arguição de inconstitucionalidade das leis...
TRANSCRIPT
A Unipública
Conceituada Escola de Gestão Municipal do sul do país, especializada em capacitação e
treinamento de agentes públicos atuantes em áreas técnicas e administrativas de prefeituras,
câmaras e órgãos da administração indireta, como fundos, consórcios, institutos, fundações e
empresas estatais nos municípios.
Os Cursos
Com diversos formatos de cursos técnicos presenciais e à distância (e-learning/online), a
escola investe na qualidade e seriedade, garantindo aos alunos:
- Temas e assuntos relevantes e atualizados ao poder público
- Certificados de Participação
- Tira-dúvidas após a realização do curso
- Controle biométrico de presença (impressão digital)
- Corpo docente especializado e atuante na área
- Atendimento personalizado
- Rigor no cumprimento de horários e programações
- Fotografias individuais digitalizadas
- Material de apoio de qualidade
- Coffee Breaks em todos os períodos
-Acesso ao AVA (Ambiente Virtual do Aluno) onde será disponibilizado o certificado de
participação para impressão, grade programática, apostila digitalizada, material
complementar de apoio de acordo com os temas propostos nos cursos, chat com outros
alunos e contato direto com professores.
Público Alvo
- Servidores públicos municipais (secretários, diretores, contadores, advogados,
controladores internos, assessores, atuantes na área de licitação, recursos humanos,
tributação, saúde, assistência social e demais departamentos) .
- Vereança e Prefeitos (a)
Localização
Nossa sede está localizada em local privilegiado da capital do Paraná, próximo ao
Calçadão da XV, na Rua Clotário Portugal nº 41, com estrutura apropriada para realização de
vários cursos simultaneamente.
Feedback
Todos os cursos passam por uma avaliação criteriosa pelos próprios alunos, alcançando
índice médio de satisfação 9,3 no ano de 2014, graças ao respeito e responsabilidade empregada
ao trabalho.
Transparência
Embora não possua natureza jurídica pública, a Unipública aplica o princípio da
transparência de seus atos mantendo em sua página eletrônica um espaço específico para esse
fim, onde disponibiliza além de fotos, depoimentos e notas de avaliação dos alunos, todas as
certidões de caráter fiscal, técnica e jurídica.
Qualidade
Tendo como principal objetivo contribuir com o aperfeiçoamento e avanço dos serviços
públicos, a Unipública investe no preparo de sua equipe de colaboradores e com rigoroso critério
define seu corpo docente.
Missão
Preparar os servidores municipais, repassando-lhes informações e ensinamentos gerais e
específicos sobre suas respectivas áreas de atuação e contribuir com:
a) a promoção da eficiência e eficácia dos serviços públicos
b) o combate às irregularidades técnicas, evitando prejuízos e responsabilizações tanto
para a população quanto para os agentes públicos
c) o progresso da gestão pública enfatizando o respeito ao cidadão
Visão
Ser a melhor referência do segmento, sempre atuando com credibilidade e seriedade
proporcionando satisfação aos seus alunos e equipe de colaboradores.
Valores
Reputação ilibada
Seriedade na atuação
Respeito aos alunos e à equipe de trabalho
Qualidade de seus produtos
Modernização tecnológica de metodologia de ensino
Garantia de aprendizagem
Ética profissional
SEJA BEM VINDO!
BOM CURSO!
Telefone (41) 3323-3131 Sede Própria: Rua Desembargador Clotário Portugal, n° 39, Centro.
www.unipublicabrasil.com.br
Programação
Arguição de Inconstitucionalidade das Leis Municipais
1 O controle da constitucionalidade:
a) difuso
b) concentrado
2 Foro de Competência:
a) local
b) TJ
c) STF
3 Conceito e fundamentação da ADIN
4 Objeto da ação
5 Legitimidade de propositura
6 Amicus curiae
7 Foro de Competência
8 O trâmite nos Tribunais
9 Efeitos da declaração de inconstitucionalidade:
a) erga omnes
b) ex tunc
c) ex nunc
d) vinculante
10 Jurisprudência e estudo de caso
Professor:
Luciano Marlon Ribas Machado: Graduado pela Pontifícia Universidade
Católica do Paraná (PUC-PR) / janeiro de 2002; Pós - graduado em Direito
Civil pela UFPR / junho de 2003;Pós - graduado em Direito Administrativo
pela Universidade Potiguar (UNIP) / março de 2007.
1
ARGUIÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS
MUNICIPAIS
Luciano Marlon Ribas Machado
I – CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
O legislador constituinte originário criou mecanismos para evitar que normas jurídicas
incompatíveis com a Constituição Federal prosperem no nosso ordenamento jurídico.
Controla-se o ato normativo editado, verificando sua adequação aos preceitos da
CF/88, se há compatibilidade e harmonização entre o que está escrito na Carta Magna e o que
foi produzido pelo legislador infraconstitucional.
Assim, evita-se a proliferação de legislação que afronte e ataque a CF/88, garantindo
a força normativa para gerir todo o complexo ordenamento jurídico.
Para se efetivar o controle, o Estado deve possuir uma Constituição rígida e a
atribuição de competência a um órgão para resolver os problemas de constitucionalidade,
órgão que variará de acordo com o sistema de controle adotado.
Pela rigidez da nossa Constituição que se traduz em um processo de alteração mais
complexo, mais solene que a alteração das normas infraconstitucionais temos a noção de um
escalonamento normativo, no qual a CF/88 está no ápice da pirâmide e é fundamento de
validade para os demais atos normativos.
2
Daí falamos em princípio da Supremacia da Constituição, pois nesta estão as normas
fundamentais, os alicerces do direito e que iluminarão os demais atos infraconstitucionais.
Breve histórico do controle de constitucionalidade no Brasil:
CF/1824 – não havia controle, pois vigia o dogma da soberania do parlamento.
Eventual conflito de normas era resolvido pelo Poder Reformador;
CF/1891 – estabeleceu o controle difuso, por influência de Rui Barbosa;
CF/1934 – manteve o controle difuso, mas acrescentou a ADI Interventiva, a cláusula
de reserva de plenário e a possibilidade do Senado Federal suspender a eficácia da lei
declarada inconstitucional;
CF/1937 – manteve o controle difuso, mas como o Poder Executivo foi fortalecido a
CF lhe dava poderes para submeter a decisão do Poder Judiciário no sentido da
inconstitucionalidade da lei a apreciação do Congresso Nacional, para que este cassasse a
decisão do Judiciário;
CF/1946 – manteve o controle difuso, acabou com a hipertrofia do Poder Executivo,
na sua vigência surgiu o controle concentrado (Emenda n. 16/65) com legitimidade única do
Procurador Geral da República e, por fim, inseriu o controle concentrado no âmbito estadual;
CF/1967 – manteve os controles difuso e concentrado, mas suprimiu o controle
concentrado estadual;
Emenda de 1969 – segue tudo igual, mas reestabelece o controle de
constitucionalidade estadual apenas para a representação interventiva;
CF/1988 –ampliou os legitimados para a propositura de controle concentrado (ADI);
surgiu a ADPF; surgiu o controle das omissões normativas (ADO e Mandado de Injunção); a
EC n. 3/93 – criou a ADC; concedeu expressamente o efeito vinculante para a ADC, ate
então tal efeito era conferido pela jurisprudência; a EC n. 45/04 incluiu mais 4 legitimados na
ADC (alinhou os legitimados com os da ADI); deixou claro os efeitos vinculantes para a
ADI.
Quanto ao momento do controle, podemos ter o controle PREVENTIVO (para
prevenir uma lesão) e o REPRESSIVO (vai ocorrer depois que a lesão à CF já está
efetivada).
I – controle preventivo: ocorre durante o processo de elaboração do ato normativo.
A quem cabe o controle preventivo? Todos os poderes podem exercer o controle
preventivo (poder legislativo, executivo e, excepcionalmente, em apenas uma hipótese o
poder judiciário). Quem exerce de forma mais ampla e efetiva é o Legislativo e o Executivo.
3
O controle preventivo feito pelo legislativo cabe à CCJ e ao Plenário. A CCJ analisa a
proposta e verifica se é constitucional ou não e emite um parecer terminativo. Quando o
parecer não é unânime, cabe recurso da decisão para o plenário.
O controle preventivo feito pelo executivo, se for projeto de lei, se dá através do
VETO JURÍDICO, conforme art. 66, §1o, da CF/88.
O veto político (que analisa o interesse público) não é objeto de controle de
constitucionalidade.
Por isso que as leis têm uma presunção de constitucionalidade maior, porque passam
pelo controle desses poderes.
No âmbito do poder judiciário, a única possibilidade de controle preventivo
(excepcional) ocorre no Mandado de Segurança, cujo único legitimado é o parlamentar
(nenhuma outra autoridade pode), na hipótese de não ser observado o devido processo
legislativo constitucional. Somente o parlamentar da Casa na qual o projeto esteja em
tramitação.
O MS server para proteger direito subjetivo do parlamentar (devido processo
legislativo constitucional – tem que ser norma da CF ou LOM, pois se for norma exclusiva
do regimento interno não cabe).
Esse controle é difuso, porque dependerá do parlamentar. É também um controle
concreto de constitucionalidade, pois assegura o direito subjetivo de se ter o devido processo
legislativo constitucional.
O controle preventivo impede o controle repressivo, caso seja aprovada? Não, nada
impede que seja analisada depois de aprovada.
II – controle repressivo: vai ocorrer depois que a lesão à CF já está efetivada. Em regra, quem
exerce é o Poder Judiciário.
No controle repressivo, o legislativo e o executivo terão um papel secundário. Já o
poder judiciário será o principal executor desse processo.
O controle repressivo feito pelo legislativo acontece em atos que exorbite o poder
regulamentar (art. 49, V, da CF), requisitos de relevância e urgência da MP (art. 62) e
reedição de MP rejeitada na mesma sessão legislativa (art. 62, §10).
O Tribunal de Contas é órgão auxiliar do poder legislativo e poderá fazer o controle
repressivo de constitucionalidade das leis ou atos normativos do poder executivo.
O poder executivo faz o controle repressivo quando da negativa de cumprimento pelo
chefe do executivo (presidente, governador, prefeito) de norma considerada inconstitucional.
Há dois requisitos para prefeito negar cumprimento de lei feita pela Câmara
Municipal:
4
1o – o ato deve ser motivado;
2o – deve dar publicidade ao ato.
Até quando o prefeito pode negar esse cumprimento? Até que o STF dê uma decisão
com efeito vinculante.
Por uma questão de coerência, o presidente, governador ou prefeito deverá ajuizar,
simultaneamente à negativa de cumprimento, uma ADI pedindo a declaração de
inconstitucionalidade do ato combatido. Na hipótese de declaração da constitucionalidade da
lei, a negativa de cumprimento pelo chefe do executivo não poderá permanecer.
O Poder Judiciário é o principal encarregado do controle repressivo, chamado de
SISTEMA JURISDICIONAL, fazendo-o através do:
a) controle difuso
b) controle concentrado
a) CONTROLE DIFUSO-CONCRETO
Controle difuso é aquele cuja competência é aberta para qualquer órgão do poder
judiciário, todos os juízes e tribunais têm competência para exercer esse controle.
É concreto porque a finalidade desse controle não será a de assegurar a supremacia da
CF/88, mas sim de assegurar direitos subjetivos. Vai surgir a partir de um caso concreto.
A inconstitucionalidade não será objeto do pedido, apenas a causa de pedir
(fundamento).
O pedido deve ser de efeitos concretos (exemplo: fechamento dos bingos). A
inconstitucionalidade é apenas a causa de pedir.
O controle difuso tem origem no caso Marbury x Madison, demanda julgada pelo juiz
John Marshall em 1803, nos EUA.
No controle difuso-concreto, quanto ao aspecto subjetivo (quanto às pessoas que são
atingidas pela decisão), esta tem efeitos apenas entre as partes envolvidas (“inter partes”),
não atingindo terceiros.
b) CONTROLE CONCENTRADO-ABSTRATO
É a análise abstrata de uma norma, não se baseia em caso concreto e é concentrado
porque só o STF pode exercer o controle (único competente). Aqui a influência é do direito
austríaco de 1930.
A finalidade é assegurar a supremacia da CF/88.
Engloba 4 ações:
(i) ADI – ação direta de inconstitucionalidade;
5
(ii) ACD – ação declaratória de constitucionalidade;
(iii) ADPF – arguição de descumprimento de preceito fundamental;
(iv) ADO – ação direta de inconstitucionalidade por omissão.
A ADI e ADC são reguladas pela lei n. 9.868/99. As duas tem a mesma natureza, mas
possuem o sinal trocado, são demandas com caráter dúplice ou ambivalente.
Esse caráter dúplice está no art. 24 da lei n. 9.868/99, se a lei é proclamada
constitucional, a ADI será julgada improcedente ou procedente eventual ação declaratória. Se
declarada inconstitucional, a ADI será julgada procedente ou improcedente eventual ação
declaratória.
II – FORO DE COMPETÊNCIA
II.1 LOCAL
No controle difuso ou via de defesa ou via incidental ou via de exceção, será possível
a alegação de inconstitucionalidade no juízo de primeiro grau.
O juiz singular e a Turma Recursal do JEC podem entender que incidentalmente a lei
é inconstitucional, deixar de aplicá-la ao caso concreto e decidir favoravelmente ao
interessado que teve reconhecida a inconstitucionalidade da lei.
No controle concentrado não será possível a interposição perante o juízo de primeiro
grau.
II.2 TRIBUNAL DE JUSTIÇA
No controle difuso a demanda não poderá ser julgada por uma turma ou câmara.
Deverá observar a Cláusula de Reserva de Plenário.
O processo chega na Câmara ou Turma e se entender que a lei no caso concreto é
inconstitucional, remete a questão da inconstitucionalidade para o Plenário do TJ decidir.
Não envia o caso concreto para o plenário, somente a questão da inconstitucionalidade.
O caso concreto fica suspenso aguardando decisão do Pleno. Se este entender que a
lei é inconstitucional, a questão volta novamente para a Câmara e esta decide o caso
concreto, partindo do pressuposto de que a lei é inconstitucional.
No controle concentrado, o Tribunal de Justiça será o órgão competente para apreciar
ADI de lei estadual e lei municipal e o parâmetro será a Constituição Estadual.
II.3 STF
No controle difuso fará a análise de Recurso Extraordinário de discussão originada em
primeiro grau.
6
O STF não precisará observar a cláusula de reserva de plenário (STF, RE 361.829).
No controle concentrado é o único titular para julgar ADI, ADC, ADPF e ADO de lei
ou ato normativo federal ou estadual que ofenda a CF/88 e observará a cláusula de reserva de
plenário. Para abertura dos trabalhos deverão estar presentes 8 ministros e para o julgamento
deverá ter maioria absoluta, ou seja, 6 ministros.
III – CONCEITO E FUNDAMENTAÇÃO DA ADI
A Ação Direta de Inconstitucionalidade tem previsão constitucional no art. 102, inciso
I, alínea “a”, da CF/88.
O que se busca com a ADI genérica é o controle de constitucionalidade de ato
normativo em tese, abstrato, marcado pela generalidade, impessoalidade e abstração.
Ao contrário do controle concreto, no controle concentrado a representação de
inconstitucionalidade tem por objeto principal a declaração de inconstitucionalidade da lei ou
ato normativo impugnado.
O artigo da CF foi regulamentado pela lei n. 9.868/99.
Não há partes propriamente ditas, não há autor/réu, mas apenas partes legitimadas.
Não existem partes, pois é processo de índole objetiva (a finalidade não é proteger interesse
subjetivo de alguém).
Não se aplicam os princípios processuais, como contraditório, ampla defesa, duplo
grau de jurisdição por uma razão simples, como não existem partes formais, não tem o
porque observar tais princípios.
Não se admite desistência, a decisão de mérito é irrecorrível (só cabe embargos de
declaração) e não admite ação rescisória.
IV – OBJETO DA ADI
O objeto é o ato que será questionado/impugnado na ação, não se confundindo com o
parâmetro de controle, que é a norma da Constituição que será utilizada como referência para
fazer o controle.
No que se refere ao aspecto temporal, para que um ato seja admitido como objeto de
ADI, esse objeto/ato tem que ser posterior ao parâmetro invocado (tem que surgir depois da
norma constitucional invocada).
Se for anterior ao parâmetro, a questão não é de inconstitucionalidade, mas de não
recepção pela CF/88. Assim, nenhum ato produzido antes de 5/10/88 pode ser objeto de ADI
ou ADC.
7
No que se refere ao aspecto espacial, o objeto da ADI é lei ou ato normativo federal
ou estadual.
No caso de ADC, o objeto será somente lei federal.
Veja que a lei municipal não pode ser objeto de ADI e ADC que tenha a Constituição
Federal como parâmetro, pois nada foi dito no art. 102, inciso I, alínea “a”, da CF/88.
Se o parâmetro for a Constituição Estadual, aí será possível a interposição de ADI em
face de lei municipal no Tribunal de Justiça.
V – LEGITIMIDADE DE PROPOSITURA
A previsão está no art. 103 da CF/88.
“Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de
constitucionalidade:
I – o Presidente da República;
II – a Mesa do Senado Federal;
III – a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV – a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
V – o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VI – o Procurador-Geral da República;
VII – o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII – partido político com representação no Congresso Nacional;
IX – confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.”
O STF faz uma diferença entre legitimados ativos UNIVERSAIS E ESPECIAIS. O
que diferencia um do outro é a exigência de pertinência temática (que é uma exigência para
apenas os legitimados especiais) – significa que deve demonstrar um nexo de causalidade
entre o interesse que ele representa e o objeto questionado.
Exemplo: CFM (Conselho Federal de Medicina) é um legitimado especial. Só pode
questionar uma lei se essa lei viola o interesse da classe médica. Agora, o presidente da
república (legitimado universal) não precisa demonstrar esse interesse.
Todas as autoridades federais da União são legitimados universais e todas as
autoridades estaduais são legitimados especiais.
Essa legitimação vale também para ADC e ADPF.
O STF admite associações de associações formadas por pessoas jurídicas para
impetrar ADI.
A legitimidade no âmbito estadual está em norma insculpida na Constituição Federal,
art. 125, §2o que diz cabível ao Estado a instituição de representação de inconstitucionalidade
8
de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada
a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.
E assim atuou o estado do Paraná em sua Constituição Estadual, ao prever no art. 111
os legitimados para propositura de Ação Direta de Inconstitucionalidade, a saber:
“Art. 111. São partes legítimas para propor a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo estadual ou municipal, em face desta Constituição:
I - o Governador do Estado e a Mesa da Assembleia Legislativa;
II - o Procurador-Geral de Justiça e o Procurador Geral do Estado;
III - o Prefeito e a Mesa da Câmara do respectivo Município, quando se tratar de lei ou ato
normativo local;
IV - o Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil;
V – os partidos políticos com representação na Assembleia Legislativa;
VI - as federações sindicais e as entidades de classe de âmbito estadual;
VII - o Deputado Estadual.”
Importante ressaltar que o vereador não está legitimado a propor a ADIN para discutir
a inconstitucionalidade de uma lei municipal.
A Adin será proposta perante o Tribunal de Justiça, o objeto será lei municipal e o
parâmetro será a Constituição Estadual e a defesa da constitucionalidade será realizada pela
Procuradoria Geral do Estado, que deverá ser ouvido para manifestação.
A consequência da declaração de inconstitucionalidade de lei municipal é a retirada
do ordenamento, com efeito retroativo (extunc) e erga omnes para toda a esfera
administrativa municipal, não vinculando o poder legislativo.
VI – FORO DE COMPETÊNCIA
A lei ou ato normativo terá seu foro de competência no controle concentrado a
depender do parâmetro que será invocado para pleitear a sua invalidade.
Lei ou ato normativo federal/estadual que contrariar a CF -> STF
Lei ou ato normativo estadual/municipal contrário CE -> TJ local
Lei ou ato normativo municipal que contrariar a CF -> não há controle concentrado
através de ADI, só difuso. Há, contudo, a possibilidade de ajuizamento da arguição de
descumprimento de preceito fundamental tendo por objeto lei municipal confrontada perante
a CF
VII – AMICUS CURIAE
9
O “amicuscuriae” ou amigo da corte é uma figura consagrada no art. 7o, §2
o, da lei
9.868/99 que estabelece que “o relator, considerando a relevância da matéria e a
representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o
prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos e entidades”.
Para ser um amigo da corte, os requisitos da relevância da matéria e a
representatividade do postulantes deverão ser demonstrados.
O relator poderá admitir ou não o ingresso do “amicuscuriae”, que verificará o
preenchimento dos requisitos e a conveniência e oportunidade da manifestação. O tribunal
poderá deixar de referendá-lo, afastando a sua intervenção (ADI 2.238 de 9.5.2002).
Admitido o “amicuscuriae”, não caberá recurso da decisão interlocutória que
autorizou o seu ingresso no feito.
O amigo da corte poderá apresentar sustentação oral e juntar documentos para aclarar
questão duvidosa que auxilie os ministros para o melhor julgamento possível da questão
posta em discussão.
É cabível o ingresso do “amicuscuriae” na ADC e na ADPF.
Exemplo: a Associação dos Procuradores Municipais de Belo Horizonte ajuizou
demanda questionando o teto constitucional, buscando o reconhecimento do sub-teto do
desembargador do TJMG para limitar a sua remuneração. A demanda passou pelo TJ e
chegou ao STF em forma de recurso extraordinário. Neste, foi admitido o ingresso da ANPM
como “amicuscuriae”, pois cumpriu os requisitos e apresentou o pedido em momento
adequado. O pedido foi deferido pelo Ministro Luiz Fux, o qual se baseou no art. 482, §3o, do
CPC.
VIII – EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE
VIII.1 – erga omnes
Significa “contra todos”, é uma decorrência lógica do controle abstrato, por não ter
partes formais, apenas parte legitimada, o efeito só pode ser “erga omnes”, que atinge os
particulares e os poderes públicos.
VIII.2 – vinculante
Efeito introduzido pela EC 3/93. Quando a CF/88 fala do efeito vinculante, ela diz
quais são os órgãos vinculados a essa decisão. No caso, fica vinculado todo o Poder
Judiciário (exceto o STF) e o Poder Executivo (a Administração Pública Direta e Indireta,
nas esferas federal, estadual e municipal).
O Poder Legislativo, assim como o STF, não fica vinculado.
10
Ao analisar a possibilidade de vinculação para o Legislativo, afasta-se essa
possibilidade para evitar o “fenômeno da fossilização da Constituição”.
VIII.3 – efeito, em regra, “extunc”
A lei inconstitucional é considerada ato nulo. Há efeito retroativo desde o nascimento
da lei, pois ela é desde o nascedouro inconstitucional e desconforme com o ordenamento
jurídico.
Contudo, devemos lembrar que o STF (aprovação de 2/3 dos ministros) pode fazer a
“modulação temporal” dos efeitos da decisão por razões de segurança jurídica ou excepcional
interesse social.
A previsão está contida no art. 27 da lei 9.868/99, a saber:
“Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões
de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal,
por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou
decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que
venha a ser fixado”.
Modulados os efeitos, teremos o seguinte:
1) “Erga omnes”;
2) “Ex nunc” ou outro momento a ser fixado pelos Ministros do STF, podendo a modulação
ser em algum momento do passado, no momento do julgamento, ou para o futuro (efeito
prospectivo)
3) Vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública federal,
estadual, municipal e distrital.
A regra da modulação é prevista para o controle concentrado (ADI e ADC). Porém,
todos esses requisitos do art. 27 da lei 9.868/99 se aplicam, por analogia, ao controle difuso.
IX – JURISPRUDÊNCIA DA INCONSTITUCIONALIDADE ESTADUAL
O TJPR em diversas decisões tem entendido constitucional o art. 111 da Constituição
do Estado do Paraná para arguição de matéria municipal e reconhecimento do rol dos
legitimados ativos, a saber:
“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. EMENDA À LEI ORGÂNICA DO
MUNICÍPIO. DEMANDA PROPOSTA PELO DIRETÓRIO MUNICIPAL DO PARTIDO
DOS TRABALHADORES. ILEGITIMIDADE ATIVA "AD CAUSAM". PRECEDENTES
DESTE TRIBUNAL. PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. VISTOS e
examinados estes autos de AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE N.º
11
834.844-3, do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba, em que
figuram com o autor PARTIDO DOS TRABALHADORES DIRETÓRIO MUNICIPAL
DE APUCARANA, interessada CÂMARA MUNICIPAL DE APUCARANA e curadora
PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO. I RELATÓRIO Trata-se de ação direta de
inconstitucionalidade ajuizada pelo Partido dos Trabalhadores Diretório Municipal de
Apucarana em face da Emenda n.º01/2011 à Lei Orgânica do referido Município, responsável
por fixarem 11 (onze) o número de Vereadores da Câmara Municipal (fls. 03/20).
Manifestação da Câmara Municipal, às fls.167/170, defendendo, em síntese, sua autonomia
para tratar de assunto internacorporis. A Procuradoria-Geral do Estado, na condição de
curadora, argúi em preliminar a ilegitimidade ativa ad causam do autor porque somente o
ente partidário estadual poderia exercitar esta ADI. No mérito, sustenta, em resumo, a
constitucionalidade da Emenda impugnada (fls. 176/184). A Procuradoria-Geral da Justiça
sugere a extinção do processo, sem resolução de mérito, com fulcro no inciso VI do art. 267
do CPC, haja vista a ilegitimidade ativa ad causam do autor, ou, caso não, o indeferimento da
liminar pleiteada (fls. 336/356). É, resumidamente, o relatório. II FUNDAMENTAÇÃO A
flora a ilegitimidade ativa ad causam do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores
para propor a presente ação direta de inconstitucionalidade. A Constituição Estadual, em seu
art. 111, dispõe que "São partes legítimas para propor a ação direta de inconstitucionalidade
de lei ou ato normativo estadual ou municipal, em face desta Constituição: I O Governador
do Estado e a Mesa da Assembleia Legislativa; II Procurador-Geral de Justiça e o
Procurador- Geral do Estado; III- O Prefeito e a Mesa da Câmara do respectivo Município,
quando se tratar de lei ou ato normativo local ou estadual que afete a autonomia local; IV O
Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil; V- Os partidos políticos com
representação na Assembleia Legislativa; VI As federações sindicais e as entidades de
classe de âmbito estadual; VII O Deputado Estadual" (destacou-se). A legitimação ativa, em
se tratando de sustentada antinomia de Emenda à Lei Orgânica do Município em face da
Constituição do Estado do Paraná, é do Diretório Estadual do Partido Político, verbis: (a)
"AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. VERIFICADA A
ILEGITIMIDADE DE PARTE ATIVA. O DIRETÓRIO MUNICIPAL DE PARTIDO
POLÍTICO NÃO TEM LEGITIMIDADE PARA PROPOR ADIN PERANTE O
TRIBUNAL DE JUSTIÇA, É O DIRETÓRIO ESTADUAL O TITULAR DESSE DIREITO.
PRECEDENTES DESTE COLENDO ÓRGÃO ESPECIAL EM CONSONÂNCIA COM
ENTENDIMENTO DO EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AÇÃO NÃO
CONHECIDA" (TJSP, Órgão Especial, ADI n.º 990100110950, Rel. Des. Renato Nalini, j.
em 28.04.2010); (b) "AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PARTIDO
12
POLÍTICO. DIRETÓRIO MUNICIPAL. REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL.
LEGITIMAÇÃO. NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO PARA POSTULAR EM JUÍZO A
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI MUNICIPAL FRENTE À CONSTITUIÇÃO DO
ESTADO. NÃO ATENDIMENTO. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO
DE MÉRITO" (TJPR, Órgão Especial, ADI n.º 168.311-0, Rel. Des. Celso Rotoli de
Macedo, j. em 17.06.2005); (c) "AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI
ORGÂNICA DO MUNICÍPIO. MANDATO DA MESA DIRETIVA DA CÂMARA
MUNICIPAL. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO. ARGUIÇÃO DO
MINISTÉRIO PÚBLICO SUPERIOR. PARTIDO POLÍTICO AUTOR QUE NÃO
COMPROVOU SUA LEGITIMIDADE ATIVA. NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO
PARA POSTULAR EM JUÍZO A ESPÉCIE MANEJADA. DESATENDIDA INTIMAÇÃO
PARA A FINALIDADE. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE
MÉRITO. O partido político, autor da ação direta de inconstitucionalidade, deve demonstrar
que seu presidente, a quem incumbe representar o diretório regional, estava realmente
autorizado pela Comissão Executiva a postular judicialmente a declaração de
inconstitucionalidade de lei municipal hostilizada frente à Constituição Estadual" (TJPR,
Órgão Especial, ADI n.º 66.754-5, Rel. Des. Clotário Portugal Neto, j. em 05.11.1999).Ainda
deste Tribunal, no mesmo sentido, ADI n.º 786.137-4, Rel. Des. Guido Döbeli, decisão
monocrática prolatada em 20.07.2011 e ADI n.º 399.290-3, Rel.ª Des.ª Regina Afonso Portes,
decisão monocrática prolatada em 07.02.2007. Assim é por aplicação simétrica da orientação
sufragada pelo Supremo Tribunal Federal, que admite apenas os Diretórios Nacionais a
pertinência subjetiva para propor ADI objetivando o controle concentrado de
constitucionalidade de lei ou ato normativo, mesmo que estadual, em face da Constituição
Federal, verbis: "Ação Direta de Inconstitucionalidade. Emenda n.º7, de 31/10/96, à
Constituição do Estado do Amapa. Artigos95, I e 100, § 3º.Constituição Federal, art. 57, §
4.º. Assembleia Legislativa. Reeleição dos membros da Mesa Diretora.Possibilidade. Questão
de Ordem. Ilegitimidade ativa ad causam de Diretório Regional ou Executiva
Regional.Firmou a jurisprudência desta Corte o entendimento de que o Partido Político, para
a juizar ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal, deve estar
representado por seu Diretório Nacional, ainda que o ato impugnado tenha sua amplitude
normativa limitada ao Estado ou Município do qual se originou. Precedentes: ADI n.º 610,
Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA, DJ 07.02.92 e ADI n.º 2.547, Rel. Min. CELSO DE
MELLO, DJ 01.02.2002. No caso em exame, embora não haja na petição inicial nenhuma
referência quanto ao órgão pelo qual se fez representar o Partido requerente, os documentos
trazidos pelo autor mandato outorgado pelo Presidente do Diretório Regional do Partido no
13
Amapá ao subscritor da inicial (fls. 6/6-v) e Ata da Reunião do Diretório Regional do PFL do
Amapá, para a eleição de sua Executiva Regional (fls. 8/11) evidenciam a iniciativa local do
Partido no ajuizamento da presente ação. Questão de ordem resolvida no sentido de não
conhecer a presente ação direta de inconstitucionalidade" (STF, Tribunal Pleno, ADI n.º
1.528 QO, Rel.ª Min.ª Ellen Gracie, j. em 01.08.2002). III DISPOSITIVO Nessas
condições, julga-se extinto o processo, sem resolução de mérito, com fulcro no inciso VI do
art. 267CPCcombinadocom o inciso XXIV do art. 200 do Regimento Interno deste Tribunal.
Publique-se e intimem-se. Oportunamente ao arquivo.Curitiba, 03.04.2012.Órgão Especial.
ADI 834844-3. Relator Desembargador Adalberto Jorge Xisto Pereira. Julgamento
10/04/2012.”
“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEGITIMIDADE ATIVA "AD
CAUSAM" DE DEPUTADO ESTADUAL. PRELIMINAR REJEITADA. LEI ORGÂNICA
DO MUNICÍPIO DE ITAIPULÂNDIA.PRAZO DOS MANDATOS DOS MEMBROS DA
MESA DIRETORA DA CÂMARA DE VEREADORES INFERIOR A DOIS
ANOS.OFENSA AO PRINCÍPIO DA SIMETRIA. PRECEDENTES DA CORTE.
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO.
(1) O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do recurso extraordinário n.º 261.677/PR,
proclamou a "Legitimação ativa de Deputado Estadual para propor ação direta de
inconstitucionalidade de normas locais em face da Constituição do Estado, à vista do art. 125,
§ 2.º, da Constituição Federal. Precedente: ADI 558-9 MC, Pertence, DJ 26.3.93"(Pleno, Rel.
Min. SepúlvedaPertence, j. em 06.04.2006).(2) O art. 16 da Constituição do Estado do Paraná
dispõe que a Lei Orgânica Municipal deverá atender aos princípios nela estabelecidos e na
Constituição Federal. Por isso, o prazo de um ano, para os mandatos dos membros da Mesa
Diretora da Câmara de Vereadores, não guarda simetria com o § 3.º do art. 61 da
Constituição Estadual, que estipula o período de dois anos para os mandatos dos membros da
Mesa Diretora da Assembleia Legislativa. De dois anos também é, segundo dispõe o § 4.º do
art. 57 da Constituição da República, os mandatos dos membros das Mesas Diretoras do
Senado Federal e da Câmara dos Deputados.Órgão Especial. ADIN 863597-4/PR. Relator
Desembargador Adalberto Jorge Xisto Pereira.Julgamento 06/05/2013. Publicação DJ 1106
de 23/05/2013.”