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Arquitetura Corporativa:
Uma Comparação Entre Dois Modelos do Mercado
Douglas C. SANTOS
Faculdade de Computação e Informática, Universidade Presbiteriana Mackenzie
Consolação, São Paulo 01302-907, Brasil.
Fábio S. Lopes
Faculdade de Computação e Informática, Universidade Presbiteriana Mackenzie
Consolação, São Paulo 01302-907, Brasil.
Takato Kurihara
Faculdade de Computação e Informática, Universidade Presbiteriana Mackenzie
Consolação, São Paulo 01302-907, Brasil.
Resumo. A Arquitetura Corporativa vem ganhando espaço nos
meios empresariais e científicos nos últimos anos. Este
assunto está relacionado com a lógica de organização dos
processos de negócios, bem como a infraestrutura de TI -
Tecnologia da Informação, com o propósito de integrar
requisitos e padronizar modelos operacionais das empresas.
Nesta perspectiva, frameworks de arquitetura foram propostos
com o intuito de oferecer metodologias, esquemas e exemplos
para auxiliar a implantação bem sucedida de uma arquitetura
de TI e prover melhores condições de mensuração e
administração de ativos de tecnologia. Este estudo comparou
os frameworks The Open Group Architecture Framework
(TOGAF) e o Zachman Framework, a fim de identificar
semelhanças, forças e fraquezas de cada modelo para auxilio
na tomada de decisão de escolha entre as opções existentes no
mercado corporativo. A análise permitiu concluir que os
modelos estudados possuem distinções que não se anulam,
mas, se complementam, podendo então haver implementações
híbridas em uma organização, com as melhores práticas dos
frameworks.
Palavras-chave: Arquitetura Corporativa, EA, Zachman
Framework, TOGAF, Enterprise Architecture; Open Group
1. INTRODUÇÃO
A cada dia, a TI torna-se uma área cada vez mais importante
dentro das corporações; no entanto, apesar de sua importância,
há certo preconceito em muitas delas. “Empresas que tomam
decisões envolvendo TI como se fossem despesas tendem a
concentrar-se no custo e não nas necessidades e benefícios
pretendidos” [1]. No mercado, existem diversas metodologias e
frameworks que propiciam às corporações obterem meios de
mensurarem e administrarem seus ativos de TI, além de formas
de alinharem e direcionarem seus investimentos nesta área, que
estejam plenamente compatíveis com as áreas de negócio. Entre
varias metodologias, está a Arquitetura Corporativa que tem a
função de proporcionar uma visão de longo prazo dos
processos, sistemas e tecnologias das empresas [6].
2. OBJETIVO
Este artigo tem como objetivo apresentar os conceito de
Arquitetura Corporativa que, apesar de existirem há
aproximadamente 25 anos, nos dias de hoje é que vem sendo
considerados relevantes pelos Chief Information Office (CIO), e
mostrar os dois modelos mais populares de frameworks
disponíveis no mercado fazendo uma comparação entre eles.
Pretende-se responder a seguinte pergunta: Existe diferença
significativa entre os modelos de Arquitetura Corporativa
considerados pelo mercado? Quais os benefícios que a empresa
poderá ter adotando uma Arquitetura Corporativa?
3. DELIMITAÇÃO DESTE ARTIGO
Apesar de haver diversos modelos de Arquitetura Corporativa,
este artigo enfoca dois modelos mais conhecidos e utilizados
nas empresas, o The Open Group Architecture Framework
(TOGAF) e o Zachman Framework.. Os outros modelos como
FEA, DODAF etc., não estão abordados nesse trabalho
recomendando-se estudos complementares .
4. METODOLOGIA
Utilizou-se o método da pesquisa descritiva [3] onde, reuniu-
se um conjunto de documentos que detalham os modelos de
Arquitetura Corporativa escolhidos para formar um arcabouço
literário como fonte de dados. Este material foi organizado e
estruturado para análise comparativa.
5. ARQUITETURA CORPORATIVA
Não há uma definição padrão sobre a Arquitetura Corporativa.
Há autores que a definem do ponto de vista de negócios e
outros que focam especificamente a partir de TI. Para Ross,
Weill e Robertson [6] a “Arquitetura Corporativa é a lógica
organizadora para processos de negócios e infraestrutura de TI
que reflete os requisitos de integração e padronização do
modelo operacional da empresa”. Outra definição de
Arquitetura Corporativa é: “A organização fundamental de um
sistema embutido em seus componentes, relações entre si, para
o ambiente, e o princípio orientado a seu desenvolvimento e
evolução” [2]. Para o The Open Group a Arquitetura
Corporativa tem dois significados dependendo do contexto:
“Uma descrição formal de um sistema, ou plano detalhado do
sistema em nível de componentes, tal que sirva de guia para a
sua implementação” ou “A estrutura dos componentes de suas
interrelações e dos princípios e diretrizes que governam seu
desenho e evolução ao longo do tempo” [11]. Enquanto
Lankhorst define-a como “um conjunto coerente de princípios,
métodos e os modelos que são utilizados na concepção e
realização de uma empresa de estrutura organizacional,
processos de negócios, sistemas de informação, e infraestrutura”
[16].
Composição da Arquitetura Corporativa
Esta seção tem a função de conceituar os principais
componentes para modelar uma arquitetura corporativa. Para
auxiliar o entendimento e obter uma sensibilização da
arquitetura no nível gerencial, Ross, Weill e Robertson,
propuseram a representação da Arquitetura Corporativa através
de uma imagem simples que nomearam de “Diagrama Central”,
conforme figura apresentada a seguir. Segundo eles a imagem
serve de ponto de encontro para os gerentes e demais
responsáveis por construir e explorar a Arquitetura Corporativa
[6].
Elementos Comuns no Diagrama Central
Segundo Ross, Weill e Robertson [6] embora cada tipo de
empresa aborde tipos de diagramas centrais diferentes existem
ao menos quatro elementos que são comuns. Isto é, estão
presentes nos diagramas centrais das empresas. São eles:
Processos Centrais de Negócios: É responsável por
definir um conjunto de capacidades gerais da
empresa. Na figura anterior seriam os Serviços
externos
Dados Compartilhados determinantes dos
Processos Centrais: Esses dados podem ser arquivos
da clientela compartilhados pelas linhas de produto de
uma instituição de serviços financeiros com
atendimento completo, ou dados sobre itens e
fornecedores principais compartilhados pelas
unidades comerciais de uma empresa que esteja
instituindo uma cadeia de suprimentos global [6].
Sãos os Serviços bancários centrais na figura anterior.
As principais Tecnologias de Automação e
Vinculação: Essas tecnologias incluem o middleware
ou ERP ou portais de integração. Basicamente
correspondem, na figura anterior, aos Serviços de
relação com o cliente e Serviços por canal [6].
Principais Clientes: Neste caso mostram-se os
maiores grupos de clientes (como canais ou
segmentos) atendidos pela empresa [6] Ou seja, os
canais de atendimento aos clientes, conforme
representado na figura anterior, por meio de Contato
com o cliente.
Componentes do ponto de vista de TI
Ainda com Ross, Weill e Robertson, do ponto de vista de TI há
quatro componentes da Arquitetura Corporativa que são:
Arquitetura de Negócio: as atividades ou tarefas que
compõem os grandes processos de negócios
identificados pelos detentores dos processos.
Arquitetura de Dados ou Informações: definições
comuns de dados
Arquitetura de Aplicações: aplicações individuais e
suas interfaces.
Arquitetura de Tecnologia: Serviços de
infraestrutura e os padrões tecnologicos em que eles
se baseiam.
Fatores Críticos de Sucesso em adotar Arquitetura
Corporativa
De acordo com Schekkerman [7] a adoção de uma Arquitetura
Corporativa resulta em alguns fatores críticos de sucesso, como:
1) Criar e manter uma visão comum do futuro
compartilhado pelas áreas de negócio e a TI,
direcionada ao contínuo alinhamento do negócio com
a TI.
2) Aumentar a flexibilidade da empresa em conexão com
parceiros externos;
3) Reduzir o risco e preparar a empresa para uma
mudança rápida e não planejada;
4) Instituir um programa de refinamento progressivo da
tecnologia;
5) Criar, unificar e integrar processos de negócio por
toda a empresa;
Frameworks de Arquitetura Corporativa
O Significado de Framework, de acordo com o Dicionário
Oxford Advanced Learners Dictionary, refere-se entre suas
definições como “a estrutura de um sistema em particular”; em
outra definição do mesmo dicionário é descrita como “um
conjunto de ideias ou papeis que é usado como base para fazer
julgamentos, tomar decisões etc”.
De acordo com Cambiucci “um framework de arquitetura
oferece um conjunto bem definido de fases, atividades,
documentos, processos, templates, recomendações e métricas
para a execução de uma arquitetura corporativa” [4].
Já Zachman descreve um framework como “Uma classificação
normalizada de representações descritivas, de artefatos de
projeto de engenharia e de representações de arquitetura para
uma empresa” [11]. Enquanto o The Open Group o define
como “Uma estrutura para conteúdo ou processo que pode ser
usada como ferramenta para o pensamento estruturado
garantindo consistência e integridade” [10]. Segundo o IEEE
Computer Society um framework de arquitetura corporativa é
“uma convenção de princípios e praticas para a descrição de
arquiteturas estabelecidas dentro de um domínio específico de
uma aplicação ou comunidade de envolvidos” [2].
Nas próximas seções estão abordados dois dos frameworks mais
conhecidos do mercado, que são o Zachman Framework e The
Open Group Architecture Framework (TOGAF).
Zachman Framework
O Zachman framework leva o nome de seu criador Jonh A.
Zachman. É um dos mais conhecidos frameworks de
Arquitetura Corporativa existentes no mercado e um dos
precursores também; seu artigo “A framework for information
systems architecture” publicado em 1987 é considerado um dos
primeiros registros da Arquitetura Corporativa.
Em 1992 Jonh Zachman publica outro artigo no extinto
periódico IBM Systems Journal de título Extending and
Formalizing the Framework for Information Systems
Architecture. Nesse artigo, ele detalha e amplia os conceitos
expostos no seu artigo anterior; além disso Zachman [9] disse
que o “Framework fornece uma taxonomia sistemática
composta por conceitos para relacionar as coisas no mundo real
para as representações no computador”. Em uma entrevista
concedida em 2007 quando completou-se 20 anos da
publicação do seu primeiro artigo, John Zachman descreve seu
framework como “Um esquema, uma classificação do conjunto
total de representações descritivas que são relevantes para a
descrição de uma empresa de tal forma que seja
“‘normalizada’”; ou seja um (meta) fato só pode estar em uma
célula e uma célula só pode conter um tipo de (meta) fato [14].
Anos mais tarde, Zachman mudou o conceito inicial de seu
framework, proposto apenas para Sistemas de Informações (TI)
como estava no titulo de seu artigo de 1987. Atualmente ele
descreve-o aplicado à empresa como um todo. “Arquitetura é
uma questão corporativa, e não uma questão de Sistema”. E
justifica dizendo: “Hoje eu diria que o objeto final para o
engenheiro e fabricante é a Empresa, não apenas desenvolver e
implantar sistemas”[11].
Com uma consolidação da definição do Framework de Jonh
Zachman, Roger Sessions diz que “O Zachman Framework é,
na verdade, uma taxonomia para a organização de artefatos
arquiteturais (em outras palavras, documentos de projeto,
especificações e modelos) que considera a quem se destina o
artefato (por exemplo, proprietário ou construtor do negócio) e
qual problema específico (por exemplo, dados e funcionalidade)
está sendo abordado [8].”
Segundo Pereira e Sousa “Nesse framework a arquitetura é
descrita em dois independentes aspectos: as linhas representam
as diferentes perspectivas que podem ser usadas para visualizar
o negócio, a situação a oportunidade, ou um sistema e as
colunas representam diferentes abstrações que se aplicam a
cada perspectiva novamente para o negócio, situação,
oportunidade ou sistema” [5].
Para um melhor entendimento do funcionamento do Zachman
Framework, a seguir será feito um detalhamento das
perspectivas e das abstrações.
Perspectivas
Perspectiva Executiva (Escopo) – Essa perspectiva
corresponde a um sumário executivo para o
planejador, ou investidor, que deseja obter uma
estimativa do escopo do sistema, ou seja, quanto
custaria e como seria realizado [9].
Perspectiva de Gerenciamento de Negócio
(Negócio) – Corresponde à visão do proprietário,
aquele que convive com as rotinas diárias do sistema.
Nessa perspectiva está representado o modelo do
negócio, que constitui o desenvolvimento do negócio
e mostra as entidades de negócio, os processos e
como eles interagem [9].
Perspectiva do Arquiteto (Sistema) - Os planos do
arquiteto são a tradução dos desenhos em visões
detalhadas na perspectiva do desenvolvedor. Estas
correspondem ao modelo do sistema que deve
determinar os elementos de dados e funções que
representam o negócio, as entidades e os processos
[9].
Perspectiva do Engenheiro (Tecnologia) - A
perspectiva do construtor, deve considerar as
limitações das ferramentas, tecnologias e materiais.
Os planos do construtor correspondem ao modelo de
tecnologia, que deve adaptar o modelo desenvolvido
pelo arquiteto para os detalhes de linguagens de
programação e hardware necessário entre outras
tecnologias [9].
Perspectiva Técnica (Configuração) - Nessa
perspectiva os Implementadores dessa são os
responsáveis por executarem o que foi específicado
pelos envolvidos nas perspectivas anteriores, sem se
preocupar com os outros contextos ou estrutura como
um todo.
Perspectiva da Corporação (Implementação) - Essa
perspectiva é o resultado final da implentação da
Arquitetura Corporativa, pois conforme Zachman “A
própria empresa é a implementação, a instanciação, o
resultado final de fazer Arquitetura Corporativa,
assumindo que qualquer arquitetura corporativa tem
sido feita”[14]
Abstrações
As colunas do framework representam diferentes abstrações ou
diferentes maneiras de descrever o mundo real, a razão para
isolar uma variavel (abstração) enquanto suprime todas as
outras para conter a complexidade do problema do
desenvolvimento [9].
Essas perguntas na visão de Jonh A. Zachman são um conjunto
universal de representações para descrever todo e qualquer
produto industrial.
O que – Representa cada entidade envolvida em toda
a perspectiva da empresa, incluindo Objetos do
negócio, dados em geral;
Como – Essa coluna envolve os processos da empresa
e, como esses processos são executados;.
Onde – Descreve as interconexões e a localização
geográfica da empresa e suas atividades;
Quem – Essa abstração representa a delegação das
atividades da empresa, seja por pessoas, manuais ou
guia operacional;
Quando – Essa abstração representa o tempo, ou
relações eventuais que estabelecem critérios de
performance e níveis quantitativos para os recursos da
empresa. Isto é usual para desenvolver uma agenda
mestre, a arquitetura de processamento, controle e
dispositivos de tempo [7].
Porque – Descreve as motivações, os fins e os meios
para a empresa;
O quadro abaixo, mostra a matriz das abstrações x
perspectivas.
Pe
rsp
ect
ivas
Abstrações
Planejadores
Escopo
O que Como Onde Quem Quando Porque
Proprietários
Negócio
Desenvolvedores
Sistema
Construtores
Tecnologia
Implementadores
Configuração
Usuários
Implementação
Dados Processos Localização Responsabilidades Tempo Motivação
The Open Group Architecture Framework (TOGAF)
Segundo The Open Group (2011) este framework teve sua
primeira versão lançada em 1995 e foi baseado no Technical
Architecture Framework for Information Management
(TAFIM) , que foi desenvolvido pelo Departartamento de
defesa dos Estados Unidos [11].
Atualmente o TOGAF está na versão 9.1, lançada em dezembro
de 2011.
O TOGAF definido por The Open Group “um framework de
arquitetura corporativa. TOGAF provê os métodos e
ferramentas para auxiliar a produção, o uso e manutenção de
uma arquitetura corporativa. É baseado em um processo
interativo apoiado por boas práticas e um conjunto reutilizável
de ativos arquitetônicos” [11].
Com relação a sua estrutura, nesta nova versão o TOGAF está
dividido em sete partes, conforme figura a seguir:
Parte 1 – Introdução: Esta parte apesar de não estar
na imagem anterior fornece uma introdução de alto
nível para os principais conceitos de arquitetura
corporativa e em particular a abordagem TOGAF. Ele
contém as definições dos termos utilizados ao longo
TOGAF e notas de lançamento, detalhando as
mudanças entre esta versão ea versão anterior do
TOGAF.
Parte 2 - Metodologia de Desenvolvimento da
Arquitetura: Esta parte é o núcleo do TOGAF. Ela
descreve o TOGAF Método de Desenvolvimento de
Arquitetura (MDA) - uma abordagem passo-a-passo
para o desenvolvimento de uma arquitetura
corporativa.
Parte 3 – Diretrizes e Técnicas da MDA: Esta parte
contém uma coleção de orientações e técnicas
disponíveis para uso na aplicação do TOGAF e a
MDA TOGAF;
Parte 4 – Framework de Arquitetura de Conteúdo:
Esta parte descreve o Framework de conteúdo
TOGAF, incluindo um metamodelo estruturado para
artefatos arquitetônicos, o uso de blocos de
construção reutilizáveis, arquitetura e uma visão geral
dos resultados de uma típica arquitetura.
Parte 5 - Continuum Corporativo e Ferramentas:
Esta parte discute taxonomias e ferramentas
adequadas para categorizar e armazenar as saídas da
atividade de arquitetura dentro de uma empresa.
Parte 6 – Modelos de Referência do TOGAF: Esta
parte oferece uma seleção de modelos de referência de
arquitectura, que inclui a arquitetura de fundação do
TOGAF , e o Modelo Integrado de Informação de
Referência de Infraestrutura (III-RM).
Parte 7 – Framework de Competência de
Arquitetura: Esta parte aborda a organização,
processos, habilidades, funções e responsabilidades
necessárias para estabelecer e operar uma função de
arquitetura dentro de uma empresa.
6. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE TOGAF E
ZACHMAN FRAMEWORK
Essa seção tem o objetivo de fazer uma comparação entre os
frameworks de Arquitetura Corporativa baseada nos conceitos
que foram abordados anteriormente. Serão mostradas suas
principais diferenças, o que eles têm em comum, as principais
vantagens e desvantagens de cada modelo.
Diferença entre os Frameworks
Apesar de TOGAF e Zachman se autodenominarem como
Frameworks, alguns especialistas em Arquitetura Corporativa
não dizem o mesmo, por exemplo, Sessions [8] diz que
Zachman Framework seria na verdade definida como uma
taxonomia em função de ter um foco expressivo na classificação
dos artefatos. Enquanto o TOGAF é melhor definido como um
processo, especialmente por causa da Model Driven
Architecture - MDA .
Outro fator importante a observar entre ambos os modelos que
complementa, é que Zachman privilegia a classificação e os
papeis dos envolvidos, ou seja, o Planejador, Proprietário,
Desenvolvedor, Construtor e o Usuário, portanto abrange todos
os aspectos relacionados à responsabilidades da organização.
Enquanto o TOGAF por sua vez proporciona uma elaboração
da arquitetura desde o seu início, por causa das fases da MDA
(A, B, C, D, E, F, G) graças à sua orientação por processo
possibilita ter um controle, um passo a passo, durante a
execução da arquitetura.
Pontos Fortes e Pontos Fracos de Zachman e TOGAF
A seguir será apresentada uma análise das vantagens e
desvantagens baseada no que foi escrito nos capitulos anteriores
desse trabalho.
Zachman Framework
Pontos Fortes
Fortemente orientado na organização e classificação,
pois conforme descrito por Jonh Zachman
anteriormente seu Framework é “na verdade, uma
taxonomia para a organização de artefatos
arquiteturais”.
Definição dos papeis no contexto de cada envolvido
sem que um interfira na visão do outro.
Pontos Fracos
Não há um passo a passo para a elaboração da
Arquitetura Corporativa com esse framework, pois
conforme o proprio Zachman seu Framework não é
uma metodologia.
De acordo com Roger Sessions “Não há como saber
se a arquitetura que será criada será a melhor
possível” [8].
Conhecimento está retido à pessoas certificadas, pois
não há um repositório na internet com informações de
como implementar esse framework.
TOGAF
Pontos Fortes
Com esse framework é possivel elaborar uma
arquitetura do início ao fim, pois como foi dito
anteriormente o MDA fornece um método passo a
passo para tal;
Documentação completa disponível na Internet,
gratuitamente online ou pago, se a empresa fizer a
opção em pagar pelos livros em papel. Isto é muito
importante na transferência de conhecimento, pois os
profissionais de uma determinada companhia não
dependem de consultorias.
Grande parte dos artefatos arquiteturais necessários
para o desenvolvimento está disponível na Internet.
Pontos Fracos
Conforme relatado por Sessions [8] “O TOGAF
permite que as fases (da MDA) sejam realizadas de
modo incompleto, ignoradas, combinadas,
reordenadas ou remoduladas para se adaptarem às
necessidades.”
Ainda Conforme Sessions [8] “O TOGAF apenas
descreve como gerar uma Arquitetura Corporativa,
não necessariamente como gerar uma boa Arquitetura
Corporativa”. Isto quer dizer que o sucesso da
arquitetura está relacionado a experiencia do arquiteto
que está conduzindo o projeto.
O quadro a seguir auxilia visualizar melhor a
diferença entre os frameworks:
Po
nto
s F
ort
es
TOGAF
Po
nto
s F
rac
os
ZACHMAN
Não possui metodologia
A documentação é restrita
Não garante que a arquitetura
entregue será a melhor que
atual
Não garante a entrega de
uma boa arquitetura
Permite “pular” alguns
passos do MDA
Foco na metodologia
Documentação disponível
gratuitamente na internet
Foco na organização e
Classificação dos artefatos
Delimitação dos papeis dos
envolvidos no processo.
O que há em comum entre Zachman Framework e TOGAF?
Após uma análise e verificar a diferença, além de suas
vantagens e desvantagens, observa-se o que há em comum
entre esses frameworks (conforme dito por seus autores ou
mantenedores) é a razão de sua existência, que é o alinhamento
das áreas de negócios com TI. Suas abordagens são distintas,
não sendo possível encontrar pontos de convergência; no
entanto, Zachman e TOGAF se complementam no quesito de
implantar uma Arquitetura Corporativa.
7. RESULTADOS E CONCLUSÃO
O objetivo desse trabalho foi fazer uma explanação do que se
trata a Arquitetura Corporativa, e mostrar dois dos frameworks
mais conhecidos do mercado preparando um quadro
comparativo sobre os pontos de abordagem existentes nos dois
frameworks.
Por meio da análise conclui-se que apesar de ambos
os modelos estudados divergirem entre si em suas abordagens –
enquanto Zachman reforça que seu framework é um esquema, e
não é metodologia e TOGAF oferece uma metodologia, eles
podem ser implantados em conjunto, isto é, uma Arquitetura
Corporativa não precisa ser necessariamente composta por
apenas um framework. A pesquisa realizada recentemente pela
empresa britânica de pesquisa Ovum [15] intitulada “Hybrid
enterprise architecture frameworks are in the majority”
(Frameworks de Arquitetura Corporativa Híbridos são a
maioria) revela que 66% das empresas que adotam Arquitetura
utilizam mais de um framework. Além de não existir um
modelo que domine esse ecossistema, reforçam que o TOGAF,
na maioria dos casos, é utilizado como ponto de partida para a
elaboração da Arquitetura Corporativa, mesmo que
inicialmente não garanta a entrega de uma “boa” Arquitetura.
Fica como contribuição, uma sugestão para ampliar o estudo
para outros frameworks existentes no mercado.
8. REFERÊNCIAS
[1] Graeml, A. R. “Sistemas de Informação”: O Alinhamento da
Estrategia de TI com a estrategia corporativa. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 2003.
[2] IEEE Computer Society. IEEE Std 1471-2000: IEEE
Recommended Practice for Architecture description of
Software-Intensive Systems. New York: IEEE, 2000
[3] Gil, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3 ed. ed. São
Paulo: Atlas, 2010.
[4] Cambiucci, W. Biblioteca MSDN. Enterprise Architecture:
A arquitetura corporativa e o papel do arquiteto de TI,
2010. Disponivel em: <http://msdn.microsoft.com/pt-
br/library/gg490650.aspx>. Acesso em: 18 Novembro 2011.
[5] Pereira, C. M.; Sousa, P. A Method to Define an Enterprise
Architecture using the Zachman Framework. [S.l.]. 2004.
[6] Ross, J. W.; Weill, P.; Robertson D. C. Arquitetura de TI
como Estratégia Empresarial. São Paulo: M. Books do
Brasil Editora Ltda, 2008.
[7] Schekkerman, J. How to Survive in the Jungle of Enterprise
Architecture Frameworks. 2º. ed. [S.l.]: Trafford, 2004.
[8] Sessions, R. Uma comparação entre as quatro principais
metodologias de arquitetura corporativa. Biblioteca MSDN,
2007. Disponivel em: <http://msdn.microsoft.com/pt-
br/library/bb466232.aspx>. Acesso em: 06 Março 2012.
[9] Sowa, J. F.; Zachman, J. A. Extending and formalizing the
framework for information systems architecture. IBM
Systems Journal, v. 31, n. 3, 1992.
[10] The Open Group. TOGAF Version 9.1. Open Group
Standard, 2011. Disponivel em:
<http://pubs.opengroup.org/architecture/togaf9-doc/arch/>.
Acesso em: 18 abr. 2012.
[11] Zachman, J. John Zachman Interview with Roger Sessions.
Zachman International, Abril 2007. Disponivel em:
<http://www.zachman.com/ea-articles-reference/48-john-
zachman-interview-with-roger-sessions>. Acesso em: 06
Abril 2012.
[12] Zachman, J. A. A framework for information systems
architecture. IBM Systems Journal, v. 26, n. 03, p. 276-292,
1987.
[13] Zachman, J. A. The Zachman Framework for Enterprise
Architecture: Primer for Enterprise Engineering and
Manufacturing. 1. ed. [S.l.]: [s.n.], 2003.
[14] Zachman, J. A. Architecture Is Architecture Is
Architecture. [S.l.]. 2007
[15] Blowers, M. Hybrid enterprise architecture frameworks are
in the majority. Ovum, 2012. Disponivel em:
<http://ovum.com/2012/03/22/hybrid-enterprise-
architecture-frameworks-are-in-the-majority/>. Acesso em:
12 maio 2012.
[16] Lankhorst, M. Enterprise Architecture at Work. 1st. ed.
Berlin : Springer, 2005