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Arte e Sociedade RONALDO NEZO| ESTÉTICA DA COMUNICAÇÃO I

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Arte e SociedadeRONALDO NEZO| ESTÉTICA DA COMUNICAÇÃO I

Arte e Sociedade

A arte se comporta em analogia com as demais manifestações humanas. A arte expressa a situação vivencial em que o homem se encontra com sua dimensão geográfica, social, científica. Heidegger diz que a arte fixa na forma artística a verdade do respectivo mundo humano. De acordo com a complexidade e especialização desse mundo serão também mais ou menos diferenciados os gêneros artísticos.

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Schopenhauer isola o homem nos seguintes níveis: o selvagem, que estaria preso a uma vida animal; o proletário, ligado às necessidades diárias; o comerciante, preso e ocupado com especulações com vistas à sua preservação por longo prazo; o cientista, um tanto mais livre, estudaria o passado inteiro e o curso durável do universo e, por fim, o filósofo e o artista, os únicos a permanecerem assombrados diante da própria existência.

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O homem vulgar, em oposição ao gênio, é aquele que a natureza produz industrialmente, sem que possa nunca alçar-se à contemplação pura das coisas; o seu recurso predileto é a ancoragem no conceito; quando uma coisa se lhe oferece, ele imediatamente a circunscreve no interior do conceito, assim não precisa mais interessar-se por ela.

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Falta-lhe, portanto, o que o gênio possui de sobra, a imaginação. O seu instrumento principal, a imaginação, alarga a sua visão, estendendo-a para além dos objetos. Trata-se de uma distinção bem nítida: para o homem vulgar, a faculdade de conhecer é a lanterna que ilumina o seu caminho, para o gênio, é o sol que revela o mundo.

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A arte é uma dimensão social, ou seja, uma atividade humana que se relaciona com todas as demais atividades intersubjetivas do homem.

Marx aponta que, em momentos de conflito, a arte reproduz também a tentativa de protesto contra a dominação.

A sociedade nos torna “casca-duras”, mas a arte revela nosso interior – a essência terna do homem.

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Estar cansado da vida é o mesmo que proclamar o desejo de uma vida digna – uma existência bela.

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1. Kant e Schiller O problema humano centra-se na luta entre

um mundo caótico que solicita nossos sentidos e a ordem intelectual que estamos chamados a erigir ali.

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Três vertentes: - conhecimento científico (razão teórica) - razão prática (coordena as ações sociais do

homem) - estética (busca a forma sensível do mundo,

de acordo com nossas faculdades – entendimento e imaginação)

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A estética constrói um solo firme para a sociedade (superando conflito de interesses egoístas – graças ao atrativo que um conjunto de formas belas exerce sobre todos e cada um dos cidadãos).

Schiller propõe uma “educação estética do homem”. Toda melhoria política deve partir de um enobrecimento do caráter – mas como o caráter pode enobrecer-se sob as influências de uma constituição social bárbara?

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Schiller luta pela constituição de um cidadão que consegue a sua felicidade através do exercício da liberdade.

Mas o que seria esta liberdade? A liberdade só tem sentido quando é rompido

o determinismo natural; quando nós mesmos fazemos as coisas (maturação do espírito). Ele acredita que a liberdade estética é a condição da liberdade política. Vai dizer que se tenho um impulso de vingança e eu mato, então, não sou livre.

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“A palavra liberdade só tem sentido enquanto é rompido o determinismo natural” (HARTMANN, 2001, p.87), enquanto não somos movidos nem feitos pelas coisas, mas, ao contrário, nós mesmos fazemos as coisas. O ser estético domina o seu físico porque: “o ser humano no seu estado físico apenas sofre o poder da natureza; liberta-se desse poder no estado estético e domina-o no estado moral” (SCHILLER, 1993, p. 84).

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Como poderá existir livremente em sociedade o homem que não está acostumado a “criar”, mas que obedece a seus impulsos passionais?

Schiller vê na arte um exemplo da sociedade harmônica. O gosto estético introduz harmonia no indivíduo, reconciliando o sensível com o espiritual.

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Marx via a arte como reflexo da realidade social e também como uma forma de conhecimento capaz de interagir nela, com o poder de modificá-la. Atribuindo a arte um caráter libertador, via a possibilidade de ela exercer tal função através da representação formal e realista dos conteúdos da luta de classes.

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Para Marx, a arte, mesmo condicionada histórica e socialmente, poderia mostrar um momento de humanidade. Este poder da arte de se sobrepor ao momento histórico é que faz com que ela continue permanentemente a extasiar, a valer como modelo e norma insuperáveis, nas suas próprias palavras. Uma concepção um tanto quanto idealista no contexto de seu pensamento que via no realismo da representação o compromisso da arte para com a sociedade e as ideias do socialismo.

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Freud – arte como sublimação. A arte teria o poder de liberar o artista de suas fantasias, permitindo-lhe exorcizar os fantasmas interiores, canalizando-os para a obra, num processo catártico e terapêutico. Desta maneira entendeu que o ponto inicial de criação era a própria vida do artista, a qual determinaria a temática, o estilo e toda forma plástica, de tal maneira que a obra poderia ser vista como um substituto das fantasias geradas pelo seu inconsciente.

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Muitos pensadores de nosso século recorreram à arte como santuário da utopia, como antecipação do nosso futuro. Esses pensadores entendiam que, de certa forma, a arte manifesta a verdade escondida do espírito humano (exemplo: Hegel). Em quase todas as vanguardas se dá um clamor por uma nova sociedade.

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Herbert Marcuse, ao manter a tese surrealista, aponta que, a arte com sua força imaginativa, precisa contribuir para o rompimento do monopólio da realidade estabelecida. A arte apareceria como a verdadeira realidade. Para ele, na sua forma libertadora, a arte revela as dimensões reprimidas da realidade. “A arte cria um mundo fictício que, no entanto, é mais real do que a própria realidade”. Ele denuncia o perigo de uma renúncia ao mundo da esperança.

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Marcuse também questiona a tese dos eternos “finais felizes” e a perda da subjetividade na cultura de consumo.

Adorno – A arte é o retorno de uma pátria que ainda não temos estado, mas que, sob diversas maneiras, já brilhou diante dos olhos de nossa infância. A arte é uma configuração antecipada do que ainda não existe, mas já tem uma possibilidade de chegar a ser.

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Heidegger é um crítico diante de uma sociedade baseada exclusivamente no princípio burguês do trabalho entendido como produção industrial. Para ele, a enfermidade da época radica numa atitude fundamental do homem que é o “esquecimento do ser”.

O esquecimento do ser seria aquele estado em que as coisas se encontram tão ajustadas à sua função, que não sobram resquícios para nossos sentimentos e percepções pessoais.

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Quando há o esquecimento do ser, o homem deixa de ser natural. O esquecimento do ser na sociedade industrial desvincula o homem da natureza. E a ameaça que paira da destruição do planeta tem relação com a desaparição da natureza na vivência humana.