aranhas (arachnida) do município de são paulo

48
1 ISSN - 1677-6569

Upload: trinhhanh

Post on 07-Jan-2017

246 views

Category:

Documents


21 download

TRANSCRIPT

Page 1: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

1

ISSN - 1677-6569

Page 2: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

2

ISSN - 1677-6569

MMA

ICMBio

Boletim do Parque Nacional do Itatiaia

N. 16

Nov. 2013

Rafael Prezzi Indicatti

Aranhas do Parque Nacional do Itatiaia,

Rio de Janeiro/Minas Gerais, Brasil

Indicatti, R.P. Aranhas do Parque Nacional do Itatiaia, Rio De Janeiro/Minas Gerais,

Brasil. Boletim de pesquisa do Parque Nacional do Itatiaia, 16: 1-35, 2013.

Disponívem em:

http://www.icmbio.gov.br/parnaitatiaia/o-que-fazemos/pesquisa/boletins.html

Page 3: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

3

Ficha catalográfica

____________________________________________________ Boletim de Pesquisa do Parque Nacional do Itatiaia n

o 1 - 1948. Itatiaia-RJ:

Parque Nacional do Itatiaia - no 16. 2013-

Anual:

Interrompida em 1965 e 1999

ISSN = 1677-6569

1. Meio Ambiente - periódicos brasileiros.

2. Zoologia - periódicos brasileiros.

I. Parque Nacional do Itatiaia - RJ

____________________________________________________

Page 4: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

4

EDITORIAL

“ARANHAS DO PARQUE NACIONAL DO ITATIAIA, RIO DE JANEIRO/MINAS

GERAIS, BRASIL.’’- RAFAEL PREZZI INDICATTI-2013.

O BOLETIM DE PESQUISA Nº 16 sobre Aranhas no PNI elaborado e escrito

por Rafael Prezzi Indicatti aborda os primeiros registros históricos das aranhas

coletadas, conhecimento atual, biologia, diversidade e curiosidades desses artrópodes.

Rafael apresenta um verdadeiro guia de identificação de aranhas com 51 figuras

e detecta 145 espécies para o PNI, distribuídos em 40 famílias.

Prezzi amarra este Boletim em uma história contada dando crédito ao precursor

da Araneologia no Brasil que foi o médico aracnólogo Cândido Firmino de Mello-

Leitão, que trabalhou entre os anos de 1915 e 1951 no Museu Nacional do Rio de

Janeiro e descreveu aranhas onde hoje é o Parque Nacional do Itatiaia, nos anos 1915,

1923 e 1932.

Indicatti segue relatando os Aracnólogos da década de 20 como o francês Jean

Vellard e na década de 40, o alemão Wolfgang Bücherl e daí se estende por outros

pesquisadores que contribuíram com os estudos sobre Aracnídeos e mostra a

importância dos Boletins do PNI ao citar Zikán e Barth (Boletins nºs 01 e 06) e ele

próprio.

Rafael indica um banco de dados implementado com base na bibliografia de

artigos científicos e apresenta as espécies descritas desde de 1757 até 2013, com

detalhamento de dados de distribuição para fauna araneológica do Brasil.

Prezzi afirma que o número de espécies de Aranhas do PNI é muito maior que

145, principalmente porque ainda não foram incorporados registros de coleções

Zoológicas neste estudo. Só a coleção do Instituto Butantan, representa pelo menos um

incremento de mais de 100 espécies provenientes do Parna do Itatiaia, sem contar com o

acervo do Museu Nacional/UFRJ e Museu de Zoologia /USP.

Indicatti considera até o momento, duas espécies endêmicas, Hermachura

luederwaldti Mello-Leitão, 1923 e Hermacha itatiayae Mello-Leitão, 1923 ambos

pertencentes à família Nemesiidae, registrados no Planalto do Itatiaia e lança uma

hipótese da existência de mais espécies endêmicas nos 30.000 hectares do Parque.

Rafael apresenta tabelas com aranhas que ocorrem nesta UC e onde seu

importante trabalho de pesquisa aparece detalhadamente e constata que apenas três

Page 5: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

5

espécies pertencentes a dois gêneros e duas famílias, de um total de 145 espécies e 40

famílias registradas no PNI, foram consideradas de importância médica, estando

relacionadas a acidentes humanos ou animais domésticos que são popularmente

conhecidas como Armadeiras (Figs 32 e 33) e Aranhas-marrom (Fig. 45).

Senhores pesquisadores e leitores em geral leiam este Boletim que nos leva

prazerosamente as teias de aranhas que é um conjunto de fios de seda produzidos pelo

do Dr. Rafael Prezzi Indicatti que trilha o caminho da sua formação desde 1997.

Vejamos:

*1997-2000- Graduação em Ciências Bilógicas-Universidade de Santo Amaro, UNISA

São Paulo-SP.

*2001-2003- Especialização em Aracnídeos sinantrópicos.

-Instituto Butantan, IBSP São Paulo.

*2005-2007- Mestrado em Biologia Animal (Zoologia).

-Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, UFRRJ-Seropédica-RJ.

Título da dissertação:

“Revisão das espécies Neotropicais do gênero Bolostromus Ausserer (Araneae,

Mygalomorphae, Cyrtaucheniidae).

*2007-2011- Doutorado em Biologia Animal (Zoologia)-Universidade Federal Rural do

Rio de Janeiro, UFRRJ-Seropédica-RJ.

Título da Tese:

“Análise cladística de Pycnothelinae e revisão de Rachias Simon, 1892 (Araneae,

Mygalomorphae, Nemesiidae).

*2012 .....-Pós-doutorado- Instituto Butantan, IBSP São Paulo-SP.

Título do Projeto:

“Sistemática dos gêneros Neotropicais de Nemesiidae (Araneae, Mygalomorphae).

E, hoje Rafael é um dos mais importantes colaboradores do PNI e já está na

galeria dos luminares da nossa pesquisa e se junta a Mello-Leitão, Zikán, Barth e outros

que ligam o passado, o presente, e o futuro do primeiro PARNA do pais

(14/junho/1937) que é o Itatiaia.

Em, 15/11/2013.

Léo Nascimento

COORDENADOR DE PESQUISA E EDITOR DO BOLETIM DO PNI

Page 6: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

6

AGRADECIMENTOS

Ao Léo Nascimento, Coordenador do Núcleo de Pesquisa e ao Chefe da UC

Gustavo Wanderlei Tomzhinski, ambos do PNI/ICMBio, pelo convite e incentivo à

realização deste boletim.

Ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, por ceder a

autorização de coleta.

Ao Antonio D. Brescovit (Instituto Butantan (IBSP), São Paulo) pela

disponibilização do banco de dados de Araneae, no qual obtive parte dos registros das

espécies.

Ao Flávio U. Yamamoto e João Paulo P. P. Barbosa (IBSP) pela ajuda na

primeira coleta.

À minha esposa, Bárbara Gambaré pela paciência de estar ao meu lado,

colaborando nas coletas e também por entender as minhas ausências devido aos

trabalhos de campo.

Ao Ricardo Pinto da Rocha (Universidade de São Paulo, São Paulo) pela

identificação dos opiliões.

Ao João L. Chavari (IBSP) pela identificação de algumas espécies de aranhas

incluídas neste boletim.

Ao André M. Giroti (IBSP) pela identificação da espécie de Ariadna.

Ao Cláudio A. Ribeiro de Souza (IBSP) pela confirmação da identificação da

espécie do escorpião.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP

2012/18287-1), pela concessão da bolsa de Pós-doutorado, no qual obtive o auxílio para

realização desta pesquisa, através do Projeto Sistemática dos gêneros Neotropicais de

Nemesiidae (Araneae, Mygalomorphae).

Page 7: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

7

RESUMO

As aranhas ocupam quase todos os ambientes naturais. Constituem um grupo abundante

em áreas naturais e urbanas, o que pode ser relacionado à sua grande plasticidade

adaptativa e alta capacidade de dispersão, mesmo assim, estudos sobre elas ainda são

incipientes no Brasil. Neste boletim científico é apresentada uma sinopse da fauna de

aranhas que ocorrem no Parque Nacional do Itatiaia, em diferentes microhabitats, desde

o solo (serapilheira) à vegetação arbórea, dentro e fora de áreas construídas, abordando

de forma geral os primeiros registros históricos das aranhas coletadas, conhecimento

atual, biologia, diversidade e curiosidades. Os dados foram obtidos a partir de trabalhos

publicados, consultados através de um banco de dados de Araneae, dissertações, teses e

de coletas realizadas em 2013 no PNI, tanto na parte baixa, situada no município de

Itatiaia, como no planalto, em áreas pertencentes à Resende-RJ e Bocaina de Minas-

MG. No final é apresentado 51 figuras, que podem ser utilizadas como um guia de

identificação para as aranhas mais conspícuas; sinantrópicas (ocorrem em áreas

urbanas); importância médica ou que apresentam alguma curiosidade, como forma,

hábitos e coloração. Foram detectadas 145 espécies para o PNI, distribuídas em 40

famílias. A infra-ordem Mygalomorphae apresentou 19 espécies distribuídas em cinco

famílias e a Araneomorphae 126 espécies em 35 famílias. Destas, 30 são espécies

sinantrópicas, no qual se incluem quatro introduzidas de outros continentes. As famílias

com a maior riqueza de espécies foram Araneidae com 25 e Theridiidae com 19

espécies. Os resultados obtidos com certeza estão muito abaixo da realidade. Levando

em consideração o tamanho da área do Parque, os diferentes tipos de ambientes e o

gradiente altitudinal (600-2791 m), pode-se ter certeza que o número de espécies é

muito maior que 145, principalmente porque ainda não foram incorporados registros de

coleções Zoológicas neste estudo. Contudo, se fosse realizado um projeto, com um

protocolo e esforço amostral padronizado, aplicando-se vários métodos de coleta em

conjunto e com pelo menos quatro réplicas, provavelmente o resultado estaria em torno

de 500 espécies. Se essa proposta fosse aplicada ao número de famílias, este número

poderia ser facilmente ampliado de 40 para 55, pois mais de 15 famílias ainda podem

ser encontradas, muitas destas ocorrendo na serapilheira, em arbustos ou troncos, que

são ambientes que foram pouco investigados.

Palavras-chave: Arachnida, Araneae, Mata Atlântica, montanhas.

Page 8: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

8

ABSTRACT

Spiders from Parque Nacional do Itatiaia, Rio De Janeiro/Minas Gerais, Brazil.

The spiders occupy almost all natural environments. Constitute an abundant group in

natural and urban areas, which may be related to its high adaptive plasticity and high

dispersal capacity, even so, these studies are still incipient in Brazil. In this scientific

bulletin is presented a synopsis of the spider fauna from Parque Nacional do Itatiaia, in

different microhabitats, from the ground (litter) to arboreal vegetation inside and outside

built-up areas, commenting in general terms the first historical records of spiders

collected, current knowledge, biology, diversity and curiosities. Data were obtained

from published articles, consulted through a database Araneae, dissertations, theses and

samplings performed in 2013 in PNI, both in the lower part, in the municipality of

Itatiaia, as in plateau areas belonging Resende - Rio de Janeiro and Bocaina de Minas -

Minas Gerais. At the end 51figures is presented, which can be used as a identifying

guide for the most conspicuous spiders; synanthropic (occurring in urban areas) and

medical importance, or have some curiosity as shape, colour and habits. One hundred

and forty five species were detected for PNI, distributed in 40 families. The infraorder

Mygalomorphae presented 19 species in five families and Araneomorphae 126 species

in 35 families. Of these, 30 are synanthropic species, including four introduced from

other continents. The families with the highest richness species were Araneidae with 25

and Theridiidae with 19 species. The results are certainly well below the reality. Taking

into consideration the size of the park area, the different types of environments and

altitudinal gradient (600-2791 m), one can be sure that the number of species is much

higher than 145, mainly because still not been incorporated records of zoological

collections in this study. However, if a project were conducted with a standardized

protocol and sampling effort, applying various collect methods together and at least four

replicates, probably the result would be around 500 species. If this proposal were

applied to the number of families, this could easily be increased from 40 to 55

considering that more than 15 families still can be found, many of these occurring in the

litter, in bushes or logs, which are environments that have been poorly investigated.

Keywords: Arachnida, Araneae, Atlantic Forest, Mountains.

Page 9: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

9

LISTA DE FIGURAS

Figuras 1-6. Aracnídeos que ocorrem no PNI. 1. Ácaro-de-solo, Trombiculidae

(comprimento do corpo 0,3 cm); 2. Aranha-de-jardim, Lycosa erythrognatha (3 cm); 3.

Escorpião, Tityus costatus (5 cm); 4. Falso-escorpião, Pseudoscorpiones (0,3 cm); 5-6.

Opiliões, Gonyleptidae. 5. Asarcus sp., macho (1,5 cm); 6. Gonyleptellus cancellatus,

fêmea (1,5 cm).................................................................................................................02

Figura 7. Localização do Parque Nacional do Itatiaia, entre os estados do Rio de

Janeiro e Minas Gerais. Fonte: Google/ICMBio.............................................................06

Figuras 8-13. Mygalomorphae. 8-9. Actinopodidade, Actinopus sp.(aranha-de-alçapão),

fêmea (3 cm de comprimento de corpo); 10. Dipluridae, Diplura sp., macho (3 cm); 11.

Dipluridae, Linothele sp. (aranha-tecedora-de-teia-em-lençol), fêmea (3 cm); 12-13.

Idiopidae, Idiops camelus (aranha-de-alçapão), fêmea (1 a 3 cm)

.........................................................................................................................................19

Figuras 14-19. Mygalomorphae. Nemesiidae (aranhas-de-buraco), 14-15. Hermachura

luederwaldti, 14. macho (1 cm) e 15. fêmea (1,4 cm), foi a primeira aranha, parente das

caranguejeiras a ser descrita para o PNI, no ano de 1923, mas antes disso o exemplar

tinha sido coletado em 1906 por H. Luederwaldt, mais de 100 anos atrás; 16. Hermacha

itatiayae, fêmea (1,5 a 2 cm); 17. Stenoterommata sp. 3, fêmea (0,5 cm), menor

Mygalomorphae que ocorre no PNI; 18-19. Stenoterommata sp. 2, fêmea (2 a 2,5 cm)

.........................................................................................................................................21

Figuras 20-21. Mygalomorphae. Theraphosidae, conhecidas popularmente como

caranguejeiras. 20. Homoeomma montanum, macho (2, 5 cm), coletada apenas na parte

alta do PNI, entre 2200 e 2500 m. 21. Proshapalopus anomalus, fêmea (6 cm), coletada

na parte baixa, cerca de 750 m de altitude.......................................................................22

Figuras 22-27. Araneomorphae. 22. Amaurobiidae, Retiro maculatus, fêmea (0,5 cm),

primeira aranha descrita para o PNI, em 1915, mas o exemplar-tipo foi coletado em

1903 por Carlos Moreira. Pode ser encontrada na área externa de áreas construídas e

Page 10: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

10

troncos de árvores; 23. Anyphaenidae, Patrera cita (aranha-fantasma), fêmea (0,7 cm);

24-25. Araneidae. 24. Alpaida itapua (aranha-de-teia-orbicular), fêmea (0,7 cm), pode

ser encontrada em jardins, e outras áreas antropizadas; 25. Argiope argentata (aranha-

prateada), fêmea (1,5 cm), idem a espécie anterior; 26-27. Corinnidae, 26. Paradiestus

aurantiacus, fêmea (2,5 cm); 27. Myrmecium itatiaiae (aranha-formiga), fêmea (0,9

cm)...................................................................................................................................24

Figuras 28-33. Araneomorphae, Ctenidae. 28-29. Ctenus medius. 28. Fêmea (3,8 cm).

29. Macho (4 cm); 30. Ctenus ornatus, fêmea (3,5 cm); 31. Enoploctenus cyclothorax,

fêmea (3,8 cm); 32. Phoneutria keyserlingi (aranha-armadeira), fêmea (5,5 cm), pode

ser encontrada ao redor de residências, e até mesmo dentro delas; 33. Phoneutria

nigriventer (aranha-armadeira), macho (5 cm), em posição de defesa, o qual origina seu

nome popular...................................................................................................................25

Figuras 34-39. Araneomorphae. 19. Lycosidae, Lycosa erythrognatha (aranha-de-

grama ou tarântula), fêmea (3,5 cm) se alimentando de uma outra aranha; 35-36.

Nephilidae. 35. Nephila clavipes (aranha-de-teia-de-fios-de-ouro), fêmea (3,5 cm) se

alimentando de um inseto, enquanto o macho, bem menor que ela, tenta copular,

aproveitando que ela está ocupada; 36. Nephilengys cruentata (Maria-gorda), fêmea (3

cm) em repouso ao lado de seu refúgio; 37. Palpimanidae, Fernandezina sp., macho

(0,3 cm), note o encurtamento do abdomên, característica dificilmente vista em aranhas;

38-39. Pholcidae. 38. Mesabolivar cyaneotaeniatus, fêmea (0,5 cm de corpo, mais

pernas); 39. Pholcus phalangioides (aranha-treme-treme), fêmea em sua teia (0,5 cm de

corpo, mais pernas). Essa espécie foi introduzida no Brasil, sendo originária da

Europa..............................................................................................................................26

Figuras 40-45. Araneomorphae. 40. Menemerus bivitattus, fêmea (0,5 cm), andando

pela parede de uma das casas dentro do PNI; 41. Scytodidae, Scytodes itapevi (aranha-

cuspideira), fêmea (0,5 cm); 42-43. Segestridae, Ariadna crassipalpa (1 cm), fêmea em

sua toca, e após ser retirada de dentro dela. 44. Sparassidae, Olios caprinus, macho (1,1

cm), repousando em cima de uma folha. 45. Sicariidae, Loxosceles sp. (aranha-marrom),

fêmea (0,9 cm), pode ser encontrada dentro e fora de prédios públicos e abrigos do

PNI...................................................................................................................................27

Page 11: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

11

Figuras 46-51. Araneomorphae. 46-48. Theridiidae. 46. Nesticodes rufipes (aranha-de-

canto-de-parede), fêmea (0,4 cm), somente é encontrada no interior e na área externa de

residências e prédios públicos. 47. Parasteatoda tepidariorum (0,8 cm), fêmea ao lado

do seu saco de ovos (ooteca), idem a espécie anterior. 48. Theridion biezankoi, fêmea

(0,3 cm), a espreita da sua presa; 49. Trechaleidae, Trechaleoides biocellata (aranha-

d’água), fêmea (3,5 cm), encontrada ao lado de praticamente todos os córregos e rios do

PNI, em pontes e em cima de pedras; 50. Zoridae, Gênero e espécie novos, macho (0,3

cm), frequentemente encontrado na serapilheira de áreas florestadas e abertas. 51.

Zoropsidae, Itatiaya modesta, fêmea (1,2 cm), ocorre em praticamente todas as áreas

florestadas do PNI...........................................................................................................28

Page 12: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Composição das aranhas que ocorrem no Parque Nacional do Itatiaia,

organizada por infra-ordem, família e espécie, (sin. = sinantrópica). Preparada com base

em dados de coletas no PNI e referências bibliográficas. Cerca de 20 das 30 referências

bibliográficas citadas na tabela, foram suprimidas para economizar espaço, mas estão

disponíveis no catálogo de aranhas de PLATNICK (2013)............................................11

Page 13: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

13

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 01

MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................... 06

MÉTODOS DE COLETA PARA INVENTÁRIOS ..................................................... 06

RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 08

ARANHAS URBANAS (SINANTRÓPICAS) E ESPÉCIES EXÓTICAS ................. 17

ESPÉCIES DE INTERESSE MÉDICO ....................................................................... 18

GUIA DE ARANHAS .................................................................................................. 18

GUIA DE ARANHAS - MYGALOMORPHAE ......................................................... 19

GUIA DE ARANHAS - ARANEOMORPHAE .......................................................... 24

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 29

Page 14: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

1

INTRODUÇÃO

Os aracnídeos representam o segundo maior grupo do Reino Animal, sendo

superados em número de espécies apenas pelos insetos (FOELIX, 2011). Neste grupo,

estão inseridos animais conhecidos pela população em geral, como aranhas, ácaros,

carrapatos e escorpiões, além de outros desconhecidos, como Ricinulei, Schizomida e

Solifugae, que nem apresentam nomes populares. Das 11 ordens (grupos) existentes na

Classe Arachnida, apenas cinco tem ocorrência registrada para o Parque Nacional do

Itatiaia (PNI): Acari (ácaros, Fig. 1 e carrapatos), Araneae (aranhas, Fig. 2), Scorpiones

(escorpiões Fig. 3), Opiliones (opiliões Figs 5 e 6) e Pseudoscorpiones (falsos-

escorpiões, Fig. 4).

O principal grupo abordado neste boletim é o das aranhas. Elas são em sua

maioria noturnas e ocupam quase todos os ambientes naturais (FOELIX, 2011).

Constituem um grupo abundante em áreas urbanas, o que pode estar relacionado à sua

grande plasticidade adaptativa e alta capacidade de dispersão (SANTOS et al., 2007).

As aranhas podem ser reconhecidas por apresentarem, corpo dividido em duas partes,

cefalotórax e abdômen; oito pernas e dois pedipalpos e ausência de antenas (FOELIX,

2011). Outras características, também são a possibilidade de inocular veneno e produzir

seda, ambas bem conhecidas pela população em geral, causando certo medo para a

maioria das pessoas. Esses dois fatores são muito importantes para a sobrevivência

delas no ambiente onde vivem (FOELIX, 2011). Eles permitem que muitas aranhas

construam teias, servindo de armadilhas para a captura e imobilização de presas, além

de outras funções, como a construção de sacos de ovos e revestimento de refúgios

(FOELIX, 2011). O veneno também ajuda na imobilização da presa, e facilita a digestão

que é inicialmente externa, e juntamente com outros fluidos originários do seu trato

intestinal, dissolvem a presa, no qual o líquido é sugado aos poucos pela aranha

(FOELIX, 2011).

As aranhas desenvolveram uma grande diversidade de estratégias de predação,

como a construção de diferentes tipos de teias ou a caça por busca ativa ou por

emboscada (FOELIX, 2011). Se alimentam principalmente de insetos, e dependendo do

tamanho da espécie, podem complementar sua dieta com pequenos vertebrados

(HӦFER & BRESCOVIT, 2000; FOELIX, 2011) ou mesmo com néctar (BRESCOVIT

et al., 2004, fig. 18.25).

Page 15: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

2

Figuras 1-6. Aracnídeos que ocorrem no PNI. 1. Ácaro-de-solo, Trombiculidae

(comprimento do corpo 0,3 cm); 2. Aranha-de-jardim, Lycosa erythrognatha (3 cm); 3.

Escorpião, Tityus costatus (5 cm); 4. Falso-escorpião, Pseudoscorpiones (0,3 cm); 5-6.

Opiliões, Gonyleptidae. 5. Asarcus sp., macho (1,5 cm); 6. Gonyleptellus bimaculatus,

fêmea (1,5 cm).

A Ordem Araneae é o sexto maior grupo animal em número de espécies, com

44032 mil espécies conhecidas, distribuídas em 112 famílias (PLATNICK, 2013). Este

Page 16: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

3

é apenas o número das espécies descritas para o mundo até 2013, pois as estimativas em

relação a real diversidade da Ordem são muito superiores, podendo variar de 60.000

(PLATNICK, 1999) a 170.000 espécies (CODDINGTON & LEVI, 1991).

Araneae se divide em dois grupos, a Subordem Mesothelae, que inclui aranhas

com características primitivas, como traços de segmentação abdominal e fiandeiras

espalhadas pela face ventral do abdômen, e a Subordem Opisthothele, sem traços de

segmentação e cujas fiandeiras estão agrupadas na extremidade posterior do abdômen.

O primeiro grupo apresenta apenas uma infra-ordem, Liphistiomorphae, com 90

espécies restritas ao sudoeste da Ásia (THALER & KNOFLACH, 2004). O segundo

engloba todas as outras aranhas e é dividido, por sua vez, em duas infra-ordens:

Mygalomorphae e Araneomorphae. Em Mygalomorphae, os representantes mais

conhecidos pertencem a família Theraphosidae, os quais são chamadas popularmente de

aranhas-caranguejeiras (VELLARD, 1924). São caracterizados pelas quelíceras

dispostas paralelamente ao eixo do corpo e geralmente dois pares de fiandeiras

(THALER & KNOFLACH, 2004). Apresentam 2.775 espécies descritas, incluídas em

16 famílias (PLATNICK, 2013), sendo que 11 ocorrem no Brasil (LUCAS et al., 2006).

Já Araneomorphae, inclui a grande maioria das aranhas, e apresentam quelíceras

orientadas transversalmente em relação ao eixo longitudinal do corpo (THALER &

KNOFLACH, 2004). Apresenta 41.167 espécies descritas, distribuídas em 95 famílias,

o equivalente a cerca de 93% do total (PLATNICK, 2013).

O Brasil é um dos países com a maior diversidade de aranhas do mundo, com

3.203 espécies descritas, distribuídas em 72 famílias (BRESCOVIT et al., 2011).

Acredita-se que sejam conhecidos apenas 30% das aranhas do nosso país. A fauna

araneológica melhor representada em coleções científicas é a das regiões Sul e Sudeste

(BRESCOVIT, 1999). O Estado do Rio Grande do Sul é o que apresenta o maior

número de espécies descritas, com cerca de 808 (BUCKUP et al., 2010), o Rio de

Janeiro está em segundo lugar, com 756 espécies e São Paulo está em terceiro, com 728

espécies registradas (BRESCOVIT et al., 2011).

O precursor da Araneologia no Brasil foi o médico e aracnólogo brasileiro

Cândido Firmino de Mello-Leitão, que trabalhou entre os anos de 1915 e 1951 no

Museu Nacional do Rio de Janeiro. Este pesquisador publicou cerca de 300 trabalhos,

com descrições de mais de 1.500 espécies novas de aracnídeos da América do Sul, das

quais cerca de 700 de aranhas (BRESCOVIT, 1999). Em São Paulo, os trabalhos com

Page 17: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

4

aranhas iniciaram-se na década de 20 com o francês Jean Vellard, no Instituto Butantan

(VELLARD, 1925). Posteriormente, na década de 40, o alemão Wolfgang Bücherl

iniciou os estudos com caranguejeiras, também no Instituto Butantan (BÜCHERL,

1947), onde permaneceu por 20 anos até sua aposentadoria (LUCAS, 1998; 2003).

Outros pesquisadores também trabalharam esporadicamente com aranhas na mesma

época em outras instituições. Entre estes, apenas MELLO-LEITÃO (1915; 1923; 1932),

descreveu aranhas para a área em que atualmente está inserido o Parque Nacional do

Itatiaia (PNI), e que pertencia à antiga Reserva Biológica do Itatiaya até meados de

1937, quando foi elevada a categoria de Parque Nacional. Estes primeiros trabalhos só

foram possíveis, devido a ajuda de pesquisadores que atuavam na Reserva. Os primeiros

exemplares foram coletados por Carlos Moreira em 1903, Herman Luederwaldt em

1906 e J. F. Zikán, na década de 30. Após esse período, outros trabalhos foram

publicados, mas MELLO-LEITÃO (1940; 1942; 1945, 1947), continuou sendo o

principal pesquisador a descrever esporadicamente a fauna de aranhas do PNI. Depois

de mais de uma década sem novos registros ou descrições, 10 autores publicaram

espécies com registros para o PNI entre 1963 e 2012, em cerca de 15 trabalhos (ver

Tabela 1, referência dos registros).

Se nos concentramos apenas em trabalhos realizados no Estado do Rio de

Janeiro, veremos que apesar da araneofauna de modo geral ser bem conhecida, não

existem artigos publicados que apresentem a composição das espécies de um

determinado local ou mesmo de uma Unidade de Conservação. Como visto acima,

todos os registros são de artigos isolados, que enfocam apenas a taxonomia de uma

espécie ou um grupo específico. Já entre os estudos não publicados no Estado, podemos

citar três: MOREIRA (2006) e FOLLY-RAMOS (2004; 2009). O primeiro foi realizado

no Parque Nacional da Tijuca (PNT), no município do Rio de Janeiro. Este é o mais

completo, utilizando vários métodos de coleta em conjunto e também registros

históricos de artigos taxonômicos, no qual obteve 308 espécies incluídas em 51

famílias. Os outros dois apresentam apenas a fauna de serapilheira (folhiço), onde foi

utilizado apenas um método de amostragem. Em FOLLY-RAMOS (2004), o

levantamento foi realizado na Reserva Biológica do Tinguá (RBT), com sede em Nova

Iguaçu, este apresentou 64 espécies em 31 famílias. Em sua tese de doutorado, FOLLY-

RAMOS (2009), realizou as coletas na Restinga da Marambaia (RM), no município do

Rio de Janeiro, o resultado foi semelhante, apresentando 68 espécies incluídas em 35

Page 18: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

5

famílias, neste estudo ela verificou que neste local haviam cerca de nove aranhas por m2

na serapilheira.

Direcionando o enfoque para o Parque Nacional do Itatiaia (Fig. 7), pode-se

perceber que o problema é o mesmo, não existe uma lista publicada, que apresente

dados confiáveis. O que está disponível é uma tentativa de apresentar a primeira lista,

como pode ser visto em BARTH (1957, p. 70), que realiza uma compilação de vários

trabalhos sobre a fauna do PNI de forma geral, incluindo também registros de sua

autoria. Neste é apresentando uma lista sugerida por Bücherl, pesquisador do Instituto

Butantan, com 44 espécies, distribuídas em 12 famílias, que poderiam ocorrer no PNI,

mas são procedentes do Vale do Rio Paraíba do Sul, e de municípios próximos ao

parque, ao final citou que apenas quatro destas estariam realmente registradas para o

PNI (BARTH, 1957).

O PNI está inserido no domínio da Mata Atlântica, e apesar desta conter um

grande número de endemismos e espécies animais ameaçados de extinção, por perda de

habitat (MYERS et al. 2000; ORME et al. 2005), pouco se pode falar em relação à

fauna de aranhas como visto acima. Os inventários aracnológicos ainda são escassos,

apesar da Mata Atlântica ser uma das regiões fitogeográficas onde as aranhas estão mais

bem representadas nos acervos das coleções do país (BRESCOVIT, 1999).

Neste boletim científico é apresentada uma sinopse da fauna de aranhas que

ocorrem no PNI, em diferentes microhabitats, desde o solo à vegetação arbórea, dentro

e fora de áreas construídas, abordando de forma geral os primeiros registros históricos

das aranhas coletadas, conhecimento atual, biologia, diversidade e curiosidades. Os

dados foram obtidos a partir de trabalhos publicados, consultados através de um banco

de dados de Araneae, dissertações, teses e de coletas realizadas em 2013 no PNI, tanto

na parte baixa, situada no município de Itatiaia, como no planalto, em áreas

pertencentes à Resende-RJ e Bocaina de Minas-MG. No final é apresentado 51 figuras,

que podem ser utilizadas como um guia de identificação para as aranhas mais

conspícuas; sinantrópicas (ocorrem em áreas urbanas); importância médica ou que

apresentam alguma curiosidade.

Page 19: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

6

Figura 7. Localização do Parque Nacional do Itatiaia (seta branca), entre os estados do

Rio de Janeiro e Minas Gerais. Fonte: Google/ICMBio.

MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo se baseou em trabalhos taxonômicos já publicados e de coletas

realizadas no PNI pelo autor, no qual foi utilizado apenas coleta manual diurna, noturna

e armadilhas-de-queda, mas abaixo serão apresentados três métodos de amostragem,

para melhor conhecimento do leitor. Os nomes de famílias, gêneros e espécies de

aranhas listadas e apresentadas no texto, estão de acordo com o catálogo de aranhas de

PLATNICK (2013), no qual apresenta todas as espécies descritas para o mundo, citando

os países ou área de abrangência, sinônimos, referência bibliográfica completa dos

artigos, etc.

MÉTODOS DE COLETA PARA INVENTÁRIOS

Os métodos mais utilizados são: manual diurna e noturna; guarda-chuva

entomológico e armadilhas-de-queda. Abaixo fornecemos uma breve descrição de cada

uma delas:

Coleta manual: os espécimes foram coletados manualmente ou com auxílio de

pinças e pequenos potes durante o dia e à noite. A procura foi realizada em vários

estratos da vegetação até a altura de dois metros e na superfície do solo e nos troncos de

Page 20: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

7

árvores. Nas coletas noturnas o uso de lanternas de cabeça facilitou o trabalho de

localização dos animais e a captura, uma vez que as mãos ficam livres (INDICATTI &

BRESCOVIT, 2008).

Guarda-chuva entomológico: instrumento composto por duas hastes de madeira

(1x1 m), dispostas em “X”, fixadas ao centro por um parafuso, coberta de um lado por

um pano de linho ou algodão branco. Esse instrumento é colocado embaixo de arbustos

ou galhos de árvores, os quais são sacudidos por meio de batidas com um porrete de

madeira, de maneira que os pequenos artrópodes caiam sobre o pano. Estes exemplares

são recolhidos manualmente ou com um pequeno pote e colocados em frasco contendo

álcool etílico a 80%. Esta técnica é realizada normalmente no período da manhã, uma

vez que neste horário a temperatura mais amena colabora para que muitas aranhas ainda

estejam ativas (INDICATTI & BRESCOVIT, 2008).

Armadilhas-de-queda: consistem em potes de plástico de diâmetro e volume

pré-estabelecidos, enterrados ao nível do solo. No seu interior é colocado um terço de

solução conservante, como álcool 80%, o qual pode ser puro ou misturado com formol.

Detergente pode ser acrescentado para quebrar a tensão superficial do líquido

conservante. A abertura do pote é protegida por um prato de plástico suspenso a cinco

centímetros do solo por hastes de madeira, para evitar a entrada direta da água da chuva

e eventuais materiais orgânicos de grande porte em seu interior (INDICATTI &

BRESCOVIT, 2008). Para maiores detalhes ver INDICATTI et al. (2005, fig. 2) e

CANDIANI et al. (2005). A quantidade, disposição das armadilhas e o tempo de

exposição no campo são definidos previamente, conforme os objetivos do projeto

(SANTOS et al., 2007).

Uma variação deste método foi utilizado neste estudo, a partir de inventários de

répteis e anfíbios. Armadilhas de interceptação e queda (pitfall traps) com cercas-guia,

adaptado de CECCHIN & MARTINS (2000): consistem na utilização de potes de

plástico enterrados de modo que suas aberturas fiquem ao nível do solo. Estes foram

dispostos linearmente em duas áreas no interior do parque, utilizando-se cinco baldes de

3 a 4 litros em cada área. Estes foram conectados a cada 10 m com uma cerca-guia feita

com lona plástica preta com aproximadamente 30 cm de altura, sustentadas por estacas

de madeira (que foram levadas prontas) e com a extremidade inferior enterrada no solo

cerca de 5 a 10 cm, para evitar que os animais possam passar por baixo do anteparo.

Foram feitos pequenos furos no fundo de cada balde para evitar o acúmulo de água da

Page 21: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

8

chuva, e também foi colocada uma placa de isopor de 15 x 15 x 2 cm, para o animal

subir em caso de chuvas fortes. As vistorias foram realizadas 1 ou 2 vezes ao dia

(manhã e no final da tarde, quando possível), para diminuir as chances das aranhas

serem predadas por outros animais. Não foram colocados qualquer tipo de fixador ou

substância de atração dentro dos baldes, e foram montados e desmontados em cada

período de coleta. Foram abertos apenas durante o período em que ocorreu a coleta,

entre 5 e 15 dias. Os pequenos vertebrados e invertebrados (não aracnídeos) que

eventualmente caíram foram soltos imediatamente em todas as vistorias. Todo o

material utilizado foi recolhido e os buracos foram tampados com a terra retirada

inicialmente.

BANCO DE DADOS DE ARANEAE

Este banco de dados foi implementado com base na bibliografia de artigos científicos,

com o objetivo de facilitar a consulta dos dados das espécies de aranhas descritas para

região Neotropical. Apresenta as espécies descritas desde 1757 até 2013, com

detalhamento de dados de distribuição para a fauna araneológica do Brasil.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste levantamento foram registradas até o momento 145 espécies de aranhas,

distribuídas em 40 famílias (Tabela 1). As Mygalomorphae (Figuras 7-21) apresentaram

19 espécies distribuídas em cinco famílias e as Araneomorphae (Figuras 22-51)

apresentaram 126 espécies em 35 famílias (Tabela 1). As seis famílias com maior

riqueza de espécies foram Araneidae com 25 espécies, Theridiidae com 19, Nemesiidae

e Anyphaenidae com 10, Ctenidae com 9 e Corinnidae com 8 espécies (Tabela 1). Em

geral, as duas primeiras famílias citadas estão entre as que sempre apresentam maior

abundância nos inventários araneológicos, conforme HӦFER (1990), SILVA et al.

(1996), BONALDO et al. (2009), para dados sobre a região Amazônica e BRESCOVIT

et al. (2004), MOREIRA (2006), INDICATTI & BRESCOVIT (2008) e INDICATTI et

al. (2012) para a Mata Atlântica. A partir dos inventários supra citados, percebe-se que

normalmente Salticidae é a terceira família em riqueza, mas os métodos utilizados neste

estudo não priorizaram a coleta deste grupo, e de muitas outras Araneomorphae, pois

Page 22: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

9

antes de receber o convite para a realização deste boletim, apenas as Mygalomorphae,

com ênfase em Nemesiidae, eram alvo do projeto. Fator este que também pode ser

observado no número de gêneros com maior riqueza de espécies, que está muito

subestimado (Tabela 1), tanto é, que Stenoterommata Holmberg, 1881 e Micrathena

Sundevall, 1833, foram os que apresentaram o maior número, ambas com cinco

espécies, fato este nunca ocorrido na aracnologia.

Os resultados obtidos com certeza estão muito abaixo da realidade. Levando em

consideração o tamanho da área do Parque, os diferentes tipos de ambientes e o

gradiente altitudinal (600-2791 m), pode-se ter certeza que o número de espécies é

muito maior que 145, principalmente porque ainda não foram incorporados registros de

coleções Zoológicas neste estudo. Só a coleção do Instituto Butantan, representaria

pelos menos um incremento de mais de 100 espécies provenientes do PNI, sem contar

com o acervo do Museu Nacional/UFRJ e do Museu de Zoologia/USP. O que

aproximaria bastante o PNI do PN da Tijuca, onde foram encontradas 308 espécies

(MOREIRA, 2006). Contudo, se fosse viabilizado um projeto, com protocolo e esforço

amostral padronizado, aplicando-se vários métodos de coleta em conjunto, envolvendo

vários pesquisadores de diversas instituições, e com pelo menos quatro réplicas,

seguindo as propostas de estimativas de riqueza (CODDINGTON et al., 1991;

LONGINO & COLWELL, 1997; TOTI et al., 2000), provavelmente o resultado estaria

em torno de 500 espécies. Se essa proposta fosse aplicada ao número de famílias, uma

vez que espécies de várias famílias que normalmente ocorrem nos inventários, ainda

não foram encontradas. Este número poderia ser facilmente ampliado de 40 para 55,

pois mais de 15 famílias ainda podem ser encontradas, como Anapidae, Barychelidae,

Caponiidae, Clubionidae, Ctenizidae, Cyrtaucheniidae, Dictynidae, Hahniidae,

Liocranidae, Mysmenidae, Ochyroceratidae, Philodromidae, Prodidomidae,

Tengellidae, Theridiosomatidae, Titanoecidae, entre outras, muitas destas ocorrendo na

serapilheira, arbustos ou troncos, que são ambientes que foram pouco investigados.

Em relação ao endemismo de espécies, é difícil dizer quantas existem para o

PNI, pois com uma coleta mais abrangente na maioria dos casos, certamente

encontraríamos registros novos destas, em municípios periféricos a UC. Mesmo em

termos de campos de altitude, como no caso da Pedra da Mina, Queluz-SP/Passa

Quatro-MG, com cerca de seis metros a mais que o Pico das Agulhas Negras e a ARIE

Floresta da Cicuta, Volta Redonda-RJ, com menos de 500 m de altitude. Mas, mesmo

Page 23: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

10

assim podemos considerar até o momento, duas espécies endêmicas, Hermachura

luederwaldti Mello-Leitão, 1923 e Hermacha itatiayae Mello-Leitão, 1923, ambas

pertencentes à família Nemesiidae, uma vez que estão registradas apenas para o planalto

do PNI, ocorrendo entre 2200 e 2500 metros de altitude.

Page 24: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

11

Tabela 1. Composição das aranhas que ocorrem no Parque Nacional do Itatiaia,

organizada por infra-ordem, família e espécie, (sin. = sinantrópica). Preparada com base

em dados de coletas no PNI e referências bibliográficas. Cerca de 20 das 30, referências

bibliográficas citadas na tabela, foram suprimidas para economizar espaço, mas estão

disponíveis no catálogo de aranhas de PLATNICK (2013).

Infra-ordem/Família/Espécie Sin. Referência do registro

MYGALOMORPHAE

Actinopodidadae

Actinopus sp. (Figs 8-9)

Presente trabalho

Dipluridae

Diplura sp. n. (Fig. 10)

Presente trabalho

Linothele sp. (Fig. 11)

Presente trabalho

Idiopidae

Idiops camelus (Mello-Leitão, 1937) (Figs 12-13)

Presente trabalho

Idiops sp.

Presente trabalho

Nemesiidae

Gênero n. sp. n.

Presente trabalho

Hermacha itatiayae Mello-Leitão, 1923 (Fig. 16)

Mello-Leitão, 1923; Indicatti, 2011

Hermachura luederwaldti Mello-Leitão, 1923

(Figs 14 e 15)

Mello-Leitão, 1923; Indicatti, 2011

Prorachias bristowei Mello-Leitão, 1924

Presente trabalho

Rachias sp. n.

Presente trabalho

Stenoterommata sp. n. 1

Presente trabalho

Stenoterommata sp. n. 2 (Figs 18-19)

Presente trabalho

Stenoterommata sp. n. 3 (Fig. 17)

Presente trabalho

Stenoterommata sp. n. 4

Presente trabalho

Stenoterommata sp. n. 5

Presente trabalho

Theraphosidae

Avicularia sooretama Bertani & Fukushima, 2009

Bertani & Fukushima, 2009

Homoeomma montanum (Mello-Leitão, 1923)

(Fig. 10)

Mello-Leitão, 1923; Yamamoto, 2008

Lasiodora benedeni (Bertkau, 1880)

Presente trabalho

Proshapalopus anomalus Mello-Leitão, 1923

(Fig. 21)

Presente trabalho

Page 25: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

12

ARANEOMORPHAE

Amaurobiidae

Retiro maculatus Mello-Leitão, 1915 (Fig. 22) X Mello-Leitão, 1915

Anyphaenidae

Arachosia polytrichia Mello-Leitão, 1922

Mello-Leitão, 1922

Aysha triunfo Brescovit, 1992

Presente trabalho

Gayenna moreirae Mello-Leitão, 1915

Mello-Leitão, 1915

Hibana discolor (Mello-Leitão, 1929)

Mello-Leitão, 1929

Jessica itatiaia Brescovit, 1999

Brescovit, 1999

Jessica osoriana (Mello-Leitão, 1922)

Mello-Leitão, 1922

Patrera cita (Keyserling, 1891) (Fig. 23)

Presente trabalho

Teudis angusticeps (Keyserling, 1891)

Keyserling, 1891

Teudis itatiayae Mello-Leitão, 1915

Mello-Leitão, 1915

Wulfilopsis tripunctata (Mello-Leitão, 1947)

Mello-Leitão, 1947

Araneidae

Alpaida grayi (Blackwall, 1863)

Presente trabalho

Alpaida itapua Levi, 1988 (Fig. 24) X Presente trabalho

Araneus bogotensis (Keyserling, 1863)

Presente trabalho

Araneus omnicolor (Keyserling, 1893)

Keyserling, 1893

Araneus uniformis (Keyserling, 1879)

Presente trabalho

Argiope argentata (Fabricius, 1775) (Fig. 25) X Presente trabalho

Cyclosa sp. 1

Presente trabalho

Cyclosa sp. 2

Presente trabalho

Eustala sp. 1

Presente trabalho

Eustala sp. 2

Presente trabalho

Gasteracantha cancriformis (Linnaeus, 1758) X Presente trabalho

Kaira altiventer O. P.-Cambridge, 1889

Presente trabalho

Eustala fuscovittata (Keyserling, 1864)

Presente trabalho

Mangora itatiaia Levi, 2007

Levi, 2007

Mangora melanocephala (Taczanowski, 1874)

Levi, 2007

Micrathena jundiai Levi, 1985

Presente trabalho

Micrathena ruschii (Mello-Leitão, 1945)

Magalhães & Santos, 2012

Micrathena sanctispiritus Brignoli, 1983

Presente trabalho

Micrathena spitzi Mello-Leitão, 1932

Levi, 1985

Micrathena teresopolis Levi, 1985

Levi, 1985

Page 26: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

13

Ocrepeira venustula (Keyserling, 1879)

Presente trabalho

Parawixia audax (Blackwall, 1863) X Presente trabalho

Verrucosa sp.

Presente trabalho

Wagneriana iguape Levi, 1991

Presente trabalho

Wagneriana taim Levi, 1991

Presente trabalho

Corinnidae

Corinna alticeps (Keyserling, 1891)

Presente trabalho

Castianeira sp.

Presente trabalho

Falconina sp.

Presente trabalho

Ianduba sp.

Presente trabalho

Myrmecium itatiaiae Mello-Leitão, 1932 (Fig.

27)

Mello-Leitão, 1932

Paradiestus aurantiacus Mello-Leitão, 1915 (Fig.

26)

Mello-Leitão, 1915; Bonaldo, 2000

Tupirinna sp.

Presente trabalho

Xeropigo tridentiger (O. P.-Cambridge, 1869) X Presente trabalho

Ctenidae

Ancylometes concolor Perty, 1833

Presente trabalho

Ctenus medius (Keyserling, 1891) (Figs 28 e 29)

Brescovit & Simó, 2007

Ctenus ornatus (Keyserling, 1877) (Fig. 30) X Brescovit & Simó, 2007

Enoploctenus cyclothorax (Bertkau, 1880) (Fig.

31) X Presente trabalho

Isoctenus janeirus (Walckenaer, 1837)

Presente trabalho

Isoctenus sp. 1

Presente trabalho

Isoctenus sp. 2

Presente trabalho

Phoneutria keyserlingi (F.O.P. -Cambridge,

1897) (Fig. 32) X Azevedo, 2012

Phoneutria nigriventer (Keyserling, 1891) (Fig.

33) X Azevedo, 2012

Deinopidae

Deinopis sp.

Presente trabalho

Filistatidae

Misionella mendensis (Mello-Leitão, 1920) X Presente trabalho

Gnaphosidae

Eilica rufithorax (Simon, 1893)

Presente trabalho

Page 27: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

14

Hersiliidae

Ypypuera crucifera (Vellard, 1924)

Presente trabalho

Linyphiidae

Exocora phoenix Lemos & Brescovit, 2013

Presente trabalho

Scolecura parilis Millidge, 1891

Presente trabalho

Sphecozone sp.

Presente trabalho

Lycosidae

Aglaoctenus castaneus (Mello-Leitão, 1942)

Mello-Leitão, 1942

Hogna pardalina (Bertkau, 1880)

Presente trabalho

Lycosa erythrognatha Lucas, 1836 (Fig. 34) X Presente trabalho

Mimetidae

Gelanor sp.

Presente trabalho

Miturgidae

Radulphius camacan Bonaldo, 1994

Bonaldo, 1994

Strotarchus tropicus (Mello-Leitão, 1917)

Presente trabalho

Nephilidae

Nephila clavipes (Linnaeus, 1767) (Fig. 35) X Presente trabalho

Nephilengys cruentata (Fabricius, 1775) (Fig. 36) X Presente trabalho

Oecobiidae

Oecobius navus Blackwall, 1859 X Presente trabalho

Predatoroonops sp.

Presente trabalho

Oxyopidae

Oxyopes salticus Hentz, 1845

Presente trabalho

Palpimanidae

Fernandezina sp. (Fig. 37)

Presente trabalho

Otiothops fulvus (Mello-Leitão, 1932)

Presente trabalho

Pholcidae

Mesabolivar cyaneotaeniatus (Keyserling, 1891)

(Fig. 38)

Presente trabalho

Mesabolivar sp.

Presente trabalho

Micropholcus fauroti (Simon, 1887) X Presente trabalho

Pholcus phalangioides (Fuesslin, 1775) (Fig. 39) X Presente trabalho

Pisauridae

Archits brasiliensis (Mello-Leitão, 1940)

Presente trabalho

Page 28: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

15

Salticidae

Menemerus bivittatus (Dufour, 1831) (Fig. 40) X Presente trabalho

Hasarius adamsoni (Audouin, 1826) X Presente trabalho

Lyssomanes sp.

Presente trabalho

Scytodidae

Scytodes itapevi Brescovit & Rheims, 2000 (Fig.

41) X Presente trabalho

Scytodes fusca Walckenaer, 1837 X Presente trabalho

Scytodes globula Nicolet, 1849 X Presente trabalho

Scytodes maromba Rheims & Brescovit, 2009

Rheims & Brescovit, 2009

Segestridae

Ariadna crassipalpa (Blackwall, 1863) (Figs

42-43) X Presente trabalho

Selenopidae

Selenops cocheleti Simon, 1880 X Presente trabalho

Senoculidae

Senoculus monastoides (O.P. -Cambridge, 1873)

Baptista, 1992

Sicariidae

Loxosceles sp. (Fig. 45) X Presente trabalho

Sparassidae

Caayguara cupepemassu Rheims, 2010

Rheims, 2010

Caayguara pinda Rheims, 2010

Rheims, 2010

Olios caprinus Mello-Leitão, 1918 (Fig. 44)

Presente trabalho

Tetragnathidae

Chrysometa sp. 1

Presente trabalho

Chrysometa sp. 2

Presente trabalho

Glenognatha sp.

J. Cabra-Garcia, com. pessoal

Leucauge sp.

Presente trabalho

Tetragnatha sp.

Presente trabalho

Theridiidae

Achaearanea cinnabarina Levi, 1963

Presente trabalho

Achaearanea hieroglyphica (Mello-Leitão, 1940)

Mello-Leitão, 1940

Achaearanea hirta (Taczanowski, 1873) X Presente trabalho

Achaearanea tingo Levi, 1963

Levi, 1963

Anelosimus sp.

Presente trabalho

Page 29: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

16

Argyrodes elevatus Taczanowski, 1873 X Presente trabalho

Ariamnes longissimus (Keyserling, 1891)

Presente trabalho

Cryptachaea digitus (Buckup & Marques, 2006)

Buckup & Marques, 2006

Cryptachaea triguttata (Keyserling, 1891)

Keyserling, 1891

Episinus sp.

Presente trabalho

Latrodectus geometricus C.L. Koch, 1841 X Presente trabalho

Neopisinus fiapo Marques et al., 2012

Marques et al., 2012

Nesticodes rufipes (Lucas, 1846) (Fig. 46) X Presente trabalho

Parasteatoda tepidariorum (C.L.Koch, 1841)

(Fig. 47) X Presente trabalho

Spintharussp.

presente trabalho

Theridion biezankoi Levi, 1963 (Fig. 48)

Presente trabalho

Theridion evexum Keyserling, 1884

Presente trabalho

Theridion sp.

Presente trabalho

Thwaitesia sp.

Presente trabalho

Thomisidae

Titidius brasiliensis Mello-Leitão, 1915

Mello-Leitão, 1915

Misumenops sp.

Presente trabalho

Tmarus sp. 1

Presente trabalho

Tmarus sp. 2

Presente trabalho

Trechaleidae

Trechaleoides biocellata (Mello-Leitão, 1926)

(Fig. 49)

Presente trabalho

Uloboridae

Miagrammops sp.

Presente trabalho

Zodaridae

Tenedos sp. 1

Presente trabalho

Tenedos sp. 2

Presente trabalho

Zoridae

Gênero n. sp. n. (Fig. 50)

Presente trabalho

Zoropsidae

Itatiaya modesta Mello-Leitão, 1915 (Fig. 51)

Mello-Leitão, 1915; Polotow & Brescovit,

2006; Polotow & Brescovit, 2011

Total = 40 famílias e 145 espécies 30

Page 30: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

17

ARANHAS URBANAS (SINANTRÓPICAS) E ESPÉCIES EXÓTICAS

O PNI é visitado por mais de 100 mil pessoas por ano. Com esse fluxo de

pessoas de vários estados e países, isso sem falar em termos históricos, com visitas de

turistas e pesquisadores estrangeiros à séculos. Muitos animais foram introduzidos no

parque, entre eles estão as aranhas. Devido a alguns destes fatores, foram encontrados

registros de 30 espécies que geralmente habitam áreas antropizadas, áreas

peridomiciliares e mesmo o interior de residências e áreas públicas (Tabela 1). Mesmo

com todas estas mudanças no ambiente, muitas espécies de aranhas possuem alta

plasticidade, e conseguem viver entre os seres humanos (SANTOS et al., 2007).

Geralmente utilizam os recursos oriundos da própria presença humana. Algumas são

restritas à domicílios ou a áreas fortemente antropizadas (CUTLER, 1973). Apesar de

comuns e abundantes nas áreas urbanas, estudos sobre as aranhas que vivem nas cidades

ainda são incipientes no Brasil e as poucas informações existentes são ainda

preliminares (BRESCOVIT, 2002a, 2002b, JAPYASSÚ, 2002, SANTOS et al., 2007;

INDICATTI & BRESCOVIT, 2008).

As espécies mais comuns nas áreas construídas são: Pholcus phalangioides

(Fuesslin, 1775), Pholcidae (Fig. 39), Nesticodes rufipes (Lucas, 1846), Theridiidae

(Fig. 46), Scytodes itapevi Brescovit & Rheims, 2000, Scytodidae (Fig. 41), Lycosa

erythrognatha Lucas, 1836, Lycosidae (Fig. 34), Loxosceles sp., Sicariidae (Fig. 45).

Estas estão também entre as mais encontradas, em um inventário realizado no

município de São Paulo, onde foram coletadas 240 espécies distribuídas em 36 famílias,

sendo que 56 ocorreram em comum nas matas e na área urbana e 61 apenas na área

urbana. Destas, 25 pertencem a oito famílias, que também ocorreram em quintais de

residências e apenas sete no interior delas (INDICATTI & BRESCOVIT, 2008). O

sucesso da maioria das espécies, talvez esteja relacionado à discrição destes animais,

pois são pequenos e pouco visíveis aos leigos. Além disso, muitas foram encontradas

em locais tipicamente urbanos como: muros, portões, pilhas de tijolos ou em jardins

próximos as casas. Entre as espécies mais comuns encontradas nos domicílios, podemos

citar Pholcus phalangioides (Fig. 39), Nesticodes rufipes (Fig. 46), Loxosceles sp.

(Fig. 45) e Scytodes itapevi (Fig. 41), Menemerus bivittatus (Figura 40).

Entre as aranhas sinantrópicas, algumas se destacam por serem espécies

oriundas de outros continentes e introduzidas no país. Muitas destas introduções

Page 31: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

18

parecem ser bem antigas, pois para algumas espécies é difícil precisar sua origem, de

tão distribuídas que se encontram pelo mundo. São registradas 22 espécies introduzidas

no país, todas ocorrendo em áreas urbanas. Neste levantamento, detectamos apenas

quatro espécies, Menemerus bivittatus e Hasarius adansoni, originárias da Ásia.

Nephilengys cruentata, introduzida da África e Pholcus phalangioides da Europa. Com

certeza um aumento do número de amostragens, principalmente nas áreas construídas

do Parque, os registros de espécies exóticas seriam consideravelmente ampliados.

ESPÉCIES DE INTERESSE MÉDICO

Apenas três espécies pertencentes a dois gêneros e duas famílias, de um total de

145 espécies e 40 famílias registradas para o PNI, foram consideradas de importância

médica, estando relacionadas a acidentes em humanos ou animais domésticos. O

primeiro gênero pertence a Loxosceles Heineken & Lowe (Sicariidae), e são conhecidas

popularmente por aranhas-marrom, representadas aqui por apenas uma espécie (Fig.

45). Já as aranhas do gênero Phoneutria Perty são conhecidas como armadeiras,

representadas no PNI, por duas espécies, P. nigriventer (Keyserling, 1891) (Fig. 33) e P.

keyserling (F.O.P.-Cambridge, 1897) (Fig. 32), ambas de Ctenidae. As três foram

encontradas no PNI em áreas construídas, como residências ou prédios públicos.

Maiores detalhes a respeito da ação do veneno ou biologia destas espécies podem ser

obtidas em CARDOSO et al. (2003).

GUIA DE ARANHAS

Nesta parte é apresentado um guia de identificação para as aranhas mais

conspícuas, sinantrópicas (ocorrem em áreas urbanas), importância médica ou que

apresentam alguma curiosidade, como forma, hábitos e coloração. A ordem das

famílias, gêneros e espécies seguem a Tabela 1. Maiores detalhes foram fornecidos

somente as Mygalomorphae, no qual é apresentado um breve resumo sobre a biologia,

estruturas, etc.

Page 32: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

19

MYGALOMORPHAE

Figuras 8-13. Mygalomorphae. 8-9. Actinopodidade, Actinopus sp. (aranha-de-

alçapão), fêmea (3 cm de comprimento de corpo); 10. Dipluridae, Diplura sp., macho (3

cm); 11. Dipluridae, Linothele sp. (aranha-tecedora-de-teia-em-lençol), fêmea (3 cm);

12-13. Idiopidae, Idiops camelus (aranha-de-alçapão), fêmea (1 a 3 cm).

Page 33: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

20

Actinopodidae. São aranhas fossoriais que constroem tocas do tipo alçapão, com

tampas fortes e espessas (Fig. 8), com profundidade que pode variar entre 10 e 30 cm.

São migalomórfas que possuem um conjunto de espinhos nas quelíceras chamado de

rastelo, que as auxiliam a cavar suas tocas. Os machos ao contrário das fêmeas são

delgados e apresentam as pernas alongadas, e deixam as suas tocas na época da

reprodução para ir ao encontra de fêmeas (VELLARD, 1945). A família está

representada no PNI, apenas pelo gênero Actinopus, que é caracterizado pelos olhos

estarem fora de um cômoro ocular (Fig. 9) (RAVEN, 1985). Apenas uma espécie foi

registrada até o momento, e foram amostradas apenas no método manual, diurno e

noturno.

Dipluridae. Caracterizam-se pela presença de fiandeiras laterais posteriores muito

desenvolvidas, longas e espaçadas entre si. Espécies de três gêneros são comumente

encontrados na Mata Atlântica, mas no PNI foram registrados apenas dois, cada um

com uma espécie, Diplura sp., não descrita (D.R. Pedroso, com. pessoal) e Linothele

sp. As aranhas do gênero Diplura recobrem espaços sob troncos caídos, buracos no

chão ou rochas e as Linothele constroem um lençol de seda, servindo de armadilha para

suas presas (BRESCOVIT et al., 2004).

Idiopidae. São aranhas fossoriais que constroem tocas do tipo alçapão, com tampas

relativamente frágeis (Fig. 12) (COYLE & DELLINGER, 1992). São migalomórfas que

também apresentam rastelo para cavar. A família está representada no PNI, apenas pelo

gênero Idiops, que é caracterizado pelos olhos laterais anteriores próximos ao clípeo,

afastados dos outros olhos (RAVEN, 1985). Duas espécies foram registradas até o

momento, e foram amostradas tanto em armadilhas de queda, como no método manual.

Page 34: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

21

Figuras 14-19. Mygalomorphae. Nemesiidae (aranhas-de-buraco), 14-15. Hermachura

luederwaldti, 14. macho (1 cm) e 15. fêmea (1,4 cm), foi a primeira aranha, parente das

caranguejeiras a ser descrita para o PNI, no ano de 1923, mas antes disso o exemplar

tinha sido coletado em 1906, por H. Luederwaldt, mais de 100 anos atrás; 16.

Hermacha itatiayae, fêmea (1,5 a 2 cm); 17. Stenoterommata sp. 3, fêmea (0,5 cm),

menor Mygalomorphae que ocorre no PNI; 18-19. Stenoterommata sp. 2, fêmea (2 a 2,5

cm).

Page 35: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

22

Nemesiidae. São aranhas fossoriais que constroem tocas em forma de tubo, com

pequenas projeções e sem proteção, como ocorre nos gêneros Hermacha, Hermachura,

Rachias e Stenoterommata (GOLOBOFF, 1995) ou do tipo alçapão, como no gênero

Prorachias (LUCAS et al., 2005). A família está representada no PNI por seis gêneros,

sendo um deles não descrito e por 10 espécies (Tabela 1), destas sete não são descritas.

Na parte alta ocorrem até o momento duas espécies, Hermacha itatiayae e Hermachura

luederwaldti, entre 2200 e 2500 metros de altitude, e até o momento são as duas únicas

consideradas endêmicas para o PNI. Neste projeto coletou-se as primeiras fêmeas de H.

luederwaldti, fora os exemplares-tipo, no qual não eram encontradas a mais de 107

anos. Através delas verificou-se que os exemplares utilizados na descrição original

estavam adultos, hipótese que foi descartada por diversos pesquisadores que

examinaram o tipo. Além delas, coletou-se também o macho não descrito. Em uma

recente revisão, INDICATTI (2011), constatou que as duas espécies que ocorrem no

planalto deveriam ser transferidas para o gênero Stenoterommata, ampliando ainda mais

o número de espécies deste grupo para o PNI.

Figuras 20-21. Mygalomorphae. Theraphosidae, conhecidas popularmente como

caranguejeiras. 20. Homoeomma montanum, macho (2, 5 cm), coletada apenas na parte

alta do PNI, entre 2200 e 2500 m. 21. Proshapalopus anomalus, fêmea (6 cm), foi

coletada na parte baixa, cerca de 750 m de altitude.

Theraphosidae. Apresenta a maior riqueza de espécies de toda a Infra-ordem

Mygalomorphae. Nesta família estão as espécies de maior porte, como Theraphosa

Page 36: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

23

blondi (Latreille, 1804), que alcança até nove centímetros de corpo, sendo considerada

uma das maiores caranguejeiras do mundo, cuja distribuição é restrita para a Floresta

Amazônica (SCHIAPELLI & GERSCHMAN, 1967). No PNI foram encontrados

apenas quatro gêneros, com uma espécie cada (Tabela 1). Em Itatiaia, fora dos limites

do PNI ocorre o registro de uma espécie de grande porte ainda não encontrada, Vitalius

sorocabae (Mello-Leitão, 1923) (Bertani, 2001), sendo mais um indício de como a

araneofauna está subamostrada. Em áreas próximas também ocorrem outros gêneros,

como é o caso de Magulla Simon, 1892, com duas espécies podendo ainda ser

registradas (INDICATTI et al., 2008) e de Grammostola actaeon (Pocock, 1903), outra

espécie de grande porte, atingindo cerca de sete centímetros de corpo. As aranhas desta

família normalmente vivem em tocas naturais recobertas de seda em troncos de árvores,

barrancos (Fig. 21) ou no solo. Todas as quatros espécies foram obtidos em coletas

manuais nas trilhas. Duas espécies desta família, descritas para o planalto, não foram

inclusas na lista, pois futuramente serão sinonimizadas (foram descritas mais de uma

vez e no caso pelo mesmo autor).

Page 37: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

24

ARANEOMORPHAE

Figuras 22-27. Araneomorphae. 22. Amaurobiidae, Retiro maculatus, fêmea (0,7 cm),

primeira aranha descrita para o PNI, em 1915, mas o exemplar-tipo foi coletado em 1903

por Carlos Moreira. Pode ser encontrada na área externa de áreas construídas e troncos de

árvores; 23. Anyphaenidae, Patrera cita (aranha-fantasma), fêmea (0,7 cm); 24-25.

Araneidae. 24. Alpaida itapua (aranha-de-teia-orbicular), fêmea (0,7 cm), pode ser

encontrada em jardins, e outras áreas antropizadas; 25. Argiope argentata (aranha-

prateada), fêmea (1,5 cm), idem a espécie anterior; 26-27. Corinnidae, 26. Paradiestus

aurantiacus, fêmea (2,5 cm); 27. Myrmecium itatiaiae (aranha-formiga), fêmea (0,9 cm).

Page 38: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

25

Figuras 28-33. Araneomorphae, Ctenidae. 28-29. Ctenus medius. 28. Fêmea (3,8 cm).

29. Macho (4 cm); 30. Ctenus ornatus, fêmea (3,5 cm); 31. Enoploctenus cyclothorax,

fêmea (3,8 cm); 32. Phoneutria keyserlingi (aranha-armadeira), fêmea (5,5 cm), pode

ser encontrada ao redor de residências, e até mesmo dentro delas; 33. Phoneutria

nigriventer (aranha-armadeira), macho (5 cm), em posição de defesa, o qual origina seu

nome popular.

Page 39: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

26

Figuras 34-39. Araneomorphae. 19. Lycosidae, Lycosa erythrognatha (aranha-de-grama ou

tarântula), fêmea (3,5 cm) se alimentando de uma outra aranha; 35-36. Nephilidae. 35. Nephila

clavipes (aranha-de-teia-de-fios-de-ouro), fêmea (3,5 cm) se alimentando de um inseto,

enquanto o macho, bem menor que ela, tenta copular, aproveitando que ela está ocupada; 36.

Nephilengys cruentata (Maria-gorda), fêmea (3 cm) em repouso ao lado de seu refúgio; 37.

Palpimanidae, Fernandezina sp., macho (0,3 cm), note o encurtamento do abdomên,

característica dificilmente vista em aranhas; 38-39. Pholcidae. 38. Mesabolivar cyaneotaeniatus,

fêmea (0,5 cm de corpo, mais pernas); 39. Pholcus phalangioides (aranha-treme-treme), fêmea

em sua teia (0,5 cm de corpo, mais pernas). Essa espécie foi introduzida no Brasil, sendo

originária da Europa.

Page 40: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

27

Figuras 40-45. Araneomorphae. 40. Menemerus bivitattus, fêmea (0,5 cm), andando

pela parede de uma das casas dentro do PNI; 41. Scytodidae, Scytodes itapevi (aranha-

cuspideira), fêmea (0,5 cm); 42-43. Segestridae, Ariadna crassipalpa (1 cm), fêmea em

sua toca, e após ser retirada de dentro dela. 44. Sparassidae, Olios caprinus, macho (1,1

cm), repousando em cima de uma folha. 45. Sicariidae, Loxosceles sp. (aranha-marrom),

fêmea (0,7 cm), pode ser encontrada dentro e fora de prédios públicos e abrigos do PNI.

Page 41: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

28

Figuras 46-51. Araneomorphae. 46-48. Theridiidae. 46. Nesticodes rufipes (aranha-de-

canto-de-parede), fêmea (0,4 cm), somente é encontrada no interior e na área externa de

residências e prédios públicos. 47. Parasteatoda tepidariorum (0,8 cm), fêmea ao lado do

seu saco de ovos (ooteca), idem a espécie anterior. 48. Theridion biezankoi, fêmea (0,3 cm),

a espreita da sua presa; 49. Trechaleidae, Trechaleoides biocellata (aranha-d’água), fêmea

(3,5 cm), encontrada ao lado de praticamente todos os córregos e rios do PNI, em pontes e

em cima de pedras; 50. Zoridae, Gênero e espécie novos, macho (0,3 cm), frequentemente

encontrado na serapilheira de áreas florestadas e abertas. 51. Zoropsidae, Itatiaya modesta,

fêmea (1 cm), ocorre em praticamente todas as áreas florestadas do PNI.

Page 42: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, G.R.S. Sistemática e evolução de aranhas-armadeiras (Ctenidae:

Phoneutria) a partir de evidências moleculares, morfológicas e ecológicas.

Dissertação apresentada no Programa de Pós-graduação em Ecologia,

Conservação e Manejo da Vida Silvestre, Universidade Federal de Minas Gerais,

79 p., 2012.

BAPTISTA, R.L.C. Revisão da família Senoculidae (Araneae). Dissertação em

Ciências Biológicas (Zoologia) - Universidade de São Paulo, São Paulo, p. 144,

1997.

BARTH, R. A Fauna do Parque Nacional do Itataia. Boletim de pesquisa do Parque

Nacional do Itatiaia, 6: 1-158, 1957. Disponível em:

http://www.mediafire.com/view/892pwc7j95zn2f7/bpni_v6.pdf

BERTANI, R. 2001. Revision, cladística analysis and zoogeography of Vitalius,

Nhandu and Proshapalopus with notes on other Theraphosinae genera (Araneae,

Theraphosidae). Arquivos de Zoologia, 36: 265-356.

BONALDO, A.B., CARVALHO, L.S., PINTO-DA-ROCHA, R., TOURINHO, A.L.,

MIGLIO, L.T., CANDIANI, DAVID FIGUEIREDO, LO-MAN-HUNG, N.F.,

ABRAHIM, N., RODRIGUES, B.V.B., BRESCOVIT, A.D., SATURNINO, R.,

BASTOS, N.C., DIAS, S. C., SILVA, B.J.F., PEREIRA-FILHO, J.M.B.,

RHEIMS, C.A., LUCAS, S.M., POLOTOW, D., RUIZ, G.R.S., INDICATTI, R.P.

Inventário e história natural dos aracnídeos da Floresta Nacional de Caxiuanã

In: Caxiuanã: desafios para a conservação de uma Floresta Nacional na Amazônia

ed. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, v.único, p. 577-621, 2009.

BRESCOVIT, A.D. Araneae. In: C.R.F. Brandão & E.M. Cancelo (eds.). Invertebrados

Terrestres. Biodiversidade do Estado de São Paulo. Síntese do conhecimento ao

final do século XX. (Joly, C.A. & Bicudo, C.E.M. orgs.). FAPESP, São Paulo, v.

5, p. 45-56, 1999.

Page 43: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

30

BRESCOVIT, A.D. Aranhas da cidade de São Paulo: espécies de importância médica,

sinantrópicas e controle. Biológico, São Paulo, v. 64, n.1, p. 31-32, 2002a.

BRESCOVIT, A.D. Aranhas, espécies sinantrópicas, acidentes e controle. Astral, Saúde

Ambiental, v.49, p. 24-27, 2002b.

BRESCOVIT, A.D., BERTANI, R., PINTO-DA-ROCHA, R. & RHEIMS, C.A.

Aracnídeos da Estação Ecológica de Juréia-Itatins (EEJI): inventário preliminar

e dados sobre história natural (Arachnida). In: O.A. Marques & W. Duleba

(eds.). Ambiente, Fauna e Flora da Estação Ecológica Juréia-Itatins. Holos

Editora Ltda, Ribeirão Preto, p. 198-221, 2004.

BRESCOVIT, A.D., OLIVEIRA, U. & SANTOS, A.J. Aranhas (Araneae, Arachnida)

do Estado de São Paulo, Brasil: diversidade, esforço amostral e estado do

conhecimento. Biota Neotrop. 11, n. 1a, 2011.

http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1a/pt/abstract?inventory+bn0381101a201.

BÜCHERL, W. Estudo comparativo das espécies brasileiras do género Pamphobeteus

Pocock, 1901 (Mygalomorphae). Memórias do Instituto Butantan v. 20, p. 233-

282, 1947.

BUCKUP, E.H., MARQUES, M.A.L., RODRIGUES, E.N.L. & OTT, R. Lista das

espécies de aranhas (Arachnida, Araneae) do estado do Rio Grande do Sul, Brasil.

Iheringia, Sér. Zool. v. 100(4), p. 483-518, 2010.

CANDIANI, D.F., INDICATTI, R.P. & BRESCOVIT, A.D. Composição e diversidade

da araneofauna (Araneae) de serapilheira em três florestas urbanas na cidade de

São Paulo, São Paulo, Brasil. Biota Neotropica, Número Especial v. 5, n. 1, p. 1-

13, 2005. Avaliable at:

http://www.biotaneotropica.org.br/v5n1a/pt/fullpaper?bn008051a2005+pt

CARDOSO, J.L.C., FRANÇA, F.O.S., WEN, F.H., MÁLAQUE, C.M.S. & HADDAD

JR., V. Animais peçonhentos do Brasil: biologia, clínica e terapêutica dos

acidentes. São Paulo. Sarvier. p. 467, 2003.

Page 44: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

31

CECHIN, S.Z. & MARTINS, M. Eficiência de armadilhas de queda (pitfall traps) em

amostragens de anfíbios e répteis no Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, v. 17,

n. 3, 729-740, 2000.

CODDINGTON, J.A. & LEVI, H.W. Systematics and evolution of spiders (Araneae).

Annual Review of Ecology & Systematics v. 22, p. 565-592, 1991.

CODDINGTON, J.A., GRISWOLD, C.E., SILVA DÁVILA, D., PEÑARANDA, E. &

LARCHER, S.F. Designing and testing sampling protocols to estimate

biodiversity in tropical ecossistems. In: E.C. Dudley (ed.). The unity of

evolutionary biology. Proceedings of the Fourth International Congress of

Systematic and Evolutionary Biology. Discorides Press, Portland, p. 44-60, 1991.

COYLE. F.A. & DELLINGER, R.E. Retreat architecture and construction behaviour of

an East African idiopine trapdoor spider (Araneae, Idiopidae). Bulletin of the

British Arachnological Society, v. 9, n. 3, p. 99-104, 1992.

CUTLER, B. Synantropic spiders Araneae of the Twin Cities area. J. Minnesota

Academy of Science, v. 39, p. 38-39, 1973.

FOELIX, R.F. Biology of Spiders. Oxford University Press, Oxford, p. 419, 2011.

FOLLY-RAMOS, E. Inventário de aranhas (Arachnida: Araneae) de serapilheira na

Reserva Biológica do Tinguá, Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brasil. Dissertação de

mestrado em Biologia Animal da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,

Seropédica, RJ, p. 63, 2004.

FOLLY-RAMOS, E. Influência de variáveis abióticas sobre a comunidade de aranhas

(Araneae) de serapilheira coletadas pelo extrator de Winkler, em duas

fisionomias vegetais na Restinga da Marambaia, Rio de Janeiro, RJ. Tese de

doutorado em Biologia Animal da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,

Seropédica, RJ, p. 146, 2009.

GOLOBOFF, P.A. A revision of the South American spiders of the family Nemesiidae

(Araneae, Mygalomorphae). Part I: species from Peru, Chile, Argentina, and

Uruguay. Bulletin of the American Museum of Natural History, v. 224, 1–189,

Page 45: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

32

1995.

HӦFER, H. & A.D. BRESCOVIT. A revision of the Neotropical spider genus

Ancylometes Bertkau (Araneae: Pisauridae). Insect Syst. Evol., v. 31, p. 323-360,

2000.

HӦFER, H. The spider community (Araneae) of a Central Amazonian blackwater

inundation forest (igapó). Acta Zoologica Fennica, v. 190, p. 173-179, 1990.

INDICATTI, R.P., CANDIANI, D.F., BRESCOVIT, A.D. & JAPYASSÚ, H.F.

Diversidade de aranhas de solo (Arachnidae, Araneae) na bacia do Reservatório

do Guarapiranga, São Paulo, São Paulo, Brasil. Biota Neotropica, v. 5, n. 1A,

2005.

http://www.biotaneotropica.org.br/v5n1a/pt/abstract?inventory+BN011051a2005.

ISSN 1676-0603.

INDICATTI, R.P. & BRESCOVIT, A.D. Aranhas (Arachnida, Araneae) do município

de São Paulo. In: Malagoli, L.R.; Bajestero, F.B. & Whately, M. (Org.). Além do

concreto: contribuições para a proteção da biodiversidade paulistana. Instituto

Socioambiental, São Paulo, v. 1, p. 54-89, 2008.

INDICATTI, R.P., S.M. LUCAS, J.P.L. GUADANUCCI & F.U. YAMAMOTO.

Revalidation and revision of the genus Magulla Simon, 1892 (Araneae,

Mygalomorphae, Theraphosidae). Zootaxa 1814: 21-36, 2008.

INDICATTI, R.P. Análise cladística de Pycnothelinae e revisão de Rachias Simon,

1892 (Araneae, Mygalomorphae, Nemesiidae). Tese apresentada no Programa de

Pós-graduação em Biologia Animal, Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro, Seropédica, RJ, p.167, 2011.

INDICATTI, R.P., BRESCOVIT, A.D. & VASCONCELLOS-NETO, J. Aranhas

(Arachnida, Araneae) da Serra do Japi, Jundiaí-SP. In: Vasconcellos-Neto, J.

Polli, P.R. & Penteado-Dias, A.M.. (Orgs.). Novos Olhares, Novos Saberes Sobre

a Serra do Japi: Ecos de sua biodiversidade. Editora CRV. Curitiba - PR. p. 273-

297, 2012.

Page 46: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

33

JAPYASSÚ, H.F. Biodiversidade araneológica na Cidade de São Paulo. Biológico, São

Paulo, v. 64, n. 1, p. 1-122, 2002.

LONGINO, J.T. & COLWELL, R.K. Biodiversity assessment using structured

inventory: capturing the ant fauna of a tropical rain forest. Ecological

Applications, v. 7, p. 1263-1277, 1997.

LUCAS, S.M. Wolfgang Bücherl, early toxinologist. Toxicon, v. 36, n. 12, p. 2047-

2051, 1998.

LUCAS, S. O Laboratório de Artrópodes do Instituto Butantan e os aracnídeos

peçonhentos. História, Ciências, Saúde. Manguinhos, v. 10, n. 3, p. 1025-1035,

2003.

LUCAS, S. M., R. P. INDICATTI, A. D. BRESCOVIT & R. C. FRANCISCO. First

record of the Mecicobothriidae Holmberg from Brazil, with a description of a new

species of Mecicobothrium (Araneae, Mygalomorphae). Zootaxa, v. 1326, p. 45-

53, 2006.

LUCAS, S.M., INDICATTI, R.P. & FUKAMI, C.Y. Redescrição de Prorachias

bristowei Mello-Leitão, 1924 (Araneae, Mygalomorphae, Nemesiidae). Biota

Neotropica, v. 5, n. 1a, 2005.

http://www.biotaneotropica.org.br/v5n1a/pt/abstract?taxonomic-

review+bn021051a2005.

MELLO-LEITÃO, C.F. Algunas generos e especies novas de araneidos do Brasil.

Broteria v. 13, p. 129-142, 1915.

MELLO-LEITÃO, C.F. Theraphosideas do Brasil. Rev. Mus. Paulista v. 13, 1-438,

1923.

Mello-Leitão, C.F. Notas sobre o genero Myrmecium. Ann. Acad. brasil sci. v. 4, p.

149-160, 1932.

MOREIRA, T.S. Levantamento da Araneofauna do Parque Nacional da Tijuca.

Monografia apresentada na Universidade Federal do Rio de Janeiro. 54 p., 2006.

Page 47: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

34

MYERS, N., MITTERMEIER, R.A., MITTERMEIER, C.G., FONSECA, G.A.B., &

KENT, J. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, v. 403, p. 853-

858, 2000.

ORME, C.D.L., DAVIES, R.G., BURGESS, M., EIGENBROD, F., PICKUP, N.,

OLSON, V.A., WEBSTER, A.J., DING, T.-S., RASMUSSEN, P.C., RIDGELY,

R.S., STATTERSFIELD, A.J., BENNETT, P.M., BLACKBURN, T.M.,

GASTON, K.J. & OWENS, I.P.F. Global hotspots of species richness are not

congruent with endemism or theat. Nature, v. 436, p. 1016-1019, 2005.

PLATNICK, N.I. Dimensions of Biodiversity: Targeting Megadiverse Groups. In:

Cracraft, J. & Grifo, F. T. (Eds.). The Living Planet in Crisis: Biodiversity Science

and Policy. New York: Columbia University Press, p. 33-52, 1999.

PLATNICK, N.I. The world spider catalog, version 14.0. American Museum of Natural

History, online at

http://research.amnh.org/entomology/spiders/catalog/index.html. (acesso:

12/10/2013).

POLOTOW, D. & A.D. BRESCOVIT. Revision of the Neotropical spider genus

Itatiaya Mello-Leitão (Araneae, Ctenidae) with considerations on biogeographic

distribution of species. Revista Brasileira de Zoologia, v. 23, p. 429-442, 2006.

RAVEN, R.J. The spider infraorder Mygalomorphae (Araneae): cladistics and

systematics. Bulletin of the American Museum of Natural History, New York, v.

182, n. 1, p. 1-180, 1985.

REGO, F.N.A.A., VENTICINQUE, E.M. & BRESCOVIT, A.D. Densidades de

Aranhas Errantes (Ctenidae e Sparassidae, Araneae) em uma Floresta

Fragmentada. Biota Neotropica, v. 5, n. 1a, 2005.

http://www.biotaneotropica.org.br/v5n1a/pt/abstract?article+BN002051a2005.

RHEIMS, C.A. & BRESCOVIT, A.D. New additions to the Brazilian fauna of the

genus Scytodes Latreille (Araneae: Scytodidae) with emphasis on the Atlantic

Forest species. Zootaxa v. 2116, 1-45, 2009.

Page 48: Aranhas (Arachnida) do Município de São Paulo

35

SANTOS, A.J., BRESCOVIT, A.D. & JAPYASSÚ, H.F. Diversidade de Aranhas:

sistemática, ecologia e inventários de fauna. In: M.O. Gonzaga, A.J. SANTOS &

H.F. Japyassú (orgs.). Ecologia e Comportamento de Aranhas. Editora

Interciência, Rio de Janeiro, p. 1-23, 2007.

SCHIAPELLI, R.D. & GERSCHMAN DE PIKELIN, B.S. Estudio sistemático

comparativo de los géneros Theraphosa Walck. 1805; Lasiodora C. L. Koch 1851

y Sericopelma Ausserer 1875 (Araneae, Theraphosidae). Atas do Simpósio sobre

a Biota Amazônica, (Zoologia) v. 5, p. 481-494, 1967.

SILVA, D. Species composition and community structure of peruvian rainforest

spiders: A case study from a seasonally inundated forest along the Samiria river.

Revue Suisse de Zoologie, hors série 1, p. 597-610, 1996.

THALER, K. & KNOFLACH, B. Fauna austriaca: Webspinnen-zur Einführung

(Arachnida, Araneae). v. 12, v. 357-380, 2004.

TOTI, D.S.O., COYLE, F.A. & MILLER, J.A. A structured inventory of appalachian

Grass Bald and Health Bald spider assemblages and a test of species richness

estimator perfomance. Journal of Arachnology, v. 28, p. 329-345, 2000.

VELLARD, J. Etudes de zoologie. Archivos do Instituto Vital Brazil v. 2, p. 1-32, 121-

170, 1924.

VELLARD, J. Um novo gênero e duas espécies novas de aranha do estado de S. Paulo.

Memórias do Instituto Butantan, v. 2, p. 78-84, 1925.

VELLARD, J. Observaciones Biológicas. In Vellard, J., R. D. Schiapelli & B. S.

Gerschman, Arañas sudamericanas colleccionadas por el Doctor J. Vellard. I.

Theraphosidae nuevas o poco conocidas. Acta zool. lilloana v. 3, p. 165-213,

1945.

YAMAMOTO, F.U. Revisão taxonômica e análise filogenética do gênero Homoeomma

Ausserer, 1871 (Araneae, Theraphosidae). Dissertação apresentada ao Instituto de

Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, p. 131, 2008.