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ARTE JAPONESA NAS AULAS DE ARTE Inês Kiyomi Koguissi Professora de Arte Colégio Estadual Barão do Rio Branco – Assaí Ana Luíza Rushel Nunes Professora Orientadora Universidade Estadual de Ponta Grossa RESUMO Este estudo resulta de um processo de intervenção pedagógica e da possibilidade de inserção de conteúdos da Arte japonesa nas aulas de Arte no Colégio Estadual Barão do Rio Branco, no município de Assaí/PR, uma cidade colonizada por imigrantes japoneses, possibilitando assim a compreensão da arte sob a perspectiva multicultural. Portanto, analisa as ideias dos alunos da 8ª série do ensino fundamental, sobre a cultura e a arte japonesa, conduzindo os a refletir sobre essa diversidade cultural. Os autores que fundamentaram o processo foram RICHTER (2005), HALL (2001), MASSON (2001) e outros. Foram analisadas as opiniões dos 70 alunos. A investigação-ação foi um processo de intervenção pedagógica no ensino da arte.Os instrumentos para coleta de dados foram questionários, fotografias, portfólio e diário de classe. Pelo levantamento que realizamos, podemos inferir que o espaço ofertado para realização de exposição da identidade japonesa, foi uma forma de contribuir para a formação dos educandos enquanto sujeitos produtores de cultura, no qual possuem identidade e valores que perpassam através do tempo e que são capazes de compreender as diferenças existentes oriundas da multiculturalidade. Palavras-chave: Arte japonesa. Assaí (Pr). Multiculturalidade. Escola. Intervenção pedagógica. ABSTRACT This study results from a pedagogical intervention process and the possibility of inserting the contents of Japanese Art in the Art’s subject at Barão do Rio Branco State High School, in the city of Assai / PR, a city colonized by Japanese immigrants, allowing the art understanding a multicultural perspective. Therefore, it analyzes the students’ ideas of 8th grade of middle school, about the Japanese culture and art, leading them to reflect about cultural diversity. The authors who based the process were RICHTER (2005),

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ARTE JAPONESA NAS AULAS DE ARTE

Inês Kiyomi Koguissi

Professora de Arte Colégio Estadual Barão do Rio Branco – Assaí

Ana Luíza Rushel Nunes

Professora Orientadora Universidade Estadual de Ponta Grossa

RESUMO

Este estudo resulta de um processo de intervenção pedagógica e da possibilidade de inserção de conteúdos da Arte japonesa nas aulas de Arte no Colégio Estadual Barão do Rio Branco, no município de Assaí/PR, uma cidade colonizada por imigrantes japoneses, possibilitando assim a compreensão da arte sob a perspectiva multicultural. Portanto, analisa as ideias dos alunos da 8ª série do ensino fundamental, sobre a cultura e a arte japonesa, conduzindo os a refletir sobre essa diversidade cultural. Os autores que fundamentaram o processo foram RICHTER (2005), HALL (2001), MASSON (2001) e outros. Foram analisadas as opiniões dos 70 alunos. A investigação-ação foi um processo de intervenção pedagógica no ensino da arte.Os instrumentos para coleta de dados foram questionários, fotografias, portfólio e diário de classe. Pelo levantamento que realizamos, podemos inferir que o espaço ofertado para realização de exposição da identidade japonesa, foi uma forma de contribuir para a formação dos educandos enquanto sujeitos produtores de cultura, no qual possuem identidade e valores que perpassam através do tempo e que são capazes de compreender as diferenças existentes oriundas da multiculturalidade.

Palavras-chave: Arte japonesa. Assaí (Pr). Multiculturalidade. Escola. Intervenção pedagógica.

ABSTRACT

This study results from a pedagogical intervention process and the possibility of inserting the contents of Japanese Art in the Art’s subject at Barão do Rio Branco State High School, in the city of Assai / PR, a city colonized by Japanese immigrants, allowing the art understanding a multicultural perspective. Therefore, it analyzes the students’ ideas of 8th grade of middle school, about the Japanese culture and art, leading them to reflect about cultural diversity. The authors who based the process were RICHTER (2005),

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HALL (2001), Masson (2001) and others. Seventy students’ opinions of the 8th grade students were analyzed. The action research was a pedagogical intervention process in the teaching of art. The instruments for data collection were questionnaires, photographs, portfolio and diary class. After the task we did, we would infer that the space offered for Japanese identity exhibit was a way to contribute for the students formation while subjects of culture producers, which they have identity and values that pass through time and are able to understand the differences existing in the multiculturalism.

Keywords: Japanese Art. Assaí (Pr). Multiculturalism. School. Pedagogical intervention.

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INTRODUÇÃO

O presente estudo ressalta a importância de trabalhar o

Multiculturalismo, visto que envolve estilo de vida e atitude que resume a

essência de diferentes culturas. E é na escola que a identidade deve ser

trabalhada como diz Hall (2000, p. 38),

Assim, a identidade é realmente algo formado, ao longo do tempo, através de processos inconscientes, e não algo inato, existente na consciência no momento do nascimento. Existe sempre algo “imaginário” ou fantasiado sobre sua unidade. Ela permanece sempre incompleta, está “em processo”, sempre sendo “formada”[...].

A aproximação dos alunos com a herança cultural e artística depende

das oportunidades propiciadas pela sociedade, principalmente pela escola, que

deve levar em consideração o que ocorre ao seu redor. E nesse processo o

professor é o mediador que desencadeia e sistematiza a assimilação desse

saber, e o professor de Arte pode promover essa evolução da sensibilidade e

saber do aluno, que resultará em qualidade positiva na escola e,

consequentemente, na sociedade.

Nesse sentido, o propósito de inserir a Arte da cultura japonesa justifica-

se pela necessidade de buscarmos novas atitudes sobre nossa cultura, com a

ideia de promovermos uma democracia racial que, para Fusari e Ferraz (2001,

p. 48-49), no Ensino de Arte, o professor tem a incumbência de incorporar a

construção histórica de sua região ou cidade no seu trabalho de sala de aula,

propondo o estudo da história do ensino dessa localidade e a aprendizagem da

arte. Assim, é pertinente trazer a cultura da Arte japonesa do município de

Assaí/PR, com sua visualidade e visibilidade, sem deixar de apreender e

compreender a arte de forma geral da sociedade como um todo.

Segundo Saviani (1991), a pedagogia histórico-crítica valoriza a escola

levando em consideração o que ocorre ao seu redor, preocupando-se com o

funcionamento da mesma e utilização de métodos eficazes de ensino. Estes

valorizam a iniciativa do aluno e também a do professor, o diálogo entre

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ambos, valorizando a cultura acumulada historicamente. O interesse dos

alunos, o ritmo de aprendizagem e o desenvolvimento psicológico e social dos

alunos devem ser sistematizados com a finalidade de assimilação dos

conteúdos.

O trabalho de reconstrutivismo social no conteúdo de Artes Visuais pode

ser trabalhado de modo mais significativo analisando a sociedade, e

oportunizando aos alunos o desenvolvimento da consciência crítica, pois a

arte-educação multicultural tornou-se uma preocupação global, como afirma

Richter (2005, p. 33), “[...] a educação multicultural e intercultural deve

familiarizar os alunos com as realizações culturais não dominantes, de maneira

a entrar em contato com outros mundos, abrindo-se para a riqueza cultural da

humanidade [...].”

Partindo desses pressupostos, a Arte é um veículo eficaz para trabalhar

o Multiculturalismo porque envolve estilo de vida e atitude, que resume a

essência de diferentes culturas. Portanto, a pintura e a escultura podem ser

reconhecidas como heranças culturais. A cultura como código simbólico aponta

uma concepção que traz contradições que existem na sociedade. Ribeiro (s/d,

p.427) ao falar sobre “o fenômeno unicamente humano”, destaca também que

[...] a cultura se refere à capacidade que os seres humanos têm de dar significado às suas ações e ao mundo que os rodeia. A cultura é compartilhada pelos indivíduos de um determinado grupo, não se referindo, pois, a um fenômeno individual; por outro lado, cada grupo de seres humanos, em diferentes épocas e lugares, dá diferentes significados a coisas e passagens da vida aparentemente semelhantes. As culturas mudam, seja em função dinâmica interna, seja em função de diferentes tipos de pressão exterior.[...] A cultura é, pois, “um processo dinâmico de reinvenção contínua de tradições e significados.

Trabalhar o Multiculturalismo traz inúmeras vantagens como

possibilidade de cruzar fronteiras culturais e promoção de harmonia entre os

grupos; preservação da cultura e da harmonia com o desenvolvimento de

competências interculturais num mundo de conflitos; integração entre todos os

alunos desenvolvendo a competência em várias culturas; desenvolver o

conhecimento e a capacidade de lidar com outros códigos culturais e

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possibilidade de mudança no meio educacional através da promoção da

igualdade.

Segundo Richter (2005, p. 51) o ensino de arte tem um grande desafio,

[...] é o de contribuir para a construção crítica da realidade através da liberdade pessoal. Precisamos de um ensino de arte por meio do qual as diferenças culturais sejam vistas como recursos que permitam ao indivíduo desenvolver seu próprio potencial humano e criativo, diminuindo o distanciamento existente entre a arte e vida.

A arte japonesa tem princípios bem diferentes da Arte ocidental, a qual

se fundamenta na representação de um mundo em perfeita harmonia e

serenidade. Há estilo de pintura como Yamato-ê, que é a pintura narrativa

criada pelo pintor Tosa, que narrava acontecimentos históricos, biográficos e

religiosos. A escola Tosa de pintura japonesa foi fundada no século XV e se

dedicava à pintura de assuntos e técnicas derivadas da arte japonesa antiga. A

origem dessa escola pode ser atribuída a Yukihiro Tosa, o primeiro a usar o

nome profissional de Tosa. Mais tarde a escola foi oficialmente fundada por

Mitsunobu Tosa (1434 – 1525) que atuou como pintor oficial da corte imperial.

Houve também o Ukiyo-ê que representava temas “beijin-ga”, os quais retratam

mulheres consideradas bonitas. Inicialmente a técnica era o contraste entre

preto e branco, mas depois foi trabalhada em tonalidades de laranja, vermelho,

amarelo e verde. Sobressaíram vários artistas, dentre eles, Kitagawa Utamaro,

que trabalhava com figuras femininas, Katsushika Hokusai e Ando Hiroshigue

com paisagens e Igusa Kuniyoshi com figuras humanas.

O estilo Ukiyo-ê foi um estilo popular de arte no Japão que trabalhava

com cenas de vida cotidiana, que pode ser traduzida como retratos do “mundo

flutuante”, que seria um nome irônico dado ao planeta Terra pelos budistas,

chamada de “mundo do desgosto”. Pode-se dizer que alguns pintores

ocidentais como Tolouse-Lautrec, Edgar Degas, Vincent Van Gogh, foram

influenciados pela arte Ukiyo-ê. A filosofia dessa arte é aproveitar cada

momento da vida, o mundo aqui e agora. Por isso, os pintores captavam fatos

e costumes cotidianos sobre blocos de madeira, e a produção era em massa.

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DESENVOLVIMENTO

Pensando nos encontros e nas diferenças culturais existentes e sabendo

que devemos considerar as relações humanas com seus pares e também nos

confrontos das diferentes culturas, foi contemplado como objetivo deste

trabalho desenvolver um estudo interativo com base no respeito às diferentes

culturas, neste caso, especialmente a japonesa, que os sujeitos podem

apresentar sua cultura e oportunizar troca de experiências compartilhando com

todos os valores presentes nessa cultura.

Nesse sentido, o espaço possibilitado para realização de exposição da

identidade de diferentes sujeitos que formam a comunidade de um

Estabelecimento de Ensino é visto como uma forma de contribuir para a

formação do educando enquanto sujeito produtor de cultura, no qual possui

identidade e valores que perpassam através do tempo e, ao mostrar essas

diferentes culturas e recebendo por ela o respeito, é capaz de compreender as

diferenças existentes oriundas da multiculturalidade.

O grupo de adolescentes que participou dessa pesquisa é constituído de

alunos das oitavas séries do Colégio Estadual Barão do Rio Branco, em

Assaí/PR, e a intervenção pedagógica foi realizada entre os meses de março e

junho de 2009, com o objetivo de refletirmos juntos sobre temas ligados à

cultura japonesa, particularmente a pintura japonesa. Nesse espaço foi

possível a consideração sobre o que os alunos do ensino básico sabem sobre

as questões em destaque.

Na realização do levantamento e conhecimento da realidade houve a

investigação-ação abordando qualitativamente o tema Multiculturalidade,

buscando intercâmbio entre a arte da cultura japonesa e a prática pedagógica

dos professores de Arte no Colégio Estadual Barão do Rio Branco/Assaí.

Os alunos participantes desta pesquisa são das duas turmas de oitavas

séries, exatamente a “B” e a “C” do turno matutino, totalizando 70 que, para

iniciar o estudo, responderam ao questionário no mês de março, início do ano

letivo. O objetivo era fazer levantamento sobre o conhecimento que os alunos

tinham sobre cultura japonesa, particularmente a pintura, para investigar o grau

de conhecimento dos alunos sobre o tema e a importância manifestada.

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A primeira questão apresentada foi sobre o conhecimento da Pintura

Japonesa que os alunos detêm, para verificarmos se era um conteúdo já

trabalhado em algum momento da vida escolar deles. E o resultado obtido foi

que os alunos nunca receberam informação ou conhecimento sobre a mesma.

Na sequência perguntamos sobre quais aspectos da cultura japonesa os

agradam, e eles manifestaram admiração por culinária, mangá, danças típicas,

taikô (tambor japonês), animê, festival Tanabata, origami, vestimenta, bon

odori, costumes, que estão sendo apresentados em ordem numérica

decrescente.

A culinária, um dos aspectos mais referidos na questão apresentada

anteriormente, pode se justificar pela presença da feira dos produtores do

município, que comercializam suas mercadorias semanalmente nas noites de

sexta-feira e no domingo, pela manhã, onde se pode notar a presença do

sushi, do sashimi, do manju, do motis e outros pratos típicos do Japão, que são

expostos e apreciados não só por descendentes, mas por grande parte da

população assaiense. O sushi é uma espécie de bolinho de arroz com recheio

de legumes, verdura, ou os mais atuais com atum, maionese, presunto,

envoltos numa folha de alga marinha. O sashimi é o filé de peixe cru,

degustado com shoyu, molho de soja salgada. Há também os manju e moti,

que são bolinhos doces recheados com doce de feijão. A massa do primeiro é

feita com farinha de trigo, e a da segunda, com arroz. Com a presença no

cotidiano dos alunos pode-se justificar a admiração por tal aspecto.

Indagando sobre festividades em Assaí que sejam de origem japonesa,

citaram o Bon odori e o Tanabata Matsuri, que fazem parte do calendário

municipal anual. As festividades como Bon Odori, festa em que se cultuam os

mortos, realizada no dia de Finados, e Tanabata, festa popular do país do Sol

Nascente, mais conhecido como Festival das Estrelas, também identificam a

cultura dos japoneses. A maioria dos alunos entrevistados disse que já

participou desses eventos e como era de se prever mencionaram como os que

mais os agradam. Houve também a ocorrência de citarem o Matsuri Dance, o

Taikô e o Festival de canto de música japonesa, ou o Karaokê, que também é

um acontecimento tradicional da comunidade nipônica de Assai, promovido

pela associação dos moradores da cidade há mais de cinqüenta anos.

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Verificando sobre a ascendência ou descendência dos alunos obtivemos

o índice que, dos 70 alunos entrevistados, 48 nâo são de famílias que tenham

a descendência japonesa e 22 têm algum vínculo com famílias de origem

japonesa, revelando um número significativo da identidade japonesa.

Prosseguindo o questionário e tratando sobre a história da imigração

japonesa no Brasil, pois achamos importante trabalharmos sobre essa questão,

com o intuito de verificarmos o conhecimento que possuem, as ideias sobre a

vinda de japoneses para este país, pudemos constatar que 90% dos alunos

tem conhecimento sobre a história da vinda desses imigrantes e um pouco

menos de 10% desconhecem.

Na questão relacionada à Pintura Japonesa foi investigado sobre a

informação que possuem sobre algum pintor japonês, e obtivemos como

resultado que dos setenta entrevistados apenas dois responderam que já

conheciam algo a respeito, e, sobre os pintores brasileiros com ascendência ou

descendência japonesa, todos foram unânimes e consentiram que não têm

conhecimento.

Verificamos agora sobre a informação sobre algum pintor regional com

ascendência ou descendência japonesa. Foram citados nomes de parentes e

amigos que praticam a pintura não como profissão, mas como hobby.

Indagamos então se têm conhecimento sobre a existência de quadros pintados

tendo como autor algum descendente de japoneses. Vinte e dois alunos

responderam que há em suas casas, de seus parentes e amigos alguma obra

com esta em evidência, mas não conhecem realmente a sua origem.

E como última pergunta do questionário foi trabalhada sobre o interesse

desses alunos de receberem o conteúdo Arte Japonesa em suas aulas de Arte.

Dos setenta, sessenta e seis alunos manifestaram o desejo de ter esse

conteúdo trabalhado em suas aulas.

Concomitantemente foi desenvolvido o Grupo de Apoio à Implementação

pedagógica num processo colaborativo pela investigação-ação na Escola, que

visou contemplar o desenvolvimento de estratégias pedagógicas que pode

subsidiar as dificuldades ou lacunas presentes no cotidiano do nosso trabalho

escolar, tendo como participantes cinco professores inscritos inicialmente. Mas

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com a aprovação de duas professoras no PDE 2009 e a desistência de uma

professora por motivos particulares, permanecemos num grupo de três

professoras para dar continuidade ao grupo.

O grupo de estudos proposto objetivou leitura e discussão do tema

multiculturalidade, que está em consonância com as Diretrizes Curriculares do

Governo do Estado do Paraná, destacando a educação para as diferenças,

primando pela educação multicultural.

A educação multicultural propõe competência em diversas culturas para

todos os alunos, promoção de harmonia intergrupos cruzando fronteiras

culturais e preservação das diferentes culturas oportunizando o conhecimento

e o domínio de diferentes códigos. E para que se concretize a educação

intercultural não basta mudar somente os conteúdos a serem trabalhados, mas

é preciso mudar a forma de abordar os mesmos e a maneira de ensinar. Não

adianta trabalhar somente uma ou duas vezes ao ano, pois assim transformar-

se-ia em mera curiosidade.

Nesse sentido, a proposta foi articular os problemas da realidade cultural

e escolar, trabalhando o tema da nossa realidade como conhecimento,

linguagem e cultura, contribuindo para o desenvolvimento e identidade numa

relação multicultural. A oportunidade de o aluno repensar levando-o à reflexão

e análise sobre as questões da imigração pôde reconstruir conceitos

significativos à compreensão da trajetória histórica que envolve a chegada dos

imigrantes no Brasil, principalmente no Paraná e no município de Assaí.

Nos encontros foram promovidas discussões sobre a inserção da Arte

Japonesa nas aulas de Arte, sabendo-se que é necessária a busca do

intercâmbio entre a arte da cultura japonesa e a prática pedagógica dos

professores de Arte. Tal atitude poderá possibilitar o desenvolvimento da

sensibilidade em relação à diversidade, articulando os problemas da realidade

cultural e escolar do município e região que apresentam múltiplas culturas.

Num dos encontros do mês de junho relatamos sobre as atividades

desenvolvidas no dia 18 de junho, Dia da Imigração Japonesa no Brasil, que

foram planejadas com o intuito de promover a educação multicultural,

possibilitando o conhecimento de alguns aspectos da cultura japonesa

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presentes no município. Nas aulas da disciplina de Língua Portuguesa, a

professora trabalhou sobre o haikai apresentando aos alunos as características

e as regras desse poema e, posteriormente, cada discente produziu o seu.

Haikai é uma forma poética de origem japonesa que valoriza a concisão

e a objetividade, e os poemas têm três linhas contendo na primeira e na última

cinco letras japonesas e sete na segunda. O principal haicaísta do Japão foi

Matsuo Bashô (1644 – 1694) que se dedicou a fazer desse tipo de poesia uma

prática espiritual.

Dando continuidade à proposta, na aula de Arte, os alunos realizaram as

ilustrações dos seus haikai. Podemos demonstrar dois dos trabalhos realizados

em nossa aula.

Fig. 1: Jhenifer Soares da Silva. Fig. 2: Kawanny H. Pereira Kawamura Haikai e ilustração. Haikai e ilustração. Fonte: Portfólio da professora pesquisadora. Fonte: Portfólio da professora pesquisadora. Trabalho digitalizado. Trabalho digitalizado.

Ainda na aula de Arte os alunos praticaram a arte do Origami, arte

milenar japonesa que surgiu há mais de mil anos na Corte Imperial. Era um

passatempo divertido e interessante que, com o passar do tempo, o povo

japonês teve acesso a esta arte com muito entusiasmo e houve ampla

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divulgação. Na aula de Matemática o professor trabalhou o sudoku, jogo de

raciocínio e lógica que significa “número único”. É uma espécie de cruzadas

composto somente por números.

Fig. 3: Daniel Hitoshi Ueda. Fig. 4: Eliana Junko Tamura. Origami. Origami. Fonte: Portfólio da professora pesquisadora. Fonte: Portfólio da professora pesquisadora Trabalho digitalizado. Trabalho digitalizado.

Fig. 5: Juliana Kaori Ishii. Fig. 6: Mayara Z. Canedo da Silva. Origami. Origami. Fonte: Portfólio da professora pesquisadora. Fonte:Portfólio da professora pesquisadora Trabalho digitalizado. Trabalho digitalizado.

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Quanto ao Matsuri Dance planejado para ser trabalhado nas aulas de

Educação Física, infelizmente não foi possível. Conversamos sobre o estilo de

dança citado e muitos dos nossos alunos das oitavas séries já conheciam, pois,

muitos frequentam ou já frequentaram o curso de Língua Japonesa do CELEM

(Centro de Línguas Estrangeiras Modernas), modalidade de ensino oferecido

pelo Colégio através da Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Neste

curso se trabalham vários aspectos da cultura japonesa, inclusive as danças

típicas, e felizmente muitos já conheciam a referida dança. Muitos alunos

sugeriram que trabalhássemos numa próxima oportunidade.

Algumas atividades que consideramos relevantes para promoção do

multiculturalismo foram trabalhadas, e também alguns temas que acreditamos

que enriqueceram e ampliaram o olhar para as diferenças, e que resultou na

valorização da cultura local.

Outra atividade desenvolvida durante o primeiro semestre deste ano foi

a implementação da Produção Didático Pedagógica - Folhas com o título

“Viajando e conhecendo a Arte Japonesa” que apresenta a proposta dos

alunos conhecerem um pouco sobre a Arte Japonesa: a história, os estilos,

alguns artistas especialmente os pintores, e a história da imigração japonesa

no Brasil e em Assaí. Os alunos foram instigados a pesquisar, conhecer e

refletir sobre a história de sua comunidade, da sua cultura e principalmente

sobre o multicultural para perceberem que muitas vezes algumas atitudes

fazem parte do cotidiano deles e não percebem que é resultado da fusão de

costumes de várias etnias que fazem parte daquela comunidade.

Foi realizada a coleta de dados sobre a opinião dos alunos sobre o tema

trabalhado na forma de questionário. Na primeira questão indagamos sobre as

diferenças que eles observaram entre a Arte Ocidental e a Arte Japonesa, e os

alunos responderam que a japonesa segue padrão de cores fantásticas

pintando sobre a natureza que representa o equilíbrio, mostrando um mundo

em perfeita harmonia e serenidade. Segundo os alunos, o Monte Fuji é o

principal motivo para representar a paisagem japonesa, mas a vida cotidiana

também é retratada na pintura. A tinta mais empregada sob o ponto de vista

dos alunos é a aquarela, onde são representados os tigres e dragões, as

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gueixas eventualmente, e a assinatura dos artistas é motivo de curiosidade,

pois é utilizado o ideograma japonês, o kanji.

Na organização de material didático pela professora/pesquisadora, como

o Folhas, foram sugeridos alguns nomes de pintores japoneses a serem

pesquisados, os quais os alunos acataram e buscaram: Katsushika Hokusai

que é o autor de uma sequência de pinturas chamada de “trinta e seis vistas do

Monte Fuji”. Pesquisaram também sobre Ando Hiroshigue, Kitagawa Utamaro,

Toshusai Sharaku e observaram as diferenças existentes entre a pintura

ocidental e a japonesa tantos nos temas, cores e traços.

Em relação a artistas brasileiros contemporâneos com descendência

japonesa os alunos pesquisaram sobre Manabu Mabe e Tomie Ohtake,

sugeridos pela professora/pesquisadora. O que os alunos acharam relevante

lembrar do artista Manabu Mabe é o fato de ele ter sido agricultor, e que, mais

tarde, descobriu a verdadeira paixão: a pintura; e que esta trabalhava com o

corpo e a mente. Manabu Mabe foi considerado um dos renomados pintores

japoneses conforme consta na pesquisa dos alunos. Sobre Tomie Ohtake os

alunos descobriram que ela era dona de casa e começou a pintar com seus

quarenta anos, mostrando assim que a arte não tem fronteira e nem idade

(http://www.institutotomieohtake.org.br/tomie/tetomie.htm). Alguns alunos

consideraram importante entrevistar a artista local, a senhora Maria Teruko de

Oliveira, pintora de temas como paisagens, natureza morta, casario, nu

artístico, mas o preferido da artista são flores empregando a técnica

espatulada. As obras dela podem ser vistas no Colégio Barão e relatou aos

alunos da sua participação em mostras no espaço do Banco Itaú, agência de

Assaí, em alguns estabelecimentos comerciais como Josianne Modas e

Monalisa Móveis.

Sobre o conhecimento dos alunos sobre a história da Imigração

japonesa no Brasil pudemos observar que eles conhecem a data de chegada e

o nome do navio que trouxe a primeira leva de imigrantes. Eles relatam

também sobre o motivo da vinda desses imigrantes, que era para fugir da crise

que atingia o Japão no início do século XX, e que eram, em sua maioria,

camponeses oriundos de regiões pobres. Os alunos têm dados que os

imigrantes pensavam que chegariam ao Brasil e teriam uma vida melhor

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trabalhando na agricultura e conseguiriam dinheiro rapidamente para

retornarem ao seu país. Mas sabem que não foi bem assim o ocorrido. Os

imigrantes enfrentaram muitas dificuldades que nem imaginavam: primeiro a

comunicação entre eles e os administradores das fazendas que foram trabalhar

era muito complicado, além das diferenças na alimentação, no clima e

principalmente nos hábitos do dia a dia. Citam também que a maioria dos

imigrantes japoneses dirigiu-se para o oeste paulista para trabalhar nas

fazendas de café. Mas o mais importante desse trabalho é que os alunos

mencionaram sobre a superação desses imigrantes que hoje unem costumes e

outros aspectos que fazem do Brasil um país multicultural.

Em relação à história da colonização do município de Assaí eles

escreveram que têm conhecimento da presença principalmente de imigrantes

japoneses que fundaram a cidade entre morros, e a causa que atraíram tantas

pessoas foi a terra roxa, que é fértil para a prática da agricultura,

principalmente da cultura de café, e, mais tarde, de algodão. O primeiro nome

do povoado foi Assahiland – Terra do sol nascente.

Para investigar sobre a presença de pinturas que tenham autoria dos

descendentes de japoneses nas residências da comunidade assaiense, foi

apresentada a questão, e alguns alunos responderam que observaram nas

suas casas, de seus parentes ou conhecidos, algumas obras. Citaram que os

quadros que viram apresentam cores fortes, representando animais, como

tigres e águias, o Monte Fuji, ou ainda os castelos.

Inspirando-se em temas e obras apresentadas os alunos desenvolveram

as suas composições levando em consideração o que haviam aprendido até o

momento sobre a pintura japonesa, como as cores e as paisagens preferidas

por alguns artistas. Apresentamos alguns dos trabalhos realizados por alunos

das oitavas séries.

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Fig. 7: Danilo dos Santos. Desenho. Fonte: Portfólio da professora pesquisadora. Trabalho digitalizado.

Fig. 8: Eduardo Koura Veroneze. Desenho. Fonte: Portfólio da professora pesquisadora. Trabalho digitalizado.

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Fig. 9: Eric Yudi Harada. Desenho. Fonte: Portfólio da professora pesquisadora. Trabalho digitalizado.

Fig. 10: Kevin Ferreira Hikida. Desenho. Fonte: Portfólio da professora pesquisadora. Trabalho digitalizado.

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Diante dos dados obtidos podemos inferir que a maioria dos alunos tem

conhecimento sobre a vinda dos japoneses ao Brasil, provavelmente pela

comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no ano de 2008, em que

houve um grande movimento de informação, divulgação e festividades em todo

o Brasil.

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CONCLUSÃO

Com tanta influência da cultura japonesa, por que nós professores de

Arte, não trabalhamos em nossas aulas essa cultura de modo significativo? A

presença da cultura japonesa no nosso dia-a-dia é evidente. O tema

multiculturalidade está em consonância com as Diretrizes Curriculares do

Governo do Estado do Paraná, que destaca a educação para as diferenças,

primando pela educação multicultural, que tem como objetivo promover uma

educação mais reflexiva, na qual os alunos podem se tornar mais conscientes

de seu papel como intérpretes culturais, trazendo de seu meio de convívio

diário, o seu conhecimento, as suas experiências para dento da escola.

Poderemos assim propor conhecimento e valorização de características

étnicas e culturais de diferentes grupos sociais, e incluir aos alunos a

possibilidade de novos conhecimentos do Brasil complexo, multifacetado,

valorizando diferentes etnias, o que não significa aderir aos seus valores, mas

respeitar como expressão nesse contexto, as manifestações da Arte

multicultural escolar e não-escolar.

A cultura japonesa se faz presente no Brasil oficialmente há 100 anos,

pois no ano de 2008 foi comemorado o centenário da Imigração Japonesa no

Brasil. A presença ou a influência da cultura japonesa pode ser encontrada em

quase todas as famílias de Assaí, na gastronomia, na participação de festas ou

eventos e na formação das famílias, que se pode perceber atualmente, pois é

muito raro não haver miscigenação de etnias. Há ainda o fator dos familiares

de descendentes irem ao Japão a trabalho, os chamados dekassegui, o que

amplia mais a possibilidade de intercâmbio de culturas.

Assim, inserindo a cultura da Arte Japonesa nas aulas de Arte,

poderemos promover e desenvolver a sensibilidade com relação à diversidade

cultural até então não trabalhada e pontuando assim, que uma parte do corpo

discente da escola, os alunos, têm origem e descendência japonesa, ou faz

parte dessa comunidade, o que justifica trazer para além de outras artes

também a cultura da arte japonesa para o cotidiano escolar.

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O professor deve promover a aproximação dos alunos e sua identidade

com a herança cultural e artística, na qual possam conhecer os aspectos da

cultura através das diferentes manifestações. A arte necessita estar vinculada à

vida dos alunos na esfera pessoal, regional, brasileira e internacional, que dê

oportunidade de participação no processo de transformação do aluno na

sensibilidade e saber em arte, e que propicie qualidade positiva nas escolas.

Não basta o professor trabalhar o Multiculturalismo somente em algumas

datas durante o ano, como na Semana do Folclore, por exemplo, pois isso

provocaria apenas uma simples curiosidade e a cultura é um processo

dinâmico, contínuo, de tradição e com significado. O ser humano possui

competência cultural com múltiplas possibilidades, e havendo o intercâmbio de

culturas seria possível a troca de experiências, e não a ruptura com sua

identidade de grupo como alguns têm receio. No caso da arte no Japão “[...] é

especialmente intrigante para um multiculturalista ocidental, uma vez que ele

adotou os conceitos estéticos ocidentais enquanto retém uma identidade

artística única [...]” (MASSON, 2001, p. 40).

Há muitas vantagens em trabalhar o multiculturalismo, tais como:

possibilidade de cruzar fronteiras culturais e promoção de harmonia entre os

grupos; preservação da cultura e da harmonia com o desenvolvimento de

competências interculturais num mundo de conflitos; integração entre todos os

alunos desenvolvendo a competência em várias culturas; desenvolver o

conhecimento e a capacidade de lidar com outros códigos culturais; possibilitar

a mudança no meio educacional através da promoção da igualdade.

Para que a educação multicultural aconteça, não basta haver mudança

somente nos conteúdos, mas na forma de abordagem e metodologia de

ensino. Cada cultura deve ser respeitada dentro de sua especificidade tomando

o cuidado para que não ocorra a igualdade entre todas as culturas, e sim o

respeito pela identidade de cada cultura e sua Arte presente no contexto

escolar, com possibilidades de vivências entre culturas para a compreensão

crítica da cultura artística e, dentre essas, a cultura da arte japonesa.

Pudemos ainda, propiciar a oportunidade de o aluno repensar, levando-o

à reflexão e análise sobre as questões da imigração. Dessa forma o aluno pôde

reconstruir conceitos significativos à compreensão da trajetória histórica que

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envolveu a chegada dos imigrantes no Brasil, principalmente no Paraná e no

município de Assaí.

Nesse sentido, o espaço ofertado para realização de exposição da

identidade de diferentes sujeitos que formam a comunidade de um

Estabelecimento de Ensino é visto como uma forma de contribuir para a

formação dos educandos enquanto sujeitos produtores de cultura, pois

possuem identidade e valores que perpassam através do tempo e, ao mostrar

essas diferentes culturas e recebendo por ela o respeito, é capaz de

compreender as diferenças existentes oriundas da multiculturalidade. Portanto,

de forma geral o tema poderá enriquecer o conhecimento do educando

contribuindo de forma qualitativa para a formação identitária.

Pensando nos encontros e nas diferenças culturais existentes e sabendo

que devemos considerar as relações humanas com seus pares, e também nos

confrontos das diferentes culturas, sugere-se que as ações deverão contemplar

o desenvolvimento de um trabalho interativo com base no respeito às

diferentes culturas. E que os sujeitos possam apresentar sua cultura

oportunizando a troca de experiências e compartilhando com todos os valores

presentes nessa cultura.

Poderá ainda, oportunizar ao aluno a reconstrução de conceitos

significativos para a compreensão da trajetória histórica que envolve a chegada

dos imigrantes no Brasil, principalmente no Paraná e no município de Assaí,

não só dos japoneses, mas também de outras etnias.

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