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ARTE NA EDUCAÇAO NÃO ESCOLAR RESENHA DA DISSERTAÇAO BRINCANDO COM BAMBUS E PANOS: UM ESPAÇO DE APRENDIZAGEM COLETIVA Dissertação de Mestrado, USP, São Paulo, 2008 - Luis Vicente Barros Cardoso de Melo. Essa diss erta ção é o relat o de part e da hist ória de vivenc ia de Luis Vice nte Barros Cardoso de Melo. Começa antes de se formar na PUC – Rio , ainda então no curso de graduação em Dese nho indust ri al , numa sala de au la mu it o di ferente, chamada de Barraca, com telhado de lona laranja, chão de terra, parede de treliça, na qual os alunos se acomodavam da melhor maneira possível. Esse espaço é o laboratório de pesquisa do Aprendizado do Projeto em Design construída pela professora Ana Branco, na qual começou a desenvolver a metodologia de design participativo desde os anos oitenta por um grupo de professores do departamento de Artes e Design. A idéia era exercitar a curiosidade e realizar experimenta ções com materiais e formas. Ainda no curso de Desenho Industrial foi bolsista no Laboratório de Invest iga ção em Liv ing Design ( LILD ), que era cercado por bambus. A possibilidade de trabalhar com os materiais oferecidos pela natureza, como o bambu, o barro, os grãos, a liberdade de poder experimentar , investigar, errar e conversar, foram experiências significativas em s ua for mação. Em 2000 foi convidado junto com a equipe do LILD a participar de eventos do Projeto Portinari para realizar oficinas de construções com bambu, em diferentes municípios do Rio de Janeiro. Os e ventos do projet o Portinari faziam parte de um projeto chamado “Se eu fosse Portinari ...”, que eram eventos de arte-educação itinerante com oficinas e exposição das obras de Portinari. Uma dessas oficinas era de construção de cabanas, tendas e casinhas com os participantes de diferentes gerações. Essa foi a primeira vez que refletiu sobre um espaço de aprendizagem. Em 2001 foi convidado a l ecionar a disciplina eletiva BAMBU, do departamento de Artes e Desi gn da PUC-RIO. O tr abalho coletivo no bambuzal e na construção de objetos transformou a aula num espaço de convivência com significado único .

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8/7/2019 ARTE NA EDUCAÇAO NÃO ESCOLAR

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ARTE NA EDUCAÇAO NÃO ESCOLAR 

RESENHA DA DISSERTAÇAO

BRINCANDO COM BAMBUS E PANOS:

UM ESPAÇO DE APRENDIZAGEM COLETIVA

Dissertação de Mestrado, USP, São Paulo, 2008 - Luis Vicente Barros

Cardoso de Melo.

Essa dissertação é o relato de parte da história de vivencia de Luis VicenteBarros Cardoso de Melo.

Começa antes de se formar na PUC – Rio , ainda então no curso de graduaçãoem Desenho industrial, numa sala de aula muito diferente, chamada deBarraca, com telhado de lona laranja, chão de terra, parede de treliça, na qualos alunos se acomodavam da melhor maneira possível. Esse espaço é olaboratório de pesquisa do Aprendizado do Projeto em Design construída pelaprofessora Ana Branco, na qual começou a desenvolver a metodologia dedesign participativo desde os anos oitenta por um grupo de professores dodepartamento de Artes e Design. A idéia era exercitar a curiosidade e realizar experimentações com materiais e formas.

Ainda no curso de Desenho Industrial foi bolsista no Laboratório deInvestigação em Living Design ( LILD ), que era cercado por bambus. Apossibilidade de trabalhar com os materiais oferecidos pela natureza, como obambu, o barro, os grãos, a liberdade de poder experimentar, investigar, errar econversar, foram experiências significativas em sua formação.

Em 2000 foi convidado junto com a equipe do LILD a participar de eventos doProjeto Portinari para realizar oficinas de construções com bambu, emdiferentes municípios do Rio de Janeiro. Os eventos do projeto Portinari faziamparte de um projeto chamado “Se eu fosse Portinari ...”, que eram eventos dearte-educação itinerante com oficinas e exposição das obras de Portinari. Umadessas oficinas era de construção de cabanas, tendas e casinhas com osparticipantes de diferentes gerações. Essa foi a primeira vez que refletiu sobreum espaço de aprendizagem.

Em 2001 foi convidado a lecionar a disciplina eletiva BAMBU, do departamentode Artes e Design da PUC-RIO. O trabalho coletivo no bambuzal e na

construção de objetos transformou a aula num espaço de convivência comsignificado único .

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Em 2004 foi convidado pela educadora Nathércia Lacerda, a participar doprojeto Rede Brincar e Aprender, para desenvolver brinquedos e oficinas combambu junto à Brinquedoteca Volante do Horto, em uma comunidadelocalizada no bairro do Jardim Botânico, zona sul do Rio de Janeiro. Combambus, cordas, e panos foi construído juntamente com uma dinamizadora e

moradora da comunidade - Joana D’Arc - o brinquedo batizado como “Cirandadas Cores”. De certa forma as pessoas envolvidas também se construíam,inclusive o autor, juntamente com o objeto.

Essa vivência no Horto e a forma de construção dos brinquedos geraramquestões que desencadearam o processo de construção desta dissertação.

No ano 2005 fez oficinas com o brinquedo Ciranda das Cores, com a psicólogaAlexandra Pena, em diferentes grupos nas quatro comunidades em que oprojeto Rede Brincar e Aprender atua (Mangueira de Botafogo, Santa Marta,Rocinha e Horto). A coleta do material de pesquisa foi através de observação

participativa nessas oficinas, na convivência com um grupo de crianças naladeira Margarida, no Horto e a partir a de e-mails enviados para NatherciaLacerda e Alexandra Pena, onde foi gerada muitas reflexões dessa vivênciaem cada oficina Foram tres anos de registros.

Sua orientadora Regina Machado propôs a idéia de escrever questões numexercício de “tiro ao alvo” onde a questão principal seria colocada no centro eas outras dispostas ao redor, ordenando assim todas as informações. O alvo foise transformando à medida que novas questões iam surgindo a partir dasreflexões sobre o que estava sendo vivenciado na pesquisa. Os alvosrelacionados abaixo, são os alvos que foram desenhados ao longo doprocesso da construção da dissertação, todos usando ou como base aestrutura interna do bambu , ou tramas de materiais rústicos.

 

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O primeiro alvo é a imagem de uma espiral ilustrando o movimento circular que sai de um ponto original e que está relacionada às primeirasquestões que desencadearam esse processo de pesquisa. Essa figura estarelacionada com rizoma de um bambuzal.

Já no segundo alvo a espiral continua a mesma , porem com outras questõesque surgiram a partir das oficinas realizadas com a Ciranda das Cores.

No terceiro alvo já com um outro desenho , utilizando como base a trama deum tipiti, ele entrelaça as questões da pesquisa com questões próprias quepossuía a cerca de construções coletivas com espaços de aprendizagem.

E por ultimo o quarto e ultimo alvo – um recorte do anterior – cujo seassemelha a um broto de bambu , se refere as questões relacionadas ao fimde sua pesquisa.

Como a Ciranda não possuía regras e nem formulas, ela desarrumava algodentro daquele que com ela interagia, fazendo que o participante se abrissepara algo novo.

Percebe que o brincar não possue uma finalidade pré-estabelecida, soexistindo para quem esta brincando e no momento em que ela acontece.

No que diz respeito ao espaço de brincar, esse acontece no mesmo espaço daexistência, da pratica concreta do cotidiano.

Teve oportunidade de realizar mutirões para construir estruturas de bambus(oficina) , onde observa que durante as praticas todas as ações do grupoforam compartilhadas, o trabalho assim se dando no lugar da coexistência. Eobserva nessas oficinas que acontecia o mesmo com na oficina de Cirandadas cores; todos se organizavam sozinhos em suas brincadeiras.

Ao perceber que como em um mutirão as crianças não precisavam deninguém para se organizar em brincadeiras, levanta questões importantesjuntos com Nathercia Lacerda sobre essa percepção, como: se as crianças nãoprecisavam de ninguém para se organizar em brincadeiras, logo qual seria

o sentido dos profissionais se voltarem para a criação de espaços de brincar?E para responder essa questão , percebe que é preciso estar com as crianças,passando a fazer isso em dias marcados e em determinados horários,simplesmente para brincar. Descobrindo quais eram as brincadeiras daquelegrupo e os brinquedos que eles construíam.

Com esse grupo conta historias, oferece materiais para construírem outrasbrincadeiras , e observa que acontecia o mesmo que acontecia com a Cirandadas Cores, possibilitava ver como cada um , ou o grupo se envolvia com oque era oferecido, independente da propostas se era brincar das brincadeirasdeles ou com alguma coisa que levava, brincar era o que as crianças queriam

e era o que encantava o pesquisador. Ai era criado o espaço de brincar.

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