arrota fanzine nº 2 maio 14

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Arrota Fanzine Nº2 Maio 14 TRiMESTRAL Esta Fanzine Está Muito Muito Fresquinha! Juventude Arte Ambiente Cultura Filosofia Viajar e muito mais!

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Page 1: Arrota Fanzine nº 2 Maio 14

Arrota

Fanzine

Nº2 Maio 14

TRiMESTRAL

Esta FanzineEstá Muito Muito Fresquinha!Juventude Arte Ambiente CulturaFilosofia Viajar e muito mais!

Page 2: Arrota Fanzine nº 2 Maio 14

EditorialNesta Edição da Fanzine temos temas fresquinhos fresquinhos! O verão já espreita e os arrotos estão em alta.

ÍndiceImpressões digitais Borda d’Agua Cor de RosaServiço voluntario europeu- SVESempre a dar á lingua ilustraçõesCrónica do peixe mole Arrot’Ambiental - “Pé na Terra”Última Paragem Desenvolvimento Sustentável

O absurdo - Camus

(des)encontros á chuvaBagagens emocionaisEncruzilhadas LitaráriasGastroArlindo | Molhinhos com PresuntoManual | Encadernar de maneira fácilGossip Arrota

Props da Casa

Page 3: Arrota Fanzine nº 2 Maio 14

Os Dinossauros são nossos @migos! por: Rui-dino-Dias

“ANA, 29A Bonita, simpática, el-egante. Massage oriental, body massage. 10/21h”

Parece-me interessante imaginar que a forma particular (rotineira?) como fazemos as coisas ajudam a perceber aquilo que somos, são no fundo o nosso “rasto”, as nossas impressões digitais (sociais?), a nossa “marca-de-água”. E o curioso é que na maioria das vezes nem reparamos nelas, nem reparamos que as repetimos vezes sem conta e que elas são o nos-so ADN…exemplos? Beijas de olhos fechados ou abertos? Qual é a primeira palavra que dizes quando atendes o telefone? Comes sempre o mesmo ao pequeno-almoço? O que é que tens na tua secretária de trabalho?O que é que costumas dizer quanto te cruzas com alguém conhecido? (“Tudo bem?”, “Viva”, “a vida corre-lhe bem?”…)Então? Reconheces alguém? Faz o seguinte exercício: pensa nuns quantos amigos e “cola” a resposta a cada uma das perguntas anteriores a cada um deles…o António e a Ana respondem da mesma maneira quando atendem o telefone? E quando se cruzam contigo cumprimentam-te de igual modo? Agora tu: quando chegas a um quarto de hotel, o que é que fazes primeiro? (“vou ver a vista”, “ponho o necessaire no wc”, “experimento o colchão”…).

Im)Pressões Digitais

“O Facebook é como um cofre contendo uma tonelada das suas informações pessoais - que você propositadamente e intencionalmente vai catalogando. Lá, nós temos os nossos álbuns de fotos; livros de endereços; calendários; listas dos nossos amigos; listas dos nossos interesses; crenças políticas e religiosas; orientações sexuais; cidades de origem e endereços atuais; membros da família; amigos e “amigos”; anúncios do nascimento de mais um membro da família; informações de contato; as escolas que frequentámos; os lugares que visitámos; as lojas que amamos; os sites que lemos… e, não contentes com isso, o nosso diário, com os pensamentos actualizados ao minuto” (Meghan Kelly, “Do this now, before Facebook’s Graph Search embar-rasses you”, VBNews)Quem és tu? O que é que te torna um ser particular, diferente dos outros? Os teus “gostos” do Facebook definem-te? Dizes que gostas de algo no “mundo real” com a mesma facilidade com que o fazes “online”? Se tivesses que te anunciar num jornal, como é que te definias? Dei comigo a pensar nisto em mais uma manhã enfiado no trânsito da A5, enquanto alternava entre 3 das 6 estações de rádio que tenho memorizadas no carro (memorizadas após um casalferendo: TSF, Marginal, Antena 1, Comercial, Smooth FM, An-tena 3). De manhã a sequência é quase sempre igual: “Amor é”, notícias e desporto na Antena 1…salta para desporto na TSF, volta a “Portugueses pelo mundo” na Antena 1, salta para “O homem que mordeu o cão” na Comercial e…desliga, que já chegámos ao trabalho (as outras 3, regra geral, são a banda sonora no regresso a casa). Na A5, parado no trânsito, imaginei que estações de rádio estariam memorizadas em cada um dos carros parados na fila, quem as tinha memorizado, se elas ajudam a traçar o perfil do condutor (ah, antena 3, comercial, Vodafone…espirito jovem…xiii, que careta, houve a Renascença, a RFM e a Amália…).Gosto de reparar nestes pormenores da vida real.

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O que é que costumas dizer quanto te cruzas com alguém conhecido? (“Tudo bem?”, “Viva”, “a vida corre-lhe bem?”…)Então? Reconheces alguém? Faz o seguinte exercício: pensa nuns quantos amigos e “cola” a resposta a cada uma das perguntas anteriores a cada um deles…o António e a Ana respondem da mesma maneira quando atendem o telefone? E quando se cruzam contigo cumprimentam-te de igual modo? Agora tu: quando chegas a um quarto de hotel, o que é que fazes primeiro? (“vou ver a vista”, “ponho o necessaire no wc”, “experimento o colchão”…).No teu quarto, num quarto de hotel, noutras camas... De que lado da cama te costumas deitar? (fing@me: “Nas de solteiro: no meio. Nas de casal: na ponta do lado da janela ou no caso de estar encostada à parede, do lado de fora.”; “do lado mais perto da casa de banho”; “sempre do lado que estiver mais perto da porta”; “tenho que sentir o vibe da cama e do espaço e consoante isso olho p a cama e escolho”; “tanto faz”; “sou a rainha da cama, todo o lado é meu”; “Depende do mood e da companhia mas tenho uma tendência geral para tomar conta do meio, com eventual preferência pelo lado direito”)Que “favoritos” gravas no teu browser? De que tipo de páginas és fã no FB? Qual é a primeira coisa em que reparas numa pessoa que te atrai? Tudo isto és tu ou é aquilo que queres que as pessoas pensem que tu és? Gosto destes pormenores deliciosos que nos fazem refletir e que tornam a vida tao divertida.

Reparei que, involuntariamente, escolho sempre o lado da cama mais próximo da porta (um dia destes li algures que é por “instinto animal de protecção”, para defender quem está ao lado de uma ameaça exterior…pois…). Mas a verdade é que o faço…chegado a um hotel, é certo e sabido que o lado da porta é meu.

Fing@me = Facebook/rede social/contactos + ping (instrução que damos numa rede informática para obter uma resposta de um servidor/IP). Gosto do termo, que nem sequer sei se existe (agora existe :-). Basicamente defino o Fing@me como o acto de postar/enviar uma frase/termo/ex-pressão sem contexto de modo a obter uma resposta/reacção. Desta vez o Fing@me perguntou que “estações de rádio tens memorizadas no rádio do carro” e “que lado da cama preferes”. Entre participações mais honestas ou mais criativas, em relação à cama, as respostas estão no texto...em relação às rádios, as mais ouvidas/memorizadas são TSF e Antena 3 (6 nomeações), Antena 1 e Comercial (5) e Radar e Vodafone (2). Um GOSTO muito especial para a Rita Tecedeiro, Rasmus Forman, Cláudia Pacheco, Filipa Maldonado, Lucilia Gaspar, Nuno Rolo, João Silva, Miguel Pereira, Mafalda Henriques, Nuno Ameixial, Nuno Soares, Lurdes Beites, Paula Salbany, Arlindo Alf, Inês Vasquez, Célia Maria e Alexandra Pinto pelo contributo.

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Borda d’Agua Cor de Rosa Mês de Maio: o Maio me molha, o Maio me enxuga

Signo: Touro É o 5º mês do ano, com 31 dias que aumen-tam (Lisboa 52 m e no Porto 57 m). O sol nasce às 06h14 e o ocaso às 20h55.

Calendário1

5ª, Feriado, dia do forrobodó chamado Dia do Trabalhador. Festa das Maias (não das abelhas, mas das flores); Festa celta Beltane (cerveja, paz e amor) e os Bodos em Estoi no Algarve (bem po-des olhar que também não sei o que é).

4Domingo, Dia da Mãe (e do filho tam-bém, senão nunca existiria um dia só para elas. Aliás… cadê o dia do filho?); Dia do Bombeiro.

74ª, Quarto Crescente, 04h15m – Bom Tempo

133ª, Dia de N. Srª de Fátima (Aguardo o meu milagre para que o Brad Pitt abra a pestana e veja que afinal a sua alma gémea é portuguesa, não é Maria mas é cheia de graça).

144ª, Lua Cheia, 20h16m - Chuva e tro-voada! É a loucura!

17Sábado, Dia do Iogurte.

214ª, Quarto Minguante, 13h59m – Tem-po brusco- 03h59m, entrada do sol em Gémeos.

284ª, Dia do Ambiente, Lua Nova, 19h40m – calmaria.

306ª, Dia do Associativismo (Querida Rota, que tal uma festarola?).

31Sábado, Dia do Não Fumador

Dias contados|151 A contar: 214 para acabar o ano (a única vez que se bebe champanhe de qualidade).Astrologia Para os nativos em Touro uma dicazinha: nada de comer chocolate com canela nos dias de Lua Cheia. Alerta vermelho no dia 23. Porquê? Não sei, mas depois não diga que não avisei. Na casa dos amores está Marte e diz “use meia rosa”; 1º porque rosa é unissexo há muito tempo, 2º é fashion e 3º porque não sou obrigada! Incenso| Eucalipto, Pinho e Cravo. Pedra Esmeralda. Metal| Cobre. Cor| Verde.Agricultura – Jardinagem – Animais| Tratar e regar os batatais. Iniciar a transplantação do arroz. Na Horta, é tempo de semear as abóboras, alfaces, beterrabas, couves, cenouras, brócolos, tomates, melões, melancias, nabos, repolhos, pepinos e pimentos. Colher as alcachofras, espargos, ervilhas, favas e cebolas verdes. No Jardim, chegou a época de semear cravos, manjericos e trepadeiras. Colher flores para as sementes. Para os animais, deve-se castrar o gado, tosquiar as ovelhas e procriar cabras e coelhos.

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Pelos caminhos da Velha Europa,Novos horizontes

SVE Serviço Voluntário Europeu

Aquela placa ali tem três letras e aponta para um campo grande de novas oportunidades, desafios, mas principalmente, para um grande ponto de viragem para quem quer ter uma experiência que marque a sua vida. O Serviço Voluntário Europeu (SVE) é uma iniciativa integrada em um dos programas internacionais que a Rota Jovem te proporciona para desenvolveres as tuas competências a todos os níveis, tendo por base a solidariedade, a tolerância e a participação social. Conhece um pouco sobre este projeto e quem sabe, abraça-o com muita força.

O que é o SVE? É uma ação do Programa Erasmus+ da Comissão Europeia, de voluntariado a tempo inteiro, com uma diversa rede de áreas de atuação, desde a área da Juventude, ao Ambiente e até ao Património, Direitos Humanos, entre outros. Estes projectos são a nível europeu mas também há oportunidades fora da Europa, tendo dois tipos de “regimes”: os de longa duração (2 a 12 meses) e os de curta duração (2 semanas a 2 meses).

Como participar? Para seres um candidato aos projectos necessitas de ter uma organização de envio (a Rota Jovem é uma entidade acreditada) e uma organização de acolhimento, que será a responsável pelo projecto em que irás participar. Para isso, tens uma base de dados oficial para pesquisar (http://europa.eu/

Vantagens de ir com a Rota Jovem? Para além de fazer parte da vida de muitos voluntários, a Rota Jovem conta já com 12 anos de prática internacional nesta Ação e com mais de 200 voluntários de experiência. Tanto como organização de envio mas também como coordenadora e organizadora de projetos de acolhimento. Podes contar com sessões de esclarecimento e no caso de seres selecionado(a), espera também sessões de preparação e um acompanhamento contínuo ao longo do projecto. Para além disso, tens sempre uma cara associada a este projeto dentro da Rota, onde podes tirar as tuas dúvidas e curiosidade acerca do SVE: ela é linda e muito simpática - a nossa Ana Ferreira (sem esquecer os magníficos voluntários SVE que fazem o dia-a-dia da Rota Jovem mais alegre)! Por isso, fica atento(a) às oportunidades e às sessões de es-clarecimento que vão aparecendo aos longos de todo o ano.

Agora pega na mochila e na vontade e descobre o que o mundo tem para te

dar!

Inês Vasquez

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SEMPRE A DAR À LINGUA!A Rota Jovem, dado a ser um espaço intercultural e que fomenta o diálogo intercultural

entre jovens, promoveu uma série de Workshops dados por Voluntários, para aprenderes novas línguas.

Aprender Alemão é difícil (há quem diga, claro!), mas não é impossível. Pronunciar palavras gigantes, confesso que não foi tarefa fácil. Mas com algum empenho e dedicação, lá a coisa se fez. Curiosa como sou, tinha de ir experimentar a língua da terra da cerveja.A nossa querida Johanna (estagiária de Erasmus), alemã de gema, durante 2 meses lá teve toda a paciência do mundo para nos ensinar. E não é que conseguiu? Conseguiu ensinar-nos o básico dos básicos, para não fazermos má figura perante terceiros.

Deutsch ist sehr Einfach!

Em relação ao Workshop de Espanhol leccionado pela nossa Elena Touriño (voluntária do programa SVE), galega do mais galego que há, não podia ter corrido melhor. Também só fui a 2 ou 3 aulas, mas saí de lá a saber 4 maneiras de dizer cerveja em espanhol. Ela foi filmes, ela foi ilustrações, ela foi fichas, e sei lá mais o quê. Sim senhora, a D. Elena Touriño, está aprovadíssima para dar aulas de espanhol. E claro, como já tinha tido Espanhol no 11º ano, este workshop serviu para relembrar algumas coisas que para trás ficaram esquecidas.

Quem disse que aprender inglês é para analfabetos? Ou pessoas que nunca ouviram falar em tal coisa? Desengane-se quem pensa tal atrocidade. Tenho tido aulas de inglês desde os 9 anos de idade, e hoje com 22 aninhos ainda não pesco o suficiente para conseguir ter uma conversa inteligente.

Por questões de trabalho só consegui ir à 1ª aula dada pela nossa amiga Tamzyn Carra (professora de inglês) oriunda da África do Sul. Explicou muito bem. Aprovadíssimo! Daquilo que pude ver, foi uma aula divertida onde se conseguiu fazer algumas revisões (para quem já entendia alguma coisita do assunto), e onde foi possível aprender algo novo (para os novatos, claro). E no final, ainda tivemos trabalhinhos de casa.

Alexandra Saraiva

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Ilustração|Joana Domingos

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Crónica do Peixe Mole Inundações na Cave

O Peixe – Mole, para quem não leu a anterior edição da Arrota Fanzine, é o mais novo residente da Rota Jovem; “com espaço fixo entre a casa de banho e a cozinha, ali no meio da parede amarela”. Ele gosta não só do amarelinho mas também do seu posicionamento; adora ver tudo o que se passa no espaço exterior e interior da associação. Contudo, de quando a quando o bichinho gosta de sobrevoar o espaço. Não voa porque não tem asas, mas flutua e teletransporta-se por sinal.Durante estes meses, o peixinho contou-me que houve muita chuva, muito frio, mas também muita gargalhada na associação. Para além disso, visto o Inverno e o início de Primavera ter sido tão rigoroso, a cave teve alguns problemas. Para quem não conhece a cave, é uma ramificação do escritório, basta descer as escadas ali do lado direito. É um pequeno mundo dentro da Rota, onde se pode encontrar de tudo. Para as mentes mais criativas, é um mar de possibilidades artísticas e para as mais esquerdinas do lado direito do cérebro, é uma panóplia de adereços logísticos e materiais, para montar todo o tipo de ambiências e espaços.

Pois bem, segundo o Peixe – Mole, este pequeno submundo do espaço fornecedor de asas para qualquer tipo de trabalhos, foi inundado até à última gota. Para quem gosta de molhar os pezinhos, simular uma ida à praia e afins, com direito a aquecedor no tecto e roupas quentes, este é o ambiente mais desejável para o facto.

Mas o factor mais estranho nesta história é que a água deste submundo evaporou-se de forma espontânea sem a intervenção de mão humana. A Rota Jovem é assim, uma caixinha sempre cheia de magia e surpresas inesperadas (mas boas). Basta procurar sempre for the bright side of all things.

Célia «a redactora do peixe – mole»

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ArROT’Ambiental – “Pé na Terra”Alexandra Pinto & Inês Vasquez

€cologicam€nt€ Sust€ntáv€l – dicas úteis para poupar € e ser amig@ do Ambiente

Quem nunca ouviu falar em “Sustentabilidade”? Esta é, provavelmente, uma das palavras que mais tem sido utilizada nos tempos mais recentes, e, ultimamente, associada ao panorama de crise atual. Contextos à parte, a verdade é que há muito que podemos fazer para sermos mais “eco-verdes” e poupar uns troquinhos na nossa carteira. Nesta edição do ArROTA, damos-te algumas dicas para entrares em sintonia com a Natureza…

Alimentação: Viva os talheres e as marmitas! Entre o trabalho e o estudo nada mais fácil e mais saudável. Para ajudar ainda mais o ambiente, procura escolher os alimentos sazonais (i.e., típicos de cada estação do ano. Por exemplo, morangos na Primavera; batata-doce, castanhas, citrinos, frutos secos no Inverno) e faz um plano alimentar, combinando o mais saudável com o que fica mais em conta para a tua carteira (“o que realmente necessito de comer para ter energia?”).

Vestuário: Invade o teu armário por umas horas e dá uma nova vida a peças antigas! No Youtube, encontras vídeos a explicar como salvar casos perdidos, mas, se não tiveres outra escolha, visita lojas de segunda mão ou passa pela Feira da Ladra… e é garantido um estilo muito à frente!

PARTY-TIME: Organiza as tuas próprias festas e dá asas à imaginação, sempre que o tempo assim permitir (no campo, na praia…) ou um piquenique, onde podes captar o espírito culinário de cada um dos teus amigos, aliado a bons momentos “all together”, praticamente a custo 0! Os eventos livres (divulgados em agendas culturais, newsletter, Facebook) são também um ótima opção e bem amiguinha da carteira!

Trabalho ou Escola: Reutiliza os materiais dos anos anteriores, experimentando, por exemplo, fazer o teu próprio caderno (com papéis de rascunho ou folhas que sobraram de outros cadernos). Esquece as garrafas de plástico e adopta um cantil! Sim, o cantil voltou a estar em voga e assim sempre poupas à volta de uns bons 20 €/mês!

Desporto e Lazer: Aproveita o sol e caminha, anda de bicicleta, limpa a casa (sempre poupas uns trocos no ginásio), podendo gastar entre 100 a 1000 Kcal por 30 minutos de movimento. Ler livros, para além de desenvolver a massa cinzenta (o teu processo cognitivo ficará ao rubro), diminui os efeitos negativos do dia-a-dia e leva a tua criatividade mais além! E claro, cultivando hábitos saudáveis… o chá é sempre um ótimo companheiro destas andanças.

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Última paragem, desenvolvimento sustentável

Os arrotantes gostam de mexer-se. Os arrotantes gostam de implicar-se. Os arrotantes adoram mesmo ter a possibilidade de mudarem as coisas. Num tempo em que qualquer mudança é global e exponencial e a Terra está a enviar-nos sinais inequívocos de socorro, Rui Vasques (arrotante desde 2013) move-se ao tentar atenuar as alterações que estão a prejudicar o meio ambiente. E também para construir uma sociedade em harmonia com o planeta. A sua viagem pela sustentabilidade ambiental começou logo que acabou o seu mestrado em Design de Produção Industrial e Sustentabilidade. Após ter escrito a sua tese (com a qual ganhou o Prémio Melhor Aluno de Curso IADE 2012), surgiu o projecto Live With Earth, “pela revolta que me causou a pesquisa que eu fiz”. Baseado no princípio da reunião da humanidade com a natureza através de soluções, projectos e acções sustentáveis, o Live With Earth surge da visão de que as sociedades se desalinharam do próprio planeta e com a ambição de ser uma organização de referência para o desenvolvimento sustentável. “A investigação técnica, a exploração de potencialidades e sobretudo, a educação das pessoas são a chave”. Tudo isto enquadrado na filosofia da permacultura, que “é um ramo da ecologia que criou um sistema sustentado em três princípios que são os que estão a permitir aplicar os conceitos da minha tese num contexto real”. Cuidar da Terra mediante uma agricultura que utilize sistemas eficientes e se valha de sinergias entre espécies, cuidado com as pessoas, com a correta resolução de conflitos nas comunidades e partilha justa - são esses três pilares que fazem funcionar a procura de construções ambientalmente sustentáveis, socialmente justas e financeiramente viáveis em que o Rui acredita acima de tudo. Embora esteja consciente de que não é tarefa simples mudar uma mentalidade enraizada nas pessoas há tanto tempo, ele não desiste. “Nunca desisti e sempre quis avançar. Acreditei em todo momento, e o prémio deu-me ainda mais coragem para continuar”. E depois, claro, a Rota Jovem apareceu no seu caminho. “A Rota tem uma mentalidade diferente em termos de sustentabilidade. Eles deram-me uma oportunidade brutal para ir à República Checa fazer um curso que se ajustava aos meus interesses, o ‘Think Green, Act Local’”.

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Aqui parece residir a chave do que move o Rui. “As soluções estão aí, apenas há que juntá-las e moldar a realidade. A produção local de recursos com materiais também locais e a auto-suficiência com energias renováveis são o caminho a seguir”.Para além da sua implicação com o Live With Earth, há um novo projecto que embora esteja ainda a nascer, é para já a sua principal prioridade. “O Banco de Partilha Social arranca agora e estamos com uma fé gigante de que as pessoas vão aderir. A ideia é que seja uma causa social da cidadania”. Uma cidadania que, com poupanças de 20 euros ao ano que depois reverterão em forma de produtos hortofrutícolas de qualidade, pode ajudar a criar mais de 20.000 postos de trabalho nos próximos 5 anos. A acção do Banco Social de Partilha está portanto focada principalmente com a procura de soluções para o desemprego, o isola-mento dos idosos e o desenvolvimento de hortas e produtos locais. Assim, o envolvimento do Rui é o resultado da conjugação entre dois mundos, o da sustentabilidade e o das causas sociais, que se aliam na convicção de que o Planeta é de todos e que podemos (e devemos) agir em conjunto. “Há um descalabre mundial que temos de começar a combater aos poucos”. Ele já começou a sua luta, e agora quer é passar a mensagem como facilitador e educador. Para já, o Parlamento Europeu vai ser um extraordinário altifalante para espalhar e divulgar tudo o que ele tem a dizer, no marco do Evento Europeu da Juventude que decorre entre os dias 9 e 11 de maio em Estrasburgo. É assim, com afinco e sem nunca deixar de se mexer, esperando sempre o tempo preciso para as coisas acontecerem, que se pode chegar ao final do caminho com a imensa satisfação de ter aproveitado a possibilidade de mudar aquilo que era preciso mudar. Elena Lorenzo

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“Le città invisibili di Italo Calvino” — Comune di Pordenone - Sito Web ufficiale

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O absurdo de Camus

Sísifo, foi condenado pelos deuses a empurrar um rochedo até ao cume de uma montanha, de onde a pedra caía de novo em consequência do seu peso. Este era o seu castigo para toda a eternidade: um trabalho inútil e sem esperança.Para Albert Camus, Sísifo era o herói absurdo, tanto pelas suas paixões como pelo seu tormento.“Sísifo, vê então a pedra resvalar em poucos instantes para este mundo inferior, de onde será preciso trazê-la de novo para os cimos. E desce outra vez à planície.”A grande tragédia deste mito é a consciência do seu tormento, quando se dá esse vislumbrar da rocha a cair montanha abaixo, contudo, o absurdo e a felicidade têm origem no mesmo lugar (na vida) e Sísifo é superior ao seu destino e aos deuses pelo desprezo. “O absurdo é o confronto entre o irracional e esse desejo apaixonado de clareza, que ressoa no mais profundo do Homem.”Camus, usa Sísifo como mote de comparação com as vidas do nosso dia-a-dia, onde as pessoas procuram empregos fúteis, em escritórios ou fábricas. Fala do homem que vive sem esperança, num mundo caótico e estranho. Pensa e vive para o futuro, bem como no fardo de pertencer a um amanhã, onde só o tempo o pode acordar, dizendo: fica para “mais tarde”. Vive “do especto mecânico dos seus gestos inumanos”. Mas o tempo, é um bom indicador desse vazio e dessa perceção do absurdo, essa eterna repetição que se manifesta dias a fio.

“O homem tem o hábito de viver antes de adquirir o hábito de pensar.” É necessário usar o pensamento, procurar o conhecimento e a clareza, de forma a emergir a uma redescoberta da qual esta é um meio, não só para percecionar o absurdo, mas também para o confrontar. Na absurdidade existe esperança porque aquando da sua tomada de consciência, o velho guerreiro escolhe a ação em prol da contemplação, optando por viver com paixão, coragem e raciocínio numa aventura onde a liberdade a prazo é guiada pelo seu próprio discernimento.

“Se o mundo fosse claro, a arte não existia.”

O sentido latente das coisas está ainda por ser atingido, contudo age-se como se soubéssemos tudo, pretendendo criar uma atmosfera con-fortável e conformista. Este é o absurdo.

“Se o homem pudesse conseguir libertar-se dos grilhões que o

prendem à terra, apenas pela recu-sa do alimento ou condições físicas

desfavoráveis, o cavalo e a vaca já o teriam atingido isto há muito tempo.”

In, BUDISMO - PSICOLOGIA DO

AUTOCONHECIMENTO, Dr. Georges da Silva e Rita Homenko.

Texto inspirado no livro de Albert Camus, O Mito de Sísifo, Ensaio sobre o absurdo.

Célia

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Ilustração|Joana Domingos

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(Des)encontros à Chuva

Aqui há uns anos escrevi o texto que se segue em baixo. Na altura não tinha consciência de que muito tempo mais tarde, veria despontar por aí um fenómeno em parte correspondente ao que coloquei no papel, e sobre o qual falarei em diante. Para já, e apenas para que o conteúdo não caia de pára-quedas, tenho a dizer-vos que ainda que muitas vezes funcionemos por modas (onde o que é trend brilha), estas são representações mais evidentes de momentos que já vivenciamos no dia-a-dia, ou de lembranças que vamos colhendo ao longo do tempo. E um desses momentos corresponde ao que eu chamo (e porque não acredito em amores tão repentinos) em encanto à primeira vista. Mais precisamente, numa qualquer rede de transportes incógnita por este mundo fora. Quem é que já não se cruzou com um desconhecido que lhe despertou a atenção? Porque era fisicamente atraente, porque tinha um olhar magnético, ou porque tinha uma gar-galhada que preenchia a totalidade de um lugar? Naturalmente esses encontros podem acontecer em qualquer lado, desde a caixa do supermerca-do à fila das Finanças, mas talvez ganhem outra cor quando nos encontramos a viajar. Porque estamos fora do nosso elemento natural e mais atentos ao meio envolvente, ou se calhar porque

existe uma certa fragilidade inerente ao processo de mobilidade, que nos faz agarrar o sonho e nos desperta a consciência para a efemeridade do momento. Esses factores justificam provavelmente o sucesso das várias páginas de Facebook que têm surgido nos últimos tempos sob o mote “Vi-te” - “Vi-te no Comboio”, “Vi-te no Autocarro” e até “Vi-te no Aeroporto”. Cheias de vivências (melancólicas, esperançosas, fantasiosas e algumas pretensamente idílicas), divulgam momentos de encontro e desencontro por Portugal fora nos últimos anos, onde as primeiras linhas de uma estória que poderia nem dar certo nunca chegaram a ser escritas (pelo menos na grande maioria dos casos). Partindo sempre do pressuposto de que o mundo as deve conhecer, e quem sabe encarregar-se de as fazer chegar ao destinatário certo, pretendem modificar cursos e transformar (ou criar) lembranças bonitas. Talvez, nos espaços escondidos do mundo cibernético, já tenham nascido romances (ou quiçá grandes amizades, que valem tanto como os primeiros) tendo por base este cruzamento de informações.

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No entanto, dei por mim a questionar-me sobre o inverso da moeda. Sobre as pessoas que circulam diariamente pelos mesmos circuitos, que porventura até têm amigos em comum, que frequentaram as mesmas instituições de ensino em períodos diferentes, ou que vão aos mesmos cinemas, papelarias ou jardins, sem que nunca o acaso lhes tenha permitido cruzar percursos. E ainda que não haja nenhum elemento obrigatório que torne esses encontros necessários, as hipóteses de empatia e de grandes relações que poderiam nascer são difíceis de ignorar. E são essas que me levam a divagar nestes dias de chuva, compadecendo-me dos seus desencontros, e torcendo para que o relógio saiba atrasar-se no momento certo. Ainda não me percebem? Fechem os olhos e imaginem lá comigo: “Saíram na mesma estação. Ela caminhava rapidamente em direcção às escadas e olhava para o relógio preocupada. Ele baixou-se para atar o sapato, enquanto ela passava junto a si que nem relâmpago. Se tivesse levantado a cabeça três segundos mais cedo, se o atacador se tivesse aguentado mais uns dois minutos, os seus olhares ter-se-iam cruzado. Ela teria visto uns olhos verdes amendoados. Ele teria visto umas covinhas salientes nas bochechas (a direita mais acentuada que a esquerda). E teriam ficado estáticos, inebriados um pelo outro, até serem puxados para a realidade com um empurrão de alguém. Ter-se-iamaproximado depois, envergonhados, inexperientes com aquela tipologia de situação, e timidamente estendido a mão.

Apesar de não ser um cumprimento comum na idade deles, era o único possível: a primeira experiência da textura da pele, do calor que ela transmitia, sem ultrapassar um limite que lhes era desconhecido. Teriam ficado ali mesmo, sentados em bancos de plástico frios e desconfortáveis, a conversar durante horas. Tendo como banda sonora o mundo; desde a travagem e o arranque dos comboios ao suave bater da chuva nas telhas. Ela, esquecida do horário de saída da escola da irmã, ele, do aluno a quem iria dar aulas de viola.Por fim, trocariam números de telefone. E uma hora depois ele teria telefonado a combinar uma saída. Levar-lhe-ia ao seu sítio especial, porque sabia que ela era única. E não era dele, nem para ele, mas simultaneamente encaixavam numa perfeita sintonia. E ela.... sentiria o formigar de emoções contraditórias, entre o impulso e a racionalidade, o prazer e a culpa, a esfumaçarem-se no ar. E abriria dentro de si uma porta recôndita, disponível a absorver este presente inesperado e disposta a conhecer melhor a pessoa diante de si. Mas toda a equação é composta por variantes definidas. E ela estava com pressa. E o atacador dele soltou-se quase o fazendo cair. Quando ela passou pelo sítio exacto onde este se encontrava, procurava na mala o telemóvel e ele mantinha a cabeça baixa em volta de nós e contra nós. Por sua vez, quando ele finalmente se levantou, viu ao longe uma rapariga a correr. E a forma como o cabelo dela dançava enquanto se movia fê-lo sentir-se feliz, sem saber porquê.”

Cláudia Pacheco

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Photos em little-people.blogspot.pt/

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Particularidades e especificidades à parte, cada uma das bagagens anteriores é de (muito) fácil achado bem perto de nós: num aeroporto ou num outro lugar qualquer, por vezes disfarçadamente dentro de cada um.Tod@s nós (sem exceção) temos bagagem! Não, não estou a falar daquelas mochilas fantásticas, com capacidade de armazenamento (i)limitadamente confortável que colocamos às costas e, em caso de desconforto, retiramos e fazemos umas quantas massagens… Refiro-me mesmo à outra bagagem, à mais importante, aquela que cada ser humano traz dentro de si: a bagagem da vida. Aquela que pode ser no global levemente pesada… ou pesadamente leve. Mas nesse caso, de leveza tem muito pouco e algo não está bem… Aquela bagagem que nos torna quem somos; aquela que reforça o ser único e insubstituível que cada um de nós é; aquela que trazemos (i)mutavelmente por toda a nossa vida. E aquela que tantas vezes nos limita… tantas e tantas, frequentemente sem darmos conta.Então e como se faz este tipo de arrumações? Aqui há dias pensava o quão fácil e pacífico seria se possível fosse recorrer a uma espécie de “reprogramação hormonal”, i.e., uma intervenção ao nível das hormonas que especificamente agem e controlam as nossas emoções e estados mentais. “EUREKA!” pensei. Era a solução perfeita para pôr fim ao persistente choque de hemisférios cerebrais. Pois, mas… não seria infalível esta ideia. Não há planos infalíveis neste campo, parece-me. E igualmente me parece que a aprendizagem da resposta a esta questão que todos almejamos a bem da Humanidade apenas se adquire vivendo e convivendo (connosco, convosco e com os outros) e com tempo.Mas… será que seríamos @s mesm@s com as nossas bagagens todas “arrumadinhas”? Será que essa arrumação total é sequer possível? Será que a nossa bagagem define, no limite, quem somos? Quantas vezes nos limitamos a permitir aquilo a que nos per-mitimos? … Reflitam sobre isso enquanto arrumo a minha mala e viajo…para o figurativo planeta das emoções e das bagagens emocionais. Até à próxima e boas viagens!

ArROTO PsicoFilosóficoAlexandra Pinto

“Bagagens e afins…”

Bagagem 1

“Pedro, 27 anos. Porte alto, elegante e muito bem-parecido. Com um ligeiro toque geek que lhe confere um “je ne sais quoi” incrivelmente irresistível. Prepara-se desde há meses para este momento: embarcar numa aventura que o levará a conhecer o continente americano de lés-a-lés. «Lamento, mas tem excesso de bagagem. Não pode embarcar» - ouve no cais de embarque do aeroporto. «Excesso de bagagem?! Pesei não-sei-quantas vezes a minha mala, precisamente para evitar equívocos destes, e garanto-lhe que está dentro do limite permitido!» «Sim… objetivamente está» (prossegue a hospedeira) «Mas o excesso de bagagem que o senhor tem é emocional. Lamento, mas não poderá embarcar…»”Obesidade emocional. Num aeroporto perto de si…

Bagagem 2

“Alice, 16 anos. Jovem particularmente simpática e afável. Nos seus olhos expressivos cabe o mundo, aos quais o ar decidido e determinado não é alheio. Nem poderia ser de outra maneira, ou não conseguiria fazer face aos últimos tempos da sua vida. Nada fáceis têm sido eles e também nada fácil está a ser obter qualquer tipo de resultados conclusivos dos milhentos exames médicos feitos ao longo de vários meses. «Isso é capaz de ser uma virose» – é o que tem ouvido uniformemente de médico para médico. «Não se preocupe que isso passa», acrescentam eles. Mas não, não há meio de passar…”Obesidade emocional. Numa pessoa perto de si (ou até mesmo à sua frente… ou até mesmo dentro de si).

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Encruzilhadas Literárias

de Cláudia Pacheco

Jogo de Ripper de

Isabel Allende

Resumo| Indiana e Amanda Jackson sempre se apoiaram uma à outra. No entanto, mãe e filha não poderiam ser mais diferentes. Indiana, uma bela terapeuta holística, valoriza a bondade e a liberdade de espírito. Há muito divorciada do pai de Amanda, resiste a comprometer-se em definitivo com qualquer um dos homens que a deseja: Alan, membro de uma família da elite de São Francisco, e Ryan, um enigmático ex-navy seal marcado pelos horrores da guerra. Enquanto a mãe vê sempre o melhor nas pessoas, Amanda sente-se fascinada pelo lado obscuro da natureza humana. Brilhante e introvertida, a jovem é uma investigadora nata, viciada em livros policiais e em Ripper, um jogo de mistério online em que ela participa com outros adolescentes espalhados pelo mundo e com o avô, com quem mantém uma relação de estreita cumplicidade. Quando uma série de crimes ocorre em São Francisco, os membros de Ripper encontram terreno para saírem das investigações virtuais, descobrindo, bem antes da polícia, a existência de uma ligação entre os crimes. No momento em que Indiana desaparece, o caso torna-se pessoal, e Amanda tentará deslindar o mistério antes que seja demasiado tarde. Rating: 3,8/5

Opinião| Antes de comentar este livro tenho de deixar o meu agradecimento à Porto Editora e dizer-vos o quanto tinha saudades de ler e sentir as texturas estruturais da escrita de Isabel Allende. Aqui há uns anos li no “A Soma dos Dias” que a autora tem uma superstição, e se não começar a escrever num dia específico, nesse ano não nascerá um livro. Calculo que a inspiração lhe tenha faltado em alguns 8 de Janeiro, e como tal fico feliz por finalmente ver mais uma obra desta autora chegar à luz do dia. Já agora, e ao verificar a nota dos agradecimentos, fiquei também a saber que a ideia deste livro resultou de uma ideia frustrada de escrever um policial a quatro mãos com o marido, o que justifica a originalidade do enredo e o seu registo tão pouco habitual, mas nem por isso menos surpreendente. O meu contacto com o estilo riquíssimo de Allende remonta aos meus 14 anos, quando peguei pela primeira vez em “O Reino do Dragão de Ouro”. Adorei aquela história juvenil e tão bem escrita e as aventuras de Alex, pelo que não foi difícil ficar a conhecer as restantes obras da autora, passando pela acção de Diego em “Zorro” ou pela magia de Paula em “A Casa dos Espíritos”. Em todos estes, assim como nos restantes, sentiu-se sempre a peculiaridade das personagens, a sua presença de um lado místico, o papel demarcado de cada um e as suas posições filosóficas com as transformações da vida.

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Em “O JOgO DE RIPPER”, nenhuma destas constantes fica a faltar, e se assim o fosse iria estranhar. De facto, e sendo tão céptica, gosto bastante desta presença do misticismo que Allende sempre impute aos seus livros, na lógica de valorização dos seres humanos, das suas relações com terceiros e do alcance da sua paz interior. Mas este não é sem dúvida um livro espiritualista ou com pouca acção, pelo que deixemos este lado de parte para prosseguirmos ao que interessa. Desde as primeiras páginas que sabemos que este será um livro diferente. O constrangedor cenário que nos dá as boas-vindas a esta narrativa diz-nos que vamos avançar às apalpadelas num mundo desconhecido, mas que temos prazer em desvendar. Cada personagem é apresentada a par e passo, assim como as suas relações e vivências, o que permite que fiquemos a conhecer todos os dados disponíveis antes de nos tornar em mais uma peça do jogo. Acredito que esse registo se tenha estendido um pouco para além do ideal ao início, mas mais tarde acabei por dar razão à escolha da autora, tendo servido para unir todas as pontas soltas deste mistério.

Mais uma vez, Isabel Allende pega em personagens adolescentes (embora sem dúvida Amanda seja mimada e com comportamentos muito pouco adaptados à sua idade), ainda que esse não seja o seu enfoque principal, pelo que não senti um verdadeiro retracto da juventude nestas páginas. Ainda assim, Amanda e os seus colegas de Ripper deambulam entre uma vertente mais adulta e mais infantil, cheia de regras e secretismo, mas também lógica e sensatez, que nos faz querer seguir as suas aventuras.No que refere aos adultos, Indiana é sem dúvida a personagem mais “Allendesca” e por isso tão acarinhada por todos, tanto personagens como leitores. É uma criança numa pele de mulher, vivendo de certa forma num mundo muito próprio, e daí a sua representação resultar sempre das explicações e vozes de terceiros. Poucas vezes surge como personagem principal, mas nunca abandona a trama por um minuto. Todos os amigos, clientes, admiradores e amantes que a seguem são personagens secundárias que se encaixam no seu universo, e desenvolvem uma componente multicor causada por este ser flutuante e cheio de boas intenções, que paira um pouco pela vida de todas elas.

Ainda assim, de quem gostei mais (também talvez por ser dos mais presentes e reais) foi de Blake, avô de Amanda, com o qual ainda gargalhei algumas vezes. É uma personagem fácil de criar afeição, pragmática e que nos apresenta muitas das explicações que precisamos para continuar a narrativa. Quanto aos grandes crimes e ao mistério que é revelado na sinopse, acho que é necessário que se mentalizem que este livro não é realmente um policial ou um thriller, e como tal, mesmo com o toque de mistério e cenas algo macabras, a escrita da autora tornam-nas parte de uma história maior onde quem se destaca são as personagens. Ainda assim, criou um ou outro momento de maior tensão, especialmente perto do fim.

Devo dizer que a determinada altura (e ainda a meio do livro) acabei por achar o desvendar algo previsível, depois fui baralhada por uma reviravolta, mas no fim acabou por se confirmar o que suspeitei. No entanto, não me senti em algum momento defraudada, dado que a conjugação dos factores que levaram a essa descoberta tornou o livro bastante empolgante.

Outro ponto a ressalvar é que de facto, e talvez porque já li vários livros dela, inclusive aqueles de índole mais biográfica, eu senti sempre a presença de Isabel Allende nesta narrativa, tal e qual uma personagem ausente de corpo, mas presente de espírito, que nos guiou por ideias filosóficas, pensamentos críticos, opiniões divagantes muito suas sobre determinados aspectos da condição de estar vivo e uma linguagem muito humana e universal. Gosto que assim seja, já que um livro dela nunca seria igual de outra forma. Por fim, e um dos motivos pelo qual não consigo dar o 4, existem alguns factores irrealistas, que na conjugação do enredo acabaram por passar despercebidos, mas que num livro que se tenta aproximar da vida real, acaba por criar uma dicotomia estranha. Só para dar um exemplo, que polícia partilharia pormenores das suas investigações com a filha? De resto, para todos os fãs da autora e para os que ainda se vão tornar, este é um livro a não perder.

Opinião escrita no Blogue Encruzilhadas Literárias a 7 de Março de 2014.

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GossipARRota

Festa Surpresa na Casa dos Voluntários em LisboaAconteceu na Casa dos Voluntários em Lisboa uma festa patrocinada por italianos, diz-se que foi uma diversão intercultural sem par de comparação, levando as ramificações do apartamento a sentir

Rota para NoctívagosExiste um grupo de amigos arrotantes, que têm o hábito de realizar reuniões nocturnas na sede, sabe-se que gostam tanto destas tertúlias que até gostavam que a associação se torna-se num social club para futuros residentes. Gostam tanto tanto da Rota, que até precisam da noite para inspirações

voluntárias.

Grupo de voluntários escrevem Projecto Internacional Um grupo de jovens super dinâmicos, estão em processo de escritura para futura candidatura de um Intercâmbio Internacional de Jovens a concretizar-se em terras de mar salgado, com datas para este ano. São duas meninas muito ligadas ao Yoga e um Sr. Todo dinâmico das lides informáticas. Está aqui uma equipa que promete.

Viagens em terra de RainhasSabe-se, que alguns elementos da casa têm gosto por viagens nas terras da Rainha Elizabeth II, com direito a idas a mercados gastronómicos, onde a comida é por sinal picante, dada a sensibilidade do palato. Nós cá também gostávamos de provar o banquete.

Ainda nestas coisas das viagens…Um alegre e sorridente membro da equipa comprou um bilhete de avião pela Malásia Airlines para Dubai, Indonésia e Timor, está justificado o seu gosto por biscoitos de Lagarto.

Esperamos muitos postais e fotos com pepsodente.

Voluntária sujeita a escutas telefónicas por parte do FBI.

Mais info na próxima edição.

Saudações e até breve com gossips fresquinhos

fresquinhos.

blog.ismoyo.com/

Nota| as nossas fontes não são reveladas e estão

salvaguardadas, por sigilo fanzinário.

Após leitura deste documento ele irá autodestruir-se em 5 segundos

…5…4…3…2…1

BUuuuuuuuuuuuuuuMMMMMMMM

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E como esta edição da fanzine é já plena de primavera e verão, queremos agradecer ao sol de Maio pelas inspitações escritas e editoriais( e já agora à chuva a Março e Abril também).

Um Até breve de todos os Arrota Fanzinários e bons mergulhos.

Uma Iniciativa

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