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ARTE SOLIDÁRIA Prêmio Responsabilidade Social SINEPE RS Categoria: Desenvolvimento Cultural

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ARTE SOLIDÁRIA

Prêmio Responsabilidade Social – SINEPE – RS Categoria: Desenvolvimento Cultural

1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO

1.1 Colégio Regina Coeli

Originárias da França, em 1917, um grupo de religiosas da Congregação de

São José fundou, em Alfredo Chaves, uma escola exclusivamente dedicada à

formação cristã das moças, inicialmente com o nome de São José.

Em 1946, a comunidade mobilizou-se num movimento em apoio às

atividades educacionais dos Irmãos Maristas e das Irmãs de São José, tendo como

objetivo a ampliação do Ensino formal e a construção de dois Ginásios: O Divino

Mestre, dos Irmãos Maristas e a Escola Normal Regina Coeli, das Irmãs de São

José, que em 1979 se unificaram, formando a Escola de 1º e 2º Graus Regina

Coeli.

Em 30 de maio de 1948 foi inaugurado o prédio, onde funciona atualmente o

Colégio Regina Coeli.

No dia 26 de fevereiro de 1969, fundou-se uma entidade comunitária, que

passou a administrar a Escola, com a denominação de Centro Comunitário

Veranense de Educação e Assistência, CECOVEA, desvinculando-se da Congregação de São José.

O Ensino Médio (Científico) foi criado em 1991 atendendo um apelo dos pais para manterem os filhos mais tempo próximos à família e

prepará-los para o Vestibular e para o ENEM.

Conforme Ata n° 205/99 de 8/12/99 e atendendo normas do CEED houve necessidade de nova designação passando a Escola a

denominar-se Colégio Regina Coeli, situado na Avenida Júlio de Castilhos, 453, na cidade de Veranópolis.

O Colégio Regina Coeli oferece hoje, Creche, Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Curso Normal. Também oferece

Ensino Superior, na modalidade Educação à Distância em parceria com a Universidade Norte do Paraná – UNOPAR VIRTUAL.

1.2 Cenário e justificativa

No Colégio Regina Coeli, diferentes projetos e atividades proporcionam uma aprendizagem de excelência que ultrapassa os muros da

escola e vai além dos conteúdos formais de sala de aula. Desenvolve-se uma educação diferenciada, proporcionando aos estudantes vivências

e experiências que vinculam a escola com a vida, aprimorando a capacidade crítica, criativa e de responsabilidade social.

Assim sendo, no ano 2015, para dar continuidade a essa proposta de trabalho, os professores da Área de Linguagens desafiaram-se a

transformar o projeto de incentivo à leitura em um projeto artístico/literário que olhasse também para as questões sociais, direcionando-o a uma

AÇÃO SOLIDÁRIA. Neste ano, a comunidade escolar perdia a diretora, professora Tatiana Reali, vítima de câncer. Um misto de tristeza e

sofrimento abateu-se sobre a escola. A nova realidade proporcionou inúmeros questionamentos. Tinha-se pela frente um grande desafio, mas o

legado deixado por essa amiga e colega ajudou a todos a buscar a superação e fazer nascer o projeto Arte Solidária. O foco do trabalho seria

alicerçado na Literatura, na Arte e, principalmente, na Ação Social fator determinante para alavancar o projeto. Desse modo, essa ação estaria

diretamente ligada à Liga Feminina Regional de Combate ao Câncer.

O projeto teve início no segundo semestre de 2015. Escolheu-se clássico literário “A Bela e a Fera” e o conto homônimo de Clarice

Lispector. Apresentou-se a proposta aos alunos do 8º ano ao Ensino Médio possibilitando-os opinar, debater e ajudar na construção de um

compromisso social. Antes de qualquer atitude, era importante compreender que solidariedade é uma ação generosa, do coração e de que é

preciso uma abertura para perceber quem precisa, como e onde é possível ajudar sem esperar nada em troca.

Após a leitura do conto de Clarice e a análise da obra cinematográfica La Belle et la Bête, dirigida por Christophe Gans, discutiu-se com

todos os envolvidos no projeto o paradoxo entre a “bela” e a “fera” de cada ser humano destacando os pré-julgamentos do que é belo, feio,

certo, errado, bom, ruim, positivo, negativo. Surgiu, então, ideia de criar uma nova versão para essa história: uma metáfora da transformação e

da transcendência humana através do processo de autoconhecimento, do altruísmo e do poder transformador do amor.

Para mostrar aos alunos essa nova realidade, buscou-se a ajuda da Liga Feminina Regional de Combate ao Câncer de Veranópolis

(LFRCC), que através de sua presidenta Srª Ivânia Meneguzzo, diretoria e membros voluntários expuseram o trabalho e as necessidades

encontradas por essa atuante entidade.

As dificuldades foram apresentadas em sala de aula aos alunos que sugeriram, então, o gesto social do projeto Arte Solidária: a

sensibilização da comunidade escolar e regional para a doação não só de cabelos, como também, nas noites de apresentação do espetáculo,

de dinheiro para a confecção de perucas. A ideia de criar parceria com salões de beleza do município na oferta de cortes gratuitos às pessoas

que doassem o cabelo à LFRCC, veio em decorrência.

A culminância desse projeto ocorreu nos dias 6 e 7 de julho de 2016, na Sociedade Alfredo Chavense (SOAL), em Veranópolis, com

entrada franca.

1.3 Objetivos e desafios O projeto tem como objetivos:

realizar um espetáculo que alie cultura à ação social;

promover a discussão sobre temas sociais a partir da leitura do conto “A Bela e a Fera”, de

Clarice Lispector;

despertar o senso de justiça e suas variantes;

respeitar as diferentes belezas, pensamentos, verdades;

desenvolver a habilidade de expor e argumentar suas sugestões ao grande grupo, buscando a

aceitação ou compreendendo a refutação.

trabalhar a conscientização do ato solidário;

desenvolver os talentos com foco na ação social e não no “aplauso”;

incentivar não só alunos e familiares mas também a comunidade veranense à doação de

cabelos para a Liga Feminina Regional de Combate ao Câncer;

sensibilizar os cabelereiros de Veranópolis a oferecerem gratuidade em cortes destinados à

doação de cabelos;

auxiliar a Liga Feminina de Combate ao Câncer a arrecadar fundos para a confecção de

perucas;

despertar no público o interesse pela solidariedade e motivar os alunos pertencentes às turmas anteriores

ao 8º ano a participarem de ações que visem o bem comum;

incentivar atitudes de cunho social.

O grande desafio do projeto é sensibilizar a comunidade escolar para olhar além da aparência. Num

mundo capitalista em que predomina a competição, onde há crise financeira, de valores éticos e morais, cabe à

escola trabalhar a união entre as pessoas, a parceria e o espírito de equipe, condutas necessárias para o bom

convívio em sociedade, oferecendo aos alunos oportunidades para exercitarem a solidariedade, o perdão, a

doação.

2. ENVOLVIMENTO COM OS PÚBLICOS DE INTERESSE

2.1 Públicos de interesse do projeto

O projeto envolveu os seguintes públicos:

2.1.1 O público diretamente envolvido com a realização do projeto está relacionado ao 8º ano do Ensino

Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio e Voluntárias da Liga Feminina,

totalizando 140 discentes e 30 voluntárias, assim distribuídos:

Núcleo Central: 10 alunos Musical Belas: 20 alunas Musical Belas e Feras: 30 alunos Musical Floresta: 20 alunos Musical Final: 30 alunos Cantores: 04 alunas Declamadores: 03 alunos Personagens Principais homônimos da recepção: 15 alunos Bastidores: 8 alunos

Liga Feminina: 30 voluntárias

2.1.2 Comunidade Escolar: cerca de 1000 pessoas

2.1.3 Comunidade Veranense: cerca de 1200 pessoas

2.1.3 Escolas convidadas de Veranópolis e Região (Redes Municipal,

Estadual, Particular): em torno de 2000 espectadores, divididos em duas

sessões (manhã e tarde).

2.1.4 Equipe diretiva, supervisores, coordenadores, professores e funcionários do Colégio Regina Coeli.

2.1.5 Autoridades dos Poderes Executivo e Legislativo, Direções de Escolas, Presidente do CPM,

CECOVEA, Presidente da SOAL, Imprensa escrita e falada.

2.1.6 Entidades: APAE e Liga Feminina de Combate ao Câncer

2.2. Formas de envolvimento

Para que o projeto fosse executado, os alunos e as voluntárias da LFRCC deveriam envolver-se em seus principais passos:

sensibilizar-se com o tema proposto – olhar além da aparência;

assistir ao filme “A Bela e a Fera”;

ler a obra homônima de Clarice Lispector fazendo uma análise crítica e comparativa entre os textos;

incentivar a ação solidário;

participar da culminância – apresentação da produção teatral e sua avaliação.

3. GESTÃO DO PROJETO

3.1 Estratégias e ações adotadas

O planejamento das atividades do projeto Arte Solidária iniciou no segundo semestre de 2015 com a escolha da obra literária que

nortearia a peça teatral. Os alunos envolvidos realizaram a leitura do conto “A Bela e Fera”, de Clarice Lispector e assistiram ao filme dirigido

por Christophe Gans. Em seguida, analisam, interpretaram e discutiram os dois textos, estimulando-se o debate sobre o paradoxo entre a bela e

a fera de cada ser humano. Após conheceram o trabalho das voluntárias da LFRCC e assumiram, juntamente com a coordenação do projeto, a

ação social que definiria o trabalho: sensibilização para doação de cabelo e arrecadação de fundos para a confecção de perucas.

3.2 Metodologia de aplicação e execução do projeto

No início do ano letivo de 2016, os alunos leram e analisaram o texto base para a apresentação a fim de sugerir mudanças no enredo. A

seguir, inscreveram-se para a realização dos testes seletivos das personagens da apresentação. Essa inscrição poderia ser realizada tanto no

âmbito das personagens principais, quanto a todas as demais funções disponíveis, como: bastidores, musicais, declamadores, cantores,

recepcionistas, maquiadores, figurinistas, sonoplasta. Após a seleção das personagens, os alunos foram divididos em núcleos e começaram a

frequentar ensaios e/ou oficinas semanais com professores responsáveis.

Durante os meses de abril e maio, apresentou-se, aos proprietários de salões de beleza de Veranópolis, a proposta da ação solidária do

projeto a fim de que participassem oportunizando a gratuidade de cortes às pessoas que doassem os cabelos após a apresentação artística de

“A Bela e a Fera”.

Em meados de junho, iniciou-se o processo de integração das oficinas, dando forma e ritmo à peça teatral.

Na primeira semana de julho, foi feita a divulgação do projeto Arte Solidária:

entrevista, juntamente com a presidente da LFRCC, nas rádios da cidade;

distribuição de cartazes pelo comércio local ;

convite a todas as escolas do Município e da região (Vila Flores, Cotiporã e Fagundes Varela);

convite a todos as família da comunidade escolar Regina Coeli;

site e facebook do Colégio Regina Coeli.

A culminância do projeto deu-se nos dias 6 e 7 de julho com 4 apresentações da peça “A Bela e a Fera”.

3.3 Relato do impacto socioambiental:

A participação dos alunos no projeto, engajados, participantes e conscientes, diferencia-se pelo seu grau de comprometimento. O grande

investimento no desenvolvimento socioambiental do Projeto Arte Solidária é a valorização da vida e das relações humanas, do resgate de

valores que contribuam para uma convivência mais saudável e de bem-estar, com atitudes criativas e inovadoras focadas no amor ao próximo

e na solidariedade.

3.4 Recursos necessários: humanos, financeiros e materiais:

A realização de um projeto de tamanha estrutura necessitou de um investimento considerável da direção da instituição.

Em relação aos recursos humanos envolvidos, foram designados:

3 professores da área de linguagens - 5h semanais

3 professores responsáveis pelos musicais - 6h semanais

1 professora de teatro - 2 horas semanais

3 professores responsáveis pela decoração - 05 horas nos dias da culminância

1 costureira - 60 figurinos

3 maquiadoras - 10 horas nos dias da culminância

01 Taxa de inscrição para o aluno participante – R$ 30,00, utilizado para compra de material e pagamento de parte do figurino.

Quanto aos aspectos financeiros e materiais, a escola adquiriu livros e filmes para a realização das leituras, os figurinos para os alunos,

os materiais que compuseram o cenário, a decoração, a maquiagem, frete para o transporte de materiais diversos e equipe de sonorização e

iluminação. Nesse contexto, podemos expor os seguintes investimentos:

Recurso Valor

Pagamento de professores R$ 3.200,00

Sonorização e Iluminação R$ 4.500,00

Figurinos (material e costureiras) R$ 2.500,00

Flores e acessórios R$ 728,00

Maquiagem R$ 373,00

Material didático R$ 450,00

Aluguel do salão R$ 1.500,00

Total R$ 13.251,00

3.5 Aspectos inovadores relacionados à prática

A inovação do projeto está relacionada ao direcionamento do olhar do educando para além

de si. Ao despertar a valorização do que ele possui e, ao mesmo tempo, uma ação pró-ativa que

buscasse o desapego da aparência e a empatia em relação à vida.

A ideia de unificar a arte e o bem social encantou o público que assistiu ao espetáculo.

4. RESULTADOS

4.1 Resultados alcançados:

O Projeto Arte Solidária concretiza-se pelos seus resultados em esforços culturais e sociais.

Conforme Reverbel (Jogos Teatrais na Escola,1989) a palavra "teatro" deriva dos verbos gregos "ver,

enxergar", lugar de ver, ver o mundo, se ver no mundo, se perceber, perceber o outro e a sua relação com o

outro. Assim, pedagogicamente a arte e a literatura buscam mostrar o comportamento social e moral, por meio

do aprendizado de valores e pelo bom relacionamento com as pessoas.

Com o projeto Arte Solidária o aluno aprende a improvisar, desenvolve a socialização, criatividade, empatia, doação, cooperação,

coordenação, memorização, oralidade, leitura, pesquisa, criatividade, expressão corporal, a impostação de voz, vocabulário, habilidades para

dança, canto e as artes plásticas (pintura corporal, confecção de figurino e montagem de cenário),

trabalha questões emocionais, cidadania, ética, sentimentos, interdisciplinaridade.

O projeto também permite que o professor perceba traços da personalidade, comportamento

individual ou em grupo, bem como seu desenvolvimento, oportunizando um melhor direcionamento

pedagógico. Além disso, o desenvolvimento cultural nesse projeto está totalmente alicerçado pelo

ato solidário.

Foram oferecidos 20 cortes de cabelos por parte de

diversos salões de beleza;

alunos, familiares e comunidade veranense

envolveram-se ativamente na doação de cabelos;

após o espetáculo, a LFRCC recebeu 50 doações de

cabelos – muito além da expectativa inicial-;

durante as apresentações arrecadou-se R$ 2.559,00,

em envelopes anônimos, valor doado integralmente à

LFRCC para a confecção de perucas.

4.2 Possibilidade de replicação prática

O Projeto está organizado e estruturado com metodologia, recursos humanos e materiais necessários o que incentiva o desenvolvimento

de projetos similares ou a sua reedição. A divulgação das ações e experiências vividas pelos envolvidos favorece a replicação do Projeto.

As ações solidárias são experiências de sentido e significado para quem as vivencia e para quem as recebe; portanto, é essa a essência

em que se acredita para dar continuidade a esse trabalho cultural e social.

4.3 Avaliação da continuidade do projeto/ação

O projeto Arte Solidária colaborou para melhorar a autoestima de pessoas em tratamento oncológico, além de propor novos desafios

aos alunos incentivando-os ao gesto mais nobre do ser humano: a doação.

Fica evidenciada, dessa forma, a importância que a escola possui na formação de cidadãos atuantes e cientes de que suas ações podem

tornar-se um diferencial na sociedade.

4.4 Mensuração de Geração de Valor para a sociedade e para a instituição

Durante os ensaios semanais percebeu-se uma interação real entre os alunos dos diferentes níveis e cursos da escola;

desenvolveu-se a habilidade comunicativa e interacional, bem como postura diante do público;

houve também uma valiosa interação entre a Comunidade Escolar Regina Coeli e a LFRCC, unindo experiências e conhecimento na

execução das ações solidária;.

construiu-se identidade de grupo, envolvimento afetivo e compromisso social;

o número significativo de doações (cabelos e financeira) e a criação de outras iniciativas internas são indícios positivos;

o espetáculo já rende frutos: participação de alguns musicais no Chá das Avós da Escola Estadual Profª Virgínia Bernardi; convite para

esquete no Chá da LFRCC , em outubro.

Depoimentos

“A peça teatral “A Bela e a Fera” conseguiu transpor-se à realidade atual nos mais

diferentes temas: preconceito, a doença do câncer, bullying... confrontando e discutindo

sobre valores, costumes e crenças. O elenco trouxe vários itens que ajudaram a manter a

atenção do público: a dança, a poesia, o silêncio, a música, a arte, o espaço cênico,

imagens, sons, iluminação, falas... Além de nos levar a refletir sobre “valões” e as

“emoções” básicas que hoje são tão importantes e infelizmente esquecidos por muitos.

Sem dúvida, a magicidade e a mensagem do teatro chegaram a cada um de nós e, com

certeza, fizeram “a diferença” em nossas vidas, pois além de uma lição de vida o teatro teve

como característica principal o ser sensibilizador. ( Maria do Rosário Menin Picolli –

Professora da E. M. de Educação Fundamental Senador Alberto Pasqualini)

“Foi maravilhoso assistir à

peça A Bela e a Fera em família e

ver que a Bela enxergou dentro da

Fera algo bom, e passou uma

mensagem de que temos que olhar

além da aparência, sem

preconceitos. Pois a bondade está

dentro de cada um, basta que observemos com atenção. Vocês estão de

parabéns. (Gabriela, aluna do Colégio Municipal Ir. Joana Aimé e seus pais

Gustavo e Silvana Moro)

APRECIAÇÃO A CERCA DO ESPETÁCULO “A BELA E A FERA”

ANEXOS