artigo 2 - louvor manchado - md ed. 50

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N a edição passada, vimos que o louvor é um tipo de sacrifício que representa nossa resposta à grande salvação em Cristo, isto é, não se trata de música, arte ou estética. O que mais a Bíblia nos fala sobre este tema? Leia II Crônicas 29. Entre os versos 25 e 31 temos o seguinte texto: “E pôs os levitas na casa do Senhor com címbalos, com saltérios, e com harpas, conforme ao mandado de Davi e de Gade, o vidente do rei, e do profeta Natã; porque este man- dado veio do Senhor, por intermédio de seus profetas... E Ezequias deu ordem que oferecessem o holocausto sobre o altar; e ao tempo em que começou o holocausto, começou também o canto do Senhor… E a congregação trouxe sacrifícios e ofertas de louvor, e todos os dispostos de cora- ção trouxeram holocaustos”. Esse texto possui muitos elementos que ajudam a compreender o sacrifício de louvores. Vamos destacar três deles: 1 - A revelação do louvor é progres- siva na Bíblia: Em Gênesis, Deus revela que por meio de Abraão formaria uma nação espiritual incontável. O cumpri- mento da profecia iniciou na vida de José, quando se tornou governador do Egito e conduziu toda sua família até lá. Nesse lugar, o povo de Israel cresceu, tornou-se uma grande nação, mas foi escravizado louvai 66 REVISTA MAIS DESTAQUE IMAGENS: ARTE MD/ STOCK.XCHNG A cruz é onde o adorador se encontra com o único que deve ser adorado, Jesus Társis Iraídes é pastor e Conselheiro Espiritual da Escola Bíblica da Rede Novo Tempo de Comunicação O ministério da música foi concebido por Deus e o “canto do Senhor” era apresentado quando havia sacrifício no altar LOUVOR MANCHADO COM SANGUE

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Page 1: Artigo 2 - louvor manchado - MD Ed. 50

Na edição passada, vimos que o louvor é um tipo de sacrifício que representa nossa resposta à grande salvação em Cristo, isto

é, não se trata de música, arte ou estética. O que mais a Bíblia nos fala sobre este tema? Leia II Crônicas 29. Entre os versos 25 e 31 temos o seguinte texto: “E pôs os levitas na casa do Senhor com címbalos, com saltérios, e com harpas, conforme ao mandado de Davi e de Gade, o vidente do rei, e do profeta Natã; porque este man-dado veio do Senhor, por intermédio de seus profetas... E Ezequias deu ordem que oferecessem o holocausto sobre o altar; e ao tempo em que começou o holocausto,

começou também o canto do Senhor… E a congregação trouxe sacrifícios e ofertas de louvor, e todos os dispostos de cora-ção trouxeram holocaustos”. Esse texto possui muitos elementos que ajudam a compreender o sacrifício de louvores. Vamos destacar três deles:

1 - A revelação do louvor é progres-siva na Bíblia: Em Gênesis, Deus revela que por meio de Abraão formaria uma nação espiritual incontável. O cumpri-mento da profecia iniciou na vida de José, quando se tornou governador do Egito e conduziu toda sua família até lá. Nesse lugar, o povo de Israel cresceu, tornou-se uma grande nação, mas foi escravizado

louvai

66 REVISTA MAIS DESTAQUEIMAGENS: ARTE MD/ STOCK.XCHNG

A cruz é onde o adorador se encontra com o único que deve ser adorado, Jesus

Társis Iraídes é pastor e Conselheiro Espiritual da Escola Bíblica da Rede Novo Tempo de Comunicação

O ministério da música foi concebido por Deus e o “canto do Senhor” era apresentado quando havia sacrifício no altar

LoUVoR MAnchADo com sangue

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67REVISTA MAIS DESTAQUE

era parte do plano divino que Deus fosse adorado. essa revelação se deu por intermédio de seus profetas

por Faraó. No entanto, 400 anos depois, Moisés foi escolhido para libertá-lo e conduzi-lo à terra prometida. A peregrinação durou 40 anos e, no deserto, Deus ordenou a construção de um tabernáculo.

Após a travessia do Mar Vermelho algo importante acon-tece. Moisés escreve uma canção sobre a libertação, relatada em Êxodo 15. Miriã, sua irmã, conduz o povo nessa primeira canção de adoração conhecida em toda a História (veja Pa-triarcas e Profetas, págs. 288 a 290). Até então, o povo de Deus não adorava com música. Esse cântico também é uma profecia sobre o grande conflito entre as forças do bem e do mal. Faraó representa Lúcifer com seu exército de anjos e homens rebel-des, e Moisés, o nosso libertador e salvador Jesus, suas hostes de anjos e santos redimidos. O importante é que o serviço de louvor e adoração estava apenas começando no tabernáculo Mosaico. Deus ainda não havia revelado em sua totalidade a adoração que lhe é prestada no tabernáculo celeste. Isso ocorre somente anos mais tarde, no tabernáculo Davídico.

2 - O ministério da Musica, Louvor e Adoração no Taber-náculo é concebido pelo proprio Deus: Foi por inspiração e orientação divina que Davi estabeleceu o ministério musical dos Levitas dividindo-os em funçoes e turnos específicos. Essa revelação se deu por intermédio de Seus profetas.

3 - A partir de Salomão o povo comete várias apostasias: Na ação de purificar o templo, Ezequias ordena que sejam oferecidos holocaustos sobre o altar. Aqui temos duas ofertas diferentes. A primeira é o holocausto. Em hebraico olah significa sacrifício queimado, que produz fumaça, ou seja, um sacrifício com derramamento de sangue para expiação de pecados. O segundo é o sacrifício de louvores ou açoes de graça. Nessa expressão temos zebac, sacrifício, e towdah, a raiz dessa palavra significa confissão, mas o segundo termo é uma manifestação de louvor e açoes de graças coletiva, oferecida a Deus por alguma dádiva ainda não alcançada. Portanto, o sacrifício de louvor era um ato de fé que envolvia: (a) uma confissão, (b) a morte de um cordeiro, (c) uma oferta de louvor ou gratidão pela aceitação divina do sacrifício oferecido pelo pecado e (d) uma canção que representasse essa oferta de louvor.

Paradoxo de louvor

Em qualquer tipo de oferta, o adorador deveria oferecer um cordeiro. Esse animal não possui substituto. Na natureza, nada é capaz de fazê-lo, nem dinheiro, penitências, promessas ou santos. Meu próprio coração também não serve, pois somente o cordeiro pode ser ofertado. Quando ele morre, o incenso é gera-do da gordura que é queimada sobre o altar. Meus oferecimentos são misturados a esse incenso que sobe a Deus. É exatamente assim que a adoração deve proceder. Ela só é possível por causa da morte do cordeiro, que ocorre apenas quando existe pecado. Que paradoxo, não? Como posso adorar sem que o cordeiro morra? Como posso oferecer algo, se não possuo pecados para confessar? Como posso agradecer sem o objeto do meu agra-decimento? A cruz é onde o adorador se encontra com o único que deve ser adorado, Jesus.

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louvai

68 REVISTA MAIS DESTAQUE

Visão do Espírito de Profecia

“Cristo, nosso Mediador, e o Espírito Santo estão constantemente interceden-do em favor do homem, mas o Espírito não pleiteia por nós como faz Cristo, que apresenta Seu sangue, derramado desde

a fundação do mundo; o Espírito opera em nosso coração, extraindo dele oraçoes e penitência, louvor e açoes de graças… Os cultos, as oraçoes, o louvor, a penitente confissão do pecado, sobem dos crentes fiéis, qual incenso ao santuário celestial, mas passando através dos corruptos ca-nais da humanidade, ficam tão macula-dos que, a menos que sejam purificados por sangue, jamais podem ser de valor perante Deus… Todo incenso dos taber-náculos terrestres têm de umedecer-se com as purificadoras gotas do sangue de Cristo… Então, perfumado com os méri-tos da propiciação de Cristo, o incenso ascende perante Deus completa e inteira-mente aceitável. Voltam então graciosas respostas” (Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 340 a 344).

Esse texto é fantástico. Primeiro, por possuir toda a verdade bíblica sobre o louvor, e segundo, por descortinar dian-te de nós um caminho excelente que vai além das discussoes vigentes sobre ado-ração. Tal trecho confirma que o louvor não se origina no coração do homem, mas

em Deus. É Cristo que toma a iniciativa de restaurar a adoração, quebrada pelo pecado. Vemos também que não existe oferta pura por parte do ser humano, pois a nossa natureza é impura e pecaminosa. A intercessão dEle nos habilita ao louvor através das purificadoras gotas de Seu sangue derramado na cruz. Para finalizar, cito mais um texto precioso: “A forma e a cerimônia não constituem o reino de Deus… Aparelhamento faustoso, ótimo canto e música instrumental na igreja não convidam o coro angélico a cantar também. À vista de Deus, estas coisas são como os galhos da figueira infrutífe-ra, que só mostrava folhas pretensiosas. Cristo espera fruto, princípios de bonda-de, simpatia e amor. Estes são os princí-pios do Céu... Pode uma congregação ser a mais pobre da Terra, sem música nem ostentação exterior, mas se possuir esses princípios, os membros poderão cantar, pois a alegria de Cristo está em sua alma, e esse canto podem eles dedicar como oferenda a Deus” (Evangelismo, págs 511 e 512).

IMAGENS: DIVULGAÇÃO

não existe oferta pura por parte do ser humano, pois a nossa natureza é impura e pecaminosa