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1 Uma publicação do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária NERA. Presidente Prudente, abril de 2015, número 88. ISSN 2177-4463. www.fct.unesp.br/nera A A R R T T I I G G O O D D A A T T A A L L U U T T A A As jornadas de junho/julho de 2013, a permanência dos movimentos socioterritoriais e suas ações no campo paulista em 2013 A A R R T T I I G G O O D D O O M MÊ Ê S S Entrando e saindo do território: o território enquanto práxis humana, notas para discussão www.fct.unesp.br/nera/artigodomes.php E E V V E E N N T T O O S S 2ª Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária UNESP/São José do Rio Preto São Paulo, 22 a 24 de abril de 2015. II Encontro Internacional Participação, Democracia e Políticas Públicas UNICAMP/Campinas São Paulo, 27 a 30 de abril de 2015. III Colóquio Habitat e Cidadania: habitação no campo, nas águas e nas florestas UnB/Brasília Distrito Federal,12 a 15 de maio de 2015. P P U U B B L L I I C C A A Ç Ç Õ Õ E E S S, , V V Í Í D D E E O O S S E E P P O O D D T T E E R R R R I I T T O OR R I I A AL L Relatório DATALUTA Brasil 2013. Autor(es): Rede DATALUTA. O relatório permite apreender o quadro geral das principais informações concernentes à luta pela terra no campo brasileiro. Também estão disponíveis relatórios na escala estadual de SP, SE, MG, MS, MT, PR, RS e PB. Para baixar: http://www2.fct.unesp.br/nera/projetos.php. Assentamento Barra 1: celeiro da esperança. Direção:Natacha Moura e Rayson Rayder. Em meio tantas dificuldades surge a resistência e um sonho, nesse sonho uma esperança e através da esperança a realidade. Para ver: https://www.youtube.com/watch?v=ct2A1RKDa ow. PodCast Unesp Pod Territorial. Autores: Vários O Podcast Unesp, em parceria com a Cátedra Unesco Educação do Campo e Desenvolvimento Territorial, publica semanalmente noticiário sobre Reforma Agrária, povos de diferentes etnias, questões geográficas e outros assuntos que colaboram significativamente no desenvolvimento social. Para ouvir/baixar: http://podcast.unesp.br/. APOIO Editoração: Danilo Valentin Pereira (bolsista FAPESP), Pedro Henrique C. de Morais (bolsista PIBIT) e Hugo A. Alves (bolsista PROEX). Revisão: Tiago E. A. Cubas (bolsista FAPESP), Leandro N. Ribeiro (bolsista CAPES), Ana L. Teixeira (bolsista FAPESP), Hellen C. C. Garrido (bolsista AUIP/PAEDEX), Helen C. G. M. da Silva (bolsista CNPQ), Lara C. Dalpério (bolsista FAPESP) e Rodrigo S. Camacho. Coordenação: Janaína F. S. C. Vinha, Eduardo P. Girardi, Juliana G. B. Mota (bolsista FAPESP) e Valmir J. de O. Valério (bolsista CNPq). Leia outros números do BOLETIM DATALUTA em www.fct.unesp.br/nera

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Page 1: ARTIGGOO UDDAATTAALLUTTAA ARTIIGGOO MDDOO MÊÊSS …

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Uma publicação do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária – NERA. Presidente Prudente, abril de 2015, número 88. ISSN 2177-4463.

www.fct.unesp.br/nera

AARRTTIIGGOO DDAATTAALLUUTTAA As jornadas de junho/julho de 2013, a permanência dos movimentos socioterritoriais e suas

ações no campo paulista em 2013

AARRTTIIGGOO DDOO MMÊÊSS Entrando e saindo do território: o território enquanto práxis humana, notas para discussão

www.fct.unesp.br/nera/artigodomes.php

EEVVEENNTTOOSS 22ªª JJoorrnnaaddaa UUnniivveerrssiittáárriiaa eemm DDeeffeessaa ddaa RReeffoorrmmaa AAggrráárriiaa

UNESP/São José do Rio Preto – São Paulo, 22 a 24 de abril de 2015.

IIII EEnnccoonnttrroo IInntteerrnnaacciioonnaall PPaarrttiicciippaaççããoo,, DDeemmooccrraacciiaa ee PPoollííttiiccaass PPúúbblliiccaass UNICAMP/Campinas – São Paulo, 27 a 30 de abril de 2015.

IIIIII CCoollóóqquuiioo HHaabbiittaatt ee CCiiddaaddaanniiaa:: hhaabbiittaaççããoo nnoo ccaammppoo,, nnaass áágguuaass ee nnaass fflloorreessttaass UnB/Brasília – Distrito Federal,12 a 15 de maio de 2015.

PPUUBBLLIICCAAÇÇÕÕEESS,, VVÍÍDDEEOOSS EE PPOODD TTEERRRRIITTOORRIIAALL

Relatório DATALUTA Brasil 2013. Autor(es): Rede DATALUTA. O relatório permite apreender o quadro geral das principais informações concernentes à luta pela terra no campo brasileiro. Também estão disponíveis

relatórios na escala estadual de SP, SE, MG, MS, MT, PR, RS e PB. Para baixar: http://www2.fct.unesp.br/nera/projetos.php.

Assentamento Barra 1: celeiro da esperança. Direção:Natacha Moura e Rayson Rayder.

Em meio tantas dificuldades surge a resistência e um sonho, nesse sonho uma esperança e através da esperança a realidade. Para ver: https://www.youtube.com/watch?v=ct2A1RKDaow.

PodCast Unesp – Pod Territorial. Autores: Vários O Podcast Unesp, em

parceria com a Cátedra Unesco Educação do Campo e Desenvolvimento Territorial, publica semanalmente noticiário sobre Reforma Agrária, povos de diferentes etnias, questões geográficas e outros assuntos que colaboram significativamente no desenvolvimento social. Para ouvir/baixar: http://podcast.unesp.br/.

APOIO Editoração: Danilo Valentin Pereira (bolsista FAPESP), Pedro Henrique C. de Morais (bolsista PIBIT) e Hugo A. Alves (bolsista PROEX).

Revisão: Tiago E. A. Cubas (bolsista FAPESP), Leandro N. Ribeiro (bolsista CAPES), Ana L. Teixeira (bolsista FAPESP), Hellen C. C. Garrido (bolsista AUIP/PAEDEX), Helen C. G. M. da Silva (bolsista CNPQ), Lara C. Dalpério (bolsista FAPESP) e Rodrigo S. Camacho.

Coordenação: Janaína F. S. C. Vinha, Eduardo P. Girardi, Juliana G. B. Mota (bolsista FAPESP) e Valmir J. de O. Valério (bolsista CNPq).

Leia outros números do BOLETIM DATALUTA em www.fct.unesp.br/nera

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NERA – Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária – Artigo DATALUTA: abril de 2015.

Disponível em www.fct.unesp.br/nera 2

AS JORNADAS DE JUNHO/JULHO DE 2013, A PERMANÊNCIA DOS MOVIMENTOS SOCIOTERRITORIAIS E SUAS AÇÕES NO CAMPO PAULISTA EM 2013

Eduardo Paulon Girardi

Professor do Departamento de Geografia – FCT/Unesp NERA – Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária

[email protected]

Ricardo Pires de Paula Professor do Departamento de Geografia – FCT/Unesp

NERA – Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária [email protected]

Hellen Carolina Gomes Mesquita da Silva

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia da FCT/Unesp NERA – Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária

[email protected]

Lorena Izá Pereira Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia da FCT/Unesp

NERA – Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária [email protected]

INTRODUÇÃO

O ano de 2013 foi marcado pela retomada de grandes mobilizações populares no Brasil. Desde as

passeatas que ganharam as ruas em 1992, exigindo o afastamento do então presidente Fernando Collor de

Melo, o país não assistia ao alastramento de massivos protestos. Por alguns meses, intelectuais, imprensa

e políticos acompanharam atônitos os acontecimentos de junho-julho de 2013 e sugeriram hipóteses em

interpretações para os desdobramentos dessas manifestações.

Passado o calor dos eventos, podemos nos debruçar com maior propriedade sobre as

características dos movimentos que eclodiram em 2013 e compará-los com os movimentos socioterritoriais

do campo que vêm se notabilizando pelo protagonismo político, evidenciado em suas diversas formas de

luta pela terra nas últimas três décadas. Pretendemos, no presente artigo, fazer uma breve análise da

atuação dos movimentos socioterritoriais no estado de São Paulo em comparação aos eventos ocorridos

em junho-julho de 2013. Nesse sentido, faremos uso dos números apresentados no Relatório DATALUTA

São Paulo 2013 referentes às categorias ocupações e manifestações.

O Relatório DATALUTA São Paulo 2013 completo está disponível no endereço

http://www2.fct.unesp.br/nera/projetos.php , assim como o Relatório DATALUTA Brasil 2013 e os demais

relatórios estaduais e regionais do DATALUTA.

AS JORNADAS DE JUNHO/JULHO DE 2013

Em meados de junho de 2013 a cidade de São Paulo foi palco de passeatas e protestos que

rapidamente se alastraram para outras cidades do estado de São Paulo e estados brasileiros. De uma

pauta específica, a rejeição ao aumento no valor dos transportes coletivos, e de um movimento

determinado, o Movimento Passe Livre (MPL), os protestos se diversificaram no conteúdo e na sua

composição até o mês seguinte quando as manifestaram cessaram.

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NERA – Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária – Artigo DATALUTA: abril de 2015.

Disponível em www.fct.unesp.br/nera 3

Diversas foram as interpretações que afirmavam que se tratava de um desdobramento dos

movimentos populares que ocorreram em várias partes do mundo em 2011 (Primavera Árabe, Indignados,

Occupy). Ainda que a forma de convocação dos protestos e o uso das redes sociais guardassem alguma

semelhança, as motivações e bandeiras de luta foram se mostrando bastante diversas dos movimentos de

2011 pelo mundo. Uma plêiade de razões é apontada como responsável pelas ações que ganharam as ruas

das cidades brasileiras: esgotamento do pacto político-econômico ensejado pelos governos Lula-Dilma,

falência dos modelos de gestão urbana, crise das instituições políticas tradicionais e insuficiência das

políticas públicas em contraposição aos sucessivos escândalos de corrupção.

ATUAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIOTERRITORIAIS NO ESTADO DE SÃO PAULO EM 2013

Em 2013, no estado de São Paulo, foram registradas 41 ocupações de terras realizadas por

movimentos socioterritoriais camponeses e indígenas, contando com a participação de 3.284 famílias. As

ocupações foram realizadas por quatro movimentos socioterritoriais distintos: Movimento dos Trabalhadores

Rurais Sem Terra (MST), MST da Base, Movimento dos Agricultores Sem Terra (MAST) e Movimento

Indígena. As ações se concentraram, sobretudo, nas regiões do Pontal do Paranapanema, Bauru,

Campinas, Marília, Araçatuba e São Paulo, como pode ser visto no mapa 11. Como mostra o Gráfico 1,

2013 não apresentou evolução importante no contexto da tendência de baixa de ocupações no estado

verificada desde 2010.

1 1 5 6 16

30

58 67

83

69

133

90

41 32

46 50

99

79

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37

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36 41

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140

160

180

200

1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Fonte: DATALUTA - Banco de Dados da Luta pela Terra, 2013. www.fct.unesp.br/nera

GRÁFICO 1 - SÃO PAULO - NÚMERO DE OCUPAÇÕES - 1988-2013

1 O mapa 1 está também no Relatório DATALUTA 2013 São Paulo e a metodologia de elaboração visa o dimensionamento com o

conjunto de ocupações realizadas entre 1988-2013, já que o maior máximo utilizado na lengenda é o acumulado do período 1988-2013. Compare os mapas 1 e 4 do Relatório DATALUTA São Paulo 2013.

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NERA – Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária – Artigo DATALUTA: abril de 2015.

Disponível em www.fct.unesp.br/nera 4

De todas as ocupações realizadas no ano de 2013, o MST e o MST da Base aparecem como

movimentos mais expressivos em número de ações e famílias. O MST realizou 23 ocupações com 2.062

famílias, distribuídas em 14 municípios, enquanto o MST da Base realizou 12 ocupações com 580 famílias

em 7 municípios. Além das ocupações individuais também foram registradas 3 ocupações conjuntas, as

quais foram compostas pelo MST da Base, MAST e com a participação da Central Única dos Trabalhadores

(CUT). Também foram registradas duas ocupações nos municípios de São Bernardo do Campo e São

Paulo realizadas por Movimentos Indígenas, contando com a participação de 42 famílias.

Na região de Bauru destacam-se duas ocupações na Fazenda Santo Henrique, da indústria de

sucos de laranja Cutrale, localizada em Borebi, realizadas em junho e julho. A área tem sido ocupada por

movimentos socioterritoriais camponeses desde 2008 e até então já foram realizadas seis ocupações, todas

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NERA – Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária – Artigo DATALUTA: abril de 2015.

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elas pelo MST, mobilizando ao todo 1.010 famílias. Outra área que se destaca nas ações dos movimentos

socioterritoriais no ano de 2013 é a Fazenda São Domingos, ocupada nos meses de junho e outubro pelo

MST, reunindo 187 famílias. A fazenda são Domingos destaca-se pelo número de ocupações que já foram

realizadas em sua área. Segundo o DATALUTA já são 19 ocupações concretizadas pelo MST, com a

participação de 7.066 famílias entre os anos de 1995 e 2013. As ações mais expressivas em números de

famílias que ocorreram nesta área são as dos anos de 1995 e 1996, chegando a mobilizar, em uma única

ocupação, 2.500 famílias em 1995. As ocupações são realizadas sob a alegação do MST de que a

propriedade já foi desapropriada para a reforma agrária, mas os donos vêm protelando a entrega das terras

com ações na justiça.

O Gráfico 2 mostra as conquistas de assentamentos rurais no ano de 2013 no estado de São

Paulo. Foram criados em 2013 dez novos assentamentos no estado com o assentamento de 612 famílias

em 9.042 hectares. Essas conquistas são fruto da luta constante dos movimentos e estão na metade oeste

do estado, como mostra o Mapa 22.

0 1

3

6

0 1 1

0 0 0

4

0

30 28

54

6

13

5

10 12

16

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12

4 2

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20

30

40

50

60

1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

GRÁFICO 2 - SÃO PAULO - NÚMERO DE ASSENTAMENTOS RURAIS - ASSENTAMENTOS CRIADOS - 1985-2013

Fonte: DATALUTA: Banco de Dados da Luta pela Terra, 2014. www.fct.unesp.br/nera

2 O mapa 2 está também no Relatório DATALUTA 2013 São Paulo e a metodologia de elaboração visa o dimensionamento com o

conjunto de assentamentos criados entre 1979-2013, já que o maior máximo utilizado na lengenda é o acumulado do período 1988-2013. Compare os mapas 5 e 8 do Relatório DATALUTA São Paulo 2013.

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NERA – Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária – Artigo DATALUTA: abril de 2015.

Disponível em www.fct.unesp.br/nera 6

No estado de São Paulo foram registradas 66 manifestações no decorrer do ano de 2013.

Destacamos a concentração de manifestações e de pessoas participantes nestas ações na capital do

estado, uma vez que é o centro de tomada de decisões e onde os movimentos possuem maior visibilidade.

No que se refere ao número de pessoas participantes de manifestações, foram registrados 24.444

participantes. Como pode ser visto no Gráfico 3, as manifestações apresentam crescimento contínuo. Os

movimentos socioterritoriais do campo que realizaram as manifestações em 2013 foram: Federação dos

Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (FERAESP), Federação da Agricultura Familiar

(FAF), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

(MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores

Rurais (STTR), Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), Movimento Indígena, Movimento quilombola,

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NERA – Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária – Artigo DATALUTA: abril de 2015.

Disponível em www.fct.unesp.br/nera 7

Movimento dos Agricultores Sem Terra (MAST) e MST da Base. Participaram conjuntamente os

movimentos Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Movimento Passe Livre (MPL), Central

Única dos Trabalhadores (CUT), Pastoral da Juventude Rural (PJR), Central dos Trabalhadores e

Trabalhadoras do Brasil (CTB), União Nacional dos Estudantes (UNE) e Organização Independente (OI).

Destacamos a expressividade do MST, já que este movimento participou de 40 das 66 manifestações

ocorridas no estado, seja individualmente ou em conjunto com os demais movimentos.

16.541

7.880 10.630

21.220

27.117

40.270

11.959

34.150

11.170 13.030

10.282

13.645

19.065

24.444

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

45.000

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Ano

GRÁFICO 3 - SÃO PAULO - MANIFESTAÇÕES DO CAMPO - 2000-2013 RELAÇÃO DO NÚMERO DE MANIFESTAÇÕES E PESSOAS ENVOLVIDAS

Pessoas em manifestações Manifestações

me

ro d

e p

esso

as

me

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e m

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es

Fonte: DATALUTA - Banco de Daddos da Luta Pela Terra, 2014. www.fct.unesp.br/nera

No que tange a tipologia de manifestações que ocorreram no ano de 2013, baseadas na

classificação do DATALUTA, tivemos: bloqueio de rodovia, concentração em espaço público, celebração

religiosa, panfletagem, marcha, temática (exemplos são: Janeiro Quente e Abril Vermelho), ocupação de

espaço privado, greve de fome e ocupação de prédio público. As tipologias de bloqueio de rodovia e

ocupação de prédio público foram as mais expressivas neste ano. No caso da tipologia de ocupação de

prédio público, os focos mais recorrentes são o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

(INCRA) e Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP), pelo fato de serem estes órgãos

os responsáveis pela criação de assentamentos na escala nacional e estadual. A maior manifestação foi

uma marcha que ocorreu na Avenida Paulista, sendo realizada por Movimento Indígena, com 4.000

participantes protestando contra todos os projetos anti-indígenas do Congresso Nacional.

Dentre as principais pautas das manifestações há a reivindicação por desapropriação de terras

para a criação de assentamentos, bem como melhoria desses, maior agilidade no processo de reforma

agrária, acesso a crédito para habitação. Também ocorreram manifestações reivindicando áreas de

fazendas específicas, como o caso da ocupação da sede regional do INCRA no município de Bauru,

realizada pelo MST no dia 07 de março de 2013, no qual a pauta foi a reivindicação da fazenda Santo

Henrique.

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NERA – Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária – Artigo DATALUTA: abril de 2015.

Disponível em www.fct.unesp.br/nera 8

CONSLUSÕES

Da mesma forma que surpreenderam pela velocidade com que eclodiram, as manifestações gerais

de junho-julho de 2013 também surpreenderam pela forma como se desfizeram. Os números e a

abrangência foram diminuindo, encerrando-se as ações massivas no início de julho, sem que houvesse

perspectivas de continuidade3. Diferentemente do que alguns chegaram a prenunciar, não foi o fim dos

movimentos populares tradicionais e nem das organizações políticas de esquerda que supostamente não

seriam capazes de acompanhar os rumos da mudança. Movimentos como os dos camponeses e dos

indígenas continuaram se manifestando contra os mecanismos que historicamente têm sido responsáveis

3 Para uma breve análise das jornadas de junho/julho de 2013, consultar: MARICATO, Ermínia. (et. AL.). Cidades Rebeldes: Passe

Livre as Manifestações que Tomaram as Ruas do Brasil. SP: Boitempo: Carta Maior, 2013.

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NERA – Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária – Artigo DATALUTA: abril de 2015.

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pela injusta distribuição de terra, renda e poder no país, reforçando a tese que tais movimentos continuam

sendo os principais sujeitos coletivos efetivos no enfrentamento a questões estruturais no Brasil.

Isso pode ser visto, por exemplo, no fato de que as ocupações de terra no estado de São Paulo

ocorreram da seguinte forma no ano de 2013: duas em janeiro, duas março, três em abril, duas em maio,

nove em junho, uma em julho, cinco em agosto, uma em setembro, seis em outubro e nove em novembro.

Também nas manifestações, que tiveram a seguinte distribuição nos meses: oito em janeiro, duas em

fevereiro, cinco em março, sete em abril, oito em junho, onze em agosto, seis em setembro, seis em

outubro, quatro em novembro e duas em dezembro. Isso indica que os movimentos socioterritoriais do

campo participaram com suas ações no conjunto de manifestações gerais de junho-julho de 2013, mas

antes e depois desse período apresentaram importante participação, indicando que de fato constituem e

permanecem como as principais forças sociais de massa do Brasil.