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  • 8/6/2019 Arquivos - Hitler

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    Hitler

    O Fhrer

    Hitler foi a nica figura da Histria que concebeu e realizou umagrande revoluo, da origem a seu termo, partindo do nada para chegar criao de um grande imprio mundial. Possua notvel compreensodas foras com as quais se mediu. Foi um fenmeno histrico horrvel,mas destacado.

    O Fhrer

    A verso de Alan Wykes para o comportamento de Hitler como Lderdo Partido e Ditador, de que ele, quando jovem, fora contaminado pelasfilis, sucumbindo mais tarde aos seus efeitos tercirios irracio-nalidade, irresponsabilidade e falta de comedimento no falar e no agirtem sido por muita gente contestada. Apesar disso, h fatos em sua vida,

    pblica e privada, que parecem corroborar tal verso. Entretanto, na au-sncia de provas documentais deste episdio da sua histria mdica

    provas que resistam a um exame judiciala tese da sfilis deve continuarsendo apenas tese, embora notvel.

    Todavia, noperodo vienense, em que se supe tenha Hitler contradoa doena, indubitavelmente plasmou-se em grande parte a sua perso-nalidade e o gosto irresistvel pela destruio. Sabemos agora que ahistria de um orfozinho pobre, que viveu terrveis dificuldades, que eleconta no seu livro Mein Kampf, invencionice. O estado austraco, pela

    penso que lhe pagava como filho de um funcionrio pblico, dava aHitler toda a chance de se estabelecer confortavelmente na vida. Ele no

    conseguiu estabilizar-se porque desbaratava o que recebia, e a vida emalbergues reles, a que se viu reduzido, parece ter sido da sua escolha. Pormotivos facilmente compreensveis quando se reconhece a intensidade doanti-semitismo predominante em Viena antes da guerra, Hitler culpava os

    judeus pela sua falta de sucesso e reconhecimentono em quaisquertermos formulados com preciso, pois sua mente nunca funcionou emlinhas precisasmas em termos que davam aos judeus a responsabilidade

    por tudo o que era desagradvel, injusto e mal organizado que ele via na

    cidade e, por extenso, sofria na sua prpria vida.O que despertou Hitler da rotina que se imps de frustrao emocionale semi-inanio fsica foi a Grande Guerra. Ele era nacionalista (emborano fosse patriota, naturalmente, pois odiava o Imprio Austro-Hngaro)e aceitou avidamente a oportunidade que a guerra lhe oferecia de cruzar a

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    Hitler 2

    fronteira e ingressar num regimento alemo. Terminada a guerra, sua fo-lha de servio, sua perspectiva e ambies polticas e seus talentos natu-rais muito grandes bastaram para lan-lo nos modestos primrdios deuma carreira poltica, patrocinada pelo exrcito alemo. Essa relao seria

    duradoura, embora o exrcito eventualmente viesse a arrepender-se de t-la criado.

    Todas as relaes de Hitler com pessoas, rgos e instituies da vidaalem tm sido minunciosamente examinadas. Entretanto, nenhuma delasfoi to crtica como as que manteve com o exrcito. Este lhe permitiuiniciar-se na poltica e apoiou o seu trabalho de organizao do novo

    partido nazista. Os Freikorps, de onde Hitler atraiu tantos dos seusprimeiros e mais dedicados seguidores, no eram mal vistos pelo exrcito.

    Mas, como Hitler viria a descobrir amargamente, o exrcito no tolerariatentativas de conquistar o poder sem sua aprovao especfica. Portanto,estava fadado a opor-se primeira tentativa de Hitler de se tornar senhorda Alemanhao putsch de Munique de 1923. Ele jamais se esqueceu dalio aprendida a 9 de novembro, quando seus camisas-pardas foram mor-tos pela polcia: a de que, na Alemanha, o poder pertencia a quem coman-dasse o exrcito. Fracassando em obter o comando pela fora, Hitler pas-sou os anos seguintes tentando consegui-lo pelo voto. Uma vez alcanado

    o poder, seus primeiros atos visaram a subordinar o exrcito sua vontadee no descansou at que, em janeiro de 1938, finalmente achou umpretexto para assumir o cargo de Comandante-Chefe.

    Dadas a obscuridade dos seus antecedentes e as dificuldades da suajuventude, pouco provvel que Hitler pudesse ter sentido simpatia ouestima por um grupo de orgulhosos cavalheiros, como era o Corpo deOficiais alemes. Na verdade, o conflito entre eles era inevitvel, pois asidias dos oficiais sobre a guerra eram ortodoxas, o que no acontecia

    com as de Hitler. Da as dissenes freqentes. Os "efeitos especiais" queacompanhavam seus berros tremor incontrolvel, olhos rolando nasrbitas e boca espumantepareciam apoiar a opinio de que Hitler eravtima de doena crnica. Todavia, os que o conheciam desde o perodode Viena atestam livremente que tais manifestaes sempreacompanharam suas reaes a qualquer refutao persistente das suas opi-nies. Ele simplesmente no podia ser contrariado, hbito que no o tor-nou querido dos seus camaradas nas trincheiras, mais tarde. Logo, parece

    provvel que, como Fhrer e Comandante-Supremo, quando todas as res-tries externas ao seu comportamento foram eliminadas, Hitler tenhasimplesmente dado rdeas livres a uma caracterstica natural. Alm disso,ela sempre teve seu efeito desejado: os generais empalideciam ecalavam-se.

    A vtima

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    O forte mais forte sozinhoHitler

    Os que do valor a tais coisas talvez se interessem em saber que onome Adolfo se origina das duas palavras alems que significam "nobrelobo". O sobrenome uma variao de Hiedler e Htler, ambos usados

    pelos antepassados de Adolfo. Hiedler e Htler esto ligeiramente asso-ciados expresso "guardio dos Gentios"que, considerando-se a per-

    ptua dedicao de Hitler a odiar e atormentar os judeus, no ina-dequada, por mais irreal que parea.

    Infelizmente no h nada de irreal sobre a existncia de Adolfo Hitler.Ela comeou a 20 de abril de 1889, num pequeno hotel em Braunau, namargem austraca do rio Inn, que ali divide a ustria da Baviera. A 110km a oeste fica Munique, capital da Baviera e, atualmente, sinnimo daconferncia Paz em nosso tempo, na qual o Primeiro-Ministri britnico

    Neville Chamberlain se rendeu a Hitler, a 29 de setembro de 1938. A 96km a leste est Linz, capital da Alta ustria, onde Hitler freqentou aescola e absorveu as noes pan-germnicas que alimentaram sua xe-nofobia fantica.

    O pai de Adolfo, Alois Hitler, no tinha fobias nem filias. Era um

    pequeno funcionrio pblico, lotado no Departamento de Alfndega eImposto de Consumo. Homem mediano, cabea redonda como umrepolho, ele batia Hindenburgna poca um jovem, famoso e belo oficialdo Ministrio da Guerra Prussianono comprimento dos bigodes, e erainofensivamente vaidoso da sua faanha. Trabalhador consciencioso, forainfeliz na vida domstica. Sua primeira mulher morreu sem lhe deixarfilhos; a segunda faleceu jovem, deixando-lhe dois filhos para criar; aterceiraa me de Adolfodera-lhe cinco filhos, trs dos quais morre-ram na infncia. Somente Adolfo e sua irm. Paula, mais o menino e amenina do segundo casamento de Alois, haviam sobrevivido.

    Hoje, porm, depois de tudo o que aconteceu, tm todos o direito derecriminar o destino pela escolha desastrada que fez.

    Os Hitler eram catlicos romanos embora no haja evidncias dedevoo especial na famliae Alois teve de obter dispensa papal paracasar com a me de Adolfo, Klara Pltz, porque suas relaes de primosem segundo grau estavam dentro dos impedimentos de consanginidade.Ele era 23 anos mais velho que Klara quando casaram, em 1885, e, aoaposentar-se do servio pblico, Adolfo tinha seis anos. No seu livro,Mein Kampf, Adolfo menciona, com a pretenso caracterstica, que Aloiscomprou uma granja que ele prprio arava. O que Alois realmentecomprou foi uma casa de trs quartos, com um pequeno jardim, na aldeiade Leonding, a uns 2 quilmetros de Linz, onde morreu em 1903.

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    Hitler 4

    Adolfo Hitler tinha ento 14 anos e freqentava a escola secundriaem Linz. Em Mein Kampf ele no muito explcito sobre seus tempos deescola, o que no de surpreender, pois jamais suportou revelar qualquercoisa a seu respeito que no contribusse para um quadro compsito de

    gnio e nobreza. Na verdade, no se sobressaiu na escola; tinha umtalento medocre para o desenho e recebia uma classificao ocasional erelutante de bom em histria e geografia. Mas August Kubizek, que foiseu contemporneo e escreveu The Young Hitler, diz que ele era ocioso einstvel, embora realmente amasse sua me. Lembro-me de muitasocasies em que ele mostrou esse amor da maneira mais profunda ecomovedora durante sua doena fatal (ela morreu de cncer em 1908).S se referia a ela com profundo afeto. Era um bom filho... sempre trazia

    consigo o retrato de sua me.Adolfo tambm inclinou-se afetuosamente por uma jovem queKubizek chama discretamente de Stefanie. Se quisermos acreditar emKubizek, Hitler era pretendente desprezado de Stefanie. A posio socialda famlia da moa era muito mais elevada que a dele, e ela era levada a

    passear diariamente de carruagem pelo passeio pblico de Linz por suame. Hitler ficava com os amigos na calada e procurava lanar-lheolhares amorosos. Mas, de vez em quando, as duas damas eram vistas na

    companhia de jovens oficiais. Naturalmente, adolescentes pobres comoAdolfo no tinham esperanas de competir com aqueles tenentes em seuselegantes uniformes... Este fato despertou nele uma terrvel ojeriza pelosmilitares em geral. Hitler costumava cham-los de cabeas durasconvencidose ficava para morrer com o fato de Stefanie misturar-se comesses vadios que usam espartilho e perfume, conforme dizia.

    Kubizek revela que ele escreveu incontveis poemas de amor paraStefanie e descreve um no qual uma donzela de alta estirpe, numesvoaante vestido azul-escuro, cavalgava um corcel branco pelosprados floridos, com seus cabelos caindo em ondas douradas sobre osombros. Ainda vejo o rosto de Adolfo afogueado de xtase ardoroso eouo sua voz recitando esses versos. Stefanie de tal forma ocupava seuspensamentos, que tudo o que ele dizia, fazia ou planejava para o futurocentralizava-se nela. Com o crescente alheamento de Hitler da sua casa,Stefanie ganhava influncia cada vez maior sobre meu amigo, embora elejamais lhe dirigisse uma nica palavra.

    Esse alheamento foi causado pela determinao de Alois de fazer com

    que seu filho ingressasse no servio pblico, e pela igual determinao deAdolfo de tornar-se pintorque, para ele, era um modo de dizer que noqueria trabalhar. Seu reduzido talento para o desenho aumentara desme-suradamente na sua mente. Ele diz no seu livro Mein Kampf que, ao falarcorajosamente a seu pai sobre o que queria fazer, Alois replicou: Artista!enquanto eu viver, nunca! Ao olhar as insulsas aquarelas de Hitler, no h

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    como deixar der considerar justa a indignao de Alois, embora setratasse mais de uma indignao social do que esttica.

    O alheamento se transformou em separao real, aps a morte deAlois, mas isso s depois de alguns anos. Adolfo era ocioso demais para

    ser bem sucedido na vida escolar, e sua me procurava encoraj-lo, atque ela tambm morreu.

    Ele tentara ingressar na Academia de Belas Artes de Viena, mas noconseguiu passar no exame de admisso.Prova de desenho insatisfatria,diz secamente a Lista de Classificao de 1907. Tentou no ano seguinte efoi novamente reprovado. Indignado, alegou ter havido injustia e exigiuentrevista com o vice-reitor, que o dispensou sumariamente, dizendo-lheapenas para tentar a Escola de Arquitetura, pois seus desenhos mostravam

    mais talento para aquele setor. Mas a Escola de Arquitetura recusou-o porno ter o Certificado de Concluso de Curso Mdio.Assim, frustrou-se nele a esperana de tornar-se o que

    indubitavelmente julgava ser - o Miguel ngelo austraco. Nesta frus-trao tem origem o enorme ressentimento que desenvolveu contra osistema da Academia: o primeiro dos muitos que viria a remoer.

    Tendo perdido a me, cujos carinhos e indulgncias foram como umblsamo nos ferimentos que a frustrao lhe abriu, ele mudou-se para

    Viena. Com seu desconsolo virado s avessas, via-se como um heri con-quistador.As roupas numa valise e indmita resoluo no corao, parti para

    Viena. Esperava frustrar o destino, como meu pai fizera cinqenta anosantes. Estava decidido a tornar-me alguma coisa, mas certamente noum funcionrio pblico.

    Como sabemos, ele tornou-se de alguma forma um conquistador, queconquistou para a escravido milhes de alemes. Mas, por enquanto, no

    passava de um biscateiro mal vestido, mal alimentado e obrigado aviver como podia. Rheinhold Hanisch, outro biscateiro que o conheceuem Viena, diz que ele usava um velho casaco preto (presente de um judeuchamado Neumann) que lhe chegava abaixo dos joelhos, que seus cabeloscaam sobre o colarinho, saindo debaixo de um seboso chapu-coco, e queseu rosto magro era coberto por uma barba preta. Anos de estudo esofrimento em Viena o ttulo do captulo pertinente em Mein Kampf,mas Hitler no diz que seu estudo se limitou a dar nova feio s idias deoutros homens, ou que seu sofrimento era causado pela prpriaociosidade.

    Neumann, o judeu, Hanisch, um homem chamado Siegfried Loffner edois outros, que aparecem aqui sob os nomes fictcios de Stefan e Daniel

    porque ainda vivem, e por motivos que adiante revelaremos, tm direitoao segredo dos pseudnimos, confirmaram que Hitler vivia como eles.Carregavam bagagens, limpavam tapetes, chamavam carruagens, lavavam

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    pratos e remexiam em latas de lixo. Neumann e Hanisch atuaram comoseus agentes de arte por algum tempo, acompanhando-o s lojas e svezes convencendo os proprietrios a encomendar cartazes que Hitlerfazia na hora; ou persuadindo os fabricantes de molduras a colocar suas

    aucaradas aquarelas nas vitrinas, onde ocasionalmente as vendiam apessoas que gostavam dessas coisas. (Hitler pagou a bondade de Hanischacionando-o legalmente pelo desvio de parte de uma soma recebida porum quadro, sendo ele condenado a uma semana de priso ao secomprovar o caso.) Foram estes o estudo e sofrimento de Hitler em Viena.Ele detestava o trabalho regular, preferindo ganhar um dinheirinho egast-lo frugalmente em cafs, onde lia jornais e deitava o verbo com osclientes sobre poltica.

    Ele era muito importuno, com suas reclamaes contnuas deinjustias e ineficincias dosistema, com suas informaes mal digeridas,extradas da leitura indiscriminada e com suas idias fantsticas paraalcanar a fama. E, como acontece com a maioria dos manaco-depres-sivos, era sempre ou taciturno ou exuberante, arrasando a paz de todomundo com suas arengas contra os judeus, os Habsburgos, catlicos ousociais-democratas, ou fechando-se em si mesmo, recusando-se a falarcom quem quer que fosse. Mesmo antes de sair de Linz, ele j se sabia um

    embusteiro: disse a Hanisch que muitas vezes falsificara velhos mestres,pintando quadros a leo e levando-os ao forno para ficarem amarelados ecom aparncia de antigos. E, com sua habilidade em oratria barata, eleaprendeu a trapacear tambm com palavras. Condimentava banalidades

    piegas, de tal maneira, com amargura paranica, que soavam como astrombetas de um salvador da raa alem.

    Ao todo, foram quatro os anos de estudos e sofrimentos em Viena. Em1913 partiu para Munique, onde esperava sair-se melhor. Mas, entre-mentes, aconteceu algo de grande importncia.

    As hospedarias, os albergues, as criptas, os sagues, parques e igrejasonde Hitler ficava em Viena so incontveis, e muitos deles iniden-tificveis. Mas um deles, situado na Meldemannstrasse 27, sem dvidaum dos lugares onde o pretenso salvador da raa alem repousava acabea cansada. Ele ficava no XX Distrito (nordeste) da cidade, prximodo Danbio, sendo eufemisticamente conhecido como Lar de Homens,embora no passasse de uma espelunca. Os pseudnimos Stefan e Danielali ficaram com ele, sendo pelo seu testemunho, feito anos mais tarde ao

    venereologista londrino, Dr. T. Anwyl-Davies, que se pde estabelecer osfatos.

    Stefan e Daniel lembram-se de uma discusso acirrada, numa noite deabril de 1910. Eles brigaram por causa de uma garota, uma prostituta

    judia chamada Hannah, briga essa provocada por Hitler, que desfrutaradela quando estava sendo paga pelos outros. Como Hitler j devia a

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    Stefan e Daniel a hospitalidade permitida pelas suas circunstncias, aindignao dos dois era plenamente justificada e eles no relutaram em alanar-lhe ao rosto, fazendo-a acompanhar de uma boa surra. Eles oarrastaram para o dormitrio, surraram-no e o puseram na rua. Hitler

    protestou, praguejou, e eles responderam, atirando-lhe suas tintas,canetas, pinturas e pincis. No o viram mais naquela noite.

    Passada uma hora mais ou menos, os dois saram, desta vez procurade Hannah, tirando-a do seu ponto. Ela normalmente comerciava nos

    portais prximos da Estao de Noroesteum comrcio cansativo que svezes envolvia quatro clientes por hora (a 50 heller cada um, cerca de trscentavos de dlar pelos valores atuais), e sem dvida achava o albergue,com suas camas piolhentas, relativamente confortvel, e seus clientes,

    Stefan e Daniel, pouco exigentes. Eles se lembram de que ela muitasvezes ficava uma ou duas horas, tendo subornado o porteiro, a nica

    pessoa interessada na regra da proibio de entrada de mulheres, comalguns cigarros, ao entrar, e depois voltava ao seu ponto, prximo daestao.

    Nessa noite, eles observaram que o ligeiro exantema que haviam vistoem seu corpo, na ltima vez que estiveram com ela, desaparecera.Dificilmente podia-se cham-la de limpa, mas, pelo menos, ela no tinha

    mais o que lhes parecera ser dermatite calrica ou picadas de pulga noestgio de desaparecimento. Talvez parea ingnuo que dois jovens, nofinal da adolescncia e evidentemente promscuos, imaginassem que suaconsorte tivesse algo to inocente como picadas de pulga; mas, emborativessem ouvido falar de doenas venreas, seu conhecimento era vago e

    por certo nada inclua sobre as manifestaes clnicas desses males.Mesmo que soubessem, eles estavam vivendoou melhor, existindodeum modo que os teria deixado indiferentes. Sem nada saber, eles se satis-

    fizeram com Hannah, deram-lhe os cem heller que puderam reunir emandaram-na embora.Hitler voltou ao albergue uma ou duas semanas depois. Stefan e

    Daniel no se opuseram: j haviam aliviado sua indignao ao surr-lo eno podiam incomodar-se em aumentar inimizades. Mas quando Hitler sedespiu para matar os piolhos da roupa no forno do albergue, os doisobservaram que, como eles, Adolfo tambm tinha no corpo um exantemarseo. Ainda no associavam isso a Hannah, tampouco sua sensao demal-estar geral lhes parecia extraordinria, pois no viviam o tipo de vidaque poderia propiciar uma sade perfeita. Quando, mais tarde, o exantemase fez acompanhar de vrias outras manifestaes desagradveis, elesrecorreram sensatamente a um mdico. Ao serem informados do diagns-tico de sfilis, os dois sentiram-se maliciosamente confortados, aolembrarem-se de que Hitler tambm apresentara o mesmo exantema. Jento ele, provavelmente, estava no mesmo estado desagradvel. Acei-

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    taram o tratamento que o mdico lhes prescrevera, na poca um ungentocomposto principalmente de mercrio, e ficaram imaginando se Hitlertambm tivera o bom senso de procurar ajuda mdica.

    Parece certo que no o fez pelo menos naquele estgio inicial dainfeco, quando o tratamento vital. Felix Kersten, mdico de HeinrichHimmler, o chefe das SS, apresenta a prova mais slida de que Hitler eravtima da doena. A 12 de dezembro de 1942, escreveu ele em seu dirio:

    Este foi o dia mais emocionante que tive, desde que comecei a tratarde Himmler. Ele estava muito nervoso, muito inquieto. Compreendi quealgo de extraordinrio o atormentava e perguntei-lhe a respeito. Suaresposta foi outra pergunta: Voc pode tratar de um homem que sofre de

    srias dores de cabea, tonteiras e insnia?Claro que sim, mas devo examin-lo antes que possa dar uma opinio

    definitiva, respondi. Antes de tudo, preciso saber a causa dessessintomas.

    Himmler respondeu: Vou dizer-lhe quem . Mas voc deve jurar queno falar disso a ningum e tratar de quem lhe confio com o mximosegredo.

    Respondi que, como mdico, segredos me eram constantementeconfiados; no era uma experincia nova, j que a discrio era parte domeu dever profistaonal.

    Himmler ento tirou uma pasta do seu cofre e me apresentou ummanuscrito azul, dizendo: Leia isto. Aqui esto os documentos secretoscom o relatrio sobre a doena do Fhrer.

    O relatrio tinha 26 pginas e logo compreendi que havia sidolivremente extrado da ficha mdica de Hitler, durante os dias em queesteve cego num hospital em Pasewalk. Esclarecia o relatrio que na sua

    juventude, quando soldado, Hitler fora vtima de gs venenosso e foratratado de maneira to incompetente, que desde ento corria o risco deficar cego. Tambm havia, j naqueles primeiros relatrios, sintomasassociados sfilis. Em 1937 apareceram sintomas de que a doenaevolua e, no comeo de 1942, sintomas de natureza idntica mostravam,sem sombra de dvida, que Hitler sofria de paralisia progressiva. Todosos sintomas estavam presentes, exceto o da fixidez da viso e a confusona fala.

    Devolvi o relatrio a Himmler, informando-lhe de que infelizmentenada podia fazer, pois minha especialidade no se relacionava comdoenas venreas.

    Ele me disse que Morell (o mdico de Hitler) lhe estava aplicandpinjees e afirmava que deteriam o progresso do mal e, de qualquermodo, manteriam a capacidade do Fhrer de trabalhar.

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    Existem muitas outras provas conjeturais do estado sifiltico de Hitler. significativo o fato de que o "Professor" Theodore Morell, o charlatoque se instalara habilmente como mdico pessoal do Fhrer, entrara parao mnage deste para tratar de Heinrich Hoffman, o fotgrafo de Hitler, de

    uma infeco venrea. Tambm significativo o fato de HelmutSpiethoff, um venereologista de renome, ter sido nomeado para o contin-gente de mdicos de Hitler no comeo da dcada de 1930 e que os re-gistros das suas consultas foram confiscados pelo lder nazista WilhelmFrick, quando Hitler se tornou Chanceler do Reich. E tanto Heinz Linge,seu criado de quarto, como Karl Brandt, cirurgio da sua equipe,descreveram sintomas tpicos da sfilis em estado adiantado - desvariosmanacos, paralisia dos membros, hipocondria aguda, coceira contnua em

    vrias partes do corpo e dores de cabea e do estmago.Mas o testemunho que Stefan e Daniel prestaram a Anwyl-Davies,cuja reputao como venereologista no poderia ser maior, quem melhor

    prova que Hitler contraiu a doena em 1910. E o relatrio secreto queHimmler mostrou a Kersten dificilmente pode ser negado, como prova daevoluo da molstia. O germe da sfilis, Spirochaeta pallida, pode atacartodos os rgos do corpo, e os desvarios finais de Hitler so umaindicao quase certa de que o crtice do seu crebro fora atacado,

    tornando inevitvel a paralisia geral.Naturalmente, a possibilidade do estado sifiltico de Hitler e do efeitodeste sobre seu carter j foi considerada antes, embora sem as provascorroborantes dos seus companheiros de infortnio. Mas tem havidorelutncia - embora no haja razo compreensvel para isso - em aceitar ofato. O estigma social que ainda subsiste com relao as doenas venreasdificilmente poderia ter influenciado os inimigos de um homem comoHitler. Homens realmente mais importantes que ele foram infectados pelasfilis. Gauguin e Schumann, por exemplo, ou Beethoven, herdaram-na, eningum hesitou em reconhecer os efeitos da molstia nas reaes e naobra destes grandes mestres. Mas mesmo um bigrafo de renome comoAlan Bullock (em seu Hitler: a Study in Tyranny) diz que tais alegaess tem lugar num estudo da carreira de Hitler se se puder mostrar que(elas) afetaram diretamente seus julgamentos e decises polticos.

    Seja qual for a origem dessa relutncia, parece que j tempo desuper-la. J se mostrou, sem que haja lugar para muita dvida, que eleestava contaminado. Parece igualmente certo que no foi tratado a tempo

    de deter a evoluo da doena. A descoberta de Paul Ehrlich, o Salvarsan606, que permaneceu como o tratamento padro para a sifilis at oadvento da penicilina, em 1943, foi anunciada ao mundo mdico noCongresso de Medicina de Wiesbaden, a 19 de abril de 1910. Mas esse re-mdio s passou a ser produzido em massa a partir de 1912, sendo muito

    pouco provvel que Hitler, mesmo que tivesse procurado tratamento nos

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    Hitler 10

    primeiros estgios da infeco, pudesse pagar os honorrios do espe-cialista para um tratamento com a nova droga milagrosa. No h dvidade que ele recebeu toda sorte de tratamento aps subir ao podera exis-tncia, na corte de Hitler, de venereologista to eminente como Spiethoffno deixa dvida. Mas j ento o Spirochaeta pallida minara de modo ir-reversvel o seu organismo, e nada poderia eliminar o dano que elecausara, pois as clulas dos rgos assim atacados dificilmente seregeneram.

    Assim, tendo apresentado mais evidncias do que alegaes, sensatoconsiderar-se essas provas quando se traa a carreira poltica e militar deHitler da subida ao poder ao fim ignominioso no bunker sob aChancelaria, a 30 de abril de 1945, quando a vida do Terceiro Reichterminou, de maneira to inglria quanto a do seu fundador, depois dedoze anos e quatro meses de infame existncia, em lugar dos mil anos queele prometera.

    O homem

    Quem quiser viver constrangido a matar. Martelo ou bigorna. Mi-nha inteno preparar o povo alemo para ser o martelo.Hitler

    Hitler deixou Viena na primavera de 1913. J ento sofria deperturbaes gstricas, que sem dvida eram as primeiras manifestaesda sfilis intratada, e tambm concentrara dentro de si grau, de quantidadedo sentimento antijudaico que predominava na cidade.

    Seria fazer uma exceo, atribuir o anti-semitismo de Hitler ao rancor

    que ele nutria por Hannah, a prostituta judia que o infeccionara. Issodependeria de duas premissas: a de que ela fora o seu nico contatosexual, o que parece improvvel, e a de que ele j ento sabia quecontrara a doena, o que no se pode confirmar.

    Naquela poca, Viena estava carregada de preveno contra os judeus.Livros e panfletos anti-semitas jorravam das impressoras alguns deles

    pornogrficos, a maioria insanamente falsa em suas acusaes, e todoseles estpidos e insultuosos. A princpio sua veemncia o espantou: No

    judeu eu ainda via apenas um homem que tinha uma religio diferente e,portanto, por motivos de tolerncia humana, era contra a idia de queele deveria ser atacado por ter uma f diferente... Eu achava que o tomadotado pela imprensa antisemita em Viena era indigno das tradiesculturais de um grande povo.

    Mas ele no demorou muito a superar seu espanto.Aos meus olhos, osataques ao judasmo se tornaram graves quando descobri as atividades

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    judaicas na imprensa, nas artes, na literatura e no teatro. Ele tambmdescobriu que nove dcimos de toda a literatura pornogrfica, dassandices artsticas e das banalidades teatrais tinham de ser debitados naconta dos judeus e que no havia nenhuma forma de obscenidade,

    especialmente na vida cultural, em que pelo menos um judeu dela noparticipasse.

    Todas essas extraordinrias descobertas sobre as quais ele arenga nofraseado cedio do Mein Kampf, foram coroadas pela compreenso deque os judeus eram os lderes da social-democracia. Diante dessarevelao, caram as escamas que me cobriam os olhos. Minha longaluta interior chegara ao fim. Podemos ouvir as escamas caindo ao cho, eos gases conflitantes do seu estmago silenciando. Ele finalmente en-

    contrara no que concentrar sua malignidade. E no apenas isso. Ao ter suamente conduzida para a cincia poltica atravs do racismo, ele encontrouum assunto que servia sua mentalidade e ao seu carter. As idias pan-germnicas, que infestavam o currculo da sua escola em Linz, agora lheinundavam a mente com um efeito de remoinho. Daquele vrtice surgiu aviso de si prprio como o salvador messinico da raa ariana especialmente da parte alem. Ele expressou essa convico mil vezes, eum dos exemplos mais repugnantes dessa expresso est num discurso

    pr-eleitoral pronunciado em Viena a 9 de abril de 1938:Acredito que era vontade de Deus mandar um menino daqui para o

    Reich, deix-lo crescer e educar-se para ser o lder da nao e levar suaptria de volta ao Reich... a mim foi dada a graa... de poder unir minhaptria ao Reich... possa todo alemo reconhecer a hora e a medida da sua importncia e curvar-se humildemente perante o Todo-Poderosoque... realizou esse milagre pra ns!

    Este era o Hitler plenamente desenvolvido na sua megalomania. Masno foi preciso nenhum milagre do Todo-Poderoso para trazer o embriosalvadorde 1912 at o Fhrer megalmano de 1938. Para um homem dasua instabilidade, que acalentava ressentimentos contra um mundo queno conseguira reconhecer nele qualquer genialidade e cujo corpo serviade repasto aos destruidores micrbios da sfilis, todas as circunstnciasem que tal salvador poderia florescer tinham sido criadas pelossignatrios do Tratado de Versalhes.

    Hitler evitara a convocao para o exrcito austraco em 1913,alegando que se recusava a servir com os sujos judeus tchecos e com aescria da monarquia dos Habsburgos. Ele deixou Viena para fugir aoservio militar, mas a polcia perseguiu-o tenazmente com suas inves-tigaes e, em janeiro de 1914, alcanou-o em Munique, onde foi in-timado a apresentar-se para o exame mdico.Fui recusado, diz ele, devi-do m sade e debilidade geral. E prossegue explicando que sua debi-

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    lidade geral era causada pela m nutrio resultante dos parcosrendimentos como artista. Mas em 1938 ele ordenou Gestapo que des-cobrisse e destrusse todos os registros do exame. Seja qual for a razo deo exrcito austro-hngaro recus-lo em 1913, ele foi aceito como volun-

    trio no 16 Regimento de Infantaria da Baviera a 7 de agosto de 1914, noincio da guerra. Serviu como mensageiro no mesmo regimento durantetoda a guerra, foi condecorado com a Cruz de Ferro (Primeira e SegundaClasses, por nenhuma razo oficialmente registrada1, e promovido a cabo.

    Durante um ataque ingls aldeia francesa de Comines, a 13 deoutubro de 1918, Hitler ficou cego. Essa era a cegueira mencionada norelatrio secreto a que Kersten se referiu. Os ingleses estavam usando gse na poca se pensava que este fosse a causa. Ele foi mandado para o

    hospital militar em Pasewalk, onde um oftalmologista, o Dr. ViktorKrckmann, o examinou e comunicou que Hitler estava sofrendo decegueira histrica, e no de qualquer dano causado por gs. Trata-se deuma perturbao nervosa muitas vezes indicativa do estgio tercirio dasfilis, escreveu ele. Sugiro que esse homem seja examinado paraverificar evidncias dessa doena e ser tratado nessa conformidade. Elerecuperar a viso."

    O que realmente aconteceu. Mas no h registros do exame

    subseqente, feito pela Clnica de Doenas Venreas para onde oenviaram. Talvez tambm tenham sido destrudos pela Gestapo. Ocompilador do documento secreto que Kersten examinou pode t-losvisto, pois Kersten diz que ele se refere a sintomas associados com asfilis. Mas em 1965, Krckmann era de opinio de que eles haviam sidodeliberadamente destrudos por Frick, tal como aconteceu com osregistros das consultas de Spiethoff.

    Em todo caso, Hitler ainda estava no hospital de Pasewalk quando seproclamou o armistcio, sendo a paz buscada pelo General Ludendorff, doAlto Comando Alemo, e pelo Chanceler, Prncipe Max von Baden.

    Em novembro, escreveu Hitler, a tenso geral aumentou. Ento,certo, dia, o desastre abateu-se sobre ns sem aviso. Chegarammarinheiros em caminhes e nos incitaram revolta. Alguns rapazesjudeus eram os lderes... Nenhum deles vira servio ativo na frente debatalha. Atravs de um hospital para doenas venreas, esses trs"orientais" haviam sido mandados de volta para casa. Agora, suas

    1As Cruzes de Ferro, institudas na Guerra de Libertao de 1813, s eram concedidas emtempo de guerra, para aes em combate, e levavam a inscrio do ano de incio do conflito.A concesso da Cruz de Ferro de 2 Classe a Hitler no suscita dvidas, mas, segundo odossi secreto que o terrvel Heydrich conseguiu preparar sobre seu Fhrer, a de 1 Classefora conferida apocrifamente por Ludendorff, aps a 1 Guerra Mundial, para dar mais im-portncia ao poltico estreante, que ele desejava favorecer. De fato, Hitler nunca a ostentouantes de 1925.

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    bandeiras vermelhas estavam sendo hasteadas aqui.No h qualquer prova, exceto o desprezo permeado de dio de Hitler,

    de que houvesse judeus entre os citados no-combatentes e "orientais", ouque tivessem estado num hospital para doenas venreas. (Ele os teria

    visto l?) Os marinheiros revolucionrios eram apenas uma minoria dosamotinados de Kiel que se haviam recusado a fazer-se ao mar com seusnavios para prosseguir numa guerra que j terminara. Mas este apenasum exemplo dos preconceitos manacos de Hitler.

    Num grande bloco de palavras mal escolhidas, ele prossegue dizendoque recuperara a viso e mal podia acreditar que a Alemanha capitulara.Voltei vacilante e cambaleando para minha enfermaria e enfiei minhadolorida cabea entre as cobertas e o travesseiro... Ento fora tudo em

    vo. Em vo todos os sacrifcios e privaes; em vo a fome e a sede pormeses interminveis; em vo as horas que ficamos firmes em nossospostos, embora o medo da morte nos prendesse a alma... , e assim pordiante, numa prolongada saga de autocomiserao disfarada em vinga-tivo "mea culpa". Exceto essa informao incidental sobre o carter doseu autor, esse captulo do Mein Kampf tem uma nica frase importante:De minha parte, decidi ento ocupar-me do trabalho poltico2.

    A capitulao que tanto chocara Hitlerde resto toda a nao alem,que pensava j avistar a vitriafoi instigada j a 5 de outubro de 1918, por Ludendorff. Naquela data despachou-se uma nota ao PresidenteWoodrow Wilson dos Estados Unidos, solicitando formalmente asnegociaes de paz. Wilson respondeu perguntando se o governo alemotencionava discutir a paz nos termos dos seus discursos perante o Com-gresso e nos quais estavam formulados os famosos Quatorze Pontos,Quatro princpios e Cinco Especficos. A resposta foi Sim. Desse modo,

    Alemanha e Estados Unidos concordaram inicialmente em que as nego-ciaes de paz deveriam basear-se num total de 23 condies estipuladaspor Wilson e que tambm teriam de ser aceitas pelos demais Aliados. Erauma base instvel para se discutir um Tratado de Pazsobretudo porqueos Aliados no tinham sequer a mais leve indicao de que os EstadosUnidos tinham uma base de negociao com o inimigo. E tampouco es-tavam inclinados a aceit-las, ao saberem das condies. Cada um dosQuatorze Pontos foi virado e revirado por Clemenceau, da Frana, Lloyd

    2O moral entre os soldados alemes manteve-se muito alto durante toda a 1 G.M. O pedidode armistcio, negociado secretamente por ordem de Ludendorff desde 10 de agosto de 1918,concretizou-se pblica e repentinamente entre 10 e 11 de novembro, com grande surpresa erevolta dos combatentes. A atitude geral era: "Mas estvamos vencendo!..." Da decepodos soldados da frente surgiu o mito da "punhalada nas costas", dada "pelos polticos", que"entregaram" a Alemanha no "Ditado" de Versalhes.

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    George, da Gr-Bretanha e Sonnino, da Itlia, cada um tendo razes nem todas admirveispara emendar os Quatorze Pontos e obter vanta-gens especficas para seus pases. Mas os Estados Unidos permaneceram

    irredutveis. Os Quatorze Pontos deviam ser aceitos in totum ou elesconcluiriam um tratado de paz em separado com a Alemanha.Isto foi uma bomba, diz Richard M. Watt em The Kings Depart.Lloyd

    George e Clemenceau no podiam permitir que os colocassem numaposio de causar um armistcio vitorioso e obrigassem seus pases a prosseguir numa guerra agora insensata especialmente quando aopinio mundial interpretaria suas razes para isso como uma recusacnica de altos princpios, tais como a liberdade dos mares e a abolioda diplomacia secreta. Eles foram colocados numa posio de onde nopodiam fugir.

    Agora era a vez de os Aliados capitularem. Eles aceitaram osprincpios wilsonianos, e o armistcio foi celebrado a 11 de novembro. Foia porta que se abriu para a conferncia de paz de Versalhes.

    Volumes foram escritos sobre aquela desastrosa conferncia e sobre oTratado nela assinado depois de cinco meses de discusses. Em resumo, necessrio dizer apenas que das condies estipuladas por Wilson eaceitas pelos alemes, apenas quatro foram finalmente incorporadas ao

    Tratado. O inimigo derrotado assinara um armistcio cujos termos, quan-do da assinatura do Tratado, haviam sido distorcidos a ponto de se torna-rem irreconhecveis. Durante os cinco meses de discusses, revelaram-seatitudes de rancor, cobia e desejo ardente de vingana que, embora com-

    preensveis de certa maneira, s poderiam levar a contendas no futuropor mais que se pudesse adiar o choque.

    Lord Keynes escreveu sobre os plenipotencirios das 32 naesreunidas em conferncia: O futuro da Europa no lhes interessava; seus

    meios de subsistncia no os sensibilizavam. Suas preoaspaes, boas ems, relacionavam-se com fronteiras e nacionalidades, com o equilbriode poder, com engrandecimentos imperiais, com o futuro enfra-quecimento de um inimigo forte e perigoso, com vingana e com atransferncia dos seus insuportveis nus financeiros para os ombros dovencido!

    E como outra denncia ao Tratado, o Primeiro Ministro da Itlia, Nitti,escreveu mais tarde: Permanecer para sempre como um terrvel prece-

    dente na histria moderna o fato de que, contra todas as promessas,todos os precedentes e tradies, os representantes da Alemanha nunca foram ouvidos; a eles nada restou seno assinar um tratado nummomento em que a fome, a exausto e a ameaa de revoluo tornavamimpossvel no assin-lo... Na velha lei da Igreja estipulou-se que todosdevem ter o direito de ser ouvidos, at mesmo o demnio. Mas a novademocracia, que se propunha criar a Liga das Naes, nem sequer

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    obedeceu os preceitos que o obscurantismo da Idade Mdia consideravasagrados em nome do acusado.

    Foi no cenrio criado pelos escombros de acordos violados, porestadistas tirnicos, pela fora boca da pistola e pela perigosa

    humilhao de uma nao vencida, que Hitler, o homem do destino,apareceu para ocupar-se de trabalho poltico.

    A maior qualidade de Hitlere, no seu campo, equivalia a gniofoisua percepo psicolgica. Vendo-se como um homem rejeitado pelasociedade, e ignorando cegamente o fato de que essa rejeio era causada

    por sua natureza nada cativante, ele pde facilmente identificar-se com asmassas de uma nao que, apenas procurando uma paz honrosa, fora

    pisoteada e reduzida a p pelo Tratado de Versalhes. A humilhao a

    mais perigosa das punies a se impor a uma nao cujo carter no abjeto; e um homem que pode manipular as emoes de um povo obri-gado a prostrar-se no pode deixar de ser ouvido. Sobretudo nas circuns-tncias que afligiam a Alemanha do ps-guerra.

    Mas, de modo algum, ouviram-no imediatamente. Mesmo um gnionato tem de ser guiado por um caminho proveitoso. No tocante a Hitler, ocaminho era atravs das tavernas de Munique, onde, em 1919, elefortuitamente se encontrou no meio de homens que mais tarde se torna-

    riam famosos como seus mestres e associados Dietrich Eckart, ErnstRhm, Alfred Rosenberg, Rudolf Hess, Anton Drexier, Karl Harer e Gott-fried Feder. Aqueles homensum poeta, um soldado, um arquiteto, um

    poltico disfarado em consultor militar, um serralheiro, um jornalista eum economista meio doido estavam todos afundando numa viscosaconfuso de noes revolucionrias ilegtimas para salvar a Alemanha dodesastroso estado de coisas criado pela guerra e pelo Tratado de Paz.

    Era Eckart quem se preocupava interminavelmente com a formao de

    um Partido do Cidado Alemo para neutralizar a influncia dosbolchevistas e judeus, e que descrevia o carter do homem que deverialider-lo:

    Devemos ter um sujeito na cpula que no trema com o matraquearde uma metralhadora. A turba deve receber um susto daqueles. Umoficial no serve, as pessoas no os respeitam mais. O melhor seria umtrabalhador metido numa roupa de soldado e que seja linguarudo. Eleno precisa ser muito inteligente; a poltica o negcio mais imbecil domundo, e qualquer feirante de Munique sabe tanto de poltica quantoaqueles que esto em Weimar (a capital). Preferiria ter um molequeestpido e presunoso, que possa dar uma resposta vigorosa aosvermelhos e que no corra toda vez que o ameacem com uma perna decadeira, do que uma dzia de doutos professores que se sentam trmulosnos fundilhos molhados dos fatos. E ele tambm deve ser solteiro. Ento

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    conquistaremos as mulheres!

    Mas foi Anton Drexler quem realmenre fundou o partido que Hitlerviria a liderar, o Partido dos Trabalhadores Alemes, um grupo amorfo e

    esttico de quarenta membros e um capital de 7,50 marcos. Foi aocomparecer a uma das suas dbeis reunies polticas, a 12 de setembro de1919, que Hitler falou com tal veemncia que Drexler o persuadiu a filiar-se ao Comit dos Seis.

    Ele fora enviado reunio como pequeno espio a servio docomando do exrcito de Munique, que estava sondando procura deatividades polticas subversivas. Mas o que ele realmente descobriu foi aoportunidade da sua vida. Ali estava uma organizao sem rumo, maldirigida e cheia de joes-ningum, e embora ele prprio fosse um joo-ningum, tinha idias muito melhores do que as que estavam em debate, elogo viu a possibilidade de imp-las a um grupo que carecia de liderana,energia e membros.3

    Assumiu o comando quase que de imediato; implicitamente, seno porttulo; e trs meses depois foi nomeado Oficial de Propaganda. Ele efe-tuou a fuso de vrios outros movimentos minoritrios cujas metaseram, vagamente, a execuo prtica de uma poltica de anti-semitismo eanticomunismo e o no-cumprimento das condies opressivas doTratado de Versalhes. E ampliou o ttulo para o grandioso

    Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei (Partido NacionalSocialista dos Trabalhadores Alemes), de cuja primeira palavra secunhou a abreviatura Nazi. O destino do Partido Nazista e,subseqentemente, do Terceiro Reich, durante os 25 anos seguintes, odestino de Adolfo Hitler.

    O demagogo

    O fundamento da autoridade reside na popularidade"Hitler

    3Hitler juntou-se ao Partido como o stimo membro do comit. Sendo o 7 um nmeromstico, especuladores do ocultismo vem grande significao no fato. certo que houvesempre muita influncia mstica, iluminista e ocultista entre os fundadores do nazismo,notadamente quanto ao "inconsciente coletivo". Drexler, fundador do Partido dosTrabalhadores Alemes, pertencia sociedade secreta "Thule" (cujo smbolo era a susticacircular), fundada pelo renomado ocultista baro Rudolf von Sebottendorff, filho de ummaquinista ferrovirio, fundador do jornal Vlkischer Beobachter, que se tornaria rgooficial nazista. Outros membros notveis da "Thule", conhecidos, eram os prncipes deThurn und Taxis, Max Sesselmann, Alfred Rosenberg, W. Rohmerder, presidente daAssociao Escolar Alem, Heinrich Jost, Rudolf Hess, Hans Frank. Karl Fiehler, GottfriedFeber. Dietrich Eckart. Dessas conexes esotricas originaram-se as idias confusas deHimmler sobre sua Ordem Secreta dentro das SS.

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    objetivo de combater o marxismo e o judasmo. Houve uma viscosareconciliao entre ele e alguns dos rixentos lderes e o Partido reapareceucomo uma fora.

    Mas durante muito tempo ele foi uma fora extremamente ineficaz.

    Embora tivesse cedido aos apelos de Hitler, o Ministro da Justia no foito estpido a ponto de lhe permitir fazer discursos. Isso foi muitosensato, pois era apenas a personalidade mesmeriana projetada atravsdos discursos histricos que fazia seguidores para o Partido. Mas essasensatez no pde ser mantida. A proibio dos discursos de Hitler foianulada em maio de 1927 e o culto semi-religioso do salvador difundiu-seentre os milhares que o ouviam com uma histeria s comparvel deleuma histeria que, como dizia o prprio Hitler, no era involuntria e sim

    "uma ttica baseada no clculo preciso de todas as fraquezas humanas,cujos resultados devem levar, quase que matematicamente, ao sucesso".

    O que realmente aconteceu. Ele era um estuprador usando palavracomo um falo. Eckart por acaso acertara, ao traar o perfil do lder: Eledeve ser solteiro. Ento conquistaremos as mulheres! Na realidade, paraele as massas eram mulheres. Piadas grosseiras eram feitas sobre suaafirmao de que, depois de um grande discurso, ele ficava enxarcado;mas verdade que ele experimentava um delrio orgitico um

    substituto, como diz Joachim Fest, para a experincia emocional que lhe permanecera proibida em toda a sua monstruosa egofixao. Epossivelmente, a se aceitar que ele era um estuprador, tambm era um atode vingana contra a sifiltica Hannah. No Mein Kampf, ele escreverafebrilmente sobre a sfilis e sobre a gentica judaica e tambm isso podeter sido uma vingana inconscienteou mesmo deliberadamais contrauma pessoa do que contra uma raa.

    Quanto s relaes sexuais mais normais, tem havido muita espe-

    culao sobre as exploraes de Hitler, nesse campo, mas so muitopoucos os fatos em apoio das mesmas. Na sua juventude houve a inatin-gvel Stefanie e a faclima Hannah; na meia-idade houve sua amante, EvaBraun, com quem se casou como preldio ao pacto de suicdio que psfim s suas vidas. E no perodo de ascenso do Partido, em fins da dcadade 1920, ele viveu com sua sobrinha Geli Raubal, filha da sua meia-irm.Em 1931, Geli matou-se, com um tiro, no apartamento de Hitler, que

    pareceu inconsolvel durante algum tempo; mas isso nada prova, exceto

    uma fixao emocional numa jovem vinte anos mais moa que ele e aquem submeteu tiranicamente a um estado de sujeio neurtica.8 Devido

    8De fato, no h provas de que seu caso Geli (Angelika) Raubal tivesse passado do mbitoplatnico. Hitler na poca ainda estava em posio muito vulnervel para poder ocultar deseus inimigos polticos quaisquer deslizes escandalosos, que lhes daria excelente matria dedesmoralizao. Cumpre notar tambm que a me de Geli, Angela Maria, meia-irm deHitler, aps o suicdio da filha, continuou por muitos anos em sua companhia, como

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    Parlamento Nacional. Mas com o colapso financeiro de Wall Street, em1929, veio o desastre. A impossibilidade de a Alemanha reembolsar asinquas reparaes exigidas pelo Tratado de Versalhes e os juros sobre osemprstimos a curto prazo que os Estados Unidos, tontos com seu prprio

    poder, haviam concedido com tanta facilidade, levaram a um endivi-damento econmico imediato. A Alemanha se parecia com o homem quevivia operando sua conta bancria a descoberto e que de repente se v pri-vado de crdito. Por volta de 1932, havia 5 milhes de desempregados. Omal da desesperana espalhou-se por todo o pas. Alimento, agasalho eabrigo fugiam do alcance do povo com terrvel freqncia e mesmo que oarrimo de famlia estivesse trabalhando, era pouco provvel que fosse emtempo integral. As poupanas sumiram numa onda de explorao e num

    esforo desesperado para pagar hipotecas de fazendas e casas. E, comodiz Alan Bullock em Hitler: a Study in Tyranny:

    Como se o pas houvesse sido varrido por um terremoto, milhes dealemes viram a estrutura aparentemente slida da sua existnciafender-se e ruir. Em tais circunstncias, o homem deixa de ser suscetvelaos argumentos da razo. Em tais circunstncias, todos se deixam tomarde medos fantsticos, dios extravagantes e esperanas igualmente extra-vagantes Em tais circunstncias, a extravagante demagogia de Hitler

    comeou a atrair seguidores em massa, em quantidades sem precedentes.Aquela massa de seguidores, juntamente com a incapacidade dos seus

    oponentes de competir com seus mtodos de propaganda, e fortalecidapelas suas prprias intrigas astutas para subverterpela ameaa, suborno,assassinato ou outro mtodo que servisse ao propsito os esforos dosmembros do Partido que estavam brigando pelo poder levaram Hitler aocargo de Chanceler do Reich alemo em janeiro de 1933. Com a morte do

    Presidente von Hindenburg dezenove meses depois, ele anuncioucom acoagida concordncia dos que, de certa maneira, haviam tentado impedirsua subida ao poderque os cargos de Presidente e Chanceler estavamagora reunidos e que ele prprio era o supremo governante do Estado eComandante-Chefe de todas as foras armadas10(10).

    10O cargo de Chanceler do Reich. na Alemanha, equivale ao de Presidente do Conselho deMinistros ou Primeiro Ministro, sendo, pois, o mais alto posto executivo. O regime alemo,

    tanto na monarquia como na repblica, era parlamentarista, atravs do Reichstag, ou DietaNacional, ficando a chefia do Estado com o Imperador (Kaiser) e depois com o Presidente.Com a morte do Presidente Hindenburg, Hitler, desdenhando o ttulo presidencial oumelhor, evitando as dificuldades legais em obt-lo declarou, por decreto, a coincidnciadas funes de Chefe do Estado e de supremo executivo no cargo de Chanceler do Reich, aoqual fazia sempre antepor seu ttulo partidrio de Fhrer. Assim, institua na prtica oFhrerprinzip de Rosenberg e outros, princpio pelo qual s cabe nao seguir as diretrizesindicadas pelo Fhrer, que encarna o esprito norteador de todas as aspiraes da almacoletiva da nao no caso nazista, tambm da Raa personalidade sagrada que se

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    Sua primeira ordem ao exrcito foi para que fizesse um voto defidelidade e obedincia a ele pessoalmente no Constituio ou ao

    pas:

    Por Deus eu fao esse juramento sagrado: prestarei obedinciaincondicional ao Fhrer do Reich e do Povo Alemo, Adolf Hitler, oComandante-Supremo das Foras Armadas, e estarei pronto, como umbravo soldado, a dar minha vida, a qualquer momento, pelo meu Fhrer.

    Assim, em agosto de 1934, Adolf Hitler passou a dispor de poderabsoluto. Os efeitos corruptores desse poder em breve se tornariamvisveis.

    A crueldade pessoal de Hitler para com rivais ou dissidentes fora

    demonstrada de maneira chocante num expurgo realizado cinco semanasantes. A 30 de junho, ele ordenou a execuo de Ernst Rhm e outroslderes dos Camisas-Pardas que haviam tentado uma revolta. Houvemassacres por toda a Alemanha; o ex-Chanceler, General von Schleicher,e importantes oficiais do exrcito, funcionrios pblicos e catlicosromanos foram assassinados. Os assassinos eram os homens de negro dasSS que, com a Gestapo que tinham absorvido, da em diante viriam a seros principais executores das maquinaes de Hitler.

    Poltica e socialmente, havia formas menos sanguinrias masigualmente eficazes de crueldade. Todo o sistema parlamentar darepblica de Weimar foi dissolvido. Todos os partidos polticos, exceto onazista, foram proibidos; a criao de qualquer tipo de organizao

    poltica no-nazista era passvel de priso em campos de concentrao; aliberdade de expresso cultural nas artes e na literatura deixou de existir;os direitos civis e a igualdade de cidadania foram suprimidos e seintroduziu osistema de lderou Fherprinzipum Fhrer todo-poderoso

    na cpula e incontveis Fhrers menores pisoteando a cabea dos seusinferiores hierrquicos, at o cidado comum, o qual devia obedecer atencontrar algum inferior para liderar. A Igreja e a imprensa foramrevolucionadas. Somente a verso nazista da histria era contada, s setolerava a religio da propaganda antijudaica, a imprensa era o porta-vozdo nazismo e nenhuma outra voz podia ser ouvida.

    Durante quatro anos, Hitler organizou o estado nazista numa mquinadiplomtica e militar que violava a maioria das clusulas do Tratado deVersalhes. Ele criou a Luftwaffe,11 introduziu o alistamento militar

    sobrepe a todo o individualismo, cujas manifestaes so "cancerosas" e devem serextirpadas implacavelmente. A tese do Fhrerprinzip foi muito invocada nos julgamentosdos criminosos de guerra nazistas, para exculp-los de qualquer responsabilidade pessoal.

    11A Luftwaffe (Arma Area) foi desde o incio comandada pelo Reichsmarschall Gring.Compreendia a arma pra-quedista alem e a artilharia antiarea, tendo ainda enormes

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    compulsrio, ocupou com suas tropas a Rennia desmilitarizada peloTratado de Versalhes;12 retirou-se da conferncia mundial dodesarmamento, abandonou a filiao da Alemanha Liga das Naes,celebrou uma prestigiosa concordata com o Vaticano e um pacto de no-

    agresso com a Polnia ambos destinados a dar tempo para que seusdesgnios amadurecessem e no para dar quaisquer vantagens polticas

    para a Itlia, ou a Polnia.Aqueles quatro anos, de 1933 a 1937, testemunharam a recuperao

    econmica da nao alem e o aumento das suas foras armadas. A Ale-manha passou a contar com tal poder de agredir, que espantava e frus-trava os pases-membros da Liga das Naes (da qual Japo e Itlia, bemcomo a Alemanha, se haviam retirado). A percepo psicolgica de Hitler

    revelou-se brilhante. Com uma srie de audazes golpes diplomticos elelograra os estadistas que jogavam o jogo diplomtico segundo as regrasconvencionais. Quando estes se libertaram das peias do cavalheirismo e

    perceberam estar lidando com um psicopata brilhante, os fios dos planosdo Fhrer para a dominao alem j enredavam inextricavelmente asvtimas incautas. Na primavera de 1938, Hitler j estava bastante forte

    para empreender a invaso da ustria e anex-la ao Reich alemo. Da em

    contingentes de infantaria que lhe permitiram a formao de vrias divises de campanha.Isto no se devia a novos conceitos tticos, mas sim a uma contraposio poltica ao poderiodo exrcito. A Luftwaffe era a arma de preferncia dos jovens nazistas, e seu fanatismo aoFhrer era total. S mais tarde foi suplantada em popularidade e destaque pelas Waffen-SS.A Legio Condor, que serviu a causa de Franco na Guerra Civil Espanhola, pertencia Luflwaffe.

    12 A ocupao da Rennia foi feita com "pedacinhos de tropas", sendo empregadas atbandas de msica isoladas, como a do Leibstandarte SS Adolf Hider, a guarda pessoal SS,

    pois o Exrcito teve de lanar mo de todos os seus fracos contingentes para assumir osdispositivos de defesa do territrio, espera da possvel reao militar francesa. O Estado-Maior-Geral seguia de Berlim os acontecimentos no maior pnico. Sabia que a mnimareao francesa - o envio de trs regimentos de infantaria em guarnio nas proximidades -seria mais que suficiente para expulsar os "invasores". Mas, inquirido pelo governo francs,o Comandante-Chefe, Gamelin, achou que s poderia agir com uma mobilizao geral,envolvendo a chamada de reservistas (apesar de o exrcito francs ter um oneroso egigantesco efetivo, superior a um milho de homens), converso da indstria para a guerra,enfim, a alterao completa da vida nacional. Tal expediente, de qualquer modo, seriairrealizvel, pois os governos parlamentares franceses eram debilssimos, os gabinetes du-ravam apenas meses, quando no semanas, e a influncia dos pacifistas era enorme. Aguerra era um espectro medonho, que politicamente no podia ser, sequer, cogitado. Foi estaa primeira capitulao das democracias. O simples avano dos trs regimentos teriaocasionado a retirada imediata das dbeis foras alemes pelo seu Estado-Maior, semqualquer confronto, e a destituio do Fhrer manu militari, com pouca ou nenhumaresistncia popular, pois o nazismo ainda no se havia enraizado na mquina administrativae policial, e o pavor de uma guerra tambm dominava o povo alemo, nesse ano de 1934,quando sua intoxicao blica, realizada por Hitler, mal havia comeado.

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    setembro de 1939, e a Polnia foi invadida no amanhecer daquele mesmodia, obrigando a Gr-Bretanha e a Frana a declararem guerra, para cum-

    prir as obrigaes contradas no tratado com a Polnia.Uma semana antes do fantasma da guerra dominar a Europa, Hitler

    dera seu golpe culminante de diplomacia: um pacto de no-agresso ecomrcio com a Rssia, garantindo a paz entre os dois pases por ummnimo de dez anos. Como ele vinha pregando contra a iniqidade docomunismo desde 1919, o pacto foi um golpe de mestre.16 O custo tericoera considervel: nada menos do que a diviso da malfadada Polnia emduas partes iguais a oriental seria o preo da Rssia. Mas a inutilidadedo Pacto pode ser medida pela revelao que Hitler fez da sua metaeventual, numa conferncia com seus chefes militares, a 20 de agosto:

    Meu pacto, senhores, destina-se apenas a ganhar tempo. Esmagaremos aUnio Sovitica. O tempo era realmente a essncia dos seus planos. Paraa Alemanha, mesmo no seu atual estado de imenso poderio militar, a lutanas frentes ocidental e oriental simultaneamente seria to fatal em 1939

    prestgio "guerreiro" de Hitler atingiu o auge junto a seu povo, e nada mais o poderia deter.

    15Depois de enfraquecida a Tchecoslovquia pela ocupao dos Sudetos, com a visvelcomplacncia das democracias garantidoras, Hitler ocupou as provncias da Bomia eMorvia, criando um Protetorado, entrando desta vez sob lgrimas em Praga. Ele deixoupara mais tarde a ocupao do restante da infeliz nao, a provncia da Eslovquia, que seviu tornada "independente", sob a garantia formal da Alemanha. Assim, a Polnia estavaestrategicamente envolvida pelo oeste e pelo sul. A cidade de Memel, a 100 km da PrssiaOriental, foi "cedida" pela Litunia e anexada, com uma faixa litornea do mar Bltico.Ficaram pendentes duas questes: a Cidade Livre de Danzig cuja populao, altamentenazificada pelo seu lder, Albert Forster, clamava pelo retorno "me-ptria" e a dochamado Corredor Polons, a faixa de territrio dada em Versalhes Polnia, "para quetivesse uma sada para o mar, pelo porto de Gdnia. O Corredor Polons era talvez o mais

    doloroso espinho no "Martrio da Alemanha", pois dividia o territrio nacional, deixandoisolada a Prssia Oriental, bero das mais caras tradies prussianas. Meses antes da invasoda Polnia, houve uma reunio entre os Ministros das Relaes Exteriores, Ribbentrop, e oConde Ciano, que oferecia, em nome de Mussolini, os bons ofcios da Itlia para a soluopacifica do problema. Ribbentrop esclareceu ao representante italiano que Hitler no queriasoluo para Danzig e o Corredor Polons, que seriam tomados pela fora muito breve, eno admitiria novamente a frustrao de Munique, quando lhe arrebataram a oportunidadede iniciar a guerra em 1938.

    16O pacto teuto-sovitico de 24 de agosto foi, e , um dos pontos negros do comunismo, e

    lanou a maior confuso e consternao em todos os partidos comunistas. Houve enormedefeco e cises importantes, at que a "monoltica" linha do partido viesse a firmar-se umpouco mais. At hoje os doutrinadores vermelhos tm dificuldade em explic-lo, e passamsobre ele como gatos sobre brasas, com a alegao de que Stalin "magistralmente" ganharatempo para a URSS. De fato, Stalin nada fez para preparar-se para a invaso alem, que viriaem 1941, e sua "genialidade" manifestou-se no imenso massacre que em 1936 atingiumaciamente a oficialidade do Exrcito Vermelho, principalmente no alto comando,destruindo-o como instrumento de defesa. E a isto Stalin foi levado por falsa denncia,habilmente arquitetada por Heydrich e Schellenberg, do SD das SS.

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    como demonstrara ser na Primeira Guerra Mundial. O Ocidente devia seresmagado primeiro. E to logo recebeu a declarao de guerra dosAliados a 3 de setembro de 1939, Hitler dedicou-se inteiramente suagigantesca tarefa.

    O estrategista

    Os limites dos pases so criados pelos homens, e por eles modificadosHitler

    Com seu ataque Polnia, Hitler no s desencadeara a guerra comopodia afirmar que no existia um estado de guerra at que os Aliados a

    declararam. Reduzida posio de uma briga de crianas, ela no passavade um no fui eu quem comeou, foi ele. Segundo os padres hitleristas, ainvaso da Polnia foi apenas uma expanso lgica e justificvel do seudireito ao Estado Livre de Danzig e, anteriormente, Austria, aosSudetos, Bomia, Morvia e Memel. Ele afirmara que estes eram partesdo Reich alemo que haviam sido arrancadas na gananciosa divisodepois da Primeira Guerra Mundial. Ele tambm fazia observar o fato deque no se derramara uma s gota de sangue na libertao do seu povo do

    jugo opressivo de Versalhes. Se os poloneses tivessem demonstradoidntica e sensata boa vontade de serem abrangidos pelo Reich, no teriasido necessria a coao.

    Naturalmente, a especiosidade de tal argumento seria evidente aqualquer tribunal imparcial que investigasse as causas imediatas daguerra. Mas no houve tal tribunal nem tal argumento.

    A Polnia foi virtualmente conquistada em questo de horas. Odomnio do ar foi facilmente obtido por uma ofensiva geral iniciada aoamanhecer de 1 de setembro. Levas de bombardeiros simplesmentesobrevoaram os aerdromos poloneses e destruram os avies pousados.Os que levantaram vo foram derrubados pelos caas que escoltavam os

    bombardeiros e que depois, em vos rasantes, metralharam os so- breviventes. Sem nenhuma defesa contra outros ataques areos, ospoloneses ficaram completamente vulnerveis no tocante a pontes, ptiosde manobras ferrovirias, centros de produo, instalaes militares ecolunas mveis. As foras polonesas de defesa compunham-se de quasedois milhes de homens, mas o ataque areo alemo impediu sua mo-

    bilizao, j que todas as comunicaes haviam sido reduzidas a umestado de confuso total.

    Nenhum aspecto da campanha polonesa deveria surpreender aqualquer um, muito menos aos poloneses. Ela estava inteiramente deacordo com os mtodos de Hitler. (Os russos, apesar de estarem presos Alemanha pelo seu pacto de no-agresso, em menos de dois anos sofre-

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    riam precisamente o mesmo tipo de ataque inicial pelo bombardeio dosseus aerdromos; e estariam igualmente despreparados.) Mas as foras

    polonesas estavam sendo reunidas para rechaar um ataque que serealizasse dentro dos moldes tradicionais de 1914. Seu Comandante-

    Chefe, Marechal Smigly-Rydz, parece ter sido o primeiro a ser desarmado no sentido no-militar. Hitler havia-lhe assegurado. atravs de Goring,em 1937, que a Alemanha no tinha nenhum interesse territorial naPolnia. Outro fato que o desarmou: quando o ataque alemo era clara-mente iminente, Smigly-Rydz supunha que ele se desenrolasse segundoas regras de 1914.

    No s os poloneses como tambm os tericos militares da Gr-Bretanha e Frana sofriam da ressaca de pensar em termos de cargas de

    cavalaria e outras manobras obsoletas e, nos primeiros estgios da guerra,ficaram completamente aturdidos com o planejamento e execuo impla-cvel, mas perfeitamente lgicos, de Hitler, lanando ao mundo a

    primeira Blitzkrieg.17

    Desde ento, isto passou a ser admirado como a intuio de Hitler. Huma tendncia para supor que ele tinha algum poder quase sobrenaturalque lhe permitia antecipar-se s manobras militares dos adversrios. Defato, nos primeiros estgios da guerra, seus mais poderosos opositores, os

    franceses, s conseguiam realizar manobras do tipo mais pusilnime. MasHitler nunca teve quaisquer poderes sobrenaturais; no estava aliado anenhum feiticeiro. Sua intuio no passava da percepo psicolgica quelhe permitia identificar-se com a nao humilhada por Versalhes. Erasimplesmente uma compreenso slida da natureza humana em geral e docarter dos seus adversrios em particular. (No sentido particular, no erauma compreenso infalvel, como o demonstrou a sua ignorncia docarter britnico e do norte-americano; mas seus fracassos ocasionaismostraram que no havia nada de sobrenatural nisso.) Assim como sabia,e tinha afirmado inequivocamente no Mein Kampf, que a reiteraointerminvel de uma mentira demonstrvel transforma-a efetivamente

    17 Blitzkrieg - Guerra-relmpago, foi o nome dado pelos alemes sua nova tcnica decampanha. O nome, ao contrrio do que se julga, no se devia rapidez das operaes; avelocidade atingida, tanto na Polnia como na Frana, foi fator que surpreendeu aos prpriosalemes. A tese central era a busca de brechas, com penetrao profunda e ramificao detais penetraes para estend-las e buscar objetivos, como sucede com o relmpago. A teoriainicial deve-se ao ento ten-cel Fuller, terico militar britnico, imaginada em 1917, e por

    ele chamada "tcnica da gua que se espalha", e que busca brechas e trajetos de menorresistncia. A teoria foi expandida e codificada pelo cap. Liddell Hart, com a aplicao defortes formaes blindadas como cunhas de penetrao, e apoio areo ttico imediato econstante, substituindo a artilharia, tudo sem aguardar a consolidao dos ganhos,explorando ao mximo a surpresa e a penetrao, com rompimento de comunicaes elinhas de abastecimento em profundidade. Coube ao general Guderian a criao das divises blindadas (Panzer) alemes, desde 1935, seguindo estes conceitos e aplicando osensinamentos de Liddell Hart, desprezados como fantsticos pelos altos comandos britnicoe francs.

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    numa verdade demonstrvel, tambm sabia que nada tinha a temer dosfranceses em 1939.

    Ele deduzira corretamente que, depois da Primeira Guerra Mundial, osfranceses seriam obsecados pela defesa, pela segurana dentro das suas

    prprias fronteiras. Os dois sucessivos Comandantes-Chefes de ps-guerra, Ptain e Weygand, deixaram isso bem claro. O povo vira omassacre intil da juventude francesa na ofensiva sangrenta planejada

    pelo General Nivelle, em 1917, e no estava com nimo algum paratolerar outros generais de idntica mentalidade; tampouco tinha qualquerinteresse em ampliar suas fronteiras. Ele passaria anos lambendo seusterrveis ferimentos e gastaria trilhes de francos para encerrar-se em

    barricadas. A Terceira Repblica corria o risco de colapso e a dignidade

    da civilizao francesa fora fendida por uma vitria infrutfera em 1918.Somente os poderosos basties, atrs dos quais a repblica poderia preo-cupar-se e criar um imenso exrcito de defensores franceses, quesatisfariam nao.

    Hitler estava certo em tudo isso na verdade no precisava de muitaagudeza psicolgica para perceber o bvio. As inexpugnveis fortifi-caes a serem construdas em nome do Ministro da Guerra, AndrMaginot, tiveram incio em 1930.

    Superficialmente, aLinha Maginotcompensava em inexpugnabilidadeo que lhe faltava em bom senso. (Ela deixou sem defesa a fronteira com aBlgica, por cujo territrio, militarmente ideal, os alemes, desde temposimemoriais, sempre atacaram a Frana.) Mas nesse caso, a inexpugna-

    bilidade no passava de uma iluso confortadora; era, quase queliteralmente, o mesmo que enfiar a cabea na areia pois as complicadasfortificaes foram construdas bem enterradas. Eram tocas, equipadascom suprimentos e munies, com conforto e comunicaes para resistir aqualquer stio. Os poderosos canhes da Linha estavam voltados para aAlemanha e eram protegidos por ao e concreto impenetrveis. O tmuloda Frana como o chamou o General J. F. C. Fuller custara umaastronmica fortuna, dinheiro demais por um soporfero, o que realmenterevelou ser. Os franceses no queriam lutar; seu enorme exrcito s naLinha Maginothavia pelo menos 26 divises estava eivado de traio dealto a baixo e no queria nada mais ativo (como diz Fuller) do que ficarna Linha Maginot, recortar La Vie Parisienne para decorar suas trin-cheiras com retratos de mulheres provocantes e reclamar que queria ir

    para casa.Quando aLinha Maginot ficou pronta, em 1935, Hitler j alcanara o

    poder absoluto como Fhrer, Chanceler, Presidente, dspota absoluto e oflautista de Hamelin da nao alem. Esse homem repelente conseguirainocular o vrus da vanglria em uma nao inteira e, com a ajuda dehbeis propagandistas como Goebbels, o mito da Raa Superior. Ao fazer

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    isso, ele forjara uma espada poderosa, a espada da confiana. Hipno-tizados pela repetio incessante que seu Fhrer fazia do tema, e pelacadeia de variaes deste, os alemes danavam ao som do triunfoexttico.

    Como a confiana da Frana repousava apenas na inexpugnabilidadeda Linha Maginot", no de surpreender ouvir-se Hitler dizer ao

    jornalista ingls G. Ward Price, em Berchtesgaden, em 1938: Estudei aLinha Maginot e muito aprendi com ela. O muito que aprenderaresultara de muito pouco estudo. A Linha terminava onde comeava afronteira belga; no era preciso estud-la mais. Quanto ao volumosogrupo de soldados franceses presos defensivamente dentro dela: umaxioma da arte da guerra que o lado que fica dentro das suas forti-

    ficaes derrotado. O refro de Napoleo, mas a verdade to velhaquanto a guerra. Somente alguns poucos militares franceses tiraram acabea das areias da Maginoto bastante para alertar o governo contra o

    perigo. Um deles foi o Coronel de Gaulle e o outro foi o GeneralGuillaumat: perigoso deixar que se propague a idia falsa edesmoralizadora de que, uma vez que tenhamos fortificaes, a invio-labilidade do nosso pais estar garantida e de que elas so um substitutopara o trabalho rduo de preparao das vontades, dos coraes e das

    mentes. Ningum deu ateno advertncia. O povo francs estavaadormecido, narcotizado pela Maginot. Ele estava moralmente podre,fisicamente flcido e, pela aparncia, mentalmente perturbado.

    Como o historiador Polbio observou h dois mil anos, cabe ao generalcriar um esprito belicoso, pois de todas as foras na guerra, esta amais influente. Cabe tambm ao general tirar partido das armas assestadascontra ele. Quanto ao primeiro ponto, Hitler elevou o moral do povoalemo a um estado equivalente superioridade numrica em homens earmas; quanto ao segundo, inter allia, ele fez intrigas para infiltrar aideologia hostil do comunismo na Frana, onde ela completou a desmora-lizao do povo com a sua mcula. Assim, at o dia 3 de setembro de1939, ele criara condies desfavorveis. Mas com a invaso da Polnia ea inevitvel e conseqente declarao de guerra pela Frana e Gr-Bretanha, ele forara uma deciso que submeteria sua habilidade deestrategista a um teste gigantesco.

    Uma das caractersticas de Hitler era a sua incapacidade de delegar.Este era um corolrio natural do seu despotismo. Ele queria tomar todas

    as decises e assumir toda a responsabilidade e, se tivesse podido assumiro controle divino de tudo, da estratgia principal ao desenho dos botesdas suas tropas, teria sido um general divino. Mas entre ele e tal condioestavam os generais do seu Alto-Comando, que eram simples humanos,sem nenhuma aspirao a divindade, e eram administradores muito maiscapazes do que seu Fhrer, que odiava o trabalho sistemtico tanto quanto

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    odiava a delegao de poderes.A prtica militar normal est em nomear comandantes pela sua percia

    nos vrios aspectos da estratgia, consult-los e coordenar seus conselhos.Um plano geral de campanha ento desenvolvido e os comandantes

    recebem ordem para p-lo em prtica nos seus vrios estgios.Hitler funcionava da maneira inversa. Seu dio pela delegao de

    poderes se baseava na desconfiana. Como todos os megalmanos, eletemia rivalidade, temia qualquer outra mo nas rdeas do poder que no asua. Quando estava preso na fortaleza de Landsberg, astutamente desen-corajara todas as tentativas dos seus adeptos para reviver o proscritoPartido Nazista, porque no poderia lider-lo enquanto estivesse na

    priso, mas to logo foi libertado, rapidamente atirou-se tarefa de res-

    taurar o Partido, de lider-lo. E a obteno do poder absoluto, durante aprimeira metade da dcada de trinta, foi coroada pelo seu prprio decretoque dizia inequivocadamente: Doravante exero pessoalmente ocomando imediato de todas as foras armadas.

    Como at mesmo Hitler podia ver a impraticabilidade de estender seucomando, como uma teia, por todas as ramificaes da organizao, elefez uma concesso ortodoxia militar, criando o Alto-Comando, o OKW.Todavia tratava-se de um organismo controlado pelos lacaios favoritos de

    Hitler, e no era uma comisso consultiva influente. Ele servia como umcomputador para elaborar os detalhes dos grandes desgnios de Hitler etambm o informava o que era prtico ou no e, nesse sentido pode-setalvez dizer que era consultivo. Entretanto, Hitler convocava o Alto-Comando j com sua deciso tomada. Quando a deciso coincidia com aopinio do Alto-Comando, tudo corria normalmente; quando suasrecomendaes eram destroadas na balbrdia daquilo que Hitlerchamava conferncias, ele se recusava a considerar qualquer questo deemendaento o Fhrer fazia prevalecer a sua vontade de ferro.

    Naturalmente, os chefes do exrcito muitas vezes ficavam ressentidoscom esse tratamento. Afinal de contas, eles eram tticos e estrategistas ex-

    perimentados, e sentiam-se capazes de opinar sobre qualquer situaomilitar. Era humilhante serem tratados com desdm, apenas porque seus

    pontos de vista no levavam em conta as manobras dos politiqueiros. E,como todo o curso da histria alem ps-Versalhes o demonstrou, a humi-lhao extremamente perigosa. Ela resultou em conspiraes que sforam neutralizadas pela infiltrao da polcia secreta de Himmler nas

    Foras Armadas. Algumas conspiraes jamais foram de todo neutra-lizadas, apesar das atividades traioeiras do chefe das SS. Um plano pararaptar e derrubar Hitler s foi ironicamente frustrado pelas trmulassplicas de Chamberlain em Munique, em 1938. A tentativa deassassinato no plano da bomba, a 20 de julho de 1944, s falhou no grauda sua eficcia, e houve pelos menos cinco outros atentados contra sua

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    vida.Todos os ditadores so sujeitos s tentativas invejosas de outros

    magalmanos de usurpar o poder; mas os generais de Hitler que tramaramcontra ele estavam apenas preocupados em evitar os desastres que viam

    germinar nas suas decises. Eles o aconselharam insistentemente contra oataque Tchecoslovquia, em 1938. Ele era como um homem enlou-quecido", diz Brauchitsch. Comandante-Chefe do exrcito, falando sobreuma reunio em que o Alto-Comando permanecera firme. Ele suava,gritava, havia espuma em seus lbios, e durante minutos sua fala foiincoerente. S depois de uma terrvel tempestade que compreendemosque era sua vontade inaltervel esmagar a Tchecoslovquia"

    O que frustrava o Alto-Comando que Hitler repetidamente mostrou

    estar certo. Isto embotou a capacidade de discernimento e a autoconfianado seu Estado-Maior. E, como resultado, este organismo de alto gabaritoprofissional no pde ajudar a Hitler nas campanhas vitais do final daguerra.

    Hitler muitas vezes demonstrou desprezo pelo Alto-Comando, emgeneralizaes incorretas como: Nenhum general jamais dir que est pronto para atacar; nenhum comandante travar qualquer batalhadefensiva antes de procurar uma linha mais curta. Ele prprio era um

    amador inspirado em estratgia militar. Conhecia todas as teorias segundoClausewitz, as batalhas clssicas de Dario e Alexandre, as manobras deAnibal em Cannae e de Frederico, o Grande, em Leuthen; e, embora rara-mente visitasse a linha de frente, sabia como reagia o soldado em cam-

    panha, e tinha slida noo de suas necessidades. Afinal de contas, ele prprio fora combatente e provavelmente sua Cruz de Ferro lhe foraconcedida por algum ato de bravura, embora a citao jamais fossedivulgada.

    De qualquer modo, justifica-se um pouco de benevolncia ao analisar-se a fuga um tanto rpida do local da ao, no putsch de 1923. Conside-remos que a coragem s na realidade virtude quando dirigida pela

    prudncia.As maneiras como ele expressava desprezo pelo Alto-Comando so

    menos reveladoras do que suas razes para isso. Entre as possveis razesdeve-se incluir o dio que na adolescncia sentira pelos militares, quandoum jovem oficial lhe roubara os afetos de Stefanie. Tambm havia muitas

    provas de que o Estado-Maior imperial alemo apressara a entrada dos

    Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial, por introduzir ataquessubmarinos indiscriminadamente; por destruir as esperanas de paz com aRssia, exigindo que se estabelecesse um Reino da Polnia e enviandoLenine e seus colegas, emigrados de Genebra, para a Rssia, em 1917, edirigir mal a batalha de Verdun, em 1916, prolongando, dessa maneira, aguerra. Mas havia uma causa ainda mais profunda para o seu desprezo: o

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    esprito reacionrio que, segundo ele dizia, eivava os altos escales doexrcito como resultado da esterilidade dos Habsburgos, da astciajudaica e da doena manica do favoritismo na. distribuio dos altoscargos.

    Quando da declarao de guerra dos Aliados, a 3 de setembro de1939, Hitler podia dar-se ao luxo de rir na cara dos seus generais. Elesno tinham nada que os apoiasse em sua folha de servio. As sugestesque haviam apresentado durante a fundao doReich dos Mil Anos do seuFhrer haviam sido por ele recusadas com fria desptica, ou foramfriamente ignoradas. Desde o momento em que desaconselharam a reo-cupao da Rennia, como a primeira demonstrao de que os tentculosdo Reich iam-se movimentar, at os reiterados avisos desestimuladores do

    ataque Tchecoslovquia, eles foram considerados errados. E mesmocom a declarao de guerra pela Gr-Bretanha e Frana, eles tiveram adesconcertante satisfao de ver a Polnia cair ante seus exrcitos com

    pouco mais de um ligeiro esforo. O Alto-Comando olhava timidamentepara o seu Comandante-Supremo, temeroso das suas intuies. Para ondeelas se dirigiriam a seguir?

    O estrategista em ao

    Ns, alemes, conhecemos bem, por experincia, quanto durocontrariar a Inglaterra". "Nenhum sacrifcio ser demasiado para atermos a nosso lado: renncia a nossas colnias, ao poderio naval, concorrncia industrial. A Inglaterra nossa aliada natural.Hitler

    Embora o destino da Polnia, para todos os efeitos, estivesse seladopoucas horas depois do "golpe" de 1 de setembro, o reconhecimento daderrota s foi anunciado a 27, dez dias depois que o governo polons seinternou na Romnia. Naquele dia, Varsvia rendeu-se aps devastadorataque areo e de artilharia. Como gatos empanturrados de leite, as duasnaes vitoriosas, Alemanha e URSS, afirmaram que no havia nada mais

    pelo que lutar:Depois da soluo definitiva dos problemas resultantes do colapso do

    estado polons, servir ao verdadeiro interesse de todos os povos pr fimao estado de guerra existente entre a Alemanha, a Inglaterra e a Frana.

    Assim, Ribbentrop e Molotov foram os porta-vozes de Hitler. Era umaoferta intil de paz, nada mais do que um arremedo de boas intenes.Como vimos, Hitler j declarara secretamente ao Alto-Comando adeterminao de esmagar a Rssia. Certamente, a paz no Ocidente teriaservido quela finalidade e tentar alcan-la era um movimento

    politicamente sensato, j que dava a impresso de que as suas exigncias

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    a iminncia do inverno, a inexpugnabilidade da Linha Maginot, dvidasde que as foras na Polnia pudessem ser reequipadas e transferidas parao Ocidente, as imensas perdas que se teria de enfrentar... certo que suasdesculpas se baseavam em raciocnio militar convencional; mas tambm

    havia uma desconfiana subjacente na liderana do seu Fhrer. Sua desu-manidade fora expressada com demasiada freqncia em formas extremasde violncia para com os que se opunham a ele como o expurgo de1934. A desconfiana levava a planos conspiratrios contra sua vida. Umdeles pareceu chegar beira do sucesso, quando uma bomba explodiunum salo em Munique, onde ele falava, a 8 de outubro de 1939, mas no

    passava de uma trama cuidadosamente preparada pela Gestapo para lhepermitir dizer:Agora tenho certeza! O fato de que sa do salo antes que

    a bomba comunista explodisse uma confirmao de que a Providnciaquer que eu atinja minha meta19. A Providncia, bvio, no queria nadadisso; mas a oposio entre os generais consolidou-se peloacontecimento. J ento Hitler ordenara que o ataque do Ocidente deviacomear a 12 de novembro.

    Porm, isso no aconteceu. O Fhrer era bastante astuto para sepermitir aceitar o conselho do seu Comandante-Chefe do exrcito, Waltervon Brauchitsch, e de Franz Halder, seu Chefe do Estado-Maior, para que

    adiasse o ataque por causa do inverno. Ele viu que, assim fazendo, poderia mais tarde atirar-lhes ao rosto a pecha de incompetncia ejustificar sua recusa em continuar sendo influenciado por eles. Emborapretendesse aceitar seu conselho, um ataque de inverno no Ocidente noestava de acordo com sua intuio, apesar da urgncia com que apressaraseus preparativos. Sua megalomania ganhara intensidade, com o grandesucesso na Polnia. Ele estava decidido a assistir a outra derrocada. E,com a Gr-Bretanha ainda se preparando apressadamente para a guerra,no poderia haver surpresa. Os militares britnicos de linha, os do exr-cito territorial e os convocados, ainda careciam de armas e equipamento,quando se declarou a guerra. A medida que chegavam Frana e toma-vam posio defensiva ao longo da "Linha Maginot" e da fronteira belga,era evidente para Hitler que dificilmente mereceriam o esforo de um ata-que total. Mas, na Gr-Bretanha, a convocao e o treinamento estavam

    progredindo mais ou menos regularmente e a produo de material blicotomava impulso. Na primavera haveria no continente europeu uma fora

    britnica digna de ser derrotada. Hitler podia dar-se ao luxo de esperar.

    Pode custar-me um milho de homens, disse ele a Ernst Weizcket,

    19Hitler com freqncia mencionava a Providncia (Fgung) que, se o tinha guindado testa da nao germnica, era para lev-la a altos destinos, e o haveria de proteger. Para oateu Hitler (que, como bom poltico, nunca confessava seu atesmo), essa "Providncia" no misteriosa; trata-se da simples superstio dos inseguros.

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    Secretrio do Ministrio das Relaes Exteriores, mas custar o mesmoao inimigoe ele no pode resistir a isso.

    Entrementes, seus golpes mais eficazes podiam ser assestados contra opoderio martimo; assim, durante todo o inverno de 1939-40 o perodo

    que, por falta de atividade, passou a ser chamado de a guerra falsaquem lutou foi a marinha. O couraado-de-bolso Graf Spee afundou novenavios mercantes ingleses antes de ser empenhado em batalha, a 13 dedezembro, e perseguido at o Rio da Prata, onde o seu comandante ometeu a pique. Anteriormente, os submarinos alemes haviam afundado ocouraado Royal Oak em Scapa Flow e o cruzador mercante armado,Rawalpindi, fora afundado numa batalha contra o Scharnhorst e o Gnei-senau. Mas mesmo no mar no houve embates espetaculares. Parece que

    a capitulao da Polnia havia posto os dois lados em horrorizadainanidade, disse um dos jornais neutros da Repblica Irlandesa comsurpreendente credulidade e semntica duvidosa. A inanidade de Hitlerno era de modo algum horrorizada, tampouco era inanidade. Ele estava

    planejando cuidadosamente uma operao que considerava essencial paraque as potncias ocidentais fossem completamente derrotadas a invasoda Noruega.

    Esse plano um dos exemplos notveis da sua habilidade de estra-

    tegista. O controle da longa costa norueguesa, com seus inumerveis na-coradouros e fiordes, lhe daria bases navais e areas para ataques s rotasmartimas aliadas no Atlntico Norte. Para neutralizar esses ataques, asforas navais e areas britnicas e francesas teriam de ser retiradas de ou-tras reas vitais por exemplo, do Mediterrneo e do Mar do Norte; eHitler estava particularmente interessado na vulnerabilidade do Medi-terrneo, j que seu domnio representava a abertura de uma porta para as

    possesses francesas na frica do Norte. Tambm se devia considerar agrande vantagem material da obteno do controle da imensa produo deminrio de ferro da Noruega. Negada ao inimigo, a falta desse produtovital poderia fazer uma diferena importante para a sua fabricao dearmamentos.

    Hitler afirmava que a concepo da campanha norueguesa era sua. verdade que o Almirante Raeder sugerira, numa conferncia a 10 de outu-

    bro de 1939, que a captura de bases norueguesas lhe permitiria desafiar asupremacia naval britnica; mas o Fhrer rejeitou furiosamente a suges-to uma reao psicologicamente justificada. Ele estava reagindo cara-

    cteristicamente tentativa de um dos membros do seu Alto-Comando delhe roubar uma idia notvel. Era uma idia brilhante e Hitler sabia disso,no pretendendo deixar que qualquer crdito pela sua realizao lheescapasse. Portanto, rejeitar furiosamente a sugesto de Reader era apenasuma imposio da sua vaidade, que no admitia que lhe negassem a pater-nidade de qualquer idia brilhante.

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    Antes de me tornar Chanceler, dissera ele para justificar a usurpaodo poder supremo, eu pensava que o Estado-Maior era como um mastimque se tem de segurar com firmeza pela coleira porque ameaa todagente. Desde esto, passei a reconhecer que ele no nada disso. Ele tem

    sistematicamente tentado impedir toda ao que julgo necessria. Soueu quem sempre tem de aular esse mastim.

    Por enquanto, o Estado-Maior ficou inteiramente s escuras sobre aoperao norueguesa, j que ele dificilmente poderia rejeitar a sugesto deRaeder e depois parecer adot-la. Alis era desnecessrio inform-lo.Porque devo desmoralizar meu inimigo por meios militares se posso faze-lomuito melhor e mais barato de outras maneiras? escrevera Hitler noMein Kampf. As outras maneiras eram, no caso da Noruega, o estabe-

    lecimento da Quinta Coluna de simpatizantes nazistas de VidkunQuisling20. O General Fuller disse que Hitler sabia que, num pasdemocrtico, um exrcito praticamente intil se o povo simpatizar como inimigo... razo por que os governos autocrticos organizam sempredois exrcitos, um para combater um possvel inimigo, e outro paracontrolar o povo.

    Quisling, como Hitler, era um rancoroso e temvel inimigo do comu-nismo e, por assim dizer, prostara-se perante o lder alemo. Suas mesuras

    no eram desinteressadas. Esperava ser um dia o Fhrer da Noruega. O partido que formara para segui-lo, que chamou de Nasjonal Samling(Unidade Nacional), fora desdenhosamente tratado pelo eleitorado e srecebeu dois por cento dos votos, e nenhuma cadeira no parlamento.Secretamente desanimado por essa reao, ele, porm, usou das suas liga-es no exrcitoera major e fora Adido Militar em Moscou para divul-gar as idias nazistas entre as foras armadas. Essas tentativas tiveramxito considervel: a insistncia incessante de Hitler nas virtudes militaresdas raas nrdicas no deixou de ter seu efeito de propaganda.

    Assim, quando a guerra comeou, Quisling foi ao encontro de Hitlerem Berchtesgaden para discutir os assuntos da Sociedade Tule, uma orga-nizao que usava a mitologia nrdica para disfarar suas atividades pol-ticas sub-reptcias (ver nota 3). Os assuntos discutidos nessa ocasioforam as tticas do Nasjonal Samling. O prprio Hitler redigiu as metas

    20A Quinta Coluna, expresso corrente durante a guerra, era o conjunto de simpatizantes,espies, traidores, inocentes teis e sabotadores, que solapava o moral, criava boatos,interferia nas comunicaes, lanava a confuso geral, sabotando o esforo de guerra emesmo as operaes de campanha na retaguarda dos exrcitos. A expresso originou-se naguerra civil espanhola, quando um general que comandava quatro colunas contra uma cidadeafirmou que ela seria realmente tomada por uma Quinta Coluna, oculta em seu interior. V-rios generais e vrias ocasies so indicados como originando a expresso. O estranho queos historiadores jamais descobriram tal general; todas as indicaes j foram positivamenteeliminadas.

  • 8/6/2019 Arquivos - Hitler

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    Segunda Guerra Mundial 37

    daquele partido. Eram elas: restringir o poderio naval britnico pelo esta-belecimento de bases navais e areas na costa ocidental da Noruega; opor-se s comunicaes martimas entre a Gr-Bretanha e a Rssia Seten-trional; abrir o Mar do Norte e o Atlntico para a frota alem e garantir a

    rota martima para o transporte de minrio de ferro para a Alemanha. Aajuda de Quisling nessas atividades secretas seria recompensada com aliderana do governo noruegus, to logo a invaso alem se mostrasse

    bem sucedida. A recompensa final de Quisling seria a apresentao domemorando de Hitler como prova cont