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Fundação para a Pesquisa e Desenvolvimento da
Administração, Contabilidade e Economia
Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba
MBA GESTÃO PÚBLICA
Arranjo Produtivo Local
de Aqüicultura do Baixo
São Francisco
BRASÍLIA – DF, março de 2006
ii
FUNDACE
CODEVASF
MBA GESTÃO PÚBLICA
Arranjo Produtivo Local
de Aqüicultura do Baixo
São Francisco
Trabalho de conclusão do curso apresentado à
FUNDACE e à CODEVASF como requisito
de conclusão do curso de MBA em Gestão
Pública - Turma I
Albert Bartolomeu de Sousa Rosa
Antônio Luiz de Oliveira Corrêa da Silva
Aristóteles Fernandes de Melo
Irlanda de Jesus Campelo Costa Turra
Luiz Fernando Salgueiro dos Santos
Thompson França Ribeiro Neto
BRASÍLIA-DF, março de 2006
iii
ALBERT BARTOLOMEU DE SOUSA ROSA
ANTÔNIO LUIZ DE OLIVEIRA CORRÊA DA SILVA
ARISTÓTELES FERNANDES DE MELO
IRLANDA DE JESUS CAMPELO COSTA TURRA
LUIZ FERNANDO SALGUEIRO DOS SANTOS
THOMPSON FRANÇA RIBEIRO NETO
Arranjo Produtivo Local de
Aqüicultura do Baixo São Francisco
Trabalho de conclusão do curso de Especialização
em Gestão Pública, pós-graduação lato sensu,
apresentado à Fundação para a Pesquisa e
Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e
Economia – FUNDACE.
Data da aprovação: _____/_____/_________
________________________________________________________CLAUDIA SOUZA PASSADOR
Profª. Drª. da FEA/RP/USP/FUNDACE Presidente da Banca Examinadora
________________________________________________________JOÃO LUIZ PASSADOR
Prof. Dr. da FEA/RP/USP/FUNDACE
________________________________________________________ANDRÉ LUCIRTON COSTA
Prof. Dr. da FEA/RP/USP/FUNDACE
iv
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
A 773 Arranjo produtivo local de aqüicultura do Baixo São Francisco / Albert
Bartolomeu de Sousa Rosa, Antônio Luiz de Oliveira Corrêa da Silva,
Aristóteles Fernandes de Melo, Irlanda de Jesus Campelo Costa Turra,
Luiz Fernando Salgueiro dos Santos, Thompson França Ribeiro Neto. ------
- Brasília: CODEVASF/IICA; São Paulo: FUNDACE, 2006.
77 p. : il. color. Inclui CD-ROM.
Trabalho de conclusão do Curso de Especialização em Gestão Pública, pós-graduação lato sensu, apresentado à Fundação para a Pesquisa eDesenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia –FUNDACE.
1. Aqüicultura – Baixo São Francisco. I. CODEVASF. II. FUNDACE. III.IICA. IV. Rosa, Albert Bartolomeu de Sousa. V. Silva, Antônio Luiz deOliveira Corrêa da. VI. Melo, Aristóteles Fernandes de. VII. Turra, Irlanda deJesus Campelo Costa. VIII. Santos, Luiz Fernando Salgueiro dos. IX. RibeiroNeto, Thompson França.
CDU 639.3 (282.281.5) (043) Revisão textual e editoração: José Carlos Saenger CRB-1/305
v
AGRADECIMENTOS
Aos dirigentes da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do
Parnaíba – CODEVASF, pela oportunidade de realização do curso de pós-graduação lato
sensu ora concluído.
A todos os professores do curso de especialização em Gestão Pública, ministrado pela
Fundação para a Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia –
FUNDACE, realizado em Brasília, Distrito Federal, no período de fevereiro de 2005 a março
de 2006.
A todos os colegas de curso e às demais pessoas que, de alguma forma, contribuíram
para a realização deste trabalho.
vi
RESUMO
A região do Baixo São Francisco possui condições ideais para a aqüicultura e conta com área
superior a 1.000 hectares de tanques escavados, centenas de tanques-rede instalados em
grandes reservatórios e no rio São Francisco, fábricas de ração, unidades de beneficiamento
de pescado, estações de produção de alevinos, dezenas de técnicos especializados em
aqüicultura, cerca de 1.000 produtores, cooperativas, associações de produtores e Câmara
Setorial de Aqüicultura, o que a caracteriza como um Arranjo Produtivo Local - APL. O
trabalho tem como objetivo caracterizar o estágio de desenvolvimento do APL de aqüicultura
no Baixo São Francisco, os problemas que estão dificultando a sua estruturação, as políticas
demandadas para o seu desenvolvimento e o papel a ser desempenhado pela Companhia de
Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba - CODEVASF. O estudo foi
realizado, principalmente, com base nos Censos da Aqüicultura do Baixo São Francisco, nos
estados de Sergipe (2004) e Alagoas (2005), e em Questionário específico anexo. Verificou-se
a existência de significativos gargalos, como: assistência técnica deficiente, produtores
descapitalizados e com grande dificuldade de acesso a financiamento, elevados preços da
ração, dificuldades dos produtores na identificação e acesso a mercados, dificuldades para a
obtenção de registros ou de licença ambiental, reduzido nível de confiança e governança.
Identificou-se que as políticas públicas para o desenvolvimento do APL deveriam focar a
capacitação e a assistência técnica, o acesso ao crédito, a garantia da compra da produção, o
desenvolvimento de tecnologia adaptada à realidade local, a agilização dos processos de
concessão de licença ambiental e a promoção e estímulo a ações cooperativas entre os
diversos atores do Arranjo.
Palavras-chave: Aqüicultura, Arranjo Produtivo Local, Baixo São Francisco
vii
ABSTRACT
The Lower San Francisco region has ideal conditions for aquiculture with an area of more
than 1.000 hectares of fish ponds, hundreds of net cages installed in big reservoirs and in the
San Francisco river; fish food factories, fish processing units, fry production stations, dozens
of specialized aquiculture technicians, around 1.000 producers, cooperatives, producer
associations and an Aquiculture Sectorial Chamber, all of which characterize the area as a
cluster. This essay intends to characterize the stage of development of the cluster of
Aquiculture of the Lower São Francisco as well as to detect the problems related to its
formation, the necessary policies for its development and the role expected of Company for
the Development of San Francisco and Parnaiba Valleys - CODEVASF. The study was based
on the Aquiculture Census of the Lower San Francisco in the states of Sergipe (2004) and
Alagoas (2005) and on a questionnaire elaborated specifically for that purpose. The existence
of significant problems were verified, such as: deficient technical assistance, producer’s lack
of capital and great difficulties to access lines of credit, high prices of fish food, difficulties of
the producers to identify and have access to markets, difficulties in getting the environmental
licenses, reduced level of confidence and governance. It was verified that public policies for
cluster development should focus on training and technical assistance, access to credit,
guarantee of production purchase, development of technology adapted to the local reality, the
speed up of the environmental licenses and the stimulus and promotion of cooperative
organizations among the several actors of the cluster.
Keywords: aquiculture, cluster, Lower San Francisco
viii
SUMÁRIO
RESUMO ......................................................................................................... vi
ABSTRACT ......................................................................................................... vii
Lista de Siglas ......................................................................................................... x
Lista de Figuras ......................................................................................................... xiii
Lista de Gráficos ......................................................................................................... xiv
Lista de Quadros ......................................................................................................... xv
Lista de Tabela ......................................................................................................... xvi
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1
2. OBJETIVO .......................................................................................................... 2
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 2
3.1. Caracterização Fisiográfica do Baixo São Francisco .......................................... 2
3.2. Recursos Pesqueiros e Aqüicultura ..................................................................... 4
3.3. Aqüicultura na Região do Baixo São Francisco .................................................. 5
3.4. Arranjo Produtivo Local ...................................................................................... 7
3.5. Capital Social ....................................................................................................... 14
3.6. Territorialidade e Desenvolvimento Local........................................................... 16
3.7. Políticas Públicas em Arranjos Produtivos .......................................................... 19
4. METODOLOGIA ................................................................................................ 22
4.1. Censos da Aqüicultura do Baixo São Francisco nos Estados de Sergipe (2004)
e de Alagoas (2005) ............................................................................................ 22
4.2. Georreferenciamento dos dados dos Censos da Aqüicultura do Baixo São
Francisco .............................................................................................................. 23
4.3. Questionário sobre o APL de Aqüicultura do Baixo São Francisco ................... 25
4.4. Pesquisas bibliográficas e na internet .................................................................. 27
ix
4.5. Políticas demandadas pelo APL de Aqüicultura do Baixo São Francisco .......... 27
5. RESULTADOS ................................................................................................... 28
5.1. Censo-2004 da Aqüicultura do Baixo São Francisco no Estado de Sergipe ....... 28
5.2. Censo-2005 da Aqüicultura do Baixo São Francisco no Estado de Alagoas ...... 33
5.3. Questionário sobre o APL de Aqüicultura da Região do Baixo São Francisco .. 34
6. DISCUSSÃO ....................................................................................................... 40
7. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 53
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 54
8.1. Bibliografia Consultada e Recomendada ............................................................ 58
APÊNDICE 1 – Formulário dos Censos de Aqüicultura do Baixo São Francisco ....... 61
APÊNDICE 2 – Questionário sobre o Arranjo Produtivo de Aqüicultura da Região
do Baixo São Francisco ...................................................................... 71
x
LISTA DE SIGLAS
ANA - Agência Nacional de Águas
ANSA - Associação Norte Sergipana de Aqüicultura
APEX - Agência de Promoção e Exportação
APL - Arranjo Produtivo Local
ASAS - Associação dos Aqüicultores do Estado de Sergipe
BNB - Banco do Nordeste do Brasil
BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
BUREC - Bureau of Reclamation, United States Department of Interior (Escritório
de Recuperação, órgão do Departamento do Interior do Governo dos
Estados Unidos)
CERAQUA-SF - Centro de Referência em Aqüicultura do São Francisco
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CODEVASF - Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do
Parnaíba
COOPESF - Cooperativa de Pesca do São Francisco
DI - Distrito Industrial
DIB - Distrito de Irrigação do Perímetro de Betume
DICOP - Distrito de Irrigação do Perímetro de Cotinguiba-Pindoba
DIPP - Distrito de Irrigação do Perímetro de Propriá
Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations (Organização
das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação)
FEPESE - Fundação de Estudos e Pesquisas Sócio-Econômicos
FGV - Fundação Getúlio Vargas
Finep - Financiadora de Estudos e Projetos
xi
FUNDEP - Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa
GASPIL - Glossário de Arranjos e Sistemas Produtivos e Inovativos Locais
GPS - Sistema de Posicionamento Global (Global Positioingn System)
GTZ - Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit (SociedadeAlemã de Cooperação Técnica)
IBAM - Instituto Brasileiro de Administração dos Municípios
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
INFOPESCA - Centro para los Servicios de Informacion y Asesoramiento sobre la
Comercializacion de los Productos Pesqueros en America Latina y el
Caribe
Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
MMA - Ministério do Meio Ambiente
MIT - Massachusetts Institute of Technology (Instituto de Tecnologia de
Massachusetts)
MPME - Micro, Pequenas e Médias Empresas
NEITEC - Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia da UFSC
ONG - Organização não-governamental
PBQP - Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade
PIB - Produto Interno Bruto
PISCE - Associação dos Piscicultores de Penedo
PLANVASF - Plano Diretor para o Desenvolvimento do Vale do São Francisco
PPA - Plano Plurianual
PPPs - Parcerias Público-Privadas
RedeSist - Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais
xii
SEAP/PR - Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SIG - Sistema de Informações Geográficas
SPILs - Sistemas Produtivos e Inovativos Locais
SUDEPE - Superintendência do Desenvolvimento da Pesca
SUDENE - Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
SUVALE - Superintendência do Vale do São Francisco
UBP - Unidade de Beneficiamento de Pescado
UFAL - Universidade Federal de Alagoas
UFBA - Universidade Federal da Bahia
UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
UNCTAD - United Nations Conference on Trade and Development (Conferência das
Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento)
USAID - United States Agency for International Development (Agência Norte-
Americana para o Desenvolvimento Internacional)
xiii
LISTA DE FIGURAS
1. Localização da área do Baixo São Francisco ...................................................... 2
2. Área de viveiros de piscicultura em funcionamento, em hectare, por
município, no Baixo São Francisco ..................................................................... 41
3. Volume de tanques-rede para piscicultura em funcionamento, em m³, por
município, no Baixo São Francisco ..................................................................... 42
4 Quantidade de piscicultores, por município, no Baixo São Francisco ................ 43
5. Produção de pescado pela aqüicultura, em tonelada, por município, no Baixo
São Francisco ....................................................................................................... 47
6. Área de viveiros de piscicultura desativados, em hectare, por município, no
Baixo São Francisco ............................................................................................ 49
7. Volume de tanques-rede para piscicultura desativados, em m³, por município,
no Baixo São Francisco ....................................................................................... 50
xiv
LISTA DE GRÁFICOS
1. Ocorrência das principais espécies de peixes da aqüicultura no Baixo São
Francisco, no estado de Sergipe, por número de propriedades ........................... 29
2. Diferentes formas de comercialização de pescado na região do Baixo São
Francisco, no estado de Sergipe, por número de propriedades ........................... 29
3. Diferentes meios de comercialização de pescado da aqüicultura no Baixo São
Francisco, no estado de Sergipe, por número de propriedades ........................... 30
4. Destinação da produção do pescado da aqüicultura no Baixo São Francisco,
em Sergipe, por número de propriedades ............................................................ 30
5. Propriedades do Baixo São Francisco, no estado de Sergipe, que recebem
assistência técnica ................................................................................................ 31
6. Grau de escolaridade dos piscicultores do Baixo São Francisco, no estado de
Sergipe ................................................................................................................. 32
7. Insumos com maiores custos de produção na aqüicultura do Baixo São
Francisco, no estado de Sergipe, por número de propriedades............................ 32
xv
LISTA DE QUADROS
1. Características fisiográficas da região do Baixo São Francisco .......................... 3
2. Tipologia de cluster/APL .................................................................................... 13
3. Síntese de conceitos de capital social .................................................................. 14
xvi
LISTA DE TABELA
1. Contribuição em área, população, densidade demográfica e número de
municípios por estado na região do Baixo São Francisco .................................. 3
1. INTRODUÇÃO
Tradicionalmente, diversas comunidades ribeirinhas dos estados de Alagoas e
Sergipe, na região denominada Baixo São Francisco, tiravam seu sustento da pesca artesanal.
A partir da década de 70, com a construção das barragens de Sobradinho, Itaparica, Moxotó e
Xingó, com o objetivo de promover a regularização da vazão do rio São Francisco para
geração de energia elétrica, irrigação e navegação, a atividade pesqueira enfrentou grandes
dificuldades, com conseqüências sociais e econômicas negativas a cerca de 6.500 pescadores
artesanais que atuavam naquela região (CODEVASF/PLANVASF, 1989).
As barragens, em geral, promovem substanciais reduções nos estoques pesqueiros
naturais, por comprometerem a piracema (migração reprodutiva dos peixes) e por evitarem as
tradicionais cheias anuais que possibilitavam o acesso dos reprodutores, ovos e larvas às
lagoas marginais, que são berçários naturais para grande parte das espécies de peixes da bacia
do rio São Francisco (PAIVA et al., 2003).
Como alternativa à pesca artesanal no Baixo São Francisco - diversas ações de
incentivo à criação de peixes em Perímetros de Irrigação da CODEVASF e em grandes
represas e no próprio leito do rio - foram implementadas por entidades públicas e privadas.
Atualmente, a região conta com fábricas de ração para aqüicultura, unidades de
beneficiamento de pescado, sete estações de produção de alevinos, mais de 1.000 hectares de
tanques escavados em perímetros irrigados e em várzeas, milhares de tanques-rede instalados
em grandes reservatórios e no rio, dezenas de técnicos especializados em aqüicultura, três
cooperativas e 11 associações de produtores, além da Câmara Setorial de Aqüicultura do
Baixo São Francisco. Conta, também, com o apoio de entidades como a CODEVASF, a
SEAP/PR, os Governos dos Estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco e Sergipe, Prefeituras
Municipais, o SEBRAE, os Bancos do Nordeste e do Brasil, a INFOPESCA, Universidades, o
Instituto de Desenvolvimento Científico e Tecnológico de Xingó, dentre outros, que
caracterizam o Baixo São Francisco como um Arranjo Produtivo Local (APL) de Aqüicultura.
A partir do Censo da Aqüicultura realizado no Baixo São Francisco, de questionário
específico elaborado e aplicado a dezenas de entidades públicas e privadas que atuam no
APL, do uso de tecnologia de geoprocessamento e de informações obtidas em publicações, o
estudo se propõe a: (i) caracterizar o estágio de desenvolvimento do APL de aqüicultura do
Baixo São Francisco; (ii) identificar problemas existentes que estejam dificultando a
estruturação e o fortalecimento do APL; (iii) identificar as políticas públicas demandas pelo
APL e o papel a ser desempenhado pela CODEVASF.
2
2. OBJETIVO
Caracterizar o estágio de desenvolvimento do Arranjo Produtivo Local (APL) de
Aqüicultura do Baixo São Francisco, identificar problemas e políticas que levem à
estruturação e ao desenvolvimento efetivo do APL e indicar quais políticas podem ser
executadas pela CODEVASF no fortalecimento do APL.
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. Caracterização Fisiográfica do Baixo São Francisco
A região do Baixo São Francisco está localizada entre as coordenadas geográficas de
8º e 11º de latitude sul e 36º e 39º de longitude oeste, constituindo-se na porção mais oriental
da Bacia do mesmo nome. Ocupa uma extensão territorial de 30.277,7 km2, abrangendo os
estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe (SUVALE et al., 1970; e
ANA/GEF/PNUMA/OEA, 2002), como apresentado na Figura 1.
Figura 1 – Localização da área do Baixo São Francisco
Fonte: SUVALE et al., 1970.
A Tabela 1 apresenta a quantidade de municípios, área, população e densidade
demográfica por estado que compõe a região considerada como Baixo São Francisco.
3
Tabela 1 – Contribuição em área, população, densidade demográfica e número demunicípios por estado na região do Baixo São Francisco
Estado Nº deMunicípios
Área(km2)
Área(%)
População(hab)
Densidade Demográfica(hab/km2)
Alagoas 50 12.797,6 42,27 1.075.845 84,1Pernambuco 16 7.474,6 24,70 341.026 45,6Sergipe 28 7.042,6 23,25 320.877 45,6Bahia 6 2.962,9 9,78 69.970 23,6Totais 100 30.277,7 100,00 1.807.718 59,7Fonte: ANA/GEF/PNUMA/OEA, 2002.
Considerando que a quantidade de produtores e as áreas de criação de peixes nos
municípios dos estados de Pernambuco e da Bahia, na região denominada Baixo São
Francisco, são insignificantes, à exceção do que se verifica no Município de Paulo Afonso,
Bahia, o estudo se limitará a este município e aos municípios dos estados de Alagoas e
Sergipe.
O Quadro 1 apresenta as características fisiográficas da região do Baixo São
Francisco, onde se destacam o clima e os solos como adequados para o desenvolvimento da
aqüicultura.
Quadro 1 - Características fisiográficas da região do Baixo São Francisco
Característicasfisiográficas Descrição
Geomorfologia Relevo bastante movimentado com maciços altos, tabuleiros costeirosdissecados, baixada litorânea e região deltaica.
Geologia As rochas são formadas pelo Complexo Granito Gnaisse (ígneo ácido)e o Grupo Macururé (Máfico-Ultramáfico). Apresenta porções dematerial de origem Sedimentar Psamítico.
Hidrogeologia Presença do Aqüífero do Grupo Barreiras em domínio poroso.
Clima Predomínio de clima Semi-árido e Sub-úmido com precipitaçõesvariando de 700 a 1.100 mm/ano.
Vegetação Predomínio da Caatinga, Floresta Estacional, Área de Transição,Áreas de Formações Pioneiras.
Solos Apresentam uma grande variedade de solos com predomínio deArgissolo Vermelho-Amarelo, Neossolo Litólico, LatossoloVermelho, Planossolo, Neossolo Regolítico, Neossolo Quartzarênico,Espodossolo e Gleissolo.
Unidades ambientais As unidades geoambientais são caracterizadas pelo Planalto daBorborema, Baixada Litorânea, Tabuleiros Costeiros, e SuperfíciesDissecadas e Retrabalhadas.
Fonte: SUVALE et al., 1970.
4
3.2. Recursos Pesqueiros e Aqüicultura
Mais de 30 milhões de pessoas são empregadas pela pesca e aqüicultura em todo o
mundo, a maioria em países em desenvolvimento (FAO, 2002). Em 1985, atuavam no vale
do São Francisco cerca de 26.900 pescadores artesanais, 6.500 dos quais na região do Baixo
São Francisco (CODEVASF/PLANVASF, 1989).
Mesmo com o descobrimento de novas reservas extrativistas e dos avanços das
tecnologias de captura, o aumento da produção da pesca marinha na década de 90 não foi
significativo, o que demonstra que os estoques pesqueiros naturais estão se exaurindo (FAO,
2002). Isto ocorre também com a pesca artesanal no Vale do São Francisco, onde foi
evidenciado o esgotamento dos recursos pesqueiros em várias áreas, como a região do Baixo
São Francisco, antes abundante em peixes, passando a ser considerada a região mais “estéril”
do Vale (CODEVASF/PLANVASF, 1989).
A redução dos estoques pesqueiros da região do Baixo São Francisco decorre,
principalmente, de alterações das condições naturais de reprodução e de desenvolvimento dos
peixes provocadas pela construção de barragens ao longo do rio. Essas barragens limitam,
substancialmente, os trechos para a realização da piracema, alterando a qualidade e a vazão da
água e inviabilizando as lagoas marginais, que são os berçários e grandes responsáveis pela
reposição de peixes no rio. Como conseqüência, ocorre o desaparecimento de espécies de
peixes de importância econômica e ecológica, a redução da oferta de alimento e a ociosidade
e o êxodo de pescadores artesanais, com graves reflexos sociais em toda a região (PAIVA et
al., 2003).
Por outro lado, a aqüicultura, que se refere à criação de animais e vegetais que
utilizam a água como seu principal ou mais freqüente ambiente de vida, apresentou
crescimento em nível mundial de 187%, no período de 1990 a 2001, enquanto que no Brasil o
crescimento foi de 925% no mesmo período (SCORVO, 2004). Segundo dados da FAO,
citados por SCORVO (2004), o Brasil ocupava, em 1990, a 36ª posição em nível mundial,
com 20.500 toneladas de pescado, enquanto que, em 2001, passou a ocupar a 19ª posição e a
2ª na América do Sul, com uma produção de 210.000 toneladas de pescado.
Apesar das elevadas taxas de crescimento da aqüicultura brasileira, os valores
absolutos ainda são tímidos, considerando seu enorme potencial, com água, solo e clima
adequados para esse tipo de exploração. Dentre as áreas que apresentam vantagens
competitivas no país destaca-se a região do Baixo São Francisco, onde a produção é obtida
5
em viveiros escavados em terra, em tanques de alto fluxo (raceway) e em tanques-rede
(estruturas flutuantes, semelhantes a gaiolas, fabricadas com telas metálicas ou plásticas, em
formatos cilíndrico, cúbico e outros, próprias para serem utilizadas em rios, em grandes
reservatórios e no mar). Por sinal, o sistema de produção de pescado em tanques-rede registra
elevados índices de crescimento em várias regiões do país, principalmente pela existência de
extensas superfícies de reservatórios e rios, e devido à necessidade da ampliação da produção
de pescado e da busca por alternativas viáveis de geração de emprego e de renda a pescadores
artesanais e a pequenos e médios produtores ribeirinhos.
3.3. Aqüicultura na Região do Baixo São Francisco
A aqüicultura extensiva é praticada há décadas na região do Baixo São Francisco. No
início se restringia às lagoas marginais, onde o abastecimento de água era feito pela subida do
nível do rio no período chuvoso. Curimatã pacu, Piau verdadeiro e Mandi eram as espécies
mais criadas, com os alevinos capturados nas próprias lagoas marginais do rio. Com a
construção da barragem de Sobradinho, em 1979, e a conseqüente regularização do rio São
Francisco no trecho a jusante, grande número de lagoas desapareceu, inviabilizando a
obtenção de alevinos pelos piscicultores (SUDEPE/CODEVASF, 1980).
As atividades de aqüicultura na CODEVASF tiveram início no município de Porto
Real do Colégio, Alagoas, em 1976, logo após a criação da Empresa, em 1974. Em 1978,
entrou em funcionamento neste município a Estação Piloto de Piscicultura do Baixo São
Francisco, no Projeto de Irrigação de Itiúba, que se transformaria na Estação de Piscicultura
de Itiúba. Mais adiante, no início da década de 80, a CODEVASF passou a implementar
amplo programa de pesquisa pesqueira, com a construção da Estação de Hidrobiologia e
Piscicultura de Três Marias, em Minas Gerais, na região do Alto São Francisco
(CODEVASF/PLANVASF, 1989).
Posteriormente, a CODEVASF ampliou o programa de aqüicultura para todo o Vale
do São Francisco, com destaque para o desenvolvimento da atividade por colonos dos
Perímetros Irrigados nos estados de Alagoas e Sergipe, visando a diversificação da
monocultura do arroz, como forma de aumentar os rendimentos por unidade de área em
exploração (CODEVASF/PLANVASF, 1989).
No Brasil, a CODEVASF foi pioneira na difusão de técnicas de propagação artificial
de peixes em alta escala e, naquela região, na produção e distribuição de alevinos, na
6
disseminação de tecnologias e no fomento à aqüicultura. Também promoveu ações visando
atrair investidores para os diversos segmentos da cadeia produtiva da aqüicultura na região,
realizou estudos de mercado e dos custos de produção, firmou convênios com instituições
nacionais e internacionais para a capacitação de recursos humanos e a estruturação da
atividade na área.
Dentre as inúmeras condições apresentadas pelo Baixo São Francisco para o
desenvolvimento da aqüicultura, destacam-se:
• grande disponibilidade de água em sua porção inferior, com baixo conflito de uso,
com vazão anual média de 1.700 m³/s, em condições de ser utilizada em projetos
de aqüicultura;
• extensas áreas de várzeas com topografia e solos adequados, permitindo a
construção de viveiros para a implantação de grandes projetos de aqüicultura;
• localização estratégica, próxima a quatro grandes centros consumidores (Aracaju,
Maceió, Recife e Salvador), além da facilidade de escoamento da produção para
outros mercados no país e no exterior;
• excelentes condições climáticas, possibilitando a criação de espécies aquáticas
durante todo o ano;
• presença de grandes áreas irrigadas (13 mil hectares em projetos de irrigação) que,
em grande parte, podem ser convertidas para a produção de peixes;
• grande infra-estrutura instalada para o fornecimento de alevinos por meio de
estações de piscicultura públicas e privadas;
• disponibilidade de dezenas de técnicos especializados, difundindo tecnologia e
prestando assistência técnica;
• existência de duas fábricas de ração específicas para a aqüicultura;
• duas unidades de beneficiamento de pescado implantadas e três outras em
construção na região;
• o Centro de Referência em Aqüicultura do São Francisco (CERAQUA-SF), em
fase de implantação, que dará suporte tecnológico para a atividade.
7
Entre os mais de 20.000 hectares de áreas de várzeas, com solo e topografia ideais
para a construção de viveiros, clima quente o ano todo e recursos hídricos abundantes e de
excelente qualidade, supridos pelo rio São Francisco e seus tributários, cerca de 1.200
hectares de tanques foram construídos no Baixo São Francisco, que se apresenta como uma
das regiões brasileiras mais promissoras para a aqüicultura. Estima-se que, nos próximos dez
anos, essa atividade ocupe mais de 5.000 hectares de várzeas no Baixo São Francisco, que
poderão produzir mais de 40.000 toneladas de pescado por ano, gerando entre 7.000 a 12.500
empregos diretos e 22.000 a 37.000 empregos indiretos ao longo da cadeia produtiva.
Em Paulo Afonso, Bahia, encontra-se em operação um dos maiores complexos de
produção de Tilápia do mundo, com capacidade instalada para a produção de mais de 15.000
toneladas por ano, e conta ainda com uma indústria de processamento de pescado e uma
fábrica de ração.
As primeiras iniciativas de regulamentação do uso de águas públicas para a
aqüicultura no país ocorreram em 1995, por meio do Decreto nº 1695; em 1998, pelo Decreto
nº 2.869; e em 2001, com a Instrução Normativa Interministerial nº 9. Nenhum desses
instrumentos logrou êxito na utilização legal de áreas de domínio da União para a produção
controlada de organismos aquáticos. Posteriormente, o Governo Federal lançou o Decreto nº
4.895/2003 e a Instrução Normativa nº 06/2004 com o mesmo objetivo, mas que não surtiram
os resultados esperados, como a possibilidade de aproveitamento do mar territorial, de rios e
de grandes reservatórios públicos federais para o incremento da produção de pescado no
Brasil, onde poderia alcançar grande destaque a criação intensiva de peixes em tanques-rede.
Segundo ROSA (2002), esse sistema de produção pode proporcionar produtividades
superiores a 300 kg de pescado/m³/ano e apresenta, como vantagem adicional, o uso não-
consuntivo da água, por não haver a retirada de água para o enchimento de tanques escavados
em terra, o que a sujeitaria ao aumento de evaporação e de infiltração. Por esse sistema de
piscicultura, o reservatório de Xingó, com aproximadamente 6.000 hectares em sua cota
máxima, produz cerca de 1.500 toneladas de pescado por ano.
3.4. Arranjo Produtivo Local
A noção de arranjo produtivo, que ganhou destaque a partir dos anos 90, denota uma
mudança de postura metodológica nos estudos sobre a indústria, de um enfoque na empresa
ou setor industrial para um olhar sob a perspectiva de cadeias produtivas ou redes. Denota,
também, uma maior preocupação dos pesquisadores com a coordenação (ou a ausência dela)
entre os agentes do processo produtivo.
8
O termo “arranjo produtivo” aparece na literatura como a designação geral de
qualquer forma de organização produtiva que apresente algum grau de integração de agentes
diferenciados. Uma aglomeração de empresas de um determinado gênero industrial,
localizada em uma região bem determinada, é um exemplo de arranjo produtivo. Um pólo de
alta tecnologia, composto de muitas empresas atraídas por grandes firmas compradoras de
insumos de alto conteúdo tecnológico, também o é (SANTOS, DINIZ e BARBOSA, 2004).
Com base nestas dicotomias, KNORRINGA e MEYER-STAMER (1998) distinguem
três tipos de aglomerações de empresas ou clusters: italiano, satélite e hub-and-spoke (cubo e
raios, como em uma roda de bicicleta). O critério central desta última classificação é a
existência de relações (mais ou menos cooperativas) entre as empresas que compõem o
arranjo e a presença de micro, pequenas e médias empresas (MPME) em qualquer tipo de
cluster, seja como protagonista, num extremo, ou um mero raio da roda, no outro extremo.
Outra contribuição importante à análise dos arranjos produtivos, também no sentido
de propor critérios, dada por LANGLOIS e ROBERTSON (1994), procura estabelecer uma
relação da organização “patrimonial” das empresas que compõem os arranjos com o modelo
de governança e o tipo de resposta ao ambiente competitivo e inovativo.
A partir da década de 70, um surpreendente desenvolvimento econômico ocorreu
tanto no centro, norte e nordeste da Itália, numa região que ficou conhecida como Terceira
Itália, quanto nos Estados Unidos, mais precisamente no Vale do Silício – Califórnia. Essas
regiões cresceram a taxas muito elevadas se comparadas à média dos respectivos continentes,
geraram enorme quantidade de empregos bem remunerados e estão entre as rendas per capita
mais elevadas do primeiro mundo, promovendo, além da redução da pobreza, a diminuição
das desigualdades (BECATTINI ,1999, apud. URANI, COCCO e GALVÃO, 1999).
Dentre os diversos fatores que contribuíram para tais desenvolvimentos, mereceram
especial destaque a concentração de MPME atuando em um mesmo setor, o surgimento de
instituições capazes de promover a cooperação entre essas empresas sem eliminar a
competição entre elas e a orientação para o mercado externo. Tal combinação de fatores
chamou a atenção de pesquisadores e agências governamentais de diversos países, levando-os
a repensarem o papel das MPME e as possibilidades de criação de políticas públicas a elas
adequadas (SANTOS, DINIZ e BARBOSA, 2004).
Para que se possa ter uma dimensão desse fenômeno – uma verdadeira explosão de
“fábricas de fundo de quintal” ocorreu na Terceira Itália – hoje existem, segundo o
9
economista GURISATTI (2004), só na região de Vêneto, 450.000 empresas para uma
população de 4,5 milhões de pessoas, onde são produzidos, principalmente, produtos
tradicionais como confecções, calçados, mármore, móveis, óculos, máquinas e ferramentas
para a fabricação desses produtos. Essa estrutura industrial possibilitou que a região atingisse,
em menos de 20 anos, um PIB per capita superior ao da Suíça, ao mesmo tempo em que
reduziu as desigualdades sociais.
O grande perigo para os arranjos locais é a adoção de políticas copiadas de
experiências bem sucedidas em realidades distintas, sobretudo em países com condições
econômicas e, principalmente, políticas, sociais e culturais distintas. Geralmente o que se vê
são políticas que pressupõem a cooperação dos agentes econômicos e, quando estas
fracassam, se atribui o fato à falta de cooperação das empresas. Existe aqui um problema
metodológico, de atribuição mecânica de efeitos e causas. Por exemplo, quando se atribui o
sucesso de um arranjo produtivo à cooperação entre seus componentes deve-se antes
perguntar o que possibilitou a cooperação (SANTOS, DINIZ e BARBOSA, 2004).
COURRAULT (2000), ao comparar arranjos produtivos na Itália e na França (neste
último conhecido como milieu innovateurs), chega à conclusão que uma longa tradição de
vínculos familiares e locais facilitaram a cooperação entre empresas na Terceira Itália,
levando-se a considerar que o sucesso daquele arranjo deve ser atribuído à presença dessas
condições. Da mesma forma, deve-se procurar na realidade social de outras regiões a
explicação da não cooperação e não atribuí-la à vontade dos atores sociais.
A concentração de MPME que não atuam individualmente nos mercados, que
apresentam um significativo nível de cooperação e compartilham de conhecimentos tácitos
sobre o processo produtivo passou a ser conhecida como Arranjos Produtivos Locais (APLs),
ou Distritos Industriais (DIs), na terminologia européia, ou ainda Clusters, na denominação
norte-americana.
Segundo NORONHA e TURCHI (2005), a definição de APL passou a ser objeto de
muita discussão, ganhando importância sob vários pontos de vista. No Brasil, com a
sinalização governamental de criação de políticas de apoio a APLs, diversos municípios,
regiões e estados procuraram caracterizar aglomerados produtivos existentes na sua área de
atuação como sendo APLs. Ao mesmo tempo, no entendimento de alguns técnicos e alguns
políticos, a “marca APL” tornou-se necessária para viabilizar o acesso a políticas públicas. Já
no meio acadêmico, o debate conceitual tem por motivação a saudável busca de
homogeneização da linguagem; ou mais que isso, pretende identificar o próprio objeto de
10
estudo, isto é, que seja verificado se os diversos pesquisadores estão se referindo a objetos
empíricos similares ou se estão classificados de APL meros aglomerados produtivos com
características significativamente distintas (SANTOS, DINIZ e BARBOSA, 2004).
No âmbito governamental, apesar dos esforços de construção de uma definição
rigorosa e homogênea, o termo APL tem sido usado como designação genérica para
aglomerados produtivos de uma certa especialidade, em uma determinada localidade,
independentemente do volume de produção, do número de empresas e da idade ou grau de
articulação entre as organizações ali presentes. Para ilustrar tal situação, estão reproduzidas, a
seguir, quatro definições de APL, todas oriundas de instituições públicas.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC,
APL seria:
“caracterizado por ter um número significativo de empreendimentos no território e de
indivíduos que atuam em torno de uma atividade produtiva predominante, que
compartilhem formas percebidas de cooperação e algum mecanismo de governança.
Pode incluir pequenas, médias e grandes empresas” (MDIC, 2004).
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE caracteriza
APLs como sendo:
“aglomerações de empresas localizadas em um mesmo território, que apresentam
especialização produtiva e mantêm algum vínculo de articulação, interação,
cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais tais como governo,
associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa. Além disso, ele
deve manter ou ter a capacidade de promover uma convergência em termos de
expectativas de desenvolvimento, estabelecer parcerias e compromissos para manter e
especializar os investimentos de cada um dos atores no próprio território, e promover
ou ser passível de uma integração econômica e social no âmbito local” (SEBRAE,
2005).
Já a Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – RedeSist,
vinculada ao Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ,
apresenta a conceituação de Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – SPILs, e caracteriza
APLs como sendo “casos fragmentados e que não apresentam significativa articulação entre
os agentes” de um SPIL, sendo este último definido como:
“conjuntos de agentes econômicos, políticos e sociais, localizados em um mesmo
11
território, desenvolvendo atividades econômicas correlatas e que apresentam vínculos
expressivos de produção, interação, cooperação e aprendizagem. SPILs geralmente
incluem empresas - produtoras de bens e serviços finais, fornecedoras de
equipamentos e outros insumos, prestadoras de serviços, comercializadoras, clientes
etc., cooperativas, associações e representações - e demais organizações voltadas à
formação e treinamento de recursos humanos, informação, pesquisa, desenvolvimento
e engenharia, promoção e financiamento” (RedeSist, 2005).
Por último, segue a definição de APLs apresentada pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, e adotada como norteadora das análises
deste trabalho:
“aglomerações produtivas de micro, pequenas e/ou médias empresas, que atuam em
um mesmo setor ou cadeia, situadas em uma mesma localidade geográfica e
detentoras de atributos como: elevado grau de especialização setorial; elevada
participação conjunta na produção nacional no setor em que se encontram
especializadas; potencial de cooperação interinstitucional entre agentes produtivos e
sociais; e cooperação interinstitucional sujeita a algum mecanismo de coordenação
e/ou governança institucionalizado” (BNDES, 2004).
NORONHA e TURCHI (2005) registram que o sucesso das aglomerações setoriais
de MPME depende de uma série de fatores internos às localidades e às empresas, e também
de fatores externos. Citam como alguns dos elementos importantes para a determinação do
dinamismo das aglomerações ou APLs: (i) a capacidade das empresas da aglomeração e do
próprio conjunto de gerar e difundir inovações; (ii) a disposição das empresas para
desenvolverem atividades coletivas; (iii) mobilidade social com coesão sócio-econômica; (iv)
presença de mão-de-obra qualificada; (v) a existência de organizações voltadas para a
coordenação das atividades dispersas e que apóiam as empresas de diversas formas para o
desenvolvimento contínuo de inovações e para a realização das reestruturações produtivas
necessárias em momentos de mudanças tecnológicas radicais.
Dentre as razões mencionadas, uma que explica o sucesso de um APL é a existência
de diversas formas de cooperação entre as empresas ou de uma mistura adequada entre
competição e cooperação. Assim, segundo NORONHA e TURCHI (2005), “o debate
econômico voltou-se fortemente para as questões da cooperação e das relações entre as
empresas e os fatores que permitem ou restringem a cooperação entre empresas
concorrentes”.
12
A cooperação e a confiança – esta tomada como pré-condição da cooperação –
passaram a ser temas centrais tanto na agenda daqueles que entendem a confiança e a
cooperação como derivadas de ambientes com histórias de acúmulo de capital social
(PUTNAM, 1993), como daqueles que entendem a cooperação como derivada de ações
racionais na busca de maximização de interesses e, portanto, passíveis de serem construídas
(LOCKE, 2004), a despeito de ambientes com histórias de conflitos, e em uma velocidade
muito maior do que normalmente se imagina, principalmente nos APLs.
A atuação governamental, ao criar uma política específica de apoio aos APLs, além
de possibilitar o aumento da representatividade das organizações, deve ser entendida como
um mecanismo fomentador da união de agentes econômicos, na medida em que cria
incentivos para a cooperação, reduz a possibilidade da pulverização de esforços pela
duplicidade de ações por diferentes entidades numa mesma região e desincentiva posições
oportunistas – ao estabelecer condições universalistas e participativas para acesso aos
benefícios oriundos dessa política. Conforme SANTOS, DINIZ e BARBOSA (2004), “pelo
caráter público, ou quase público, de tais incentivos, a cooperação é gerada sobre bases mais
concretas do que quando gerada a partir da coordenação de reduzido número de agentes, pois
praticamente anula riscos de que o benefício esperado seja absorvido unicamente pelos
agentes com posição mais forte”.
Segundo SANTOS, DINIZ e BARBOSA (2004), “as políticas que incentivam os
APLs podem ser uma das mais eficazes políticas de desenvolvimento regional, ainda que não
tenham apenas essa função e não sejam capazes de serem replicadas em todas as regiões
subdesenvolvidas”.
Várias classificações são apresentadas na literatura para os APLs, segundo suas
principais características e graus de desenvolvimento da governança e de cooperação. O
problema de classificar e nomear arranjos seria meramente semântico, não fossem suas
implicações políticas. Classificar arranjos produtivos e estabelecer as bases para a
comparação de realidades diferentes é um ponto de partida para a definição de uma política
industrial para um arranjo específico: uma política adotada para um arranjo produtivo “x”
pode ser eficaz em um arranjo “y”? Que adaptações seriam necessárias, em função das
semelhanças e das diferenças detectadas? Para responder a estas perguntas é preciso
estabelecer um quadro característico de cada arranjo a partir de critérios abrangentes que
possibilitem comparações.
13
KNORRINGA e MEYER-STAMER (1998) propuseram um conjunto de categorias
que orientaria a sistematização da análise de diferentes tipos de arranjos produtivos, baseado
em dicotomias: formal versus informal, hierárquico versus não hierárquico, vertical versus
horizontal, efêmero versus duradouro. Estas dicotomias possibilitariam a classificação dos
arranjos produtivos, respectivamente, pelo tipo de institucionalidade que o sustenta, pelo tipo
de relações de poder entre seus componentes, pelos níveis da cadeia produtiva que abrange e,
finalmente, pelo tempo de duração de um arranjo.
Para a Sociedade Alemã de Cooperação Técnica (GTZ), que leva em consideração os
estágios evolutivos dos APLs, os arranjos produtivos são classificados como emergentes,
crescendo, maduros, especializados e decadentes.
Segundo MYTELKA e FARINELLI (2000, apud BNDES, 2004), conforme
apresentado no Quadro 2, os APLs podem ser classificados como informais, organizados e
inovativos.
Quadro 2 – Tipologia de cluster/APL
cluster/APLinformais
cluster/APLorganizados
cluster/APLinovativos
Existência de liderança Baixo Baixo e Médio Alto
Tamanho das firmas Micro e Pequena MPME MPME e Grande
Capacidade inovativa Pequena Alguma Contínua
Confiança interna Pequena Alta Alta
Nível de tecnologia Pequena Média Média
Linkages Algum Algum Difundido
Cooperação Pequena Alguma ou Alta Alta
Competição Alta Alta Média ou Alta
Novos produtos Poucos ou Nenhum Alguns Continuamente
Exportação Pouca ou Nenhuma Média ou Alta AltaFonte: MYTELKA e FARINELLI (2000) em artigo da UNCTAD (1998).
14
3.5. Capital Social
A literatura tem afirmado que as formas de cooperação, em seus mais variados graus,
é mais efetiva onde há a presença de instituições públicas e privadas, e inter-relações sociais,
formais e informais, que promovam e despertem um nível de confiança na população, onde os
atores econômicos e a sociedade terão condições de melhor usufruir os benefícios desse
ambiente chamado capital social, ativo intangível percebido pelos pesquisadores e
inconscientemente praticado pela sociedade de determinada região (COSTA e COSTA, 2005;
e FRANCO, 2005).
Embora seja difícil medir, é possível afirmar que “o capital social está por trás do
sucesso do desenvolvimento regional de vários locais, e a sua ausência está por trás de muitos
fracassos” (AMARAL FILHO, apud TABOSA et al., 2004).
Entendendo a importância do capital social no funcionamento e na viabilização de
um APL, conceitos de diversos estudiosos, citados por MILANI (2005), são apresentados no
Quadro 3, a seguir:
Quadro 3 - Síntese de conceitos de capital social
Autor Conceito
PierreBourdieu
Conjunto de recursos reais ou potenciais resultantes do fato de pertencer, hámuito tempo e de modo mais ou menos institucionalizado, a redes derelações de conhecimento e reconhecimento mútuos.
JamesColeman
É uma variedade de entidades tendo duas características em comum: elassão formas de estrutura social e facilitam algumas ações dos indivíduos quese encontram dentro desta estrutura social.
RobertPutnam
Refere-se a aspectos da organização social, tais como redes, normas econfiança, que facilitam a coordenação e a cooperação para benefíciomútuo.
John Durston Corresponde ao conteúdo de certas relações sociais – aquelas que combinamatitudes de confiança com condutas de reciprocidade e cooperação – queproporciona maiores benefícios àqueles que o possuem.
DavidRobinson
Refere-se a um conjunto de recursos acessíveis a indivíduos ou gruposenquanto são de uma rede de conhecimento mútuo. Esta rede é umaestrutura social e tem aspectos (relações, normas e confiança) que ajudam adesenvolver a coordenação e a cooperação e a produzir benefícios comuns.
Fonte: Resumido de MILANI (2005).
15
O capital social atua como promotor na difusão de informações e no fluxo de
recursos aos agentes envolvidos na estrutura social. Também se refere às características da
organização social, como confiança, normas e sistemas de participação cívica, que contribuam
para aumentar a eficiência da sociedade, facilitando as ações coordenadas (COSTA e
COSTA, 2005; e ALBAGLI e MACIEL, 2005). Entretanto, o capital social não pode ser
visto como único fator que irá solucionar todas as falhas de mercado ou superar todas as
barreiras ao desenvolvimento. Outras variáveis deverão ser consideradas para o equilíbrio das
ações e o atingimento dos objetivos pretendidos.
Uma corrente de pensamento aponta os aspectos culturais da população como
determinantes para a construção da confiança e do capital social, posição defendida por
PUTNAM, citado por COSTA e COSTA (2005). Outra corrente, liderada por PETER
EVANS, também citado por COSTA e COSTA (2005), aponta as políticas públicas como a
fonte principal de mudança social em populações pouco desenvolvidas e carentes. O capital
social é produzido, acumulado e reproduzido sempre em comunidades de um certo local,
território ou região, e o seu conceito é válido quando se considera o desenvolvimento como
desenvolvimento local (FRANCO, 2005).
A aplicação do conceito de capital social a APLs deve considerar as características
da aglomeração, identificando seus componentes e os vínculos sociais capazes de serem
associados aos níveis e direção da cooperação observada. “As instituições e relações sociais
existentes em APLs são capazes de facilitar a coordenação e o envolvimento dos agentes em
ações cooperativas que levem a um desempenho econômico superior” (COSTA e COSTA,
2005). O capital social estimula o aprendizado coletivo e a cooperação e integração dos
membros da comunidade, promovendo ações que possibilitem o desenvolvimento de APLs
mais evoluídos. Também há indicações que relacionam o capital social com o
desenvolvimento de APLs mais inovadores (ALBAGLI e MACIEL, 2002).
Para que o APL prospere e se desenvolva, há necessidade da ação de intermediários
sociais, ou seja, de instituições externas às empresas “que transmitiriam as informações
relevantes, indicariam oportunidades e facilitariam o acesso a bens públicos”, auxiliando o
APL na superação de seus gargalos (COSTA e COSTA, 2005).
A boa convivência das empresas nos APLs não significa a ausência de concorrência.
Percebem-se diferentes graus de competição entre empresas que produzem o mesmo produto
ou exercem a mesma atividade. No ambiente coexistiriam a cooperação e a competição.
16
“A cooperação minimizaria as deficiências de escala, contribuiria para a redução de
riscos e de custos de transação, facilitaria o fluxo de recursos, manteria a capacidade
inovativa do aglomerado e divisaria novas oportunidades. A competição, por sua vez,
daria dinamismo ao aglomerado, fortalecendo a competitividade de suas empresas
mediante a difusão de melhores práticas produtivas” (COSTA e COSTA, 2005).
3.6. Territorialidade e Desenvolvimento Local
Quando se discute desenvolvimento para as localidades, é interessante saber quais
razões levariam os moradores de determinado local a se preocuparem com isso. Apesar de
parecer que as respostas dadas serão carregadas de obviedades, elas poderão ajudar, num
próximo passo, a conceber, em cada caso, as ações apropriadas que levem ao
desenvolvimento desejado.
Será que a situação local piorou?
Será que a situação atual não mais satisfaz?
Será que, simplesmente, se gostaria de um futuro melhor?
Será que se precisa ter um futuro melhor?
A motivação das respostas pode ser uma, algumas, todas acima ou outras não
mencionadas. O importante é que exista na localidade uma preocupação em relação a uma
insuficiência sócio-econômica, presente ou futura, que é entendida, pela comunidade, como
um problema. Este problema faz com que, em algumas localidades, a comunidade sinta a
necessidade do desenvolvimento econômico como meio para atender a insatisfação com a
situação atual, reduzindo ou eliminando, no tempo, os grandes descompassos entre o social, o
econômico e o tecnológico, ou os desequilíbrios gerados por fatores estruturais ou ocasionais
que afetam a harmonia dos componentes do processo sócio-econômico e que são empecilhos
para que se atinja um nível desejável de qualidade de vida (MARKUSEN, 1981).
Em outras localidades, conforme MARKUSEN (1981), o que se busca é uma
condição de qualidade de vida diferenciada, que não depende da condição econômica, que de
certo modo já satisfaz, mas, simplesmente, uma nova prioridade na alocação dos recursos
disponíveis. Em outras palavras, o entendimento do que seja desenvolvimento pode ter
significados diferentes para cada localidade em função do nível de satisfação que cada
comunidade desses locais sinta com relação às suas condições de vida.
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Na verdade, o que se procura é o desenvolvimento que leve a um futuro melhor para
a maioria da população e é aí que surgem as dificuldades: a definição clara do que realmente
se busca e os caminhos e os meios para se chegar lá. Nesse processo é que começam a
aparecer os problemas que deverão ser enfrentados pela comunidade (MARKUSEN, 1981).
O próprio conceito de local é usado de forma bastante diversificada, podendo referir-
se a um bairro, município, região, país ou até conjunto de países. Na realidade, o enfoque
local, assim como o regional, está relacionado a algum tipo de reivindicação política, de um
grupo de pessoas identificado territorialmente, não podendo ser confundido ou simplificado
como uma determinada "classe econômica" ou grupo cultural (MARKUSEN, 1981; e
SMOLKA, 1994).
Pela ausência de planejamento e de medidas para enfrentar os problemas ou, pior, por
ações inadequadas, muitas regiões, em todo o planeta, têm sido afetadas pela falta de
desenvolvimento. Algumas vezes, as localidades perdem competitividade em suas atividades
econômicas pela ausência de desenvolvimento ou por estarem num estágio que é insuficiente
para dar suporte à operação das empresas instaladas em seus territórios. Isso pode levar as
empresas locais a se enfraquecerem diante das concorrentes, levando-as a reduzirem seus
quadros funcionais para adequação de suas capacidades competitivas ou encerrando suas
atividades no local, gerando desemprego, perda de renda e de qualidade de vida para muitos
moradores (KOTLER, 1997).
As localidades, regiões, nações, mesmo aquelas que atualmente estão em situação
privilegiada, poderão vir a ser afetadas no caso de não se planejarem para o futuro e se
permitirem que suas atividades econômicas se tornem “envelhecidas”. Suas empresas
poderão ficar descompassadas das concorrentes, perdendo a capacidade competitiva e
prejudicando a economia das localidades onde elas estão instaladas. Segundo KOTLER
(1997), existe um conjunto de macroproblemas que afeta as nações: o baixo padrão de vida,
os problemas demográficos, o problema da falta de emprego e a gestão pública. Estes são
também problemas que afetam as localidades.
A ocorrência do desenvolvimento local é dependente de uma complexa inter-relação
de fatores. A administração pública tem papel importante na promoção do desenvolvimento,
por dispor de ferramentas, como, por exemplo: agregação da comunidade interessada,
ordenamento de ações públicas, imposição legal e outras que nenhum outro agente possui.
Por outro lado, uma série de interferências pode impedir que as ações que deveriam ter
origem no poder público ocorram, ou pior, que sigam um caminho que não leve ao
18
desenvolvimento (FREIRE, 2001).
Infra-estrutura apropriada, boa qualidade de vida que a localidade ofereça à
população e existência de interlocução adequada na área pública para o atendimento
empresarial, têm-se mostrado muito mais importante como forma de manutenção ou atração
de novos investimentos do que a existência de possíveis incentivos fiscais e materiais que as
localidades possam oferecer (FREIRE, 2001).
O fomento, o ordenamento, a facilitação e o controle para que ocorra o
desenvolvimento das localidades, de forma sustentada, deveriam ser a posição primordial dos
governos locais no atendimento ao desenvolvimento econômico.
A territorialidade é o espaço que a localidade dispõe para implantar o planejamento
estratégico e ao mesmo tempo é, em alguns casos, aquilo que se quer alterar. No mínimo,
como coloca FERNÁNDEZ GÜELL (2000), haverá necessidade de se ter uma relação de
dependência entre o plano diretor e o plano estratégico de desenvolvimento de uma
localidade. Eles são interdependentes. Se a localidade já possui um plano diretor atualizado,
o planejamento estratégico poderá ser desenvolvido tendo-o como base e, mesmo assim,
parece impossível que ele não tenha de ser alterado em função das novas estratégias que
vierem a ser estabelecidas. Se ainda não existir um plano diretor ou caso ele esteja
desatualizado, parece ser mais fácil atualizar ou estabelecer um plano diretor a partir das
novas diretrizes estratégicas definidas para a localidade.
O desenvolvimento promovido poderá estar centrado na atração de novos
investimentos vindos de fora da localidade ou na economia local, potencializando os
investimentos já existentes.
VÁZQUEZ BARQUERO (1999) entende desenvolvimento endógeno como “um
processo de crescimento econômico e de mudança estrutural liderado pela comunidade local,
utilizando o potencial de desenvolvimento que conduz à melhora de vida da população local”.
O desenvolvimento endógeno poderá ser ativado por meios forçados, baseados,
principalmente, em políticas artificiais de incentivos materiais e fiscais para atração de
investimentos, ou por meio de um desenvolvimento fomentado, construído por meio de um
processo de articulação, com base num quadro de fatores positivos, que, pela qualidade e
publicidade, se tornem atrativos para investimentos (HADDAD, 2004). Há necessidade de
muito esforço organizadamente aplicado para que ocorra o desenvolvimento. Nesse caso, a
política de desenvolvimento adotada é normalmente de fomento e precisa ser bastante
19
planejada, pois dificilmente a economia se auto-organiza de forma espontânea.
CASSIOLATO (2002) entende “os arranjos e sistemas produtivos locais como sendo
moldados por processos de aprendizado evolucionários”. Estes arranjos também contêm
sistemas de auto-regulação e apresentam fortes vínculos envolvendo os agentes locais e que,
nas interações entre as empresas, participam também diversas outras instituições públicas e
privadas. Estas interações são essenciais para garantir a competitividade dos agentes,
individual e coletivamente, e apresentam forte especificidade local. Ainda, segundo
CASSIOLATO (2002), “fundamentais para tais interações são as relações técnicas entre os
diferentes agentes visando o aprendizado”. Esse aprendizado permite caracterizá-los pela
existência de sistemas cognitivos localizados que é compartilhado pelas firmas e instituições,
tanto do conhecimento tácito (localizado) quanto do codificado.
VÁZQUEZ BARQUERO (1999) descreve as ações estratégicas para o
desenvolvimento como aquelas que “se direcionam para a melhora das infra-estruturas para
produzir e viver, para suprir as carências e melhorar os fatores imateriais do desenvolvimento
(aprendizagem, conhecimento, informação), a fortalecer a capacidade organizativa do
território e ao uso adequado dos recursos renováveis”. A complexidade e a dimensão das
políticas a serem adotadas remetem à necessidade de sua implementação pelo poder público.
3.7. Políticas Públicas em Arranjos Produtivos
Conforme SANTOS, DINIZ, BARBOSA e SANTOS (2004), a atuação
governamental é fundamental para o desenvolvimento dos APLs, a exemplo do ocorrido nos
Estados Unidos, na Itália e em outras regiões européias. A atuação do governo pode atender
várias finalidades, como: prover infra-estrutura que suporte o crescimento dos APLs; apoiar o
ensino e a capacitação de mão-de-obra; o funcionamento de centros de pesquisa e
desenvolvimento; financiar investimentos cooperativos; fazer investimentos públicos que
gerem avanços importantes para o APL, entre outras.
Segundo LOCKE (2003), mesmo em regiões onde não há organização, confiança,
cooperação e desenvolvimento, essas situações poderão se reverter com relativa facilidade a
partir do momento em que o governo ofereça uma série de benefícios que venham gerar
avanços para todo o APL e não apenas para determinadas empresas. Neste sentido, a política
regional tem importância fundamental no desenvolvimento do APL.
De acordo com SANTOS, DINIZ, BARBOSA e SANTOS (2004), a política regional
20
se define como toda e qualquer política que tenha como uma de suas funções ou
conseqüências aumentar a renda de uma região subdesenvolvida, reduzir a disparidade de
renda regional e desenvolver regiões pobres ou estagnadas. Contudo, essa política regional,
eficaz em alguns casos, pode ter atuação limitada e necessita ser complementada por políticas
de distribuição regional de renda e de melhoria de infra-estrutura.
Segundo GORAYEB (2005), metas muito ambiciosas a serem alcançadas por um
conjunto de empresas de uma localidade não farão muito sentido se as condições
macroeconômicas do país forem hostis ao desenvolvimento de projetos que os agentes locais
buscam viabilizar.
Em regiões com pouca infra-estrutura e/ou com densidade econômica muito baixa, o
APL tem dificuldade em se desenvolver. Se o mesmo está localizado em regiões que
apresentem infra-estrutura e densidade econômica razoáveis, não irá necessariamente se
desenvolver, pois um APL para apresentar resultados efetivos requer o desenvolvimento de
vantagens competitivas no âmbito setorial (SANTOS, CROCCO e LEMOS, 2002; apud.
BNDES, 2004).
Alguns outros aspectos podem retardar o desenvolvimento do APL. Se, por
exemplo, o APL não for suficientemente grande, pode encontrar dificuldade em se
desenvolver de forma competitiva e consistente a longo prazo, pois a competição pode ser
muito acirrada nos setores onde atua. Essa dificuldade pode ser minimizada por apoio
governamental e cooperação entre as empresas que o compõem (SANTOS, DINIZ e
BARBOSA, 2004).
Para que ocorra o desenvolvimento regional, segundo SANTOS, DINIZ e
BARBOSA (2004), são condições básicas que a infra-estrutura e os serviços públicos sejam
estendidos a todos, de forma indistinta. A existência de infra-estrutura, de mão-de-obra
qualificada e de condições adequadas de vida são fundamentais para que uma determinada
região possa ser competitiva em setores que tenham algo a oferecer, além do esperado. Essa
competitividade é essencial para que a região possa exportar crescentemente para outras
regiões ou possa atrair volumes crescentes de investimentos privados.
Conforme SANTOS, CROCCO e LEMOS (2002), geralmente a política de APL só é
eficiente para regiões subdesenvolvidas se associada a investimento em infra-estrutura e ao
fornecimento de serviços públicos. Após essas necessidades básicas terem sido atendidas, a
política de APL passa a servir como política de fomento ao desenvolvimento daquele
21
determinado setor para a região.
Conforme NORONHA e TURCHI (2005), a proposta governamental de promover
APLs possibilita o desenvolvimento regional a partir das MPME de um mesmo setor atuando
de forma cooperativa, mesmo em regiões com sérios problemas de déficit econômico,
conflitos políticos e religiosos.
GORAYEB (2002) concluiu que a descentralização das políticas públicas constitui o
meio institucional mais adequado para o desenvolvimento de ações direcionadas a
aglomerações setoriais de MPME obedecendo-se alguns critérios: (i) as políticas devem visar
alcançar as demandas específicas das empresas e essas demandas só podem ser identificadas
em nível local; (ii) a forma de organização das empresas de uma localidade difere de outras,
visto que depende tanto do setor de atividade, do adensamento da cadeia produtiva e da
história política e econômica da localidade, sendo necessário que a formulação de ações
específicas fique a cargo ou conte com a participação de agentes locais que compreendam
melhor as relações sociais, políticas e econômicas que se estabelecem no local; (iii) as
autoridades públicas locais condutoras de algumas ações devem se envolver ativamente nos
projetos da localidade, tornando-se importante o acompanhamento de um agente neutro nas
relações comerciais; (iv) as ações de promoção às aglomerações devem, necessariamente,
contar com o comprometimento das organizações e dos agentes privados locais relacionados
com as atividades dessas aglomerações e, portanto, espaços públicos têm que ser construídos
para o desenvolvimento de reuniões, fóruns, associações e atividades comuns.
22
4. METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado tomando por base a análise das seguintes fontes: (i)
Censo-2004 da Aqüicultura do Baixo São Francisco no estado de Sergipe e Censo-2005 da
Aqüicultura do Baixo São Francisco no estado de Alagoas; (ii) Questionário elaborado
especificamente para esta pesquisa, respondido por representantes de instituições que têm
atividades relacionadas ao APL de Aqüicultura do Baixo São Francisco; (iii) estudos e
relatórios sobre a cadeia produtiva da região, obtidos em acervos de instituições que atuam no
Baixo São Francisco, principalmente da CODEVASF; (iv) publicações técnicas sobre
aqüicultura e arranjos produtivos locais com abordagens similares ou passíveis de serem
aplicadas no APL.
4.1. Censos da Aqüicultura do Baixo São Francisco nos Estados de Sergipe (2004) e de
Alagoas (2005)
Duas importantes fontes de informações utilizadas neste estudo foram o Censo-2004
da Aqüicultura do Baixo São Francisco no estado de Sergipe, realizado por técnicos da 4ª
Superintendência Regional da CODEVASF e dos Distritos de Irrigação dos Perímetros de
Propriá, Cotinguiba-Pindoba e Betume, e o Censo-2005 da Aqüicultura do Baixo São
Francisco no estado de Alagoas, realizado pela CODEVASF, SEBRAE-AL e Universidade
Federal de Alagoas - UFAL.
Para ambos os Censos, foi utilizado um formulário específico (Apêndice 1) com 120
perguntas, subdivididas em nove grupos de informações, com os seguintes objetivos: 1º)
identificar o proprietário, relacionando o nome, RG, CPF, data de nascimento, estado civil,
mão-de-obra familiar, endereço para correspondência, telefone e e-mail; 2º) identificar e
caracterizar a propriedade, especificando o nome, coordenadas geográficas, área total, área de
criação de peixes, características de via de acesso, infra-estrutura básica, equipamentos e
outras utilizações da propriedade; 3º) caracterizar a piscicultura, obtendo-se o ano de
implantação, gastos com a atividade, assistência técnica, financiamento e intenções futuras do
proprietário em relação à atividade; 4º) obter dados a respeito da administração da
propriedade e da mão-de-obra envolvida, com identificação do total de empregos fixos e
temporários gerados pela atividade, época de maior contratação, qualificação técnica dos
envolvidos e receita gerada com a atividade; 5º) obter dados da produção de pescado, como
ambiente de criação, fontes de abastecimento e vazão d’água, prática de preparação de
23
viveiros, análises da água, biometrias, espécies criadas e as respectivas produções,
modalidade de criação, local de abate, formas de conservação e de comercialização do
pescado, preços de comercialização e destinos da produção; 6º) avaliar os problemas
enfrentados quanto à mão-de-obra, custos de insumos, qualidade da água, assistência técnica e
legalização da área; 7º) obter informações adicionais abordando os itens de maior custo na
criação, nível de satisfação do produtor e sua expectativa em relação à atividade; 8º) obter
dados sobre a renda familiar mensal; e 9º) disponibilizar espaço para que o entrevistado
apresentasse comentários adicionais.
Os trabalhos de campo do Censo-2004 da Aqüicultura do Baixo São Francisco em
Sergipe foram realizados no período de outubro a dezembro de 2004, enquanto que o Censo-
2005 do estado de Alagoas foi concluído em novembro de 2005. O formulário utilizado por
ambos os Censos foi aplicado diretamente a proprietários ou gerentes de propriedades com
área de aqüicultura em tanques escavados superior a 1.000 m² e em todos os que realizavam a
criação de peixes em tanques-rede. Os entrevistadores realizaram a tomada das coordenadas
geográficas com um GPS e argüiram os entrevistados, cujas respostas foram inseridas em
campo específico do formulário e posteriormente tabuladas em software desenvolvido
especificamente para cada Censo.
Para a elaboração desta monografia, foram selecionadas as informações consideradas
mais relevantes para o atingimento dos objetivos propostos neste estudo, como: quantidade e
localização das propriedades; modalidade de piscicultura; produção e espécies mais
produzidas; financiamento da produção; nível de escolaridade dos produtores; nível
tecnológico; assistência técnica e comercialização.
4.2. Georreferenciamento dos dados dos Censos da Aqüicultura do Baixo São
Francisco
Com base nas informações selecionadas nos Censos, foi montado um banco de dados
georreferenciados do APL para caracterizar a aglomeração de produtores e outras
particularidades da atividade na região, com vistas à elaboração de análises e de mapas
teóricos que possibilitem identificar pontos fortes e deficiências que contribuam para a
formulação de propostas de ações e políticas de desenvolvimento desse arranjo produtivo.
Os trabalhos gerados para o tratamento das informações georreferenciadas foram
realizados em três etapas distintas: preparação da base cartográfica; preparação do Sistema de
24
Informações Geográficas (SIG); e preparação dos dados disponíveis nos Censos de
Aqüicultura do Baixo São Francisco.
Para a composição da base cartográfica digital foram utilizadas as informações
disponíveis no acervo da CODEVASF. Na representação gráfica da Bacia Hidrográfica do
São Francisco, foi incluída a divisão fisiográfica que delimita a área de estudo correspondente
ao Baixo São Francisco. Quanto aos limites estaduais e municipais utilizados, foram
consideradas as informações também geradas pela CODEVASF, com base nos dados do
IBGE de 1997.
A divisão da fisiografia do Vale do São Francisco considerada foi a definida em
trabalho de 1973, elaborado pelo Bureau of Reclamation - órgão do governo norte-americano,
produzida em formato gráfico impresso que, após devidamente digitalizada e
georreferenciada, foi agregada ao trabalho.
Como os mapas são preparados com base em sistema de projeções cartográficas,
estas seguiram as utilizadas pela CODEVASF, cujos fusos e projeção para este estudo
observaram os seguintes parâmetros: Spheroid – Internacional 1997, Projeção Lambert,
unidades métricas e limites cartográficos (1ª paralela: - 8º; 2ª paralela: - 11º; meridiano
central: - 37º 30’; e falso Norte e Este igual a 0º).
O software utilizado para o trabalho foi o ArcView 3.2, que funciona como um
Sistema de Informações Geográficas (SIG), de utilização prática e com interface gráfica de
fácil manuseio, permitindo inter-relacionar dados espaciais e tabulares, possibilitando que os
mesmos, depois de devidamente trabalhados, sejam apresentados por meio de mapas, tabelas
e gráficos. O software permite, além de produzir mapas de visualização temática, criar e
editar um banco de dados, de forma a atender às necessidades específicas do trabalho
desenvolvido.
Em paralelo, na preparação da base cartográfica e do SIG, foram definidas as
informações a serem obtidas com base no cadastro dos piscicultores disponível nos Censos de
Aqüicultura do Baixo São Francisco. Essas informações foram preparadas com uso de tabelas
e trabalhadas no software Excel.
O trabalho de preparação da base cartográfica caracterizou-se como de geração de
dados básicos, feita por meio da extração de informações do referido cadastro de
piscicultores, onde foram analisados e consolidados por município os seguintes dados:
número de produtores por município; área de viveiros para piscicultura em funcionamento;
25
área de viveiros para piscicultura desativados; volume de tanques-rede para piscicultura em
funcionamento; volume de tanques-rede para piscicultura desativados; e produção de pescado
pela aqüicultura.
Em seguida, essas informações foram agregadas ao banco de dados
georreferenciados do SIG e integradas às bases cartográficas onde foram preparados os mapas
com as informações relacionadas no parágrafo anterior e apresentados no capítulo de
Resultados.
4.3. Questionário sobre o APL de Aqüicultura do Baixo São Francisco
Como ferramenta complementar, mas não menos relevante que os Censos da
Aqüicultura do Baixo São Francisco, foi elaborado Questionário exclusivamente para este
estudo, cuja cópia do formulário consta no Apêndice 2 desta monografia. Buscou-se avaliar
as experiências e, principalmente, coletar opiniões dos representantes das organizações de
produtores e de entidades públicas e privadas que atuam no APL quanto às deficiências do
APL, ao estágio de desenvolvimento da aqüicultura na região e à identificação e priorização
de demandas de políticas que levem à estruturação e ao efetivo desenvolvimento desse arranjo
produtivo.
O Questionário apresenta na folha de rosto, como forma de esclarecer as entidades
contatadas, uma abordagem sobre o APL de Aqüicultura do Baixo São Francisco, a
importância do preenchimento do formulário pela instituição contatada e indica formas de
devolução do documento preenchido. O Questionário é composto de 25 questões distribuídas
em itens e subitens, com quatro abordagens: 1ª) identifica a instituição, o nome e a função do
entrevistado; 2ª) relaciona as ações realizadas no APL de aqüicultura pelas entidades
entrevistadas, a partir de 2000, com vistas a uma possível avaliação dos investimentos e do
alcance do trabalho que cada instituição vem realizando; 3ª) avalia a visão, o conhecimento, a
experiência, opiniões e sugestões dos entrevistados/instituições para possíveis ações a serem
implementadas no APL de aqüicultura; 4ª) dá espaço para que o entrevistado/instituição
acrescente assuntos não abordados nas questões apresentadas no formulário.
Grande parte das questões limitava as respostas a “Sim” ou “Não” ou à colocação de
um “X” nas alternativas que o entrevistado entendesse como as mais corretas. Em nove
questões exigiu-se uma participação maior do entrevistado, quando foi solicitado que
indicasse a ordem de importância, de 1º ao 6º lugares, das alternativas apresentadas.
26
Praticamente, em todas as questões deixou-se espaço para que o entrevistado acrescentasse
suas opiniões, de forma que não se limitasse às alternativas propostas, mesmo considerando
que isso pudesse provocar dificuldades na análise pelo aumento de alternativas, uma vez que
cada entrevistado poderia apresentar uma solução diferente para cada questão. Preferiu-se
correr esse risco a deixar de explorar uma visão diferente à dos autores do Questionário.
Para responderem ao Questionário, foram selecionadas 50 instituições dos estados de
Alagoas, Bahia e Sergipe, sendo: 20 organizações de produtores, entre associações,
cooperativas, colônias de pescadores e Distritos de Irrigação; cinco Prefeituras Municipais;
duas Secretarias Estaduais de Alagoas e Sergipe; dez instituições públicas federais e
estaduais; um Banco; duas empresas que prestam assistência técnica; uma fábrica de ração;
oito empresas e fundações privadas com significativa atuação no APL e a Câmara Setorial de
Aqüicultura do Baixo São Francisco. Esta última refere-se a fórum representativo da cadeia
produtiva, criada há oito anos, que é formada por representantes da classe produtora e de
entidades públicas que atuam nos estados de Sergipe e Alagoas na atividade de aqüicultura.
Considerando-se que grande parte da produção de pescado obtida no APL é comercializada
diretamente pelos produtores ao consumidor final em feiras livres e que existem poucos
atacadistas comercializando o pescado produzido pela aqüicultura do Baixo São Francisco,
esse ramo de atividade – a comercialização –, importante para a consolidação desse arranjo
produtivo, não pode ser melhor explorado. Como forma de agilização do envio, do
preenchimento e da devolução do Questionário, foram mantidos contatos pessoais e
telefônicos com interlocutores das instituições selecionadas para a explicação dos objetivos e
do conteúdo do Questionário, bem como para a obtenção do endereço eletrônico, meio pelo
qual foi feita a remessa do formulário.
A análise dos Questionários foi feita considerando-se a seguinte metodologia:
inicialmente, as respostas das 23 questões, entre os itens 2 a 8, foram tabuladas em planilha
específica e analisadas segundo os seguintes critérios: freqüência, em percentagem, com que
os entrevistados optavam pelas alternativas propostas nas questões com duas a quatro
alternativas de respostas, como, por exemplo, “sim ou não”, “baixo, médio ou alto” e nas
“alternativas descritivas”; no caso das nove questões que solicitavam que cada entrevistado
estabelecesse a ordem de importância das alternativas, do 1º ao 6º lugares, conforme a ordem
de prioridade das limitações, entraves e possíveis ações visando identificação ou solução de
problemas relacionados ao APL, utilizou-se a Seqüência de Fibonacci para a obtenção da
ordem de importância das alternativas para o conjunto dos entrevistados. Trata-se de uma
27
série de números naturais que dá diferentes pesos à freqüência com que se está trabalhando,
possibilitando o estabelecimento de uma hierarquização dos dados obtidos (ARCELA, 1996).
Posteriormente, analisou-se cada uma das respostas espontâneas descritas pelos
próprios entrevistados, que não teriam como ser tabuladas pela diversidade esperada de
opiniões.
4.4. Pesquisa bibliográfica e na internet
Foi realizada revisão bibliográfica sobre Arranjos Produtivos Locais,
desenvolvimento local e regional, capital social, territorialidade, aglomerações produtivas,
cooperação multilateral, inovação e transbordamento tecnológico, governança, geografia do
Baixo São Francisco, aqüicultura e políticas públicas em aqüicultura no Brasil, em
publicações técnicas, em periódicos e livros, além de relatórios e diagnósticos de instituições
envolvidas nesse APL de aqüicultura.
A partir da análise de diferentes conceituações de APLs, formuladas por instituições
nacionais com significativa atuação em aglomerações produtivas, como o BNDES, o MDIC, o
SEBRAE e a RedeSist/UFRJ, optou-se pela definição do BNDES que estabelece os critérios
teóricos que mais se coadunam com o Arranjo Produtivo Local de Aqüicultura do Baixo São
Francisco.
4.5. Políticas demandadas pelo APL de Aqüicultura do Baixo São Francisco
Com base nas informações obtidas nos Censos da Aqüicultura do Baixo São
Francisco em Sergipe e Alagoas, na literatura consultada, no Questionário aplicado à maioria
das instituições públicas e privadas com significativa atuação no APL, e na experiência dos
autores deste estudo, elencou-se ações e políticas públicas prioritárias a serem implementadas
na região, quais delas poderiam ser executadas pela CODEVASF e as que poderiam ser
implementadas pela iniciativa privada, com destaque para os próprios produtores.
28
5. RESULTADOS
Este trabalho foi realizado com base na análise das informações obtidas pelos Censos
da Aqüicultura do Baixo São Francisco, em Sergipe (2004) e Alagoas (2005); em
Questionário específico respondido por representantes de instituições que têm atividades
relacionadas ao APL de Aqüicultura do Baixo São Francisco; em estudos e relatórios sobre a
cadeia produtiva da região obtidos em acervos de instituições que atuam no Baixo São
Francisco - principalmente no acervo da CODEVASF; e em publicações técnicas sobre
aqüicultura e arranjos produtivos locais com abordagens similares ou passíveis de serem
aplicadas no APL de aqüicultura do Baixo São Francisco, conforme detalhado a seguir.
5.1. Censo-2004 da Aqüicultura do Baixo São Francisco no Estado de Sergipe
O Censo-2004 da Aqüicultura apresentou uma série de dados relevantes a respeito da
atual situação da aqüicultura no estado de Sergipe. Foram entrevistados 374 produtores em
todos os municípios do estado situados no Vale do São Francisco, à exceção de Poço
Redondo, que não conta com nenhum criador de peixes.
Dos entrevistados, alguns não responderam todas as questões do questionário, em
especial àquelas relativas a aspectos econômicos, como renda obtida na propriedade e
inadimplência junto a instituições financeiras.
Os municípios que apresentavam maior área de piscicultura foram Canhoba e
Propriá, com 145 e 178 hectares, respectivamente, sendo que Propriá apresentou o maior
número de produtores de pescado, com 90 indivíduos.
Foi verificado que 57,1% dos entrevistados criavam peixes em viveiros de terra,
39,6% em açudes/lagoas, 3,1% em tanques-rede e 0,3% em tanques revestidos. Do total dos
produtores que criavam peixes em viveiros de terra, 68,2% não faziam adubação da água;
79,7% não realizavam a calagem (utilização de cal para a correção do pH da água) e 91,4%
não faziam análise físico-química da água.
Em relação às espécies utilizadas pela aqüicultura no Baixo São Francisco, no estado
de Sergipe, o Tambaqui é a principal espécie, sendo criada em 267 propriedades (44% do
total), com uma produção de cerca de 950 toneladas anuais; enquanto que a Curimatã está
presente em 198 propriedades (33 % do total); e a Tilápia ocorre em 96 propriedades (16 %
29
do total); outras espécies de menor expressão econômica são criadas em cerca de 7% das
propriedades, conforme mostra o Gráfico 1.
Gráfico 1 – Ocorrência das principais espécies de peixes da aqüicultura no Baixo SãoFrancisco, no estado de Sergipe, por número de propriedades
Fonte: CODEVA
Em relação à forma
comercializada no próprio
propriedades cuja venda oco
Gráfico 2 – Diferentes foFrancisco, no
324
Peixe vivo
(86
Fonte: CODEVA
267
Tambaqui
Nº d
e Pr
opri
edad
es
Nº d
e Pr
opri
edad
es
(44,3%)
SF (4ª SR) – Relatório do Censo da Aqüicultura em Sergipe (2005).
de comercialização, a produção de 86,6% das propriedades é
local, na forma de pescado vivo, contra apenas 0,3% das
rre na forma de filé, como pode ser observado no Gráfico 2.
rmas de comercialização de pescado na região do Baixo São estado de Sergipe, por número de propriedades
243 1 22
Inteiro Eviscerado Filé Não informado
,6%)
(6,4%)(0,8%) (0,3%) (5,9%)
SF (4ª SR) – Relatório do Censo da Aqüicultura em Sergipe (2005).
198
96
12 6 24
Curimatã Tilápia Carpa Tambacu Outros
(32,8%)
(15,9%)
(2,0%) (1,0%) (4,0%)
Espécie
Formas de comercialização
30
O Gráfico 3 apresenta a destinação da produção de pescado da aqüicultura em
Sergipe, em 2004, onde a produção de 55,9% das propriedades é vendida para intermediários
e 34,8% das propriedades é comercializada diretamente ao consumidor.
Gráfico 3 – Diferentes meios de comercialização de pescado da aqüicultura no BaixoSão Francisco, no estado de Sergipe, por número de propriedades
130
530
209
Intemediário Direta Cooperativa Outros
(55,9%)
(34,8%)
(1,3%) (8,0%)
Fonte: CODEVASF (4ª SR) – Relatório do Censo da Aqüicultura em Sergipe (2005).
O destaque quanto ao destino da produção, como pode ser observado no Gráfico 4, é
que 53,1 % das propriedades têm seus produtos comercializados em mercados locais e que
somente 6,3% vão para outros estados.
Gráfico 4 – Destinação da produção do pescado da aqüicultura no Baixo São Francisco,em Sergipe, por número de propriedades
38
113
131
319
Outros estados
Outros municípios - Sergipe
Consumo próprio
Município produtor(53,1%)
(21,8%)
(18,8%)
(6,3%)
Fonte: CODEVASF (4ª SR) – Relatório do Censo da Aqüicultura em Sergipe (2005).
Nº de Propriedades
Nº d
e Pr
opri
edad
es
Meios de comercialização
Des
tino
da p
rodu
ção
31
Em relação ao preço de venda do pescado, a produção de 82,1% das propriedades é
comercializada pelos preços de mercado praticados no dia; 9,9% são comercializadas pelo
preço ditado pelo intermediário; 7% são vendidas por preço estabelecido a partir de outros
fatores; e a produção de apenas 1,1% das propriedades tem seus preços baseados no custo de
produção.
Dos produtores entrevistados, 53,7% têm bom nível de satisfação com a atividade,
36,1% têm nível de satisfação médio, 8,6% apresentam nível de satisfação ruim e 1,6% não
responderam. Vale destacar que 61,8 % deles pretendem realizar ampliações em seus cultivos.
O Censo identificou que 80,2% das propriedades não vinham recebendo assistência
técnica (Gráfico 5), 33,2% iriam continuar com a atividade, 3,2% pretendiam desistir e 1,9%
não responderam e, do total dos entrevistados, 79% não calculavam a rentabilidade do cultivo.
Em relação ao lucro líquido obtido com a atividade, 21,7% dos entrevistados apresentaram
renda líquida superior a R$ 3.001,00/ano, 18,5% declararam renda líquida entre R$1.001,00 a
3.000,00/ano, 12,8% ganhavam de R$ 501,00 a 1.000,00/ano, 14,9% ganhavam até R$500,00
líquidos ao ano, 0,3% não obtiveram nenhum lucro líquido (tiveram prejuízo) e 31,8 % não
informaram.
Gráfico 5 – Propriedades do Baixo São Francisco, no estado de Sergipe, que recebemassistência técnica
7419,8%
30080,2%
SIM
NÃO
Fonte: CODEVASF (4ª SR) – Relatório do Censo da Aqüicultura em Sergipe (2005).
Quanto ao financiamento da produção, alguns produtores alegaram dificuldade para a
obtenção de crédito bancário devido à exigência de farta documentação, de licença ambiental
e da necessidade de estarem adimplentes com a instituição bancária. O Censo identificou que
151 produtores (40,4%) utilizaram crédito bancário, sendo que, da totalidade, 76,8% estão
32
25
258
52
32
7
Outros
Ração
M.Obra
Alevinos
Água (1,9%)
(8,6%)
(6,7%)
(13,9%)
(69,0%
inadimplentes, o qual mostra a importância desse assunto para o adequado funcionamento
desse APL.
Conforme Gráfico 6, cerca de 26,5% dos produtores são semi-analfabetos e 12,6%
possuem curso superior.
Gráfico 6 – Grau de escolaridade dos piscicultores do Baixo São Francisco, no estadode Sergipe
Fonte: CODEVASF (4ª SR) – Relatório do Censo da Aqüicultura em Sergipe (2005).
No tocante aos insumos que apresentam os maiores custos na produção de pescado
no APL, o Censo revelou, conforme Gráfico 7, que a ração é o insumo mais caro para 69%
dos produtores, seguido da mão-de-obra com 13,9 % e do alevinos com 8,6%.
Gráfico 7 – Insumos com maiores custos de produção na aqüicultura do Baixo SãoFrancisco, no estado de Sergipe, por número de propriedades
Fonte: CODEVASF (4ª SR) – Relatório do Censo da Aqüicultura em Sergipe (2005).
Escolaridade
47
99
123
90
154,01%
12,57%
24,06%
32,89%
26,47%
Semi-analfabeto
1º grau 2º grau Cursosuperior
Nãoinformado
Nº de Propriedades
Insu
mo
Prod
utor
33
5.2. Censo-2005 da Aqüicultura do Baixo São Francisco no Estado de Alagoas
O Censo-2005, no estado de Alagoas, concluído em novembro de 2005, quando foi
disponibilizado parte dos resultados finais. De acordo com os executores do Censo em
Alagoas, é possível identificar características diferenciadas entre três localidades dessa região,
que poderiam sugerir a existência de três arranjos produtivos locais: na região da foz do Rio
São Francisco, abrangendo os municípios de Jequié da Praia, Feliz Deserto, Coruripe,
Piaçabuçu, Penedo, Igreja Nova, Porto Real do Colégio, São Brás1 e São Sebastião; na região
de Xingó, englobando os municípios de Belo Monte, Traipu, Delmiro Gouveia, Olho d’Água
do Casado, Pão de Açúcar e Piranhas; e na região da área dos Açudes, com os municípios de
Junqueiro, Igaci, Jaramataia, Major Isidoro, Dois Riachos e Arapiraca.
Dos produtores ativos, 125 estavam na região da foz, 19 na região de Xingó e 16 na
área de Açudes, totalizando 160 produtores. Em relação à região da foz do São Francisco, os
municípios de Igreja Nova, Porto Real do Colégio e Coruripe concentravam cerca de dois
terços dos produtores ativos da região, com 29%, 21% e 18%, respectivamente. Na região de
Xingó, 80% dos produtores ativos estavam concentrados em Pão de Açúcar, Traipu e Belo
Monte, com 37%, 26% e 11%, respectivamente. Na região da área dos Açudes, o maior
número de produtores ativos estava nos municípios de Junqueiro e Major Isidoro, com 31% e
25%, respectivamente. Os municípios de Dois Riachos, Igaci e Jaramataia, concentravam,
cada um, cerca de 13% dos produtores da área dos Açudes.
As três regiões citadas do estado de Alagoas apresentavam área alagada total de
270,7 hectares, sendo que a região da foz englobava 60% dessa área; a região de Xingó 23%;
e a área de Açudes tinha 17% do total.
Em relação à criação de peixes em tanques-rede na região da foz, o volume total era
de 1.396 m³, sendo que os municípios de Coruripe e Penedo apresentavam a maior
concentração, com 1.012 m³ e 284 m³, respectivamente. A região do Xingó apresentava
volume total de criação em tanques-rede de 4.496 m³, com os municípios de Piranhas e Olho
d’Água do Casado apresentando maior concentração, com 2.000 m³ e 1.416 m³,
respectivamente. A área de Açudes apresentava volume total de tanques-rede de 2.405 m³,
com maior concentração nos municípios de Jaramataia e Dois Riachos, com volume de 1.524
m³ e 704 m³, respectivamente.
Em relação às espécies mais criadas, a região da foz do São Francisco apresentou o
Tambaqui como o peixe principal, representando cerca de 38% da produção, seguido da
34
Curimatã com 33% e a Tilápia com 20%. A região de Xingó apresentava a Tilápia como o
peixe mais criado, com 62% da produção, seguido da Curimatã e do Tambaqui, ambos com
17% da produção. Também a área de Açudes apresentou a Tilápia como a espécie de peixe
mais criada, que correspondeu a 75% da produção, seguido do Surubim com 15% e do
Tambaqui com 10%.
Em relação aos insumos, verificou-se que a produção de alevinos é realizada em três
unidades de produção, nos municípios de Porto Real do Colégio, Pão de Açúcar e Piranhas.
As rações utilizadas na produção são oriundas principalmente de outros estados, como
Pernambuco e São Paulo, tendo o estado de Alagoas apenas uma fábrica desse insumo,
localizada no município de Arapiraca. Assistência técnica regular é fornecida por entidades
públicas em 6 dos 21 municípios pesquisados, enquanto que nos demais municípios, a
assistência técnica é esporádica, privada ou não existe.
A maior parte da produção da piscicultura no estado de Alagoas é comercializada in
natura.
5.3. Questionário sobre o APL de Aqüicultura da Região do Baixo São Francisco
De 50 questionários enviados, obteve-se a devolução de 36 instituições, assim
discriminadas: 18 organizações de produtores, sendo três do estado de Alagoas (Associação
dos Piscicultores de Penedo – PISCE, Associação de Pescadores de Porto Real do Colégio e
Distrito Irrigado do Perímetro de Boacica), sete do estado de Sergipe (Associação Norte
Sergipana de Aqüicultura – ANSA, Associação dos Aqüicultores do Estado de Sergipe –
ASAS, Cooperativa de Pesca do São Francisco – COOPESF, Colônia de Pescadores Z-8 de
Propriá, Distrito de Irrigação do Perímetro de Cotinguiba-Pindoba – DICOP, Distrito de
Irrigação do Perímetro de Propriá – DIPP, e Distrito de Irrigação do Perímetro de Betume –
DIB), oito organizações de produtores do estado da Bahia (Associação Pia do Roque
Xingozinho, Associação dos Pescadores de Olho D'Aguinha, Associação dos Piscicultores de
Malhada Grande, Associação dos Produtores Rurais de Malhada Grande, Associação dos
Pequenos Produtores de Peixe da Lagoa do Junco, Associação de Piscicultura J. Fraine,
Associação dos Pequenos Criadores de Peixe do Povoado do Sítio do Tará e Fazenda
Colorado), Câmara Setorial de Aqüicultura do Baixo São Francisco, três empresas
fornecedoras de insumos (Sibra Aqüicultura S.A., Aktiva Engenharia Ltda. e Aguassolos),
uma empresa ligada à comercialização de pescado (Netuno Pescado), oito representações de
órgãos governamentais (CODEVASF nos estados de Alagoas e Sergipe, Secretaria Especial
35
de Aqüicultura e Pesca - SEAP/PR nos estados de Sergipe e Alagoas, Embrapa Tabuleiros
Costeiros, IBAMA-SE, Prefeitura Municipal de Penedo e Bahia Pesca S.A.), SEBRAE-SE,
Instituto de Desenvolvimento Científico e Tecnológico de Xingó, Banco do Nordeste,
INFOPESCA e Associação dos Engenheiros de Pesca de Sergipe.
Cerca de 20% dos Questionários recebidos foram devolvidos para complementação
ou correção, tendo como principal motivo o preenchimento incorreto das questões do item 8,
onde alguns entrevistados marcaram as alternativas com um “X” em vez da classificação de 1º
ao 6º lugares, ou quando repetiam a mesma classificação para mais de uma alternativa. Além
de esclarecimentos no texto da mensagem eletrônica devolvendo o Questionário para as
retificações, foram feitos contatos telefônicos para esclarecimentos adicionais. Com isso,
todos os entrevistados atenderam ao que o estudo se propunha. Possivelmente esse problema
não teria ocorrido se o preenchimento tivesse sido feito às vistas do entrevistador. Contudo,
provavelmente, a relação custo/benefício da metodologia utilizada foi menor do que se o
Questionário tivesse sido aplicado pessoalmente, devido às despesas que seriam acarretadas
com os deslocamentos a cada endereço de representante entrevistado, ou se tivesse sido feita
por telefone, pois não se daria o tempo necessário para que o entrevistado realizasse uma
análise mais cuidadosa das alternativas apresentadas para cada questão.
Na análise das questões do item 2, que procurou avaliar o grau de envolvimento das
entidades entrevistadas quanto a investimentos em infra-estrutura física e em capacitação dos
produtores no APL, verificou-se que, dessas instituições, 21% e 45%, sozinhas ou em
parcerias, respectivamente, implantaram obras físicas; 13% e 48%, sozinhas ou em parcerias,
respectivamente, promoveram treinamento em aqüicultura, associativismo e/ou gestão de
empreendimentos; e 19% financiaram algum tipo empreendimento relacionado ao APL.
Com referência às questões dos itens 3 a 7, que procuraram avaliar a visão, o
conhecimento, a experiência, opiniões e sugestões dos entrevistados/instituições sobre o APL,
verificou-se que 42%, 44% e 14% dos entrevistados acham que a quantidade de criadores de
peixe na região é baixa, média e grande, respectivamente; 31%, 50% e 19% vêem o grau de
motivação dos produtores do APL para essa atividade como baixo, médio e alto,
respectivamente; 57%, 31% e 11% entendem que o grau de cooperação e de alianças entre os
criadores de peixes do APL é baixo, médio e alto, respectivamente; 100% acham que devem
ser intensificadas as políticas públicas para a promoção do desenvolvimento da aqüicultura na
região do Baixo São Francisco; 78% entendem que o apoio do Governo aos pequenos e
médios piscicultores, por meio da capacitação e do acesso ao crédito, é o caminho mais
36
adequado para o desenvolvimento do APL, contra 22% que não concordam com a afirmativa.
Quando perguntado o que predomina na região, no que diz respeito ao nível
tecnológico e à dependência de financiamento, 8% entendem que os produtores têm bom
nível tecnológico e não apresentam maiores dependências de financiamento; 50% acham que
os produtores têm bom nível tecnológico, mas estão descapitalizados para a atividade; e 42%
optaram por produtores com baixo nível tecnológico, mas em condições de superarem essa
deficiência caso participem de bons programas de capacitação; nenhum optou por “produtores
com baixo nível tecnológico em piscicultura e sem condições de assimilarem os
conhecimentos técnicos necessários a uma adequada condução dos empreendimentos de
piscicultura”.
O item 5 pergunta se existem empresas líderes na região capazes de alavancar a
aqüicultura no Baixo São Francisco pela integração dos produtores: 28% acham que “Sim”,
50% dizem que “Não” e 22% não sabem.
Quando perguntado se são utilizados instrumentos de marketing e de promoção
comercial para o pescado produzido no APL de aqüicultura do Baixo São Francisco, 42%
entendem que “Sim”, 55% afirmam que isto não vem acontecendo e 3% não sabem.
Perguntado se os produtores e suas organizações estão preparados para a
identificação e o acesso a mercados para seus produtos, 15% acham que “Sim”, 76% afirmam
que “Não” e 9% dizem que não sabem.
As questões do item 8, na mesma linha do bloco anterior, que avalia o conhecimento
e a experiência dos entrevistados/instituições, avançam para a definição das fragilidades do
APL com vistas ao estabelecimento de políticas voltadas à estruturação e ao fortalecimento da
atividade. Das seis alternativas apresentadas na identificação das maiores deficiências do
arranjo produtivo, os entrevistados identificaram que o principal problema é a dificuldade dos
produtores no acesso a crédito para investimento e custeio da produção; em 2º lugar, a
dificuldade na comercialização da produção; em 3º lugar, o baixo nível de interação entre os
principais atores do APL (produtores e suas organizações, bancos, indústrias, Governo e
ONGs); em 4º lugar, a assistência técnica deficiente ou inexistente; em 5º lugar, o baixo nível
tecnológico dos produtores; e em 6º lugar, a fraca atuação dos órgãos governamentais.
Perguntado sobre os principais problemas enfrentados pelos produtores para a
comercialização do pescado produzido na região do Baixo São Francisco, a principal
alternativa assinalada pelos entrevistados foi a falta ou desconhecimento dos canais de
37
comercialização; em 2º lugar, o baixo preço do pescado pago pelos intermediários/
atravessadores; em 3º lugar, a falta de garantia da comercialização da produção de cada
tanque tão logo os peixes atinjam o tamanho comercial, obrigando os produtores a realizarem
a despesca e a venda parcelada por um longo período, ampliando o tempo de cada ciclo de
produção e reduzindo a produtividade e as margens de lucro; em 4º lugar, o pescado
produzido fora dos padrões de qualidade exigidos pelo mercado; em 5º lugar, as distâncias das
áreas de produção aos centros consumidores; e em 6º lugar, a alternativa que deixava ao
entrevistado propor qualquer outro problema relacionado à comercialização do pescado.
Dezesseis entrevistados, dos 36 que responderam ao questionário, sugeriram problemas
diferentes aos apresentados no questionário, sendo que quatro deles colocaram suas sugestões
como sendo a principal alternativa. Um deles citou que o volume e a freqüência de oferta são
baixos, fazendo que esses fatores desestimulem a parceria dos produtores com empresas que
realizam a comercialização; outro entrevistado concorda com esta resposta ao considerar que
o problema da comercialização estaria relacionado ao custo de produção em decorrência dos
altos valores da ração e que o pequeno volume de produção inviabiliza o frete; os demais,
indicaram como principal problema a falta de estrutura para processamento do pescado e para
distribuição eficiente da produção.
Avançando na análise da problemática de comercialização, foi perguntado: Quais os
principais problemas relacionados ao mercado consumidor do pescado produzido no APL?
Foi identificado que o principal problema é a falta de hábito de consumo de pescado, seguido
da falta de regularidade na oferta; em 3º lugar, o desconhecimento dos consumidores com
relação a duas das principais espécies de peixes criadas no APL (Tambaqui e Tilápia); em 4º
lugar, o preço alto do produto; a 5ª opção, o mau estado de conservação do pescado; em 6º
lugar, oito entrevistados sugeriram outros problemas, sendo que quatro deles indicaram como
sendo o principal problema: a falta de estratégia de comercialização por parte dos produtores;
um outro, a comercialização do pescado restrita a cidades com baixo poder aquisitivo; e
quanto aos demais, a falta de marketing.
Ainda sobre o tema comercialização, foi perguntado: O que deveria ser feito para
melhorar a comercialização do pescado, em nível do produtor, na região do Baixo São
Francisco? Das alternativas apresentadas, a que obteve maior indicação foi a que sugeria o
aumento da cooperação entre os envolvidos na cadeia produtiva nos processos de
comercialização; em 2º lugar, a melhoria das condições da infra-estrutura de varejo (peixarias,
mercados municipais, feiras livres, supermercados), incluindo instalações para a venda de
38
peixes vivos; a 3ª opção, a participação dos produtores em feiras e em outros eventos
promocionais, com vistas à abertura de novos mercados; em 4º lugar, a redução dos preços via
aumento da escala de produção; e em 5º lugar, a melhoria da qualidade do pescado ofertado
ao mercado. Sete entrevistados, dos 36 que responderam ao questionário, sugeriram
alternativas diferentes às propostas, sendo que três deles as colocaram como primeira
alternativa. Um deles citou que deveria ser colocada em funcionamento a Unidade de
Beneficiamento de Pescado de Própria, recém inaugurada, e outros dois optaram pela mesma
linha, sugerindo que falta estrutura para processamento do pescado e para distribuição
eficiente do produto.
Na questão que tratou das principais limitações do APL em relação à infra-estrutura e
ao meio ambiente, a alternativa que indicava as dificuldades para a obtenção de registros ou
de licença ambiental foi considerada como principal problema; em 2º lugar, as estradas em
estado precário ou insuficientes; em 3º lugar, a escassez de energia elétrica; em 4º lugar, as
baixas disponibilidade e qualidade de água; e em 5º lugar, o acesso dos produtores aos
sistemas telefônicos. Apenas quatro entrevistados propuseram uma alternativa diferente,
sendo que um deles propôs como principal limitação a dificuldade de obtenção de crédito para
construção de tanques e para aquisição de veículos (caminhão de transporte) e equipamentos
(aeradores, oxímetro).
Foi perguntado que insumos - alevinos, ração, água, assistência técnica e mão-de-
obra - estão limitando mais acentuadamente o desenvolvimento do APL. A ração foi
considerada como o insumo mais limitante, ficando a assistência técnica em 2º lugar; alevino
em 3º, mão-de-obra em 4º e água em 5º. De quatro entrevistados que apresentaram uma outra
alternativa, apenas um a colocou como prioritária, tendo sugerido que o insumo que mais
limitava o desenvolvimento do APL seria o financiamento para investimentos fixos e custeio,
e acrescentou assistência técnica.
Quando perguntado “o que deveria focar as políticas governamentais para o
desenvolvimento do APL de aqüicultura do Baixo São Francisco?” A opção que sugeria a
“garantia da compra da produção, a preços de mercado, pelos Governos Federal, Estadual e
Municipal, para sua inclusão na merenda escolar e em campanhas governamentais de
distribuição de alimentos” recebeu o maior índice de indicação e, como 2ª colocada, a que
apontava o aumento dos investimentos em pesquisa visando a melhoria da tecnologia de
piscicultura empregada na região; em 3º lugar, a geração de postos de trabalho a pescadores
artesanais e a pequenos produtores ribeirinhos, fazendo frente aos baixos rendimentos obtidos
39
com a pesca artesanal no rio São Francisco; em 4º lugar, o aumento da oferta de pescado à
população como importante fonte de proteína animal; em 5º lugar, a melhoria da renda dos
produtores. Cinco entrevistados apresentaram uma 6ª alternativa, mas apenas um a
classificou como a mais importante, sugerindo que o Governo deveria focar a garantia de
assistência técnica no sistema de produção, no associativismo e no gerenciamento do
empreendimento.
Outra questão voltou a abordar a questão do mercado: Mesmo sem conhecer com
mais profundidade os principais mercados consumidores, em quais locais os produtores do
APL de aqüicultura do Baixo São Francisco deveriam investir para a colocação de seus
produtos? Os mercados das cidades de Salvador e Recife ficaram em 1º lugar; em 2º lugar, as
cidades de Aracaju e Maceió; em 3º lugar, o mercado dos próprios municípios produtores; em
4º lugar, as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília; em 5º lugar, os Estados Unidos e
Europa. Como alternativa, oito entrevistados apresentaram outras sugestões, sendo que três
deles colocaram suas propostas como as mais importantes dentre as alternativas: dois
questionados sugeriram que os produtores deveriam investir no mercado brasileiro nas
próprias microrregiões produtoras e um outro sugeriu que deveria ser o mercado regional.
Mesmo que somássemos estes três votos à opção “nos próprios municípios produtores”, não
seria suficiente para alterar a ordem estabelecida acima.
Foi perguntado de que maneira a instituição do entrevistado poderia contribuir para
uma maior dinamização do APL de Aqüicultura do Baixo São Francisco. A alternativa mais
assinalada foi “capacitando os produtores na melhoria técnica e na gestão dos
empreendimentos”; em 2º lugar, “assegurando assistência técnica aos produtores”; em 3º
lugar, “assegurando a compra da produção a preços viáveis para manutenção da atividade”;
em 4º lugar, “desenvolvendo tecnologia adequada à realidade local”; em 5º lugar,
“financiando os produtores em condições atrativas”. Como alternativa, um entrevistado
sugeriu que, em 1º lugar, deveria ser “apoiando a comercialização da produção de peixes da
região, promovendo a aquisição conjunta de ração e participando de feiras e eventos de
divulgação do produto da região”; outro questionado sugeriu “disponibilizando recursos para
incrementar a produção, transporte e funcionamento de Unidades de Beneficiamento de
Pescado em construção da região”.
40
6. DISCUSSÃO
Desenvolvimento local, territorialidade, aglomerações produtivas, cooperação
multilateral, ganhos de escala e escopo, inovação e transbordamento tecnológico, governança,
dentre outros, são considerados nos conceitos de arranjos produtivos locais (APLs) e estão
sendo adotados como estratégia para a implementação de políticas de desenvolvimento
regional.
As informações oriundas dos Censos da Aqüicultura nos estados de Sergipe e
Alagoas e dos levantamentos realizados pelos autores, apresentadas nos resultados desta
monografia, apontam a existência de grande aglomeração de criadores de peixes nos estados
de Alagoas, Bahia e Sergipe, na região compreendida como Baixo São Francisco. São mais
de 900 produtores, em sua maioria ocupando áreas de terra inferiores a 3 hectares, ou em
águas do reservatório de Xingó com tanques-rede, no que poderiam ser classificados como
pequenos produtores. A partir da análise da Figura 2, que apresenta a quantidade de
produtores por município; da Figura 3, que mostra as áreas de criação de peixes em tanques
escavados em terra por município; e da Figura 4, que apresenta o volume de tanques-rede por
município, verifica-se que as duas grandes concentrações de piscicultores encontram-se em
Paulo Afonso, Bahia, e em seu entorno, por conta da criação de peixes em tanques-rede no
reservatório de Xingó, e nos cinco Perímetros Irrigados implantados pela CODEVASF nos
estados de Alagoas e Sergipe, com a criação de peixes em tanques escavados em terra.
O APL conta com vantagens competitivas no agronegócio da aqüicultura,
especialmente no que diz respeito à disponibilidade de água de ótima qualidade e com baixo
conflito de uso, comparado às demais regiões brasileiras; aos solos e clima adequados à
atividade; à infra-estrutura instalada de Perímetros Irrigados, estações de produção de
alevinos, fábricas de ração e unidades de beneficiamento de pescado; ao nível tecnológico
atingido, com a presença de Universidades e centros de pesquisa e treinamento; ao nível de
organização dos produtores, com a presença de cooperativas, associações e da Câmara
Setorial de Aqüicultura do Baixo São Francisco. Para que a região aproveite essas vantagens,
é necessário que as MPME que compõem o APL desfrutem da proximidade entre elas para
consolidarem ganhos de escala e de escopo e possam concorrer por mercados com grandes
empresas e com outros APLs.
41
Figura 2: Área de viveiros de piscicultura em funcionamento, em hectare, pormunicípio, no Baixo São Francisco
42
Figura 3: Volume de tanques-rede para piscicultura em funcionamento, em m³, pormunicípio, no Baixo São Francisco
44
Nesse particular, no Questionário aplicado a 36 representantes de instituições da
região, 57% admitiram que o grau de cooperação e de alianças entre os criadores de peixes do
APL é baixo. Também, quando opinaram sobre as maiores deficiências do APL, a alternativa
que indicava a existência de baixo nível de interação entre os principais atores do arranjo
ficou em 4º lugar, perdendo apenas para as dificuldades dos produtores no acesso a crédito e
na comercialização da produção e assistência técnica deficiente. Ainda, mostrando a
importância desse tema, quando perguntado o que deveria ser feito para melhorar a
comercialização do pescado no âmbito do produtor, a alternativa considerada como mais
relevante foi “necessidade de aumento da cooperação entre os envolvidos na cadeia
produtiva”. Portanto, há a consciência de que o estoque de capital social ainda é um ponto
fraco do arranjo, apesar da existência de várias organizações de produtores na região. A
prática da confiança, da solidariedade, da cooperação e da participação cívico-social, como
abordado por INÊS AMARO DA SILVA (material utilizado no minicurso – Gestão Social,
Grupos e Redes Sociais – Desafios na Construção da Cidadania), é produto do
desenvolvimento do capital social e passa pela complexidade das interações entre as pessoas e
os grupos que elas compõem. A competição natural entre produtores não pode ser obstáculo
aos ganhos que poderão surgir a partir da cooperação. As características do APL do Baixo
São Francisco se aproximam das características dos APLs italianos, onde a cooperação, a
confiança e a liderança das organizações de produtores e de sindicatos são elementos
essenciais para definir seu desenvolvimento e competitividade (SANTOS et al., 2004).
Outro ponto importante para a consolidação desse APL de aqüicultura diz respeito ao
desenvolvimento de processos, insumos e produtos que levem ao aumento da competitividade
de toda a cadeia produtiva do pescado (BNDES, 2004). O bom nível tecnológico dos
produtores, identificado pela maioria dos entrevistados na pesquisa, pode ser evidenciado pela
presença na região de dezenas de técnicos especializados; de três estações de piscicultura
públicas que realizam pesquisa, transferência de tecnologia, treinamento e capacitação de
produtores há mais de duas décadas; de curso de Engenharia de Pesca em funcionamento no
município de Paulo Afonso, Bahia, vinculado à Universidade Estadual da Bahia – UNEB; do
Instituto de Desenvolvimento Científico e Tecnológico de Xingó; da Embrapa – Tabuleiros
Costeiros; das Universidades Federais de Alagoas e Sergipe; e de várias estações de
piscicultura privadas.
Elevado índice (50%) dos entrevistados que responderam ao Questionário indicaram
no 4º quesito que os produtores apresentam um bom nível tecnológico; no item que trata das
45
maiores deficiências do APL, o baixo nível tecnológico dos produtores ficou em 5º lugar
dentre seis alternativas; no item que pergunta “no que deveria focar as políticas
governamentais para o desenvolvimento do APL?”, a opção “aumento dos investimentos em
pesquisa visando a melhoria da tecnologia de piscicultura empregada na região” ficou em 2º
lugar, perdendo apenas para a “garantia da compra da produção a preços de mercado”; no
quesito “quais os insumos estão limitando mais acentuadamente o desenvolvimento do
APL?”, os entrevistados colocaram a “assistência técnica” em 2º lugar, perdendo apenas para
“ração”, que representa de 60% a 80% do custo de produção do pescado na aqüicultura; e o
Censo da Aqüicultura realizado em Sergipe identificou que 80,2% dos produtores não
recebem nenhum tipo de orientação técnica e que 26,5% deles são semi-analfabetos, o que
poderia justificar a grande preocupação dos entrevistados quanto ao problema da carência de
assistência técnica; e o Censo da Aqüicultura realizado em Alagoas indicou que assistência
técnica regular é fornecida em apenas 6 dos 21 municípios pesquisados. Essas informações a
respeito do nível tecnológico, do nível de escolaridade dos produtores e da necessidade de
fornecimento de assistência técnica são fortes indicativos que esses segmentos devem merecer
maior atenção do poder público. Como na maioria dos APLs estruturados, a exemplo do Vale
do Silício, é fundamental contar com grande densidade de mão-de-obra qualificada e de
centros de pesquisas especializados (BNDES, 2004). Algumas iniciativas governamentais,
além das relacionadas anteriormente, vão ao encontro dessa situação, como a implantação do
Centro de Referência em Aqüicultura do São Francisco, no município de Porto Real do
Colégio, Alagoas, numa parceria da CODEVASF com a SEAP/PR, e de outro curso de
Engenharia de Pesca, no município de Penedo, Alagoas, vinculado à Universidade Federal de
Alagoas - UFAL.
A comercialização da produção é outro importante problema por que se depara o
APL. Os resultados das questões 5, 6 e 7 servem como indicativo para a percepção dos
diversos entrevistados quanto às dificuldades encontradas para estruturar o APL nesse
importante segmento do agronegócio que é a aqüicultura. Dos entrevistados, apenas 28%
acreditam que existem empresas privadas na região capazes de alavancar a aqüicultura do
APL por meio da integração dos produtores, 56% afirmam que não são utilizados
instrumentos de marketing e de promoção comercial para o pescado produzido no APL, e
76% dizem que os produtores e suas organizações não estão preparados para a identificação e
o acesso a mercados. Na questão 8.1, a opção “dificuldade na comercialização da produção”
aparece como a 2ª maior deficiência do APL, ficando atrás apenas da “dificuldade dos
46
produtores no acesso a crédito”. Já nas questões mais específicas a respeito desse tema, as
alternativas consideradas foram: a falta ou desconhecimento dos canais de comercialização
para a questão que trata dos “principais problemas enfrentados pelos produtores para a
comercialização do pescado”; a falta de hábito de consumo de pescado para a questão que
perguntava “quais os principais problemas relacionados ao mercado consumidor do pescado
produzido no APL?”; e o aumento da cooperação entre os envolvidos na cadeia produtiva nos
processos de comercialização para a questão 8.4, que perguntava sobre o que deveria ser feito
para melhorar a comercialização do pescado em nível de produtor.
O Censo da Aqüicultura em Sergipe também evidenciou os problemas da
comercialização, onde 56% dos produtores comercializam o pescado a intermediários e 93%
do total é comercializado inteiro. Esse Censo também registrou que 94% da produção são
consumidos em Sergipe e que somente 6% vão para outros estados, principalmente para
Alagoas. Por outro lado, a produção obtida em Paulo Afonso, Bahia, é destinada, em parte,
para o mercado de Fortaleza, Ceará, principalmente na forma in natura, e de Salvador, Bahia.
A falta de Unidades de Beneficiamento de Pescado na região limita o acesso da produção a
novos mercados, ficando a mesma direcionada principalmente para o mercado local. Além de
dificultar a comercialização, isto pode estar contribuindo para a redução das margens de lucro
com a atividade, em decorrência do limitado mercado se comparado à capacidade instalada de
produção. A Figura 5 destaca a produção de pescado oriundo da aqüicultura por município e
evidencia que as maiores produções ocorrem nos municípios de Paulo Afonso, Bahia, e de
Propriá, Sergipe, e em seu entorno. Para sanar esse gargalo, foi inaugurada recentemente a
Unidade de Beneficiamento de Pescado em Própria, Sergipe, com capacidade de abate para 5
toneladas de pescado por dia, que deverá entrar em funcionamento no primeiro trimestre de
2006, e encontram-se em construção três outras Unidades de Beneficiamento de Pescado,
sendo uma em Pão-de-Açúcar, Alagoas, em fase de conclusão, outra em Penedo, no mesmo
estado, e uma outra em Paulo Afonso, Bahia, que, juntas, deverão abater mais de 10 toneladas
de pescado por dia.
47
Figura 5: Produção de pescado pela aqüicultura, em tonelada, por município, no BaixoSão Francisco
48
Considerando-se que a grande maioria dos produtores, para não dizer todos,
encontra-se descapitalizada, a dificuldade no acesso a créditos para financiar a produção pode
ser uma das explicações para a ocorrência de áreas de viveiros e de tanques-rede desativados,
conforme mostram, respectivamente, as Figuras 6 e 7, e para as baixas produtividades, essa
última em decorrência, principalmente, dos elevados custos da ração, que representam até
80% dos custos de produção da aqüicultura no APL. De acordo com a questão 4 do
Questionário, a maioria dos entrevistados afirmou que predomina na região “produtores com
bom nível tecnológico em piscicultura, mas descapitalizados para empreenderem essa
atividade”. Também na questão 8.1, a maioria dos entrevistados indicou que a maior
deficiência do APL é a dificuldade dos produtores no acesso a crédito para investimento e
custeio.
A dificuldade para obtenção de licenciamento ambiental tem sido outro importante e
conhecido problema levantado pelos produtores. Das seis alternativas apresentadas como
limitações do APL em relação à infra-estrutura e ao meio ambiente, 86% dos entrevistados
indicaram como principal entrave a dificuldade para a obtenção de registros ou de licença
ambiental. Esse fato é mais significativo quando se refere à concessão do uso de águas
públicas para a aqüicultura, como é o caso da criação de peixes em tanques-rede no
reservatório de Xingó.
49
Figura 6: Área de viveiros de piscicultura desativados, em hectare, por município, noBaixo São Francisco
50
Figura 7: Volume de tanques-rede para piscicultura desativados, em m³, por município,no Baixo São Francisco
51
Para a definição do estágio de desenvolvimento em que se encontra o APL de
Aqüicultura no Baixo São Francisco, atendendo a um dos objetivos deste trabalho, utilizou-se,
a seguir, a tipologia de cluster/APL apresentada por MYTELKA e FARINELLI (2000, apud
BNDES, 2004), conforme o Quadro 3, onde procurou-se identificar cada um dos itens
avaliados em comparação com a situação e características verificadas atualmente no APL:
a) Existência de liderança - o APL conta com a Câmara Setorial de Aqüicultura do
Baixo São Francisco, três Cooperativas e quinze associações de produtores, o que
denota a existência de interação interna;
b) Tamanho das firmas – o APL é caracterizado por grande concentração de micros,
pequenos e médios produtores (358 em Sergipe, 160 em Alagoas e 404 na Bahia);
c) Capacidade inovativa – com foco no mercado, vem acontecendo uma significativa
alteração da espécie de peixe mais criada na região, com a gradativa redução do
Tambaqui e da Curimatã, e o aumento da Tilápia; a criação do selo de origem da
“Tilápia do Delta do São Francisco”; e a exploração da piscicultura em tanques-
rede, aproveitando o potencial de grandes reservatórios d’água da região;
d) Confiança interna – ocorrência de significativa concentração de capital social
representado pelo vínculo de associativismo entre os produtores, apesar do
resultado da pesquisa ter demonstrado baixo grau de cooperação e aliança entre as
instituições;
e) Nível de tecnologia – existência de dezenas de técnicos especializados na região;
do Centro de Referência em Aqüicultura do São Francisco em construção em
Alagoas; do curso de Engenharia de Pesca em funcionamento em Paulo Afonso,
Bahia, e de outro curso de Engenharia de Pesca em fase de instalação em Penedo,
Alagoas; modernas fábricas de ração e unidades de beneficiamento de pescado
instaladas em Propriá, Sergipe, e em Paulo Afonso, Bahia. O bom nível
tecnológico identificado pelos entrevistados na pesquisa realizada por meio de
Questionário demonstra a importância dos esforços implementados para o
crescente desafio para a tornar o APL tecnologicamente competitivo;
f) Linkages e cooperação – ponto fraco do APL que precisa ser melhor explorado,
considerando que o resultado da pesquisa apontou baixo grau de cooperação e de
aliança entre os produtores;
52
g) Competição, novos produtos e exportação – a limitação da destinação da produção
ao mercado local expõe os problemas existentes na comercialização. O frigorífico
em funcionamento em Paulo Afonso, Bahia; a recém inaugurada Unidade de
Beneficiamento de Pescado de Propriá, em Sergipe, e outras três em construção na
região; e o interesse crescente de grupos empresariais voltados à comercialização
de pescado de se instalarem na região deverão ser responsáveis pela mudança
dessa situação.
Este estudo sobre o APL de Aqüicultura do Baixo São Francisco se propôs a
responder sobre as políticas públicas demandadas para o desenvolvimento do APL e quais
poderiam ser executadas pela CODEVASF. Os itens 3.4, 3.5 e 8.7 do Questionário trataram
especificamente dessa questão, mas outros itens ensejam conclusões a respeito de ações
possíveis de serem implementadas pelo Poder Público para o efetivo desenvolvimento desse
APL. Pelas respostas da maioria dos pesquisados, conforme apresentado nos resultados desta
monografia, o entendimento é que devem ser intensificadas ações de capacitação, acesso a
crédito, assistência técnica, aumento de investimentos em pesquisa, geração de postos de
trabalho e garantia da compra da produção a preços de mercado. CASSIOLATO (2004)
aponta que instrumentos financeiros contribuem para o desenvolvimento de APLs, enquanto
SANTOS (2004) identifica ser fundamental o apoio governamental para o desenvolvimento
de APLs, citando que algumas ações podem ser implementadas com essa finalidade, dentre
elas o financiamento de investimentos cooperativos, o apoio ao ensino e o treinamento de
mão-de-obra.
53
7. CONCLUSÃO
Dos vários “gargalos” do APL de Aqüicultura do Baixo São Francisco identificados
no estudo, destacam-se: assistência técnica deficiente; descapitalização dos produtores e
dificuldades de acesso a financiamento da produção; elevados preços da ração; dificuldades
dos produtores na identificação e acesso a mercados; e dificuldades para a obtenção de
registros ou de licença ambiental. Verificou-se, também, que apesar de contar com grande
número de organizações de produtores e de uma Câmara Setorial de Aqüicultura atuante,
ainda necessita ampliar as relações de cooperação, confiança e governança para atingir as
condições necessárias de competitividade e de desenvolvimento.
Entretanto, considerando-se que a região do Baixo São Francisco conta com água de
ótima qualidade com baixo conflito de uso, solos e clima adequados à atividade, grande infra-
estrutura instalada em Perímetros Irrigados propícia à piscicultura, estações de produção de
alevinos, fábricas de ração, unidades de beneficiamento de pescado, presença de
Universidades e centros de pesquisa e treinamento, Câmara Setorial de Aqüicultura, dentre
outros, pode-se afirmar que o APL encontra-se em estágio de desenvolvimento intermediário,
entre o informal e o organizado, dentro da classificação utilizada por MYTELKA e
FARINELLI (2000, apud BNDES, 2004).
A partir do estudo realizado, percebe-se que a administração pública tem papel
importante na promoção do desenvolvimento do APL de Aqüicultura do Baixo São Francisco,
posto que dispõe de instrumentos que podem proporcionar a agregação da comunidade, o
ordenamento de ações públicas, bem como a capacidade de disciplinamento legal. Além
disso, dadas as deficiências apresentadas, as políticas públicas para o desenvolvimento do
APL deveriam focar a capacitação e a assistência técnica, o acesso ao crédito, a garantia da
compra da produção, o desenvolvimento de tecnologia adaptada à realidade local, a agilização
dos processos de concessão de licença ambiental e a promoção e estímulo a ações
cooperativas entre os diversos atores do Arranjo. Neste particular, a CODEVASF, com
reconhecida atuação na aqüicultura na região, poderá contribuir para o fortalecimento do APL
pela ampliação das ações de capacitação, assistência técnica, desenvolvimento de tecnologia e
na mobilização dos produtores com vistas ao empoderamento (empowerment) ao longo da
cadeia produtiva, utilizando a Estação de Piscicultura de Betume e o Centro de Referência de
Aqüicultura do São Francisco, este ainda em fase de implantação.
54
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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61
APÊNDICE 1 - Formulário dos Censos de Aqüicultura no Baixo São Francisco
1 – Dados do Produtor:
(Pessoa Física)
1.1 – Nome: ___________________________________ 1. 2 – Apelido: ________________
1.3 – RG: ________________________ 1.4 – CPF: ___________________
1.5 – Data de nascimento: ______/_____/_________
1.6 – Estado civil: ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Outros
1.7 – Nº de filhos na atividade: _____
1.8 – Endereço para correspondência: Av/Rua: _____________________________________
1.9 – Complemento: _______________________________ 1.10 – Bairro: _______________
1.11 – CEP: _______________________ 1.12 – Município: ________________________
1.13 – Telefone: ( ) _____________________ 1.14 – Fax: ( ) _____________________
1.15 – E-mail: _______________________________ 1.16 – Cx. Postal: ________________
(Pessoa Jurídica)
1.18 – Nome do estabelecimento: ________________________________________________
1.19 – CNPJ: _____________________________
1.20 – Endereço: ____________________________________________________, nº ______
Complemento: __________________________________________________
1.21 – Bairro: __________________________________ 1.22 – CEP: __________________
1.23 – Município: _____________________________ 1.24 – Cx Postal: ________________
1.25 – Telefone: ( ) _____________________ 1.26 – Fax: ( ) _____________________
1.27 – E-mail: _______________________________________________________________
1.28 – Nº de Inscrição de Empresa Rural: _________________________________________
2 – Dados da Propriedade:
2.1 – Nome da Propriedade: ____________________________________________________
2.2 – Em caso de Perímetro citar o nome:_________________ (Em caso negativo ir para 2.4)
2.3 – Nº do lote:_______ 2.4 – Município:____________________________________
2.5 – Coordenadas: X= _____ْ _____’ _____” Y = _____ْ _____’ _____”
2.6 – Qual a rodovia mais próxima: ____________________________________________
2.7 – Características da estrada de acesso (rodovia mais próxima)
62
QualidadeTipoBoa Regular Ruim Distância
Asfalto
Terra
2.8 – Área total da propriedade ou do lote(ha):________________
2.9 – Área utilizada na piscicultura (ha):________________
2.10 – A piscicultura é atividade principal: ( ) Sim ( ) Não
2.11 – Em caso negativo, qual é a atividade principal? _______________________________
2.12 – Tem ainda outras atividades? Enumere por ordem de importância( de 1 a 10)
( ) Avicultura (nº de cabeças): ________ ( ) Fruticultura(nº de pés): ____________
( ) Rizicultura(área): ________ ha ( ) Suinocultura(nº de cabeças): ________
( ) Ovinocultura(nº de cabeças): ________ ( ) Caprinocultura(nº de cabeças): ________
( ) Gado(nº de cabeças): __________ ( ) Ostreicultura(nº de dúzias/mês):________
( ) Carcinocultura(produção ton/mês): ________ ( ) Outro(s):__________________
2.13 – Propriedade: ( ) Própria ( ) Arrendada ( ) Outro(s):_______________
2.14 – Equipamentos:
Equipamentos Quantidade
Trator
Caminhão
Bombas Hidráulicas
Tarrafa
Aeradores
Tanque-rede
Termômetro
Oxímetro
Phmetro
Balança (piso)
Balança (biometria)
Caixa de transporte
Outros *
Outros *
* Especificar
63
2.15 – Há luz elétrica na propriedade? ( ) Sim ( ) Não
( ) Gerador ( ) Concessionária ( ) Monofásica ( ) Trifásica
2.16 – Reside na propriedade? ( ) Sim ( ) Não
2.17 – Em caso negativo, qual a freqüência que visita a propriedade?
( ) Diariamente ( ) Algumas vezes na semana
( ) Algumas vezes por mês ( ) Raramente
3 – Dados da Atividade:
3.1 – Em que ano iniciou na Piscicultura? ________
3.2 – Quem elaborou o projeto de implantação?
( ) Empresa privada ( ) Técnico especializado
( ) Empresa pública ( ) Próprio produtor ( ) Outros
3.3– Possui registros ou licenças ambientais? ( ) Sim ( ) Não
( ) Registro de Aqüicultor ( ) Cessão de uso ( ) LP (Licença Prévia)
( ) LI (Licença de implantação) ( ) LO (Licença de operação) ( ) DFA (engordador)
3.4 – Já se utilizou de alguma linha de financiamento? ( ) Sim ( ) Não
Gastos com atividade Valor – R$ Origem dosrecursos(**)
Situação deadimplência
(Sim ou Não)*Implantação
Compra de equipamentos
Ampliação
Outros-
*Em caso negativo indicar o percentual da inadimplência
**A = recursos próprios ** B = Integração ** C = de terceiros
** D = Cooperativa ** E = Bancário (especificar linha de crédito e banco)
3.5 – De que forma adquiriu o conhecimento na área de aqüicultura/piscicultura?
( ) Tradição familiar ( ) Livros, vídeos ( ) Cursos, estágios, orientação de técnicos
3.6 – Recebe assistência técnica? ( ) Sim ( ) Não (Em caso negativo, pular para 3.16)
3.7 – De quem? ( ) Pública: _________________ ( ) Privada: ____________________
3.8 – Assistência Técnica é:
( ) Gratuita ( ) Onerosa (Informar o valor/mês? R$ ____________)
3.9– Freqüência:
( ) Semanal ( ) Quinzenal ( ) Mensal ( ) Anual ( ) Outro(s):__________
64
3.10 – Qual a atividade realizada pelo técnico em suas visitas? ________________________
3.11 – Está organizado em grupo? ( ) Sim ( ) Não
3.12 – Em caso positivo, o grupo é:
( ) Informal ( ) Associação ( ) Cooperativa ( ) Colônia ( ) Distrito
3.13 – Tem intenção de parar com a atividade?
( ) Sim ( ) Não. Por que? ___________________________________________
4 – Administração e Recursos Humanos:
4.1 – Quem administra a propriedade?
( ) Proprietário ( ) Administrador contratado ( ) Outro(s): _____________________
4.2 – Quem faz controle da produção e dos custos da atividade?
( ) Proprietário ( ) Administrador contratado ( ) Outro(s): _____________________
4.3 – Mão-de-obra contratada: __________________________________
4.4 – Nº total de empregados fixos: ______
Nº Total de Homens ( ) Nº Total de Mulheres ( )
4.5 – Emprega trabalhadores sazonais? (em caso negativo, pular para questão 4.7)
( ) Não ( ) Sim. Quantos? _______ Valor médio da diária? ________________
4.6 – Qual é a época de maior contratação?
( ) Reprodução ( ) Despesca ( ) Preparação de viveiros ( ) Outros
4.7 – Qualificação técnica?
SexoFunçãoIdad
e M F
Grau deescolaridade
Grau deparentesco (*)
FormaçãoProfissional (**)
Horastrab/dia
Salário /Renda
(R$/mês)
Proprietário
Administrador
Responsável
Técnico
01 – Semi-analfabetos 02 – Analfabetos 03 – 1º grau completo 04 – 1º grau incompleto
05 – 2º grau completo 06 – 2º grau incompleto 07 – Superior completo 08 – Superior incompleto
09 – Técnico 10 – Especialização
(*) (a) Esposa (b) Filho (c) Irmão (d) Cunhado (e) Primo(**) Superior, Técnico ou Especialização, especificar a área.
4.8 – Quais são os itens presentes no controle de custo?
( ) Mão-de-obra familiar ( ) Encargos trabalhistas ( ) Assistência técnica
( ) Insumos ( ) Manutenção de máquinas e equipamentos
65
4.9 – Quanto foi apurado na piscicultura durante o ano ou última safra ? R$ ______________
4.10 – Quanto foi o ganho líquido? R$ _____________________________________
4.11 – Quanto foi apurado nas outras atividades durante o ano? R$ _____________________
4.12 – Calcula a rentabilidade? ( ) Sim ( ) Não
4.13 – Fez cursos na área de administração ou gerenciamento: ( ) Sim ( ) Não
Cursos Ano Duração Instituição
5 – Dados da Produção:
5.1 – Qual o ambiente de cultivo?
( ) Viveiro ( ) Tanque-rede ( ) Açude/lagoa ( ) Tanque revestido
(Em caso de tanque rede, pular para a questão 5.4)
5.2 – Fontes de abastecimento de água: _________________________________________
5.2.1- Qual a principal fonte de abastecimento?
( ) Rio: __________________ ( ) Nascente ( ) Córrego: ______________
( ) Açude: ________________ ( ) Poço artesiano ( ) Outro(s): ______________
5.2.2 - Qual a vazão? (litros/h, litros/segundo ou m³/h): _____________________________
5.2.3 – Forma de abastecimento:
( ) Bombeamento ( ) Gravidade ( ) Bombeamento/Gravidade ( ) Maré
5.2.4 – Sistema de abastecimento: ( ) Canal aberto ( ) Conduto fechado ou subterrâneo
( ) Individual ( ) Interligados
5.2.5 – Sistema de drenagem:
( ) Monge ( ) PVC (Cachimbo ou cotovelo) ( ) Bomba ( ) Outro(s): _______
5.2.6 – Destino dos efluentes:
( ) Direto no rio/córrego ( ) Lagoa de decantação ( ) Outro viveiro ( ) Outro(s) ____
5.2.7 – Possui sistema de filtragem para água?
( ) Sim ( ) Não Qual? ________________________________
5.2.8 – Realiza análise da qualidade de água do cultivo? ( ) Sim ( ) Não
Parâmetro analisado: (1) Diário (2) Semanal (3) Quinzenal (4) Mensal (5) Esporádico
( ) Temperatura ( ) Oxigênio ( ) pH ( ) Transparência ( ) Amônia
( ) Outro(s): _________________________
5.2.9 – Usa aeradores? ( ) Não ( ) Sim. Especificar:________________________
66
5.3 – Preparação dos viveiros: (Em caso de tanque rede, não preencher esta parte)
5.3.1 – Realiza calagem?
( ) Não ( ) Sim. Especificar: ___________________ Quando? __________________
5.3.2 – Faz adubação?
( ) Não ( ) Sim ( ) Orgânica ( ) Química Especificar:__________________
5.4 – Características do cultivo:
5.4.1 – Qualificação das estruturas de cultivoAçude (ha) Viveiros (ha) Tanque rede (m³) Tanque revestido (m²)
Finalidade do cultivo Área Quant. Área Quant. Volume Quant. Área Quant.
Produção de alevinos
Berçário
Engorda
Pesque-pague
Total
5.4.2 – No caso de cultivo em tanque rede, indique o corpo d’água instalado: (em caso de
cultivo em açude ou viveiro pular para questão 5.5)
( ) Açude (Qual?) __________ ( ) Rio (Qual?) __________
( ) Represa (Qual?) _________ ( ) Lagoa natural (Qual?) ___________
( ) Viveiro ( ) Outro(s): _____________________________
5.4.3 – Especificar profundidade mínima do local onde estão instalados: _________________
5.4.4 – Especificar profundidade máxima do local onde estão instalados: _________________
5.4.5 – Material/malha:
( ) Alumínio ___________________ ( ) Ferro galvanizado com PVC _______
( ) Multifilamento _______________ ( ) Outro(s): ____________________
5.4.6 – Tipo: ( ) Fixo ( ) Flutuante
5.5 – Engorda
5.5.1 – Engorda: Espécies e Produção
EspécieTipo de
cultivo (*)Densidade
(px/m2)Origem dos
Alevinos(Empresa-Estado)
Preço/mil Tamanho(**)
(*) (M) Monocultivo (P) Policultivo (**) 1-3;3-5;5-8;>8cm
67
5.5.2 – Faz biometria (acompanha crescimento dos animais)? ( ) Sim ( ) Não
5.5.3 – Com qual freqüência? ( ) Quinzenal ( ) Mensal ( ) Outro
5.5.4 – Especificações do arraçoamento:Espécie Tipo (*) Fabricante/UF PB (%) R$/Saco KG/Saco Freqüência
PB – Proteína Bruta(*) Tipo: (1) subprodutos agrícolas (2) ração farelada (3) ração peletizada (4) ração extrusada
5.5.5 – Controla a quantidade de ração fornecida?
5.5.6 – Em caso positivo, como é feito este controle?
( ) Visual (até a sociedade) ( ) % Biomassa ( ) Idade do peixe ( ) Outro(s):______
5.5.7 – Citar dados de produção/produtividade:Espécie Nº inicial
de alevinosDens/m²
ou m³Sobrev ( % ) Área/Vol. Duração
(meses)Pi (g)
(*)Pf (g)(**)
(*) Pi = Peso inicial do alevino (**) Pf = Peso final Sobrev= Sobrevivência
5.6 – Despesca e abate:
5.6.1 – Equipamentos utilizados na despesca:
( ) Rede de arrasto ( ) Rede de arrasto com saco ( ) Tarrafa ( ) Outro(s): _______
5.6.2 – Manejo após despesca dos peixes:
( ) Choque térmico ( ) Asfixia ( ) Vende vivo: ____________________
5.6.3 – Qual a forma de conservação do pescado para venda?
( ) In natura (forma _______________) ( ) Congelado (forma _________________)
( ) Resfriado (forma ________________) ( ) Salgado (forma ____________________)
Forma: (E) Eviscerado (I) Inteiro (F) Filé (P) Postas (A) Aberto/Espalmado
5.6.4 – Realiza abate na propriedade? ( ) Sim ( ) Não
5.6.5 – Caso realize abate na propriedade, cite as características do local?
( ) Local coberto ( ) Local aberto ( ) Local com água tratada
( ) Local azulejado ( ) Outra(s): _____________________
68
5.6.6 – Destino do resíduo do abate na propriedade:
( ) Rio/córrego ( ) Aterro ( ) Beneficia (farinha, silagem) ( ) Vende
( ) Reaproveita in natura (alimentação dos peixes) ( ) Outro(s): __________
5.7 – Comercialização:
5.7.1 – Como é a compra dos insumos? ( ) Individual ( ) Conjunta
5.7.2 – Cite a forma com que o pescado é comercializado pelo aqüicultor e preço recebido:
Espécie Forma de venda Preço de vendaR$/kg
Opção de entregaVenda/entrega(*)
Mercado(**)
Peixe vivoInteiroEvisceradoFiléPeixe vivoInteiroEvisceradoFilé
(*) 1 – Venda direta, 2 – Entrega cooperativa/associação e 3 - Intermediário(**) 4 – Peixarias, 5 – Supermercados, 6 – Pesque-pague, 7 – Feiras, 8 – Particulares, 9 – Restaurantes, 10 – Indústrias e 11 – Outros.
5.7.3 – Que tipo de veículo faz o transporte do peixe para venda?
( ) Carro utilitário ( ) Carro automóvel ( ) Motocicleta ( ) Bicicleta
( ) Caminhão comum ( ) Caminhão frigorífico ( ) Outro(s):____________________
5.7.4 – De que maneira é embalado o peixe para venda?
( ) Caixa de isopor ( ) Bombona plástica ( ) Sacaria ( ) Caixa Plástica
5.7.5 – Os preços de comercialização são baseados:
( ) Preços praticados no dia ( ) Custo de Produção
( ) Preço ditado pelo intermediário ( ) Preço ditado pela empresa integradora
( ) Outro(s):_____________________________________________________________
5.7.6 – Principais destinos da produção:
( ) Consumo próprio ( ) Mercado local
( ) Município(s):_________________ ( ) Outro(s) estado(s):____________________
5.7.7 – Qual a freqüência da comercialização:
( ) Diária ( ) Semanal ( ) Mensal ( ) Semestral
( ) Quinzenal ( ) Semana Santa ( ) Natal ( ) Outro(s):__________________
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6 – Problemas:
6.1 – Mão-de-obra: ( ) Custo ( ) Não especializada ( ) Outro(s): _________
6.2 – Alevinos: ( ) Alta mortalidade no transporte ( ) Alta mortalidade no cultivo
( ) Distância dos fornecedores ( ) Oferta irregular
( ) Custo alto de aquisição ( ) Outro: ________________________
6.3 – Ração: ( ) Má qualidade ( ) Distância dos fornecedores
( ) Custo ( ) Outro: ___________________________________
6.4 – Assistência técnica:
( ) Inexistente ( ) Pouco especializada ( ) Custo ( ) Outro: ______________
6.5 – Legalização da área:
( ) Burocracia ( ) Ausência de escritório local ( ) Custo ( ) Outro: ______
6.6 – Qualidade da água: ( ) pH ( ) Ácido ( ) Alcalino
( ) Contaminação ( ) Outro: ___________________________
6.7 – Comercialização:
( ) Distância dos centros consumidores ( ) Preço baixo ( ) Dificuldade de acesso
( ) Falta de hábito de consumo ( ) Desconhecimento da espécies
( ) Falta regularidade na oferta ( ) Outro: __________________________
7 – Informações Adicionais:
7.1 – Quais os itens de maior custo em seu cultivo? (enumerar em ordem decrescente de valor
de 1 a 7).
( ) Falta regularidade na oferta ( ) Mão-de-obra ( ) Alevinos
( ) Ração ( ) Assistência técnica ( ) Adubação ( ) Água
( ) Não faz controle de custos ( ) Outro(s):________________________________
7.2 – A atividade gerou lucro?
( ) Não ( ) Não sabe ( ) Sim . Por quantos anos? __________
7.3 – Qual o nível de satisfação com a atividade?
( ) Bom ( ) Médio ( ) Ruim Por que? _____________________________
7.4 – Qual a expectativa futura da atividade na propriedade?
( ) Ampliar ( ) Continuar como está ( ) Desistir
8 – Aspectos Socioeconômicos:
8.1 – Renda familiar mensal (R$) _______________________ (especificar o valor)
70
( ) Até 500,00 ( ) De 501,00 a 1.000,00 ( ) De 1.001,00 a 3.000,00
( ) Acima de 3.001,00
9 – Comentários Adicionais:
Data da entrevista: ______/______/_______ Duração da entrevista: __________________
Nome do Aplicador:
71
APÊNDICE 2 - Questionário
ARRANJO PRODUTIVO DE AQÜICULTURA DA REGIÃO DO BAIXO SÃO FRANCISCO
Prezado Senhor,
Dentre as regiões brasileiras que apresentam vantagens competitivas para a produçãode pescado, por meio da aqüicultura, destaca-se o Baixo São Francisco, que compreende partedos estados de Alagoas, Sergipe, Bahia e Pernambuco. A criação de peixes nessa região érealizada em mais de 1.000 hectares de tanques escavados em terra e em milhares de tanques-redes instalados no reservatório de Xingó e no rio São Francisco. Estima-se que, nospróximos dez anos, a piscicultura nessa região ocupe mais de 5 mil hectares e que a produçãode pescado supere 40 mil toneladas por ano, gerando 7.000 a 12.500 empregos diretos e22.000 a 37.000 empregos indiretos ao longo da cadeia produtiva.
Desenvolvimento local, territorialidade, aglomerações produtivas, cooperaçãomultilateral, ganhos de escala e escopo, inovação e transbordamento tecnológico, governança,dentre outros, são considerados nos conceitos de arranjos produtivos locais (APLs) e, estes,estão sendo adotados como estratégia para a implementação de políticas de desenvolvimentoregional. Nesse contexto, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social(BNDES) define APLs como sendo “aglomerações produtivas de micro, pequenas e/oumédias empresas, que atuam em um mesmo setor ou cadeia, situadas em uma mesmalocalidade geográfica e detentoras de atributos como: elevado grau de especializaçãosetorial; elevada participação conjunta na produção nacional no setor em que se encontramespecializadas; potencial de cooperação interinstitucional entre agentes produtivos e sociais;e cooperação interinstitucional sujeita a algum mecanismo de coordenação e/ou governançainstitucionalizado”.
A atividade de aqüicultura na região do Baixo São Francisco, por suas características,enquadra-se na definição de um arranjo produtivo local. Entretanto, esse APL apresentasignificativas deficiências em fatores como: interação entre os produtores e suas organizações,níveis tecnológicos, produtividade, nível de utilização da infra-estrutura de produção,regularização da oferta e padrões de qualidade da produção, dentre outros.
Com o objetivo de avaliar a situação desse arranjo produtivo e de identificar osprincipais problemas e possíveis ações que levem à efetiva estruturação e ao conseqüentefortalecimento desse APL, estão sendo analisados dados do censo da aqüicultura realizado nosestados de Sergipe e Alagoas, estudos e relatórios sobre a cadeia produtiva da região,publicações técnicas sobre aqüicultura e arranjos produtivos locais com abordagens similaresou passíveis de serem aplicadas ao APL de aqüicultura do Baixo São Francisco. Paracomplementação desse estudo, foi elaborado o questionário, apresentado a seguir, que temcomo objetivo colher a opinião de representantes das organizações de produtores e deinstituições ligadas ao APL de aqüicultura do Baixo São Francisco.
Considerando a importância de sua instituição no APL de aqüicultura do Baixo SãoFrancisco, solicitamos sua colaboração para o preenchimento do questionário anexo, quepoderá ser devolvido por correio eletrônico, entregue no escritório da CODEVASF maispróximo ou encaminhado por via postal.
72
Questionário sobre o APL de Aqüicultura da Região do Baixo SãoFrancisco
Mesmo que não se considere especialista em cada assunto abordado e que muitas questõesdizem respeito a ações ou atividades não realizadas por sua entidade, sinta-se à vontade emrespondê-las, pois o conjunto das opiniões dos entrevistados é que permitirá identificar osprincipais entraves e limitações do APL. As respostas terão caráter confidencial.
1. Identificação da instituição:
Nome da instituição: _______________________________________________________
Número de associados (caso seja uma organização de produtores): ___________________
Nome do entrevistado: ______________________________________________________
Função do entrevistado na instituição: __________________________________________
Telefone para contato: ______________________________________________________
E-mail: __________________________________________________________________
2. Sua instituição realizou algum trabalho, formal ou informal, relacionado à aqüiculturano APL do Baixo São Francisco a partir do ano 2000? Assinale as questões abaixocom “S”, se SIM, ou com “N”, se NÃO:
2.1 ( ) Implantou sozinha alguma obra física relacionada à aqüicultura na região doBaixo São Francisco? Cite as obras:
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
2.2 ( ) Implantou em parceria alguma obra física relacionada à aqüicultura na região doBaixo São Francisco? Cite as obras e as entidades parceiras:
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
2.3 ( ) Promoveu sozinha algum treinamento relacionado à aqüicultura, associativismoe/ou gestão de empreendimentos? Cite os treinamentos, o público, as datas e aslocalidades atendidas:
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
73
2.4 ( ) Promoveu em parceria algum treinamento relacionado à aqüicultura,associativismo e/ou gestão de empreendimentos? Cite os treinamentos, o público, asdatas, as localidades atendidas e as entidades parceiras: __________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
2.5 ( ) Financiou algum empreendimento relacionado à aqüicultura na região do BaixoSão Francisco? Cite quantos financiamentos concedeu e o valor total por município epor ano: _______________________________________________________________
__________________________________________________________________
Esclarecimentos adicionais relacionados aos subitens acima (acrescente em folha anexa se oespaço for insuficiente): ._______________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3. A piscicultura tem sido vista como atividade de elevada importância social no país,principalmente, por ser explorada por pequenos e médios produtores, por promover afixação do homem no meio rural e pela grande quantidade de empregos e de rendagerados. Diante desse fato, responda as questões abaixo:
3.1 Como vê a atual situação da região do Baixo São Francisco no que diz respeito àquantidade de criadores de peixes?
( ) Pequena ( ) Média ( ) Grande
3.2 Qual a sua visão acerca do grau de motivação dos criadores de peixes da região do BaixoSão Francisco para o exercício dessa atividade?
( ) Baixo ( ) Médio ( ) Alto
3.3 Assinale a opção que mais condiz com o grau de cooperação e de alianças existentes entreos criadores de peixes da região do Baixo São Francisco:
( ) Baixo ( ) Médio ( ) Alto
3.4 Devem ser intensificadas políticas públicas que promovam o desenvolvimento daaqüicultura em regiões carentes de atividades econômicas, como o Baixo São Francisco?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
3.5 O apoio governamental aos pequenos e médios criadores de peixes, através da capacitaçãoe do acesso ao crédito, é o caminho mais adequado para o desenvolvimento do arranjoprodutivo de aqüicultura do Baixo São Francisco?
( ) Sim ( ) Não
74
Caso a resposta seja “NÃO”, informe o que seria mais importante para a promoção dodesenvolvimento desse APL: ________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4. Assinale, dentre as alternativas abaixo, o que mais predomina na região?
( ) Produtores com bom nível tecnológico em piscicultura, desenvolvendo essa atividadesem maiores dependências de financiamento.
( ) Produtores com bom nível tecnológico em piscicultura, mas descapitalizados paraempreenderem essa atividade.
( ) Produtores com baixo nível tecnológico em piscicultura e sem condições deassimilarem os conhecimentos técnicos necessários a uma adequada condução dosempreendimentos de piscicultura.
( ) Produtores com baixo nível tecnológico em piscicultura, mas em condições desuperarem essa deficiência caso participem de bons programas de capacitação.
5. Existem empresas privadas líderes na região capazes de alavancar a aqüicultura no BaixoSão Francisco por meio da integração dos produtores?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
Quais? __________________________________________________________________________________________________________________________________________
6. Vêm sendo utilizados instrumentos de marketing e de promoção comercial para o pescadoproduzido no APL de aqüicultura do Baixo São Francisco?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
Caso a resposta seja “Sim”, diga quais e se são suficientes? Caso a resposta seja “Não”,você tem alguma sugestão? _________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________________________________
7. Os produtores e suas organizações estão preparados para a identificação e o acesso amercados para a colocação do pescado produzido na região do Baixo São Francisco?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
8. Assinale, nas questões abaixo, a classificação de 1º a 6º, de acordo com sua ordem deprioridade, não devendo haver repetição do número de classificação:
8.1 Quais as maiores deficiências do APL de aqüicultura do Baixo São Francisco?
( ) Baixo nível tecnológico dos produtores;
( ) Assistência técnica deficiente ou inexistente.
75
( ) Dificuldade dos produtores no acesso a crédito para investimento e custeio daprodução.
( ) Dificuldade na comercialização da produção.
( ) Baixo nível de interação entre os principais atores (produtores e suas organizações,bancos, indústrias, Governo, ONGs) do APL.
( ) Fraca atuação dos órgãos governamentais.
8.2 Quais os principais problemas enfrentados pelos produtores para a comercialização dopescado produzido na região do Baixo São Francisco?
( ) Falta ou desconhecimento dos canais de comercialização;
( ) Baixo preço do pescado pago pelos intermediários/atravessadores;
( ) Distâncias das áreas de produção aos centros consumidores;
( ) Pescado produzido fora dos padrões de qualidade exigidos pelo mercado;
( ) Falta de garantia da comercialização da produção de cada tanque tão logo os peixesatinjam o tamanho comercial, obrigando aos produtores à realização da despesca e davenda parcelada por longo período, ampliando o tempo de cada ciclo de produção ereduzindo a produtividade e as margens de lucro;
( ) Outro(s): _________________________________________________________
8.3 Quais os principais problemas relacionados ao mercado consumidor do pescado produzidono APL?
( ) Preços altos;
( ) Falta de regularidade na oferta;
( ) Falta de hábito de consumo de pescado;
( ) Mau estado de conservação do pescado;
( ) Desconhecimento das principais espécies de peixes criadas no APL (Tambaqui,Tilápia);
( ) Outro(s): _____________________________________________________________
8.4 O que deveria ser feito para melhorar a comercialização do pescado, a nível de produtor,na região do Baixo São Francisco?
( ) Redução dos preços via aumento da escala de produção;
( ) Participação dos produtores em feiras e em outros eventos promocionais, com vistas àabertura de novos mercados;
( ) Melhoria da qualidade do pescado ofertado ao mercado;
( ) Melhoria das condições da infra-estrutura de varejo (peixarias, mercados municipais,feiras livres, supermercados), incluindo instalações para a venda de peixes vivos;
( ) Aumento da cooperação entre os envolvidos na cadeia produtiva nos processos decomercialização.
76
( ) Outro(s):______________________________________________________________
8.5 Quais as principais limitações do APL em relação à infra-estrutura e ao meio ambiente?
( ) Estradas em estado precário ou insuficientes;
( ) Baixas disponibilidade e qualidade de água;
( ) Escassez em energia elétrica;
( ) Acesso dos produtores aos sistemas telefônicos;
( ) Dificuldades para a obtenção de registros ou de licença ambiental;
( ) Outro(s): ______________________________________________________________________________________________________________________________
8.6 Que insumos relacionados a seguir estão limitando mais acentuadamente odesenvolvimento do APL?
( ) Alevinos
( ) Ração
( ) Água
( ) Assistência Técnica
( ) Mão-de-obra
( ) Outro(s): _______________________________________________________________________________________________________________________________
8.7 O que deveria focar as políticas governamentais para o desenvolvimento do APL deaqüicultura do Baixo São Francisco?
( ) Melhoria da renda dos produtores;
( ) Geração de postos de trabalho a pescadores artesanais e a pequenos produtoresribeirinhos, fazendo frente aos baixos rendimentos obtidos com a pesca artesanal norio São Francisco;
( ) Aumento da oferta de pescado à população, como importante fonte de proteína animal;
( ) Aumento dos investimentos em pesquisa visando a melhoria da tecnologia depiscicultura empregada na região;
( ) Garantia da compra da produção, a preços de mercado, pelos governos federal,estadual e municipal, para sua inclusão na merenda escolar e em campanhasgovernamentais de distribuição de alimentos;
( ) Outro(s): _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
8.8 Mesmo sem conhecer com mais profundidade os principais mercados consumidores, emquais locais os produtores do APL de aqüicultura do Baixo São Francisco deveriaminvestir para a colocação de seus produtos?
77
( ) Nos próprios municípios produtores;
( ) Nas cidades de Aracaju e Maceió;
( ) Nas cidades de Salvador e Recife;
( ) Nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília;
( ) Nos Estados Unidos e Europa;
( ) Outro(s): ___________________________________________________________
8.9 De que maneira sua instituição poderia contribuir para uma maior dinamização do APL deAqüicultura do Baixo São Francisco?
( ) Capacitando os produtores na melhoria técnica e na gestão dos empreendimentos;
( ) Assegurando assistência técnica aos produtores;
( ) Assegurando a compra da produção a preços viáveis para manutenção da atividade;
( ) Financiando os produtores em condições atrativas;
( ) Desenvolvendo tecnologia adequada à realidade local;
( ) Outro(s):_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
9. Informações adicionais que julgue importante a serem consideradas com vistas aodesenvolvimento do arranjo produtivo de aqüicultura do Baixo São Francisco. Cite.
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Local e data: ______________________________, ____ / /2005.
Obs: Para que suas opiniões possam ser consideradas nesse estudo, é necessário que estequestionário seja preenchido e devolvido até o próximo dia 21/11/2005.
Endereço para contato:
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – CODEVASFDiretoria da Área de ProduçãoCoordenadoria de Desenvolvimento RuralSGAN quadra 601 – Bloco I – sala 313CEP. 70.830-901Brasília – DFFone: (61) 3312-4679Fax: (61) 3321-1553E-mail: [email protected]