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Arquitetura Corporativa: Uma Comparação Entre Dois Modelos do Mercado Douglas C. SANTOS Faculdade de Computação e Informática, Universidade Presbiteriana Mackenzie Consolação, São Paulo 01302-907, Brasil. Fábio S. Lopes Faculdade de Computação e Informática, Universidade Presbiteriana Mackenzie Consolação, São Paulo 01302-907, Brasil. Takato Kurihara Faculdade de Computação e Informática, Universidade Presbiteriana Mackenzie Consolação, São Paulo 01302-907, Brasil. Resumo. A Arquitetura Corporativa vem ganhando espaço nos meios empresariais e científicos nos últimos anos. Este assunto está relacionado com a lógica de organização dos processos de negócios, bem como a infraestrutura de TI - Tecnologia da Informação, com o propósito de integrar requisitos e padronizar modelos operacionais das empresas. Nesta perspectiva, frameworks de arquitetura foram propostos com o intuito de oferecer metodologias, esquemas e exemplos para auxiliar a implantação bem sucedida de uma arquitetura de TI e prover melhores condições de mensuração e administração de ativos de tecnologia. Este estudo comparou os frameworks The Open Group Architecture Framework (TOGAF) e o Zachman Framework, a fim de identificar semelhanças, forças e fraquezas de cada modelo para auxilio na tomada de decisão de escolha entre as opções existentes no mercado corporativo. A análise permitiu concluir que os modelos estudados possuem distinções que não se anulam, mas, se complementam, podendo então haver implementações híbridas em uma organização, com as melhores práticas dos frameworks. Palavras-chave: Arquitetura Corporativa, EA, Zachman Framework, TOGAF, Enterprise Architecture; Open Group 1. INTRODUÇÃO A cada dia, a TI torna-se uma área cada vez mais importante dentro das corporações; no entanto, apesar de sua importância, há certo preconceito em muitas delas. “Empresas que tomam decisões envolvendo TI como se fossem despesas tendem a concentrar-se no custo e não nas necessidades e benefícios pretendidos[1]. No mercado, existem diversas metodologias e frameworks que propiciam às corporações obterem meios de mensurarem e administrarem seus ativos de TI, além de formas de alinharem e direcionarem seus investimentos nesta área, que estejam plenamente compatíveis com as áreas de negócio. Entre varias metodologias, está a Arquitetura Corporativa que tem a função de proporcionar uma visão de longo prazo dos processos, sistemas e tecnologias das empresas [6]. 2. OBJETIVO Este artigo tem como objetivo apresentar os conceito de Arquitetura Corporativa que, apesar de existirem aproximadamente 25 anos, nos dias de hoje é que vem sendo considerados relevantes pelos Chief Information Office (CIO), e mostrar os dois modelos mais populares de frameworks disponíveis no mercado fazendo uma comparação entre eles. Pretende-se responder a seguinte pergunta: Existe diferença significativa entre os modelos de Arquitetura Corporativa considerados pelo mercado? Quais os benefícios que a empresa poderá ter adotando uma Arquitetura Corporativa? 3. DELIMITAÇÃO DESTE ARTIGO Apesar de haver diversos modelos de Arquitetura Corporativa, este artigo enfoca dois modelos mais conhecidos e utilizados nas empresas, o The Open Group Architecture Framework (TOGAF) e o Zachman Framework.. Os outros modelos como FEA, DODAF etc., não estão abordados nesse trabalho recomendando-se estudos complementares . 4. METODOLOGIA Utilizou-se o método da pesquisa descritiva [3] onde, reuniu- se um conjunto de documentos que detalham os modelos de Arquitetura Corporativa escolhidos para formar um arcabouço literário como fonte de dados. Este material foi organizado e estruturado para análise comparativa.

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Page 1: Arquitetura Corporativa: Uma Comparação Entre Dois Modelos ... · Arquitetura Corporativa: Uma Comparação Entre Dois Modelos do Mercado Douglas C. SANTOS Faculdade de Computação

Arquitetura Corporativa:

Uma Comparação Entre Dois Modelos do Mercado

Douglas C. SANTOS

Faculdade de Computação e Informática, Universidade Presbiteriana Mackenzie

Consolação, São Paulo 01302-907, Brasil.

Fábio S. Lopes

Faculdade de Computação e Informática, Universidade Presbiteriana Mackenzie

Consolação, São Paulo 01302-907, Brasil.

Takato Kurihara

Faculdade de Computação e Informática, Universidade Presbiteriana Mackenzie

Consolação, São Paulo 01302-907, Brasil.

Resumo. A Arquitetura Corporativa vem ganhando espaço nos

meios empresariais e científicos nos últimos anos. Este

assunto está relacionado com a lógica de organização dos

processos de negócios, bem como a infraestrutura de TI -

Tecnologia da Informação, com o propósito de integrar

requisitos e padronizar modelos operacionais das empresas.

Nesta perspectiva, frameworks de arquitetura foram propostos

com o intuito de oferecer metodologias, esquemas e exemplos

para auxiliar a implantação bem sucedida de uma arquitetura

de TI e prover melhores condições de mensuração e

administração de ativos de tecnologia. Este estudo comparou

os frameworks The Open Group Architecture Framework

(TOGAF) e o Zachman Framework, a fim de identificar

semelhanças, forças e fraquezas de cada modelo para auxilio

na tomada de decisão de escolha entre as opções existentes no

mercado corporativo. A análise permitiu concluir que os

modelos estudados possuem distinções que não se anulam,

mas, se complementam, podendo então haver implementações

híbridas em uma organização, com as melhores práticas dos

frameworks.

Palavras-chave: Arquitetura Corporativa, EA, Zachman

Framework, TOGAF, Enterprise Architecture; Open Group

1. INTRODUÇÃO

A cada dia, a TI torna-se uma área cada vez mais importante

dentro das corporações; no entanto, apesar de sua importância,

há certo preconceito em muitas delas. “Empresas que tomam

decisões envolvendo TI como se fossem despesas tendem a

concentrar-se no custo e não nas necessidades e benefícios

pretendidos” [1]. No mercado, existem diversas metodologias e

frameworks que propiciam às corporações obterem meios de

mensurarem e administrarem seus ativos de TI, além de formas

de alinharem e direcionarem seus investimentos nesta área, que

estejam plenamente compatíveis com as áreas de negócio. Entre

varias metodologias, está a Arquitetura Corporativa que tem a

função de proporcionar uma visão de longo prazo dos

processos, sistemas e tecnologias das empresas [6].

2. OBJETIVO

Este artigo tem como objetivo apresentar os conceito de

Arquitetura Corporativa que, apesar de existirem há

aproximadamente 25 anos, nos dias de hoje é que vem sendo

considerados relevantes pelos Chief Information Office (CIO), e

mostrar os dois modelos mais populares de frameworks

disponíveis no mercado fazendo uma comparação entre eles.

Pretende-se responder a seguinte pergunta: Existe diferença

significativa entre os modelos de Arquitetura Corporativa

considerados pelo mercado? Quais os benefícios que a empresa

poderá ter adotando uma Arquitetura Corporativa?

3. DELIMITAÇÃO DESTE ARTIGO

Apesar de haver diversos modelos de Arquitetura Corporativa,

este artigo enfoca dois modelos mais conhecidos e utilizados

nas empresas, o The Open Group Architecture Framework

(TOGAF) e o Zachman Framework.. Os outros modelos como

FEA, DODAF etc., não estão abordados nesse trabalho

recomendando-se estudos complementares .

4. METODOLOGIA

Utilizou-se o método da pesquisa descritiva [3] onde, reuniu-

se um conjunto de documentos que detalham os modelos de

Arquitetura Corporativa escolhidos para formar um arcabouço

literário como fonte de dados. Este material foi organizado e

estruturado para análise comparativa.

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5. ARQUITETURA CORPORATIVA

Não há uma definição padrão sobre a Arquitetura Corporativa.

Há autores que a definem do ponto de vista de negócios e

outros que focam especificamente a partir de TI. Para Ross,

Weill e Robertson [6] a “Arquitetura Corporativa é a lógica

organizadora para processos de negócios e infraestrutura de TI

que reflete os requisitos de integração e padronização do

modelo operacional da empresa”. Outra definição de

Arquitetura Corporativa é: “A organização fundamental de um

sistema embutido em seus componentes, relações entre si, para

o ambiente, e o princípio orientado a seu desenvolvimento e

evolução” [2]. Para o The Open Group a Arquitetura

Corporativa tem dois significados dependendo do contexto:

“Uma descrição formal de um sistema, ou plano detalhado do

sistema em nível de componentes, tal que sirva de guia para a

sua implementação” ou “A estrutura dos componentes de suas

interrelações e dos princípios e diretrizes que governam seu

desenho e evolução ao longo do tempo” [11]. Enquanto

Lankhorst define-a como “um conjunto coerente de princípios,

métodos e os modelos que são utilizados na concepção e

realização de uma empresa de estrutura organizacional,

processos de negócios, sistemas de informação, e infraestrutura”

[16].

Composição da Arquitetura Corporativa

Esta seção tem a função de conceituar os principais

componentes para modelar uma arquitetura corporativa. Para

auxiliar o entendimento e obter uma sensibilização da

arquitetura no nível gerencial, Ross, Weill e Robertson,

propuseram a representação da Arquitetura Corporativa através

de uma imagem simples que nomearam de “Diagrama Central”,

conforme figura apresentada a seguir. Segundo eles a imagem

serve de ponto de encontro para os gerentes e demais

responsáveis por construir e explorar a Arquitetura Corporativa

[6].

Elementos Comuns no Diagrama Central

Segundo Ross, Weill e Robertson [6] embora cada tipo de

empresa aborde tipos de diagramas centrais diferentes existem

ao menos quatro elementos que são comuns. Isto é, estão

presentes nos diagramas centrais das empresas. São eles:

Processos Centrais de Negócios: É responsável por

definir um conjunto de capacidades gerais da

empresa. Na figura anterior seriam os Serviços

externos

Dados Compartilhados determinantes dos

Processos Centrais: Esses dados podem ser arquivos

da clientela compartilhados pelas linhas de produto de

uma instituição de serviços financeiros com

atendimento completo, ou dados sobre itens e

fornecedores principais compartilhados pelas

unidades comerciais de uma empresa que esteja

instituindo uma cadeia de suprimentos global [6].

Sãos os Serviços bancários centrais na figura anterior.

As principais Tecnologias de Automação e

Vinculação: Essas tecnologias incluem o middleware

ou ERP ou portais de integração. Basicamente

correspondem, na figura anterior, aos Serviços de

relação com o cliente e Serviços por canal [6].

Principais Clientes: Neste caso mostram-se os

maiores grupos de clientes (como canais ou

segmentos) atendidos pela empresa [6] Ou seja, os

canais de atendimento aos clientes, conforme

representado na figura anterior, por meio de Contato

com o cliente.

Componentes do ponto de vista de TI

Ainda com Ross, Weill e Robertson, do ponto de vista de TI há

quatro componentes da Arquitetura Corporativa que são:

Arquitetura de Negócio: as atividades ou tarefas que

compõem os grandes processos de negócios

identificados pelos detentores dos processos.

Arquitetura de Dados ou Informações: definições

comuns de dados

Arquitetura de Aplicações: aplicações individuais e

suas interfaces.

Arquitetura de Tecnologia: Serviços de

infraestrutura e os padrões tecnologicos em que eles

se baseiam.

Fatores Críticos de Sucesso em adotar Arquitetura

Corporativa

De acordo com Schekkerman [7] a adoção de uma Arquitetura

Corporativa resulta em alguns fatores críticos de sucesso, como:

1) Criar e manter uma visão comum do futuro

compartilhado pelas áreas de negócio e a TI,

direcionada ao contínuo alinhamento do negócio com

a TI.

2) Aumentar a flexibilidade da empresa em conexão com

parceiros externos;

3) Reduzir o risco e preparar a empresa para uma

mudança rápida e não planejada;

4) Instituir um programa de refinamento progressivo da

tecnologia;

5) Criar, unificar e integrar processos de negócio por

toda a empresa;

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Frameworks de Arquitetura Corporativa

O Significado de Framework, de acordo com o Dicionário

Oxford Advanced Learners Dictionary, refere-se entre suas

definições como “a estrutura de um sistema em particular”; em

outra definição do mesmo dicionário é descrita como “um

conjunto de ideias ou papeis que é usado como base para fazer

julgamentos, tomar decisões etc”.

De acordo com Cambiucci “um framework de arquitetura

oferece um conjunto bem definido de fases, atividades,

documentos, processos, templates, recomendações e métricas

para a execução de uma arquitetura corporativa” [4].

Já Zachman descreve um framework como “Uma classificação

normalizada de representações descritivas, de artefatos de

projeto de engenharia e de representações de arquitetura para

uma empresa” [11]. Enquanto o The Open Group o define

como “Uma estrutura para conteúdo ou processo que pode ser

usada como ferramenta para o pensamento estruturado

garantindo consistência e integridade” [10]. Segundo o IEEE

Computer Society um framework de arquitetura corporativa é

“uma convenção de princípios e praticas para a descrição de

arquiteturas estabelecidas dentro de um domínio específico de

uma aplicação ou comunidade de envolvidos” [2].

Nas próximas seções estão abordados dois dos frameworks mais

conhecidos do mercado, que são o Zachman Framework e The

Open Group Architecture Framework (TOGAF).

Zachman Framework

O Zachman framework leva o nome de seu criador Jonh A.

Zachman. É um dos mais conhecidos frameworks de

Arquitetura Corporativa existentes no mercado e um dos

precursores também; seu artigo “A framework for information

systems architecture” publicado em 1987 é considerado um dos

primeiros registros da Arquitetura Corporativa.

Em 1992 Jonh Zachman publica outro artigo no extinto

periódico IBM Systems Journal de título Extending and

Formalizing the Framework for Information Systems

Architecture. Nesse artigo, ele detalha e amplia os conceitos

expostos no seu artigo anterior; além disso Zachman [9] disse

que o “Framework fornece uma taxonomia sistemática

composta por conceitos para relacionar as coisas no mundo real

para as representações no computador”. Em uma entrevista

concedida em 2007 quando completou-se 20 anos da

publicação do seu primeiro artigo, John Zachman descreve seu

framework como “Um esquema, uma classificação do conjunto

total de representações descritivas que são relevantes para a

descrição de uma empresa de tal forma que seja

“‘normalizada’”; ou seja um (meta) fato só pode estar em uma

célula e uma célula só pode conter um tipo de (meta) fato [14].

Anos mais tarde, Zachman mudou o conceito inicial de seu

framework, proposto apenas para Sistemas de Informações (TI)

como estava no titulo de seu artigo de 1987. Atualmente ele

descreve-o aplicado à empresa como um todo. “Arquitetura é

uma questão corporativa, e não uma questão de Sistema”. E

justifica dizendo: “Hoje eu diria que o objeto final para o

engenheiro e fabricante é a Empresa, não apenas desenvolver e

implantar sistemas”[11].

Com uma consolidação da definição do Framework de Jonh

Zachman, Roger Sessions diz que “O Zachman Framework é,

na verdade, uma taxonomia para a organização de artefatos

arquiteturais (em outras palavras, documentos de projeto,

especificações e modelos) que considera a quem se destina o

artefato (por exemplo, proprietário ou construtor do negócio) e

qual problema específico (por exemplo, dados e funcionalidade)

está sendo abordado [8].”

Segundo Pereira e Sousa “Nesse framework a arquitetura é

descrita em dois independentes aspectos: as linhas representam

as diferentes perspectivas que podem ser usadas para visualizar

o negócio, a situação a oportunidade, ou um sistema e as

colunas representam diferentes abstrações que se aplicam a

cada perspectiva novamente para o negócio, situação,

oportunidade ou sistema” [5].

Para um melhor entendimento do funcionamento do Zachman

Framework, a seguir será feito um detalhamento das

perspectivas e das abstrações.

Perspectivas

Perspectiva Executiva (Escopo) – Essa perspectiva

corresponde a um sumário executivo para o

planejador, ou investidor, que deseja obter uma

estimativa do escopo do sistema, ou seja, quanto

custaria e como seria realizado [9].

Perspectiva de Gerenciamento de Negócio

(Negócio) – Corresponde à visão do proprietário,

aquele que convive com as rotinas diárias do sistema.

Nessa perspectiva está representado o modelo do

negócio, que constitui o desenvolvimento do negócio

e mostra as entidades de negócio, os processos e

como eles interagem [9].

Perspectiva do Arquiteto (Sistema) - Os planos do

arquiteto são a tradução dos desenhos em visões

detalhadas na perspectiva do desenvolvedor. Estas

correspondem ao modelo do sistema que deve

determinar os elementos de dados e funções que

representam o negócio, as entidades e os processos

[9].

Perspectiva do Engenheiro (Tecnologia) - A

perspectiva do construtor, deve considerar as

limitações das ferramentas, tecnologias e materiais.

Os planos do construtor correspondem ao modelo de

tecnologia, que deve adaptar o modelo desenvolvido

pelo arquiteto para os detalhes de linguagens de

programação e hardware necessário entre outras

tecnologias [9].

Perspectiva Técnica (Configuração) - Nessa

perspectiva os Implementadores dessa são os

responsáveis por executarem o que foi específicado

pelos envolvidos nas perspectivas anteriores, sem se

preocupar com os outros contextos ou estrutura como

um todo.

Perspectiva da Corporação (Implementação) - Essa

perspectiva é o resultado final da implentação da

Arquitetura Corporativa, pois conforme Zachman “A

própria empresa é a implementação, a instanciação, o

resultado final de fazer Arquitetura Corporativa,

assumindo que qualquer arquitetura corporativa tem

sido feita”[14]

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Abstrações

As colunas do framework representam diferentes abstrações ou

diferentes maneiras de descrever o mundo real, a razão para

isolar uma variavel (abstração) enquanto suprime todas as

outras para conter a complexidade do problema do

desenvolvimento [9].

Essas perguntas na visão de Jonh A. Zachman são um conjunto

universal de representações para descrever todo e qualquer

produto industrial.

O que – Representa cada entidade envolvida em toda

a perspectiva da empresa, incluindo Objetos do

negócio, dados em geral;

Como – Essa coluna envolve os processos da empresa

e, como esses processos são executados;.

Onde – Descreve as interconexões e a localização

geográfica da empresa e suas atividades;

Quem – Essa abstração representa a delegação das

atividades da empresa, seja por pessoas, manuais ou

guia operacional;

Quando – Essa abstração representa o tempo, ou

relações eventuais que estabelecem critérios de

performance e níveis quantitativos para os recursos da

empresa. Isto é usual para desenvolver uma agenda

mestre, a arquitetura de processamento, controle e

dispositivos de tempo [7].

Porque – Descreve as motivações, os fins e os meios

para a empresa;

O quadro abaixo, mostra a matriz das abstrações x

perspectivas.

Pe

rsp

ect

ivas

Abstrações

Planejadores

Escopo

O que Como Onde Quem Quando Porque

Proprietários

Negócio

Desenvolvedores

Sistema

Construtores

Tecnologia

Implementadores

Configuração

Usuários

Implementação

Dados Processos Localização Responsabilidades Tempo Motivação

The Open Group Architecture Framework (TOGAF)

Segundo The Open Group (2011) este framework teve sua

primeira versão lançada em 1995 e foi baseado no Technical

Architecture Framework for Information Management

(TAFIM) , que foi desenvolvido pelo Departartamento de

defesa dos Estados Unidos [11].

Atualmente o TOGAF está na versão 9.1, lançada em dezembro

de 2011.

O TOGAF definido por The Open Group “um framework de

arquitetura corporativa. TOGAF provê os métodos e

ferramentas para auxiliar a produção, o uso e manutenção de

uma arquitetura corporativa. É baseado em um processo

interativo apoiado por boas práticas e um conjunto reutilizável

de ativos arquitetônicos” [11].

Com relação a sua estrutura, nesta nova versão o TOGAF está

dividido em sete partes, conforme figura a seguir:

Parte 1 – Introdução: Esta parte apesar de não estar

na imagem anterior fornece uma introdução de alto

nível para os principais conceitos de arquitetura

corporativa e em particular a abordagem TOGAF. Ele

contém as definições dos termos utilizados ao longo

TOGAF e notas de lançamento, detalhando as

mudanças entre esta versão ea versão anterior do

TOGAF.

Parte 2 - Metodologia de Desenvolvimento da

Arquitetura: Esta parte é o núcleo do TOGAF. Ela

descreve o TOGAF Método de Desenvolvimento de

Arquitetura (MDA) - uma abordagem passo-a-passo

para o desenvolvimento de uma arquitetura

corporativa.

Parte 3 – Diretrizes e Técnicas da MDA: Esta parte

contém uma coleção de orientações e técnicas

disponíveis para uso na aplicação do TOGAF e a

MDA TOGAF;

Parte 4 – Framework de Arquitetura de Conteúdo:

Esta parte descreve o Framework de conteúdo

TOGAF, incluindo um metamodelo estruturado para

artefatos arquitetônicos, o uso de blocos de

construção reutilizáveis, arquitetura e uma visão geral

dos resultados de uma típica arquitetura.

Parte 5 - Continuum Corporativo e Ferramentas:

Esta parte discute taxonomias e ferramentas

adequadas para categorizar e armazenar as saídas da

atividade de arquitetura dentro de uma empresa.

Parte 6 – Modelos de Referência do TOGAF: Esta

parte oferece uma seleção de modelos de referência de

arquitectura, que inclui a arquitetura de fundação do

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TOGAF , e o Modelo Integrado de Informação de

Referência de Infraestrutura (III-RM).

Parte 7 – Framework de Competência de

Arquitetura: Esta parte aborda a organização,

processos, habilidades, funções e responsabilidades

necessárias para estabelecer e operar uma função de

arquitetura dentro de uma empresa.

6. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE TOGAF E

ZACHMAN FRAMEWORK

Essa seção tem o objetivo de fazer uma comparação entre os

frameworks de Arquitetura Corporativa baseada nos conceitos

que foram abordados anteriormente. Serão mostradas suas

principais diferenças, o que eles têm em comum, as principais

vantagens e desvantagens de cada modelo.

Diferença entre os Frameworks

Apesar de TOGAF e Zachman se autodenominarem como

Frameworks, alguns especialistas em Arquitetura Corporativa

não dizem o mesmo, por exemplo, Sessions [8] diz que

Zachman Framework seria na verdade definida como uma

taxonomia em função de ter um foco expressivo na classificação

dos artefatos. Enquanto o TOGAF é melhor definido como um

processo, especialmente por causa da Model Driven

Architecture - MDA .

Outro fator importante a observar entre ambos os modelos que

complementa, é que Zachman privilegia a classificação e os

papeis dos envolvidos, ou seja, o Planejador, Proprietário,

Desenvolvedor, Construtor e o Usuário, portanto abrange todos

os aspectos relacionados à responsabilidades da organização.

Enquanto o TOGAF por sua vez proporciona uma elaboração

da arquitetura desde o seu início, por causa das fases da MDA

(A, B, C, D, E, F, G) graças à sua orientação por processo

possibilita ter um controle, um passo a passo, durante a

execução da arquitetura.

Pontos Fortes e Pontos Fracos de Zachman e TOGAF

A seguir será apresentada uma análise das vantagens e

desvantagens baseada no que foi escrito nos capitulos anteriores

desse trabalho.

Zachman Framework

Pontos Fortes

Fortemente orientado na organização e classificação,

pois conforme descrito por Jonh Zachman

anteriormente seu Framework é “na verdade, uma

taxonomia para a organização de artefatos

arquiteturais”.

Definição dos papeis no contexto de cada envolvido

sem que um interfira na visão do outro.

Pontos Fracos

Não há um passo a passo para a elaboração da

Arquitetura Corporativa com esse framework, pois

conforme o proprio Zachman seu Framework não é

uma metodologia.

De acordo com Roger Sessions “Não há como saber

se a arquitetura que será criada será a melhor

possível” [8].

Conhecimento está retido à pessoas certificadas, pois

não há um repositório na internet com informações de

como implementar esse framework.

TOGAF

Pontos Fortes

Com esse framework é possivel elaborar uma

arquitetura do início ao fim, pois como foi dito

anteriormente o MDA fornece um método passo a

passo para tal;

Documentação completa disponível na Internet,

gratuitamente online ou pago, se a empresa fizer a

opção em pagar pelos livros em papel. Isto é muito

importante na transferência de conhecimento, pois os

profissionais de uma determinada companhia não

dependem de consultorias.

Grande parte dos artefatos arquiteturais necessários

para o desenvolvimento está disponível na Internet.

Pontos Fracos

Conforme relatado por Sessions [8] “O TOGAF

permite que as fases (da MDA) sejam realizadas de

modo incompleto, ignoradas, combinadas,

reordenadas ou remoduladas para se adaptarem às

necessidades.”

Ainda Conforme Sessions [8] “O TOGAF apenas

descreve como gerar uma Arquitetura Corporativa,

não necessariamente como gerar uma boa Arquitetura

Corporativa”. Isto quer dizer que o sucesso da

arquitetura está relacionado a experiencia do arquiteto

que está conduzindo o projeto.

O quadro a seguir auxilia visualizar melhor a

diferença entre os frameworks:

Po

nto

s F

ort

es

TOGAF

Po

nto

s F

rac

os

ZACHMAN

Não possui metodologia

A documentação é restrita

Não garante que a arquitetura

entregue será a melhor que

atual

Não garante a entrega de

uma boa arquitetura

Permite “pular” alguns

passos do MDA

Foco na metodologia

Documentação disponível

gratuitamente na internet

Foco na organização e

Classificação dos artefatos

Delimitação dos papeis dos

envolvidos no processo.

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O que há em comum entre Zachman Framework e TOGAF?

Após uma análise e verificar a diferença, além de suas

vantagens e desvantagens, observa-se o que há em comum

entre esses frameworks (conforme dito por seus autores ou

mantenedores) é a razão de sua existência, que é o alinhamento

das áreas de negócios com TI. Suas abordagens são distintas,

não sendo possível encontrar pontos de convergência; no

entanto, Zachman e TOGAF se complementam no quesito de

implantar uma Arquitetura Corporativa.

7. RESULTADOS E CONCLUSÃO

O objetivo desse trabalho foi fazer uma explanação do que se

trata a Arquitetura Corporativa, e mostrar dois dos frameworks

mais conhecidos do mercado preparando um quadro

comparativo sobre os pontos de abordagem existentes nos dois

frameworks.

Por meio da análise conclui-se que apesar de ambos

os modelos estudados divergirem entre si em suas abordagens –

enquanto Zachman reforça que seu framework é um esquema, e

não é metodologia e TOGAF oferece uma metodologia, eles

podem ser implantados em conjunto, isto é, uma Arquitetura

Corporativa não precisa ser necessariamente composta por

apenas um framework. A pesquisa realizada recentemente pela

empresa britânica de pesquisa Ovum [15] intitulada “Hybrid

enterprise architecture frameworks are in the majority”

(Frameworks de Arquitetura Corporativa Híbridos são a

maioria) revela que 66% das empresas que adotam Arquitetura

utilizam mais de um framework. Além de não existir um

modelo que domine esse ecossistema, reforçam que o TOGAF,

na maioria dos casos, é utilizado como ponto de partida para a

elaboração da Arquitetura Corporativa, mesmo que

inicialmente não garanta a entrega de uma “boa” Arquitetura.

Fica como contribuição, uma sugestão para ampliar o estudo

para outros frameworks existentes no mercado.

8. REFERÊNCIAS

[1] Graeml, A. R. “Sistemas de Informação”: O Alinhamento da

Estrategia de TI com a estrategia corporativa. 2. ed. São

Paulo: Atlas, 2003.

[2] IEEE Computer Society. IEEE Std 1471-2000: IEEE

Recommended Practice for Architecture description of

Software-Intensive Systems. New York: IEEE, 2000

[3] Gil, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3 ed. ed. São

Paulo: Atlas, 2010.

[4] Cambiucci, W. Biblioteca MSDN. Enterprise Architecture:

A arquitetura corporativa e o papel do arquiteto de TI,

2010. Disponivel em: <http://msdn.microsoft.com/pt-

br/library/gg490650.aspx>. Acesso em: 18 Novembro 2011.

[5] Pereira, C. M.; Sousa, P. A Method to Define an Enterprise

Architecture using the Zachman Framework. [S.l.]. 2004.

[6] Ross, J. W.; Weill, P.; Robertson D. C. Arquitetura de TI

como Estratégia Empresarial. São Paulo: M. Books do

Brasil Editora Ltda, 2008.

[7] Schekkerman, J. How to Survive in the Jungle of Enterprise

Architecture Frameworks. 2º. ed. [S.l.]: Trafford, 2004.

[8] Sessions, R. Uma comparação entre as quatro principais

metodologias de arquitetura corporativa. Biblioteca MSDN,

2007. Disponivel em: <http://msdn.microsoft.com/pt-

br/library/bb466232.aspx>. Acesso em: 06 Março 2012.

[9] Sowa, J. F.; Zachman, J. A. Extending and formalizing the

framework for information systems architecture. IBM

Systems Journal, v. 31, n. 3, 1992.

[10] The Open Group. TOGAF Version 9.1. Open Group

Standard, 2011. Disponivel em:

<http://pubs.opengroup.org/architecture/togaf9-doc/arch/>.

Acesso em: 18 abr. 2012.

[11] Zachman, J. John Zachman Interview with Roger Sessions.

Zachman International, Abril 2007. Disponivel em:

<http://www.zachman.com/ea-articles-reference/48-john-

zachman-interview-with-roger-sessions>. Acesso em: 06

Abril 2012.

[12] Zachman, J. A. A framework for information systems

architecture. IBM Systems Journal, v. 26, n. 03, p. 276-292,

1987.

[13] Zachman, J. A. The Zachman Framework for Enterprise

Architecture: Primer for Enterprise Engineering and

Manufacturing. 1. ed. [S.l.]: [s.n.], 2003.

[14] Zachman, J. A. Architecture Is Architecture Is

Architecture. [S.l.]. 2007

[15] Blowers, M. Hybrid enterprise architecture frameworks are

in the majority. Ovum, 2012. Disponivel em:

<http://ovum.com/2012/03/22/hybrid-enterprise-

architecture-frameworks-are-in-the-majority/>. Acesso em:

12 maio 2012.

[16] Lankhorst, M. Enterprise Architecture at Work. 1st. ed.

Berlin : Springer, 2005