arte de protesto: a expressão artística como ferramenta de manifestação política

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 Especialização em Jornalismo Cultural Disciplina de Estética Arte de Protesto: a expressão artística como ferramenta de manifestação política Rodrigo Lyra Miranda Julho – 2013

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7/23/2019 Arte de Protesto: a expressão artística como ferramenta de manifestação política

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Especialização em Jornalismo Cultural

Disciplina de Estética

Arte de Protesto: a expressão artística como

ferramenta de manifestação política

Rodrigo Lyra Miranda

Julho – 2013

7/23/2019 Arte de Protesto: a expressão artística como ferramenta de manifestação política

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Introdução

A arte é uma importante ferramenta política, não apenas por ser um reflexo da cultura

vigente de sua época, como tem o poder de proporcionar um repertório de

representações às diversas manifestações e contestações, seja de setores marginalizadosde uma sociedade, seja da população contra arbitrariedades do Estado que a governa.

Vendo a arte como uma materialização da cultura, podemos considerar que assim como

a cultura, a arte possui algumas funções extensamente debatidas, seja como modalidade

de entretenimento, seja como reprodução de tradições de um povo. Além disso, ela

possui uma terceira função, a de por idéias em oposição e questionar os

posicionamentos da reprodução cultural. Ao longo do último século, artistas estiveram

imersos nos movimentos revolucionários e libertários, usando a expressão de suaprodução como meio de comunicação de ideologias que através das várias vias da arte

podiam atingir mais e de novas formas espectadores que o simples discurso politizado

não afetava. O conteúdo do protesto artístico provinha das diversas referências e

simbologias socioculturais, comuns às populações de onde os manifestos emergiam,

sofrendo novas associações e significações, interconectando a expressão artística com o

ativismo político.

Com a eclosão dos movimentos sociais nos anos 60, liderados por grupos

marginalizados (no sentido de estarem à margem do funcionamento do sistema sócio-

econômico) e minorias (não no sentido quantitativo demográfico, mas de acesso a

direitos civis e recursos), influenciados pela teoria contracultura que através de seus

manifestos e movimentos questionava o modelo político vigente, a produção artística

reforça seu aspecto político, se somando ao arsenal de protesto de caráter pacífico. As

performances, meetings e happenings ocupando o espaço público quebravam o fluxo da

rotina do meio urbano, intervindo com os questionamentos que representavam,enquanto a arte gráfica e musical divulgava símbolos e ideologias como propaganda.

Quanto à contracultura, dois eventos marcaram sua potencialização no ocidente, Maio

de 68 em Paris e a Guerra do Vietnã, de 1955 a 1975, perpetuada pelos Estados Unidos

durante a Guerra Fria.

Os movimentos sociais, como o feminismo, seguido do movimento negro e do

movimento gay, os grandes movimentos que se fomentam naquela década, pondo em

questão instituições e repressões de gênero, etnia e sexualidade, buscavam seu

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reconhecimento e equiparação de direitos com os padrões dominantes (homem, branco,

heterossexual). O protesto artístico que os acompanhou, principalmente na arte gráfica e

performática, surge como forma de confronto com as instituições culturais normativas e

em busca da valorização das características que os diferem das mesmas.

O suporte da contracultura promove uma desconstrução dos padrões culturais que

mantém, ao mesmo tempo em que refletem, os modelos econômicos e políticos

vigentes. Em uma época de Guerra Fria, onde a política global era dividida nos formatos

sólidos de uma direita capitalista, que instigava a individualidade e o consumo, e uma

esquerda comunista, que instaurava o autoritarismo e a anulação da diversidade, surge a

contracultura como oposição a esses modelos, sem apresentar uma proposta; para ela

bastava a dissolução política, o que a colocava pareada à ideologia anarquista, nemsempre de forma consciente. Alguns movimentos sob esse conceito eram

declaradamente anarquistas, como o punk nas décadas de 70 e 80, que expressa seu

protesto artístico principalmente pela música, indumentária e postura contestatória.

Outros movimentos surgem baseados em referências diferentes, mas com o mesmo

objetivo desconstrutivo, como o hippie, o reggae e o skinhead. Vale ressaltar que o

termo contracultura não representa um movimento de destruição da cultura como idéia,

mas de desconstrução da cultura normativa e disciplinar, ou como diria Foucault, dasrelações de poder que ela impõe. Embora os anarquistas mais radicais tivessem a

proposta de implodir todas as instituições, cultura inclusa, eles acabam por alimentar

uma sub-cultura subversiva com sua produção artística e literária.

Nas ditas artes visuais, a produção estética com fim de protesto é adotada com mais

freqüência na forma de performances, muitas vezes sobre o próprio corpo do artista

(comum no manifesto feminista, que tem o corpo feminino como um dos principais

signos), montagem e colagem (presente em expressões de contracultura anti-consumistas, se apropriando de recortes da mídia impressa e publicidade, de forma

parecida com a utilizada na Pop Art, com intenção diferente), ilustração (comum a

praticamente todos os movimentos e impressas em diversos veículos), grafite e outras

modalidades de intervenção urbana menos permanente, os happenings (e sua versão

contemporânea, o flash-mob), a pintura (se apropriando de modelos estéticos

simultâneos à época, com nova intencionalidade) e o design gráfico (herdeiro

contemporâneo da pintura e ilustração, reproduzido em larga escala pela internet,ganhando poder de divulgação mais amplo).

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A Estética do Protesto Artístico

Clement Greenberg, escritor e crítico americano, em sua obra “ Art and Culture”

(1961), promove uma valorização do abstracionismo, enquanto desqualifica imagens

que representavam diretamente mensagens políticas e sociais. Na conjuntura política de

sua época, era uma contraposição ao realismo rígido socialista, cuja arte fazia

reproduções e representações diretas da realidade (ou pelo menos de uma realidade que

interessava ser retratada). Para o abstracionismo, em alta na arte moderna durante o

século XX, o impulso para a criação artística vem da interioridade do próprio artista, o

que era tratado como a “verdadeira arte”, usando os elementos do exterior, a realidade

material, apenas como pretexto para agenciar cores e formas. Pela ausência de símbolos

comuns ao meio social, se apoiando nas representações particulares de um único

indivíduo, a expressão abstrata pode ser vista como um reflexo no campo da arte da

política do liberalismo adotada no ocidente.

Não cabe aqui desqualificar o valor da arte abstrata, mas explicitar que essa escola,

pela ideologia de sua criação, não tinha realmente efeito político, embora fosse a mais

valorizada no ocidente. Por essa característica, no fim da década de 60, ela é criticada

pelos movimentos sociais e contraculturais, substituindo seu modelo de esvaziamento

político pelas chamadas arte conceitual e performática, que induziam seu público a

entrar em contato com um vocabulário simbólico de mensagens políticas. A arte

conceitual não é uma escola estética propriamente dita, mas uma ideologia de criação

artística onde a idéia da obra é mais importante que os meios ou produtos empregados

na sua realização.

A arte conceitual pode honrar sua influência ao dadaísmo, idealizado na primeirametade do século XX. O “dada” era um tipo de anti-arte, cuja produção era composta de

objetos comuns e recortes sem valor artístico em si, considerado uma crítica à sociedade

de consumo e da arte como mercadoria, principalmente entre a 1ª Guerra Mundial e a

Depressão de 30. Sua modalidade de produção foi nomeada readymade,  que envolvia

dar status de obra a objetos sem nenhum valor, além de uma produção poética

propositalmente sem nenhum objetivo de significado, se auto-classificando como um

movimento de antiestética. Era parte do discurso dadaísta considerar que suas obras nãoeram arte, mas algo não classificado, uma intriga ou desafio. A intriga como efeito do

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dadaísmo pode caracterizar o movimento como precursor do conceitualismo, já que o

impacto de suas obras acaba por gerar um questionamento da postura político e

econômica vigente, mesmo quando repudiado. O dadaísmo surge como primeiro

movimento de desconstrução de instituições, no caso, tendo a própria instituição da arte

como alvo.

Inspirados pelo dadaísmo e trespassados pela Pop Art, que começa a florescer na

década de 50, um grupo de artistas começa o movimento Fluxus, talvez o único

movimento da segunda metade do século com manifesto declarado, mesmo que

informalmente, através da revista homônima, atingindo Estados Unidos, Europa e

Japão, ganhando força entre as décadas de 50 e 70. A produção artística do Fluxus já se

enquadra na categoria conceitual, herdando a base de desconstrução do dadaísmo,atrelado à idéia da Pop Art de se apoderar das contribuições da indústria de consumo e

publicidade e incorporá-las à sua criação. Diferente do dadaísmo, que não considerava o

efeito político de suas obras (apesar de invariavelmente implicá-lo), os artistas do

Fluxus constantemente tinham objetivos de claro e definido ativismo político em suas

expressões artísticas. Entre seus produtos mais difundidos, estão cartazes e colagens

com referências estéticas da Pop Art; as performances, em ambientes públicos ou não,

com freqüência envolvendo nudismo, um dos signos contra o pudor e a favor dasliberdades sexuais reivindicadas a partir de sua época; e o grafite, uma forma de

intervenção urbana com arte gráfica, frequentemente marginalizada por sua associação a

minorias políticas e grupos excluídos da sociedade. Dentre os artistas conhecidos do

movimento se encontram Joseph Beuys, Nam June Paik e Yoko Ono.

Ainda nas décadas pós 2ª Guerra surge o situacionismo internacional, paralelo ao

Fluxus. Esse movimento é conjunto de referências e revisitas ao dadaísmo, surrealismo,

ao próprio Fluxus e aos discursos revolucionários de esquerda. Os absurdos e nonsense

do dadaísmo e surrealismo eram apropriados pelos ativistas como crítica ao

racionalismo e utilitarismo da sociedade capitalista e a conseqüente sufocação da

expressão artística. O situacionismo seguiu em manifestações urbanas espontâneas que

acabaram por culminar no famoso Maio de 68 em Paris. Seguindo uma linha de

raciocínio similar, apesar de não se nomearem situacionistas, mas ainda servindo de

referência aos ativistas do movimento, temos o cinema de Godart, que demonstrava sua

preocupação quanto aos elementos de manipulação do cinema hollywodiano, esperandoque seus espectadores entrassem em contato com questões sociais e pudessem com isso

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desenvolver senso crítico e o teatro de Bretch, que considerava que toda arte deveria ter

função de conscientização política e manifestava declaradamente ideais de esquerda.

Os anos 70 também foram marcados na arte de protesto pela extensão do grafite como

intervenção urbana, ainda associado à marginalidade e vandalismo pelas marcas nopatrimônio e por seu simbolismo remetente a minorias políticas e sociais,

principalmente grupos alinhados à ideologia anarquista e guetos étnicos. Em Nova

Iorque, o grafite de Jean-Michel Basquiat ganha visibilidade pelo desconforto causado

pela abstração obscura de seus desenhos entremeados por frases de contestação, um

reflexo de sua biografia conflituosa marcada por injustiça social. Os anos 90

conheceram o trabalho de Banksy (pseudônimo), artista ativista inglês que expressa

através de grafite e estêncil ilustrações de conteúdo declaradamente contestatório,simpáticos à esquerda e ao anarquismo. A técnica de Banksy promove forte influência

na produção gráfica dos protestos artísticos atuais. Os artistas do grafite não se incluem

em uma modalidade estética definida, mesmo que suas obras possam ser analisadas pela

ótica da arte pós-moderna (e expressionismo abstrato, no caso de Basquiat), mas pelo

conteúdo de manifesto e contestação que expressam, podem ser considerados também

como arte conceitual.

A arte conceitual continua trilhando seu caminho na contemporaneidade, conforme as

contestações das situações social, econômica e política se tornam mais elaboradas, hoje

contando com o agravante da velocidade dos meios de comunicação, forçando sua

criação e reprodução ser cada vez mais instantânea para gerar uma intervenção mais

efetiva com o devido timing. Essa arte conceitual atual pode ser considerada como um

misto de referências e símbolos, em constante reciclagem e recriação de significado dos

ideais estéticos de outras modalidades artísticas, combinado com os recursos

tecnológicos atuais.

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O Repertório do Ativismo

O ativismo político, como a maioria das atividades do gênero, opera através de um

repertório de ação. O termo “repertório de ação”, cunhado por Charles Tilly (1977),

descreve, em uma perspectiva histórica, uma série de meios que atores políticosempregam para expressar protesto ou manifestar um desejo coletivo. Seguindo essa

linha de pensamento, mudanças na sociedade exigiriam novas formas de ação e reação e

uma conseqüente mudança no repertório de contenção. A escolha do termo repertório

também tem significado de restrição: como diria Foucault, as ações são escolhas

dependentes de um campo de alternativas possíveis. Essa proposta de repertório de ação

política tem semelhanças com o evolucionismo, no sentido de que ele se amplia através

de improviso e conflito com o meio (no caso, meio sociopolítico). Com o tempo, essaspráticas se tornam convencionais e transmitidas para outros movimentos políticos

similares. A capacidade de inovação é o elemento que põe o repertório de ação em

movimento; no caso do ativismo político, quando a instituição contra a qual se protesta

 já desenvolveu meios reativos de conter e suprimir a ação política, o ativismo perde sua

potência se não for capaz de desenvolver formas inovadoras de manter a tensão política

instável (no sentido de que estabilidade política significa em geral que todas as vozes de

oposição se calaram) e reformular seu repertório de ação. Em última estância, seafastando do conceito original de Tilly, a noção de repertório confere ao ativismo

político um aspecto orgânico, reagindo e resistindo às pressões do ambiente no qual está

imerso, como qualquer organismo. A produção artística confere ao repertório do

ativismo uma gama de estratégias de expressão de símbolos e comunicação de idéias,

permitindo modalidades sensíveis de intervenção política, além de opções pacíficas de

retaliação e resistência.

Esse conceito pode ser estreitado para representar o conjunto de estratégias que umgrupo ou movimento específico utiliza em suas intervenções, acabando por fazer parte

da identidade dos mesmos. Dessa forma, um determinado repertório de ação poderia

gerar intervenções melhor sucedidas em determinados nichos pela maior aderência de

sujeitos identificados com as expressões do mesmo. Aqui aparece mais uma semelhança

entre a arte e o ativismo e mais uma justificativa do porque sua interconexão é efetiva:

diferentes modalidades de expressão permitem que as mensagens encontrem novos

caminhos entre a subjetividade dos indivíduos que compõem um coletivo, como um tipode “contágio” político.

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  Tomando como exemplo o repertório de ativismo do movimento feminista, a partir

dos anos 70 inclui novas maneiras de expressão pela arte, dando valor ao trabalho

cooperativo, a exploração das representações culturais do feminino e desconstrução de

estereótipos. A composição da pintura e arte gráfica se afasta da crítica ao

falocentrismo, voltando o foco a valorização de figuras femininas históricas ou

ficcionais e às formas da anatomia feminina, por influência de artistas feministas como

Judy Chicago. O debate de discursos pessoais combinados com agitações públicas foi

incluso ao repertório, transgredindo pelo pudor da época em expor as experiências

íntimas da existência feminina. O movimento feminista também incluiu as estratégias

de performance para causar choque e desconforto reflexivo sob influência das estéticas

de contestação (dadaísmo, Fluxus e situacionismo). A opção por essas ferramentas de

ativismo obteve sucesso ao passo que pelos anos 80 o movimento já havia adquirido

visibilidade social e aberto espaço para a arte feminista nas grandes galerias de arte.

Nessa época, a noção de que o gênero era construído socialmente, aproximou o

feminismo de outras causas sociais, como as discussões de classe e etnia, incluindo

discursos e modalidades de arte típicos desses movimentos ao seu repertório de ação. É

imprescindível que o repertório de ação feminista inclua referências e símbolos do

corpo feminino, o elemento mais diretamente disciplinado e mistificado pela norma

social. A estratégia de referência ao corpo contribui para a adesão ao discurso do

movimento pela identificação com a intimidade evocada. Essa estratégia estética á

capaz de promover uma ação política pela ligação que constrói com a subjetividade do

indivíduo, possibilitando adesão a um coletivo que atua em determinado contexto

social.

A estética do pós-modernismo acaba por enfraquecer as estratégias de produção de

imagem reproduzidas até então, aumentando a dificuldade em obter autenticidade na

mensagem política, seja pela saturação de imagens, seja pelo valor comercial atribuído a

ilustrações (em parte responsabilidade da Pop Art). Movimentos como o feminismo que

usam a ilustração em seu repertório acabam inovando essa ferramenta dando aspecto de

humor, ironia e sarcasmo, ganhando tom de retórica; estratégia de ativismo reproduzida

com freqüência nos dias de hoje.

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Considerações Finais

Não há dúvidas quanto à eficácia da arte como ferramenta de ação, intervenção e

resistência política e o amplo envolvimento de artistas nos movimentos sociais é um dos

aspectos da interconexão das artes com o ativismo. Um dos aspectos da arte é aexpressão e comunicação de emoções; quando um sujeito chega ao ponto de expor sua

indignação em protesto, ele já foi transpassado por uma série de emoções, alimentadas

por conflitos e opressões sociais. A expressão artística surge como uma via para

compartilhar um sentimento atrelado a uma revolta a outros indivíduos no mesmo

contexto sociopolítico, potencializando os laços de uma comunidade. A arte é uma

poderosa fonte de produção de significado e de comunicação dos mesmos,

influenciando a variação de táticas de intervenção do ativismo político. Não só mobilizamais indivíduos a se manifestar pela possibilidade de infiltrar questionamentos como

atrai a atenção da mídia para os movimentos sociais (nem sempre de forma positiva).

A grande mídia, atrelada à outras poderes, constantemente desempenha a função de

desmobilizar o ativismo político, desvalorizando suas vias de expressão artística. A

reação do sistema político vigente quanto ao ativismo artístico é usar de um suposto

saber normativo sobre a estética para desqualificar sua essência de arte, além do

investimento na supervalorização de uma cultura de entretenimento de massas que

sufoca o contato do público com produtos artísticos que possam gerar algum tipo de

reflexão política. Quando não são os ativistas que produzem arte, mas artistas que

aderem aos movimentos políticos, adicionando as questões e contestações sociais ao

conteúdo da sua produção artística, há o grande perigo de se tornar marginalizado pela

mídia e apagado da visibilidade pública.

Por isso a inovação é sempre constante tanto no ativismo quanto na arte que o

acompanha, criando formas de potencializar suas idéias sem se deixar ser absorvido

pela cultura de normatização, criando novas pontes de comunicação. Por fim, toda

estética tem de certa forma uma função política, permitindo criar significados e gerar

mudanças no meio social ou se omitindo dessa capacidade.

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ADELMAN, Miriam.Contracultura. Revista de

SOULES, Marshall. The

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studies.ca/articles/protest.ht

 

TEUNE, Simon. Art and

3ª ECPR Conference, Bud

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Estêncil de Banksy

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Acessado em 17/07/2013.

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DS.  Malaspina

tp://www.media-

 apresentado na