arenito manaus: considerações estratigráficas

1
OCORRÊNCIA SUBSUPERFICIAL Foram fornecidos m Manaus no sistema SIAGAS. De 1119 poços com registro litológico, apresentam se em 316 poços com profundidades entre 21 m e 245 m. Destes, 81% são de arenito, 18% de siltito e 1% de argilito. As espessuras das camadas variam entre 60 cm e 76 m, tendo até cinco horizontes por poço. Estas silicificações aparecem desde a superfície até 228 m de profundidade. Por fim, foram feitas três seções transversais na cidade de Manaus, usando 21 poços que foram escolhidos procurando mostrar a variação em espessura dos níveis silicificados, assim como sua diversidade litológica e distribuição vertical. pela CPRM em 2013, dados de 2760 poços registrados e 517 horizontes silicificados “ARENITO MANAUS”: CONSIDERAÇÕES ESTRATIGRÁFICAS [email protected] Departamento de Geociências Universidade Federal do Amazonas - UFAM Palma, K.A.L.*; Wahnfried I.D.; Fernandes Filho, L.A. CAMADAS SILICIFICADAS DA FORMAÇÃO ALTER DO CHÃO A Fm AC contém localmente arenitos silicificados e ferruginosos que já eram chamados por Agassiz de “Arenito Manaus” (1867 apud Hartt 1870), sendo impropriamente denominado de Formação por Alburquerque (1922). Consiste em corpos compactos horizontais descontínuos de arenitos grossos a finos, siltitos e argilitos, composto principalmente de quartzo, raros fragmentos de quartzito metamórfico, feldspatos e matriz argilosa com cimento silico - argiloso variável (Franzinelli & Rossi 1997). A diagênese causou a dissolução dos minerais mais intemperizáveis, a alteração dos feldspatos para caulinita, a formação de quartzo, hematita e caulinita autigênicos (Franzinelli et al. 2003), sendo os dois primeiros minerais os principais componentes dos arenitos friáveis e silicificados da Fm AC (Silva 2011). Estas silicificações são interpretadas como silcretes de clima úmido desenvolvidos em paleossolos e depósitos lacustres num ambiente fluvial entrelaçado, e sua geometria horizontal tem um controle do lençol freático, com recorrência pela alternância de fases climáticas úmidas e secas da Amazônia Ocidental durante o Cretáceo Superior ( . Afloram na parte central da Bacia do Amazonas, nas margens do baixo Rio Negro e seus tributários, com espessura média de 1 a 2 m , na cidade de Manaus a Cachoeira Alta do Tarumã, em Manaus, afloram quatro camadas silicificadas descontínuas, alternados com niveis friáveis, num total de 20 metros (Franzinelli et al. 2003). Nogueira et al. 2003) (Franzinelli et al. 2003) ocorrem ditribuídas desde a superfície a até 90 m de profundidade, em lentes de até 2,5 km de comprimento (CPRM, 2002).N INTRODUÇÃO A Formação Alter do Chão (Fm AC) ocorre nas Bacias Sedimentares do Solimões e Amazonas, alcançando nesta última até 1250 m de espessura (Cunha et al., 2007), apresentando na cidade de Manaus 200 m (CPRM, 2002). Apesar destas características, e de conter um dos maiores aquíferos brasileiros (ANA, 2007), não se conhecem subdivisões estratigráficas formais tais como membros ou camadas, sendo a definição de fácies a maior aproximação na sua caracterização estratigráfica. As camadas silicificadas descontínuas inseridas na Fm AC denominadas “Arenito Manaus”, que já foram chamadas de nível estratigráfico (e. g. Cardoso 2008 e Franzinelli et al. 2003), não possuem uma análise genética - estratigráfica, e são consideradas apenas uma fácies da Fm AC. O objetivo deste trabalho é definir as características do “Arenito Manaus”, e assim avaliar seu potencial estratigráfico. CONSIDERAÇÕES FINAIS Segundo os estudos diagenéticos (Nogueira et al. 2003 e Franzinelli et al. 2003), o “Arenito Manaus”, apresenta morfologia tabular, produto das oscilações do lençol freático que afetaram diferentes horizontes, sendo que cada um pode apresentar mudanças granulométricas laterais. Isto explica: O fato de haver numerosos níveis silicificados num só poço, e A ocorrência de diferentes litologias silicificadas, sendo que 81% dos níveis de “Arenito Manaus” são, de fato, arenito; 18% são siltito e 1%, argilito. A variabilidade da litologia faz com que não seja estritamente correto denominar estas camadas de arenito. As camadas silicificadas se distribuem por toda cidade de Manaus, num registro contínuo que vai desde a superfície a até 228 m de profundidade, com espessura variando desde 60 cm a até 76 m. Em um mesmo poço podem ocorrer até 5 níveis silicificados. Estas informações provam que as camadas silicificadas não ocorrem num único nível, e também não têm uma continuidade lateral significativa, fatos que indicam que o “Arenito Manaus” não tem uma localização estratigráfica específica, portanto não pode ser considerado como membro ou camada guia da Fm AC. Albuquerque, O.R. 1922. Reconhecimentos geológicos no vale do Amazonas. Boletim do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, vol 3. DNPM, Rio de Janeiro, pp.84. ANA – Agência Nacional de Águas, 2007. Panorama da qualidade das águas subterrâneas no Brasil: Caderno de Recursos Hídricos 5, Brasilia 75 p. Cardoso M. J., 2008. Cartografia das Atividades de extração minerais utilizados na construção civil e qualificação do grau de degradação ambiental na região de Manaus-AM. Dissertação de Mestrado. Departamento de Geografia da Universidade de Brasília. CPRM, 2002. Carta hidrogeológica da cidade de Manaus. Manaus, CPRM-AM. p. 1-8. (Relatório Interno). Cunha P.R.C., Goncalves J.H.M. 2007. Bacia do Amazonas. Boletim de Geociências da PETROBRÁS, Rio de Janeiro, 15(2): 227-251. Franzinelli, E.; Igreja,H.; Rossi,A. 2003. Novas contribuições ao estudo do “Arenito Manaus” – Horizonte silicificado da Formação Alter do Chão, Bacia Sedimentar do Amazonas, Franzinelli, E.; Rossi, A. 1997. Some aspects of Diagenesis of the Manaus Sandstone (Amazon Basin, Brazil). I Cong.Latinoam de Sedim. Soc.Venez. Geol. Tomo 1, pp. 269-274 Hartt C.F. 1870. Geology and Physical Geography of Brazil. Fields Osgood & Co., Boston, trad. Cia Edit. Nac. Série 5a Brasiliana, v.200, 1941, 620p. Capitulo XV. Nogueira, A.C.R.; Silva Júnior, J.V.C.; Horbe, A.M.C.; Soares, J.L.; Monteiro, A.D. 2003. A gênese dos níveis silicificados da Formação Alter do Chão, Cretáceo Superior da Bacia do Amazonas. SBG/NO Simpósio de Geologia da Amazônia, 8, Manaus, CD-Rom Silva N., 2012. Caracterizacao Quimica e Mineralogica dos Arenitos silicificados e friáveis da Formação Alter do Chão. Trabalho final de Graduação. Departamento de Geociências. Universidade Federal do Amazonas. REFERÊNCIAS Figura 2. Seções transversais em diferentes locais da cidade de Manaus, onde se observam a distribuição, espessuras e variedade litológica das camadas silicificadas. Figura 1. Mapa da zona urbana de Manaus com os poços da base SIAGAS. Em vermelho, os poços com camadas silicificadas, já em amarelo os poços usados para as seções transversais. Base SIG fornecida pela CPRM - Manaus.

Upload: katherine-leon-palma

Post on 15-Dec-2015

41 views

Category:

Documents


13 download

DESCRIPTION

Resumen Expandido de Congreso de Geología Norte do Brasil.Análisis dos copos conhecidos como Arenito Manaus, da Fm Alter do Chão expostos na cidade de Manaus, na Bacia do Amazonas, Brasil. 2013

TRANSCRIPT

Page 1: Arenito Manaus: Considerações Estratigráficas

OCORRÊNCIA SUBSUPERFICIAL Foram fornecidos

m Manaus no sistema SIAGAS. De 1119 poços com registro litológico, apresentam se em 316 poços com profundidades entre 21 m e 245 m. Destes, 81% são de arenito, 18% de siltito e 1% de argilito. As espessuras das camadas variam entre 60 cm e 76 m, tendo até cinco horizontes por poço. Estas silicificações aparecem desde a superfície até 228 m de profundidade. Por fim, foram feitas três seções transversais na cidade de Manaus, usando 21 poços que foram escolhidos procurando mostrar a variação em espessura dos níveis silicificados, assim como sua diversidade litológica e distribuição vertical.

pela CPRM em 2013, dados de 2760 poços registrados e

517 horizontes silicificados

“ARENITO MANAUS”: CONSIDERAÇÕES ESTRATIGRÁFICAS

[email protected]

Departamento de GeociênciasUniversidade Federal do Amazonas - UFAM

Palma, K.A.L.*; Wahnfried I.D.; Fernandes Filho, L.A.

CAMADAS SILICIFICADAS DA FORMAÇÃO ALTER DO CHÃOA Fm AC contém localmente arenitos silicificados e ferruginosos que já eram chamados por Agassiz de “Arenito Manaus” (1867 apud Hartt 1870), sendo impropriamente denominado de Formação por Alburquerque (1922). Consiste em corpos compactos horizontais descontínuos de arenitos grossos a finos, siltitos e argilitos, composto principalmente de quartzo, raros fragmentos de quartzito metamórfico, feldspatos e matriz argilosa com cimento silico - argiloso variável (Franzinelli & Rossi 1997). A diagênese causou a dissolução dos minerais mais intemperizáveis, a alteração dos feldspatos para caulinita, a formação de quartzo, hematita e caulinita autigênicos (Franzinelli et al. 2003), sendo os dois primeiros minerais os principais componentes dos arenitos friáveis e silicificados da Fm AC (Silva 2011). Estas silicificações são interpretadas como silcretes de clima úmido desenvolvidos em paleossolos e depósitos lacustres num ambiente fluvial entrelaçado, e sua geometria horizontal tem um controle do lençol freático, com recorrência pela alternância de fases climáticas úmidas e secas da Amazônia Ocidental durante o Cretáceo Superior ( . Afloram na parte central da Bacia do Amazonas, nas margens do baixo Rio Negro e seus tributários, com espessura média de 1 a 2 m

, na cidade de Manaus

a Cachoeira Alta do Tarumã, em Manaus, afloram quatro camadas silicificadas descontínuas, alternados com niveis friáveis, num total de 20 metros (Franzinelli et al. 2003).

Nogueira et al. 2003)

(Franzinelli et al. 2003) ocorrem ditribuídas desde a superfície a até 90 m de profundidade, em lentes de até 2,5 km de comprimento (CPRM, 2002).N

INTRODUÇÃOA Formação Alter do Chão (Fm AC) ocorre nas Bacias Sedimentares do Solimões e Amazonas, alcançando nesta última até 1250 m de espessura (Cunha et al., 2007), apresentando na cidade de Manaus 200 m (CPRM, 2002). Apesar destas características, e de conter um dos maiores aquíferos brasileiros (ANA, 2007), não se conhecem subdivisões estratigráficas formais tais como membros ou camadas, sendo a definição de fácies a maior aproximação na sua caracterização estratigráfica. As camadas silicificadas descontínuas inseridas na Fm AC denominadas “Arenito Manaus”, que já foram chamadas de nível estratigráfico (e. g. Cardoso 2008 e Franzinelli et al. 2003), não possuem uma análise genética - estratigráfica, e são consideradas apenas uma fácies da Fm AC. O objetivo deste trabalho é definir as características do “Arenito Manaus”, e assim avaliar seu potencial estratigráfico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Segundo os estudos diagenéticos (Nogueira et al. 2003 e Franzinelli et al. 2003), o “Arenito Manaus”, apresenta morfologia tabular, produto das oscilações do lençol freático que afetaram diferentes horizontes, sendo que cada um pode apresentar mudanças granulométricas laterais. Isto explica: O fato de haver numerosos níveis silicificados num só poço, e A ocorrência de diferentes litologias silicificadas, sendo que 81% dos níveis de “Arenito Manaus” são, de fato, arenito; 18% são siltito e 1%, argilito. A variabilidade da litologia faz com que não seja estritamente correto denominar estas camadas de arenito. As camadas silicificadas se distribuem por toda cidade de Manaus, num registro contínuo que vai desde a superfície a até 228 m de profundidade, com espessura variando desde 60 cm a até 76 m. Em um mesmo poço podem ocorrer até 5 níveis silicificados. Estas informações provam que as camadas silicificadas não ocorrem num único nível, e também não têm uma continuidade lateral significativa, fatos que indicam que o “Arenito Manaus” não tem uma localização estratigráfica específica, portanto não pode ser considerado como membro ou camada guia da Fm AC.

Albuquerque, O.R. 1922. Reconhecimentos geológicos no vale do Amazonas. Boletim do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, vol 3. DNPM, Rio de Janeiro, pp.84.ANA – Agência Nacional de Águas, 2007. Panorama da qualidade das águas subterrâneas no Brasil: Caderno de Recursos Hídricos 5, Brasilia 75 p.Cardoso M. J., 2008. Cartografia das Atividades de extração minerais utilizados na construção civil e qualificação do grau de degradação ambiental na região de Manaus-AM. Dissertação de Mestrado. Departamento de Geografia da Universidade de Brasília. CPRM, 2002. Carta hidrogeológica da cidade de Manaus. Manaus, CPRM-AM. p. 1-8. (Relatório Interno). Cunha P.R.C., Goncalves J.H.M. 2007. Bacia do Amazonas. Boletim de Geociências da PETROBRÁS, Rio de Janeiro, 15(2): 227-251.Franzinelli, E.; Igreja,H.; Rossi,A. 2003. Novas contribuições ao estudo do “Arenito Manaus” – Horizonte silicificado da Formação Alter do Chão, Bacia Sedimentar do Amazonas,

Franzinelli, E.; Rossi, A. 1997. Some aspects of Diagenesis of the Manaus Sandstone (Amazon Basin, Brazil). I Cong.Latinoam de Sedim. Soc.Venez. Geol. Tomo 1, pp. 269-274Hartt C.F. 1870. Geology and Physical Geography of Brazil. Fields Osgood & Co., Boston, trad. Cia Edit. Nac. Série 5a Brasiliana, v.200, 1941, 620p. Capitulo XV. Nogueira, A.C.R.; Silva Júnior, J.V.C.; Horbe, A.M.C.; Soares, J.L.; Monteiro, A.D. 2003. A gênese dos níveis silicificados da Formação Alter do Chão, Cretáceo Superior da Bacia do Amazonas. SBG/NO Simpósio de Geologia da Amazônia, 8, Manaus, CD-RomSilva N., 2012. Caracterizacao Quimica e Mineralogica dos Arenitos silicificados e friáveis da Formação Alter do Chão. Trabalho final de Graduação. Departamento de Geociências. Universidade Federal do Amazonas.

REFERÊNCIAS

Figura 2. Seções transversais em diferentes locais da cidade de Manaus, onde se observam a distribuição, espessuras e variedade litológica das camadas silicificadas.

Figura 1. Mapa da zona urbana de Manaus com os poços da base SIAGAS. Em vermelho, os poços com camadas silicificadas, já em amarelo os poços usados para as seções transversais. Base SIG fornecida pela CPRM - Manaus.