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Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte e não acrescentando qualquer tipo de

propaganda comercial.

Francisco José d’Almeida DiogoProfessor da Seção de Engenharia de Fortificação e Construção

Instituto Militar de Engenharia – IME

Praça General Tibúrcio, 80 - Praia Vermelha

CEP. 22290-270

Tel: 55 21 2546-72896

E-mail: [email protected]

O autor fica grato por sugestões e comentários quanto a erros ou omissões havidas, em prol da melhoria

deste trabalho.

ARQUITETURA

Juízo que baliza a

arte de projetar

Partido Arquitetônico

Catedral de Brasília/DFCroquis

A genial síntese de Niemeyer foi transformar a curva plástica da coluna do Alvorada nos 16 elementos

estruturais que definem o espaço da Catedral.

Fonte (2/11/2015): http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo

Estético

Plástico

Científico

Filosófico

Religioso

Intuitivo


1) O projeto de arquitetura inicia-se com:

a) um programa (que se desdobra em múltiplas necessidades) e

b) um sítio (contexto, na sua mais ampla acepção).

Considerando todas as exigências colocadas, o arquiteto

interpreta-as e dá um passo preliminar do processo de projeto:

INTERPRETAÇÃO.


Partido Arquitetônico, Prof. Dra Adriana Mara Vaz de Oliveira e Prof. Gustavo Garcia do Amaral

O CONCEITO

O Conceito situa-se num plano abstrato.

Pode-se admitir várias soluções espaciais

e formais viáveis, que devem ser testadas

quanto às suas qualidades formais,

construtivas ou funcionais para a definição

do melhor partido.

Definições da palavra “conceito”

Dicionário Michaelis:

sm (lat conceptu) 1 Aquilo que o espírito

concebe ou entende; ideia; noção. 2

Expressão sintética. 3 Símbolo, síntese.

...

12 Lóg A ideia, enquanto abstrata e geral.

2) Na continuação, o arquiteto define um conceito. O conceito expressa a ideia

subjacente no desenho e orienta as decisões de projeto em uma determinada

direção, organizando e excluindo as variantes (LEUPEN,2004).

Milwaukee Art Museum – Santiago Calatrava, 2001


Milwaukee Art Museum

O conceito é o resultado de associações de qualquer natureza, gerado para

criar a proposição do partido arquitetônico, necessita dos conhecimentos

assimilados pelo arquiteto.

O conceito pode adotar múltiplas formas:

• Esboços de forma (tradição, invenção);

• Esquemas de planta;

• Cortes esquemáticos;

• Diagramas; e

• Metáforas.


Conceito•

Alinha-se com uma Ideia original e genérica sobre a maneira de resolver

espacialmente um tema de arquitetura.

• Revela o julgamento, o entendimento, a opinião do arquiteto sobre o tema e

suas intenções sobre seu trabalho, que se manifestará como obra

construída.

• Fundamenta a concepção do projeto arquitetônico > formulação primeira da

sua proposta de solução espacial e técnica.

• Encaminha a definição do partido arquitetônico.

• No entanto, a mente humana não trabalha sobre o vazio, mas sobre

conhecimentos prévios devidamente amadurecidos e armazenados na

memória – estudos de caso.

Este estudo deve ser complementado ainda pelos dados do

projeto, formados por condicionantes:

1)Análise do programa arquitetônico estabelecido

2)Estimativa de dimensões, área construída, configuração geral

do(s) volume (s) resultantes do programa

3)Estudo das características do terreno > formato, dimensões,

relevo

4)Estudo das limitações impostas pela legislação pertinente

5)Avaliação dos recursos materiais, ambientais

6) Identificação dos demais condicionantes significativos >

acessos, insolação, fonte de ruídos, edificações vizinhas,

vegetação, etc. ( SILVA, 1991)


Fatores

Condicionantes

• Técnica construtiva

• Materiais, métodos e recursos humanos

• O clima e tempo

• O modelado e o tipo de solo do sítio

• Programa de necessidades, usos, costumes,

conveniência do empreendedor

• Forma de financiamento da obra

• Legislação


SILVA, 1983

Principais condicionantes do partido arquitetônico:

Atendimento aos requisitos técnicos, construtivos, legais,

econômicos e funcionais;

Cuidado com aspectos do terreno, clima, condições físicas e

topográficas e seu entorno;

Beleza e conforto de uma maneira atrativa e acolhedora tanto para os

usuários como para os visitantes;

Implantação a partir dos principais eixos (topografia, insolação, etc.);

Edificações com formas geométricas simples, localizadas

adequadamente no terreno;

Aspectos do programa, pré-setorização, acomodando todas as

funções previstas;

Opção por edificação de caráter horizontal ou vertical (por questões

técnicas, de circulação, estética e psicológica);

Melhor utilização para diversas atividades de caráter público;

Simetrias e geometrias;

Luz e ventilação;

Jardins, paisagismo, conforto ambiental;

Integração com o meio natural e tipo de estrutura.

O partido arquitetônico pode surgir de:

•Análise do terreno (localização, fotos do local, entorno, visitas, ligações, acessos);

•Programa de necessidades (setorização, arranjo vertical e horizontal);

•Aspectos da implantação (orientação, insolação, luz natural, privilegiar o meio

ambiente existente);

•Aspectos construtivos (materiais, partido estrutural);

•Volume pretendido (forma, fachadas, movimento, transparência, cor, linhas curvas

ou retas);

•Fluxos (distribuição espacial das funções, circulação principal, integração espacial,

eixo norteador);

•Identidade (imagem do lugar);

•Aspectos conceituais (tema, história);

•Critérios de viabilidade do projeto (avaliar fatores econômicos, técnicos e

ambientais);

•Posição arquitetônica (determinado arquiteto e/ou tendência contemporânea);

•Teorias e idéias (fruto de leituras, análises de projeto e reflexão sobre o tema);

•Necessidade de flexibilidade do projeto (para crescimento futuro e/ou

adaptações possíveis); e

•Legislação regulamentadora (código de obras, uso do solo, ambiental, etc.).


O conceito situa-se num plano

abstrato, pode-se admitir várias

soluções espaciais e formais viáveis,

que devem ser testadas quanto às

suas qualidades formais,

construtivas ou funcionais para a

definição do melhor partido, porém

A concepção do projeto não deve

violar as ideias assumidas pelo

arquiteto, e sim atender as

condicionantes e qualidades locais

geradoras da síntese, que resulta

no PARTIDO ARQUITETÔNICO.


Partido arquitetônico =

contexto objetivo do programa (interpretação dos condicionantes)

+intenção plástica do projetista (SILVA,1991).


• O partido tem um papel instrumental. É uma

ferramenta de projeto que permite ao projetista fazer o

registro gráfico da idéia preliminar do edifício. É o

espaço do dialogo com o cliente interno e externo,

expressando a idéia proposta, o atendimento da

expectativa e da viabilidade da solução.

• A busca da compatibilização pode ensejar

modificações no partido, na idéia, inclusive alterações

substanciais no próprio partido. Quando é difícil

conciliar técnica, interesses, normas, é no partido que

os ajustes podem ser melhor encaminhados.


O partido arquitetônico

“enquanto satisfaz apenas às exigências técnicas e funcionais -

não é ainda arquitetura; mas quando - popular ou erudita -aquele

que a ideou para e hesita ante a simples escolha de um

espaçamento de pilar ou de relação entre altura e largura de um

vão e se detém na procura obstinada da justa medida entre

cheios e vazios, na fixação dos volumes e subordinação deles a

uma lei e se demora atento ao jogo de materiais ao seu valor

expressivo - quando tudo isso vai apouco somando, obedecendo

aos mais severos preceitos técnicos e funcionais, mas também

àquela intenção superior que seleciona, coordena e orienta em

determinados sentido toda essa massa confusa e contraditória de

detalhes, transmitindo assim ao conjunto ritmo, expressão,

unidade e clareza - o que confere à obra o seu caráter de

permanência. Isto sim é arquitetura" Lúcio Costa

Os dados e informações podem ser coletados

dos seguintes modos:

discussão com os clientes;

discussão com especialistas;

pesquisa bibliográfica;

visita a organizações similares.


Tanto os aspectos de qualidade do ambiente projetado como as

questões estéticas inerentes ao partido adotado encontram-se envolvidos

na criação do partido arquitetônico.

As seguintes decisões devem ser tomadas:

Apropriação do terreno (figura 2);

Acessos e relação com entorno (figura 3);

Distribuição do programa (horizontal e vertical);

Orientação solar;

Elementos de fachada, aberturas, cobertura;

Elementos de circulação, ligação, restrição;

Definição formal; e

Interpretação do tema e dos conceitos.

É preciso “imaginar o todo, julgando tudo”.

Figura 2 – Apropriação do terreno

Centro Cultural Dragão do Mar, Fortaleza/CE

Figura 3 - Acessos e relação com entorno

Fonte: http://www.roslynoxley9.com.au

Fonte: http://pranchetadearquiteto.blogspot.com.br

Museu de Arte

Contemporânea

de Niterói

Oscar Niemeyer (2006)

“Como é fácil explicar este projeto!

Lembro quando fui ver o local. O mar, as

montanhas do Rio, uma paisagem

magnífica que eu devia preservar.

E subi com o edifício, adotando a forma

circular que, a meu ver, o espaço requeria.

O estudo estava pronto, e uma rampa

levando os visitantes ao museu completou

o meu projeto. “

Oscar Niemeyer (1996)

• Exemplo verbal

– Brasília (objeto arquitetônico) é como uma cruz que marca um território ou uma posse (aquilo que se afirma). Não é o trabalho de um ladrilhador (aquilo que se nega).

Exemplo de partido arquitetônico

• Exemplo não verbal


Projeto (residência): arquitetos Cláudio Libeskind e Sandra Llovet

Local: São Luís do Paraitinga/SP

Partido arquitetônico: inspirado em Le Corbusier, o modelo pavilhão.

Edíficio Copan São Paulo/SP

Arquiteto: Oscar Niemeyer

“Não é ângulo reto que me

atrai, nem a linha reta,

inflexível, criada pelo homem.

O que me atrai é a curva livre e

sensual, a curva que encontro

nas montanhas do meu país.

No curso sinuoso dos seus

rios, nas ondas do mar, no

corpo da mulher preferida. De

curvas é feito todo o universo,

o universo curvo de Einstein.”


Oscar Niemeyer

Ocas indígenas e abrigos

de pescadores a casas

coloniais em estilo

eclético foi o partido

arquitetônico para a

construção dessa casa.


Gonçalves/MG

Erguida sobre pilotis para preservar o meio ambiente


Esta casa foi inspirada em minerais.

Seu criador Yasuhiro Yamashita define

a idéia como a construção que utiliza

a estrutura de arestas e reflexão dos

minerais, isto para otimizar o uso de

luz natural e espaço interno.

Tóquio/Japão

MUSEU ECOLÓGICO DO IGUAÇU EM SALTO SEGREDO - COPEL

• Planta quadrada fechada abrigando o acervo em dois pavimentos:

SETORIZAÇÃO DO ACERVO

• Saguão envidraçado – vidro reflexivo

em painel refletindo a paisagem do entorno

• Grande deck avançando para favorecer a

vista da barragem – exposições externas

• Estrutura em troncos de eucaliptos

independente da alvenaria

• Aproveitamento do desnível do terreno

para acesso coberto de veículos

• Paisagismo com plantas baixas para

não obstruir a vista do edifício

• Acesso pelo horto


ÓPERA DE ARAME


Curitiba/PR

Construída em estrutura tubular e teto de policarbonato transparente.

Projeto: Prof Arq. Domingos Bongestabs, UFPR (autor do projeto da Unilivre).

Auditório: 1648 lugares (4000m2)Palco: 400m²

Construída em 75 dias, na cratera de uma

pedreira desativada, no Bairro Pilarzinho.

Diretriz: não interferir com a paisagem.

Curitiba/PR

ÓPERA DE ARAME

UNIVERSIDADE LIVRE DO MEIO AMBIENTE - UNILIVRE CURITIBA/PR

• Ocupação de área livre de vegetação

• Integração à paisagem do entorno:

espaço, mata, acesso e lago• Recuperação da paisagem de

antiga estrada

• Acesso pela mata


Bibliografia

• http://www.observatorio.pro.br

• http://ciadearquitetura.files.wordpress.com/

• http://mercadoblumenau.blogspot.com

• http://www.vitruvius.com.br/

LEUPEN, Bernard, et al. Proyecto y análisis: evolucion de los

principios em arquitectura. Barcelona: Editora Gustavo Gilli, 2004.

SILVA, Elvan. Uma introdução ao projeto arquitetônico. Porto Alegre: Ed.

Da Universidade UFRGS; Brasília, MEC/SESu/PROED, 1983. 122p.

Dra Adriana Mara Vaz de Oliveira e Prof. Gustavo Garcia do Amaral

Partido Arquitetônico. UFG

http://www.observatorio.pro.br/

http://ciadearquitetura.files.wordpress.com/

http://mercadoblumenau.blogspot.com/

http://www.vitruvius.com.br/

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

Praça General Tibúrcio, 80 - Praia Vermelha. CEP: 22.290-270 Rio de

Janeiro – RJ. Telefone: (21) 3820-4199. www.ime.eb.br

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