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Arguição de Inconstitucionalidade das Leis Municipais

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Arguição de Inconstitucionalidade das

Leis Municipais

A Unipública

Conceituada Escola de Gestão Municipal do sul do país, especializada em capacitação e

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câmaras e órgãos da administração indireta, como fundos, consórcios, institutos, fundações e

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escola investe na qualidade e seriedade, garantindo aos alunos:

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complementar de apoio de acordo com os temas propostos nos cursos, chat com outros

alunos e contato direto com professores.

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Todos os cursos passam por uma avaliação criteriosa pelos próprios alunos, alcançando

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ao trabalho.

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Embora não possua natureza jurídica pública, a Unipública aplica o princípio da

transparência de seus atos mantendo em sua página eletrônica um espaço específico para esse

fim, onde disponibiliza além de fotos, depoimentos e notas de avaliação dos alunos, todas as

certidões de caráter fiscal, técnica e jurídica.

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Programação

Arguição de Inconstitucionalidade das Leis Municipais

1 O controle da constitucionalidade:

a) difuso

b) concentrado

2 Foro de Competência:

a) local

b) TJ

c) STF

3 Conceito e fundamentação da ADIN

4 Objeto da ação

5 Legitimidade de propositura

6 Amicus curiae

7 Foro de Competência

8 O trâmite nos Tribunais

9 Efeitos da declaração de inconstitucionalidade:

a) erga omnes

b) ex tunc

c) ex nunc

d) vinculante

10 Jurisprudência e estudo de caso

Professor:

Luciano Marlon Ribas Machado: Graduado pela Pontifícia Universidade

Católica do Paraná (PUC-PR) / janeiro de 2002; Pós - graduado em Direito

Civil pela UFPR / junho de 2003;Pós - graduado em Direito Administrativo

pela Universidade Potiguar (UNIP) / março de 2007.

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ARGUIÇÃO DE

INCONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS

MUNICIPAIS

Luciano Marlon Ribas Machado

I – CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

O legislador constituinte originário criou mecanismos para evitar que normas jurídicas

incompatíveis com a Constituição Federal prosperem no nosso ordenamento jurídico.

Controla-se o ato normativo editado, verificando sua adequação aos preceitos da

CF/88, se há compatibilidade e harmonização entre o que está escrito na Carta Magna e o que

foi produzido pelo legislador infraconstitucional.

Assim, evita-se a proliferação de legislação que afronte e ataque a CF/88, garantindo

a força normativa para gerir todo o complexo ordenamento jurídico.

Para se efetivar o controle, o Estado deve possuir uma Constituição rígida e a

atribuição de competência a um órgão para resolver os problemas de constitucionalidade,

órgão que variará de acordo com o sistema de controle adotado.

Pela rigidez da nossa Constituição que se traduz em um processo de alteração mais

complexo, mais solene que a alteração das normas infraconstitucionais temos a noção de um

escalonamento normativo, no qual a CF/88 está no ápice da pirâmide e é fundamento de

validade para os demais atos normativos.

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Daí falamos em princípio da Supremacia da Constituição, pois nesta estão as normas

fundamentais, os alicerces do direito e que iluminarão os demais atos infraconstitucionais.

Breve histórico do controle de constitucionalidade no Brasil:

CF/1824 – não havia controle, pois vigia o dogma da soberania do parlamento.

Eventual conflito de normas era resolvido pelo Poder Reformador;

CF/1891 – estabeleceu o controle difuso, por influência de Rui Barbosa;

CF/1934 – manteve o controle difuso, mas acrescentou a ADI Interventiva, a cláusula

de reserva de plenário e a possibilidade do Senado Federal suspender a eficácia da lei

declarada inconstitucional;

CF/1937 – manteve o controle difuso, mas como o Poder Executivo foi fortalecido a

CF lhe dava poderes para submeter a decisão do Poder Judiciário no sentido da

inconstitucionalidade da lei a apreciação do Congresso Nacional, para que este cassasse a

decisão do Judiciário;

CF/1946 – manteve o controle difuso, acabou com a hipertrofia do Poder Executivo,

na sua vigência surgiu o controle concentrado (Emenda n. 16/65) com legitimidade única do

Procurador Geral da República e, por fim, inseriu o controle concentrado no âmbito estadual;

CF/1967 – manteve os controles difuso e concentrado, mas suprimiu o controle

concentrado estadual;

Emenda de 1969 – segue tudo igual, mas reestabelece o controle de

constitucionalidade estadual apenas para a representação interventiva;

CF/1988 –ampliou os legitimados para a propositura de controle concentrado (ADI);

surgiu a ADPF; surgiu o controle das omissões normativas (ADO e Mandado de Injunção); a

EC n. 3/93 – criou a ADC; concedeu expressamente o efeito vinculante para a ADC, ate

então tal efeito era conferido pela jurisprudência; a EC n. 45/04 incluiu mais 4 legitimados na

ADC (alinhou os legitimados com os da ADI); deixou claro os efeitos vinculantes para a

ADI.

Quanto ao momento do controle, podemos ter o controle PREVENTIVO (para

prevenir uma lesão) e o REPRESSIVO (vai ocorrer depois que a lesão à CF já está

efetivada).

I – controle preventivo: ocorre durante o processo de elaboração do ato normativo.

A quem cabe o controle preventivo? Todos os poderes podem exercer o controle

preventivo (poder legislativo, executivo e, excepcionalmente, em apenas uma hipótese o

poder judiciário). Quem exerce de forma mais ampla e efetiva é o Legislativo e o Executivo.

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O controle preventivo feito pelo legislativo cabe à CCJ e ao Plenário. A CCJ analisa a

proposta e verifica se é constitucional ou não e emite um parecer terminativo. Quando o

parecer não é unânime, cabe recurso da decisão para o plenário.

O controle preventivo feito pelo executivo, se for projeto de lei, se dá através do

VETO JURÍDICO, conforme art. 66, §1o, da CF/88.

O veto político (que analisa o interesse público) não é objeto de controle de

constitucionalidade.

Por isso que as leis têm uma presunção de constitucionalidade maior, porque passam

pelo controle desses poderes.

No âmbito do poder judiciário, a única possibilidade de controle preventivo

(excepcional) ocorre no Mandado de Segurança, cujo único legitimado é o parlamentar

(nenhuma outra autoridade pode), na hipótese de não ser observado o devido processo

legislativo constitucional. Somente o parlamentar da Casa na qual o projeto esteja em

tramitação.

O MS server para proteger direito subjetivo do parlamentar (devido processo

legislativo constitucional – tem que ser norma da CF ou LOM, pois se for norma exclusiva

do regimento interno não cabe).

Esse controle é difuso, porque dependerá do parlamentar. É também um controle

concreto de constitucionalidade, pois assegura o direito subjetivo de se ter o devido processo

legislativo constitucional.

O controle preventivo impede o controle repressivo, caso seja aprovada? Não, nada

impede que seja analisada depois de aprovada.

II – controle repressivo: vai ocorrer depois que a lesão à CF já está efetivada. Em regra, quem

exerce é o Poder Judiciário.

No controle repressivo, o legislativo e o executivo terão um papel secundário. Já o

poder judiciário será o principal executor desse processo.

O controle repressivo feito pelo legislativo acontece em atos que exorbite o poder

regulamentar (art. 49, V, da CF), requisitos de relevância e urgência da MP (art. 62) e

reedição de MP rejeitada na mesma sessão legislativa (art. 62, §10).

O Tribunal de Contas é órgão auxiliar do poder legislativo e poderá fazer o controle

repressivo de constitucionalidade das leis ou atos normativos do poder executivo.

O poder executivo faz o controle repressivo quando da negativa de cumprimento pelo

chefe do executivo (presidente, governador, prefeito) de norma considerada inconstitucional.

Há dois requisitos para prefeito negar cumprimento de lei feita pela Câmara

Municipal:

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1o – o ato deve ser motivado;

2o – deve dar publicidade ao ato.

Até quando o prefeito pode negar esse cumprimento? Até que o STF dê uma decisão

com efeito vinculante.

Por uma questão de coerência, o presidente, governador ou prefeito deverá ajuizar,

simultaneamente à negativa de cumprimento, uma ADI pedindo a declaração de

inconstitucionalidade do ato combatido. Na hipótese de declaração da constitucionalidade da

lei, a negativa de cumprimento pelo chefe do executivo não poderá permanecer.

O Poder Judiciário é o principal encarregado do controle repressivo, chamado de

SISTEMA JURISDICIONAL, fazendo-o através do:

a) controle difuso

b) controle concentrado

a) CONTROLE DIFUSO-CONCRETO

Controle difuso é aquele cuja competência é aberta para qualquer órgão do poder

judiciário, todos os juízes e tribunais têm competência para exercer esse controle.

É concreto porque a finalidade desse controle não será a de assegurar a supremacia da

CF/88, mas sim de assegurar direitos subjetivos. Vai surgir a partir de um caso concreto.

A inconstitucionalidade não será objeto do pedido, apenas a causa de pedir

(fundamento).

O pedido deve ser de efeitos concretos (exemplo: fechamento dos bingos). A

inconstitucionalidade é apenas a causa de pedir.

O controle difuso tem origem no caso Marbury x Madison, demanda julgada pelo juiz

John Marshall em 1803, nos EUA.

No controle difuso-concreto, quanto ao aspecto subjetivo (quanto às pessoas que são

atingidas pela decisão), esta tem efeitos apenas entre as partes envolvidas (“inter partes”),

não atingindo terceiros.

b) CONTROLE CONCENTRADO-ABSTRATO

É a análise abstrata de uma norma, não se baseia em caso concreto e é concentrado

porque só o STF pode exercer o controle (único competente). Aqui a influência é do direito

austríaco de 1930.

A finalidade é assegurar a supremacia da CF/88.

Engloba 4 ações:

(i) ADI – ação direta de inconstitucionalidade;

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(ii) ACD – ação declaratória de constitucionalidade;

(iii) ADPF – arguição de descumprimento de preceito fundamental;

(iv) ADO – ação direta de inconstitucionalidade por omissão.

A ADI e ADC são reguladas pela lei n. 9.868/99. As duas tem a mesma natureza, mas

possuem o sinal trocado, são demandas com caráter dúplice ou ambivalente.

Esse caráter dúplice está no art. 24 da lei n. 9.868/99, se a lei é proclamada

constitucional, a ADI será julgada improcedente ou procedente eventual ação declaratória. Se

declarada inconstitucional, a ADI será julgada procedente ou improcedente eventual ação

declaratória.

II – FORO DE COMPETÊNCIA

II.1 LOCAL

No controle difuso ou via de defesa ou via incidental ou via de exceção, será possível

a alegação de inconstitucionalidade no juízo de primeiro grau.

O juiz singular e a Turma Recursal do JEC podem entender que incidentalmente a lei

é inconstitucional, deixar de aplicá-la ao caso concreto e decidir favoravelmente ao

interessado que teve reconhecida a inconstitucionalidade da lei.

No controle concentrado não será possível a interposição perante o juízo de primeiro

grau.

II.2 TRIBUNAL DE JUSTIÇA

No controle difuso a demanda não poderá ser julgada por uma turma ou câmara.

Deverá observar a Cláusula de Reserva de Plenário.

O processo chega na Câmara ou Turma e se entender que a lei no caso concreto é

inconstitucional, remete a questão da inconstitucionalidade para o Plenário do TJ decidir.

Não envia o caso concreto para o plenário, somente a questão da inconstitucionalidade.

O caso concreto fica suspenso aguardando decisão do Pleno. Se este entender que a

lei é inconstitucional, a questão volta novamente para a Câmara e esta decide o caso

concreto, partindo do pressuposto de que a lei é inconstitucional.

No controle concentrado, o Tribunal de Justiça será o órgão competente para apreciar

ADI de lei estadual e lei municipal e o parâmetro será a Constituição Estadual.

II.3 STF

No controle difuso fará a análise de Recurso Extraordinário de discussão originada em

primeiro grau.

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O STF não precisará observar a cláusula de reserva de plenário (STF, RE 361.829).

No controle concentrado é o único titular para julgar ADI, ADC, ADPF e ADO de lei

ou ato normativo federal ou estadual que ofenda a CF/88 e observará a cláusula de reserva de

plenário. Para abertura dos trabalhos deverão estar presentes 8 ministros e para o julgamento

deverá ter maioria absoluta, ou seja, 6 ministros.

III – CONCEITO E FUNDAMENTAÇÃO DA ADI

A Ação Direta de Inconstitucionalidade tem previsão constitucional no art. 102, inciso

I, alínea “a”, da CF/88.

O que se busca com a ADI genérica é o controle de constitucionalidade de ato

normativo em tese, abstrato, marcado pela generalidade, impessoalidade e abstração.

Ao contrário do controle concreto, no controle concentrado a representação de

inconstitucionalidade tem por objeto principal a declaração de inconstitucionalidade da lei ou

ato normativo impugnado.

O artigo da CF foi regulamentado pela lei n. 9.868/99.

Não há partes propriamente ditas, não há autor/réu, mas apenas partes legitimadas.

Não existem partes, pois é processo de índole objetiva (a finalidade não é proteger interesse

subjetivo de alguém).

Não se aplicam os princípios processuais, como contraditório, ampla defesa, duplo

grau de jurisdição por uma razão simples, como não existem partes formais, não tem o

porque observar tais princípios.

Não se admite desistência, a decisão de mérito é irrecorrível (só cabe embargos de

declaração) e não admite ação rescisória.

IV – OBJETO DA ADI

O objeto é o ato que será questionado/impugnado na ação, não se confundindo com o

parâmetro de controle, que é a norma da Constituição que será utilizada como referência para

fazer o controle.

No que se refere ao aspecto temporal, para que um ato seja admitido como objeto de

ADI, esse objeto/ato tem que ser posterior ao parâmetro invocado (tem que surgir depois da

norma constitucional invocada).

Se for anterior ao parâmetro, a questão não é de inconstitucionalidade, mas de não

recepção pela CF/88. Assim, nenhum ato produzido antes de 5/10/88 pode ser objeto de ADI

ou ADC.

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No que se refere ao aspecto espacial, o objeto da ADI é lei ou ato normativo federal

ou estadual.

No caso de ADC, o objeto será somente lei federal.

Veja que a lei municipal não pode ser objeto de ADI e ADC que tenha a Constituição

Federal como parâmetro, pois nada foi dito no art. 102, inciso I, alínea “a”, da CF/88.

Se o parâmetro for a Constituição Estadual, aí será possível a interposição de ADI em

face de lei municipal no Tribunal de Justiça.

V – LEGITIMIDADE DE PROPOSITURA

A previsão está no art. 103 da CF/88.

“Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de

constitucionalidade:

I – o Presidente da República;

II – a Mesa do Senado Federal;

III – a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV – a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;

V – o Governador de Estado ou do Distrito Federal;

VI – o Procurador-Geral da República;

VII – o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VIII – partido político com representação no Congresso Nacional;

IX – confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.”

O STF faz uma diferença entre legitimados ativos UNIVERSAIS E ESPECIAIS. O

que diferencia um do outro é a exigência de pertinência temática (que é uma exigência para

apenas os legitimados especiais) – significa que deve demonstrar um nexo de causalidade

entre o interesse que ele representa e o objeto questionado.

Exemplo: CFM (Conselho Federal de Medicina) é um legitimado especial. Só pode

questionar uma lei se essa lei viola o interesse da classe médica. Agora, o presidente da

república (legitimado universal) não precisa demonstrar esse interesse.

Todas as autoridades federais da União são legitimados universais e todas as

autoridades estaduais são legitimados especiais.

Essa legitimação vale também para ADC e ADPF.

O STF admite associações de associações formadas por pessoas jurídicas para

impetrar ADI.

A legitimidade no âmbito estadual está em norma insculpida na Constituição Federal,

art. 125, §2o que diz cabível ao Estado a instituição de representação de inconstitucionalidade

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de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada

a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.

E assim atuou o estado do Paraná em sua Constituição Estadual, ao prever no art. 111

os legitimados para propositura de Ação Direta de Inconstitucionalidade, a saber:

“Art. 111. São partes legítimas para propor a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou

ato normativo estadual ou municipal, em face desta Constituição:

I - o Governador do Estado e a Mesa da Assembleia Legislativa;

II - o Procurador-Geral de Justiça e o Procurador Geral do Estado;

III - o Prefeito e a Mesa da Câmara do respectivo Município, quando se tratar de lei ou ato

normativo local;

IV - o Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil;

V – os partidos políticos com representação na Assembleia Legislativa;

VI - as federações sindicais e as entidades de classe de âmbito estadual;

VII - o Deputado Estadual.”

Importante ressaltar que o vereador não está legitimado a propor a ADIN para discutir

a inconstitucionalidade de uma lei municipal.

A Adin será proposta perante o Tribunal de Justiça, o objeto será lei municipal e o

parâmetro será a Constituição Estadual e a defesa da constitucionalidade será realizada pela

Procuradoria Geral do Estado, que deverá ser ouvido para manifestação.

A consequência da declaração de inconstitucionalidade de lei municipal é a retirada

do ordenamento, com efeito retroativo (extunc) e erga omnes para toda a esfera

administrativa municipal, não vinculando o poder legislativo.

VI – FORO DE COMPETÊNCIA

A lei ou ato normativo terá seu foro de competência no controle concentrado a

depender do parâmetro que será invocado para pleitear a sua invalidade.

Lei ou ato normativo federal/estadual que contrariar a CF -> STF

Lei ou ato normativo estadual/municipal contrário CE -> TJ local

Lei ou ato normativo municipal que contrariar a CF -> não há controle concentrado

através de ADI, só difuso. Há, contudo, a possibilidade de ajuizamento da arguição de

descumprimento de preceito fundamental tendo por objeto lei municipal confrontada perante

a CF

VII – AMICUS CURIAE

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O “amicuscuriae” ou amigo da corte é uma figura consagrada no art. 7o, §2

o, da lei

9.868/99 que estabelece que “o relator, considerando a relevância da matéria e a

representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o

prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos e entidades”.

Para ser um amigo da corte, os requisitos da relevância da matéria e a

representatividade do postulantes deverão ser demonstrados.

O relator poderá admitir ou não o ingresso do “amicuscuriae”, que verificará o

preenchimento dos requisitos e a conveniência e oportunidade da manifestação. O tribunal

poderá deixar de referendá-lo, afastando a sua intervenção (ADI 2.238 de 9.5.2002).

Admitido o “amicuscuriae”, não caberá recurso da decisão interlocutória que

autorizou o seu ingresso no feito.

O amigo da corte poderá apresentar sustentação oral e juntar documentos para aclarar

questão duvidosa que auxilie os ministros para o melhor julgamento possível da questão

posta em discussão.

É cabível o ingresso do “amicuscuriae” na ADC e na ADPF.

Exemplo: a Associação dos Procuradores Municipais de Belo Horizonte ajuizou

demanda questionando o teto constitucional, buscando o reconhecimento do sub-teto do

desembargador do TJMG para limitar a sua remuneração. A demanda passou pelo TJ e

chegou ao STF em forma de recurso extraordinário. Neste, foi admitido o ingresso da ANPM

como “amicuscuriae”, pois cumpriu os requisitos e apresentou o pedido em momento

adequado. O pedido foi deferido pelo Ministro Luiz Fux, o qual se baseou no art. 482, §3o, do

CPC.

VIII – EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE

VIII.1 – erga omnes

Significa “contra todos”, é uma decorrência lógica do controle abstrato, por não ter

partes formais, apenas parte legitimada, o efeito só pode ser “erga omnes”, que atinge os

particulares e os poderes públicos.

VIII.2 – vinculante

Efeito introduzido pela EC 3/93. Quando a CF/88 fala do efeito vinculante, ela diz

quais são os órgãos vinculados a essa decisão. No caso, fica vinculado todo o Poder

Judiciário (exceto o STF) e o Poder Executivo (a Administração Pública Direta e Indireta,

nas esferas federal, estadual e municipal).

O Poder Legislativo, assim como o STF, não fica vinculado.

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Ao analisar a possibilidade de vinculação para o Legislativo, afasta-se essa

possibilidade para evitar o “fenômeno da fossilização da Constituição”.

VIII.3 – efeito, em regra, “extunc”

A lei inconstitucional é considerada ato nulo. Há efeito retroativo desde o nascimento

da lei, pois ela é desde o nascedouro inconstitucional e desconforme com o ordenamento

jurídico.

Contudo, devemos lembrar que o STF (aprovação de 2/3 dos ministros) pode fazer a

“modulação temporal” dos efeitos da decisão por razões de segurança jurídica ou excepcional

interesse social.

A previsão está contida no art. 27 da lei 9.868/99, a saber:

“Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões

de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal,

por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou

decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que

venha a ser fixado”.

Modulados os efeitos, teremos o seguinte:

1) “Erga omnes”;

2) “Ex nunc” ou outro momento a ser fixado pelos Ministros do STF, podendo a modulação

ser em algum momento do passado, no momento do julgamento, ou para o futuro (efeito

prospectivo)

3) Vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública federal,

estadual, municipal e distrital.

A regra da modulação é prevista para o controle concentrado (ADI e ADC). Porém,

todos esses requisitos do art. 27 da lei 9.868/99 se aplicam, por analogia, ao controle difuso.

IX – JURISPRUDÊNCIA DA INCONSTITUCIONALIDADE ESTADUAL

O TJPR em diversas decisões tem entendido constitucional o art. 111 da Constituição

do Estado do Paraná para arguição de matéria municipal e reconhecimento do rol dos

legitimados ativos, a saber:

“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. EMENDA À LEI ORGÂNICA DO

MUNICÍPIO. DEMANDA PROPOSTA PELO DIRETÓRIO MUNICIPAL DO PARTIDO

DOS TRABALHADORES. ILEGITIMIDADE ATIVA "AD CAUSAM". PRECEDENTES

DESTE TRIBUNAL. PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. VISTOS e

examinados estes autos de AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE N.º

11

834.844-3, do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba, em que

figuram com o autor PARTIDO DOS TRABALHADORES ­ DIRETÓRIO MUNICIPAL

DE APUCARANA, interessada CÂMARA MUNICIPAL DE APUCARANA e curadora

PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO. I ­ RELATÓRIO Trata-se de ação direta de

inconstitucionalidade ajuizada pelo Partido dos Trabalhadores ­ Diretório Municipal de

Apucarana em face da Emenda n.º01/2011 à Lei Orgânica do referido Município, responsável

por fixarem 11 (onze) o número de Vereadores da Câmara Municipal (fls. 03/20).

Manifestação da Câmara Municipal, às fls.167/170, defendendo, em síntese, sua autonomia

para tratar de assunto internacorporis. A Procuradoria-Geral do Estado, na condição de

curadora, argúi em preliminar a ilegitimidade ativa ad causam do autor porque somente o

ente partidário estadual poderia exercitar esta ADI. No mérito, sustenta, em resumo, a

constitucionalidade da Emenda impugnada (fls. 176/184). A Procuradoria-Geral da Justiça

sugere a extinção do processo, sem resolução de mérito, com fulcro no inciso VI do art. 267

do CPC, haja vista a ilegitimidade ativa ad causam do autor, ou, caso não, o indeferimento da

liminar pleiteada (fls. 336/356). É, resumidamente, o relatório. II ­ FUNDAMENTAÇÃO A

flora a ilegitimidade ativa ad causam do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores

para propor a presente ação direta de inconstitucionalidade. A Constituição Estadual, em seu

art. 111, dispõe que "São partes legítimas para propor a ação direta de inconstitucionalidade

de lei ou ato normativo estadual ou municipal, em face desta Constituição: I ­ O Governador

do Estado e a Mesa da Assembleia Legislativa; II ­ Procurador-Geral de Justiça e o

Procurador- Geral do Estado; III- O Prefeito e a Mesa da Câmara do respectivo Município,

quando se tratar de lei ou ato normativo local ou estadual que afete a autonomia local; IV ­ O

Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil; V- Os partidos políticos com

representação na Assembleia Legislativa; VI ­ As federações sindicais e as entidades de

classe de âmbito estadual; VII ­ O Deputado Estadual" (destacou-se). A legitimação ativa, em

se tratando de sustentada antinomia de Emenda à Lei Orgânica do Município em face da

Constituição do Estado do Paraná, é do Diretório Estadual do Partido Político, verbis: (a)

"AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. VERIFICADA A

ILEGITIMIDADE DE PARTE ATIVA. O DIRETÓRIO MUNICIPAL DE PARTIDO

POLÍTICO NÃO TEM LEGITIMIDADE PARA PROPOR ADIN PERANTE O

TRIBUNAL DE JUSTIÇA, É O DIRETÓRIO ESTADUAL O TITULAR DESSE DIREITO.

PRECEDENTES DESTE COLENDO ÓRGÃO ESPECIAL EM CONSONÂNCIA COM

ENTENDIMENTO DO EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AÇÃO NÃO

CONHECIDA" (TJSP, Órgão Especial, ADI n.º 990100110950, Rel. Des. Renato Nalini, j.

em 28.04.2010); (b) "AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PARTIDO

12

POLÍTICO. DIRETÓRIO MUNICIPAL. REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL.

LEGITIMAÇÃO. NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO PARA POSTULAR EM JUÍZO A

INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI MUNICIPAL FRENTE À CONSTITUIÇÃO DO

ESTADO. NÃO ATENDIMENTO. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO

DE MÉRITO" (TJPR, Órgão Especial, ADI n.º 168.311-0, Rel. Des. Celso Rotoli de

Macedo, j. em 17.06.2005); (c) "AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI

ORGÂNICA DO MUNICÍPIO. MANDATO DA MESA DIRETIVA DA CÂMARA

MUNICIPAL. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO. ARGUIÇÃO DO

MINISTÉRIO PÚBLICO SUPERIOR. PARTIDO POLÍTICO AUTOR QUE NÃO

COMPROVOU SUA LEGITIMIDADE ATIVA. NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO

PARA POSTULAR EM JUÍZO A ESPÉCIE MANEJADA. DESATENDIDA INTIMAÇÃO

PARA A FINALIDADE. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE

MÉRITO. O partido político, autor da ação direta de inconstitucionalidade, deve demonstrar

que seu presidente, a quem incumbe representar o diretório regional, estava realmente

autorizado pela Comissão Executiva a postular judicialmente a declaração de

inconstitucionalidade de lei municipal hostilizada frente à Constituição Estadual" (TJPR,

Órgão Especial, ADI n.º 66.754-5, Rel. Des. Clotário Portugal Neto, j. em 05.11.1999).Ainda

deste Tribunal, no mesmo sentido, ADI n.º 786.137-4, Rel. Des. Guido Döbeli, decisão

monocrática prolatada em 20.07.2011 e ADI n.º 399.290-3, Rel.ª Des.ª Regina Afonso Portes,

decisão monocrática prolatada em 07.02.2007. Assim é por aplicação simétrica da orientação

sufragada pelo Supremo Tribunal Federal, que admite apenas os Diretórios Nacionais a

pertinência subjetiva para propor ADI objetivando o controle concentrado de

constitucionalidade de lei ou ato normativo, mesmo que estadual, em face da Constituição

Federal, verbis: "Ação Direta de Inconstitucionalidade. Emenda n.º7, de 31/10/96, à

Constituição do Estado do Amapa. Artigos95, I e 100, § 3º.Constituição Federal, art. 57, §

4.º. Assembleia Legislativa. Reeleição dos membros da Mesa Diretora.Possibilidade. Questão

de Ordem. Ilegitimidade ativa ad causam de Diretório Regional ou Executiva

Regional.Firmou a jurisprudência desta Corte o entendimento de que o Partido Político, para

a juizar ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal, deve estar

representado por seu Diretório Nacional, ainda que o ato impugnado tenha sua amplitude

normativa limitada ao Estado ou Município do qual se originou. Precedentes: ADI n.º 610,

Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA, DJ 07.02.92 e ADI n.º 2.547, Rel. Min. CELSO DE

MELLO, DJ 01.02.2002. No caso em exame, embora não haja na petição inicial nenhuma

referência quanto ao órgão pelo qual se fez representar o Partido requerente, os documentos

trazidos pelo autor ­ mandato outorgado pelo Presidente do Diretório Regional do Partido no

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Amapá ao subscritor da inicial (fls. 6/6-v) e Ata da Reunião do Diretório Regional do PFL do

Amapá, para a eleição de sua Executiva Regional (fls. 8/11) ­ evidenciam a iniciativa local do

Partido no ajuizamento da presente ação. Questão de ordem resolvida no sentido de não

conhecer a presente ação direta de inconstitucionalidade" (STF, Tribunal Pleno, ADI n.º

1.528 QO, Rel.ª Min.ª Ellen Gracie, j. em 01.08.2002). III ­ DISPOSITIVO Nessas

condições, julga-se extinto o processo, sem resolução de mérito, com fulcro no inciso VI do

art. 267CPCcombinadocom o inciso XXIV do art. 200 do Regimento Interno deste Tribunal.

Publique-se e intimem-se. Oportunamente ao arquivo.Curitiba, 03.04.2012.Órgão Especial.

ADI 834844-3. Relator Desembargador Adalberto Jorge Xisto Pereira. Julgamento

10/04/2012.”

“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEGITIMIDADE ATIVA "AD

CAUSAM" DE DEPUTADO ESTADUAL. PRELIMINAR REJEITADA. LEI ORGÂNICA

DO MUNICÍPIO DE ITAIPULÂNDIA.PRAZO DOS MANDATOS DOS MEMBROS DA

MESA DIRETORA DA CÂMARA DE VEREADORES INFERIOR A DOIS

ANOS.OFENSA AO PRINCÍPIO DA SIMETRIA. PRECEDENTES DA CORTE.

PROCEDÊNCIA DO PEDIDO.

(1) O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do recurso extraordinário n.º 261.677/PR,

proclamou a "Legitimação ativa de Deputado Estadual para propor ação direta de

inconstitucionalidade de normas locais em face da Constituição do Estado, à vista do art. 125,

§ 2.º, da Constituição Federal. Precedente: ADI 558-9 MC, Pertence, DJ 26.3.93"(Pleno, Rel.

Min. SepúlvedaPertence, j. em 06.04.2006).(2) O art. 16 da Constituição do Estado do Paraná

dispõe que a Lei Orgânica Municipal deverá atender aos princípios nela estabelecidos e na

Constituição Federal. Por isso, o prazo de um ano, para os mandatos dos membros da Mesa

Diretora da Câmara de Vereadores, não guarda simetria com o § 3.º do art. 61 da

Constituição Estadual, que estipula o período de dois anos para os mandatos dos membros da

Mesa Diretora da Assembleia Legislativa. De dois anos também é, segundo dispõe o § 4.º do

art. 57 da Constituição da República, os mandatos dos membros das Mesas Diretoras do

Senado Federal e da Câmara dos Deputados.Órgão Especial. ADIN 863597-4/PR. Relator

Desembargador Adalberto Jorge Xisto Pereira.Julgamento 06/05/2013. Publicação DJ 1106

de 23/05/2013.”

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