas que estabelecem uma resistência poderosa a novas idéias
As colocações de Popper traz uma mensagem que está em sintonia com as
abordagens de Kuhn, Tomanik e Chalmers, no que se refere à isenção e a
imparcialidade total no contexto do desenvolvimento do conhecimento científico.
3 CONSIDERAÇÕES
Ao fazer a leitura de Popper, percebemos que ele trata da visão e do trabalho
do cientista como uno, ou seja, cada um trabalha dentro do seu ponto de vista, faz
os seus testes e submete-os à apreciação de seus pares – através da informação
registrada, tida como coisa - no qual defende a lógica dedutiva sendo totalmente
contra ao empirismo. Contudo, nesta caminhada temos um cientista solitário no qual
aguarda a refutação de seus resultados de pesquisa através da crítica e
falseabilidade de seu trabalho – interpretação da informação dos textos, onde diz
que a ciências progridem com a solução de problemas e geração de novas teorias,
aqui entendidas como informações registradas em suporte físico – uma coisa.
Porém, no trabalho de Kuhn ele trata da questão da ciência quanto o cientista em
nível de comunidade, esta de cientistas, que estão engajados nos estudos de linhas
bem parecidas. Ou seja, que já seguem uma corrente teórica pré-estabelecida no
que ele considera de ciência madura ou revolucionaria. E que a evolução das
ciências evoluem quando um conceito deixa de ser válido para um determinado tipo
de problema no qual define como enigma. No entanto, em Tomanik, observa-se que
há um alinhamento tanto com o pensamento de Popper quanto ao de Kuhn; onde
apóia o empiricismo – coleta e uso da informação registrada sob normas, métodos e
técnicas - e faz um esclarecimento sobre essa visão empiricista na qual tem tanto os
elementos de Popper na questão da verificação da validade ou não de uma teoria,
mesmo abordando os princípios do indutivismo defendido por Kuhn.
Podemos entender que a princípio o conhecimento não pode ser feito por
empiristas ou racionalistas sozinhos, mas por uma combinação, além do documento
histórico das origens das teorias com o uso da informação registrada –
armazenamento, recuperação de uma coisa - e considerando os objetivos e os
valores humanos e isso tanto Popper, Kuhn e Tomanik parecem concordar neste
sentido. Ou seja, o que percebemos é que o conhecimento científico é construído
de forma coletiva – por haver uma necessidade de se consultar as teorias já
existentes em determinada área do conhecimento trabalhada por outros – assim, os
resultados das soluções dos problemas propostos nas pesquisas são solucionados
pelos cientistas onde a informação é interpretada e disponibilizada/publicada, daí,
vai ser interpretada por outro indivíduo, este também agregará conhecimento com
seus valores e princípios. No entanto, este conhecimento, poderá ser demonstrado
de forma diferenciada do inicial, pois irá conter a soma das informações e valores e
da formação desse indivíduo. Porém ao fazer uma reinterpretação da informação
fazendo registro dela – o uso da escrita e de documentos – este é quem irá
demonstrar a composição e a contextualização do novo conhecimento – estamos
nos referindo das conclusões que o cientista traz a tona dos seus estudos. Ou seja,
o registro propriamente dito para uso e posterior acesso e recuperação da
informação por parte da comunidade científica ou para o público em geral.
Portanto, a distinção entre a ciência e a não-ciência torna-se fácil de
compreender, pois de acordo com Chalmers (1993) são científicas apenas aquelas
teorias capazes de ser claramente avaliadas em termos do critério universal (registro
e recuperação das informações) e que sobrevivem ao teste falseabilidade ou
refutação proposto por Popper. É assim que um racionalista indutivista poderá
decidir que a astrologia não é uma ciência por não ser derivada indutivamente dos
fatos da observação, enquanto um falsificacionista poderá decidir que o marxismo
não é científico por não ser falsificável. O racionalista típico aceitará como evidência
que se deva dar um alto valor ao conhecimento desenvolvido segundo o critério
universal, mas se compreendermos o processo como meio de se chegar à verdade.
Então, a verdade seria a racionalidade e a ciência, está verdade seria vistas como
sendo intrinsecamente boas. Assim, podemos concluir que as teorias científicas -
informações registradas e documentadas - de acordo com Chalmers (1993) são um
tipo especial de produto social, embora a extensão em que são capazes de lidar
com o mundo físico, que não é um produto social, não seja determinada
socialmente, pois o trabalho de cientista mesmo feito deforma coletiva por pesquisar
o conhecimento de outros autores boa parte dele é feito de forma individual. Cada
área do conhecimento deve ser julgada pelos próprios méritos, pela investigação de
seus objetivos, e, em que extensão é capaz de alcançá-los. Mais ainda, os próprios
julgamentos relativos aos objetivos serão relativos à situação social e o nível do
resultado de cada estudo/pesquisa e da informação que será disponibilizada.
Desta forma, temos como entendimento que o conhecimento e a ciência são
produtos do ser humano na tentativa de se conhecer os fenômenos da natureza e os
fenômenos sociais a fim de compreendê-los no sentido de adquirirmos melhores
informações e conhecimento na tentativa prever as conseqüências dos problemas
e de melhorar o mundo em que vivemos. No entanto, seria isso verdadeiro? Este
questionamento é em razão das conseqüências do uso e dos produtos gerados
pelas ciências e do conhecimento como um todo, podendo ser questionadas pelas
destruições que vemos hoje em relação à degradação do nosso planeta. Isso vai
caber a cada um de nós respondermos no nosso interior, o que podemos fazer como
cientistas ao fazermos uso da informação e do conhecimento gerados pelas
ciências, no sentido de melhorarmos a nós mesmos e o meio em que vivemos.
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