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1 ARTE E HISTÓRIA: UM RECORTE DA FUNÇÃO COMUNICATIVA DO DESENHO DA IDADE ANTIGA E MEDIEVAL doi: 10.4025/XIIjeam2013.peixoto.vidal38 PEIXOTO, Reginaldo 1 VIDAL, Luciano da Silva 2 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivo a realização de uma pesquisa acerca do desenho e suas relações com a história e a arte ao longo dos períodos denominados de era Antiga e Medieval. Justifica-se o desenvolvimento a necessidade que, enquanto alunos e professores do curso de Licenciatura em Artes Visuais temos de compreender as relações que arte possui com a história, uma vez que, enquanto mecanismo de comunicação ela se utiliza de sua gama de produções para registrar as manifestações sociais e culturais que através dos tempos desenvolveram as sociedades, principalmente as antigas e medievais. A pesquisa enquanto forma de averiguação e de estudo da prática social é uma das formas que possibilita conhecer o nosso povo, a nossa cultura e as diversas manifestações presentes. Dessa forma, optamos pela pesquisa bibliográfica, uma vez que o acesso à literatura, principalmente com a ampliação das bibliotecas reais através de programas de leituras, assim como as virtuais dispostas em uma infinidade de sites, tem contribuído e facilitado para coletarmos dados e informações acerca das diversas áreas do conhecimento. O desenho está presente em todos os momentos registrados pela histórica. Essa forma de se comunicar foi descoberta na pré-história, mas foi evoluindo ao longo dos tempos, passando de geração para geração e hoje nos faz olhar para o passado, entender nossa história e nos reconhecer como sujeitos e frutos dela. 1 Mestrando em Educação pela UEM e Professor do curso de Licenciatura em Artes Visuais – Uniasselvi – Pólo de Maringá PR 2 Acadêmico do curso de Licenciatura em Artes Visuais – Uniasselvi – Pólo de Maringá PR

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ARTE E HISTÓRIA: UM RECORTE DA FUNÇÃO COMUNICATIVA

DO DESENHO DA IDADE ANTIGA E MEDIEVAL doi: 10.4025/XIIjeam2013.peixoto.vidal38

PEIXOTO, Reginaldo1

VIDAL, Luciano da Silva2

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo a realização de uma pesquisa acerca do

desenho e suas relações com a história e a arte ao longo dos períodos denominados de era

Antiga e Medieval.

Justifica-se o desenvolvimento a necessidade que, enquanto alunos e professores do

curso de Licenciatura em Artes Visuais temos de compreender as relações que arte possui

com a história, uma vez que, enquanto mecanismo de comunicação ela se utiliza de sua

gama de produções para registrar as manifestações sociais e culturais que através dos

tempos desenvolveram as sociedades, principalmente as antigas e medievais.

A pesquisa enquanto forma de averiguação e de estudo da prática social é uma das

formas que possibilita conhecer o nosso povo, a nossa cultura e as diversas manifestações

presentes. Dessa forma, optamos pela pesquisa bibliográfica, uma vez que o acesso à

literatura, principalmente com a ampliação das bibliotecas reais através de programas de

leituras, assim como as virtuais dispostas em uma infinidade de sites, tem contribuído e

facilitado para coletarmos dados e informações acerca das diversas áreas do conhecimento.

O desenho está presente em todos os momentos registrados pela histórica. Essa

forma de se comunicar foi descoberta na pré-história, mas foi evoluindo ao longo dos

tempos, passando de geração para geração e hoje nos faz olhar para o passado, entender

nossa história e nos reconhecer como sujeitos e frutos dela.

1 Mestrando em Educação pela UEM e Professor do curso de Licenciatura em Artes Visuais – Uniasselvi – Pólo de Maringá PR 2 Acadêmico do curso de Licenciatura em Artes Visuais – Uniasselvi – Pólo de Maringá PR

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2 O DESENHO E SUAS FUNÇÕES COMUNICATIVAS AO LONGO DA

HISTÓRIA

Afinal, o que é desenho? De acordo com dicionário Aurélio online, o desenho é a

“representação a lápis, a tinta etc., de objetos e figuras, de paisagens etc./Arte que permite

efetuar essas representações”. Nesse sentido, o desenho nada mais é do que a representação

de formas numa superfície, por meio de linhas, pontos e manchas e também “a arte e a

técnica de representar com lápis, pincel etc., um tema real ou imaginário, expressando a

forma” do motivo a ser representado (AURÉLIO, 1977, P. 152).

Acerca do desenho, Faria (2013, s/d.) afirma que

da década de 90 para cá as evoluções foram enormes. Centenas de periódicos no mundo todo tratam exclusivamente do assunto “desenho” em suas mais diversas modalidades: cartuns, charges, desenhos técnicos, desenho artístico, caricatura, animes, mangás, grafite e outros.

Nas palavras da autora, o desenho como representação da arte é uma concepção

contemporânea, saindo da categoria “auxilio técnico” na produção de obras para ser uma

das linguagens próprias, embora o desenho exista desde a Pré-história (arte rupestre).

Através do desenho várias possibilidades de representação são possíveis, pois

conforme contribui Parramón (2009, p. 06), “O desenho é uma operação que nos

possibilita representar uma imagem tridimensional sobre uma superfície plana definindo os

elementos formais como: composição, proporção, efeitos de volume etc.”. As

características visuais mais simples dos desenhos são os traços que, dispostos de forma

organizada, criam uma imagem figurativa ou abstrata. Tanto o contexto como a

criatividade do artista pode ser responsável pelo estilo.

Segundo Kandinsky (2012), para considerarmos uma produção como desenho é

necessário atentarmos para dois elementos básicos: o ponto e a linha. Todo desenho se

inicia com um ponto. O ponto é o início do desenho, o primeiro contato do material com a

superfície, e quando deslocado do seu ponto de origem cria-se uma linha.

A linha é resultado da força exercida em um ponto e possui direção, quando

disposta de forma organizada cria-se uma forma. Esta forma pode representar algo

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figurativo assumindo as características do objeto. Para Wong (2012, p. 41), “um bom

desenho, em resumo, constitui a melhor expressão visual possível da essência de “algo”,

seja uma mensagem, seja um produto”, ou seja, o objeto final do desenho está relacionado

à capacidade do seu criador em dominar técnicas e estilos, uma vez que esses elementos

interferem no seu resultado final. O desenho também pode ter pontos, linhas e formas,

porem não representar, figurativamente, coisa alguma, neste caso temos um desenho

abstrato. Num posicionamento ordenado destes elementos temos uma “composição”

(WONG, 2012).

2.1 Toda a arte se inicia no Desenho?

Podemos dizer que toda a arte visual se inicia no desenho. Procedendo de que toda

a representação se inicia em um determinado ponto, podendo ser o contato do pincel com a

tela ou mesmo a ponta do lápis no esboço de uma forma a ser esculpida, determinamos que

o desenho é a base da composição da arte. O desenho “é o ponto de partida para toda a arte

pictórica, sem o qual esse seu início seria impossível” (KANDINSKY, 2012, p.13). A

pintura, em sua concepção, se baseia na forma de um desenho que tem por finalidade o

experimento da composição na construção de seu motivo. Uma vez definido, o desenho

será também utilizado como base inicial na construção do esboço da obra.

Mesmo na arquitetura a base inicial da estrutura se faz com a linha. Neste

pensamento Kandinsky (2012, p.88) afirma que “o papel e a importância da linha na

escultura e na arquitetura são evidentes – a construção no espaço é, ao mesmo tempo, uma

construção linear”. Nesse sentido o autor firma ainda que “na escultura e na arquitetura, o

ponto é resultante da intersecção de vários planos – é o remate de ângulo espacial e, por

outro lado, está na origem desses planos” (p. 33)

Moreira (2011) define a escultura como sendo um objeto pertencente ao espaço, ou

seja, é a arte de representar no tridimensional. Parramón (2009) evidencia que na escultura

o processo de concepção é semelhante ao da pintura, embora a finalização da obra se dê no

plano espacial tridimensional e tem seu início no desenho. Portanto, conferimos a presença

do desenho em praticamente todas as instâncias da arte na história da humanidade,

inclusive as tantas ilustrações que dispõem os livros didáticos, utilizam o desenho como

ferramenta de aprendizagem e construção do conhecimento. A presença do desenho na arte

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é tão importante quando a própria obra de arte. Dizemos isso, pelo evento de ser visível

que o desenho está na essência da arte e isso é um fato que torna a Obra, resultado, um

descendente direto da prática do desenho, esboço.

Ao considerarmos o desenho como a base inicial para a produção artística,

concordamos que “qualquer expressão artística se vale do desenho como meio para

entender o projeto inicial”, por estar presente no início de toda a obra , pois “o desenho é a

obra prima, o primeiro estágio de qualquer obra de arte, a partir do qual se desenvolve a

primeira idéia, as primeiras impressões (PARRAMÓN, 2009, p. 06)”.

Mesmo quando pensamos num desenho ou pintura abstrata, fazemos alusão à

utilização de elementos do desenho tal como os traços, lineares ou curvos, os pontos e as

formas. Assim, o desenho é uma forma de expressão que ocupa seu espaço e sua função

social, se comunica com o expectador através dos tempos, traduz as relações sociais de

cada época, a forma de ser, de viver e de pensar das tantas gerações, conforme passamos a

apresentar nos próximos itens.

2.2 O desenho na Idade Antiga: do social ao espiritual

O desenho só veio a ganhar caráter artístico após o século XX, onde os valores da

pintura se encontravam em check devido ao aparecimento da fotografia. Os artistas não

precisariam mais representar pessoas em seu esplendor, pois a fotografia garantia maior

realismo às imagens. No entanto, os artistas, livres para criar, recorreram a outras técnicas

a fim de expressar o seu mundo. Na Idade Antiga, o conceito do desenho ainda não havia

sido desenvolvido, entendemos que são momentos anteriores e em processo de

desenvolvimento técnico. O desenho esteve presente na antiguidade, mesmo que não

compreendido desta forma, nas preliminares da idealização da composição artística ou

mesmo no processo de escrita.

Acerca do desenho na Idade Antiga, Durand, citado por Doberstein (2010, p. 26)

corrobora observando que

definindo o imaginário como o conjunto do capital simbólico do homo sapiens, formado das imagens e das relações entre elas, Durand reafirma a dimensão dos arquétipos e da força direcionante dos mitos em todas as sociedades. Os mitemas, segundo ele, são “metáforas obsessivas” (grupos de imagens que se repetem) e que constituem o núcleo significante dos

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grandes mitos, e que podem ser detectados em todas as sociedades. Um mitema, de acordo com seus enunciados, pode ser um objeto, um emblema, uma situação dramática, um cenário mítico, (as imagens do deserto?) etc.

Os egípcios segundo a discrição do autor utilizavam-se da imagem para registrar

seus mitos, ao passo que essa prática tenha se desenvolvido em todas as sociedades

egípcias antigas, reafirmando a nossa tese de que o desenho, desde os tempos mais remotos

serviu e serve até os dias atuais para contar a nossa história.

2.3 O desenho sumério: da arte para o mercado

As primeiras manifestações artísticas através do desenho tiveram seus registros

estampados nas paredes de argila das cavernas acerca de 30 mil anos atrás, período

denominado como Paleolítico Superior. Os Homens das Cavernas desenhavam nas paredes

com linhas simples, cenas de seu cotidiano para expressar seu mundo em uma visão

naturalista das coisas. A maioria de suas pinturas mostrava cenas de caças, pois

acreditavam que ao pintar sua presa abatida estariam prenunciando o fato, idealizando um

desejo numa representação mítica. Proença relata que “[...] essa arte era realizada por

caçadores, e fazia parte de um processo de magia por meio do qual se procurava interferir

na captura dos animais” (PROENÇA, 2009, p. 14).

Não tardou para o homem começar a utilizar os desenhos na comunicação, não

apenas para contar histórias ou por finalidades mágicas, mas sim para uma forma de

contato abrangente com outras sociedades. Os desenhos a partir de então não tinham

apenas a condição de representar as coisas de forma naturalista, como eram feitos durante

o Paleolítico e Neolítico, ganhavam caráter comunicativo e expressivo. O desenho passou a

representar uma ideia ou um conceito. Os sumérios, expandindo o seu espaço comercial,

passaram a desenvolver formas de desenhos que representassem os objetos de venda na

tentativa de se comunicar com civilizações vizinhas, surgia aí o primeiro sistema de escrita

(FAVERO, 2009).

Sobre o desenho enquanto forma de comunicação Favero (2009, p. 06) admite que

Levantamentos históricos nos mostram que é na suméria que encontramos o sistema de escrita mais antiga, antes dos hieróglifos

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egípcios. As idéias eram apresentadas através do desenho simplificado dos objetos num sistema denominado pictográfico.

Isso demonstra que a escrita se iniciou com os desenhos e que através deles o

homem passou a desenvolver códigos escritos, utilizado com fins comerciais eram feitos

de forma simplificada na intenção de facilitar a comunicação entre sociedades. Embora o

sistema de escrita seja algo que remeta complexidade, principalmente para esses povos

antigos, as civilizações começaram a transcrever e difundir estas imagens que em pouco

tempo, se comparado a história do homem numa linha cronológica, ganhou espaço entre os

povos e deu origem a um sistema ainda mais complexo de comunicação.

A respeito da função comunicativa que desempenha o desenho, Favero explica que

para promover a comunicação, foi necessário pintar e gravar inscrições de caráter religioso ou relacionados a heróis e governantes, registrar negociações, gerando o uso desses signos (ou representações) sobre pedras. Para difundir essa comunicação, foi preciso adaptar suportes menores, mais práticos, fáceis de transportar – as tabuletas, os óstracos, os papiros e os pergaminhos.” ”(FAVERO, 2009, p. 07).

A autora reforça que os meios utilizados para a promoção da linguagem

pictográfica foi essencial para uma nova forma de manifestar suas intenções, tanto na área

artística quando na comercial, que foi a praticidade de deslocamento das peças com

superfícies de fácil transporte.

Somados a outras civilizações, os sumérios ocuparam seu lugar na história, nos

fazendo compreender suas manifestações religiosas, culturais e sociais através das

impressões deixadas, carregadas de significados, inclusive pertinentes de estudos, assim

como a civilização egípcia a qual passamos a discutir.

2.4 O desenho no Egito: do espiritual ao funerário

O antigo Egito foi, sem dúvidas, uma das mais importantes civilizações antigas que

deixou uma grande herança cultural tanto na área da religião, quanto da filosofia, da

sociologia, das ciências naturais e das artes.

Embora a escrita no antigo Egito tivesse atingido um nível alto de complexidade e

organização, a própria escrita era uma arte. A arte deste período se destacava pela

singularidade da expressão visual desenvolvida por eles. Os egípcios tinham na arte uma

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forma de demonstrar sua espiritualidade, a maior parte de seus desenhos era feita em

paredes de túmulos de pessoas importantes da sociedade, contava as histórias e feitos

destes membros e reverenciavam seus deuses. Em face da mística existente “as pinturas

egípcias eram pinturas funerárias, destinadas a decorar os túmulos dos faraós”

(OSTROWER, 1987, p. 74).

Embora os egípcios tivessem desenvolvido um estilo próprio de arte, esta não

remetia a arte propriamente dita, uma vez que sua principal característica era a religião,

isso tornava os artistas egípcios retilíneos na convicção de sua arte sem poder expressar sua

criatividade.

Proença (2009, p. 19) relata que “Os artistas egípcios foram criadores de uma arte

anônima, pois a obra deveria revelar um perfeito domínio das técnicas de execução e não o

estilo do artista”, o que demonstra que a obra deveria ter um caráter mais social que

pessoal, em respeito às ideologias da época.

Os escribas eram quem detinham o conhecimento da escrita e por este motivo as

tumbas eram ilustradas de forma a contar a história como, por exemplo, a vida dos reis.

Com um modelo nada naturalista de representação, desenhavam suas personagens sempre

obedecendo, com certo rigor, a lei da frontalidade.

Acerca dos registros egípcios, relata que:

[...] na pintura e nos baixo-relevos existiam muitas regras a serem seguidas. Dentre elas a lei da frontalidade, que tanto caracteriza a arte egípcia, era rigidamente obrigatória. Essa lei determinava que o tronco da pessoa fosse representado sempre de frente, enquanto sua cabeça, suas pernas e seus pés eram sempre vistos de perfil (PROENÇA, 2009, p. 19).

Este tipo de representação certamente deve causar algum tipo de estranheza, mas

isso não acontecia simplesmente por seus artistas não saberem desenhar, ou, coisa

parecida. Eles tinham plena consciência de que as representações não eram naturalistas, no

entanto utilizava esta lei para, que o observador pudesse reconhecer claramente que se

tratava de uma representação.

A esse respeito acrescenta que:

[...] a execução primorosa das obras egípcias deve constituir prova suficiente de que a estranha esquematização não se devia à falta de habilidade ou à visão imperfeita dos artesões. Muito pelo contrario, era intencional. Isso fica mais claro ainda ao observarmos que essa

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estilização só ocorre quando se representam altos dignitários, sacerdotes e divindades. Na representação de camponeses, domésticos, escravos, prisioneiros, mercenários, estrangeiros, em suma, seres considerados inferiores, o desenho se tornava mais livre, mais naturalista e mais “correto”. (OSTROWER, 2009, p.75).

A autora nos mostra que a lei da frontalidade se aplicava com mais rigor a um certo

grupo que poderia, e era constantemente representado, como é o caso dos altos calões

egípcios, entretanto, quando se tratava de pessoas de menor importância, entende-se que os

artistas tinham maior liberdade de representação.

O Egito, muito conhecido devido suas excepcionais pirâmides, contribuíram

também na arquitetura e na escultura, onde melhor representam seu estilo artístico e, de

fato, as mesmas leis e conceitos religiosos que se aplicavam aos seus desenhos cabiam

também no universo tridimensional.

2.5 O desenho na Grécia: uma arte para o refinamento

Inicialmente, a arte grega se desenvolveu sob influências e características oriundas

da cultura artística egípcia, mas com o passar do tempo foi encontrando o seu próprio

estilo, o qual se aproximou cada vez mais da perfeição, de uma arte requintada e nobre.

Podemos dividir a arte grega em três períodos: Arcaico, Clássico e Helênico.

2.5.1 Arcaico

No período Arcaico, por volta do século VII a. C., o povo grego era formado pelos

aqueus, dóricos, jônicos e eólicos e com o passar do tempo foi dando origem as Cidades

Estados Gregas que, a princípio, eram muito pobres. Ao longo do tempo, com o

alargamento do comércio, começaram a se desenvolver economicamente mantendo o Egito

e o Oriente como aliados comerciais. O contato comercial com esses povos, especialmente

o Egito, trouxe para a Grécia tendências artísticas que traduzem a cultura, as crenças, a

política e a filosofia grega.

A respeito da influência de outras civilizações na cultura clássica, Proença (2009,

p. 27) observa que

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as criações artísticas dessas civilizações, com certeza causaram espanto e admiração nos gregos. Mas, se inicialmente estes imitavam os egípcios, depois criaram sua arquitetura, sua escultura e sua pintura, movidos por concepção muito diferentes das que os egípcios tiveram da vida, da morte e das divindades.

A autora nos mostra que a diferença entre a arte Grega e a Egípcia era o modo de

ver o ambiente que os cercavam, enquanto os egípcios mantinham a intenção de

representar os deuses e a vida após a morte, os gregos se preocupavam com o ideal de

beleza e não com a religião propriamente dita. Os gregos deste período desenvolveram

uma arte mais preocupada com a harmonia e o equilíbrio de suas representações, suas

esculturas eram quase sempre enrijecidas e não eram providas de grande dinamismo.

A pintura Grega Arcaica trilhou o mesmo caminho da escultura, embora os únicos

registros de suas pinturas sejam as cerâmicas. Os desenhos nesses recipientes que, por

genérico, podem ser chamado de vasos, se tornaram bem populares neste período. Ainda

nos primeiros vasos pintados por este povo era possível notar as influencias dos desenhos

egípcios. Gombrich (2010, p. 78) afirma que “A pintura desses vasos tornou-se uma

importante indústria em Atenas”, portanto, tanto na escultura quanto na pintura aconteceu

o despertar idealista na Grécia Arcaica. As cenas estampadas nas peças produzidas nessa

época contam sobre a cultura, a valorização e idealização de beleza, visto que os gregos

eram preparados para as lutas e guerras. Isso nos ajuda a compreender as manifestações

culturais presentes na sociedade grega desse período.

2.5.2 Clássico

O período Clássico, segundo Proença (2012, p. 30) tem seu início por volta do

século IV a.C., tempo em que a Grécia enfrentava investidas por parte de Esparta, um

período repleto de batalhas entre elas se destaca a guerra do Peloponeso.

Entretanto, na arte começavam a aparecer traços característicos Gregos. As

esculturas, que anteriormente eram tratadas com simetria a fim de obter a harmonia e o

equilíbrio, agora apresentam traços sinuosos e a arte ganha um novo conceito. O

dinamismo nos motivos desenvolvidos neste período é a características desta época.

Inicialmente as esculturas gregas eram semelhantes as dos egípcios, rígidas, onde

prevaleciam a lei da frontalidade. Gombrich (2010, p. 78) observa que “o artista que fez

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essas estátuas não se limitou a obedecer a fórmulas fixas por melhor que elas fossem, e

começou praticar suas próprias experiências”. Como a Grécia tinha seus ideais baseados na

razão, não se submetia às imposições dos sacerdotes ou reis e ainda valorizava o homem

acima de tudo. Isso levou os gregos a desenvolverem motivos de esculturas que

expressavam as intenções do artista Grego, rompendo com a cultura estrangeira.

A Grécia deste período articulava linhas sinuosas em suas esculturas, tirando o

equilíbrio do eixo, desenvolvendo figuras dinâmicas e abandonando a rigidez das

esculturas arcaicas. O desenho era utilizado na ornamentação de vasos de cerâmicas que

eram utilizados como recipientes e não muito tempo depois passou a servir também como

representação artística. A arte grega vai evoluindo e entra no período helênico carregada de

expressões advindas das guerras e outras manifestações desse período.

2.5.3 Helênico

O período Helênico se desenvolveu durante século II a.C, momento em que a

Grécia atravessava por guerras internas que proporcionou a sua decadência. O

enfraquecimento das cidades Gregas deu espaço para que Felipe II, rei da macedônia,

invadisse as cidades unificando as polis gregas a fim de combater os persas que

ameaçavam um ataque. No dia da partida Felipe II é assassinado e seu filho Alexandre foi

quem liderou os exércitos.

Sob governo de Alexandre tem-se o início do período compreendido como

Helênico. Devido às conquistas Gregas de outros reinos próximos, houve uma mistura

cultural que influenciou fortemente a representação grega. A arte passava a representar

conceitos e sentimentos advindos do homem. Segundo Gombrich, foi nesse momento “que

os artistas descobriam meios para animar as feições sem lhes destruir a beleza” (2010, p.

106). Suas esculturas passaram a ter expressões que demonstravam sentimentos ou mesmo

que remetessem a impressão de que pensavam. A arte do período helenístico, sem romper

com os padrões clássicos da cultura grega, adotou maior expressividade.

Neste período, a representação artística passa a inferir em suas produções a

dramaticidade, com a intenção de aproximá-las das expressões humanas. Gombrich (2010)

destaca que muitos dos mestres mais famosos eram pintores e não escultores. Nessa mesma

época, os escritores começaram a se interessar pela arte e escrever sobre as produções

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artísticas, e, no entanto, seus relatos confirmam que os pintores daquele momento se

preocupavam mais com as técnicas artísticas do que com a religiosidade.

2.6 O desenho em Roma: uma arte decorativa

O Império Romano teve inicio por volta de 753 a.C. e sua arte foi amplamente

influenciada pela arte grega e etrusca. As influências Gregas eram bastante notáveis em

suas produções artísticas. Uma vez que os romanos utilizavam os conceitos gregos sobre o

ideal de beleza, desenvolveram-se nas esculturas e pinturas de mosaicos, que logo

ganharam as paredes de templos e casas. A obra de arte buscava exteriorizar os

sentimentos que marcavam os traços dessa cultura em ascensão (PROENÇA, 2009). Na

escultura, embora admirassem as representações gregas, preferiram deixar a representação

idealizada do homem e fazer uma representação realista, mostrando-o com suas

características e humanizado.

O desenho em Roma se fez presente na concepção das pinturas e mosaicos. A

pintura romana fazia parte das decorações internas de edifícios, principalmente nas cidades

de Pompéia e Herculano, que foram soterradas devido a uma erupção vulcânica.

Caracterizavam-se pela tentativa de ilusão que criavam quando representavam janelas

abertas com paisagens e animais.

A respeito da expressividade da pintura em Roma, Proença (2012, p. 49) corrobora

observando que

os romanos são considerados verdadeiros mestres na arte do mosaico, cujos exemplos de maior valor artístico são também os que decoravam os edifícios de Pompéia. Trata-se de uma técnica diferente que a pintura, mas que, assim como esta, ornamenta as obras arquitetônicas.

Ainda sobre a pintura romana, Proença (2012) segue observando que os Romanos

detinham a habilidade, mesmo que em alguns momentos representassem de forma rústica,

em outros procuravam utilizar formas mais brilhantes e conciliar o realismo com a

imaginação tornando suas pinturas um adicional importante que complementava a

arquitetura.

Em Pompéia, praticamente todas as casas detinham pinturas em suas paredes, antes

de ser consumidas pelas cinzas de Vesúvio, ainda que nem todas eram obras primas,

porém, “os decoradores de interiores de Pompéia e cidades vizinhas [...] desenhavam

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livremente, apoiando-se, é claro, no acervo de invenções dos grandes artistas helênicos”

(GOMBRICH, 2010, p. 113). Dessa forma, a manifestação artística era de suma

importância para a sociedade dessa época, uma vez que, as obras de artes por mais singelas

que fossem, ocupavam as residências e se faziam presentes em espaços públicos e

privados.

2.7 O Desenho na Idade Média: uma arte a serviço do cristianismo

Os Romanos formaram um vasto império, mas foi por volta do século V d.C.,

quando os bárbaros invadiram a Europa dominada pelos romanos, que se inicia a Idade

Média. O povo romano chamou-os de bárbaros por não se importarem com a riqueza

cultural já adquirida até aquele momento. Gombrich (2010) comenta que o ideal de beleza

Romano, calcado na cultura Grega, poderia ser belo para os romanos, enquanto que para os

bárbaros seria meramente destruído sem nenhum valor. Muitas das pinturas greco-romanas

foram perdidas em meio a esses confrontos.

Contribuindo com Gombrich (2010), Proença (2012) acrescenta que o Império

Romano do ocidente tinha como sua capital Roma e que neste período estava sofrendo

inúmeras investidas dos povos bárbaros, ou seja, iniciava-se uma grande batalha que

levava os romanos à queda de um grande Império. Este período tornou-se conhecido como

o início da Idade Média e as artes por sua vez começaram a remeter uma função inspirada

nas temáticas de religiosidade.

O período artístico compreendido como Bizantino recebeu esse nome devido ao

império romano de Constantino ter se estabelecido no Oriente com sua capital em Bizâncio

no ano 331 d.C., mas não tardou seu nome foi mudado para Constantinopla, enquanto a

Roma do Ocidente praticamente havia sido tomada pelos bárbaros. Constantino foi o

primeiro imperador romano que estabeleceu o cristianismo como única religião.

A arte bizantina, de acordo com Fayga Ostrower (1987), se tornou símbolo da corte

onde se apresentava ostentativa e esplendorosa ao mesmo tempo em que severa e

idealizada na representação hierárquica do poder da igreja. No entendimento da autora,

inicia-se uma nova padronização artística e cultural, tendo as inspirações religiosas e

espirituais como temáticas para a produção da época. A arte, ainda que a serviço do

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cristianismo é produzida na inspiração da fé e aos mandos da Igreja, instituição que detinha

o poder centralizador e produtor das relações sociais.

A respeito da arte sacra, Ostrower (1987, p. 75) observa que:

A vertical predomina, passando a direcionar superfícies... Os santos e os seres divinos são despojados de qualquer traço que possa indicar fraqueza ou sofrimento. Ricamente trajadas, altivas e solenes, de dimensões super-humanas, são figuras alongadas e estritamente frontais. Ressalta a visão de ideal de um espaço imóvel e imutável.

Neste contexto de dominação da igreja, a gravura era usada para ilustrar as histórias

Sagradas, desenhando os acontecimentos narrados na bíblia tornando assim mais fácil o

reconhecimento por parte da maioria da população que não sabia ler. Os livros eram

copiados, manualmente, pelos monges e adornados com gravuras decorativas, ouro e

pedras preciosas. Nesse sentido, a arte é utilizada como um recurso de comunicação e

ensinamento da fé, principalmente aos leigos que não detinham as práticas de leitura.

Os artesãos deste período pareciam não se importar com a beleza estética e sim com

a representação das figuras na intenção de facilitar o entendimento do povo. Gombrich

(2010) observa que os artesãos esculpiram em madeira com traços rudimentares na

intenção de apenas representar as figuras divinas de forma simbólica a fim de não despertar

idolatria com imagens realistas. Para eles, bastava saber de quem se tratava e a qual conto a

pintura ou escultura se referia. Percebemos que a arte dessa época abandona as regras e

estéticas clássicas utilizadas pelos gregos e os romanos na época anterior a essa. O tema

passa a ser mais importante que a estética e o refinamento.

Durante o período bizantino as misturas culturais entre bárbaros e romanos foram

inevitáveis. Roma havia sido invadida e deste contato entre os bárbaros e os romanos

aconteceram trocas culturais, e consequentemente uma miscigenação cultural e artística.

No entanto, a arte greco-romana ganhou força nas representações medievais, na corte de

Carlos Magno que se considerava o sucessor dos imperadores romanos, e passou a

influenciar artífices deste momento. Iniciou-se o período românico.

A valorização do movimento e das linhas sinuosas se torna visível, “os egípcios

haviam desenhado principalmente o que sabiam existir, os gregos o que viam; na Idade

Média, o artista aprendeu também a expressar em seu quadro o que sentia” (GOMBRICH,

2010, p. 164-165). O artista medieval se preocupou em representar com o sentimento,

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coisa que os anteriores a eles ainda não fizeram, embora esse sentimento estivesse mais

voltado para a fé religiosa.

Os pintores românicos se desenvolveram na arte de ilustrar murais em afrescos que

eram utilizados para facilitar a compreensão das histórias bíblicas pelos que não sabiam

ler. Proença (2012) comenta que nos murais eram representados os mesmos modelos que

eram desenhados nos livros religiosos e que naquela época era intensa a produção dos

manuscritos decorados a mão.

A representação deformada, estilizada, pelos artistas remetia o interesse pela

representação do mítico e não do belo idealizado, como faziam os gregos. Proença

acrescenta que “A deformação, na verdade, traduzia os sentimentos religiosos e

interpretações míticas que o artista fazia da realidade” (PROENÇA, 2012, p. 71). Os

desenhos eram usados como modelo didático das histórias da bíblia, o que facilitava o

entendimento do cristão daquele momento.

No século XII iniciou-se uma economia fundamentada no comércio e os centros das

cidades passaram a receber pessoas que vinham do campo para se estabelecer e trabalhar.

Surgia uma nova classe social, a burguesia. A cidade “novamente, era o centro renovador

dos conhecimentos, da arte e da própria organização social” (PROENÇA, 2012, p. 72).

No século XII a arte românica ainda predominava, mas logo começaram a aparecer

mudanças que conduziriam a uma revolução no período. A arte gótica se refletiu

principalmente na arquitetura, passando a apresentar certa tendência ao direcionamento

vertical, com todas as suas catedrais mais altas, a fim de, supostamente, alcançarem o céu.

Segundo a autora, não somente a arquitetura passou a ter esse aspecto, “Agora, todos os

detalhes, de figuras divinas ou humanas, de plantas, animais, casas, templos, são

apresentadas de tal modo alongados e esguios que nos dão a impressão de estarem se

desmaterializando, corpos sem peso e sem densidade” (OSTROWER, 1987, p. 77).

No século XIII os pintores demonstraram uma preocupação com o realismo ao

representar a figura humana. Havia uma tendência que posteriormente daria espaço para o

renascimento. Alguns pintores da época preocupavam-se mais com a questão da

profundidade e sinuosidade dos tecidos. As pinturas retratavam a vida dos santos e pouco a

pouco demonstravam a preocupação com as cores e o refinamento das obras. Proença

(2012) assinala que era evidente o realismo nas pinturas e a representação minuciosa de

detalhes que passou a fazer parte das obras deste estilo. Isso tudo, essa curiosidade em

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retratar minuciosamente com dinamismo e profundidade certamente culminaria num novo

modo de ver a arte.

A arte nesse sentido passa de período em período, de geração para geração servindo

como objeto social de expressão humana, em determinados períodos desempenha a função

de educar e de manifestar o sentimento da fé, embora em todos os períodos da história ela

serve como uma ponte de comunicação entre o nosso e os tempos posteriores.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Iniciamos esta pesquisa com a intenção de observar as relações que existem entre a

obra de arte, em especial o desenho, e a história que marca as eras Antiga e Medieval, uma

vez que as discussões acerca da temática e a observação nos levam a perceber uma forte

relação da arte com as manifestações sociais dos tantos períodos vividos pela humanidade.

Em nossa investigação foi possível perceber as mudanças da percepção artística

desde as cavernas, onde o homem representava de forma simples o que via, até o final da

Idade Média, em que a religião predominava como lei absoluta. Percebemos a presença das

características do desenho nas obras de artes que procederam destes períodos.

As mudanças sociais que ocorreram com o descobrimento da escrita,

impulsionaram todas as sociedades a se organizar. Surgiram as primeiras cidades e nelas o

desenvolvimento cultural que seria imortalizado através da arte. Conforme as sociedades

iam se modernizando as representações artísticas também ganhavam novas características.

É notável que o grande marco na arte da antiguidade tenha sido Atenas, na Grécia, onde

aconteceram as mais importantes descobertas artísticas, científicas, filosóficas dentre tantas

outros.

Embora a Idade Média tivesse sido um período que muitos consideram como idade

das trevas, ainda nela se desenvolvera uma forma diferenciada de perceber a arte. A

característica do desenho estava presentes nas composições da arte escultórica, nos murais

e mosaicos, embora não tivesse uma representação muito abrangente como em períodos

anteriores.

É possível perceber em cada momento como os artistas se preocupavam com o

direcionamento das linhas nas figuras que, por ora, assumiam, em determinada época, a

característica linear e enrijecidas enquanto que em outros momentos apresentavam

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sinuosidade e dinamismo. Interessante pensar que a cultura de um povo pôde ser exprimida

mediante os pontos, linhas e formas representativas que contam histórias, que idealizam e

que ensinam. São estas as formas resultantes dos pontos e linhas que precedem toda a arte

visual, que nos dão o privilegio de apreciar a concepção artística de povos tão singulares e

nos permite também continuar criando, representando, cotando histórias e ensinando

através desta magnífica expressão artística. Contudo, em síntese, entendemos o desenho

como sendo a base de toda a representação pictórica e que esteve tão presente em outras

eras.

REFERÊNCIAS

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DOBERSTEIN, Arnoldo Walter. O Egito antigo. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010.

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FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Dicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1977.

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KANDINSKY, Wassily. Ponto e Linha Sobre Plano. 2.ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012.

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OSTROWER, Fayga. Universo da Arte. 4.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1987.

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PROENÇA, Graça. Historia da Arte. 17.ed. São Paulo: Ática, 2012.

WONG, Wucius. Princípios de Forma e Desenho. 2.ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.