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1 ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO Oficina semipresencial “O(s) uso(s) de documentos de arquivo na de aula” Seqüência Didática Vitor Mendes Monteiro Núcleo de Acervo Cartográfico Título Quem fez a cidade? A expansão da cidade de São Paulo no século XX. 2013

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ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Oficina semipresencial

“O(s) uso(s) de documentos de arquivo na de aula”

Seqüência Didática

Vitor Mendes Monteiro

Núcleo de Acervo Cartográfico

Título

Quem fez a cidade?

A expansão da cidade de São Paulo no século XX.

2013

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Tema

Os agentes da expansão de São Paulo no século XX e suas atuações

nas estruturas da cidade.

Justificativa

A geografia é a concretização da história e a história é o fluxo que

provém de uma geografia e produz outra. Assim sendo o meio urbano no qual

vivemos e desejamos problematizar através da sequência didática necessita de

um estudo histórico.

O meio urbano é obviamente fruto dos homens, porém sua intensa

dinâmica, seu tamanho (no caso de São Paulo e seus municípios vizinhos)

somada ao fato que, além de ser um objeto de estudo, é primeiramente nosso

lugar de convivência pode levar à naturalização de seus elementos

constituintes e de sua (re)construção, ou seja, o urbano deve ser entendido

pelo pressuposto apresentado por Rocha de que “problematizações de

situações que parecem ter sempre existido, mas são históricas, ou seja,

sujeitas à mudança, pela própria ação dos homens” para que seja possível

abordar um dos conteúdos a serem desenvolvidos na Geografia, mas

possibilitando enxergar as decisões e os diferentes atores presentes nelas que

resultaram na realidade atual da Região Metropolitana de São Paulo.

Analisar a realidade urbana através desta perspectiva evidencia a

ligação entre passado e presente, e também a interdeterminação entre

sociedade e espaço. Em última instância a relação entre História e Geografia

como princípios da dinâmica da vida.

Enquanto a Geografia é especialmente definida em Ritmos e Durações, a História tem sua temporalidade definida predominantemente nas Sucessões. E a História está na Geografia pela descontinuidade das durações, e a Geografia está na História pela descontinuidade das sucessões. E entre essas descontinuidades encontramos a desigualdade/desequilíbrio que compõe a síntese dos ritmos dos Momentos (MARTINS, 2007, pág. 41).

Para dar conta de um tema complexo e que precisa ser abordada em

sala de aula foi desenvolvida a sequência que está inserida na disciplina de

Geografia, mas gostaríamos de frisar que também pode ser um projeto

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interdisciplinar com amplas possibilidades, principalmente com História e

Sociologia e disparador de outros projetos como por exemplo com Biologia,

abordando os impactos ambientais da urbanização.

O tema principal é o espaço urbano, que dentro das sugestões de temas

das “Orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares

Nacionais” está no eixo “O homem criador de paisagem/modificador do

espaço”. Apesar da necessidade de organizar os conteúdos a serem

trabalhados para melhor articulá-los e até para apresentá-los como um projeto

a divisão em temas e mesmo em eixos pode ser incompatível com a sequência

didática, já que esta procura problematizar a realidade espelhada nos

conteúdos a SD deve extrapolar os limites dos eixos tradicionais, não com a

modificação dos nomes dos temas a serem tratados, mas sim de como são

tratados. Por exemplo: Em nossa SD utilizaremos uma gama de documentos

cartográficos, para tanto os alunos já devem ter algum grau de alfabetização

em cartografia, porém a própria SD poderá, colateralmente aos seus objetivos

principais, munir os alunos de mais experiências nesta linguagem que pelo

referido documento oficial do Estado está em outro eixo temático.

Objetivos

* Problematizar a construção do espaço urbano produzido pela sociedade,

portanto, fruto de seus atores que existem e atuam dialeticamente, abordando

a divisão social como produto e produtor do espaço urbano.

* Desconstruir a visão otimista da construção das cidades por um viés de

desenvolvimento histórico linear e progressivo que dará conta de solucionar os

problemas urbanos “naturalmente”, mas também a vitimista de um lugar sem

solução.

* Revelar a cartografia de maneira geral, em específico a histórica e

outros documentos históricos como fonte de pesquisa e instrumento de

entendimento da realidade atual.

Componente Curricular

Espaço urbano

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Ano (série)

2º ano do Ensino Médio

Tempo previsto (Número de aulas)

5 aulas

Desenvolvimento e conteúdo das atividades

Material para sequência didática: Cópia dos documentos cartográficos e

iconográficos.

A primeira parte da atividade (1ª e 2ª aulas) consiste em pedir para que

os alunos identifiquem pontos em comum que existam em todas cartas,

escolheremos alguns pontos para serem marcados nas cartas, esse

procedimento é uma simplificação do processo de georreferenciamento e será

útil para que eles não se enganem por eventuais diferenças de escalas entre

os mapas e os pontos marcados se tornarão a referência para que se visualize

o crescimento horizontal da cidade, além disso os aproxima de procedimentos

da Geografia/cartografia.

Seguirá uma discussão dos sentidos para os quais a cidade (cidade

como aglomerado urbano e não de município isoladamente) cresceu, esses

fase também será permeada pela colocação, por parte do professor, de alguns

eventos históricos que contribuíram significativamente para a densificação da

população paulista e do espaço urbano e de seus agentes produtores, que

segundo Corrêa são: “Os proprietários dos meios de produção, sobretudo os

grandes industriais; Os proprietários fundiários; Os promotores imobiliários; O

Estado; Os grupos sociais excluídos.”

Na segunda parte da SD (3ª aula), os alunos se dividirão em grupos

para os quais serão entregues 6 imagens de paisagens de São Paulo (de 3

locais em momentos diferentes) para que por meio de uma aproximação

escalar seja possível aprofundar a discussão, levando em consideração

também o crescimento vertical da cidade e as mudanças em suas estruturas e

funções.

O professor dará algumas informações básicas sobre os três locais:

função atual e na época da representação mais antiga, alguns e apontamentos

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importantes seriam dizer que o bairro da Liberdade e a Rua Espírita estão

próximas ao centro da cidade e que o áreas no entorno do Rio Pinheiros

tinham favelas que foram desalojadas através da Operação Urbana Água

Espraiada e identificar os locais das imagens no mapa.

Avaliação (4ª aula)

Os grupos deverão responder a seguinte questão: O que foi modificado e o que

se manteve nas paisagens representadas? Com base nas discussões em sala

de aula discorra sobre as possíveis causas da presença/ausência de

mudanças e os agentes (pessoas, instituições e interesses) envolvidos nelas.

A finalização da SD (5ª aula) acontecerá com o professor debatendo

com os alunos as respostas dos grupos e se necessário complementando com

informações sobre os processos de cada lugar e sua relação com a cidade,

nacional e com o mundial.

Anexos – Cartas

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Planta Geral da Capital de São Paulo; organisada sob a direção do Dr. Gomes Cardim Intendente de Obras (Rectificada); Colorido. 1897. 88x63. 1:20000. Fundo APESP

Planta do município de São Paulo e planta do centro do município; Colorido. 1927. 1:33000. 70x98 cm. Fundo APESP

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São Paulo. Projeção Hiperboloid com rede quilométrica. Área urbana. 1951. 1:40.000. 91x45. Fundo IGG

Google maps - 2013

Anexos – Imagens

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Campo de Marte:

Google Earth 2013 Campo de Marte - Data: 1927 - 9x13 cm PB gelatina e prata - Fotógrafo: Caio P. Barreto

Marginal Pinheiros

Google Earth 2013 Desalojamento do Jardim Edith (1993-1996)

Vista parcial da cidade a partir da Rua Espírita, Liberdade:

Google Earth 2013 Rua Espírita. 1927 - 11,5x18cm PB gelatina e prata - Fotógrafo: Caio P. Barreto

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Bibliografia

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. PCN+: Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais – Ciências Humanas e suas Tecnologias. Brasília: MEC – Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 2002.

CORRÊA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. Série Princípios, 2004.

FERRAZ, Henrique. São Paulo Hoje. Revista Eletrônica de Ciências – Número 23, Janeiro de 2004.

MARTINS, Élvio Rodrigues. Geografia e Ontologia: O fundamento geográfico do ser. GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 21, pp. 33 - 51, 2007

PEREIRA, Carla Janaína de Freitas. Roteiro para a elaboração da Sequência Didática. Arquivo Público do Estado de São Paulo, 2013.