arquitetura de redes tcp

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5/16/2018 ArquiteturadeRedesTCP-slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/arquitetura-de-redes-tcp 1/6 BRUNO GUIMARÃES E  VANGELISTA SOARES  Arquitetura de Redes TCP - 6 Arquitetura de Redes TCP/IP  Por Fernando LozanoNo ar em 08 de outubro de 1998  Introdução No mundo de hoje, não se pode falar de redes sem falar do TCP/IP. O conjunto de protocolos originalmente desenvolvido pela Universidade da Califórnia em Berkeley, sob contrato para o Departamento de Defesa dos EUA, se tornou o conjunto de protocolos padrão das redes locais e remotas, suplantando conjuntos de protocolos bancados por pesos pesados da indústria, como a IBM (SNA), Microsoft (NetBIOS/NetBEUI) e Novell (IPX/SPX). O grande motivo de todo este sucesso foi justamente o fato do TCP/IP não ter nenhuma grande empresa associada ao seu desenvolvimento. Isto possibilitou a sua implementação e utilização por diversas aplicações em praticamente todos os tipos de hardware e sistemas operacionais existentes. Mesmo antes do boom da Internet o TCP/IP já era o protocolo obrigatório para grandes redes, formadas por produtos de muitos fornecedores diferentes, e havia sido escolhido pela Microsoft como o protocolo preferencial para o Windows NT, devido às limitações técnicas do seu próprio conjunto de protocolos, o NetBEUI. Entretanto, ao contrário dos procolos proprietários para redes locais da Microsoft e da Novell, que foram desenhados para serem praticamente "plug and play", as necessidades que orientaram o desenvolvimento do TCP/IP obrigaram ao estabelecimento de uma série de parametrizações e configurações que devem ser conhecidas pelo profissional envolvido com instalação, administração e suporte de redes. Esta primeira aula tem por objetivo passar os conhecimentos teóricos necessários para tornar os alunos aptos a seguirem as aulas seguintes, que explicarão como implementar redes TCP/IP no Windows 95, Windows NT, Netware e outros sistemas populares no mercado. Ao contrário da maioria dos livros "introdutórios" sobre TCP/IP que vemos nas livrarias e universidades, não vamos nos preocupar com os detalhes sobre formatos de pacotes e algoritmos empregados na implementação do protocolo. Vamos nos preocupar sim com os conhecimentos realmente necessários para se trabalhar corretamente com os vários produtos existentes no mercado. As Pilhas de Protocolos Quem já estudou mais a fundo a documentação de produtos de redes ou participou de cursos mais específicos certamente se deparou com o "Modelo OSI de 7 Camadas". Todos os softwares de redes são baseados em alguma arquitetura de camadas, e normalmente nos referimos a um grupo de protocolos criado para funcionar em conjunto como uma pilha de protocolos (em inglês, protocol stack, por exemplo the TCP/IP stack). O termo "pilha" é utilizado porque os protocolos de uma dada camada normalmente interagem somente com os protocolos das camadas imediatamente superior e inferior. O modelo de pilha traz a vantagem de modularizar naturalmente o software de redes, permitindo a sua expansão com novos recursos, novas tecnologias ou aperfeiçoamentos sobre a estrutura existente, de forma gradual. Entretanto, o Modelo OSI é uma modelo conceitual, e não a arquitetura de uma implementação real de protocolos de rede. Mesmo os protocolos definidos como padrão oficial pelo ISO - International Standards Organization - a entidade criadora do modelo OSI, não foram projetados e construídos segundo este modelo. Por isso, vamos utilizar nesta aula uma simplificação do modelo OSI. O importante é entender o conceito de pilhas de protocolos, pelo qual cada camada realiza uma das funções necessárias para a comunicação em rede, tornando possível a comunicação em redes de computadores utilizando várias tecnologias diferentes.

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5/16/2018 Arquitetura de Redes TCP - slidepdf.com

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BRUNO GUIMARÃES E VANGELISTA SOARES 

 Arquitetura de Redes TCP - 6

Arquitetura de Redes TCP/IP Por Fernando Lozano* 

No ar em 08 de outubro de 1998  

Introdução 

No mundo de hoje, não se pode falar de redes sem falar do TCP/IP. O conjunto de protocolos originalmente

desenvolvido pela Universidade da Califórnia em Berkeley, sob contrato para o Departamento de Defesa dos EUA, setornou o conjunto de protocolos padrão das redes locais e remotas, suplantando conjuntos de protocolos bancadospor pesos pesados da indústria, como a IBM (SNA), Microsoft (NetBIOS/NetBEUI) e Novell (IPX/SPX).

O grande motivo de todo este sucesso foi justamente o fato do TCP/IP não ter nenhuma grande empresa associadaao seu desenvolvimento. Isto possibilitou a sua implementação e utilização por diversas aplicações em praticamentetodos os tipos de hardware e sistemas operacionais existentes.

Mesmo antes do boom da Internet o TCP/IP já era o protocolo obrigatório para grandes redes, formadas por produtosde muitos fornecedores diferentes, e havia sido escolhido pela Microsoft como o protocolo preferencial para oWindows NT, devido às limitações técnicas do seu próprio conjunto de protocolos, o NetBEUI.

Entretanto, ao contrário dos procolos proprietários para redes locais da Microsoft e da Novell, que foram desenhados

para serem praticamente "plug and play", as necessidades que orientaram o desenvolvimento do TCP/IP obrigaramao estabelecimento de uma série de parametrizações e configurações que devem ser conhecidas pelo profissionalenvolvido com instalação, administração e suporte de redes.

Esta primeira aula tem por objetivo passar os conhecimentos teóricos necessários para tornar os alunos aptos aseguirem as aulas seguintes, que explicarão como implementar redes TCP/IP no Windows 95, Windows NT, Netwaree outros sistemas populares no mercado. Ao contrário da maioria dos livros "introdutórios" sobre TCP/IP que vemosnas livrarias e universidades, não vamos nos preocupar com os detalhes sobre formatos de pacotes e algoritmosempregados na implementação do protocolo. Vamos nos preocupar sim com os conhecimentos realmentenecessários para se trabalhar corretamente com os vários produtos existentes no mercado.

As Pilhas de Protocolos 

Quem já estudou mais a fundo a documentação de produtos de redes ou participou de cursos mais específicoscertamente se deparou com o "Modelo OSI de 7 Camadas". Todos os softwares de redes são baseados em algumaarquitetura de camadas, e normalmente nos referimos a um grupo de protocolos criado para funcionar em conjuntocomo uma pilha de protocolos (em inglês, protocol stack, por exemplo the TCP/IP stack). O termo "pilha" é utilizadoporque os protocolos de uma dada camada normalmente interagem somente com os protocolos das camadasimediatamente superior e inferior.

O modelo de pilha traz a vantagem de modularizar naturalmente o software de redes, permitindo a sua expansão comnovos recursos, novas tecnologias ou aperfeiçoamentos sobre a estrutura existente, de forma gradual.

Entretanto, o Modelo OSI é uma modelo conceitual, e não a arquitetura de uma implementação real de protocolos derede. Mesmo os protocolos definidos como padrão oficial pelo ISO - International Standards Organization - a entidadecriadora do modelo OSI, não foram projetados e construídos segundo este modelo.

Por isso, vamos utilizar nesta aula uma simplificação do modelo OSI. O importante é entender o conceito de pilhas deprotocolos, pelo qual cada camada realiza uma das funções necessárias para a comunicação em rede, tornandopossível a comunicação em redes de computadores utilizando várias tecnologias diferentes.

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O modelo de pilha de 4 camadas do TCP/IP 

O TCP/IP foi desenhado segundo uma arquitetura de pilha, onde diversas camadas de software interagem somentecom as camadas acima e abaixo. Há diversas semelhanças com o modelo conceitual OSI da ISO, mas o TCP/IP éanterior à formalização deste modelo e portanto possui algumas diferenças.

O nome TCP/IP vem dos nomes dos protocolos mais utilizados desta pilha, o IP (Internet Protocol) e o TCP(Transmission Control Protocol). Mas a pilha TCP/IP possui ainda muitos outros protocolos, dos quais veremos

apenas os mais importantes, vários deles necessários para que o TCP e o IP desempenhem corretamente as suasfunções.

Visto superficialmente, o TCP/IP possui 4 camadas, desde as aplicações de rede até o meio físico que carrega ossinais elétricos até o seu destino:

4. Aplicação (Serviço) FTP, TELNET, LPD, HTTP, SMTP/POP3, NFS, etc. 3. Transporte  TCP, UDP 2. Rede  IP 1. Enlace  Ethernet, PPP, SLIP 

Além das camadas propriamente ditas, temos uma série de componentes, que realizam a interface entre as camadas:

 Aplicação / Transporte DNS, Sockets Rede / Enlace   ARP, DHCP 

Vamos apresentar agora uma descrição da função de cada camada do TCP/IP:

1. Os protocolos de enlace tem a função de fazer com que informações sejam transmitidas de um computador paraoutro em uma mesma mídia de acesso compartilhado (também chamada de rede local) ou em uma ligação ponto-a-ponto (ex: modem). Nada mais do que isso. A preocupação destes protocolos é permitir o uso do meio físico queconecta os computadores na rede e fazer com que os bytes enviados por um computador cheguem a um outro

computador diretamente desde que haja uma conexão direta entre eles.

2. Já o protocolo de rede, o Internet Protocol (IP), é responsável por fazer com que as informações enviadas por umcomputador cheguem a outros computadores mesmo que eles estejam em redes fisicamente distintas, ou seja, nãoexiste conexão direta entre eles. Como o próprio nome (Inter-net) diz, o IP realiza a conexão entre redes. E é elequem traz a capacidade da rede TCP/IP se "reconfigurar" quando uma parte da rede está fora do ar, procurando umcaminho (rota) alternativo para a comunicação.

3. Os protocolos de transporte mudam o objetivo, que era conectar dois equipamentos, para' conectar dois programas.Você pode ter em um mesmo computador vários programas trabalhando com a rede simultaneamente, por exemploum browser Web e um leitor de e-mail. Da mesma forma, um mesmo computador pode estar rodando ao mesmotempo um servidor Web e um servidor POP3. Os protocolos de transporte (UDP e TCP) atribuem a cada programa umnúmero de porta, que é anexado a cada pacote de modo que o TCP/IP saiba para qual programa entregar cada

mensagem recebida pela rede.

4. Finalmente os protocolos de aplicação são específicos para cada programa que faz uso da rede. Desta forma existeum protocolo para a conversação entre um servidor web e um browser web (HTTP), um protocolo para a conversaçãoentre um cliente Telnet e um servidor (daemon) Telnet, e assim em diante. Cada aplicação de rede tem o seu próprioprotocolo de comunicação, que utiliza os protocolos das camadas mais baixas para poder atingir o seu destino.

Pela figura acima vemos que existem dois protocolos de transporte no TCP/IP. O primeiro é o UDP, um protocolo quetrabalha com datagramas, que são mensagens com um comprimento máximo pré-fixado e cuja entrega não égarantida. Caso a rede esteja congestionada, um datagrama pode ser perdido e o UDP não informa as aplicaçõesdesta ocorrência. Outra possibilidade é que o congestionamento em uma rota da rede possa fazer com que ospacotes cheguem ao seu destino em uma ordem diferente daquela em que foram enviados. O UDP é um protocoloque trabalha sem estabelecer conexões entre os softwares que estão se comunicando.

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Já o TCP é um protocolo orientado a conexão. Ele permite que sejam enviadas mensagens de qualquer tamanho ecuida de quebrar as mensagens em pacotes que possam ser enviados pela rede. Ele também cuida de rearrumar ospacotes no destino e de retransmitir qualquer pacote que seja perdido pela rede, de modo que o destino receba amensagem original, da maneira como foi enviada.

Agora, vamos aos componentes que ficam na interface entre os níveis 3 e 4 e entre os níveis 1 e 2.

O Sockets é uma API para a escrita de programas que trocam mensagens utilizando o TCP/IP. Ele fornece funçõespara testar um endereço de rede, abrir uma conexão TCP, enviar datagramas UDP e esperar por mensagens da rede.O Winsockets, utilizado para aplicações Internet em Windows é nada mais do que uma pequena variação desta APIpara acomodar limitações do Windows 3.1. No Windows NT e Win95 pode ser usada a API original sem problemas.

O Domain Name Service (DNS), que será visto com maiores detalhes mais adiante, fornece os nomes lógicos daInternet como um todo ou de qualquer rede TCP/IP isolada.

Temos ainda o ARP realiza o mapeamento entre os endereços TCP/IP e os endereços Ethernet, de modo que ospacotes possam atingir o seu destino em uma rede local (lembrem-se, no final das contas quem entrega o pacote narede local é o Ethernet, não o TCP ou o IP).

Por fim, o DHCP permite a configuração automática de um computador ou outro dispositivo conectado a uma redeTCP/IP, em vez de configurarmos cada computador manualmente. Mas, para entender o porque da necessidade doDHCP, temos que entender um pouco mais do funcionamento e da configuração de uma rede TCP/IP.

Endereçamento e roteamento 

Em uma rede TCP/IP, cada computador (ou melhor, cada placa de rede, caso o computador possua mais do queuma) possui um endereço numérico formado por 4 octetos (4 bytes), geralmente escritos na forma w.x.y.z. Além desteEndereço IP, cada computador possui uma máscara de rede (network mask ou subnet mask), que é um número domesmo tipo mas com a restrição de que ele deve começar por uma seqüência contínua de bits em 1, seguida por umaseqüência contínua de bits em zero. Ou seja, a máscara de rede pode ser um número como11111111.11111111.00000000.00000000 (255.255.0.0), mas nunca um número como11111111.11111111.00000111.00000000 (255.255.7.0).

A máscara de rede serve para quebrar um endereço IP em um endereço de rede e um endereço de host. Todos oscomputadores em uma mesma rede local (fisicamente falando, por exemplo, um mesmo barramento Ethernet) devemter o mesmo endereço de rede, e cada um deve ter um endereço de host diferente. Tomando-se o endereço IP comoum todo, cada computador em uma rede TCP/IP (inclusive em toda a Internet) possui um endereço IP único eexclusivo.

O InterNIC controla todos os endereços IP em uso ou livres na Internet, para evitar duplicações, e reserva certasfaixas de endereços chamadas de endereços privativos para serem usados em redes que não irão se conectardiretamente na Internet.

Quando o IP recebe um pacote para ser enviado pela rede, ele quebra o endereço destino utilizado a máscara derede do computador e compara o endereço de rede do destino com o endereço de rede dele mesmo. Se osendereços de rede forem iguais, isto significa que a mensagem será enviada para um outro computador na mesmarede local, então o pacote é repassado para o protocolo de enlace apropriado (em geral o Ethernet). Se os endereços

forem diferentes, o IP envia o pacote para o default gateway, que é nada mais do que o equipamento que fornece aconexão da rede local com outras redes. Este equipamento pode ser um roteador dedicado ou pode ser um servidorcom múltiplas placas de rede, e se encarrega de encaminhar o pacote para a rede local onde está o endereço IP dodestino.

É importante que o endereço IP do default gateway esteja na mesma subnet que o a máquina sendo configurada,caso contrário ela não terá como enviar pacotes para o default gateway e assim só poderá se comunicar com outroshosts na mesma subnet.

Resumindo um computador qualquer em uma rede TCP/IP deve ser configurado com pelo menos estes trêsparâmetros: o seu endereço IP exclusivo, a sua máscara de rede (que deve ser a mesma utilizada pelos demaiscomputadores na mesma LAN) e o endereço IP do default gateway.

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Como se processa a comunicação em uma rede TCP/IP 

Digamos que o host com o endereço IP é 172.16.1.101 deseje enviar um pacote para o endereço 172.16.2.102. Casoa máscara de rede seja 255.255.0.0, o AND binário do enredeço fonte será 172.16.0.0, e o AND do endereço destinoserá 172.16.0.0, indicando que ambos possuem o mesmo endereço de rede e portanto estão diretamente conectadosno nível de enlace.

Neste caso, o nível IP envia um pacote ARP pela rede Ethernet para identificar qual o endereço Ethernet do host cujo

IP é 172.16.2.2. Este pacote é enviado como um broadcast, de modo que todos os hosts conectados no mesmosegmento Ethernet receberão o pacote, e o host configurado para o endereço desejado irá responder ao pacote ARPindicando qual o seu endereço Ethernet. Assim o IP pode montar o pacote Ethernet corretamente endereçado e enviaro pacote para o seu destino.

Agora digamos que a máscara de rede não fosse 255.255.0.0, mas sim 255.255.255.0. Neste caso, os endereços derede da origem e destino seriam respectivamente 172.16.1.0 e 172.16.2.0. Como os endereços de rede sãodiferentes, isto significa que não temos conectividade direta (no nível de enlace) entre os dois hosts, portanto o pacotedeverá ser entregue por intermédio de um roteador, que é o default gateway.

Digamos que o default gateway seja 172.16.1.1 (observe que o endereço de rede do default gateway é 172.16.1.0, omesmo do nosso host de origem). Então o host irá enviar um pacote ARP pela rede para descobrir o endereçoEthernet do default gateway, e enviará o pacote para este.

Ao receber o pacote, o default gateway irá verificar que o endereço IP de destino é o IP de outro host que não ele, eirá verificar qual o endereço de rede do destino. Pode ser que o pacote esteja endereçado para uma rede local naqual o default gateway tenha uma conexão direta, ou pode ser que o default gateway tenha que direcionar o pacotepara um outro roteador mais próximo do destino final. De qualquer forma, o default gateway segue o mesmo processode gerar o endereço de rede utilizando a netmask, e em seguida enviar um pacote ARP pedindo o endereço Ethernetdo próximo host a receber o pacote. A diferença é que um roteador não tem um default gateway, mas sim uma tabelade roteamento, que diz quais endereços de rede podem ser alcançados por quais roteadores.

Notem que este exemplo considerou apenas a comunicação entre dois equipamentos, não entre dois programas. Onosso exemplo ficou apenas no nível de rede da pilha TCP/IP, mas acima dela o processo é simples: o IP verifica quetipo de pacote foi recebido (TCP, UDP ou outro) e repassa o pacote para o protocolo apropriado.

O protocolo de transporte irá então verificar o número de porta contido no pacote e qual programa está associado

aquela porta. Este programa será notificado da chegada de um pacote, e será responsabilidade dele decodificar eutilizar de alguma forma as informações contidas no pacote.

Como testar uma rede TCP/IP 

Caso você venha a ter problemas de comunicação, todas as pilhas TCP/IP, independente de qual sistemaoperacional, trazem o utilitário ping para testar a conectividade entre dois hosts TCP/IP. Siga o seguinteprocedimento:

1. ping 127.0.0.1. Este endereço IP é um loopback, ou seja, não vai para a rede, fica no computador que originou amensagem. Se o ping acusar o recebimento da resposta, significa que a pilha TCP/IP está instalada e ativa nocomputador onde foi realizado o teste. (Somente a título de curiosidade, você pode usar o loopback do TCP/IP para

desenvolver aplicações de rede em uma máquina stand-alone, sem nenhum tipo de conexão de rede disponível.)

2. ping meu_ip. Tendo comprovado que o TCP/IP está ativo na máquina origem, vamos enviar uma mensagem paraela mesmo, para verificar se a placa de rede (ou modem) estão ativos no que diz respeito ao TCP/IP. Aqui você testaapenas o driver da sua placa de rede, não a placa em si nem os cabos da rede.

3. ping ip_na_minha_rede. Agora vamos testar a comunicação dentro da rede local onde o computador de origemestá localizado. Garanta que o computador dono do ip_na_minha_rede está com o TCP/IP e a sua placa de redeativos, segundo os dois testes acima. Se não funcionar, você tem um problema de cabos ou em uma placa de rede,ou simplesmente as suas máscaras de rede e endereços IP estão incorretos.

4. ping ip_do_default_gateway. Se a comunicação dentro da minha rede local está OK, temos que verificar se odefault gateway da minha rede está no ar, pois todos os pacotes que saem da minha rede local passam por ele.

5. ping ip_do_outro_lado. Digamos que o meu default gateway esteja diretamente conectado na rede destino. Eutenho que testar se a interface de rede que liga o default gateway a esta rede está no ar. Então eu dou um ping no

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endereço IP desta placa. Se o default gateway não estiver diretamente conectado na rede destino, eu repito ospassos (4) e (5) para cada equipamento que esteja no caminho entre origem e destino.

6. ping ip_do_destino. Sabendo que a outra rede pode ser alcançada via TCP/IP, resta saber se eu consigo mecomunicar com o computador desejado.

Serviços de nomeação 

Até agora nós estamos vendo a comunicação em rede utilizando apenas os endereços IP. Imagine o seu cartão devisitas, indicando a sua home-page como: "164.85.31.230". Imagine-se ainda com uma lista contendo dezenas denúmeros como esse pendurada na parede junto ao seu computador, para quando você precisar se conectar a um dosservidores da sua empresa.

No início do desenvolvimento do TCP/IP, cada computador tinha um arquivo de hosts que listava os nomes doscomputadores e os endereços IP correspondentes. Na Internet, certamente seria inviável manter estes arquivos, nãosó pelo tamanho que eles teriam mas também pela dificuldade em se manter milhões de cópias atualizadas. Logo foidesenvolvido o DNS, pelo qual diversos servidores mantém um banco de dados distribuído com este mapeamento denomes lógicos para endereços IP.

O DNS funciona de forma hierárquica. Vejam um endereço Internet típico, como www.petrobras.com.br. Inicialmente,

separamos o primeiro nome (até o primeiro ponto), "www", que é o nome de um computador ou host, e o restante doendereço, "petrobras.com.br", que é o nome da organização, ou o nome do domínio. Por favor, não confundam oconceito de domínios em endereços Internet com o conceito de domínios em uma Rede Microsoft. Não existenenhuma relação entre eles.

O domínio petrobras.com.br possui o seu servidor DNS, que contém os nomes dos computadores (e endereços IPcorrespondentes) sob a sua autoridade. E ele sabe o endereço IP do servidor DNS do domínio que está acima dele,.com.br. Os computadores na Petrobras fazem todas as consultas por endereços IP ao servidor do seu domínio, e elerepassa as consultas a outros servidores DNS quando necessário. Os clientes necessitam saber apenas sobre oservidor do seu domínio, e mais nada.

Já o servidor DNS do domínio .com.br sabe os endereços IP de todos os servidores dos domínios a ele subordinados(por exemplo, texaco.com.br, mantel.com.br, etc) e o endereço IP do servidor acima dele (domínio .br, o domínio queengloba todo o Brasil). Por fim, o servidor DNS do domínio br sabe os endereços de todos os servidores dos domínios

a ele subordinados (.com.br, .gov.br, etc) e o endereço do servidor DNS do InterNIC, que é o servidor DNS raiz detoda a Internet.

Uma consulta de uma aplicação por um endereço IP sobe por toda a hierarquia de servidores DNS, até o domíniocomum de nível mais baixo que seja comum a origem e destino, ou até chegar ao servidor do InterNIC, e depoisdesce na hierarquia até o domínio onde está o computador destino. A resposta volta pelo caminho inverso, porémcada servidor DNS mantém um cache das respostas recebidas, de modo que uma nova requisição pelo mesmo nomenão necessitará percorrer novamente todos os servidores DNS.

Pode parecer que é realizado um trabalho muito grande somente para obter um endereço IP, mas o processo comoum todo é rápido (quem navega na Web sabe bem disso), e ele possibilita que milhares de organizações integremsuas redes a um custo aceitável e com grande autonomia. Quando você acrescenta uma máquina no seu domínio,você não precisa comunicar ao InterNIC e às redes vizinhas, basta registrar o novo computador no seu servidor DNS.

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O protocolo DHCP 

Recapitulando, cada estação ou servidor em uma rede TCP/IP típica deverá ser configurada com os seguintesparâmetros:

Endereço IPMáscara de RedeDefault Gateway

Além disso, caso a sua rede utilize um servidor DNS o seu endereço IP também deve ser configurado em cada host.

Em uma rede com dezenas ou mesmo centenas de computadores, manter o controle dos endereços IP já utilizadospelas máquinas pode ser um pesadelo. É muito fácil errar o endereço IP de uma máquina, ou errar a máscara de redeou endereço do default gateway, e geralmente é muito difícil identificar qual a máquina onde existe um erro deconfiguração do TCP/IP.

Para resolver esses problemas você poderá instalar um servidor DHCP na sua rede local (ou melhor, um servidorDHCP para cada subnet, logo veremos porque) e deixar que ele forneça estes parâmetros para as estações da rede.

Se você tem uma pilha TCP/IP instalada que suporta o protocolo DHCP, você pode configurar cada estação para usaro DHCP e ignorar todos esses parâmetros. Na inicialização da pilha TCP/IP, a estação irá enviar um pacote de

broadcast para a rede (um broadcast é um pacote que é recebido por toda a rede) e o servidor DHCP, ao receber estepacote, enviará os parâmetros de configuração para a estação.

Aqui temos comunicação apenas no nível de enlace (pois o TCP/IP ainda não foi completamente inicializado), eportanto não temos a função de roteamento habilitada. Por isso o servidor DHCP deve estar na mesma LAN físicaonde está a estação que será inicializada. Normalmente os servidores tem sua configuração realizada manualmente,pois o endereço IP deve concordar com o endereço IP cadastrado no servidor DNS.

O servidor DHCP é configurado com uma faixa de endereços IP que ele pode fornecer aos clientes. Inicialmente,todos os endereços estão disponíveis. Quando uma estação é inicializada, ela envia o broadcast pedindo pela suaconfiguração, e o servidor DHCP reserva um endereço para ela (que deixa de estar disponível) e registra o endereçoEthernet para o qual o endereço foi reservado. Então ele envia uma resposta contendo este endereço e os demaisparâmetros listados acima.

O endereço é apenas "emprestado" pelo servidor DHCP, que registra também o momento do empréstimo e a validadedeste empréstimo. No próximo boot, a estação verifica se o empréstimo ainda é válido e se não pede um novoendereço (que pode até ser o mesmo, por coincidência). Se o empréstimo estiver em metade da sua validade, ocliente pede uma renovação do empréstimo, o que aumenta a sua validade. E a cada inicialização, o cliente verifica seo endereço emprestado ainda é dela, pois ela pode ter sido deslocada para uma outra LAN, onde a configuração doTCP/IP é diferente, ou por qualquer motivo o Administrador da Rede pode ter forçado a liberação do endereço quehavia sido emprestado.

O servidor verifica periodicamente se o empréstimo não expirou, e caso afirmativo coloca o endereço novamente emdisponibilidade. Desta forma, a não ser que você tenha um número de estações muito próximo ao número deendereços IP reservados para o servidor DHCP, você pode acrescentar, retirar ou mover estações pela sua rede semse preocupar em configurar manualmente as pilhas TCP/IP a cada mudança.

Geralmente o DHCP é utilizado somente para configurar estações cliente da rede, enquanto que os servidores sãoconfigurados manualmente. Isso porque o endereço IP do servidor deve ser conhecido previamente (paraconfiguração do default gateway, para configuração do arquivo de hosts, para configuração de DNS, configuração defirewall, etc). Se fosse utilizado o DHCP, o endereço do servidor poderia ser diferente em cada boot, obrigando a umasérie de mudanças de configuração em diversos nós da rede.

Você também pode configurar o servidor DHCP para entregar aos clientes outras informações de configuração, comoo endereço do servidor DNS da rede. O Linux pode operar tanto como cliente quanto como servidor DHCP, entretantonão veremos estas configurações no nosso curso.