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1 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA- EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO DE DESEMPENHO DAS PRESTADORAS DE SERVIÇO DE UMA DISTRIBUIDORA DE ENERGIA ELÉTRICA – CASO AMPLA ENERGIA E SERVIÇOS S.A. Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia de Produção da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Produção. Orientador: Prof. Dr. Fernando Toledo Ferraz Niterói 2010

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ARNALDO DE CASTRO NETO

ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-

EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO DE DESEMPENHO DAS PRESTADORAS DE

SERVIÇO DE UMA DISTRIBUIDORA DE ENERGIA ELÉTRICA – CASO AMPLA

ENERGIA E SERVIÇOS S.A.

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

em Engenharia de Produção da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial

para obtenção do grau de Mestre em

Engenharia de Produção.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Toledo Ferraz

Niterói

2010

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ARNALDO DE CASTRO NETO

ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-

EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO DE DESEMPENHO DAS PRESTADORAS DE

SERVIÇO DE UMA DISTRIBUIDORA DE ENERGIA ELÉTRICA – CASO AMPLA

ENERGIA E SERVIÇOS S.A.

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia de Produção da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Produção.

Aprovado em abril de 2010.

BANCA EXAMINADORA:

________________________________________ Prof. Dr. Fernando Toledo Ferraz - Orientador

Universidade Federal Fluminense

________________________________________ Profa. Dra. Suzana Dantas Hecksher Universidade Federal Fluminense

________________________________________ Prof. Dr. Francisco José de Castro Moura Duarte

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Niterói 2010

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais e à minha noiva Cíntia pelo apoio e incentivo durante toda a

realização deste trabalho.

Ao Prof. Fernando Ferraz por toda a orientação e apoio dado.

À Ampla Energia e Serviços Ltda. por possibilitar e incentivar a realização deste

trabalho.

Às empresas parceiras pela participação e colaboração dada ao estudo.

A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram com a realização deste trabalho.

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RESUMO

Devido ao alto nível de terceirização do setor elétrico no segmento de distribuição e

a evolução deste setor estar fortemente atrelada à inovação, este estudo de caso tem

como objetivo, mapear o perfil inovador e intra-empreendedor das empresas

terceirizadas que prestam serviços a distribuidora Ampla Energia e Serviços S.A.,

para assim verificar se existe alguma correlação entre estes perfis e a colocação

destas empresas na avaliação de desempenho utilizada pela distribuidora para as

empresas consideradas estratégicas. As empresas consideradas estratégicas são as

que prestam serviço no negócio principal ou possuem a maior quantidade de pessoas

trabalhando no contrato, totalizando assim, dez empresas compondo o estudo.

Para verificar esta correlação, utilizaram-se os coeficientes de Pearson e Spearman.

Estes coeficientes medem o grau de intensidade da correlação. O perfil inovador e

intra-empreendedor foi identificado através da aplicação de um questionário para os

principais responsáveis das empresas prestadoras de serviço, e baseado nos

conceitos apresentados por Christensen e Pinchot sobre inovação e intra-

empreendedorismo.

Após a conclusão do estudo, pode-se analisar se a avaliação destes fornecedores

realizada pela distribuidora considera as empresas mais inovadoras e intra-

empreendedoras, como as empresas de melhor desempenho e vice-versa. Com estes

resultados, pode-se sugerir um novo direcionamento das premissas de contração ou

da própria medição de desempenho, para que se considere um perfil inovador/intra-

empreendedor como fonte de crescimento e geração de novos negócios, tanto da

contratante como da contratada.

Palavras-chave: Inovação; Intra-empreendedorismo; Terceirização.

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ABSTRACT

Due to the high level of outsourcing of the Power sector in the distribution segment

and the fact that the evolution of this segment is strongly linked to innovation, this

case study aims to map the innovative profile and intrapreneur of the outsourced

enterprises, which provide services to the utility Ampla Energia e Serviços S.A. , in

order to verify if there is any correlation between these profiles and the position of

these companies on the performance assessment used by the utility with the

enterprises which are considered strategic. The enterprises that are viewed as

strategic are the ones that provide service to the core business or have the highest

number of people working on the contract, totalizing ten enterprises which have

made up the study.

In order to check this correlation, the Pearson and Spearman’s coefficients were

utilized. These coefficients measure the level of the correlation intensity. The

innovative and intrapreneur profile were identified by the use of a questionnaire

to the movers and shakers of the outsourced companies, and based on the concepts

presented by Christensen and Pinchot on innovation and intrapreneurship.

Upon conclusion of the study it was possible to determine if the evaluation of these

providers, carried out by the utility, considers the enterprises more innovative and

intrapreneurs, as the best performance companies and vice-versa. With these results,

it was possible to suggest a new direction of the contracting premises or the

performance assessment itself in order to consider a innovative and intrapreneur

profile as a source of growth and of new businesses generation, either by the hirer

or by the retained.

Keywords: Innovation; Intrapreneurship; Outsourcing

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 8

2. O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO .............................................................................. 13

2.1. HISTÓRICO DO SETOR ..................................................................................................... 13

2.2. ATUAL PERFIL DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO .................................................. 17

2.3. O PAPEL DA INOVAÇAO NO SETOR ELÉTRICO ........................................................ 23

3. TERCEIRIZAÇÃO .............................................................................................................. 26

3.1. GESTÃO DA TERCEIRIZAÇÃO ........................................................................................ 29

4. INOVAÇÃO E INTRA-EMPREENDEDORISMO.................. ......................................... 35

4.1. INOVAÇÃO .......................................................................................................................... 36

4.2. EMPREENDEDORISMO E INTRA-EMPREENDEDORISMO ........................................ 48

4.2.1. O Perfil Intra-empreendedor .............................................................................................. 51

4.2.2. Fatores de Liberdade .......................................................................................................... 58

5. HISTÓRICO DA DISTRIBUIDORA AMPLA ENERGIA S.A. ..... ................................ 64

5.1. DADOS E HISTÓRICO DA DISTRIBUIDORA ................................................................. 64

5.2. FORNECEDORES DE SERVIÇO ....................................................................................... 70

5.3. A GESTÃO DA INOVAÇÃO NA AMPLA ......................................................................... 72

6. OBJETIVO DO ESTUDO ................................................................................................... 75

6.1. METODOLOGIA DE PESQUISA ....................................................................................... 75

6.1.1. Perfil Inovador/intra-empreendedor.................................................................................... 77

6.1.2. Indicador de Desempenho ÍNPAR ..................................................................................... 83

6.1.3. Correlação de Pearson e Spearman..................................................................................... 87

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7. ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................................................................... 89

7.1. PERFIL INOVADOR/EMPREENDEDOR .........................................................................89

7.2. INDICADOR DE DESEMPENHO ÍNPAR ......................................................................... 92

7.3. CÁLCULO DAS CORRELAÇÕES .................................................................................... 94

7.3.1. Análise e Cálculo do Cenário 01..........................................................................................95

7.3.2. Análise e Cálculo do Cenário 02......................................................................................... 98

7.3.3. Análise e Cálculo do Cenário 03....................................................................................... 101

7.3.4. Análise e Cálculo do Cenário 04....................................................................................... 105

8. CONCLUSÕES FINAIS .......................................................................................... 108

REFERÊNCIAS......................................................................................... 113

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente as organizações estão vivendo em mercados cada vez mais voláteis e

competitivos. Diante deste cenário, surge uma necessidade cada vez mais crescente

destas empresas promoverem uma cultura interna de inovação como fonte de

competitividade, crescimento e oportunidades de novos negócios.

As buscas por parceiros para desenvolvimento de novos projetos e uma gestão do

processo de inovação dentro das empresas tornam-se práticas cada vez mais comuns

e essenciais, para as empresas que pretendem ter a inovação e o empreendedorismo

como parceiros no crescimento da organização. Entretanto, a grande maioria das

empresas ainda possui entraves para o processo relativo às novas idéias ou negócios,

tais como: rigidez dos processos de aprovação e decisão, gerentes despreparados,

burocracia, falta de espírito de equipe, barreiras inter departamentais, delimitações

impostas pela descrição do cargo, obediência irrestrita às normas e padrões internos,

pouca ou nenhuma tolerância a erros e fracassos, falta de orçamento para novos

negócios de risco, falta de capacitação da força de trabalho, entre outros. Estes

entraves demonstram que além da necessidade de se estabelecer uma cultura de

inovação, existe a necessidade de se estabelecer uma cultura empreendedora ou

intra-empreendedora, para que as novas idéias e projetos sejam implementados

gerando novas fontes de lucro para a empresa.

O intra-empreendedorismo é o empreendedorismo aplicado dentro das

organizações, tendo os empreendedores, ou melhor, intra-empreendedores, no seu

corpo de funcionários. Este termo foi cunhado por Gifford Pinchot na década de 80

e é uma livre tradução do termo original, em inglês, intrapreneurship.

Segundo o autor, as empresas devem incentivar os empreendedores internos a

assumirem riscos calculados para inovar, monitorando o progresso dessas iniciativas

e mitigando os riscos e as dificuldades que um empreendedor externo enfrentaria.

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Pinchot acredita que o estímulo ao intra-empreendedorismo seja uma alternativa

promissora à sobrevivência das grandes corporações engessadas.

Dentro dos conceitos de inovação e intra-empreendedorismo como forma de

crescimento, estão as organizações que possuem empresas terceirizadas prestando

serviços para os negócios essenciais da empresa. Nestes casos, a forma de

terceirização, relacionamento e medição de desempenho realizada pela contratante

em relação às contratadas deve contemplar uma forma de incentivo ou seleção,

levando-se em conta o perfil inovador/intra-empreendedor das empresas

terceirizadas, como forma da organização crescer junto com seus parceiros através

de novos negócios ou melhoria dos processos. Atualmente, devido à grande

turbulência e globalização dos mercados, mudanças constantes e concorrência

acirrada, as organizações estão sendo impulsionadas a se adequarem cada vez mais a

esta necessidade, sendo quase que impossível identificar no meio corporativo, um

segmento que não tenha em seu ambiente alianças estratégicas, para delegar a

terceiros parte de suas atividades, seja para imprimir maior qualidade e

especialização ou ainda para obtenção de melhores resultados.

A terceirização teve início na década de 60, ganhando fôlego somente na década

de 80 e hoje terceirizar é de grande importância ou até uma necessidade para a

manutenção e ampliação da competitividade de determinadas empresas. Deve-se,

portanto, partir do pressuposto de que há a necessidade de uma forte relação de

parceria tendo como foco resultados empresariais entre as partes, para que não reste

dúvida de que o contratante estará ganhando vantagem competitiva. Além disto, a

técnica de terceirização deve ser analisada de forma estratégica, a fim de que se

decidam quais atividades devem constar nesse processo.

Como conseqüência desse novo cenário temos a necessidade de

profissionalização da cadeia de relacionamentos no mundo empresarial, na qual

todos precisam evoluir e dar sua contribuição para a melhoria de resultados dos

empreendimentos. Diversas organizações vêm ampliando seus processos de

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terceirização e readequando suas relações, nas quais o tomador dos serviços não

delega apenas a execução, cabendo também ao prestador a responsabilidade na

gestão e o compromisso no resultado dos negócios. Nesse novo modelo, a figura do

contratado ultrapassa os limites de mero prestador de serviços, assumindo

integralmente ou em parte um processo produtivo e dividindo responsabilidades pelo

resultado do empreendimento. Isto representa uma verdadeira mudança de

concepção de terceirização até aqui praticada.

Devido ao alto nível de terceirização do setor elétrico no segmento de

distribuição e a evolução deste setor estar fortemente atrelada à inovação, este

estudo tem como objetivo, mapear o perfil inovador e intra-empreendedor das

empresas terceirizadas que prestam serviços a distribuidora Ampla, para assim

verificar se existe alguma correlação entre estes perfis e a colocação destas

empresas na avaliação de desempenho utilizada pela distribuidora para os

fornecedores de serviço considerados estratégicos. As empresas consideradas

estratégicas são as que prestam serviço no negócio principal ou possuem a maior

quantidade de pessoas trabalhando no contrato, totalizando, assim, dez empresas

compondo o estudo.

A inovação do setor elétrico não se resume somente ao aspecto tecnológico, mas

também, se não principalmente, a inovações sistêmicas e organizacionais que

expressem as mudanças necessárias de paradigmas regulatórios, normativos,

políticos e até mesmo sociais. A maior mudança do setor, talvez tenha ocorrido na

década de 90 envolvendo a privatização das companhias operadoras com a Lei no

9.427, de dezembro de 1996, que instituiu a Agência Nacional de Energia Elétrica

(Aneel) e determinou que a exploração dos potenciais hidráulicos fosse concedida

por meio concorrência ou leilão, em que o maior valor oferecido pela outorga (Uso

do Bem Público) determinaria o vencedor. O processo de privatização foi iniciado

com a finalidade de reconstituir o ambiente competitivo que se tornou consistente e

coordenado a partir de 1997.

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Esta privatização provou ser bem-sucedida em termos de geração de receita

através da venda de ativos, atração do capital estrangeiro para financiamento de um

novo modelo competitivo e substituição de um ambiente no qual a maior parte das

empresas era afetada por resultados fracos, alto endividamento e níveis baixos de

investimento. Além disto, trouxe melhoria na qualidade dos serviços oferecidos ao

consumidor, com custos situados em patamares mais razoáveis.

Hoje, o mercado de distribuição de energia elétrica é formado por 63

concessionárias, distribuídas por todos os estados do território nacional. Segundo

dados da Aneel, em setembro de 2008, cerca de 95% da população tinha acesso à

rede elétrica e o país contava com mais de 61,5 milhões de unidades consumidoras

em 99% dos municípios brasileiros, sendo cerca de 85% consumidores residenciais.

Atualmente, 66% do segmento de distribuição são controlados por empresas de

capital privado.

A Ampla Energia e Serviços S.A., empresa que utilizaremos neste estudo, é uma

distribuidora de energia elétrica que atua em 66 municípios do Estado do Rio de

Janeiro e sua área de concessão é de 32.188 quilômetros quadrados, representando

73% do território estadual. Atualmente, atende 2,5 milhões de clientes e seus

serviços atingem cerca de sete milhões de habitantes.

A Ampla é uma das empresas da holding Endesa Brasil, controlada pela Endesa,

quarta maior empresa de energia do mundo e a principal da Espanha.Na América

Latina, além do Brasil, está presente na Argentina, no Chile, na Colômbia e no Peru,

conquistando, assim, a primeira posição entre as empresas privadas de energia

elétrica na América Latina

A inovação é uma das principais características da Ampla, que estimula a

criatividade e o desenvolvimento de novas idéias no dia-a-dia de suas atividades,

visando responder aos múltiplos desafios dos negócios. Os colaboradores são

instigados a desenvolver uma atitude empreendedora, sugerindo soluções e

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melhorias tanto ao processo em que atuam quanto aos diferentes processos nos quais

identificam oportunidades de evolução.

Para medirmos a correlação entre o perfil inovador/intra-empreendedor e o

desempenho das empresas prestadoras de serviço da Ampla, utilizaremos os

coeficientes de correlação de Pearson e Spearman. Os coeficientes medem o grau de

intensidade da correlação.

O perfil inovador e intra-empreendedor das empresas terceirizadas foi

identificado através da aplicação de um questionário para seus principais

responsáveis. Entre estes se incluem diretores, gerentes do contrato e donos das

empresas que prestam serviço para a Ampla. Estas empresas prestam serviços de:

corte e religação por inadimplência, leitura de medidores, entrega de contas,

inspeções e normalizações de furto de energia, ligações de novos clientes, serviços

comerciais, atendimento em agências, central de relacionamento, construção e

manutenção de redes e subestações, atendimentos de emergência, almoxarifado e

serviços de limpeza e segurança patrimonial em toda a área de concessão da

distribuidora.

O indicador de desempenho utilizado foi o ÍNPAR (Índice da Parceria), que é o

indicador utilizado pela Ampla para avaliar o desempenho das empresas prestadoras

de serviço, visando alinhar a estratégia destas empresas à estratégia da Ampla.

A obtenção da correlação entre os perfis inovadores/intra-empreendedores e a

medição de desempenho das empresas terceirizadas da Ampla, tem como objetivo

analisarmos se a avaliação destes fornecedores realizada pela distribuidora

considera as empresas mais inovadoras como as empresas de melhor desempenho e

vice-versa. Com estes resultados, pode-se sugerir uma mudança nas premissas de

contração ou na própria medição de desempenho, para que se considere um perfil

inovador/intra-empreendedor como fonte de crescimento e geração de novos

negócios, tanto da contratante como da contratada.

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2. O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO

2.1. HISTÓRICO DO SETOR

O serviço de fornecimento de energia elétrica é desempenhado por uma série de

agentes que utilizam recursos financeiros, tecnológicos e organizacionais.

Segundo Carneiro (2000), “o avanço tecnológico nas atividades de geração,

transmissão, distribuição e utilização da energia elétrica e as novas opções de

financiamento são fatores de forte influência presentes no ambiente externo

(internacional), enquanto no ambiente interno (nacional), a expansão demográfica, a

industrialização da economia e a urbanização influenciam a demanda por

eletricidade e apontam para mudanças da forma de prestação de serviço e dos

arranjos administrativos, como a descentralização".

Para entendimento mais amplo a respeito do setor, faz-se pertinente uma breve

revisão da trajetória institucional do setor no Brasil, e o faremos já a partir da

década de 80.

Com a redemocratização do país em 1985, o governo da transição democrática

assumiu tendo sob seu comando uma administração voltada sob bases autoritárias e

forte intervencionismo econômico. A reforma administrativa foi incluída na agenda

das reformas a serem promovidas pelo governo para o restabelecimento da nova

ordem democrática. No entanto, embora representasse uma grande vitória da

sociedade, a redemocratização do país foi acompanhada pelas dificuldades

apresentadas pela instabilidade política da transição e pela crise fiscal e econômica.

Esse ciclo recessivo instaurado nos anos 80 ocasionou erros de planejamento

baseado em previsões de metas produtivas muito elevadas, o que ocasionou uma

redução da rentabilidade do setor, tanto no aspecto operacional, quanto nos projetos

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de geração e transmissão. O esgotamento do modelo centralizado com

predominância de empresas estatais altamente verticalizadas tornou-se evidente com

a inadimplência nas transações entre geradoras e distribuidoras, além das

paralisações e atrasos nas obras programadas.

Segundo Pires (2000), “as reformas setoriais que se seguiram a partir de 1987

foram decorrentes das seguintes condições de contornos do modelo institucional:

União e Estados em crise financeira, empresas de energia mal geridas e regime

regulatório inadequado".

A partir da década de 90, o modelo institucional do setor de energia elétrica

passou por grandes mudanças. Até 1995, o Setor Elétrico Brasileiro era

verticalizado e constituído por empresas predominantemente estatais. Através da Lei

de Concessões (Lei 8987/95), instalou-se o modelo competitivo e o setor passou por

um processo de reestruturação.

As oportunidades para o capital privado foram ampliadas pela Lei 9074/95, que

criou o agente auto-produtor e o agente produtor independente, instituiu

procedimentos embasados na competição de mercado, redefiniu o perfil dos agentes

setoriais e concedeu licenças para exploração de potenciais hidráulicos e para

instalação de linhas de transmissão mediante licitação. Além disso, essa lei

estabelece vários princípios relativos à renovação das concessões no setor elétrico.

As concessões antigas poderiam ser renovadas, ou novas concessões autorizadas,

após o desmembramento das atividades de geração, transmissão e distribuição. As

tarifas para as novas concessões ou para sua renovação teriam como base a estrutura

de custos de cada segmento do mercado de energia elétrica (geração, transmissão e

distribuição).

A maior mudança da década de 90 envolveu a privatização das companhias

operadoras e teve início com a Lei no 9.427, de dezembro de 1996, que instituiu a

Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e determinou que a exploração dos

potenciais hidráulicos fosse concedida por meio concorrência ou leilão, em que o

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maior valor oferecido pela outorga (Uso do Bem Público) determinaria o vencedor.

O processo de privatização foi iniciado com a finalidade de reconstituir o ambiente

competitivo que se tornou consistente e coordenado a partir de 1997.

Para aumentar a adesão dos governos estaduais, o governo de Fernando Henrique

Cardoso lançou, através do BNDES, o Programa de Estímulo à Privatização Estadual

(PEPE), que alcançou resultados com o rápido avanço da privatização das empresas

distribuidoras. A partir de então, a estrutura de propriedade na atividade de

distribuição passou a ser dominada pelo capital privado.

A Aneel, autarquia sob regime especial vinculada ao Ministério de Minas e

Energia, com sede e foro no Distrito Federal e prazo de duração indeterminado,

nasce com a missão de “proporcionar condições favoráveis para que o mercado de

energia elétrica se desenvolva com equilíbrio entre os agentes e em benefício da

sociedade” (www.aneel.gov.br).

Segundo o instrumento normativo: “A ANEEL tem por finalidade regular e

fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia

elétrica, em conformidade com as políticas e diretrizes do governo federal".Entre as

atribuições de fixar tarifas e de fiscalizar a qualidade dos serviços e o cumprimento

dos contratos de concessão, estão:

• implementar as políticas e diretrizes do governo federal para exploração de

energia elétrica e o aproveitamento dos potenciais hidráulicos, expedindo os

atos regulamentares necessários aos cumprimentos das normas;

• gerir os contratos de concessão ou de permissão de serviços públicos de

energia elétrica, de concessão de uso de bem publico, bem como fiscalizar,

diretamente ou mediante convênios, as permissões e a prestação dos serviços

de energia elétrica;

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• dirimir, no âmbito administrativo, as divergências entre concessionárias,

permissionárias, autorizadas, produtores independentes e autoprodutores, bem

como entres esses agentes e seus consumidores;

• zelar pelo cumprimento da legislação de defesa da concorrência, monitorando

e acompanhando as práticas de mercado dos agentes do setor de energia

elétrica e;

• fixar multas administrativas a serem impostas aos concessionários,

permissionários e autorizados de instalações e serviços de energia elétrica,

observando o limite legal.

Estabelecidos os limites do marco regulatório, as decisões passaram então a

serem tomadas levando-se em consideração também os interesses da iniciativa

privada, em substituição ao interesse exclusivo do Estado.

No ano de 2001, uma crise de abastecimento elétrico assolou o Brasil, o que

resultou em um plano de racionamento de energia elétrica, provocando reflexos

significativos no setor e na estabilidade social e econômica do país. O

racionamento, com corte de 20% no consumo das regiões Nordeste, Sudeste e

Centro-oeste e de 10% no Norte, foi decretado em 1º de junho pela Câmara de

Gestão da Crise de Energia Elétrica (CGE), diretamente vinculada à Presidência da

República. Essa crise gerou vários questionamentos a respeito do rumo que o setor

elétrico viria a tomar, e visando dirimir essas dúvidas e passar mais segurança, foi

instituído o Comitê de Revitalização do Modelo do Setor Elétrico.Com a cooperação

de toda a sociedade o racionamento acaba em 1º de março de 2002.

Em 2003, houve intensos debates a respeito de propostas de mudança do marco

regulatório, com a finalidade de garantir o fornecimento elétrico, a retomada dos

investimentos e a adequação de tarifas adequadas ao consumidor. O Governo

Federal lança o Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso de Energia

Luz para Todos, que ficou conhecido como Programa Luz Para Todos. O objetivo é

levar, até 2008, energia a 12 milhões de brasileiros, dos quais 10 milhões na área

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rural, que ainda têm acesso ao serviço. A iniciativa sucede o Programa Luz no

Campo, criado em 1999.

Em 2004, mostrou-se no âmbito legal, uma preocupação em tornar o setor mais

produtivo e eficiente, com o aumento da capacidade do sistema financiado pelo

capital privado. Neste ano, a grande mudança ocorreu com a introdução do Novo

Modelo do Setor Elétrico, com a promulgação das Leis nº 10.847 e nº 10.848, que

teve como objetivos principais: garantir a segurança no suprimento; promover a

modicidade tarifária e promover a inserção social, em particular pelos programas de

universalização (como o Luz para Todos). Sua implantação marcou a retomada da

responsabilidade do planejamento do setor de energia elétrica pelo Estado. Os

instrumentos legais criam a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a Câmara de

Comercialização de Energia Elétrica, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico

(CMSE) e o Comitê de Gestão Integrada de Empreendimentos de Geração do Setor

Elétrico (CGISE).

Com todas essas mudanças, o Estado deixou a função de mero promotor e

financiador do setor elétrico e assumiu o papel de agente político e regulador de tal

atividade. A privatização do setor provou ser bem-sucedida em termos de geração de

receita através da venda de ativos, atração do capital estrangeiro para financiamento

de um novo modelo competitivo e substituição de um ambiente no qual a maior parte

das empresas era afetada por resultados fracos, alto endividamento e níveis baixos

de investimento. Além disto, trouxe melhoria na qualidade dos serviços oferecidos

ao consumidor, com custos situados em patamares mais razoáveis.

2.2. ATUAL PERFIL DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO

O Brasil é um país com quase 184 milhões de habitantes, segundo estimativas do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e se destaca como a quinta

nação mais populosa do mundo. O mercado de distribuição de energia elétrica é

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formado por 63 concessionárias, distribuídas por todos os estados do território

nacional. Segundo dados da Aneel, em setembro de 2008, cerca de 95% da

população tinha acesso à rede elétrica e o país contava com mais de 61,5 milhões de

unidades consumidoras em 99% dos municípios brasileiros, sendo cerca de 85%

consumidores residenciais. O segmento de distribuição, em sua grande maioria, é

controlado por empresas de capital privado, diferentemente dos segmentos de

geração e transmissão, como pode ser observado na figura 1.

Geração

Público

72%

Privado

28%

Geração Transmissão

Privado

14%

Público

86%

Transmissão Distribuição

Privado

66%

Público

34%

Distribuição

Figura 01: Comparativo entre capital público x privado nos segmentos do setor elétrico Fonte: Aneel, EPE – 2008

O setor elétrico brasileiro está dividido em cinco regiões geográficas: Sul,

Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. As concessionárias presentes nessas

regiões são conectadas por linhas de transmissão de alta capacidade, as quais

compõem o Sistema Interligado Nacional (SIN). Esse sistema é integrado por

unidades produtoras e consumidoras que fazem parte de uma imensa estrutura

distribuída sobre um território continental, o que o torna singular em âmbito

mundial. O sistema concentra aproximadamente 900 linhas de transmissão que

somam aproximadamente 90 mil quilômetros nas tensões de 230, 345, 440, 500 e

750 kV. Além disso, abriga 96,6% de toda a capacidade de produção de energia

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elétrica do país – oriunda de fontes internas ou de importações, principalmente do

Paraguai por conta do controle compartilhado da usina hidrelétrica de Itaipu.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é responsável pela coordenação

e controle da operação do SIN, realizada pelas companhias geradoras e

transmissoras, sob a fiscalização e regulação da Aneel. Entre os benefícios desta

integração e operação coordenada está a possibilidade de troca de energia elétrica

entre regiões. Isto é particularmente importante em um país como o Brasil,

caracterizado pela predominância de usinas hidrelétricas localizadas em regiões com

regimes hidrológicos diferentes.

No segmento de geração, de acordo com o Banco de Informações de Geração

(BIG), da Aneel, o Brasil contava, em novembro de 2008, com 1.768 usinas em

operação, que correspondem a uma capacidade instalada de 104.816 MW

(megawatts) – número que exclui a participação paraguaia na usina de Itaipu. Do

total de usinas, 159 são hidrelétricas, 1.042 térmicas abastecidas por fontes diversas

(gás natural, biomassa, óleo diesel e óleo combustível), 320 Pequenas Centrais

Hidrelétricas (PCHs), duas nucleares, 227 centrais geradoras hidrelétricas (pequenas

usinas hidrelétricas) e uma solar. Este segmento conta com mais de 1.100 agentes

regulados entre concessionários de serviço público de geração, comercializadores,

autoprodutores e produtores independentes.

A facilidade de aproveitamento, a ampla disponibilidade e seu caráter renovável

fizeram com que a energia hidrelétrica se constituísse na maior parcela da matriz

energética do Brasil. Há poucos anos, as hidrelétricas representavam cerca de 90%

da capacidade instalada no país. Em 2008, essa participação recuou para cerca de

74%. O fenômeno foi resultado da construção de usinas baseadas em outras fontes

(como termelétricas movidas a gás natural e a biomassa) em ritmo maior que aquele

verificado nas hidrelétricas.

O Brasil utiliza apenas 26% do imenso potencial hidráulico aproveitável do país,

muito pouco se compararmos a países como a França, Alemanha e Japão, que têm

aproveitamento de 100%, 83% e 64% respectivamente. Quanto à proporção de

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energia renovável, tem-se que a oferta energética interna do Brasil é uma das mais

elevadas do mundo. Na figura 2, pode-se observar respectivamente, a distribuição da

oferta de energia renovável e não-renovável no Brasil e no mundo, e a distribuição

de oferta de energia no Brasil, por fonte de geração.

Brasil

80%

20%

Mundo

18%

82%

Não -RenováveisRenováveis

Figura 02: Distribuição da oferta de energia renovável e não-renovável, no Brasil e no mundo. Fonte: Aneel, 2008

100% = 97 GW

16%

2%

4%

4%

74%

Térmica Nuclear Bio Massa Importacão Hidro

Figura 03: Estrutura da Oferta de Energia Elétr ica no Brasil Fonte: Aneel, 2008

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No ano de 2007 o consumo de energia elétrica no Brasil atingiu 435.684,43

GWh, concentrando-se mais de 50% deste consumo nas regiões sudeste e centro-

oeste do país, como demonstra a figura 4.

Figura 04: Consumo de energia elétrica por região em 2007 Fonte: ONS, 2008

Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a demanda por energia

elétrica dos próximos anos crescerá a uma taxa aproximada de 5% ao ano, como

mostra o gráfico 1.

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Crescimento da demanda elétrica (TWh)

393 412 433 454 475 497 520 545 572

599 634

671 710

20

08

20

09

20

10

20

11

20

12

20

13

20

14

20

15

20

16

20

17

20

18

20

19

20

20

Gráfico 01: Crescimento da demanda elétrica do Brasil para os próximos 10 anos Fonte: Aneel, EPE - 2008

As faturas mensais emitidas pelas distribuidoras registram a quantidade de

energia elétrica consumida no mês anterior e medida em kWh (quilowatt-hora). O

valor final a ser pago pelo cliente corresponde à soma de três componentes: o

resultado da multiplicação do volume consumido pela tarifa (valor do kWh, expresso

em reais); os encargos do setor elétrico e os tributos determinados por lei. Os

encargos do setor elétrico, embutidos na tarifa – e, portanto, transparentes ao

consumidor – têm aplicação específica. Os tributos são destinados ao governo. Já a

parcela que fica com a distribuidora, é utilizada para os investimentos em expansão

e manutenção da rede, remuneração dos acionistas e cobertura de seus custos.

Os Contratos de Concessão prevêem três mecanismos de atualização tarifária:

Reajuste Anual, Revisão Tarifária e Revisão Tarifária Extraordinária.

O Reajuste Tarifário é concedido anualmente, segundo uma fórmula prevista no

Contrato de Concessão. No ano em que ocorre o mecanismo de revisão tarifária, este

reajuste não é aplicado.

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A Revisão Tarifária Periódica é realizada em intervalos de quatro ou cinco anos,

e se diferencia dos reajustes anuais, por ser mais ampla e levar em conta todos os

custos, investimentos e receitas para fixar uma nova tarifa, adequada à estrutura da

empresa e a seu mercado.

A Revisão Tarifária Extraordinária pode ocorrer a qualquer tempo, quando um

evento imprevisível afetar o equilíbrio econômico-financeiro da concessão.

2.3. O PAPEL DA INOVAÇÃO NO SETOR ELÉTRICO NACIONAL

A evolução do setor elétrico está fortemente atrelada à inovação tecnológica,

assim como ocorre com as demais indústrias. Essa inovação procura enfrentar

desafios e o maior deles é assegurar o fornecimento de energia a baixo custo

paralelamente à redução dos impactos ambientais negativos locais, regionais e

globais.

Todavia, a inovação não se resume ao aspecto tecnológico, mas também, se não

principalmente, a inovações sistêmicas e organizacionais que expressem as

mudanças necessárias de paradigmas regulatórios, normativos, políticos e até mesmo

sociais, com estímulo ao mercado livre, onde geradoras, auto-produtores,

consumidores e comercializadores cooperem com a expansão do setor elétrico,

principalmente nos leilões de energia nova. Nesse sentido, um incentivo ao consumo

consciente também se faz importante.

Em relação à energia hidráulica, a tendência é que a sua representatividade

continue a avançar e a ser a principal fonte de energia elétrica do Brasil, apesar dos

avanços tecnológicos para exploração de fontes não convencionais, do aumento da

participação de outras fontes na matriz energética e das restrições ambientais à

geração hidrelétrica.

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Embora os maiores potenciais remanescentes estejam localizados em regiões com

restrições ambientais e distantes dos centros consumidores, a ANEEL prevê que nos

próximos anos pelo menos 50% da necessidade de expansão da capacidade de

geração seja suprida por fontes hídricas.

Uma vez que qualquer tipo de fonte primária de geração de energia causa

impacto ambiental, seja a energia “limpa” das hidrelétricas, seja a energia “suja”

das termelétricas, a minimização do impacto sócio-ambiental se apresenta como um

grande desafio à inovação tecnológica no setor. Há exemplos de usinas mais

modernas que empregam essas inovações para aumentar a eficiência e a qualidade da

geração elétrica concomitantemente à conservação ambiental e ecológica. Entre eles

está a usina de Santo Antônio, que utilizará tecnologia de ponta utilizando turbinas

bulbo, que apresentam relação de custo-benefício em termos ambientais melhor que

qualquer outro aproveitamento hidrelétrico existente no país.

As diversas transformações ocorridas no setor energético e, de forma mais

específica, no setor elétrico, estão alterando não só a direção e a intensidade dos

esforços tecnológicos e científicos nesse sentido, como também as relações verticais

e horizontais das instituições que os empreendem.

A expectativa era que essas alterações e a abertura à concorrência incentivassem

a melhoria do desempenho, uma maior eficiência econômica das empresas, assim

como um aumento da produtividade, atraindo, assim, maiores investimentos da

iniciativa privada através de sua busca por vantagens competitivas, que, por sua vez,

estimulariam a inovação.

Porém, contrariando essas expectativas, essas transformações não fomentaram a

inovação tecnológica no setor elétrico. O que se observa é uma tendência à

polarização das atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em torno dos

objetivos corporativos de curto prazo e não priorização das atividades de inovação

de interesse público por parte das concessionárias. Esse fato ocorre devido à forte

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influência do ambiente institucional. Mas esse ambiente, também pode funcionar

como forma de fomento à inovação, principalmente em relação ao marco regulatório.

Como parte da estrutura na qual as empresas operam, regulamentos e leis bem

definidos propiciam um forte indicativo de orientação e sustentação das atividades

de inovação e influenciam o acesso à informação, os encargos tributários e

administrativos, os direitos de propriedade e os padrões ambientais. A pesquisa e

desenvolvimento institucionais observados no setor seguem um modelo colaborativo

e coordenado pelos poderes públicos, que desempenham uma função central no

processo de inovação ao subsidiarem a pesquisa pública em cooperação com a

pesquisa privada e ao estabelecerem parcerias entre agentes e as diversas formas de

financiamento.

Pela Lei no 11.465/2007, até o final de 2010 as concessionárias de energia são

obrigadas a destinar um percentual mínimo de 0,5% de sua receita operacional

líquida tanto para as atividades de eficiência energética quanto para P&D. Segundo

a Aneel, o total de recursos aplicados entre 1998 e 2007 em programas de P&D por

todas as empresas do setor (o que inclui as transmissoras e geradoras) foi de R$ 1,3

bilhão.

Esse modelo causa impactos significativos, como: a elevação da competitividade

internacional e da produtividade total dos fatores, extrapolamento para a economia

do conhecimento produzido pelas inovações empreendidas e aumento no volume de

conhecimentos disponível nas redes.

O cumprimento dessa obrigatoriedade deve ser acompanhado da observância de

algumas regras, como a submissão à aprovação da ANEEL de um programa de P&D

para execução de projetos de pesquisa que atendam às variadas diretrizes, e que

sejam executados em consonância com as capacidades e estrutura da concessionária,

internamente ou em conjunto com universidades, centros de pesquisa, consultorias e

indústria.

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Diante do exposto, percebe-se que a inovação é capaz de prover uma

significativa contribuição para um desenvolvimento equilibrado e sustentável do

setor elétrico brasileiro, pois, se bem gerenciada, pode não apenas minimizar a

desigualdade interna no fornecimento do serviço à crescente população, como

também levar o Brasil a uma posição de destaque mundial, devido à vantagem

competitiva gerada pelo máximo aproveitamento de seu imenso potencial energético.

3. TERCEIRIZAÇÃO

O termo terceirização pode ser definido como “parceiro trabalhador”. É oriundo

do latim tertiariu que significa parceria agrícola do trabalhador em serviços

realizados em propriedade pertencente a outrem, o qual recebe um terço do total da

colheita.

O início da terceirização ocorreu na década de 60 e ganhou fôlego nos anos de

1980. Hoje, terceirizar é de grande importância ou até uma necessidade para a

manutenção e ampliação da competitividade de determinadas empresas. Entretanto,

esta ferramenta de gestão, paradoxalmente é utilizada por inúmeras empresas de

maneira inadequada, por vezes acarretando prejuízos na forma de ações judiciais,

geração de passivos trabalhistas, além de importantes aspectos ligados ao

cumprimento de metas de produtividade. Portanto, deve-se partir do pressuposto de

que há a necessidade de uma forte relação de parceria, tendo como foco resultados

empresariais entre as partes, onde não reste dúvida de que o contratante estará

ganhando vantagem competitiva. Além disto, a técnica de terceirização deve ser

analisada de forma estratégica, a fim de que se decidam quais atividades devem

constar nesse processo.

Uma pesquisa efetuada em 2006 mostra que 86% das empresas brasileiras

praticam a terceirização e 92% delas a consideram um instrumento de modernização

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dos negócios, com ganhos evidentes (Saratt, 2008). O crescimento da terceirização

é tão significativo, que a tendência é inclusive alcançar áreas estratégicas das

organizações.

A contratação de uma terceira estrutura poderá ter como objetivo a produção de

bens, bem como a prestação de serviços.

Neto(1995), distingue a terceirização como ação de transferir a responsabilidade

de uma ou mais atividades de uma empresa para outra, neste contexto caracterizada

como terceira.

A evolução do processo de terceirização é destacada por Silveira (2002),

quando, a partir de 1980, as empresas ampliaram intensamente as atividades

contratadas e passaram a adotar um relacionamento de prestadores de serviço, fora

do ambiente organizacional, de modo que a entidade terceira não se fizesse visível

ao público externo e interno, e em alguns casos, até de subterfúgio em relação ao

poder público fiscalizador, como os segmentos de transportes e vendas.

Posteriormente pressionadas pela necessidade de diminuição de custos, as

organizações estenderam ainda mais a contratação de serviços, iniciando um novo

procedimento na terceirização, onde o trabalhador passou a dividir a estrutura física

do contratante, fato este chamado de internalização. Este método, ainda utilizado

nos dias de hoje, acarreta diminuição de despesas das empresas contratadas,

adequando as estruturas utilizadas pelo trabalhador, como: refeitórios, vestiários,

salas de suporte administrativo e deslocamento de materiais. Estes custos, muitas

vezes impactavam no custo final do serviço terceirizado.

Na década de 90, com a publicação do Enunciado de Súmula no 331 do Tribunal

Superior do Trabalho, permitiu-se a transferência de serviços a terceiros,

abrangendo atividades consideradas de grande importância nos processos

desenvolvidos, ocorrendo assim, o grande crescimento desta técnica de

administração. Assim sendo, a exigência de um novo perfil de empresa terceirizada

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passou a ser condição essencial, tornando-as prestadoras de serviço especialistas em

suas atividades.

Atualmente, devido à grande turbulência e globalização dos mercados, mudanças

constantes e concorrência acirrada, as organizações estão sendo impulsionadas a se

adaptarem cada vez mais a esta necessidade, sendo quase que impossível identificar

no meio empresarial, um segmento que não tenha em seu ambiente alianças

estratégicas, para delegar a terceiros parte de suas atividades. Sejam estas para

imprimir maior qualidade e especialização ou ainda para obtenção de melhores

resultados em produtividade e lucros.

Em função desta evolução dos processos de terceirização no meio corporativo,

as normas de terceirização sofreram algumas mudanças e novas classificações e

caracterizações foram consideradas. Kardec (2002), destaca três modalidades

básicas:

• Atividades Fim: que é a atividade de vocação da empresa, a razão de ser do

negócio e a atividade que está prevista em seu contrato social. Exemplo:

Gestão do Negócio e Operação de uma usina nuclear;

• Atividades Meio: que é a atividade que está ligada diretamente às atividades –

fim, como por exemplo, atividades de manutenção.

• Atividades Acessórias: definidas como atividades que dão apoio às empresas

como um todo, não ligadas à atividade fim. Como exemplos pode-se citar

transporte, vigilância, limpeza e alimentação.

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3.1. GESTÃO DA TERCEIRIZAÇAO

De fato a terceirização é hoje uma prática plenamente consolidada no meio

empresarial, tanto no Brasil como no resto do mundo. Indispensável à manutenção

da competitividade das empresas, a terceirização está presente nos mais variados

setores da economia e em diversas etapas dos negócios de inúmeras empresas.

Assume então, extrema importância a gestão destes processos, carecendo maior

atenção por parte dos empresários, que ainda cometem muitos erros na implantação

e na política de relacionamento com os terceiros. Podemos considerar a necessidade

de uma maior profissionalização do processo, sob pena da terceirização tornar-se um

ônus, e não uma ferramenta lucrativa, perdendo assim sua razão de existir. Afinal a

terceirização impôs-se não apenas como palavra, mas, fundamentalmente, como

conceito e filosofia na gestão das empresas. Portanto o histórico do processo de

terceirização deverá ser traçado a partir de uma idéia de constante evolução.

Podemos observar que a terceirização vem avançando, sobretudo nas grandes

organizações corporativas, nas quais a intensa compra de serviços e a necessidade

de produção em larga escala, têm como objetivo a obtenção de resultados cada vez

mais significativos, por meio de um processo de sintonia fina entre os parceiros. Um

exemplo deste novo estágio ocorre nas empresas de distribuição de energia elétrica,

que contratam seus parceiros na forma de sistemistas, que funcionam como células

de produção, representando uma evolução neste processo. Neste modelo, o terceiro

está localizado no ambiente de trabalho do tomador de serviços, obtendo ganhos

competitivos na redução de custos para ambas as empresas. Além disto, ganha-se em

agilidade na comunicação, principalmente sobre os objetivos e metas da empresa

tomadora dos serviços. O envolvimento dos trabalhadores terceiros com as metas e

objetivos da corporação, facilitado pelo modelo de internalização, deverá ser foco

constante de atenção destas empresas, visto que é fato que os acontecimentos no

âmbito empresarial e, portanto, no âmbito do trabalho, sofrem grandes influências

do mercado em que estão inseridos, e da necessidade de remunerar o capital que os

sustenta.

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Como conseqüência deste novo cenário, temos a necessidade de

profissionalização da cadeia de relacionamentos no mundo empresarial, na qual

todos precisam evoluir e dar sua contribuição para a melhoria de resultados dos

empreendimentos e para garantia da manutenção dos postos de trabalho gerados a

partir do exercício da atividade econômica.

A utilização cada vez mais intensiva da terceirização no ambiente empresarial

por si só comprova sua importância e o valor por ela adicionado a toda a cadeia

produtiva, que varia constantemente na medida em que os processos vêm evoluindo.

Fatores como posição da empresa no mercado, oscilações econômicas e

mercadológicas, elementos externos, fazem com que o processo de contratação de

serviços especializados tenha de ser reavaliado de modo permanente. No início as

empresas buscavam com a terceirização a redução quase que imediata de custos

através de substituição de empregados por prestadores de serviços, eliminando

níveis de hierarquia e enxugando a folha de pagamento. Sabemos que este tipo de

mecanismo não se sustenta a médio prazo, pois potencializa a geração de

subempregos pela redução salarial e acirra conflitos, fragilizando a empresa perante

a sociedade. Hoje, em função da necessidade de agilidade e mudanças contínuas, em

um mercado cada vez mais competitivo, as empresas precisam canalizar suas

energias naquilo que lhes gera riqueza, ser mais ágeis, menos burocráticas, e contar

com uma estrutura interna mais enxuta, agregando novos e constantes benefícios que

justifiquem a manutenção e o crescimento do processo de terceirização. Números do

Outsourcing World Summit, realizado em Orlando, revelaram que o setor de

terceirização cresceu 300% de 2003 a 2005 em todo o mundo e empresas de

outsourcing deverão empregar mais de três milhões de pessoas até 2015 (Saratt

2008).

Atualmente a terceirização atingiu um nível de especialização tão alto, que

muitas empresas estão terceirizando partes de seu negócio central, o chamado KPO

(Knowledge Process Outsourcing). Segundo Bob Hayward, diretor da consultoria

KPMG, “o KPO marca a evolução da terceirização, migrando da periferia para o

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centro da empresa”, e este setor deve movimentar cerca de US$ 1 bilhão, entre 2008

e 2010. Esta nova realidade tem despertado o interesse de muitos empreendedores,

que possuidores de larga experiência e conhecimento, nas mais variadas áreas de

atuação, passam a investir tempo e esforços, oferecendo ao meio empresarial novas

formas de repensar e prever o futuro dos seus negócios.

Cabe refletir sobre o que as empresas buscam com a terceirização. Um dos

principais objetivos é sem dúvida a redução estrutural de custos não atrelada aos

salários praticados. Como vimos anteriormente, as empresas aprenderam que

terceirizar apenas para reduzir salários e achatar benefícios não é um bom negócio,

pois apesar de se ter uma redução imediata de custos com a precarização das

relações de trabalho, mais adiante a organização pagará a conta na forma de geração

de passivo e ineficiência operacional. Portanto, o que se busca atualmente é uma

redução estrutural, ou seja, no momento em que se cortam níveis hierárquicos e a

energia é concentrada na atividade empresarial, se ganha força, mobilidade e

eficiência operacional para enfrentar os mais diversos desafios do mercado em que

atua.

Outra busca constante das empresas é o redimensionamento do quadro de

empregados, visto que ano após ano as organizações buscam o atendimento das

demandas com maior eficiência e menor custo. Visando o cumprimento de metas e a

compensação de carências de headcount, a contratação de serviços de terceiros

especializados, apresenta-se como solução substituindo custos fixos por variáveis

mantendo o grau de especialização do negócio.

Busca-se também com a terceirização, a flexibilidade contratual e a remuneração

por desempenho, que é uma mudança de cultura em relação à política de

contratação. É comum considerar o contrato como instrumento para solução de

conflitos de interesse, mas atualmente, os contratos estão se tornando extremamente

ricos em cláusulas de normas técnicas e operacionais, especificando a execução dos

serviços com indicadores qualitativos e quantitativos através de acordos de nível de

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serviço (SLA) tranformando-se em importantes instrumentos de aferição do

relacionamento. Também tem sido usual estabelecer um plano de convivência e um

plano de contingenciamento de ações entre o tomador e o prestador de serviços, mas

o instrumento contratual está migrando do foco do conflito para o da convergência

de interesses.

Diversas organizações vêm ampliando seus processos de terceirização e

readequando suas relações, nas quais o tomador dos serviços não delega apenas a

execução, cabendo também ao parceiro prestador a responsabilidade na gestão e o

compromisso no resultado dos negócios. Neste modelo, sucesso ou o fracasso, não

será somente dos acionistas ou dos empregados da contratante, mas de todos aqueles

que direta ou indiretamente, participam da cadeia.

Assim sendo, a figura do contratado ultrapassa os limites de mero prestador de

serviços, assumindo integralmente ou em parte um processo produtivo e dividindo

responsabilidades pelo resultado do empreendimento. Isto representa uma verdadeira

mudança de concepção de terceirização até aqui praticada, visto que ao contrário do

modelo anterior o envolvimento do parceiro é pleno e potencializa os resultados da

operação como um todo.

Atualmente, onde o período de sustentação de vantagens competitivas é cada vez

menor, as organizações sentem mais e mais a necessidade de inovação e criação de

novos diferenciais para seus produtos e serviços, sem impactar no preço ao

consumidor final. Portanto a aquisição de um produto ou serviço, já que se trata de

despesa, tornou-se estratégica e um novo desafio para o sucesso das organizações. É

comum que inovações e alterações visando melhorias, gerem algum tipo de custo,

seja pela mão de obra, tecnologia ou processo e geralmente a viabilização dessas

melhorias ou inovações envolve fornecedores cuja participação será decisiva para o

sucesso da operação. Neste cenário, os prestadores devem estar alinhados e

conhecerem plenamente a estratégia da empresa, pára auxilia-la na busca destes

diferenciais, e preparadas para atender às novas necessidades. Portanto, as empresas

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33

devem considerar que a otimização do processo de contratação de terceiros, ganha

maior importância e deve ser realizada de forma completa, analisando não apenas o

cenário atual, mas também a capacidade e a flexibilidade do prestador no que se

refere a oferecer soluções, propor inovações e atuar de forma a agregar valores

tangíveis para a organização.

Como suporte a esta estratégia de escolha e contratação do terceiro, o mercado

tem se utilizado da metodologia de strategic sourcing. A implementação destes

métodos nas empresas, é realizada por consultorias especializadas que inicialmente

realizam análises a partir do levantamento de volumes e tipos de serviços

adquiridos, e a seguir analisam as oportunidades de melhorias dos processos,

redução de custos, aumento da qualidade e melhor aproveitamento das ofertas do

mercado em termos de serviços ou tecnologia. Todo este trabalho é realizado com a

formação de equipes multifuncionais, envolvendo consultores, profissionais das

áreas de compras e profissionais das áreas usuárias dos serviços a serem adquiridos,

de forma que, o entendimento das necessidades internas, especificações e volumes,

seja total.

Este grupo passa então a ser o responsável pela gestão da compra estratégica e do

processo de gestão do fornecedor de serviço, procurando melhor atender às

necessidades internas com melhor nível de qualidade e redução do custo final.

Esta metodologia, quando implementada e funcionando corretamente, oferece

importantes benefícios para a empresa, entre eles: otimização operacional,

incremento qualitativo, aumento de foco nas atividades que agregam valor ao

negócio, melhor relacionamento com o grupo de fornecedores, confiabilidade e

transparência nas decisões, integração das várias equipes que compõem o processo e

aumento de receitas e margens da empresa.

A implementação da gestão dos terceiros por resultados também é muito

importante. Este tipo de gestão provoca a mudança de alguns valores, pois leva o

gerenciador a abandonar a antiga prática de fiscalizar apenas a execução do

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contrato, passando a monitorar e acompanhar o nível de qualidade, melhorias,

satisfação do consumidor final, relacionamento e envolvimento dos funcionários

pertencentes ao fornecedor dos serviços. Desta forma, toda a cadeia envolvida é

verificada.Outra mudança vista neste tipo de gestão, por exemplo, ocorre quando a

empresa contratante dispensa a prática de preço fechado, e estabelece um plano de

remuneração por desempenho ou eficiência.

Diante deste cenário evolutivo, qualquer empresa que queira se manter no

mercado de forma competitiva e tenha em sua estratégia de operação a contratação

de terceiros, precisa apresentar uma elevada taxa de eficiência no gerenciamento da

terceirização e elevada capacidade de criar ambientes de convivência com os

prestadores, atingindo assim, sempre os melhores resultados, com o menor custo e

melhor valor agregado. Neste processo, deve-se eliminar a grande confusão no

entendimento entre a figura do gestor e do gerenciador. Cabe ressaltar que o

gerenciamento se limita a fiscalização e controle dos contratos com o terceiro,

enquanto a gestão está focada no acompanhamento e desenvolvimento destas

relações. No dia a dia verificamos que muitos gestores apresentam um perfil

mecânico e fiscalizador, agindo de forma reativa e como solucionador de problemas.

Portanto, a gestão plena da terceirização, onde o gestor deixa de ser apenas um

especialista e passa a ser um analista do cenário, passando a ver toda a cadeia do

negócio, com foco na eficiência, na inovação e no desenvolvimento, e não apenas na

fiscalização, proporciona redução de riscos, custos, e preservação econômica da

contratante e da contratada.

A partir da análise de cenários do Brasil e outros países, podemos afirmar que a

terceirização não se esgotou, nem ficou ou está estagnada. Ao contrário, está em

constante evolução e é responsável pela sobrevivência de diversas organizações.

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4. INOVAÇÃO E INTRA-EMPREENDEDORISMO

Atualmente as organizações estão vivendo em mercados cada vez mais voláteis e

competitivos. Diante deste cenário, surge uma necessidade cada vez mais crescente

destas empresas promoverem uma cultura interna de inovação como fonte de

competitividade, crescimento e oportunidades de novos negócios.

As buscas por parceiros para desenvolvimento de novos projetos e uma gestão do

processo de inovação dentro das empresas tornam-se práticas cada vez mais comuns

e essenciais, para as empresas que pretendem ter a inovação e o empreendedorismo

como parceiros no crescimento da organização. As organizações que iniciaram a

jornada nesta direção começaram por romper os paradigmas que tradicionalmente

delimitam suas fronteiras. Antes, o ciclo externo era bastante claro: fornecedor –

empresa – cliente. Hoje poderíamos dizer que o que temos é algo parecido com:

parceiro – empresa – parceiro. Cada vez mais as empresas estão delegando parte de

suas operações para fornecedores e clientes, dividindo responsabilidades com eles,

incorporando os valores dos clientes de seus clientes e a realidade dos fornecedores

de seus fornecedores.

A grande maioria das empresas ainda possui entraves para o processo relativo às

novas idéias ou negócios, tais como: rigidez dos processos de aprovação e decisão,

gerentes despreparados, burocracia, falta de espírito de equipe, barreiras inter

departamentais, delimitações impostas pela descrição do cargo, obediência irrestrita

às normas e padrões internos, pouca ou nenhuma tolerância a erros e fracassos, falta

de orçamento para novos negócios de risco, falta de capacitação da força de

trabalho, entre outros. Estes entraves demonstram que além da necessidade de se

estabelecer uma cultura de inovação, existe a necessidade de se estabelecer uma

cultura empreendedora ou intra-empreendedora, para que as novas idéias e projetos

sejam implementados gerando novas fontes de lucro para a empresa.

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Como citado por Gifford Pinchot em entrevista realizada para a Revista Exame

(2006), "A inovação desde sempre pressupôs a capacidade de empreender dos

funcionários. Sem esse ingrediente, ela simplesmente não acontece"

Portanto, as características que as empresas devem possuir para utilizar a

inovação como forma de contribuir com o crescimento e como semear e consolidar

uma cultura intra-empreendedora na organização serão nossos objetos de estudo

neste capítulo.

4.1. INOVAÇÃO

O conceito da inovação é centrado na novidade. Independentemente de qual seja

a intensidade, a palavra de ordem da inovação é mudança, seja como geradora de

mudança ou em reação a ela. Uma vez que consiste em um processo, a inovação se

torna tão complexa de ser definida quão complexo é um processo. Conforme Tidd,

Bessant e Pavitt (2005), a inovação é a conjunção de processos cujo elemento crítico

é justamente as interações.

Schumpeter, aborda a inovação como a introdução de novos produtos, que

transformam o ambiente competitivo, existindocinco possibilidades para inovação:

• Introdução de um produto novo ou mudança qualitativa em produto existente.

• Novo processo de fabricação.

• A conquista de um novo mercado, independentemente deste mercado já existir

ou não.

• Desenvolvimento de nova fonte de suprimento para matérias-primas,

independentemente desta fonte já existir ou não.

• Mudança organizacional.

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McAdam, Stevenson e Armstrong (2000) sintetizaram o conceito de inovação

como: “A utilização da habilidade criativa dos indivíduos e da equipe de trabalho

em resposta à mudança, fazendo coisas diferentes ou melhores em relação a

produtos, processos ou procedimentos através do processo contínuo de

melhoramento das técnicas e da efetiva produção, assimilação e exploração da

novidade.”

O conjunto das atividades de inovação constitui o Processo de Inovação. O

Manual de Oslo (2005) define as atividades de inovação como todas as atividades

envolvidas no desenvolvimento e no lançamento de inovações, inclusive o

planejamento para o futuro, e incluem as etapas científicas, tecnológicas,

organizacionais, financeiras e comerciais que conduzem à implementação de

inovações. Nem toda a inovação precisa ser espetacular. Um volume suficiente de

inovações pequenas ou incrementais pode gerar altos lucros.

Para Christensen (2003), não é a escassez de idéias e sim o processo de

modelagem que entrava o lançamento de novos negócios. Segundo ao autor, o

processo de inovação torna-se mais previsível através da construção de uma boa

teoria amparada por boas pesquisas. Esta teoria é formada através da descrição do

fenômeno que se deseja compreender, classificação deste fenômeno em categorias e

explicação da causa e do por que deste fenômeno. É fundamental que a teoria

identifique as circunstâncias e categorias corretas para que o processo de inovação

deixe de ser aleatório e torne-se um processo previsível, contribuindo assim para o

sucesso do projeto inovador.

Christensen (2003) divide os processos de inovação em duas categorias : as

inovações disruptivas e as inovações sustentadoras. As inovações sustentadoras ou

incrementais são as inovações que buscam melhorias ou incrementos de processos,

produtos ou serviços já existentes. Significam pequenas mudanças incrementais

sobre uma base de produtos ou serviços já conhecidos. Neste tipo de inovação o

desafio está em oferecer produtos melhores, a preços mais altos, para clientes cada

vez mais exigentes por meio de desempenho superior ao até então disponível. Estas

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inovações geram menos riscos para a organização, pois a inovação será aplicada a

uma base de produtos ou serviços que já existem, e como citado anteriormente, as

mudanças são incrementais, geralmente demandando menos investimentos do que

um novo projeto onde a empresa teria que adequar seus valores ou criar novos

processos, que é o caso das inovações disruptivas.

Para as inovações sustentadoras as organizações mais veteranas e estruturadas

levam vantagem na implantação. Já nas inovações disruptivas os menores

concorrentes levam vantagem, por buscarem uma faixa de clientes menos atraentes

ou exigentes, que por muitas vezes não são interessantes para a estratégia das

grandes organizações.

As inovações disruptivas são inovações que rompem e redefinem os modelos

vigentes, lançando novos produtos ou serviços que não são tão bons quanto os até

então disponíveis, ou que gerem uma nova necessidade de consumo ao cliente. O

desafio para este tipo de inovação é comercializar produtos mais simples e

convenientes, com preços mais baixos, atraindo clientes menos exigentes ou então

uma faixa de não-consumidores. Para Christensen (2003), o modelo de negócio

disruptivo é um poderoso e valioso recurso para as organizações em busca de um

crescimento acelerado, e divide as inovações disruptivas em duas categorias : a

disrupção de baixo mercado e a disrupção de novo mercado.

Na disrupção de baixo mercado, a estratégia ou foco está na busca de clientes

situados na camada inferior da atual rede de valor. São clientes menos exigentes que

não se preocupam em pagar menos por um produto inferior ou com menos

funcionalidades ao existente no mercado. Um exemplo deste tipo de disrupção foi a

entrada das empresas automobilísticas coreanas na América do Norte, pois não

criaram um novo mercado, e sim modelos de negócio de baixo custo que atraíram os

clientes menos atraentes das empresas tradicionais de automóveis.

As disrupções de novo mercado competem com o não consumo, buscando

produtos ou serviços que são mais simples e acessíveis, que podem ser utilizados ou

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adquiridos por uma nova faixa de clientes que antes não tinham a oportunidade de

adquirirem estes produtos. Este tipo de inovação também pode criar a uma

necessidade de consumo por um novo produto ou serviço que antes não existia ou

não era enxergada pelos atuais clientes. Um exemplo de disrupção de novo mercado

foram as fotocopiadoras de mesa da Canon, pois atraiu uma nova faixa de

consumidores que, a partir do lançamento deste produto, poderiam tirar suas

fotocópias do escritório sem ter que se dirigir aos grandes centros de cópia onde

existiam as grandes máquinas. Com esta facilidade a fotocopiadora de mesa atraiu

esta nova faixa de consumidores, oferecendo um produto que qualquer pessoa

poderia operar, criando assim a necessidade de se tirarem mais cópias, a um preço e

tamanho mais acessível do que as grandes máquinas utilizadas nos centros de cópia.

Como este tipo de disrupção concorre com o não consumo, as organizações titulares

e lideres de mercado não se sentem atacadas e nem ameaçadas em sua atual faixa de

clientes.

Para testarmos se uma idéia tem potencial disruptivo ou não, Christensen (2003)

desenvolveu três testes baseados em conjuntos de perguntas que devem ser

respondidas em relação a idéia que se deseja testar.

No primeiro teste é verificado se a idéia é uma disrupção de novo mercado, com

as seguintes perguntas:

• Fatia considerável da população não tem dinheiro, equipamentos ou

habilidades para ter ou usar o produto por conta própria e, em conseqüência,

não utiliza o produto de modo algum ou precisa pagar a alguém com mais

recursos para manejá-lo em seu lugar ?

• Para usar o produto, os clientes precisam dirigir-se a locais inconvenientes ou

centralizados ?

Neste teste basta uma resposta afirmativa para uma ou ambas as perguntas, para

que a idéia tenha potencial para disrupção de novo mercado.

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No segundo teste é avaliado o potencial da idéia para o baixo mercado, com as

seguintes perguntas:

• No baixo mercado, existem clientes que gostariam de comprar produtos menos

sofisticados, mas com bom desempenho, se pudessem adquiri-los a preços

mais baixos ?

• Temos condições de criar um modelo de negócios que gere lucros atraentes, a

preços com desconto, de modo a conquistar esses clientes saciados do

mercado ?

No caso do segundo teste, ambas as perguntas devem ser respondidas

afirmativamente, para que a idéia tenha um potencial de disrupção para o baixo

mercado.

Após estes dois testes, basta uma última pergunta que deve ser respondida

afirmativamente para confirmar o potencial disruptivo da idéia. Este teste é

considerado crítico e definitivo, e é composta pela seguinte pergunta:

• A inovação é considerada disruptiva para todos os titulares significativos do

setor?

Esta pergunta é essencial, pois o que pode parecer disruptivo para algumas

empresas ou setores pode ser sustentador para outros. Caso a idéia não passe por

este teste definitivo, não poderá ser modelada como disruptiva.

Mas somente classificar a inovação como sustentadora ou disruptiva, não garante

que o projeto trará lucros atraentes. Para isso, é preciso construir um processo que

permita direcionar e acompanhar as atividades de inovação desde a sua concepção

até o seu lançamento.

Christensen (2003) descreve outros desafios para garantirmos o sucesso de uma

nova idéia, conforme demonstrados e discutidos abaixo:

• A escolha dos produtos e dos clientes que comprarão ou utilizaram o novo

produto ou serviço

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• A relação da empresa com seus parceiros ou fornecedores no desenvolvimento

do projeto

• A estrutura organizacional para o novo empreendimento

• A estratégia utilizada para o novo empreendimento

• Os investimentos e suas fontes mais úteis

• O papel dos gerentes e da alta administração

A escolha dos produtos e dos clientes que comprarão ou utilizaram o novo

produto ou serviço

Este item contempla de que forma a empresa deve realizar a segmentação dos

clientes para a definição e desenvolvimento de um novo projeto, buscando despertar

interesse nestes clientes. Como citado por Christensen (2003), 60% de todas as

iniciativas de desenvolvimento de novos produtos, são abandonadas antes mesmo de

chegarem ao mercado. Dos outros 40%, somente 60% consegue gerar lucro e

permanecer no mercado, o que evidencia que três quartos do dinheiro investido em

novas idéias resultam em fracassos comerciais, embora as expectativas iniciais

sejam sempre favoráveis.

Os erros mais comuns das organizações é o fato de se segmentar o mercado por

produto, nível de preço e características dos indivíduos ou empresas que constituem

sua clientela, ou seja, baseiam-se nos atributos do produto e do cliente, gerando

apenas correlações entre atributos e resultados.

Christensen (2003) sugere que esta segmentação deve ser baseada em

circunstâncias as quais os clientes compram ou usam os produtos, tendo como base

as tarefas almejadas pelos clientes ou os resultados que os mesmos buscam atingir

com o produto ou serviço, identificando as reais necessidades sob a perspectiva do

trabalho a ser executado. O autor reforça que “...a unidade crítica de análise é a

circunstância, não o cliente.” (Christensen, pág.98).

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Outro ponto destacado é que os clientes não mudam as tarefas que têm que

executar, e sim buscam uma forma mais fácil, conveniente, acessível e econômica

para a execução destas tarefas. Para analisar uma nova idéia, a empresa deve

observar que os clientes não mudam a tarefa em face de um novo produto. Um

produto ou serviço que pretende ajudar os clientes a fazer algo que hoje já não está

entre suas prioridades tem pouca probabilidade de sucesso.

A relação da empresa com seus parceiros ou fornecedores no

desenvolvimento do projeto

A decisão da empresa entre o que se deve executar internamente e o que se deve

transferir para fornecedores e parceiros exercem forte impacto no sucesso de novos

empreendimentos. Christensen (2003) descreve que a teoria de competência

essencial, onde o que é competência essencial deve ser realizado internamente e o

que não é competência essencial deve ser transferido a parceiros, algumas vezes não

funciona. O ideal, segundo o autor, é que a empresa enxergue para onde o valor do

serviço ou produto irá migrar no futuro, mantendo esta competência dentro da

empresa.

Enquanto a funcionalidade e a credibilidade de um produto são “não bastante

boas” para atender as necessidades dos clientes, a empresa que deseja obter

vantagem competitiva deve trabalhar com arquiteturas interdependentes exclusivas,

pois otimizam o desempenho em termos de funcionalidade e confiabilidade. As

empresas que utilizam esta arquitetura precisam controlar o projeto e a fabricação de

todos os componentes críticos ao sistema.

Quando os produtos ou serviços do novo empreendimento atingem condições

“bastante boas” de funcionalidade, confiabilidade e desempenho, as empresas devem

trabalhar com arquiteturas modulares, através de padrões setoriais. A utilização

desta arquitetura para os produtos ou serviços que se encontram nestas condições

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deve-se ao fato de que ao atingirem o “bastante bom”, a competividade e

lucratividade passam para a agilidade e flexibilidade em que as empresas têm para

produzir ou oferecer este produto, proporcionando custos indiretos mais baixos do

que as arquiteturas interdependentes.

A estrutura organizacional para o novo empreendimento

Christensen (2003) aborda a estrutura organizacional para um novo

empreendimento, através das capacidades da organização em conduzir os processos,

recursos e valores para aumentar a probabilidade de sucesso do novo negócio.

Os recursos incluem pessoas, equipamentos, tecnologia, projetos de produtos,

marcas, informações, dinheiro e relacionamento com fornecedores, distribuidores e

clientes. Em geral são visíveis e mensuráveis, possibilitando aos tomadores de

decisão facilidades ao estimarem seus valores. Dentro de recursos, o autor considera

a escolha das pessoas que conduzirão o novo empreendimento, um dos fatores mais

importantes para o sucesso do mesmo. A escolha dos gerentes dos projetos deve ser

baseada em experiências anteriores que os mesmos tiveram, em circunstâncias

parecidas com o do novo produto, analisando os tipos de dificuldades que se

defrontaram no passado e se tiveram habilidade para vencer estas dificuldades. A

escolha não deve ser por currículos ou experiências de sucesso com projetos já bem

desenvolvidos e maduros, pois desta forma estaríamos avaliando os atributos e não

as circunstâncias aos quais estes gerentes adquiriram experiências.

Nos processos se incluem as maneiras pelas quais se desenvolvem e fabricam os

produtos e os métodos pelos quais se executam as compras, as pesquisas de

mercado, os orçamentos, o desenvolvimento e remuneração dos empregados e a

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alocação de recursos. Uma das causas do fracasso de novos empreendimentos é a

adoção dos processos atuais que fazem os negócios tradicionais funcionarem com

eficácia. Com muita freqüência, a adoção destes processos torna-se inadequada para

novos negócios, principalmente se forem negócios disruptivos. Os gerentes sempre

devem se perguntar se os atuais processos da organização são compatíveis com o

novo projeto.

Assim como para os processos, os valores da organização também devem estar

alinhados ao novo negócio. Em uma organização onde os valores não incentivem,

disseminem e priorizem a busca por novos negócios, dificilmente uma inovação com

característica disruptiva obterá o sucesso e promoverá o crescimento da empresa. Os

valores nortearão a priorização da tomada de decisão para todos os empregados, em

todos os níveis da empresa, com o objetivo de ajudar a gerar lucro da maneira

prevista em seu modelo de negócios. Em analogia a pergunta que os gerentes devem

se fazer em relação aos processos, a pergunta que os mesmos devem se fazer em

relação aos valores é se estes valores atribuirão ao novo negócio a priorização

necessária. Como cita Christensen : “..os processo e valores da organização devem

ser compatíveis com as exigências da inovação, ou o empreendimento não será bem

sucedido.”

A estratégia utilizada para o novo empreendimento

Christensen (2003) cita dois processos utilizados para definirem a estratégia : o

deliberado e o emergente. O processo deliberado de formulação da estratégia possui

característica analítica e consciente, baseando-se em análise rigorosa dos dados

sobre as necessidades dos clientes, concorrência, tamanho do segmento, crescimento

do mercado e trajetória tecnológica, sendo implementada de cima para baixo, para

projetos com inicio e fim nítidos. O processo deliberado para implementação da

estratégia pode ser utilizado em circunstâncias de inovação sustentadora ou

disrupções de baixo mercado, pois o panorama competitivo é bastante claro.

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A estratégia emergente deve prevalecer nas circunstâncias onde não se tem

certeza da estratégia correta, e onde é difícil prever o futuro do projeto. É o produto

das reações dos gerentes aos problemas e oportunidades não previstos, nas fases de

análise e planejamento do processo de elaboração da estratégia deliberada. Este tipo

de processo de implementação da estratégia deve ser utilizado nos estágios iniciais

das disrupções de novo mercado, pois é quase impossível acertar os detalhes de uma

estratégia viável para estes tipos de negócio. Como citado por Mintzberg e Waters :

“A abertura em relação a estratégia emergente permite que a gerência atue antes da

plena compreensão de todos os fatores, que responda a uma realidade em evolução,

em vez de precisar concentrar-se numa fantasia estável... A estratégia emergente em

si implica aprender o que funciona – agir de determinada maneira de cada vez, em

busca de um padrão ou consistência viável”(Christensen,2003).

Christensen ainda cita três pontos de alavancagem para a elaboração da

estratégia, que é superado por poucos executivos, tornando-se uma das principais

causas do fracasso das inovações em empresas tradicionais. Segundo o autor os

executivos devem :

1º - Gerenciar as estruturas de custo ou valores da organização para priorizar os

pedidos de clientes ideais por produtos disruptivos;

2º - Planejar movido a descobertas, acelerando o processo de aprendizado do que

não dará certo;

3º - Garantir a adoção dos processos de estratégia deliberada e emergente, nas

circunstâncias apropriadas, para cada negócio da empresa.

Quando a estratégia resultante de um processo emergente é reconhecida como

eficaz, é possível melhorá-la, explorá-la e formalizá-la, transformando-a assim em

uma estratégia deliberada.

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Os investimentos e suas fontes mais úteis

A escolha do tipo de dinheiro que deve ser fornecido aos novos negócios de

crescimento acelerado, e a espécie de capital aceita pelos gerentes, representa

importantes escolhas antes do inicio do empreendimento. Para Christensen, o melhor

dinheiro durante os primeiros anos de um negócio é impaciente com o lucro paciente

com o crescimento. Deve ser paciente com o crescimento, pois os novos negócios

em mercados disruptivos continuarão pequenos durante algum tempo, tendo em vista

que competem com o não consumo.

O dinheiro deve ser impaciente com o lucro para acelerar uma estratégia

emergente que garanta que o novo negócio gere lucros com relativa rapidez,

forçando a gerência do empreendimento a testar rapidamente o quanto os clientes se

disporão a pagar um preço lucrativo pelo produto.

Se o dinheiro for impaciente com o crescimento, o novo negócio ira recorrer a

maiores investimentos o que pode inviabilizar o projeto. Esta pressão pelo

crescimento acontece quando o negocio principal não vai bem, e o novo negocio

surge como a ‘salvação da lavoura’.

O papel dos gerentes e da alta administração

Para criarem novas ondas de crescimento disruptivo os executivos têm três

funções:

• postar-se como ponte na interface entre os negócios de crescimento disruptivo

e os atuais negócios predominantes na empresa,

• orientar a criação de um processo de “motor de crescimento disruptivo”

• sentir quando as coisas estão mudando

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Os executivos seniores devem participar mais diretamente das decisões quando

os processos e valores atuais da organização não foram projetados para lidarem com

determinadas questões, como as inovações dsiruptivas. Para as inovações

sustentadoras a delegação funciona com mais eficácia. Isto é o que Christensen

(2003) chama de Teoria do envolvimento dos gerentes e da alta administração da

empresa.

O autor ainda cita que se a empresa tiver o lançamento de uma sucessão de

negócios de crescimento acelerado, líderes aplicando o teste de modelagem de idéias

reiteradamente ou na aquisição de disrupções recentes e se em todas as ocasiões

forem utilizadas boas teorias para acertarem nas decisões referentes a novos

negócios, irá gerar desenvolvimento de processos previsíveis e reutilizáveis para

identificar, formular e lançar empreendimentos de crescimento acelerado bem

sucedidos. Desta forma, a organização cria um “motor de crescimento disruptivo”,

que funciona conforme mostra a figura 5.

Comece quando ainda não for necessário

Ponha na liderança um gerente sênior que

Constitua uma equipe de especialistas indutores e

modeladores que

Treine as tropas para que

• A melhor hora para investir é quando a empresa ainda está crescendo• As pressões para crescer com rapidez induzem a erro os novos negócios

• Modele as idéias, para que passem pelos testes básicos da disrupção• Recorra à teoria para garantir que cada ação seja adequada as circunstâncias

• Monitore o processo de alocação de recursos• Defina os processos organizacionais aplicáveis e não aplicáveis• Mantenha a comunicação entre as fronteiras disruptivas e sustentadoras

• Os engenheiros e vendedores que estão mais perto do mercado saibam o que procurar• Sejam capazes de encaminhar as idéias certas pelos processos certos

Figura 05: Fases para criação de um “motor de crescimento disruptivo” Fonte: Christensen,2003

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4.2. EMPREENDEDORISMO E INTRA-EMPREENDEDORISMO

O termo empreendedorismo é “uma livre tradução que se faz da palavra

entrepreneurship” (Dolabela,99,p.29). Pode ser definido como a criação de valor por

pessoas e organizações trabalhando juntas para implementar uma idéia por meio da

aplicação de criatividade, capacidade de transformação e desejo de tomar aquilo que

comumente se chama de risco.

Schumpeter (1934) associa o empreendedorismo ao desenvolvimento econômico,

à inovação e ao aproveitamento de oportunidades em negócios. Para este autor, a

capacidade de inovação do indivíduo é o que o qualifica como empreendedor, sendo

decorrente da capacidade de combinar novas formas de produção, que resultam em

um novo produto ou em um produto aperfeiçoado, em novas tecnologias. Ao

concluir sua inovação e implementá-la no cotidiano organizacional, sua condição se

altera de empreendedor para gestor.

Para Fillon (1991), o empreendedorismo pode ser definido "como o campo que

estuda os empreendedores, examina suas atividades, características, efeitos sociais e

econômicos e os métodos de suporte usados para facilitar a expansão da atividade

empreendedora". Fillon (1991) ainda define um empreendedor como “uma pessoa

que imagina, desenvolve e realiza visões”.

Para Santos (1983), a definição de empreendedorismo está ligada ao

empreendedor e a sua ação empreendedora. Esta ação compreende: dedicação,

controle, gosto por mudanças, iniciativa, liderança, flexibilidade, inovação,

oportunismo, seleção e uso da competência.

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Utiliza-se o termo intra-empreendedorismo para designar as ações e as políticas

adotadas pelas empresas para incentivar o espírito empreendedor de seus

funcionários. É aplicado dentro das organizações estimulando seus funcionários a se

comportarem como donos do negócio, através da construção de uma estrutura e

cultura organizacional que se adaptam a um ambiente de constante mutação.

O intra- empreendedorismo é o empreendedorismo aplicado dentro das

organizações, tendo os empreendedores, ou melhor, intra-empreendedores, no seu

corpo de funcionários. Este termo foi cunhado por Gifford Pinchot na década de 80

e é uma livre tradução do termo original, em inglês, intrapreneurship. Suas

definições serão utilizadas no decorrer deste estudo para identificarmos

características e iniciativas de estímulo ao intra-empreendedorismo nas empresas

que prestam serviços para Ampla.

De acordo com Gifford Pinchot (1989), intra-empreendedorismo é o processo

pelo qual um indivíduo ou grupo de indivíduos promovem a inovação dentro de uma

organização existente, motivados pelo desejo de correrem riscos calculados, e

agindo para criarem oportunidades de negócios que atendam às necessidades de

crescimento e de melhoria contínua da organização. Segundo o autor, as empresas

devem incentivar os empreendedores internos a assumirem riscos calculados para

inovar, monitorando o progresso dessas iniciativas e mitigando os riscos e as

dificuldades que um empreendedor externo enfrentaria. Pinchot acredita que

estímulo ao intra-empreendedorismo seja uma alternativa promissora à

sobrevivência das grandes corporações engessadas.

Depois de Pinchot, outros pesquisadores contribuíram com suas visões para

definir o termo intra-empreendedorismo. Para Pryor & Shays (1993), o intra-

empreendedorismo é a criação de um ambiente no qual a inovação pode florescer de

forma a transformar pessoas comuns em empreendedores de sucesso que assumem

responsabilidades e papéis dentro da empresa.

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50

Zahra (1995) define o intra-empreendedorismo sob o foco da inovação e criação

de negócios, incluindo nesta perspectiva o compromisso da empresa em construir

novos produtos ou processos, criando novos mercados ou expandindo os já

existentes. Outro foco dado pelo autor é a renovação estratégica, definida como a

revitalização das operações, mudando o escopo do negócio ou a sua abordagem

competitiva.

Antoncic (2001), de uma forma bem simples, define o intra-empreendedorismo

como a aplicação das atitudes empreendedoras dentro de organizações já existentes.

Russell (1999) define o termo como sendo o aperfeiçoamento das competências

organizacionais e empresariais e a expansão de suas oportunidades provenientes das

inovações criadas internamente. Ressalta que a geração interna de inovações requer

ações de indivíduos ou de grupos motivados, sendo estes, influenciados pelo

ambiente empresarial.

Covin & Sievin (1991) conceituaram o intra-empreendedorismo como um

conjunto de comportamentos praticados na esfera organizacional. Esses

comportamentos englobam o desejo dos altos executivos de assumirem riscos, a

extensão e a freqüência de inovação de produtos e a propensão da empresa a

competir de forma proativa com seus rivais do mercado, formando assim uma

“postura empreendedora”. Os autores consideram a postura empreendedora como um

fator que influencia diretamente o desempenho empresarial e é influenciada por

variáveis tais como: características ambientais, negócio da empresa, missão e

estratégia empresarial. Adicionalmente, também devem ser levadas em consideração

as variáveis organizacionais, tais como: recursos e competências, estrutura, cultura e

juízo de valores dos altos executivos.

Stevenson (1990) considera o intra - empreendedorismo um processo pelo qual os

indivíduos, em sua própria empresa ou dentro de uma organização, procuram

oportunidades não relacionadas aos recursos que já controlam.

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51

Diante destas definições, podemos perceber que muitas vezes a inovação está

intimamente ligada ao ambiente organizacional intra-empreendedor. O maior desafio

das organizações, segundo Pinchot (1989), talvez esteja na criação de mecanismos e

ambientes organizacionais que incentivem, encorajem e estimulem o espírito

empreendedor de seus funcionários, criando um ambiente de trabalho em que os

funcionários possam ter confiança e expectativa de que suas iniciativas inovadoras

serão encorajadas, suportadas e recompensadas pela empresa.

Desta forma, o intra-empreendedorismo formal se dá quando a empresa cria

condições para identificar, reter, desenvolver e atrair talentos empreendedores,

dando-lhes condições para criar e gerar projetos de cunho inovador para o

desenvolvimento da organização, de acordo com suas estratégias globais. Para o

autor, a tendência é que “as grandes corporações bem sucedidas devem-se

transformar em uma confederação de intrapreneurs” (Pinchot,1989).

Para se consolidar uma cultura organizacional intra-empreendedora, a definição

de visões e metas organizacionais deve depender de ações intra-empreendedoras

para serem atingidas. Entretanto, inúmeros são os fatores inibidores dos processos

criativos, sendo recorrentes as questões relativas à burocracia interna e à falta de

uma cultura corporativa propícia.

Pinchot (1989) define dez fatores de liberdade que as empresas devem buscar

para implantar uma cultura voltada ao intra-empreendedorismo, além de destacar as

diferenças de características entre um gerente tradicional, um intra-empreendedor e

um empreendedor externo, que veremos a seguir.

4.2.1. O PERFIL INTRA-EMPREENDEDOR

Os termos mais comuns para qualificar pessoas consideradas empreendedoras são

relativos às características pessoais como: coragem para assumir riscos, inovadores,

Page 53: ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp130262.pdf2 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO

52

sonhadores, visionários, arrojados, organizados, criadores, desejo de independência

e necessidade de realização.

Intra-empreendedores são funcionários e/ou colaboradores que se comportam

como empreendedores dentro da organização. Para Pinchot (1989), os intra-

empreendedores não são necessariamente os indivíduos que inventam novos

produtos e serviços, e sim os funcionários que contribuem para tomar novas idéias

ou mesmo protótipos, transformando-os em realidades lucrativas. Quando o novo

negócio torna-se lucrativo, não são os intra-empreendedores que devem gerenciá-lo,

e sim gerentes experimentados.

Para o autor, os intra-empreendedores são ao mesmo tempo pensadores e

executores, planejadores e trabalhadores. São indivíduos que conseguem transformar

a visão em ação e possuem características diferenciadas de um gerente tradicional e

dos empreendedores externos, como mostra a tabela 01.

Gerentes

Tradicionais Empreendedores Tradicionais Intra-empreendedores

Motivos

Principais

Quer promoções e

outras recompensas

corporativas

tradicionais.

Motivado pelo poder.

Quer l iberdade. Orientado para

metas, autoconfiante e

automotivado.

Quer l iberdade e acesso aos

recursos da corporação.

Orientado para metas e

automotivado, mas também

reage às recompensas e ao

reconhecimento da

corporação.

Page 54: ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp130262.pdf2 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO

53

Orientação

quanto ao

tempo

Responde a cotas e

orçamentos,

horizontes de

planejamento

semanal, mensal,

trimestral e anual,

próxima promoção

ou transferência.

Metas finais de 5 - 10 anos de

crescimento do negócio como

guias. Age agora para passar a

próxima etapa.

Metas finais de 3 - 15 anos,

dependendo do tipo de

empreendimento. Urgência

para atender cronogramas

auto-impostos ou

corporativos.

Ação

Delega a ação.

Supervisão e

relatórios levam a

maior parte da

energia.

Põe a mão na massa. Pode

aborrecer os empregados

fazendo de repente o trabalho

deles.

Põe a mão na massa. Pode

saber como delegar, mas

quando necessário, faz o que

deve ser feito.

Habil idades

Gerência

profissional. Com

freqüência formado

em escola de

administração.

Ferramentas

analí ticas abstratas,

administração de

pessoas e habil idades

políticas.

Conhece int imamente o

negócio. Mais agudez para

negócios do que habi l idade

gerencial ou polít ica.

Freqüentemente com formação

técnica, se em um negócio

técnico. Pode ter sido

responsável por lucros e perdas

na antiga corporação.

Muito semelhante ao

empreendedor, mas a situação

exige maior capacidade para

prosperar dentro da

organização. Necessita de

ajuda neste aspecto.

Coragem e

destino

Vêem outros como

responsáveis por seu

destino. Pode ser

vigoroso e

ambicioso, mas pode

temer a capacidade

dos outros em

prejudicá-lo.

Autoconfiante, ot imista e

corajoso.

Autoconfiante e corajoso.

Muitos são cínicos a respeito

do sistema, mas otimistas

quanto a sua capacidade de

superá-lo.

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54

Atenção

Principalmente sobre

eventos dentro da

corporação.

Principalmente sobre a

tecnologia e mercado.

Tanto dentro como fora.

Vende aos de dentro as

necessidades de risco e do

mercado, mas também

focaliza os clientes.

Risco Cuidadoso.

Gosta de r iscos moderados.

Investe pesado, mas espera ter

sucesso.

Gosta de riscos moderados.

Em geral não teme ser

demitido, portanto, vê pouco

risco pessoal.

Pesquisa de

Mercado

Manda fazer estudos

de mercado, para

descobrir

necessidades e guiar

a conceituação do

produto.

Cria necessidades. Cria

produtos que, freqüentemente,

não podem ser testados com

pesquisa de mercado - os

clientes em potencial ainda não

os entendem. Fala com clientes

e forma opiniões próprias.

Faz sua própria pesquisa e

avaliação intuit iva do

mercado, como o

empreendedor.

Status

Importa-se com

símbolos de status

(escritório no canto,

etc.).

Fica feliz de se sentar em um

caixote, se o trabalho estiver

sendo feito.

Considera os símbolos de

status tradicionais uma piada

- prefere símbolos de

l iberdade.

Fracasso e

erro

Esforça-se para

evitar erros e

surpresas. Adia o

reconhecimento do

fracasso.

Trata erros e fracassos como

experiências de aprendizado.

Sensível à necessidade de

parecer disciplinado na

corporação. Tenta ocultar os

projetos arriscados, então

pode aprender com os erros

sem o custo polít ico do

fracasso públ ico.

Decisões

Concorda com

aqueles no poder.

Adia decisões até

sentir o que o chefe

quer.

Segue sua visão particular.

Decisivo, orientado para a

açào.

Gosta de fazer os outros

concordarem com sua visão.

Mais paciente e disposto ao

compromisso que o

empreendedor tradicional,

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55

mas ainda um executor.

A quem

serve Agrada aos outros.

Agrada a si mesmo e aos

clientes.

Agrada a si mesmo, aos

cl ientes e patrocinadores.

Atitude em

relação ao

sistema

Vê o sistema como

nutriente e protetor,

busca posição nele.

Pode avançar rapidamente em

um sistema; então, quando

frustrado, rejeita o sistema e

forma o seu próprio.

Não gosta do sistema, mas

aprende a manipulá-lo.

Estilo de

solução de

problemas

Resolve os

problemas dentro do

sistema.

Escapa de problemas em

estruturas grandes e formais,

deixando-as e começando por

conta própria.

Resolve os problemas dentro

do sistema ou passa por cima

dele, sem deixá-lo.

História

famil iar

Membros da família

trabalharam em

grandes

organizações.

Passado de pequena empresa,

profissional liberal ou

agricultor.

Passado de pequena empresa,

profissional liberal ou

agricultor.

Relacioname

nto com os

pais

Independente da mãe,

boas relações com o

pai, mas um pouco

dependente.

Pai ausente ou más relações

com ele.

Relações melhores com o pai,

mas ainda instáveis.

Histórico

sócio -

econômico

Classe média.

Classe baixa em alguns estudos

antigos, classe média nos mais

recentes.

Classe média.

Nível de

instrução Alto.

Menor em estudos antigos,

alguns graduados mas nehum

Ph.D nos mais recentes

Com frequencia alto, em

particular em campos técnico,

às vezes não.

Relacioname

nto com os

Hierarquia como

relacionamento

Transações e acordos como

relacionamento básico.

Transações dentro da

hierarquia

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outros básico.

Tabela 01: Quadro comparativo entre os perfis de gerentes, empreendedores tradicionais e o intra-empreendedor. Fonte: Pinchot, 1989, p. 44-47

Wunderer (2001) define o intra-empreendedor como um colaborador da empresa

que inova, identifica, cria, monta e coordena novas combinações ou arranjos de

recursos para agregar valor às oportunidades de negócio da empresa. Ele age para

atender necessidades latentes e busca fazer de forma mais eficaz o que já existe.

As características diferenciadas dos intra-empreendedores podem não ser

aproveitadas pelas organizações, pois existem mitos sobre empreendedores

tradicionais que distorcem esta relação do intra-empreendedor com a organização.

Pinchot (1989) descreve estes mitos como:

• Mito 1: A principal motivação do empreendedor é o desejo de riqueza.

Este mito aparece com freqüência, quando se tenta definir o relacionamento

do empreendedor com o dinheiro. Mas na verdade o que move o espírito

empreendedor não é o desejo ou ambição por riqueza, e sim, a necessidade pessoal

de realização. Pinchot (1989) define bem esta necessidade, quando cita: “A ambição

que conduz entre e intrapreneurs é realizar visões e ser capaz de dizer “Eu o fiz””.

• Mito 2: Empreendedores assumem riscos muito altos.

Para desmitificar esta afirmação, Pinchot (1989) cita os estudos feitos por

David McClelland. Os estudos mostram que empreendedores bem-sucedidos evitam

situações de alto risco, e que na verdade, buscam e apreciam riscos calculados e

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moderados. Eles escolhem metas desafiadoras, mas também fazem o que podem para

diminuir o risco de seus projetos. Os empreendedores buscam obter informações,

prevêem barreiras e permanecem abertos ao feedback, tanto positivo quanto

negativo, como uma das estratégias para estarem conscientes dos riscos e problemas,

ganhando, assim, confiança em sua capacidade de vencê-los.

• Mito 3: O empreendedor age impulsivamente porque carece de talentos

analíticos.

De acordo com Pinchot (1989), se os intra-empreendedores fossem apenas

intuitivos em suas tomadas de decisão, não conseguiriam trabalhar dentro do sistema

corporativo. O fato de possuírem talentos intuitivos e a disposição em usá-los não

implica em falta de talentos analíticos. Para reforçar, Pinchot cita os dizeres de Ned

Hermann, ex-chefe de treinamento da GE: “A maior parte das pessoas ou é intuitiva

ou é analítica. Mas os empreendedores (e os intra-empreendedores) são bons em

ambas”.

• Mito 4: Os empreendedores são amorais.

Na mente popular, os empreendedores costumam ser vistos como dispostos a

sacrificar a moral por lucros. Mas na verdade, a necessidade destas pessoas de

realizar produz uma flexibilidade com as regras, e não uma perda de integridade. Os

capitalistas de risco afirmam que honestidade e integridade são características de um

empreendedor de sucesso. Eles precisam de empreendedores honestos, pois muitas

vezes abrem mão do controle operacional sobre seu dinheiro dando autonomia de

ação aos empreendedores.

Portanto, honestidade e integridade são importantes tanto para empreendedores

quanto para os intra-empreendedores, pois os capitalistas de risco ou patrocinadores

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têm que confiar que seu dinheiro será bem utilizado quando colocados nas mãos de

empreendedores.

• Mito 5: Os empreendedores são construtores de impérios sedentos de poder.

A necessidade de poder não é uma parte importante da motivação do

empreendedor, e sim a alta necessidade de realização pessoal. Seu foco está na

superação de seus próprios padrões de desempenho, e não no efeito que estão

exercendo sobre as outras pessoas. Por esta característica fica difícil delegar ou dar

créditos a outros.

Pessoas motivadas pelo poder ficam satisfeitas com a realização de coisas

através de outros, e como vimos esta não é a motivação dos empreendedores.

Estes mitos sugerem às organizações que os intra-empreendedores não

funcionam. Mas uma vez desmitificados, tornam estas organizações mais dispostas a

aceitar e desenvolver os seus intra-empreendedores.

4.2.2. FATORES DE LIBERDADE

Pinchot (1989) cita e descreve o que chama de fatores de liberdade que devem

existir no ambiente da organização para que a implantação e consolidação de uma

cultura intra-empreendedora sejam bem sucedidas. Estes fatores servem para cortar

os controles excessivos baseados em se olhar os problemas de baixo para cima e não

de cima para baixo. A presença ou ausência destes fatores de liberdade determina a

eficácia dos intra-empreendedores em sua cultura corporativa.

Os fatores de liberdade citados por Pinchot (1989) são :

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59

• Auto Seleção

Pinchot considera a auto-seleção como o primeiro divisor entre se tratar as

pessoas como meros empregados e tratá-las como intra-empreendedores.

Neste fator, os intra-empreendedores se autonomeiam para seus papéis, tendo o

apoio da empresa na sua tarefa auto-designada. Algumas empresas planejam,

paternalisticamente, as nomeações para cargos, mas os intra-empreendedores não se

encaixam neste molde. Independentemente de cargo ou de função, os intra-

empreendedores se nomeiam executores de suas visões.

Quando um gerente sênior quer que um novo negócio seja construído, ele não

deve se apressar em nomear alguém, e sim, expor a idéia aos intra-empreendedores

potenciais, vendo quem começa a desenvolvê-la, tomando-a como sua.

• Nenhuma transferência

“Infelizmente, é impossível para um ser humano transferir tudo aquilo que

sabe a respeito de alguma coisa a outro. Quando uma idéia é passada para outra

pessoa, a maior parte das informações colhidas pelo primeiro intrapreneur se perde”

(Pinchot, 1989,pag 175)

Esta afirmação realizada pelo autor exprime que um projeto de inovação não

deve ser tirado de seu criador, um intra-empreendedor comprometido com o

resultado, e delegada a outra pessoa logo após o processo de criação. É um engano

natural dividir os estágios da inovação e designar cada um deles a um grupo de

funcionários distintos só pela existência de um organograma com funções e cargos

definidos.

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Fazendo desta forma, a organização, além de desestimular o intra-empreendedor,

pode comprometer e arruinar um projeto inovador. O mais indicado é que na medida

em que a inovação prospere, novos membros sejam agregados à equipe central.

• A decisão é do executor

Este fator exprime a necessidade de deixar o intra-empreendedor agir e tomar

decisões. Sistemas de controle em excesso além de aborrecer o intra-empreendedor,

podem impedir que o mesmo tome ações importantes para a sobrevivência do

empreendimento e tornam o processo decisório extremamente lento e burocrático. O

intra-empreendedor é a pessoa mais indicada para tomar uma decisão rápida, pois

ele tem mais informações e experiências diretas sobre a realidade do negócio.

“Quanto mais distante do contato direto com o intra-empreendedor é tomada uma

decisão, menos compreensão haverá nela.”(Pinchot, 1989). Assim, a solução está em

envolver o intra-empreendedor nas tomadas de decisão e, nas poucas circunstâncias

em que isto não for possível, é necessário um relacionamento direto entre o intra-

empreendedor e o responsável pela aprovação.

• Flexibilidade corporativa

A flexibilidade corporativa está nas empresas que possuem fundos em seu

planejamento orçamentário para serem investidos em inovação, novos

empreendimentos ou situações imprevistas, pois na maioria das empresas, nem

sempre estes recursos são previstos.

Como a inovação é inerentemente não planejável, os intra-empreendedores

precisam destes recursos para explorar e desenvolver novas idéias. Além disto, a

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empresa deve proporcionar liberdade ao intra-empreendedor para que possa usar

uma parte de seu tempo em geração de idéias e projetos de sua própria escolha,

evitando assim que acabe se desmotivando e trabalhando em projetos na

clandestinidade.

• Fim da filosofia do grande sucesso

A maioria das organizações valoriza e apóia somente as inovações enormemente

bem sucedidas, esquecendo que vários sucessos médios podem igualar um grande.

Projetos de grande porte exigem um maior estudo de mercado, maior planejamento e

estão expostos a maiores níveis de riscos. Estes exigem grandes gastos de capital,

podendo congelar o empreendimento em seus planos originais.

A melhor estratégia para estimular o intra-empreendedorismo é estimular

tentativas de menor proporção que exigem preparação menos dispendiosa. Desta

forma, a organização segue o padrão bem sucedido das inovações, que corrige os

erros enquanto pequenos, e expandi-se rapidamente após comprovado o padrão para

o sucesso.

• Tolerância de riscos, fracassos e erros

Nenhum projeto de inovação produz 100% de acertos. O problema é que na maior

parte das empresas, os resultados imprevisíveis ou negativos são vistos como

fracassos ou má gerência, e não como etapas de aprendizado que podem levar ao

sucesso um novo empreendimento.

Se uma grande empresa quer ser inovadora, ela precisa ter uma maneira de

assumir muitos riscos pequenos, ter muitos erros e muitos fracassos. Nas empresas

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bem sucedidas com inovações e que retêm os inovadores, a tolerância quanto a erros

e fracassos está profundamente embutida em suas atividades cotidianas.

• Dinheiro paciente

O intra-empreendedorismo somente poderá funcionar se algo for feito para

alinhar o ritmo da empresa com o tempo necessário para a inovação.

A inovação é um processo de médio a longo prazo, e precisa de tempo para

atingir a maturidade. Os recursos e o dinheiro investidos precisam ser pacientes e

estar alinhados a este tempo. O dinheiro nervoso torna a inovação dispendiosa e

ineficiente, condenando o intra-empreendimento a um desempenho tão fraco, que ele

finalmente morre.

• Inexistência de territorialismos

A existência de lutas territoriais gera grandes perigos para o intra-empreendedor,

que para fazer algo de novo, tem que cruzar e integrar diversas áreas da empresa,

atravessando assim as fronteiras departamentais.

Em um ambiente corporativo que estimule a inovação e o intra-

empreendedorismo, as empresas devem evitar atitudes de defesa de território e

romper as barreiras departamentais existentes.

• Equipes transfuncionais

A formação de equipes transfuncionais surge como uma das formas de eliminar o

territorialismo existente entre as áreas da organização. Como para transformar uma

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inovação em um produto lucrativo, o intra-empreendedor necessita do apoio de todas

as áreas funcionais da organização, uma equipe funcionalmente completa pode

reunir todos os talentos necessários para o lançamento deste novo produto.

Além disto, uma equipe intra-empreendedora transfuncional possui as vantagens

de formar sua identidade ao redor do novo negócio, e não ao redor de uma área

funcional única, manter o foco sobre as necessidades do projeto e, por ter uma visão

abrangente e não apenas funcional, resolver os problemas considerando todas as

possibilidades existentes.

As características de inteireza funcional, manutenção do pessoal, resposta

através de um só líder, liberdade para agir a sua própria maneira e ser recrutada, e

não designada, tornam uma equipe intra-empreendedora diferente de uma equipe de

projeto ou força-tarefa.

• Opções múltiplas

Os intra-empreendedores devem ter a liberdade para selecionar dentre todas as

formas possíveis de se executar o trabalho, inclusive utilizar os recursos de outras

divisões ou até de fornecedores externos. Desta forma, as empresas podem evitar os

monopólios internos.

Além dos fatores de liberdade, Pinchot (1989) define a utilização de intracapital

como recompensa, um fator importante para a consolidação de uma cultura intra-

empreendedora nas organizações. Com a disponibilização de intracapital, o intra-

empreendedor ganha a liberdade para utilizar os recursos corporativos em novos

negócios para a organização.

Diante dos pontos discutidos, o intra-empreendedorismo mostra-se um caminho

promissor às organizações em busca de crescimento, maior agilidade, maior

flexibilidade e maior competitividade.

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5. HISTÓRICO DA DISTRIBUIDORA AMPLA ENERGIA S.A.

5.1. DADOS E HISTÓRIA DA DISTRIBUIDORA

A Ampla Energia e Serviços S.A. é uma distribuidora de energia elétrica que atua

em 66 municípios do Estado do Rio de Janeiro e sua área de concessão é de 32.188

quilômetros quadrados, representando 73% do território estadual. Atualmente,

atende 2,5 milhões de clientes e seus serviços atingem cerca de 7 milhões de

habitantes. A história da empresa se inicia em 1908, marcada por alguns momentos,

conforme ordem cronológica a seguir:

• 1908

Inaugurada a hidrelétrica de Piabanha, no município de Três Rios. Nessa época,

Cândido Gaffrée e Eduardo Palassin Guinle criaram a Guinle & Companhia. A

empresa, chamada Hidrelétrica Alberto Torres, tornou-se a principal fornecedora de

energia elétrica do Estado do Rio de Janeiro, abastecendo Niterói, São Gonçalo e

Petrópolis.

• 1909

Guinle & Companhia passa a ser comandada pela recém fundada Companhia

Brasileira de Energia Elétrica (CBEE).

• 1927

A CBEE é adquirida pela American and Foreign Power Company Inc.

(AMFORP), que também compra várias concessionárias, principalmente no interior

do Estado de São Paulo.

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• 1963

Iniciado o processo de consolidação do setor elétrico, com a fundação da

empresa Centrais Elétricas Fluminense Sociedade Anônima (Celf), holding composta

pela Empresa Fluminense de Energia Elétrica (Efe), o Centro Fluminense de

Eletricidade (Cefe), a empresa Força e Luz Ibero-Americana e a Companhia Norte

Fluminense de Eletricidade.

• 1964

CBEE foi estatizada e passou a ser controlada pelo governo federal. A

ELETROBRÁS adquire o grupo AMFORP, e, por conseqüência, o controle acionário

da CBEE atende a 8,83% da área do estado do Rio.

• 1967

A Celf incorpora, quatro anos mais tarde, as empresas sobre as quais tinha

influência, passando a fornecer energia a 62,7% do Estado do Rio de Janeiro.

• 1978

Passa para o Governo do Estado o controle acionário da CBEE.

• 1979

CBEE assume os serviços de eletrificação rural antes realizados pela Celf.

• 1980

A partir de 17 de abril, CBEE passa a se chamar Companhia Eletricidade do

Estado do Rio de Janeiro (Cerj).

• 1996

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66

Em leilão de privatização, a Cerj é adquirida por um consórcio de empresas de

energia elétrica formado por Endesa (Espanha), Chilectra e Enersis (Chile) e EDP

Brasil (Portugal). O contrato de concessão, com prazo de 30 anos, expira em

dezembro de 2026.

• 1999

Mudança do controle acionário para o Grupo Endesa.

• 2004

Em setembro, a CERJ passa a se chamar Ampla, a partir da adoção de um plano

estratégico chamado Plano de Transformação. O processo conduziu à criação de uma

nova marca e um novo nome que refletissem as mudanças realizadas.

• 2007

Em outubro de 2007, ocorreu uma reorganização societária da Endesa, na

Espanha. Os acionistas Enel S.P.A. (Enel) e Acciona S.A. (Acciona), então

proprietários de 24,97% e 21,04%, respectivamente, do capital social total e votante

da Endesa S.A., realizaram Oferta Pública de Ações (OPA), visando à compra de

100% das ações de emissão da Endesa, que se encontravam pulverizadas em diversos

mercados. Ao final do processo, Enel e Acciona assumiram o controle acionário,

tornando-se proprietárias de 67,05% e 25,01%, respectivamente, do capital social

total e votante.

A Ampla é uma das empresas da holding Endesa Brasil, controlada pela Endesa,

quarta maior empresa de energia do mundo e a principal da Espanha. Presente em 12

países de três continentes, a Endesa possui mais de 23 milhões de clientes. Na

América Latina, além do Brasil, está presente na Argentina, no Chile, na Colômbia e

no Peru, conquistando, assim, a primeira posição entre as empresas privadas de

energia elétrica na América Latina. A Endesa detém 91,93% do controle acionário

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67

da Ampla, sendo o restante dividido entre a EDP – Energias de Portugal S.A. (7,7%)

e terceiros (0,37%).

A holding Endesa Brasil é composta por duas distribuidoras, Ampla e Coelce

(CE), e por mais três empresas de geração - Endesa Cachoeira (GO), Endesa

Fortaleza (CE) e Endesa Cien (RS). Em 2007, a Endesa Brasil iniciou uma

reestruturação organizacional, colocando todas as áreas de apoio das empresas

controladas sob seu comando. A nova estrutura permite o compartilhamento de

recursos, a adoção de melhores práticas e o alinhamento estratégico entre as

operações no País.

Sediada em Niterói, a Ampla é uma das maiores empresas de distribuição de

energia elétrica do País, com 2,5% e 27,8% do faturamento físico de energia

nacional e estadual, respectivamente. No ano de 2008, seu lucro líquido foi de R$

281,3 milhões, enquanto o EBITDA somou R$ 705,5 milhões no mesmo ano. Seu

sistema elétrico é composto por 3,7 mil quilômetros de linhas de transmissão, 114

subestações e uma subestação móvel, 4.354,90 MVA de potência instalada, 46,6 mil

quilômetros de rede de distribuição e 98 mil transformadores de distribuição.

A distribuidora mantém 75 lojas de atendimento ao cliente distribuídas por toda a

área de concessão e uma Central de Relacionamento com 142 posições de

atendimento. O volume de vendas de energia atingiu 9.119 GWh em 2008, 20,5%

mais que o registrado em 2007 (7.563 GWh). Foram incorporados 63 mil novos

clientes entre 2006 e 2008, que no total já somam quase 2,5 milhões. Estes

consumidores estão divididos nas seguintes classes de consumo: residencial,

comercial, industrial, rural, serviço público, iluminação pública e poder público. A

classe residencial representa quase 90% do total de consumidores, 45% da demanda

e é responsável por 46% da receita bruta da empresa. Em 2008, o consumo médio

por consumidor residencial foi de 148 kWh, sendo 1,3% superior ao de 2007. A

segunda classe mais representativa é a comercial, com 7% dos clientes.

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68

A Região Metropolitana de Niterói e São Gonçalo e os municípios de Itaboraí e

Magé somam a maior concentração de clientes da distribuidora. A maior parte da

energia faturada é destinada ao atendimento de clientes residenciais, que respondem

por 38% do total fornecido pela distribuidora.

Os clientes que são inscritos no programa Baixa Renda do Governo Federal

equivalem a 35,8% do total de residências atendidas pela Ampla. A receita de

faturamento desse programa representa 14% do total da classe residencial.

Ao final de 2009, a empresa contava com 8,2 mil colaboradores, entre

empregados e parceiros, sendo 1.235 empregados próprios, 105 estagiários e 6.865

parceiros. Os investimentos realizados na gestão das pessoas e na melhoria do

ambiente de trabalho resultaram em um importante reconhecimento para a Ampla,

que integrou a lista das 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil, de

acordo a seleção feita pela Revista Exame S/A, durante três anos consecutivos –

2007, 2008 e 2009.

Considerando apenas os funcionários próprios, o tempo médio de empresa é de

nove anos, faixa etária média de 36 anos e, pela própria natureza das operações,

76% dos cargos são ocupados por homens. As mulheres representam 24% do total de

empregados e ocupam 26% dos cargos gerenciais. O perfil de escolaridade dos

funcionários próprios pode ser visto no gráfico 2.

Nível de Escolaridade – Funcionários Próprios

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69

Ensino Fundamental

2%

Ensino

Médio54%

Ensino

Superior43%

Gráfico 2 : Nível de Escolaridade – Funcionários Próprios

Fonte: Relatório de Sustentabil idade Ampla - 2008

Em sintonia com as demais empresas da holding Endesa Brasil, a Ampla aderiu

ao Pacto Global em março de 2005. Desde então, reforçou o empenho em promover

o crescimento dos negócios em harmonia com as comunidades e o meio ambiente.

Para isso, adota como Política de Sustentabilidade os Sete Compromissos para um

Desenvolvimento Sustentável: conduta, acionistas, sociedade, clientes, pessoas,

meio ambiente e inovação/criatividade, que orientam seu desempenho econômico,

social e ambiental e resultaram na conquista de importantes certificações como ISO

14001 e OSHAS 18001.

Sua missão é “Iluminar a vida das pessoas”, sendo “... uma empresa humana que

existe para levar desenvolvimento e qualidade de vida para a sociedade de forma

simples, eficiente e inovadora”. Pretende, com sua visão, chegar ao ano de 2014

sendo a distribuidora de energia mais rentável do país e a empresa mais admirada do

Estado do Rio de Janeiro.

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70

Para alcançar sua visão, busca excelência na qualidade no atendimento aos

clientes, qualidade no fornecimento de energia, satisfação de seus colaboradores

(próprios e terceirizados), reconhecimento da sociedade, alinhamento com as

empresas terceirizadas que prestam serviço à distribuidora, retorno aos acionistas e

consolidação de uma cultura de segurança voltada ao respeito à vida e zero como

número de acidentes.

Seu plano estratégico foi construído sobre quatro pilares que são os

colaboradores, acionistas, sociedade e clientes. Dentro deste planejamento, todos

objetivos e ações voltadas aos quatro pilares, além de serem direcionados aos

funcionários e processos próprios, incluem, também, os funcionários e processos das

empresas terceirizadas, que dentro da organização, são denominadas empresas

parceiras.

5.2. FORNECEDORES DE SERVIÇO

Os fornecedores estão divididos em três grupos: supridores de energia, de

materiais e de serviços. A Gerência de Aprovisionamentos da Endesa para a América

Latina, sediada no Chile, coordena as maiores compras e contratações, visando ao

ganho de escala e à melhor qualidade dos produtos e serviços adquiridos. Nas suas

compras e contratações, a Ampla tem como diretriz buscar sinergia entre as

empresas da Endesa presentes na América Latina.

Para garantir a eficiência de seus serviços e a satisfação de seus clientes e ao

mesmo tempo gerar valor para as empresas fornecedoras, a companhia possui uma

política de relacionamento, seleção e avaliação de fornecedores. Ela estabelece

princípios de igualdade e transparência entre ambas as partes e define critérios de

responsabilidade socioambiental, que devem ser seguidos por todos os fornecedores.

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71

O objeto deste estudo são os fornecedores de serviço considerados estratégicos

pela organização, que no ano de 2009 somam 29 empresas prestadoras de serviço,

com 6.865 colaboradores. Os profissionais destas empresas representam 83% da

força total de trabalho da Ampla, sendo um dos maiores níveis de terceirização do

setor no país. O nível de escolaridade dos funcionários terceirizados no ano de 2009

está representado no gráfico 3, e podemos observar que se encontra bem abaixo, se

comparado ao nível de escolaridade dos funcionários próprios.

Nível de Escolaridade ( Funcionários Próprios X Parceiros )

2%

54%

43%

31%

65%

4%

Ensino Fundamental

Ensino Médio

Ensino Superior

Parceiros

Próprios

Gráfico3 : Nível de Escolaridade ( Funcionários Próprios X Parceiros )

Fonte: Relatório de Sustentabil idade Ampla – 2008

As empresas consideradas estratégicas são as empresas com maior quantidade de

funcionários, ou que atuam no negócio principal da Ampla. Prestam serviços de:

corte e religação por inadimplência, leitura de medidores, entrega de contas,

inspeções e normalizações de furto de energia, ligações de novos clientes, serviços

comerciais, atendimento em agências, central de relacionamento, construção e

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72

manutenção de redes e subestações, atendimentos de emergência, almoxarifado e

serviços de limpeza e segurança patrimonial.

Periodicamente, a Ampla realiza inspeções nestas empresas, a fim de verificar o

cumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias, a qualidade dos serviços

e a segurança no ambiente de trabalho. Estas verificações são realizadas pela área de

Gestão de Parceiros, que está lotada na Diretoria de Recursos Humanos da Endesa

Brasil.

Esta área é responsável por todo o controle e gestão do contrato das empresas

prestadoras de serviço consideradas estratégicas, e possui, como ferramenta de

medição de desempenho destas empresas, o Prêmio Ínpar, que será apresentado mais

detalhadamente no item 6.2.1 deste estudo. Este indicador é medido trimestralmente

e compõe a análise de correlação com o perfil inovador/intra-empreendedor das

empresas terceirizadas da Ampla, que será realizada neste estudo. A partir de 2009,

todas as empresas prestadoras de serviço de qualquer uma das distribuidoras ou

geradoras do grupo Endesa Brasil passaram a ser medidas pelos mesmos indicadores

que compõem o Ínpar.

5.3. A GESTÃO DA INOVAÇÃO NA AMPLA

A inovação é uma das principais características da Ampla, que estimula a

criatividade e o desenvolvimento de novas idéias no dia-a-dia de suas atividades,

visando responder aos múltiplos desafios dos negócios. Os colaboradores são

instigados a desenvolver uma atitude empreendedora, sugerindo soluções e

melhorias tanto ao processo em que atuam quanto aos diferentes processos nos quais

identificam oportunidades de evolução.

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73

Com esse objetivo, a empresa promove a geração de idéias, respeitando a

contribuição dos funcionários e colaboradores e articulando capacidades internas e

externas para aplicá-las. A cultura de inovação e criatividade tem ações como:

identificação e formação de líderes de inovação, adoção de um processo formal de

seleção e desenvolvimento de idéias, conceitos e alocação de capital de risco. Esse

compromisso permite consolidar tecnologias no setor elétrico, trazendo resultados

positivos, tanto econômico-financeiros, quanto sociais e ambientais, e colabora para

a melhoria da imagem da empresa na sociedade e para o reconhecimento público.

Em 2007, a tecnologia de medição eletrônica do Ampla Chip, hoje presente na

casa de quase 300 mil clientes, foi considerada uma das dez maiores inovações

brasileiras da última década, de acordo com pesquisa da revista Exame e da

consultoria Monitor, que avaliou 228 projetos apresentados por mais de cem

empresas brasileiras e multinacionais. No mesmo ano, o Ampla Chip também

recebeu o Prêmio Aptel de Excelência. Com esta inovação, a distribuidora foi a

primeira do Brasil autorizada pela Aneel a adotar, em julho de 2005, a medição

eletrônica para clientes em baixa-tensão.

Já a Rede Ampla, outra inovação para combate ao furto de energia, conquistou,

nos Estados Unidos, três prêmios: o de Transformação de Negócios Wharton-

Infosys, que reconhece iniciativas que aplicam tecnologias da informação na

transformação dos negócios; o Metering Awards Program, concedido pela Automatic

Meter Reading Association e o Value Chain Awards, concedido pela revista M2M

Magazine.

No Prêmio Mundial de Inovação da Endesa, o Novare, no ano de 2007 foram

enviadas 4,5 mil idéias por parte de 19 empresas da Endesa, localizadas em oito

países. A Ampla conquistou o primeiro lugar na categoria de idéia mais inovadora,

com o projeto Postes Desmontável, que é a confecção de um poste dividido em três

partes para utilização em situações de emergência ou em áreas de difícil acesso.

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74

Para estimular o empreendedorismo e o envolvimento dos colaboradores na

sugestão de soluções e melhorias simples que possam contribuir para a rentabilidade

do negócio e para a satisfação dos clientes existe na Ampla o Programa Inova, que é

desenvolvido por todas as empresas do Grupo Endesa, e gerido pela área de Gestão

da Inovação e Projetos de P&D. Fatores como qualidade de serviços, redução das

perdas de energia, imagem, clima organizacional, rentabilidade e produtividade,

entre outros, são os focos do programa.

Para sedimentar a cultura da criatividade em todas as áreas da empresa, foi

criado, dentro do Programa Inova, o Grupo de Inovação, formado por 35

multiplicadores que têm a função de apoiar os autores das idéias no

desenvolvimento e na aplicação destas. Esses multiplicadores são de diferentes

setores e realizaram, durante o ano, apresentações e discussões sobre inovação e

sessões de geração de idéias em todos os municípios da área de concessão da Ampla.

No ano de 2008, foram enviadas 244 idéias ao Programa Inova, das quais 15

foram transformadas em projetos de inovação ou de melhoria aprovados pela

diretoria, ou em projetos estratégicos. O programa premia os autores das idéias que

forem implantadas.

Após a obrigatoriedade de investimento em programas de pesquisa de

desenvolvimento (P&D) para o setor elétrico, fixando desde 1999 a destinação de

0,2% da receita operacional líquida anual para esse fim, a Ampla vem investindo

fortemente no Programa de Pesquisa e Desenvolvimento, unindo a pesquisa

acadêmica à empresarial e alocando eficientemente os recursos disponíveis para

criar soluções tecnológicas aplicadas a todas as áreas da empresa.

Para o desenvolvimento dos seus projetos de P&D, a Ampla faz convênios com

universidades e centros de pesquisa como Pontifícia Universidade Católica do Rio

de Janeiro (PUC-Rio), Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec),

Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do Estado do Rio de

Janeiro (UFRJ), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Fundação

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75

Getúlio Vargas (FGV), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe),

Universidade Federal de Engenharia de Itajubá (Unifei), IBMEC-RJ , Embrapa,

Universidade de São Paulo (USP), entre outros.

De 1999 até 2008, foram executados 85 projetos, com investimento total de R$

26,4 milhões. Em 2008, estavam em andamento 28 projetos, que receberam cerca de

R$ 4 milhões. Quando o programa foi iniciado, esses projetos contaram com a

participação de 450 profissionais na área de pesquisa – entre doutores, mestres e

especialistas – e 70 técnicos de diversas especialidades, que são gestores dos

projetos na empresa.

6. OBJETIVO DO ESTUDO

O objetivo do estudo é mapear o perfil inovador e intra-empreendedor das

empresas terceirizadas que prestam serviços a Ampla, para assim verificar se existe

alguma correlação entre estes perfis e a colocação destas empresas na avaliação do

desempenho dos fornecedores de serviço realizada pela distribuidora.

As empresas escolhidas para a pesquisa foram as prestadoras de serviços

considerados estratégicos para a distribuidora, não incluindo assim os fornecedores

de material. As empresas consideradas estratégicas são as que prestam serviço no

negócio principal ou possuem a maior quantidade de pessoas trabalhando no

contrato, totalizando, assim, dez empresas compondo o estudo.

6.1. METODOLOGIA DE PESQUISA

O perfil inovador e intra-empreendedor das empresas terceirizadas foi

identificado através da aplicação de um questionário para seus principais

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76

responsáveis. Em uma primeira abordagem, analisaremos a correlação entre o

resultado geral destes questionários e o resultado geral do indicador de avaliação de

desempenho, denominado Ínpar. Depois desta abordagem, o questionário foi

separado em três grupos de questões nomeados de perfil inovador, perfil intra-

empreendedor e estratégia, onde conseguimos identificar:

- Perfil Inovador: O desenvolvimento do perfil das empresas em relação a

inovação

- Perfil Intra-empreendedor: O desenvolvimento do perfil das empresas em

relação ao intra-empreendedorismo.

- Estratégia: O desenvolvimento da estratégia da empresa em relação ao estímulo

e consolidação dos perfis dos blocos 1 e 2.

Após esta divisão, analisaremos a correlação destes grupos, com os blocos,

denominados de desafios, do indicador de desempenho utilizado pela distribuidora.

Estes desafios possuem o objetivo de:

- Melhorar a Qualificação e Satisfação dos Colaboradores

- Reduzir os Índices de Acidentabilidade no Trabalho

- Melhorar a Gestão das Parceiras

- Melhorar a Satisfação do Cliente e a Qualidade dos Serviços Contratados

- Realizar Programas de Alcance Social e Respeito ao Meio Ambiente

Para verificarmos as correlações entre os cenários propostos, utilizaremos os

coeficientes de correlação de Pearson e Spearman.

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77

6.1.1. PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR

O perfil inovador e intra-empreendedor das empresas terceirizadas foi

identificado através da aplicação de um questionário para seus principais

responsáveis. Entre esses incluem-se diretores, gerentes do contrato e donos das

empresas que prestam serviço para a Ampla.

O questionário foi baseado nos conceitos apresentados por Christensen e Pinchot

sobre inovação e intra-empreendedorismo, sendo composto por trinta e uma questões

objetivas. Para identificarmos quais empresas possuem o perfil mais inovador/intra-

empreendedor, a cada resposta foi atribuída uma determinada pontuação, que

somada ao final do questionário, gera a pontuação final da empresa. A maior

pontuação indica o perfil mais inovador/intra-empreendedor.

As pontuações por questão variam de zero a quatro e estão distribuídas em

três estágios, conforme mostram as tabelas 2, 3 e 4.

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78

NO ENUNCIADO SIM NÃO

1A empresa possui um processo ou área específica para a Gestão da Inovação (responsável em identificar, processar e seleionar novas idéias )?

4 0

2 A empresa possui algum programa de estímulo a inovação ? 4 0

3 A empresa destina parte do orçamento anual para novas ideias ou projetos ? 4 0

4 A empresa acha importante a busca de novas idéias ou negócios ? 4 0

5 Existem projetos de P&D sendo desenvolvidos em sua empresa ? 4 0

6 A empresa possui planejamento estratégico ? (Se NÃO, pular para a questão 08) 4 0

7 Existem indicadores de inovação no plano estratégico da empresa ? 4 0

8 A empresa utiliza equipes multidisciplinares para desenvolvimento de projetos ? 4 0

PONTUAÇAO

Tabela 2: Pontuação e questões – estágio 01

NO ENUNCIADO Ameaça Oportunidade As Duas

9Sua empresa considera uma nova tecnologia como ameaça ou oportunidade ?

2 3 4

NO ENUNCIADO PromoçãoAumento de

SalárioPrêmio em dinheiro

Capital da empresa para investir em novos projetos

10Qual o tipo de reconhecimento que você considera mais justo para os empreendedores de novos projetos em sua empresa ?

1 2 3 4

NO ENUNCIADO Nenhum Entre 1 e 5 Entre 6 e 10 Mais de 10

11Quantos projetos relativos a novos negócios ou processos estão em desenvolvimento na empresa ?

1 2 3 4

PONTUAÇAO

Tabela 3: Pontuação e questões – estágio 02

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79

NO ENUNCIADO ConcordoConcordo

ParcialmenteDiscordo

ParcialmenteDiscordo

12A visão, objetivos e valores da organização estão bem disseminados para toda a força de trabalho

4 3 2 1

13O ambiente interno e a cultura da empresa são favoráveis a inovação e/ou implantação de projetos inovadores

4 3 2 1

14Os funcionários são estimulados à criatividade e proposição de novas idéias (ex. banners de programas, concurso de idéias, etc)

4 3 2 1

15Minha empresa valoriza e incentiva os novos negócios, mesmo que sejam pequenas mudanças ou inovações

4 3 2 1

16Não existem "barreiras" entra as diversas áreas ou departamentos da empresa na implantação de novos projetos ou processos

4 3 2 1

17Existem indicadores e metas que consideram e avaliam o andamento dos novos projetos

4 3 2 1

18Atualmente a melhoria dos processos já existentes ou implantação de novos processos é essencial para o crescimento de minha empresa

4 3 2 1

19A alta administração se envolve com a implementação e o acompanhamento, relativos aos projetos inovadores

4 3 2 1

20O modelo de negócios da empresa deixa claro que tipos de negócios são prioritários

4 3 2 1

21Em relação aos novos negócios, esta empresa é paciente com o crescimento e impaciente com o lucro

4 3 2 1

22 Na empresa existem critérios para a alocação de recursos às novas idéias 4 3 2 1

23Minha empresa dá tempo suficiente para ter certeza da viabilidade de um projeto inovador

4 3 2 1

24Nesta empresa não existe excesso de burocracia na aprovação ou implementação de novos projetos

4 3 2 1

25Minha empresa busca parceiros tais como clientes, universidades e fornecedores para o desenvolvimento de novos negócios

4 3 2 1

26Minha empresa tolera e aprende com os erros, estimulando o aprendizado organizacional

4 3 2 1

27As pessoas envolvidas na implantação de um novo projeto ou idéia são reconhecidas com bônus e/ou premiações

4 3 2 1

28Os investimentos realizados pela empresa em treinamentos que estimulam a criatividade, inovação e espírito empreendedor são suficientes

4 3 2 1

29 Existem pessoas capacitadas em gerir novos negócios na empresa 4 3 2 1

30O perfil empreendedor e/ou inovador é valorizado nas contratações ou promoções da empresa

4 3 2 1

31Para escolha dos gerentes de novos projeto, minha empresa valoriza mais as experiências anteriores do que a formação ou cargo dos concorrentes

4 3 2 1

PONTUAÇAO

Tabela 4: Pontuação e questões – estágio 03

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80

Com a divisão do questionário, os grupos chamados de Perfil Inovador, Perfil

Intra-empreendedor e Estratégia, são compostos pelas seguintes questões:

- Perfil Inovador:

Questão 01: A empresa possui um processo ou área específica para a Gestão

da Inovação (responsável em identificar, processar e selecionar novas idéias)?

Questão 02: A empresa possui algum programa de estímulo a inovação?

Questão 04: A empresa acha importante a busca de novas idéias ou negócios?

Questão 07: Existem indicadores de inovação no plano estratégico da

empresa?

Questão 14: Os funcionários são estimulados à criatividade e proposição de

novas idéias (ex. banners de programas, concurso de idéias, etc.).

Questão 19: A alta administração se envolve com a implementação e o

acompanhamento, relativos aos projetos inovadores

Questão 21: Em relação aos novos negócios, esta empresa é paciente com o

crescimento e impaciente com o lucro.

Questão 22: Na empresa existem critérios para a alocação de recursos às

novas idéias.

Questão 25: Minha empresa busca parceiros tais como clientes, universidades

e fornecedores para o desenvolvimento de novos negócios.

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81

- Perfil Intra-empreendedor

Questão 05: Existem projetos de P&D sendo desenvolvidos em sua empresa?

Questão 08: A empresa utiliza equipes multidisciplinares para

desenvolvimento de projetos?

Questão 10: Qual o tipo de reconhecimento que você considera mais justo

para os empreendedores de novos projetos em sua empresa ?

Questão 11: Quantos projetos relativos a novos negócios ou processos estão

em desenvolvimento na empresa?

Questão 15: Minha empresa valoriza e incentiva os novos negócios, mesmo

que sejam pequenas mudanças ou inovações.

Questão 16: Não existem "barreiras" entra as diversas áreas ou departamentos

da empresa na implantação de novos projetos ou processos.

Questão 23: Minha empresa dá tempo suficiente para ter certeza da

viabilidade de um projeto inovador.

Questão 24: Nesta empresa não existe excesso de burocracia na aprovação ou

implementação de novos projetos.

Questão 27: As pessoas envolvidas na implantação de um novo projeto ou

idéia são reconhecidas com bônus e/ou premiações.

Questão 31: Para escolha dos gerentes de novos projetos, minha empresa

valoriza mais as experiências anteriores do que a formação ou cargo dos

concorrentes.

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82

- Estratégia:

Questão 03: A empresa destina parte do orçamento anual para novas ideias ou

projetos?

Questão 06: A empresa possui planejamento estratégico ? (Se NÃO, pular

para a questão 08).

Questão 09: Sua empresa considera uma nova tecnologia como ameaça ou

oportunidade?

Questão 12: A visão, objetivos e valores da organização estão bem

disseminados para toda a força de trabalho.

Questão 13: O ambiente interno e a cultura da empresa são favoráveis a

inovação e/ou implantação de projetos inovadores.

Questão 17: Existem indicadores e metas que consideram e avaliam o

andamento dos novos projetos.

Questão 18: Atualmente a melhoria dos processos já existentes ou

implantação de novos processos é essencial para o crescimento de minha empresa.

Questão 20: O modelo de negócios da empresa deixa claro que tipos de

negócios são prioritários.

Questão 26: Minha empresa tolera e aprende com os erros, estimulando o

aprendizado organizacional.

Questão 28: Os investimentos realizados pela empresa em treinamentos que

estimulam a criatividade, inovação e espírito empreendedor são suficientes.

Questão 29: Existem pessoas capacitadas em gerir novos negócios na

empresa.

Page 84: ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp130262.pdf2 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO

83

Questão 30: O perfil empreendedor e/ou inovador é valorizado nas

contratações ou promoções da empresa.

Além da análise da correlação do perfil inovador/intra-empreendedor,

composto por todas as questões do questionário, analisaremos separadamente a

correlação de cada um dos grupos acima com os cinco desafios do indicador de

desempenho Ínpar, demonstrado detalhadamente no próximo subitem.

6.1.2. INDICADOR DE DESEMPENHO – ÍNPAR

O ÍNPAR (Índice da Parceria) é o indicador utilizado pela Ampla para avaliar o

desempenho das empresas prestadoras de serviço, visando alinhar a estratégia destas

empresas à estratégia da Ampla, identificando e estimulando melhorias na:

• Qualidade dos Serviços;

• Segurança do Trabalho;

• Satisfação dos Clientes;

• Satisfação e Compromisso dos Colaboradores;

• Estabilidade Financeira da Empresa;

• Respeito à Comunidade.

Para estimular estas melhorias, o ÍNPAR é composto por uma série de

indicadores de medição e avaliação distribuídos em cinco desafios específicos. Estes

desafios serão utilizados para a análise mais detalhada da correlação que

pretendemos obter, e estão ponderados conforme mostra a tabela 5.

Page 85: ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp130262.pdf2 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO

84

DESAFIO INDICADOR PONDERAÇÃO

Clima Laboral 9%

Valores 3%

Rotatividade 3%

Avaliação do Conhecimento 5%

Taxa de Frequencia 5%

Taxa de Gravidade 5%

Multa por Desconformidade 5%

IPAL (Índice de Prevenção de Acidente Laboral) 5%

Plano Anual de Segurança 5%

Relatório de Gestão 10%

Grau de Risco (Remuneração, encargos e jornada) 5%

Demanda Trabalhista 4%

SERASA/Outros 3%

Auditoria Fiscal e Financeira 3%

Índice de Satisfação (ABRADEE) 3%

Índice Pesquisa p/ Empresa - Junto ao Cliente 10%

Avaliação pelo Gestor de Contrato 10%

Inovação 2%

Realizar Programas de Alcance Social e Respeito ao Meio Ambiente

Responsabilidade Sócio-Ambiental 5%

Melhorar a Qualificação e Satisfação dos Colaboradores

Reduzir os Índices de Acidentabilidade no Trabalho

Melhorar a Gestão das Parceiras

Melhorar a Satisfação do Cliente e a Qualidade dos Serviços Contratados

Tabela 5: Indicadores de medição e avaliação - ÍNPAR

O ÍNPAR é consolidado trimestralmente, sendo que alguns indicadores possuem

medição anual, semestral, trimestral e mensal.

Os indicadores com freqüência de medição anual são:

• Clima Laboral – pesquisa de clima anual com os colaboradores terceirizados

• Valores – avalia a disseminação dos valores da Ampla aos colaboradores

terceirizados

• Avaliação do Conhecimento – avaliação de conhecimento dos procedimentos

técnicos e de segurança aplicados anualmente aos colaboradores terceirizados

Page 86: ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp130262.pdf2 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO

85

• Relatório de Gestão – relatório de gestão entregue anualmente pelas

terceirizadas à Ampla, nos moldes do Prêmio Nacional da Qualidade,

• Índice de Satisfação (ABRADEE) – Medido anualmente, sob a

responsabilidade da ABRADEE, para avaliar o nível de Satisfação dos

Clientes das Distribuidoras de Energia

• Índice Pesquisa por Empresa Junto ao Cliente – pesquisa realizada por

consultoria externa com os clientes externos e internos das empresas

terceirizadas.

• Responsabilidade Sócio-Ambiental - Este indicador avalia o grau de

comprometimento da empresa terceirizada com a sociedade na elaboração e

realização de ações sociais e com o meio ambiente.

Os indicadores que possuem freqüência de medição semestral são:

• Auditoria Fiscal e Financeira – indicador que apresenta o equilíbrio

financeiro e fiscal da empresa prestadora de serviços.

• SERASA/Outros – indica um princípio de dificuldade financeira da empresa

ou seu grau de responsabilidade junto aos seus fornecedores.

• Inovação – o indicador pontua a empresa que apresente alguma inovação

tecnológica ou nos processos operacionais que signifique melhoria nos

serviços fornecidos.

• Avaliação pelo Gestor de Contrato – pesquisa junto aos gestores da Ampla

que realizam a gestão operacional dos contratos das empresas terceirizadas,

medindo o atendimento, relação e qualidade do serviço prestado.

Os indicadores que possuem freqüência de medição trimestral são :

• Plano Anual de Segurança – acompanha a execução do Plano Anual de

Segurança da empresa, que deve ser apresentado à Ampla.

Page 87: ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp130262.pdf2 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO

86

• Multa por Desconformidade - avalia se a empresa apresenta alguma multa por

desconformidade.

• Grau de Risco (Remuneração, encargos e jornada) – através de auditorias este

indicador mede a responsabilidade da empresa pelo pagamento de salários e

demais benefícios para seus colaboradores, além do cumprimento da

legislação trabalhista.

Os indicadores que possuem freqüência de medição mensal são :

• Taxa de Freqüência - retrata a freqüência dos acidentes de trabalho. O cálculo

para sua obtenção é feito com o número de ocorrências do período em função

do total de horas trabalhadas.

• Taxa de Gravidade - retrata a gravidade dos acidentes de trabalho de um

período. O cálculo para sua obtenção é feito com o somatório de dias de

afastamento por acidente no trabalho do período, em função do total de horas

trabalhadas.

• Rotatividade – rotatividade das empresas terceirizadas no contrato que atende

a Ampla

• IPAL (Índice de Prevenção de Acidente Laboral) - Indica a pontuação das

empresas que apresentam falhas, quando das fiscalizações procedidas pela

Ampla nas equipes de trabalho, relativas à prevenção de acidentes.

• Demanda Trabalhista – este indicador considera a existência de processos de

natureza trabalhista negativamente relevante.

As empresas terceirizadas recebem as pontuações devidas a cada indicador,

consolidando uma pontuação final que segue a ponderação apresentada na tabela 4.

Esta pontuação será utilizada para a classificação da empresa no ranking gerado pelo

ÍNPAR, podendo variar de zero a cem pontos.

Page 88: ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp130262.pdf2 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO

87

6.1.3. CORRELAÇAO DE PEARSON E SPERMAN

Para medirmos a correlação entre o perfil inovador/intra-empreendedor e o

desempenho das empresas prestadoras de serviço da Ampla, para os cenários

propostos, utilizaremos os coeficientes de correlação de Pearson e Spearman. Os

coeficientes medem o grau de intensidade da correlação.

O coeficiente de correlação de Pearson (r) é dado por:

,

Sejam x1, x2,....,xn os valores de um conjunto de medidas em indivíduos i1,

i2,......in e y1, y2, ......, yn as outras medidas correspondentes aos mesmos

indivíduos.

A análise correlacional indica a relação entre duas variáveis lineares, com os

valores de r variando entre +1 e -1. Um relacionamento positivo (r é +) indica uma

correlação positiva entre duas variáveis, ou seja, os valores altos (baixos) de uma

das variáveis correspondem aos valores altos (baixos) da outra. Um relacionamento

negativo (r é -) indica uma correlação negativa entre duas variáveis, ou seja, os

valores altos (baixos) de uma das variáveis correspondem aos valores baixos (altos)

da outra;

Se r = +1, temos uma correlação perfeita e positiva. Se r = - 1, temos uma

correlação perfeita e negativa. Se r = 0, não temos correlação ou a relação é não

linear.

Para r > + 0,7 ou r < - 0,7 indica-se uma forte correlação. Para r entre 0,3 e 0,7 ,

positivos ou negativos, tem-se uma correlação moderada. Finalmente, para r entre 0

e 0.3 , positivo ou negativo, indica-se uma fraca correlação.

])(][)([

))((2222 yyNxxN

xyxyNr

Σ−ΣΣ−Σ

ΣΣ−Σ=

Page 89: ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp130262.pdf2 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO

88

Para o cálculo utilizou-se o aplicativo Microsoft Excel, com a fórmula da célula

igual a: =PEARSON($A$2:$A$21;$B$2:$B$21)

Neste estudo, para a correlação de Pearson, relacionaremos a pontuação obtida

no questionário aplicado às empresas à pontuação obtida no ÍNPAR.

A correlaçao de Spearman, ao contrário do coeficiente de correlação de Pearson,

não requer a suposição que a relação entre as variáveis é linear, nem requer que as

variáveis sejam medidas em intervalo de classe. Este coeficiente é utilizado para as

variáveis medidas no nível ordinal. É um método não-paramétrico que usa somente

os postos e não faz quaisquer suposições.

O coeficiente de correlação de Spearman (ρ) é dado por:

Onde:

xi= valores dos postos da primeira variável

yi= valores dos postos da segunda variável

N = o número dos pares dos valores.

Para a correlação de Spearman, utilizaremos a colocação da empresa no ranking,

em relação à pontuação obtida no questionário que identifica o perfil inovador/intra-

empreendedor das empresas prestadoras de serviço.

NN

yxN

i

−−=∑

=3

1

2)(61ρ

Page 90: ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp130262.pdf2 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO

89

7. ANÁLISE DOS RESULTADOS

7.1. PERFIL INOVADOR /INTRA-EMPREENDEDOR

Para identificarmos as empresas que participaram do estudo, utilizaremos os

nomes fictícios de Empresa A até Empresa J, totalizando assim dez empresas

participantes. A natureza do serviço prestado e a quantidade de funcionários destas

empresas estão demonstradas na tabela 6.

IDENTIFICAÇÃO SERVIÇO PRESTADO QTD. DE FUNCIONÁRIOS

EMPRESA A

Administrativo, leitura de medidores, entrega de contas, novas

ligações, combate ao furto de energia, corte e religação por

inadimplência

1.299

EMPRESA BInstalação e manutenção de concentradores em redes Ampla

Chip70

EMPRESA C

Administrativo, leitura de medidores, entrega de contas, novas

ligações, combate ao furto de energia, corte e religação por

inadimplência

1.259

EMPRESA D Logística de materiais e almoxarifado 49

EMPRESA E Emergência e manutenção de redes energizadas 59

EMPRESA F Emergência e manutenção de redes energizadas 83

EMPRESA GEmergência, construção e manutenção de redes, eficiência

energética 441

EMPRESA H Emergência, construção e manutenção de redes 275

EMPRESA I Emergência, construção e manutenção de redes 240

EMPRESA J Construção e manutenção de redes 592

Tabela 6: Serviço prestado e quantidade de funcionários das empresas terceirizadas

Page 91: ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp130262.pdf2 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO

90

Para identificar o perfil inovador/intra-empreendedor, foram aplicados dois

questionários por empresa, totalizando vinte questionários para a amostra. Os

questionários foram aplicados a diretores, gerentes do contrato e donos das empresas

terceirizadas.

A pontuação e posição no ranking das empresas mais inovadoras/intra-

empreendedoras podem ser observadas na tabela 7. A designação dos nomes fictícios

de Empresa A até J seguiu a posição da empresa no ranking. Assim, a Empresa A foi

a que obteve maior pontuação no questionário, e a Empresa J, a menor.

IDENTIFICAÇÃO PONTUAÇÃO RANKING

EMPRESA A 118 1

EMPRESA B 115 2

EMPRESA C 113 3

EMPRESA D 110 4

EMPRESA E 104 5

EMPRESA F 99 6

EMPRESA G 96 7

EMPRESA H 85 8

EMPRESA I 83 9

EMPRESA J 76 10

Tabela 7: Pontuação e ranking das empresas no questionário de perfil inovador/intra-empreendedor

Page 92: ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp130262.pdf2 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO

91

Podemos destacar alguns pontos identificados nos questionários, tais como:

• 20% das empresas não possuem planejamento estratégico;

• Em 30 % das empresas não existe uma área ou processo específico de gestão

da inovação;

• 40 % não possuem programas de estímulo a inovação;

• 30% não destinam parte do orçamento anual para novas idéias ou projetos;

• 90% das empresas utilizam equipes multidisciplinares para desenvolvimento

de projetos;

• 90% das empresas possuem entre um e cinco projetos relativos a novos

negócios ou processos em desenvolvimento;

• 100 % das empresas concordam que a melhoria dos processos já existentes ou

implantação de novos processos são essenciais para o crescimento;

• 40% não identificam como suficientes os investimentos realizados pela

empresa em treinamentos que estimulam a criatividade, inovação e espírito

empreendedor;

• 100% concordam que existem pessoas capacitadas em gerir novos negócios na

empresa;

• 50% das empresas obtiveram mais de 80% da pontuação máxima do

questionário.

A pontuação e posição no ranking das empresas nos grupos de: Perfil

Inovador, Perfil Intra-empreendedor e Estratégia, estão demonstrados na tabela 8.

Page 93: ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp130262.pdf2 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO

92

IDENTIFICAÇÃO PONTUAÇÃO RANKING PONTUAÇÃO RANKING PONTUAÇÃO RANKING

EMPRESA A 35 1 38 1 45 4

EMPRESA B 35 2 37 2 43 5

EMPRESA C 33 3 33 3 47 1

EMPRESA D 33 4 31 5 46 2

EMPRESA E 28 5 30 7 46 3

EMPRESA F 26 7 33 4 40 7

EMPRESA G 27 6 28 8 41 6

EMPRESA H 20 9 26 9 39 8

EMPRESA I 23 8 26 10 34 9

EMPRESA J 17 10 30 6 29 10

PERFIL INOVADOR PERFIL INTRA-EMPREENDEDOR ESTRATÉGIA

Tabela 8: Pontuação e posição no ranking das empresas nos grupos de: Perfi l Inovador,

Perfi l Intra-empreendedor e Estratégia.

7.2. INDICADOR DE DESEMPENHO – ÍNPAR

O indicador utilizado para medir o desempenho das empresas é o ÍNPAR, e os

resultados que serão considerados e comparados são os relativos ao terceiro

trimestre do ano de 2009, mostrados na tabela 9.

Page 94: ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp130262.pdf2 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO

93

IDENTIFICAÇÃO PONTUAÇÃO RANKING

EMPRESA A 74,3 7

EMPRESA B 83,0 2

EMPRESA C 71,0 9

EMPRESA D 83,3 1

EMPRESA E 70,6 10

EMPRESA F 73,4 8

EMPRESA G 79,0 5

EMPRESA H 80,7 4

EMPRESA I 75,4 6

EMPRESA J 80,9 3

Tabela 9: Pontuação e ranking das empresas no indicador de desempenho - ÍNPAR

A tabela 10 mostra a pontuação por desafio das empresas:

IDENTIFICAÇÃO

Melhorar a

Qualificação e

Satisfação dos

Colaboradores

Reduzir os Índices de

Acidentabilidade no

Trabalho

Melhorar a

Gestão das

Parceiras

Melhorar a Satisfação

do Cliente e a Qualidade

dos Serviços

Contratados

Realizar Programas de

Alcance Social e

Respeito ao Meio

Ambiente

EMPRESA A 14 15 22 20 5

EMPRESA B 15 15 24 25 4

EMPRESA C 15 20 13 19 4

EMPRESA D 19 20 19 23 2

EMPRESA E 12 18 17 21 3

EMPRESA F 13 19 17 21 3

EMPRESA G 14 19 21 21 4

EMPRESA H 16 24 19 20 4

EMPRESA I 17 18 19 19 3

EMPRESA J 11 25 19 23 3

DESAFIOS ( PONTOS)

Tabela 10: Pontuação do ÍNPAR por desafio

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94

Pode-se observar que o maior desafio está em melhorar a qualificação e

satisfação dos colaboradores, os programas de responsabilidade social e a gestão das

empresas parceiras.

7.3. ANÁLISE E CÁLCULO DAS CORRELAÇÕES

Neste tópico serão calculadas as correlações de Pearson e Spearman, entre o

perfil inovador/intra-empreendedor e o desempenho das empresas terceirizadas da

Ampla, nos seguintes cenários propostos anteriormente:

Cenário 01: Correlação entre o perfil inovador/intra-empreendedor e o Ínpar,

considerando a pontuação e o ranking geral do questionário e do indicador de

desempenho.

Cenário 02: Correlações entre o grupo de questões que definem o perfil inovador

e os cinco desafios do Ínpar.

Cenário 03: Correlações entre o grupo de questões que definem o perfil intra-

empreendedor e os cinco desafios do Ínpar.

Cenário 04: Correlações entre o grupo de questões que definem a estratégia e os

cinco desafios do Ínpar.

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95

Para o cálculo de correlação de Pearson, utilizou-se o aplicativo Microsoft Excel

com a fórmula: =PEARSON($C$1:$C$11;$D$1:$D$11), e para o coeficiente de

Spearman, as variáveis da fórmula:

, serão:

x = posição obtida pela empresa no questionário inteiro ou nos grupos

y = posição obtida pela empresa no Ínpar ou em seus desafios

N = 10

7.3.1. ANÁLISE E CÁLCULO DO CENÁRIO 01

Para o cálculo do coeficiente de correlação de Pearson do Cenário 01, utilizou-se

a tabela 11. Esta tabela considera a pontuação total obtida no questionário, e a

pontuação total obtida no Ínpar.

NN

yxN

i

−−=∑

=3

1

2)(61ρ

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96

IDENTIFICAÇÃO PONTOS QUESTIONÁRIO PONTOS ÍNPAR

EMPRESA A 118 74,3

EMPRESA B 115 83,0

EMPRESA C 113 71,0

EMPRESA D 110 83,3

EMPRESA E 104 70,6

EMPRESA F 99 73,4

EMPRESA G 96 79,0

EMPRESA H 85 80,7

EMPRESA I 83 75,4

EMPRESA J 76 80,9

Tabela 11: Base para o cálculo do coeficiente de correlação de Pearson

Portanto, encontramos um coeficiente de correlação de Pearson (r) igual

a -0,197, o que indica uma correlação negativa e fraca entre o perfil inovador/intra-

empreendedor e a medição de desempenho realizada pela Ampla para suas empresas

prestadoras de serviço.

Para o cálculo do coeficiente de correlação de Spearman, utilizou-se como base

de dados a tabela 12. Esta tabela indica a posição geral obtida no questionário e a

posição geral obtida no Ínpar.

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97

IDENTIFICAÇÃO POSIÇÃO QUESTIONÁRIO POSIÇÃO ÍNPAR

EMPRESA A 1 7

EMPRESA B 2 2

EMPRESA C 3 9

EMPRESA D 4 1

EMPRESA E 5 10

EMPRESA F 6 8

EMPRESA G 7 5

EMPRESA H 8 4

EMPRESA I 9 6

EMPRESA J 10 3

Tabela 12: Base para o cálculo do coeficiente de correlação de Spearman

Portanto, para o coeficiente de correlação de Spearman ( ρ ), encontramos um

valor igual a -0,14, o que também nos indica uma correlação negativa e fraca entre o

perfil inovador/intra-empreendedor e a medição de desempenho realizada pela

Ampla para suas empresas prestadoras de serviço.

Após o cálculo dos coeficientes de Pearson (r) e Spearman ( ρ ), podemos

concluir que, no geral, a correlação entre o perfil inovador/intra-empreendedor e a

medição de desempenho realizada pela Ampla para suas empresas prestadoras de

serviço é fraca. Esta correlação indica que as empresas que possuem um perfil

inovador/intra-empreendedor mais concreto e desenvolvido não são necessariamente

as empresas que possuem um melhor desempenho, segundo os critérios de medição

escolhidos pela distribuidora. Após esta abordagem geral, analisaremos mais

detalhadamente esta correlação, no estudo dos próximos cenários.

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98

7.3.2. ANÁLISE E CÁLCULO DO CENÁRIO 02

O Cenário 02 considera as correlações entre o grupo de questões que definem o

perfil inovador das empresas e os cinco desafios do Ínpar.

Para o cálculo dos coeficientes de Pearson, utilizaram-se as pontuações

apresentadas na tabela 13 abaixo.

IDENTIFICAÇÃO

Melhorar a

Qualificação e

Satisfação dos

Colaboradores

Reduzir os Índices

de Acidentabilidade

no Trabalho

Melhorar a

Gestão das

Parceiras

Melhorar a Satisfação

do Cliente e a

Qualidade dos Serviços

Contratados

Realizar Programas

de Alcance Social e

Respeito ao Meio

Ambiente

Perfil

Inovador

EMPRESA A 14 15 22 20 5 35

EMPRESA B 15 15 24 25 4 35

EMPRESA C 15 20 13 19 4 33

EMPRESA D 19 20 19 23 2 33

EMPRESA E 12 18 17 21 3 28

EMPRESA F 13 19 17 21 3 26

EMPRESA G 14 19 21 21 4 27

EMPRESA H 16 24 19 20 4 20

EMPRESA I 17 18 19 19 3 23

EMPRESA J 11 25 19 23 3 17

PONTUAÇÃO

Tabela 13: Base para o cálculo dos coeficientes de correlação de Pearson - Cenário 02.

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99

A tabela 14 foi utilizada para o cálculo dos coeficientes de Spearman, e nos

mostra as posições das empresas nos rankings referentes aos cinco desafios do

Ínpar, e a posição referente ao perfil inovador.

IDENTIFICAÇÃO

Melhorar a

Qualificação e

Satisfação dos

Colaboradores

Reduzir os Índices

de Acidentabilidade

no Trabalho

Melhorar a

Gestão das

Parceiras

Melhorar a Satisfação

do Cliente e a

Qualidade dos Serviços

Contratados

Realizar Programas

de Alcance Social e

Respeito ao Meio

Ambiente

Perfil

Inovador

EMPRESA A 6 9 2 7 1 1

EMPRESA B 4 10 1 1 2 2

EMPRESA C 5 3 10 9 3 3

EMPRESA D 1 4 4 2 4 4

EMPRESA E 9 7 8 4 5 5

EMPRESA F 8 5 9 5 6 7

EMPRESA G 7 6 3 6 7 6

EMPRESA H 3 2 5 8 8 9

EMPRESA I 2 8 6 10 9 8

EMPRESA J 10 1 7 3 10 10

COLOCAÇÕES NO RANKING

Tabela 14: Base para o cálculo dos coeficientes de correlação de Spearman - Cenário 02.

Diante destes dados, os resultados dos cálculos dos coeficientes de correlação de

Pearson e Spearman, entre o perfil inovador e cada um dos cinco desafios do Ínpar,

estão demonstrados na tabela 15 abaixo.

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100

Coeficientes de

Pearson

Coeficientes de

Spearman

Melhorar a Qualificação e Satisfação dos

Colaboradores0,32 0,20

Reduzir os Índices de Acidentabilidade

no Trabalho-0,78 -0,61

Melhorar a Gestão das Parceiras 0,16 0,38

Melhorar a Satisfação do Cliente e a

Qualidade dos Serviços Contratados0,16 0,18

Realizar Programas de Alcance Social e

Respeito ao Meio Ambiente0,90 0,98

Perfil Inovador

Tabela 15: Coeficientes de correlação de Pearson e Spearman - Cenário 02.

Podemos observar que a correlação de Pearson existente entre o Perfil Inovador

e os desafios de “Melhorar a Gestão das Parceiras” e “Melhorar a Satisfação do

Cliente e a Qualidade dos Serviços” é fraca e positiva, enquanto que para o desafio

de “Melhorar a Qualificação e Satisfação dos Colaboradores”, a correlação torna-se

moderada. Para o coeficiente de Pearson, encontramos uma correlação forte, porém

negativa, do Perfil Inovador com os desafios de “Reduzir os Índices de

Acidentabilidade no Trabalho”. “Realizar Programas de Alcance Social e Respeito

ao Meio Ambiente” também tem uma correlação forte com o referido perfil, mas

neste caso, é positiva.

Já para o cálculo dos coeficientes de Spearman, encontramos uma correlação

forte e também positiva do Perfil Inovador somente com o desafio de “Realizar

Programas de Alcance Social” e “Respeito ao Meio Ambiente”. Esta correlação se

repete no cálculo de Pearson. Para os desafios de “Reduzir os Índices de

Acidentabilidade no Trabalho” e “Melhorar a Gestão das Parceiras”, a correlação

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101

com o Perfil Inovador é moderada negativa e positiva, respectivamente. A

correlação é fraca e positiva quando relacionamos este perfil com “Melhorar a

Qualificação e Satisfação dos Colaboradores” e “Melhorar a Satisfação do Cliente e

a Qualidade dos Serviços Contratados”.

Portanto, podemos verificar que a maior correlação, considerando os dois

coeficientes, está entre o Perfil Inovador e “Realizar Programas de Alcance Social e

Respeito ao Meio Ambiente”, de uma forma positiva, seguida da correlação negativa

com “Reduzir os Índices de Acidentabilidade no Trabalho”, que, apesar de ser

moderada no coeficiente de Spearman, é muito significativa em relação aos outros

desafios, tornando-se forte quando calculada através de Pearson.

7.3.3. ANÁLISE E CÁLCULO DO CENÁRIO 03

O Cenário 03 considera as correlações entre o grupo de questões que definem o

perfil intra-empreendedor das empresas e os cinco desafios do Ínpar.

Para o cálculo dos coeficientes de Pearson, utilizaram-se as pontuações

apresentadas na tabela 16 abaixo.

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102

IDENTIFICAÇÃO

Melhorar a

Qualificação e

Satisfação dos

Colaboradores

Reduzir os Índices

de Acidentabilidade

no Trabalho

Melhorar a

Gestão das

Parceiras

Melhorar a Satisfação

do Cliente e a

Qualidade dos Serviços

Contratados

Realizar Programas

de Alcance Social e

Respeito ao Meio

Ambiente

Perfil

Intra

empreendedor

EMPRESA A 14 15 22 20 5 38

EMPRESA B 15 15 24 25 4 37

EMPRESA C 15 20 13 19 4 33

EMPRESA D 19 20 19 23 2 31

EMPRESA E 12 18 17 21 3 30

EMPRESA F 13 19 17 21 3 33

EMPRESA G 14 19 21 21 4 28

EMPRESA H 16 24 19 20 4 26

EMPRESA I 17 18 19 19 3 26

EMPRESA J 11 25 19 23 3 30

PONTUAÇÃO

Tabela 16: Base para o cálculo dos coeficientes de correlação de Pearson - Cenário 03.

A tabela 17 foi utilizada para o cálculo dos coeficientes de Spearman, e nos

mostra as posições das empresas nos rankings referentes aos cinco desafios do Ínpar

e ao perfil intra-empreendedor.

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103

IDENTIFICAÇÃO

Melhorar a

Qualificação e

Satisfação dos

Colaboradores

Reduzir os Índices

de Acidentabilidade

no Trabalho

Melhorar a

Gestão das

Parceiras

Melhorar a Satisfação

do Cliente e a

Qualidade dos Serviços

Contratados

Realizar Programas

de Alcance Social e

Respeito ao Meio

Ambiente

Perfil

Intra

empreendedor

EMPRESA A 6 9 2 7 1 1

EMPRESA B 4 10 1 1 2 2

EMPRESA C 5 3 10 9 3 3

EMPRESA D 1 4 4 2 4 5

EMPRESA E 9 7 8 4 5 7

EMPRESA F 8 5 9 5 6 4

EMPRESA G 7 6 3 6 7 8

EMPRESA H 3 2 5 8 8 9

EMPRESA I 2 8 6 10 9 10

EMPRESA J 10 1 7 3 10 6

COLOCAÇÕES NO RANKING

Tabela 17: Base para o cálculo dos coeficientes de correlação de Spearman - Cenário 03.

Diante destes dados, calculamos as correlações de Pearson e Sperman entre o

perfil intra-empreendedor e cada um dos cinco desafios demonstrados na tabela 18

abaixo:

Page 105: ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp130262.pdf2 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO

104

Coeficientes de

Pearson

Coeficientes de

Spearman

Melhorar a Qualificação e Satisfação dos

Colaboradores-0,17 -0,13

Reduzir os Índices de Acidentabilidade

no Trabalho-0,62 -0,28

Melhorar a Gestão das Parceiras 0,28 0,18

Melhorar a Satisfação do Cliente e a

Qualidade dos Serviços Contratados0,36 0,36

Realizar Programas de Alcance Social e

Respeito ao Meio Ambiente0,66 0,83

Perfil Intra-empreendedor

Tabela 18: Coeficientes de correlação de Pearson e Spearman - Cenário 03.

Neste cenário, observamos que a correlação entre o Perfil Intra-empreendedor e

os desafios de “Melhorar a Qualificação e Satisfação dos Colaboradores” é fraca e

negativa tanto pelo coeficiente de Pearson, quanto pelo coeficiente de Spearman.

Para estes dois coeficientes, “Melhorar a Gestão das Parceiras” também tem

correlação fraca, porém positiva. Em se tratando do desafio de “Melhorar a

Satisfação do Cliente e a Qualidade dos Serviços”, o mesmo apresenta uma

correlação moderada e positiva para os dois coeficientes. Para o desafio de “Reduzir

os Índices de Acidentabilidade no Trabalho”, a correlação é negativa, sendo

moderada por Pearson e fraca por Spearman.

Como no caso do Cenário 01, “Realizar Programas de Alcance Social e Respeito

ao Meio Ambiente” é o desafio que possui uma correlação mais forte e positiva,

também com o Perfil Intra-empreendedor das empresas.

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105

7.3.4. ANÁLISE E CÁLCULO DO CENÁRIO 04

O Cenário 04 considera as correlações entre o grupo de questões que define o

desenvolvimento da estratégia das empresas em relação ao estímulo e consolidação

dos perfis inovador e intra-empreendedor e os cinco desafios do Ínpar.

Para o cálculo dos coeficientes de Pearson, utilizaram-se as pontuações

apresentadas na tabela 19.

IDENTIFICAÇÃO

Melhorar a

Qualificação e

Satisfação dos

Colaboradores

Reduzir os Índices

de Acidentabilidade

no Trabalho

Melhorar a

Gestão das

Parceiras

Melhorar a Satisfação

do Cliente e a

Qualidade dos Serviços

Contratados

Realizar Programas

de Alcance Social e

Respeito ao Meio

Ambiente

Estratégia

EMPRESA A 14 15 22 20 5 45

EMPRESA B 15 15 24 25 4 43

EMPRESA C 15 20 13 19 4 47

EMPRESA D 19 20 19 23 2 46

EMPRESA E 12 18 17 21 3 46

EMPRESA F 13 19 17 21 3 40

EMPRESA G 14 19 21 21 4 41

EMPRESA H 16 24 19 20 4 39

EMPRESA I 17 18 19 19 3 34

EMPRESA J 11 25 19 23 3 29

PONTUAÇÃO

Tabela 19: Base para o cálculo dos coeficientes de correlação de Pearson - Cenário 04.

Page 107: ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp130262.pdf2 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO

106

A tabela 20 foi utilizada para o cálculo dos coeficientes de Spearman, e nos

mostra as posições das empresas nos rankings referentes aos cinco desafios do

Ínpar, e a posição em relação ao perfil intra-empreendedor.

IDENTIFICAÇÃO

Melhorar a

Qualificação e

Satisfação dos

Colaboradores

Reduzir os Índices

de Acidentabilidade

no Trabalho

Melhorar a

Gestão das

Parceiras

Melhorar a Satisfação

do Cliente e a

Qualidade dos Serviços

Contratados

Realizar Programas

de Alcance Social e

Respeito ao Meio

Ambiente

Estratégia

EMPRESA A 6 9 2 7 1 4

EMPRESA B 4 10 1 1 2 5

EMPRESA C 5 3 10 9 3 1

EMPRESA D 1 4 4 2 4 2

EMPRESA E 9 7 8 4 5 3

EMPRESA F 8 5 9 5 6 7

EMPRESA G 7 6 3 6 7 6

EMPRESA H 3 2 5 8 8 8

EMPRESA I 2 8 6 10 9 9

EMPRESA J 10 1 7 3 10 10

COLOCAÇÕES NO RANKING

Tabela 20: Base para o cálculo dos coeficientes de correlação de Spearman - Cenário 04.

Diante destes dados, calculamos as correlações de Pearson e Sperman entre o

perfil intra-empreendedor e cada um dos cinco desafios do Ínpar, demonstrados na

tabela 21 abaixo:

Page 108: ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp130262.pdf2 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO

107

Coeficientes de

Pearson

Coeficientes de

Spearman

Melhorar a Qualificação e Satisfação dos

Colaboradores0,28 0,19

Reduzir os Índices de Acidentabilidade

no Trabalho-0,54 -0,19

Melhorar a Gestão das Parceiras -0,14 -0,03

Melhorar a Satisfação do Cliente e a

Qualidade dos Serviços Contratados-0,06 0,13

Realizar Programas de Alcance Social e

Respeito ao Meio Ambiente0,85 0,81

Estratégia

Tabela 21: Coeficientes de correlação de Pearson e Spearman - Cenário 04.

No Cenário 04, encontramos as correlações mais fracas de todos os cenários. Os

desafios de “Melhorar a Qualificação e Satisfação dos Colaboradores”, “Melhorar a

Gestão das Parceiras” e “Melhorar a Satisfação do Cliente e a Qualidade dos

Serviços” apresentam correlações fracas com o grupo que define a Estratégia, tanto

nos coeficientes de Pearson, como nos coeficientes de Spearman. A correlação com

“Melhorar a Gestão das Parceiras” é negativa, tornando-se positiva quando analisada

com os desafios de “Melhorar a Qualificação e Satisfação dos Colaboradores” e

“Melhorar a Satisfação do Cliente e a Qualidade dos Serviços”. No coeficiente de

Spearman, entre a Estratégia e o desafio de “Melhorar a Gestão das Parceiras” e no

coeficiente de Pearson entre a Estratégia e o desafio de “Melhorar a Satisfação do

Cliente e a Qualidade dos Serviços”, as correlações são quase nulas, e bastante

insignificantes.

Page 109: ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp130262.pdf2 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO

108

Apenas no caso do desafio de “Reduzir os Índices de Acidentabilidade no

Trabalho” a correlação é moderada e negativa para o cálculo de Pearson. Como nos

exemplos dos cenários anteriormente estudados, no Cenário 04, o desafio de

“Realizar Programas de Alcance Social e Respeito ao Meio Ambiente” tem uma

correlação bem forte e positiva com a Estratégia, sendo bem significativa nos dois

coeficientes.

8. CONCLUSÕES FINAIS

Diante de todo o exposto neste estudo, podemos observar que a terceirização,

ganhou grandes proporções nas organizações, e torna-se uma alternativa cada vez

mais comum das empresas para obterem ganhos de escala e especialização de suas

atividades, além de otimizarem os custos com infra-estrutura e produção. Muitas

organizações possuem mais de 50% de sua força de trabalho entregue a terceiros,

que é o caso da Ampla onde 83% de sua força de trabalho é terceirizada. Diante

disto, torna-se cada vez mais necessário e essencial uma relação de parceria

estratégica, onde ambos, a contratante e a contratada, busquem o desenvolvimento e

crescimento da organização como um todo. Hoje, até a estratégia de algumas

empresas é desenhada por empresas terceirizadas.

Esta parceria deve ter como objetivo, o desenvolvimento da empresa que presta

serviços, bem como o da empresa que contrata estes serviços. Este tipo de relação

tem que ser sinalagmática, onde tanto a parceira como a contratante, busquem o

desenvolvimento do negócio, gerando lucros para ambas as partes.

A gestão da inovação e uma cultura voltada ao intra-empreendedorismo trazem

novas formas de as organizações buscarem este crescimento não só através de novos

negócios, como também melhorias nos processos já existentes ou na gestão da

Page 110: ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp130262.pdf2 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO

109

organização de uma forma geral, incluindo-se também a gestão de pessoas e de

talentos intra-empreendedores tanto da empresa como de seus fornecedores.

A terceirização como parceira da inovação pode desenvolver o negocio principal

e trazer melhorias, inclusive aumentando a margem de lucro dos contratos das

empresas parceiras, que com inovações podem aumentar sua produtividade,

realizando “mais por menos”, inclusive com redução da estrutura de mão-de-obra.

Além disto, a inovação pode melhorar a qualidade dos serviços oferecidos aos

clientes e oferecer novas oportunidades de negócio, agregando valor ao

fornecimento de energia elétrica, como por exemplo, a comunicação de dados

através da rede elétrica aprovado recentemente pela Aneel. Com uma postura

voltada à inovação, novas formas e fontes de geração de energia também podem ser

exploradas.

Como a Ampla possui um dos maiores níveis de terceirização do setor, esta

parceira torna-se indispensável para o crescimento do negócio, portanto é de

extrema importância que a distribuidora busque e avalie o tema da inovação e do

intra-empreendedorismo de suas empresas parceiras. Para isto, mapeamos o perfil

inovador e empreendedor das empresas consideradas estratégicas, que prestam

serviços para a distribuidora, como forma de identificarmos como a relação de

parceira pode ser desenvolvida neste sentido, e se a distribuidora considera a

inovação e o intra-empreendedorismo na escolha e medição de desempenho de seus

parceiros.

Com este trabalho, verificamos que das dez empresas analisadas que prestam

serviços a Ampla, 40% podem ser enquadradas como empresas que possuem um

perfil inovador/intra-empreendedor desenvolvido, pois obtiveram acima de 85% da

pontuação máxima do questionário aplicado. No bloco das empresas que alcançaram

entre 70% e 85% da mesma pontuação, estão 30% das empresas estudadas. Nestas

empresas a gestão da inovação e a cultura do intra-empreendedorismo ainda não se

encontram bem desenvolvidos e consolidados, necessitando assim, de apoio para o

Page 111: ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp130262.pdf2 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO

110

desenvolvimento e aprimoramento destes processos. Já para os 30% das empresas

restantes, que alcançaram menos de 70% da pontuação máxima do questionário, o

trabalho deve ser em maior escala, pois estas empresas não apresentaram sinais de

uma gestão clara da inovação e nem incentivos a cultura do intra-

empreendedorismo. Nestes casos, o trabalho para desenvolver o perfil

inovador/intra-empreendedor tem que ser um trabalho mais focado no próprio

desenvolvimento da gestão destas empresas, pois como podemos observar no

questionário, ainda existem empresas que não possuem um planejamento estratégico

definido. Observamos assim, que existem empresas prestando serviços a Ampla, que

não possuem estímulo e gestão da inovação, além de não terem consolidado uma

cultura voltada ao intra-empreendedorismo, necessitando assim de motivação e

orientação para a implantação destes processos.

O desenvolvimento destes processos torna-se interessante também do ponto de

vista financeiro, pois através da otimização de recursos através da inovação, as

margens de lucro nos contratos, hoje consideradas baixas, poderiam tornar-se mais

atrativas.

Quanto a análise da correlação entre o perfil inovador/intra-empreendedor, e a

medição de desempenho realizada pela Ampla para suas empresas prestadoras de

serviço, podemos concluir que, após o cálculo dos coeficientes de Pearson (r) e

Spearman ( ρ ), a correlação encontrada é fraca e negativa para ambos os

coeficientes, quando consideramos as pontuações globais obtidas no questionário e

no Ínpar. Esta correlação indica que as empresas que possuem um perfil

inovador/intra-empreendedor mais concreto e desenvolvido não são necessariamente

as empresas que possuem um melhor desempenho, segundo os critérios de medição

escolhidos pela distribuidora.

A fraca correlação encontrada demonstra que a medição de desempenho da

distribuidora em relação aos prestadores de serviço, não considera o perfil inovador

e intra-empreendedor destas empresas como critério de bom desempenho.

Page 112: ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp130262.pdf2 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO

111

Ao analisar a correlação do questionário dividido em blocos que caracterizam o

Perfil Inovador, Perfil Intra-empreendedor e Estratégia com os cinco desafios do

Ínpar separadamente, podemos concluir que o desafio de “Realizar Programas de

Alcance Social e Respeito ao Meio Ambiente” é o que apresenta a correlação mais

forte e positiva com todos os blocos do questionário. Isto significa que as empresas

mais inovadoras e intra-empreendedoras, são as empresas que apresentam melhor

desempenho sócio-ambiental. Apesar da forte correlação com o perfil estudado, este

desafio possui pouco peso (5%) no Ínpar, o que influencia muito pouco a correlação

entre os resultados globais.

Já o desafio de “Melhorar a Gestão das Parceiras” possui uma fraca correlação

com todos os blocos considerados, o que indica que as empresas que possuem uma

melhor gestão, segundo os indicadores que compõe este desafio, não são

necessariamente as empresas mais inovadoras. Na correlação deste desafio com o

bloco da Estratégia, encontramos o menor valor de todos os coeficientes do estudo,

com o valor tendendo a zero no cálculo de Spearman, caracterizando assim, a

correlação mais fraca e negativa de todos os cenários analisados. Como este desafio

possui 25% de peso no Ínpar, o mesmo contribui significativamente para a fraca

correlação calculada globalmente, gerando aqui uma boa oportunidade de melhoria

nos indicadores deste desafio, para que considerem na pontuação da gestão das

empresas, suas características inovadoras e intra-empreendedoras como indicadores

que podem levar a um bom desempenho, tornando assim a correlação mais forte e

positiva.

“Melhorar a Qualificação e Satisfação dos Colaboradores” e “Melhorar a

Satisfação do Cliente e a Qualidade dos Serviços” também são desafios que possuem

correlação fraca em todos os cenários estudados, podendo também serem

incrementadas para considerarem a inovação e o intra-empreendedorismo como

indicadores de bom desempenho. Na correlação entre “Melhorar a Satisfação do

Page 113: ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp130262.pdf2 ARNALDO DE CASTRO NETO ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE O PERFIL INOVADOR / INTRA-EMPREENDEDOR E A MEDIÇÃO

112

Cliente e a Qualidade dos Serviços” e o Perfil Intra-empreendedor, esta correlação é

moderada e positiva.

Para o desafio de “Reduzir os Índices de Acidentabilidade no Trabalho”,

concluímos que as empresas que apresentam melhor desempenho em segurança do

trabalho são as empresas menos inovadoras. Esta conclusão se dá pela totalidade das

correlações deste desafio com todos os blocos do questionário ser negativa e

apresentar intensidade de fraca a moderada. Esta correlação é mais negativa e forte

quando correlacionamos este desafio com o Perfil Inovador.

Caso a distribuidora deseje considerar o perfil inovador/intra-empreendedor das

empresas, como um indicador que caracterize um bom desempenho das empresas,

um ponto que deve ser observado é o resultado das correlações do bloco da

Estratégia com os cinco desafios, pois foi o grupo de correlações mais fracas

encontradas no estudo, tanto para Pearson quanto para Spearman. Este é um ponto

de atenção, pois uma estratégia voltada à inovação e ao intra-empreendedorismo,

não possui peso considerável na medição de desempenho das empresas que prestam

serviços para a distribuidora.

De uma forma mais geral, para estimular o desenvolvimento do perfil

inovador/intra-empreendedor em seus fornecedores, a Ampla tem como opção

revisar e modificar os indicadores que medem o desempenho destas empresas,

tornando a correlação entre inovação, intra-empreendedorismo e desempenho mais

forte. Além disto, a distribuidora pode desenvolver seus fornecedores na gestão dos

processos de inovação, pois já possui uma cultura voltada à inovação bem

consolidada. Assim, a parceria cliente-fornecedor poderá gerar mais opções para o

desenvolvimento de novas tecnologias ou processos, além do estimulo e motivação

da força de trabalho para fomentar novas idéias. Outra forma seria considerar este

perfil na seleção das empresas durante o processo licitação dos serviços.

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113

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