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Análise de RiscoTRANSCRIPT
Instituto Superior de Engenharia e Ciências
UC - Análise de Risco – 2º ano – 2º semestre
2012-2013 Docente: Eng.º Mário Macedo
Perigo,
Perceção, Apreciação e
Gestão do Risco
José Firmino Costa
20110021
ABRIL 2013
PERIGO, PERCEÇÃO, APRECIAÇÃO E GESTÃO DO RISCO
Revisão: Versão Página FAC1 Emissão para Avaliação a
Elaborado: Classificação: Data: José Firmino Costa – 20110021 10-04-2013
PREÂMBULO
Para a UC de Análise de Risco foi solicitado aos formandos a elaboração de um
trabalho individual em que fosse feita a análise de risco do município virtual de Águia Vitória.
Para esse município é fornecido um conjunto de informação detalhando perigos a considerar
obrigatoriamente no trabalho e alguma informação demográfica e biofísica. Os dados da
simulação são;
“Considere que faz parte do Serviço Municipal de Proteção Civil de Águia Vitória,
município com as seguintes características:
1. Cerca de 140 000 habitantes,
2. Servido por um porto de mar por onde circulam passageiros e mercadorias diversas,
incluindo quantidades significativas de substâncias perigosas,
3. Servido por redes viárias e ferroviárias onde circulam para além de passageiros
mercadorias diversas incluindo substâncias perigosas,
4. Cerca de 70% da área do município encontra-se inserida em área de Reservas Naturais
locais muito frequentados por praticantes de caminhadas, praticantes de asa delta e
parapente e de montanhismo e escalada,
5. Com uma significativa área industrial onde se encontram implantados quatro
estabelecimentos abrangidos no nível superior de perigosidade do Decreto-lei N.º
254/2007,
6. Com um centro histórico que ocupa uma extensa área da cidade sede do concelho,
7. Existência de comunidades significativas de imigrantes, oriundos nomeadamente de
países do leste europeu e do Brasil e grupos numerosos de outras comunidades e
etnias, nomeadamente a cigana e negra,
8. É atravessado por uma falha sísmica altiva, prevendo-se que na mesma possam ocorrer
sismos com uma magnitude de 6,4 da escala de Richter,
9. Tem um histórico de cheias e inundações frequentes sobretudo quando ocorrem chuvas
intensas coincidentes com o período da preia-mar,
10. Tem um reptilário com cerca de 500 espécies incluindo umas dezenas de cobras
venenosas de vários tipos, oito sapos cururu e sete dragões de komodo,
11. Tem duas grandes superfícies comerciais.” (Macedo, 2013)
O trabalho a apresentar deve responder às seguintes instruções;
12. “Identifique os principais problemas decorrentes da percepção do risco por parte dos
diversos recetores e indique uma abordagem de comunicação/gestão do risco que
considere eficaz
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13. Identifique e caracterize os perigos que afectam o município, elabore as
tabelas/critérios de severidade e probabilidade e caracterize, em função dos critérios
que estabeleceu os riscos
14. Elabore uma matriz de risco e apresente os critérios e subcritérios que entender
adequados para a caracterização do risco do município. Estabeleça um critério de
aceitabilidade do risco
15. Desenvolva, em termos genéricos, um plano de acções para a gestão, por ordem de
prioridades, dos riscos caracterizados”. (Macedo, 2013)
Optou-se por considerar que o documento apresentado é um documento de trabalho
produzido por um elemento do SMPC que faz parte do grupo de trabalho encarregue da
elaboração do PMEPC. Desta forma o documento pode refletir as falhas de documentação
existentes nesta simulação como é o caso da cartografia temática de risco e informação
estatística.
A escolha de colocar o problema nas mãos de um quadro da proteção Civil Municipal
cria uma restrição importante á conceção do trabalho. Onde existem disposições legais ou
declarações da CNPC, um quadro da proteção Civil utiliza-as concordando ou não.
O município de Águia Vitória é muito parecido com o Município de Setúbal, segundo os
dados fornecidos. Localizá-lo nesse local do território nacional iria causar mesmo
involuntariamente mecanismos de cópia indesejáveis. Assim resolveu-se localizar Águia Vitória
na extremidade da área de intervenção da CCDR-LVT, NUTS II Centro e NUTS III Oeste.
O território tomado como base para o estudo é essencialmente o Concelho de Caldas
da Rainha, modificado pela inclusão da concha de S. Martinho que triplica de dimensão e pela
inclusão da parte central da Serra dos Candeeiros que se desloca misteriosamente para Oeste
e tem o coberto vegetal muito alterado.
O território assim criado adapta-se ao solicitado.
Este trabalho ultrapassa o número de páginas recomendado e isso deve-se à tentativa
de justificar sempre as opções seguidas na análise de risco. Esta peca por pessimista, dada a
inexistência de dados reais.
José Firmino Costa – 20110021
PERIGO, PERCEÇÃO, APRECIAÇÃO E GESTÃO DO RISCO
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VERIFICAÇÃO DO CUMPRIMENTO DE OBJETIVOS
Objetivo Página
1 5, 8
2 9, 10, 20,23
3 10, 23, 24, 26
4 7, 24, 28
5 9, 11, 20, 23, 24, 28
6 9, 12, 21, 27, 28
7 5, 9, 11
8 6, 11, 19, 20, 26, 28
9 2, 7, 11, 21, 28
10 1, 9, 25, 26
11 9
12 27
13 5 a 12 e 19 a 26
14 13 a 18
15 27, 28
SERVIÇO MUNICIPAL DE PROTEÇÃO CIVIL
PARTE IV – INFORMAÇÃO
COMPLEMENTAR
Secção II
Documento de trabalho elaborado pelo grupo de trabalho
Garra para a preparação do PMEPC
Revisão A
ABRIL 2013
Plano Municipal
de Emergência
do concelho
de Águia Vitória
PLANO MUNICIPAL DE EMERGÊNCIA DE ÁGUIA VITÓRIA
PARTE IV – SECÇÃO II
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Elaborado: Visto: Data: José Firmino Costa – 20110021 10-04-2013
ÍNDICE
1. Introdução ........................................................................................................... 1
1.1. Metodologia do trabalho .............................................................................. 1
2. Estabelecer o Contexto ..................................................................................... 4
2.1. Estabelecer o contexto externo ................................................................... 5
2.1.1. Caracterização Geral ............................................................................. 5
2.1.2. Caracterização Física ............................................................................. 5
2.1.3. Caracterização Geológica .................................................................... 5
2.1.4. Caracterização Hidrográfica ................................................................. 6
2.1.5. Caracterização Ambiental .................................................................... 7
2.1.6. Caracterização Climática ...................................................................... 7
2.1.7. Caracterização Socioeconómica ........................................................ 8
2.1.8. Caracterização das Infraestruturas ..................................................... 10
2.2. Identificação das componentes do risco ................................................. 11
2.2.1. Perigos ..................................................................................................... 11
2.2.2. Vulnerabilidades .................................................................................... 12
2.3. Critérios para a Apreciação do Risco........................................................ 13
2.3.1. Caracterização do Risco ...................................................................... 14
2.3.2. Aceitação do Risco ............................................................................... 17
2.4. Análise de Risco ............................................................................................. 19
2.4.1. Risco de Sismo ........................................................................................ 19
2.4.2. Risco de Tsunami .................................................................................... 20
2.4.3. Risco de Cheias e Inundações ............................................................ 21
2.4.4. Fenómenos Climáticos Extremos ......................................................... 22
2.4.5. Incêndios Urbanos e Colapso Edifícios ............................................... 22
2.4.6. Risco de Acidentes Industriais .............................................................. 22
2.4.7. Risco de Acidente Grave de Tráfego ................................................. 23
2.4.8. Risco de Acidente no Transporte de Matérias Perigosas ................. 24
2.4.9. Incêndios Florestais ................................................................................ 24
2.4.10. Terrorismo................................................................................................. 24
2.4.11. Desordem Civil ........................................................................................ 25
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PARTE IV – SECÇÃO II
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2.4.12. Situações com animais perigosos ....................................................... 25
2.4.13. Eventos sociais com grande assistência. ........................................... 25
2.5. Quadro Resumo ............................................................................................ 26
2.6. Estratégia de Mitigação dos Riscos ............................................................ 27
Definições ...................................................................................................................... 29
Bibliografia .................................................................................................................... 30
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PARTE IV – SECÇÃO II
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1. Introdução
A Assembleia Municipal de Águia Vitória, deliberou, em sessão plenária, aprovar a
proposta apresentada pelo Exmº Sr. Presidente da Câmara Municipal, para a elaboração do
Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil.
Esta deliberação consubstancia a obrigação legal resultante do artigo 50.º da Lei n.º
27/2006 de 3 de Julho, que aprova a Lei de Bases da Proteção Civil e a Resolução n.º 25/2008
da Comissão Nacional de Proteção Civil, relativa aos critérios e normas técnicas para a
elaboração e operacionalização de planos de emergência de proteção civil.
“A proteção civil é a atividade desenvolvida pelo Estado, Regiões Autónomas e
autarquias locais, pelos cidadãos e por todas as entidades públicas e privadas com a finalidade
de prevenir riscos coletivos inerentes a situações de acidente grave ou catástrofe, de atenuar
os seus efeitos e proteger e socorrer as pessoas e bens em perigo quando aquelas situações
ocorram.” (Lei de Bases da Proteção Civil, Artigo 1.º, § 1)
Para a preparação deste plano foi nomeada pelo executivo municipal uma comissão
que se dividiu em vários grupos de trabalho. A este grupo de trabalho (Garra) coube a
preparação da Secção II da Parte IV do PMEPCAV.
O conteúdo da Secção II da Parte IV do PMEPC, está definido na Resolução n.º 25/2008
da Comissão Nacional de Proteção Civil, que indica as suas componentes. O documento final a
apresentar à Comissão seguirá essa definição.
Este documento de trabalho utiliza a metodologia da Norma EN 31010:2010 - Gestão
de riscos - Técnicas de avaliação de riscos. A produção de cartografia de risco não pode ser
elaborada por este grupo de trabalho, por carência de competências técnicas, ficando
designado o Serviço Municipal de Informação Geográfica como responsável por esse
conteúdo.
1.1. Metodologia do trabalho
O conceito de risco baseia-se na distinção entre a realidade e possibilidade
(Markowitz, 1990). Só quando o futuro é percebido como sendo, pelo menos parcialmente,
modificável pelo homem, será possível tomar medidas para evitar perigos potenciais ou
mitigar os seus impactos (Ewald, 1993). Este conceito pode parecer trivial, no entanto, a maior
parte da história humana tem sido caracterizada por uma atitude fatalista em relação ao
futuro (Covello & Mumpower, 1985). Pensar em risco (e oportunidade) pressupõe um mínimo
de capacidade para modificar o futuro e, assim, evitar acontecimentos indesejáveis tomando
precauções. Para prever possíveis riscos, é necessário identificar relações causais entre fontes
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e consequências. Como os efeitos são indesejados, o conceito de risco implica sempre também
um aspeto normativo. A sociedade é chamada a prevenir, reduzir ou, pelo menos controlar o
risco. (WBGU, 1998) Um perigo é considerado como uma fonte de risco, uma ameaça, mas o
conceito não contém qualquer definição da probabilidade com que esse perigo terá impacto
real sobre as pessoas ou o ambiente. Muitas vezes é incerto se sim ou não um perigo
realmente levará a consequências negativas (ou seja, se a possibilidade será convertida em
realidade). Essa incerteza pode (em princípio) ser quantificada como uma probabilidade. A
definição de risco combina os elementos acima (perigo, probabilidade, impacto). Uma análise
de risco tenta responder às questões:
O que pode acontecer?
Qual a probabilidade de que aconteça?
Quando acontecer, quais serão as consequências?
A norma EN 31010:2010 responde a estas questões aplicando um processo com várias
atividades sequenciais e interligadas.
O processo inicia-se pelo “Estabelecimento do Contexto”, isto é a caracterização
externa e interna da envolvente e a definição dos critérios a utilizar na apreciação do risco.
Apreciação do risco é o processo de identificação do risco, análise do risco e avaliação
do risco. O modo como que este processo é aplicado é dependente não só do contexto do
processo de gestão do risco, mas também dos métodos e técnicas utilizados para realizar a
avaliação do risco. A apreciação do risco pode exigir uma abordagem multidisciplinar, já que os
riscos podem cobrir um vasto leque de causas e consequências.
1 - Diagrama do processo de Apreciação do Risco
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A apreciação do risco permite aos decisores e responsáveis ter uma melhor
compreensão dos riscos que poderiam afetar os seus objetivos, bem como a adequação e
eficácia das medidas já implementadas. Fornece uma base para decisões sobre a abordagem
mais adequada a utilizar no tratamento dos riscos e eventualmente adotar novas medidas.
A saída da apreciação do risco serve como entrada no processo de tratamento do risco
(prevenção, preparação).
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2. Estabelecer o Contexto
Estabelecer o contexto é um processo que engloba as seguintes tarefas:
i. Estabelecer o contexto externo,
Identificar as características físicas, ambientais, sociais, culturais e económicas da
envolvente,
Caracterizar as partes interessadas externas e quais os seus interesses e objetivos,
nomeadamente população, forças económicas, grupos especiais de interesse,
organizações não concelhias envolvidas, territórios, populações e autoridades
limítrofes.
ii. Estabelecer o contexto interno,
Compreensão das capacidades da organização municipal em recursos e
conhecimentos,
Estrutura organizacional, papéis e responsabilidades,
Processos de decisão e canais de comunicação,
Partes interessadas internas,
Objetivos e as estratégias existentes para os alcançar,
Regulamentos, modelos e formulários utilizados na organização.
iii. Definir os critérios para a Apreciação do Risco,
Natureza e tipo das consequências a serem consideradas e como serão valoradas,
Como será expressa a probabilidade/potencialidade,
Critério para decidir se um risco requer tratamento,
Critério para decidir se um risco é aceitável/tolerável,
Critério para definir combinação de riscos.
Estabelecer o contexto interno é o âmbito da Secção III da Parte IV e não faz parte do
âmbito de trabalho deste grupo.
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2.1. Estabelecer o contexto externo
2.1.1. Caracterização Geral
O concelho de Águia Vitória pertence ao distrito do Pinhal e está inserido na região
Centro (NUT II) e na sub-região Oeste (NUT III). O concelho está dividido em cinco freguesias,
Aguia Vitória (sede de concelho), Bonifácio, A-dos-Frangos, Foz do Teiva e Pedra Alva. Confina
a Poente com o Oceano Atlântico, a Norte com o concelho de Alcaxofra, a Sul com os
concelhos de Ávidos e Canavial e a Leste com o concelho de
Rio Grande.
O concelho ocupa uma área de 256 km2, com uma
população residente de 140.000 habitantes que incluem
diversas comunidades de minorias étnicas ou de imigrantes.
O concelho apresenta geograficamente uma forma
genericamente trapezoidal com a maior dimensão (22,5 km)
no alinhamento ONO/ESSE e largura média de 10 km na
perpendicular. A área remanescente é constituída por uma
“bolsa” no vértice SE do concelho, no planalto de A-dos-
Frangos.
2.1.2. Caracterização Física
Os principais aspetos estruturantes da paisagem no
concelho de Águia Vitória são a Serra das Luzes, que
representa cerca de metade da superfície do concelho e se localiza na sua parte oriental, a
planície central onde se localiza a sede do concelho e os vales tifónicos dos rios Torto e Teiva,
este ultimo englobando a área do Paul do Noitibó.
2.1.3. Caracterização Geológica
“O concelho de “Águia Vitória” integra-se na Orla Mesocenozóica Ocidental
Portuguesa e a sua complexidade geológica e geomorfológica resulta, em larga medida, da
constituição e evolução desta unidade morfoestrutural do território português.” (Coelho et al.
1979; Relvas, 1981).
“A região de “Águia Vitória” localiza-se precisamente num bloco levantado ao longo de
dois grandes alinhamentos de direção NE-SW na bacia lusitana. As fases compressivas da Era
Mesozóica deram origem a uma dobra sinclinal profunda, de orientação NE-SW, confinada
lateralmente por dobras anticlinais mais ou menos paralelas (Selassié e Gaspar, 1966). Estas
dobras anticlinais dizem respeito à “Serra das Luzes”, localizada a Este, e ao diapiro de “Águia
Vitória” localizado a Oeste. O diapiro possui mais de 30km de comprimento e uma largura que
2 Localização do concelho de Águia Vitória
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varia entre 2 e 8km. Esta estrutura, devido às suas características peculiares, constitui um dos
elementos mais originais da geologia da Estremadura portuguesa (Cristas, 2005).
A constituição geológica é dominada pelo calcário em toda a sua diversidade. Este
constitui mesmo o principal recurso explorado do subsolo serrano. Dos acidentes tectónicos
que provocaram a elevação da serra resultou um relevo com declives acentuados, que variam
de 60º a 80º. Estes declives podem ser origem de movimentos de massa em vertente.
Outra peculiaridade da zona serrana reside nos processos de erosão cársica e nas
formas rochosas resultantes deste fenómeno. A erosão cársica resulta da infiltração das águas
das chuvas nas fendas do calcário, provocando a sua dissolução, dando assim origem a uma
circulação hídrica subterrânea e ao desaparecimento de águas de superfície. Os resíduos do
calcário não solúvel irão dar origem à terra “rossa”, uma terra residual que se acumula nos
pontos mais baixos, formando os espaços cultiváveis.
Em franco contraste com a região serrana, as
férteis e verdejantes terras baixas de “Águia Vitória” são
marcadas por cotas que raramente ultrapassam os 200
metros. O relevo é marcado por outeiros e colinas
suaves, com declives inferiores aos 8%.
Sismicamente a região é caracterizada por
diversas falhas ativas tanto perpendiculares como
paralelas ao maciço da “Serra das Luzes”. Estas falhas
podem ser origem de sismos tendo-se registado
magnitudes de 6,4 na escala de Richter.
2.1.4. Caracterização Hidrográfica
A rede hidrográfica constitui também um aspeto
importante no âmbito da descrição geomorfológica do
concelho, uma vez que esta é em parte responsável pela
sua fisionomia. Pode-se verificar que os principais cursos de água apresentam uma orientação
dominante SE-NW, perpendicular aos grandes conjuntos estruturais regionais, bem como às
principais formas de relevo. Destacam-se, no concelho de “Águia Vitória”, o “rio Torto”, que
nasce na encosta nascente da serra das Luzes e desagua na “Enseada de Bonifácio”, e as bacias
hidrográficas que drenam em direção à laguna do “Teiva” e que se iniciam a mais de 600
metros de altitude. Os principais cursos de água entalham a Plataforma Litoral. Nesta área, os
vales apresentam um fundo aluvial relativamente estreito e vertentes com um traçado
dominantemente retilíneo. A entrada dos cursos de água na Depressão Diapírica é marcada
por um encaixe acentuado em garganta, o mesmo acontecendo quando os rios rompem o
bordo ocidental do diapiro, no seu percurso em direção ao mar. No interior da Depressão
3 Localização de falhas ativas na região de Águia Vitória
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Diapírica a fisionomia dos vales fluviais é bastante contrastada, com fundo aluvial plano, mais
largo, e vertentes com declive muito suave.
Esta é uma região dominada pela bacia aluvionar do rio Teiva e por contextos rochosos
de argila e areia. Os recursos hídricos, nesta segunda região, manifestam-se à superfície de
uma forma incomparavelmente mais rica e diversificada. De exsurgências relativamente
abundantes, o Maciço Calcário Estremenho escoa parte das suas reservas para alimentar rios
de caudal inconstante. As lagoas são numerosas. Estas caracteristicas quando associadas a
pluviosidades de elevada intensidade associadas ao efeito de maré alta podem ocasionar
cheias nas povoações na bacia do Rio Teiva, nomeadamente Águia Vitória e Foz do Teiva.
2.1.5. Caracterização Ambiental
Grande parte do maciço da Serra das Luzes está sujeita a um regime de proteção da
natureza por intermédio do Parque Natural das Serras de Ar e Luzes (PNSAL). Esta área inclui
extensas áreas povoadas por diversas espécies de flora mediterrânica, nomeadamente de
povoamentos de Quercus Faginea e povoamentos de Pinus Pinaster na continuação do Pinhal
Litoral. Nas áreas de exploração agrícola existem povoamentos de outra espécie
mediterrânica, a Olea Europaea. A área concelhia incluída neste parque natural é bastante
extensa cobrindo 60% do território. É muito frequentada por praticantes de caminhadas,
praticantes de asa delta e parapente e de montanhismo e escalada.
O vale e laguna do Rio Teiva no sul do concelho inclui a Reserva Natural do Paúl do
Noitibó, que ocupa 10% da área do concelho. É uma zona húmida cuja importância no domínio
ornitológico desde há muito foi reconhecida, estando integrada desde 1981, por decisão do
Conselho Internacional de Coordenação do Programa MAB, na Rede Internacional de Reservas
da Biosfera. A paisagem do Paul é dominada por salgueiros - salgueiro branco (Salix alba L.) e
salgueiro preto ( Salix atrocinerea Brot.) - e por várias plantas aquáticas tal como o caniço
(Phragmytes sp.) entre outras. Local privilegiado de nidificação para numerosas espécies de
aves aquáticas, o Paul do Noitibó alberga uma importante colónia de garças - sobretudo garça-
boeira (Bubulcus ibis) e garça-branca (Egretta garzetta)- além de proporcionar boas condições
de invernada a um grande número de anatídeos - arrabio (Anas acuta), zarro (Aythya ferina),
marrequinha (Anas crecca)- pertencentes a várias espécies migradoras.
2.1.6. Caracterização Climática
A temperatura da região atinge valores anuais médios de 15º C. O Inverno é ameno,
sendo os dias de geada de vinte a quarenta por ano. Os valores médios indicam-nos um
aumento da temperatura média anual, à medida que caminhamos do interior para o litoral.
Esta variação está intimamente ligada a dois fatores essenciais: a menor ou maior proximidade
do mar e as diferenças de altitude.
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Os valores médios anuais da precipitação, ao contrário dos da temperatura,
apresentam uma tendência decrescente à medida que caminhamos do interior para o litoral.
Assim, aos valores médios de 1400 mm/ano na serra, seguem-se os 931.5 mm/ano em Águia
Vitória. O Maciço Calcário Estremenho, verdadeira barreira de condensação, justifica estes
valores mais elevados da zona mais interior. O período de Outubro/Março constitui o semestre
chuvoso. A humidade relativa média anual registada às nove horas ronda os 75/80 %, podendo
assim classificar-se o clima como sendo húmido. É, no entanto, evidente um período de secura
forte, consequente do trimestre Junho/Agosto, francamente deficitário em precipitação.
Quanto à insolação, os valores médios anuais rondam as 2400 a 2500 horas de exposição solar.
As características climáticas enquadram-se, assim, num clima de tipo Csb do modelo
de classificação de Köppen. Isto é, um clima temperado húmido, sem quedas de neve; com
Verão pouco quente, embora prolongado e com um período particularmente seco. Nesse
período a possibilidade de incêndios florestais é relevante especialmente nas encostas
voltadas a Sul e Poente com maior exposição solar diária.
Em concelhos limítrofes foram registados tornados. A frequência é baixa, mas não se
pode excluir a possibilidade deste tipo de fenómeno ocorrer no concelho.
2.1.7. Caracterização Socioeconómica
O concelho tem uma população residente de 137,874 pessoas segundo o Censo de
2011 (INE) estimando-se que a população migrante não recenseada leve a que o total esteja
próximo de 140.000 pessoas. Demograficamente a situação é dada pelas tabelas abaixo.
A população do concelho está bastante envelhecida e concentra-se em 3 freguesias, a
sede do concelho representa mais de 50% da população residente.
Esta divisão resulta do desenvolvimento económico do concelho. Desde o início do
século XX que Águia Vitória se impôs como a principal metrópole comercial da Região Oeste
tirando partido da sua relação privilegiada com as vias de comunicação. A prosperidade
1 - Demografia do concelho de Águia Vitória
População do Concelho
População permanente 137,874 População por Freguesia
Sexo Masculino 65,876 Águia Vitória 75,400
Feminino 71,998 Bonifácio 23,274
Grupo Etário
0-14 20,523 A-dos-Frangos 18,200
15-64 91,111 Foz do Teiva 11,900
65+ 26,238 Pedra Alva 9,100
Imigrantes não residentes 2,126 2,126
População Total 140,000 140,000
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comercial arrastou o aumento da importância administrativa provocando uma expansão do
sector dos serviços públicos e privados. O extenso centro histórico data desse período. Hoje na
cidade localizam-se duas Grandes Superfícies Comerciais, uma de configuração “Shopping
Center” e outra de configuração “Hipermercado”. A atividade industrial, que já representou
uma fatia significativa da economia local é neste momento residual tendo-se modernizado e
relocalizado nos parques industriais de Bonifácio e A-dos-Frangos. Em Águia Vitória, numa
urbanização de habitações sociais edificada na periferia, residem populações de raiz
tradicional e de baixo poder económico, mas também grupos (comunidades) de trabalhadores
migrantes de Leste ou do Brasil, uma comunidade heterogénea de africanos com origem nos
PALOP, agora já em 3ª geração, e uma comunidade cigana. Nestas comunidades existe uma
economia subterrânea ligada a diversas atividades ilícitas o que origina, ocasionalmente,
conflitos violentos entre elas que podem estender-se a outras áreas. Os principais eventos que
têm lugar em Águia Vitória com elevada participação de público são as festas da Santa Vitória
e a abertura do período de saldos nas grandes superfícies.
Bonifácio é a segunda maior povoação do concelho e na origem resulta das
características da sua enseada enquanto porto de abrigo. O que começou por ser uma vila
piscatória é hoje um porto de mar moderno que assegura o trânsito de passageiros para o
arquipélago, o abastecimento em matérias-primas e a exportação de produtos às unidades
fabris instaladas no seu Parque Industrial. Destas devem salientar-se a TLB (Terminal de
Líquidos de Bonifácio) que movimenta e armazena líquidos a granel, a BONIRES (Resinas de
Bonifácio) onde são produzidos resinas naturais e sintéticas e a BONICEL, (Indústria Produtora
de Celulose e Papel). Estas 3 unidades são estabelecimentos abrangidos no nível superior de
perigosidade do Decreto-lei N.º 254/2007. As festas de N. Sª das Ondas, e a procissão de
barcos de pesca atraem sempre elevada participação popular a esta localidade.
A terceira unidade populacional deste concelho é A-dos-Frangos. Esta freguesia foi
inicialmente uma zona de exploração agrícola e de produção pecuária avícola. Mas a sua
localização privilegiada no extremo do concelho, mas com facilitado acesso ao porto de
Bonifácio originou o desenvolvimento de um importante polo industrial. Neste deve salientar-
se a AAF (Adubos de A-dos-Frangos). Este estabelecimento está abrangido no nível superior de
perigosidade do Decreto-lei N.º 254/2007.
Foz do Teiva é a quarta freguesia em termos populacionais. A vila começou por ser
uma pequena aldeia piscatória onde a burguesia enriquecida de Águia Vitória instalou os seus
challets de férias. Veio a desenvolver-se como um importante destino turístico de qualidade
incluindo diversos hotéis de cadeias nacionais e internacionais, 2 campos de golfe e um
reptilário sem rival a nível europeu, com cerca de 500 espécies incluindo umas dezenas de
cobras venenosas de vários tipos, oito sapos cururu e sete dragões de komodo. Esta freguesia
abrange ainda o Paul do Noitibó, que é um atrativo para o turismo na natureza, e a maioria da
produção agrícola do concelho incluindo a produção de frutas e vinho. Na estação alta o
número de residentes praticamente duplica com a população veraneante.
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A freguesia de Pedra Alva, apesar de ser a de maior superfície do concelho tem-se
desertificado, dada a baixa produtividade da agricultura nas encostas da Serra das Luzes. Esta
freguesia com as suas florestas e matas e as suas encostas escarpadas, atrai muito turismo de
Natureza e atividades radicais, existindo diversos percursos pedestres, festivais de parapente e
provas de cross-country em bicicleta de montanha.
2.1.8. Caracterização das Infraestruturas
O Porto de Bonifácio é a principal infraestrutura do concelho. A nível ferroviário o
município é atravessado pela linha do oeste com estações em Águia Vitória e Bonifácio. O
traçado é monovia em bitola ibérica, permitindo velocidades até 150 km/h. Em Bonifácio a
rede inclui ramais para o porto Comercial e diversas unidades industriais. A nível rodoviário o
concelho é servido por duas autoestradas que são também IP’s. Uma (AE Oeste) no sentido N-
S e outra no sentido E-O (AE Centro) interligando a AE Oeste ao IP 1. É ainda servido por uma
extensa rede de estradas nacionais e municipais.
Na sede do concelho funciona o Hospital Regional do Oeste Norte, que serve também
os concelhos limítrofes. Existe ainda o antigo Hospital Termal das Águas Santas, de origem
medieval. Em Bonifácio existe um Centro hospitalar particular mas convencionado ao sistema
público de saúde.
O abastecimento de água potável é feito pelo concessionário de serviço público “Águas
do Oeste Norte”, sendo a água proveniente dos aquíferos do concelho e se necessário a partir
das redes da “Águas de Portugal”. Este concessionário também opera as ETAR públicas que
servem a totalidade da população. Existem ainda ETAR privativas das grandes unidades
industriais e dos parques industriais.
Em A-dos-Francos existe uma subestação alimentada a 60 kV a partir da Rede nacional
de Transporte. Alimenta em Média Tensão (30 kV e 15 kV) postos de transformação públicos e
particulares.
O concelho é atravessado por um gasoduto de alta pressão com uma estação de
redução sensivelmente a meio do percurso. Daí partem os gasodutos de média pressão que
alimentam os clientes industriais e as redes de distribuição urbanas em baixa pressão.
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2.2. Identificação das componentes do risco
2.2.1. Perigos
As fontes potenciais de dano, que podem ocasionar situações perigosas no concelho
de Águia Vitória são definidas utilizando a lista de verificação da ANPC, complementada com a
inclusão de perigos sociais. (ANPC, Guia para a Caracterização de Risco, 2009)
2 - Identificação de perigos possíveis no concelho
Classe Ordem Tipo Aplicação
Perigos Naturais
Geológicos Sismo Sim
Tsunami Sim
Vulcanismo Não
Erosão costeira Sim
Colapso de cavidades subterrâneas naturais Não
Hidrológicos Cheias e Inundações Sim
Movimentos de massa em vertente Sim
Seca Sim
Efeito de Maré Sim
Extremos climáticos
Precipitação intensa Sim
Granizo Sim
Nevão Não
Tempestades elétricas Sim
Tornados e trombas de água Sim
Calor extremo Sim
Frio extremo Sim
Perigos tecnológicos
Urbanos Incêndios em edifícios Sim
Colapso de estruturas Sim
Industriais Acidente em estabelecimento Seveso Sim
Acidente em parque industrial Sim
Acidente em indústria pirotécnica ou de explosivos Não
Acidente em instalações de combustíveis Sim
Emergências radiológicas Sim
Transportes Acidente grave de tráfego Sim
Acidente no transporte de matérias perigosas Sim
Vias e infra estruturas
Colapso de tuneis, pontes e outras obras de arte Sim
Rotura de barragens Não
Acidentes em condutas de substâncias perigosas Sim
Colapso de galerias e minas Não
Perigos mistos
Ambientais Incêndios Florestais Sim
Acidentes de poluição Sim
Perigos sociais Terrorismo Sim
Desordem Civil Sim
Eventos com grande concentração popular Sim
Pandemias Sim
Outros Sim
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2.2.2. Vulnerabilidades
Na generalidade o concelho não apresenta vulnerabilidades específicas.
Para o recetor “Pessoas” as vulnerabilidades principais são os normais grupos de risco,
idosos, crianças, pessoas com mobilidade reduzida e as situações e locais de concentração de
pessoas, sobretudo em espaços edificados, hospital, escolas, edifícios públicos, edifícios de
serviços e espaços comerciais.
Relativamente ao recetor “Ambiente” a área de vulnerabilidade acentuada é o Paul do
Noitibó. As matas da Serra das luzes e a Enseada de Bonifácio apresentam vulnerabilidades a
classes de risco específicas. Isto será detalhado na Análise e Avaliação do Risco.
No recetor “Socioeconomia” existem diversas vulnerabilidades em tipos diferentes de
elementos.
No edificado existem construções com vulnerabilidade acrescida ao risco sísmico. As
edificações anteriores a 1970 foram construídas sem ter em conta as ações sísmicas. Isto inclui
60 a 70% das construções não urbanas, todo o centro histórico de Águia Vitória, a vila antiga
de Bonifácio e os núcleos iniciais de Foz do Teiva e Serra. Inclui ainda a grande maioria dos
edifícios públicos, nomeadamente o Hospital, o Hospital Termal, o edifício sede da Autarquia e
várias escolas primárias e secundárias.
A via-férrea origina uma vulnerabilidade agravada por atravessar a sede do concelho e
servir como eixo de transporte a matérias perigosas.
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2.3. Critérios para a Apreciação do Risco
A primeira questão a abordar para a definição de critérios para a Apreciação do Risco é
a definição de objetivos, destinatários e âmbito de trabalho do Serviço Municipal de Proteção
Civil.
A Lei de Bases da Proteção Civil indica ”A proteção civil é a atividade desenvolvida pelo
Estado, Regiões Autónomas e autarquias locais, pelos cidadãos e por todas as entidades
públicas e privadas com a finalidade de prevenir riscos coletivos inerentes a situações de
acidente grave ou catástrofe, de atenuar os seus efeitos e proteger e socorrer as pessoas e
bens em perigo quando aquelas situações ocorram”.
Os conceitos chave desta definição são riscos e acidente grave ou catástrofe e as
expressões operativas são prevenir, proteger, atenuar.
Acidente Grave ou Catástrofe estão definidos na Lei de Bases, no artigo 3º, onde se
pode ler; “Acidente grave é um acontecimento inusitado com efeitos relativamente limitados
no tempo e no espaço, suscetível de atingir as pessoas e outros seres vivos, os bens ou o
ambiente,” e “Catástrofe é o acidente grave ou a série de acidentes graves suscetíveis de
provocarem elevados prejuízos materiais e, eventualmente, vítimas, afetando intensamente as
condições de vida e o tecido socioeconómico em áreas ou na totalidade do território
nacional”.
Sendo risco a combinação da probabilidade de ocorrência de um dano com a
gravidade desse dano, as definições anteriores indicam claramente quem são os recetores de
dano a que a atividade da Proteção Civil se aplica. São “as pessoas e outros seres vivos, os bens
ou o ambiente”.
Estando definido o recetor é necessário caraterizar a fonte. A Lei de Bases, refere no
artigo 47.º “riscos coletivos de origem natural, humana ou tecnológica”, mas esta formulação
não é aplicada à atividade operacional mas unicamente a estudos e outros trabalhos de
preparação para a ação.
Já o artigo 10.º do Decreto-Lei n.º 134/2006, de 25 de Julho (SIOPS) referindo-se à
componente operacional da Proteção Civil indica “riscos naturais, tecnológicos e da atividade
humana”.
Assim neste trabalho iremos considerar “naturais, tecnológicos e da atividade
humana” como os tipos de fontes para o Risco e “as pessoas e outros seres vivos, os bens ou o
ambiente” como o recetor do Risco. A identificação de risco será feita com base nestas
definições.
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2.3.1. Caracterização do Risco
A caracterização do risco utiliza 2 fatores, a probabilidade da ocorrência de uma
situação perigosa e a severidade da materialização dessa probabilidade. Cada um destes
fatores necessita de uma valoração, sendo a caracterização do risco o resultado da
combinação dessas valorações. Para isso criamos classes de valor para cada um dos fatores.
A escala de grau de probabilidade utilizada, apresenta 5 classes de probabilidade,
Baixa, Média-baixa, Média, Média-Alta e Elevada. A definição destas classes é dada na tabela.
(ANPC, Guia para a Caracterização de Risco, 2009)
3 - Escala de probabilidade de ocorrência de situações perigosas.
Grau Probabilidade Tipo
Baixa 2⋅10
-3
Poderá ocorrer apenas em circunstâncias excecionais. Pode ocorrer uma vez em cada 500 anos ou mais.
Média-Baixa 1⋅10
-2
Não é provável que ocorra; Não há registos ou razões que levem a estimar que ocorram; Pode ocorrer uma vez em cada 100 anos.
Média 2⋅10
-2
a 5⋅10
-2
Poderá ocorrer em algum momento; E ou com uma periodicidade incerta, aleatória e com fracas razões para ocorrer; Pode ocorrer uma vez em cada 20 anos. Pode ocorrer uma vez em períodos de 20-50 anos.
Média-Alta 1⋅10
-1 (10%)
a 2⋅10
-1 (20%)
Irá provavelmente ocorrer em quase todas as circunstâncias; E ou registos regulares de incidentes e razões fortes para ocorrer; Pode ocorrer uma vez em cada cinco anos. Pode ocorrer uma vez em períodos de 5-10 anos.
Elevada
99%
É expectável que ocorra em quase todas as circunstâncias; E ou nível elevado de incidentes registados; E ou fortes evidências; E ou forte probabilidade de ocorrência do evento; E ou fortes razões para ocorrer; Pode ocorrer uma vez por ano ou mais
Os graus são apresentados descritivamente e como probabilidade, esta é calculada
como o inverso do período de retorno indicado descritivamente.
O aspeto primordial na caracterização do risco é o resultado da materialização da
ocorrência sobre os recetores. Estes são A preocupação e toda a ação da Proteção Civil é
exercida com o fim de evitar, prevenir, atenuar e socorrer as pessoas e outros seres vivos, os
bens ou o ambiente. A envolvente externa, os recetores, faz parte de uma realidade viva,
portanto, mutável e diversificada. O impacto de uma situação perigosa, ao ocorrer, é variável
de acordo com a vulnerabilidade e exposição dos componentes elementares da envolvente
externa e estes fatores são variáveis ao longo do tempo. Logo é necessário considerar estas
características ao caracterizar a severidade do impacto de uma situação específica sobre a
envolvente. A caracterização terá de ser feita em termos médios já que a envolvente está em
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permanente transformação. A precisão da média alcançada depende da qualidade e
quantidade da informação relevante recolhida no processo. A escala de grau de severidade
utilizada, considera 5 classes de severidade, (Residual, Reduzida, Moderada, Acentuada,
Crítica) para cada um dos seguintes grupos de recetores (Pessoas, Ambiente, Socioeconomia),
numa definição baseada no CT9 da ANPC, mas com alterações. (ANPC, Guia para a
Caracterização de Risco, 2009). Deve ter-se em conta que as definições de severidade não são
absolutas, são para qualificar situações no âmbito da proteção civil. Um assalto violento com
vítimas, um atropelamento fatal ou o derrame de efluente não tratado de uma suinicultura
não são casos de proteção civil.
4 - Escala de severidade das ocorrências
Classificação Impacto Descrição
Residual População Pequeno número de feridos mas sem vítimas mortais. Não há mudança/retirada de pessoas ou apenas de um número restrito, por um período curto (até 12 horas). Danos sem significado.
Ambiente Não há impacto no ambiente.
Socioeconomia Não há ou há um nível reduzido de constrangimentos na comunidade Danos mínimos.
Reduzida População Número significativo de feridos mas sem vítimas mortais. Algumas hospitalizações e retirada de pessoas por um período inferior a 48 horas. Alguns danos.
Ambiente Pequeno impacto no ambiente sem efeitos duradoiros.
Socioeconomia Disrupção (inferior a 24 horas). Perda financeira.
Moderada População Tratamento médico necessário, normalmente sem vítimas mortais. Diversas hospitalizações. Retirada de pessoas por um período superior a 48 horas. Danos significativos.
Ambiente Diversos impactos no ambiente sem efeitos duradoiros.
Socioeconomia Alguma disrupção na comunidade (menos de 48 horas). Alguma perda financeira.
Acentuada População Número elevado de feridos e de hospitalizações. Número elevado de retirada de pessoas por um período superior a 48 horas. Vítimas mortais. Danos significativos que exigem recursos externos.
Ambiente Alguns impactos com efeitos a longo prazo.
Socioeconomia Funcionamento parcial da comunidade com alguns serviços indisponíveis. Perda significativa e assistência financeira necessária.
Crítica População Grande número de feridos e de hospitalizações. Retirada em grande escala de pessoas por uma duração longa. Significativo número de vítimas mortais. Danos importantes.
Ambiente Impacto ambiental significativo e ou danos permanentes.
Socioeconomia A comunidade deixa de conseguir funcionar sem suporte significativo.
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A conjugação destas tabelas numa matriz de 5x5 origina 25 riscos tipo. Utilizando a
fórmula de cálculo R= P⋅S2 (que dá maior peso ao componente essencial do risco, os recetores)
os 25 risco-tipo são agrupados em classes de risco que irão representar graus de prontidão,
planeamento, mitigação, prevenção, etc. As classes criadas são AZUL – Baixo, AMARELO –
Moderado, LARANJA – Elevado, VERMELHO – Extremo.
5 - Matriz de cálculo do Risco
MATRIZ DE RISCO R=P⋅S
2
Grau de severidade
Residual Reduzida Moderada Acentuada Crítica
1 2 3 4 5
Gra
u de
prob
abili
dade
Elevada 5 5 20 45 80 125
Média-Alta 4 4 16 36 64 100
Média 3 3 12 27 48 75
Média-Baixa 2 2 8 18 32 50
Baixa 1 1 4 9 16 25
BAIXO MODERADO ELEVADO EXTREMO
RISCO SEVERI DADE
Residual Reduzida Moderada Acentuada Crítica
PR
OB
AB
ILID
AD
E
Elevada
Média-Alta
Média
Média-Baixa
Baixa
6 - Matriz de Risco
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2.3.2. Aceitação do Risco
Uma vez identificados os perigos, equacionadas as consequências e determinados os
riscos devem definir-se os procedimentos e ações a tomar em relação a estes. Para os
principais processos do Análise de Risco as respostas ao risco dividem-se em 4 categorias
(atitudes);
Eliminar (Evitar, Recusar) - Alterar o paradigma para eliminar totalmente o risco, protegendo
os recetores dos impactos deste risco eliminado.
Transferir Transferir o risco para um terceiro, transferindo os impactos e a responsabilidade.
O risco não é eliminado, e quase sempre envolve pagamentos àparte para quem se
transfere o risco.
Mitigar Reduzir a probabilidade ou impacto de um risco até um nível aceitável.
Aceitar Quando não é possível aplicar nenhuma das outras estratégias.
O Homem não consegue eliminar riscos naturais, no entanto pode decidir sobre a exis-
tência ou não de riscos tecnológicos, sociais ou mistos, decidindo o que e como instalar ou
executar. Essa decisão é da
competência das entidades
de gestão da sociedade e
escapa à Proteção Civil.
Cabe a esta dar parecer
sobre o risco de novos
projetos e atividades a
desenvolver no seu âmbito
territorial, mas isso tam-
bém está fora do âmbito
deste trabalho.
Para o PMEPC são
considerados perigos exis-
tentes com probabilidade
associada dificilmente mo-
dificável na generalidade
das situações e muito infe-
rior aos valores correspon-
dentes a critérios de acei-
tação automática existen-
tes nas sociedades moder-
nas. Neste contexto a acei-
tação é unicamente a defi-
nição de que riscos reque- 4 -Ciclo dos Desastres: Medidas Gerais de Mitigação do Risco (Adaptado de Mitigating Natural Disasters. Phenomena, Effects and Optins. United Nations, 1991)
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rem planos de mitigação e quais os que não o requerem. A decisão de implementar ou não os
planos de mitigação é novamente política e económica e portanto da competência dos órgãos
executivos eleitos.
Considera-se que os riscos da categoria BAIXO estão fora do âmbito da Proteção Civil
Municipal e portanto podem ser tratados como aceites. Para os restantes devem ser definidas
estratégias de Mitigação a propor às autoridades municipais que decidirão quais deverão ser
implementadas e quais os riscos aceites, não necessitando de mitigação. Os riscos
remanescentes após a aprovação e execução das medidas de mitigação são definidos como
riscos residuais e para estes deverão ser desenvolvidos planos de preparação e de resposta.
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2.4. Análise de Risco
Análise de risco efetuada nesta fase sem cartografia de risco nem dados estatísticos
não é extensiva. Iremos neste documento analisar e caraterizar os principais riscos
identificados.
2.4.1. Risco de Sismo
No âmbito do projeto “Seismotectonics and Seismic Hazard Assessment of the Mediter
ranean Basin” (SESAME), o grupo de trabalho da Comissão Sismológico Europeia (ESC) sobre a
avaliação do risco sísmico, produziu um modelo de fontes sísmicas que na área que nos
interessa propõe 3 fontes sísmicas a considerar. Uma fonte remota a SW do cabo de S.
Vicente, uma fonte próxima “Vale inferior do Tejo” e a fonte local “Falhas intraplaca do Oeste
e Nazaré” (Jimenez et al, 2011).
Para a fonte local sabemos poderem existir sismos com a magnitude de 6,4 Richter.
Para a generalidade dos autores consultados esta magnitude local corresponde a intensidade
de VIII em escala Mercalli modificada ou EMS98.
5 - Correspondência Richter/Mercalli. Extraido de “http://www.geology.ohio-state.edu/~vonfrese/gs100/lect05/”
As cartas de isosistas para o sismo de Benavente (vale inferior do Tejo, 1909) e para o
Grande Sismo de Lisboa (SW do Cabo de S. Vicente, 1755) (as outras 2 fontes sísmicas) não
indicam valores de intensidade superiores a VIII para o município, pelo que iremos considerar
a fonte local como a mais gravosa.
Todos os autores consultados consideram que o valor PGA (peak ground acceleration)
em (%g), que origina intensidade de escala VIII (EMS98), se situa entre 34 e 65. O projeto
SESAME (Jimenez et al, 2011) indica para esta região o valor PGA de 14 (%g) com probabilidade
de excedência de 10% em 50 anos. Logo a probabilidade de excedência para o valor de PGA 34
(%g) é muito inferior. Portanto a probabilidade de sismo com esta intensidade tem o grau
BAIXO.
No entanto, o modelo sísmico prevê a possibilidade de sismos de magnitude inferior
com uma frequência diferente. Logo deve considerar-se que a probabilidade de um sismo de
Intensidade VII (EMS98) deverá estar no grau MÉDIO-BAIXO.
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Do ponto de vista da severidade, devemos considerar que o sismo quando ocorre pode
desencadear outras situações perigosas, nomeadamente tsunami, colapso de cavidades
subterrâneas naturais, movimentos de massa em vertente. Essa apreciação no entanto não faz
parte deste ponto.
Diretamente o sismo provoca poucos danos a pessoas sendo normalmente as vítimas
causadas pelo colapso de estruturas, colapso este provocado pelo sismo. Portanto interessa-
nos analisar sobretudo o que poderá passar-se com as estruturas. Deste ponto de vista, a
intensidade VIII provoca danos em metade do edificado, com algum colapso total de
estruturas antigas e danos sérios em estruturas recentes (EMS98), corresponde portanto à
classificação de severidade CRITÍCA. A intensidade VII (EMS98) provoca danos correspondentes
à classificação de severidade ACENTUADA.
Em ambos os casos o risco é ELEVADO.
PERIGO P. S. R. CLASSIFICAÇÃO
SISMO DE INTENSIDADE ≥ VII 1 5 25 ELEVADO
SISMO DE INTENSIDADE ≥VIII 2 4 32 ELEVADO
2.4.2. Risco de Tsunami
Tsunami é uma situação perigosa desencadeada
pela ocorrência de um sismo no oceano (normalmente). No
catálogo de fontes sísmicas deste tipo encontra-se a fonte
“SW do cabo de S. Vicente”. A probabilidade de sismo com
capacidade para gerar Tsunami nesta fonte sísmica não
pode ser determinada. É seguramente menor que a proba-
bilidade de sismo de magnitude ≥8 e portanto Baixa. Por-
tanto considera-se o Risco como resultante de uma proba-
bilidade BAIXA. A Severidade resulta da área de terreno
possível de ser afetada. A área considerada inclui as sedes
das freguesias de Bonifácio e Foz do Teiva, englobando o porto de Bonifácio e a instalação TLB
com nível superior de perigosidade (Decreto-Lei n.º 254/2007 de 12 de Julho). Esta situação
ameaça diretamente a maioria de uma população residente de 35600 pessoas, uma população
turística variável de acordo com o período do ano e a possibilidade de danos ecológicos muito
elevados, muitos permanentes e outros com elevados custos e longo tempo de recuperação.
PERIGO P. S. R. CLASSIFICAÇÃO
TSUNAMI 1 5 25 ELEVADO
6 -Área de influência de Tsunami. Fonte CCDR-LVT
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2.4.3. Risco de Cheias e Inundações
As ribeiras do Oeste caracterizam-se por tempos de concentração curtos, na ordem
das 13 horas e portanto um regime de cheias súbitas. Em média a intensidade de precipitação
que origina o caudal de ponta de cheia é da ordem dos 60 mm pMda, para um período de
retorno de 20 anos.
O gráfico acima com dados recolhidos da estação meteorológica de Águia Vitória
indica uma probabilidade de ocorrência de cheia de grau MÉDIA-ALTA.
Os locais vulneráveis a cheia, onde poderão ocorrer inundações são a zona histórica de
Águia Vitória e pequenos povoamentos rurais na freguesia de Bonifácio.
As consequências são diferentes nos 2 locais. Na freguesia de Bonifácio as populações
estão historicamente habituadas à cheia e naturalmente organizadas para ela. A classificação
de severidade para esta zona é de RESIDUAL, originando risco de classe BAIXO.
Em Águia Vitória o centro histórico desertificou-se e o parque edificado está
envelhecido e descuidado. No entanto mantem-se uma forte ocupação comercial nos pisos
térreos e existe um movimento de reocupação com populações de trabalhadores migrantes de
fraca capacidade económica. Não se consegue garantir a inexistência de habitações
semiclandestinas em pisos abaixo da cota de cheia pelo que uma inundação intensa e rápida
pode ocasionar vítimas mortais. A classificação atribuída a severidade para este tipo de risco é
MODERADA. A classe de risco é ELEVADA.
PERIGO P. S. R. CLASSIFICAÇÃO
INUNDAÇÃO ÁGUIA VITÓRIA 4 3 36 ELEVADO
INUNDAÇÃO BONIFÁCIO 4 1 4 BAIXO
7 - Variação interanual da precipitação máxima diária anual no município
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2.4.4. Fenómenos Climáticos Extremos
A informação disponível sobre o número, frequência e tipo de FCE no concelho é
escassa. Só recentemente os serviços meteorológicos começaram a registar e caracterizar este
tipo de eventos. A probabilidade é portanto desconhecida. No âmbito nacional o FCE com
maior severidade é a “Onda de Calor” que por mais de uma vez ocasionou mortalidade muito
elevada nos grupos etários de maior risco. No entanto o fenómeno nunca se manifestou no
concelho, não tendo os alertas ultrapassado o nível amarelo.
Considerando as estimativas do IPMA para o território nacional atribuímos a este tipo
de fenómenos uma probabilidade MÉDIA-ALTA.
Estes fenómenos podem provocar danos, que podem variar de pouco elevados a
moderados, sem vítimas e sem danos ambientais. A severidade considerada é REDUZIDA. A
classe de risco é MODERADO
PERIGO P. S. R. CLASSIFICAÇÃO
EXTREMOS CLIMÁTICOS 2 2 8 MODERADO
2.4.5. Incêndios Urbanos e Colapso Edifícios
O incêndio urbano é um fenómeno cuja frequência se tem agravado nos últimos anos.
Essa realidade aparece associada ao envelhecimento tanto do parque habitacional como da
população e ao extremo aumento de idosos desacompanhados. Os eventos raramente
atingem proporções importantes, mas frequentemente provocam vítimas mortais.
A probabilidade é definida como ELEVADA e a severidade como ACENTUADA dada a
existência de vítimas. A classe de risco é portanto EXTREMO.
PERIGO P. S. R. CLASSIFICAÇÃO
INCENDIO URBANO 5 4 80 EXTREMO
2.4.6. Risco de Acidentes Industriais
O concelho de Águia Vitória dispõe de um bom ordenamento territorial quanto à
localização industrial, estando a grande maioria de unidades localizadas nos parques
industriais de Bonifácio e A-dos-Frangos. Persistem no entanto uma quantidade desconhecida
de pequenas oficinas, armazéns, produções semi-industriais em localizações e condições não
conhecidas. Até ao completo levantamento de toda a realidade do concelho a apreciação de
risco será feita unicamente sobre as unidades que produzem relatório de segurança e que são
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4. Neste momento iremos utilizar exclusivamente os cenários preconizados nos relatórios de
segurança, enquanto a apreciação em conjunto com as unidades prossegue.
A probabilidade de acidente caraterizada nos relatórios de segurança é maior que
0,3⋅10-6 pelo que este tipo de perigo aparecerá sempre no grau de probabilidade BAIXO.
Os critérios normalmente aceites para a caracterização da perigosidade na envolvente
das unidades, em acidente em estabelecimento de nível superior de perigosidade são dados na
tabela abaixo.
7 - Níveis de risco em acidente com matérias perigosas. (Fonte: APA)
Nível Radiação Térmica (kW/m2)
Sobrepressão (bar)
Toxicidade (AEGL-60)
Nível 1 3 0.003 AEGL-1 Nível 2 5 0.1 AEGL-2 Nível 3 7 0.17 AEGL-3
Existe uma situação em que é considerada possibilidade de uma nuvem tóxica num
raio que extravasa o perímetro fabril, invadindo o parque industrial com concentração AEGL-2
mas, fica distante de áreas urbanas. Existem 2 situações em Bonifácio e uma em A-dos-Frangos
em que a área de influência de radiação térmica e de sobrepressão atingem valores de 3
kW/m2 e 0,003 bar fora das instalações fabris, atingindo o parque industrial mas sem atingir
zonas urbanas. No caso da TLB os raios de influência de radiação térmica e sobrepressão
alcançam Bonifácio (Nível 1), e fugas em condutas de ligação entre o Porto e o
armazenamento podem ocasionar impactes ambientais muito significativos.
Nesta situação a classificação para severidade é CRÍTICA. O risco é da classe ELEVADO.
PERIGO P. S. R. CLASSIFICAÇÃO
ACIDENTE INDUSTRIAL “SEVESO” 1 5 25 ELEVADO
2.4.7. Risco de Acidente Grave de Tráfego
Os acidentes graves de tráfego podem existir tanto no transporte rodoviário como no
ferroviário. A probabilidade é diferente, mas associando os dois tipos de ocorrência
encontramos a categoria de probabilidade MÉDIA-ALTA. A severidade é muito variável mas
pode atingir o grau de severidade ACENTUADA. O Risco é EXTREMO
PERIGO P. S. R. CLASSIFICAÇÃO
ACIDENTE GRAVE DE TRÁFEGO 4 4 64 EXTREMO
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2.4.8. Risco de Acidente no Transporte de Matérias Perigosas
Na vertente rodoviária um índice (The Italian Association of Chemical Engineering)
disponível internacionalmente indica uma probabilidade de 5x10-07 em km/ano. Considerando
o percurso médio no concelho de 50 km por viagem e a frequência de seis viagens por dia útil
por unidade industrial obtemos a probabilidade 1,5x10-1. Isto corresponde a probabilidade
MÉDIA-ALTA.
A severidade depende do produto transportado e do local do acidente. No pior cenário
a severidade é MODERADA. O Risco é ELEVADO.
Na vertente ferroviária a probabilidade é menor estima-se MÉDIA e a consequência
pode atingir severidade CRÍTICA. O Risco é EXTREMO.
PERIGO P. S. R. CLASSIFICAÇÃO
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE MATÉRIAS PERIGOSAS
4 4 64 ELEVADO
TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE MATÉRIAS PERIGOSAS
4 5 100 EXTREMO
2.4.9. Incêndios Florestais
A possibilidade de incêndio florestal no município de águia vitória é anual existindo
sempre um período climatológico quente e seco propício a este tipo de ocorrência. A
probabilidade é portanto ELEVADA. A consequência é função da área ardida mas como
estamos em parque natural pode chegar a ACENTUADA. O risco é EXTREMO.
PERIGO P. S. R. CLASSIFICAÇÃO
INCÊNDIO FLORESTAL 5 4 80 EXTREMO
2.4.10. Terrorismo
O terrorismo é uma ameaça à segurança nacional e não cabe na definição de acidente
grave ou catástrofe. O ministério da tutela é o Ministério da Defesa e não a Administração
Interna. A natureza do Terrorismo faz deste uma atividade detetável mas não previsível. As
consequências de um evento deste tipo podem atingir uma severidade CRÍTICA.
Não se apresenta uma definição de risco mas o dispositivo municipal perante uma
situação de Alerta para terrorismo deve apresentar grau de prontidão igual ao definido para
risco EXTREMO.
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2.4.11. Desordem Civil
Este tipo de ocorrências também não configura as definições de acidente grave ou
catástrofe. O fator desencadeante é imprevisível, normalmente irrelevante. A apreciação
estatística das ocorrências registadas aponta para uma probabilidade ELEVADA.
As consequências podem envolver feridos em número moderado, eventualmente
vítimas mortais e danos às propriedades. Corresponde a uma gravidade MODERADA.
A combinação de probabilidade com severidade indica uma classe de risco ELEVADA.
Mas essa classe de risco não é atribuída. A coordenação nestas situações compete às Forças de
Ordem. O dispositivo municipal deve apresentar grau de prontidão igual ao definido para risco
ELEVADO.
2.4.12. Situações com animais perigosos
Os animais perigosos existentes no reptilário podem fugir. A probabilidade é BAIXA.
Alguns são venenosos, outros de consequências tóxicas ou irritantes dependendo da forma de
contacto e outros agressivos. Esta situação também não configura um acidente grave ou
catástrofe, embora possa ocasionar vítimas. A severidade é RESIDUAL. O risco é BAIXO.
PERIGO P. S. R. CLASSIFICAÇÃO
FUGA DE SERPENTES VENENOSAS 1 1 1 BAIXO
A responsabilidade por danos causados a pessoas e bens nesta situação cabe
inteiramente ao proprietário do reptilário. A Proteção Civil tem o dever de colaborar com o
proprietário na rápida solução do evento.
2.4.13. Eventos sociais com grande assistência.
Neste tipo de eventos podem gerar-se dinâmicas que originem situações perigosas
criando ameaças aos cidadãos. Também regularmente dadas as condições ambientais geradas
existem situações de pessoas requerendo assistência de saúde. A frequência com que estas
situações perigosas acontecem é ELEVADA. A severidade das consequências é normalmente
residual mas pode chegar a MODERADA. Assim a classe de risco pode ser BAIXO, MODERADO
ou ELEVADO, em função do evento específico. A classificação deverá ser atribuída caso a caso.
PERIGO P. S. R. CLASSIFICAÇÃO
EVENTO SOCIAL COM GRANDE ASSISTÊNCIA
5 3 45 ELEVADO
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2.5. Quadro Resumo
COD. PERIGO P. S. R. CLASSIFICAÇÃO
1 SISMO DE INTENSIDADE ≥ VII 1 5 25 ELEVADO
2 SISMO DE INTENSIDADE ≥VIII 2 4 32 ELEVADO
3 TSUNAMI 1 5 25 ELEVADO
4 INUNDAÇÃO ÁGUIA VITÓRIA 4 3 36 ELEVADO
5 INUNDAÇÃO BONIFÁCIO 4 1 4 BAIXO
6 EXTREMOS CLIMÁTICOS 2 2 8 MODERADO
7 INCENDIO URBANO 5 4 80 EXTREMO
8 ACIDENTE “SEVESO” 1 5 25 ELEVADO
9 ACIDENTE GRAVE TRÁFEGO 4 4 64 EXTREMO
10 TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE MATÉRIAS PERIGOSAS
4 4 64 ELEVADO
11 TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE MATÉRIAS PERIGOSAS
4 5 100 EXTREMO
12 INCÊNDIO FLORESTAL 5 4 80 EXTREMO
13 FUGA DE SERPENTES VENENOSAS 1 1 1 BAIXO
14 EVENTO SOCIAL COM GRANDE ASSISTÊNCIA
5 3 45 ELEVADO
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2.6. Estratégia de Mitigação dos Riscos
A estratégia para a mitigação dos riscos passa sempre pelo binómio Prevenção,
Preparação.
Para isso, ir-se-ão definir medidas e adotar procedimentos que reduzam a
probabilidade, ou a magnitude/intensidade da situação perigosa ou reduzam a vulnerabilidade
ou a exposição dos recetores.
Estas medidas poderão ser técnicas, como melhorar os códigos de construção,
regularizar cursos de rio, limpar florestas, ou de planeamento, áreas de proteção, critérios
mais apurados para aceitação de projetos, ordenamento.
Com a preparação elaboram-se estudos, criam-se planos e programas e organizam-se
meios para melhorar a eficácia da resposta após uma ocorrência
Todas estas medidas falharão ou serão de eficácia reduzida caso a sociedade, as
pessoas, tenham uma perceção incorreta do risco. Percecionar o risco é saber que o risco
existe, qual o perigo que o carateriza, qual a probabilidade de que ocorra, qual a consequência
possível, quais os comportamentos que o potenciam ou promovem, qual deve ser a atitude a
tomar quando ocorra. A sinalização de trânsito é um exemplo de informação que melhora a
perceção. O condutor é informado que vai entrar num cruzamento e outra viatura pode surgir
lateralmente, que a via é menos segura quando chove, etc. Mas o mesmo cidadão vê um sinal
de falésia instável, considera irrelevante e senta-se confortavelmente à sombra da mesma.
Esta postura que maximiza a exposição deve ser combatida com campanhas de informação e
esclarecimento às populações e grupos sensíveis.
Um planeamento da mitigação do risco deve ser desenvolvido tendo em conta o
resultado da apreciação do risco, dedicando maior prioridade aos riscos de maior gravidade.
As ações a considerar podem ser, tendo em conta o quadro resumo:
11. Programar novo percurso da via-férrea fora do perímetro urbano de Águia Vitória.
11. Condicionar horário e condições de circulação de matérias perigosas no traçado atual.
11. Inspecionar regularmente a via-férrea no interior da cidade.
12. Aumentar a densidade de postos de observação.
12. Promover a limpeza da floresta pública e privada.
12. Informar a população especialmente a agrícola sobre o perigo de queimadas.
12. Motivar a participação dos jovens na vigia da floresta.
12. Mobilizar o Clube “Motard” para inspecionar as florestais em períodos de risco.
7. Informar a população urbana sobre comportamentos de risco.
7. Criar a obrigatoriedade de seguro de incêndio em edifícios do centro histórico.
7. Organizar campanha para a instalação de deteção nas habitações.
9. Rever o tratamento de pontos negros.
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9. Rever a situação de zonas perigosas e “ratoeiras” não sinalizadas.
9. Promover a limpeza de bermas.
10. Criar corredores para a circulação de matérias perigosas.
10. Sinalizar os corredores para informar outro trânsito.
14. Organizar planos de contingência com os promotores dos eventos.
4. Condenar as habitações no centro histórico situadas a cota inferior ao máximo de cheia.
4. Alertar os comerciantes para a necessidade de seguros adequados.
4. Promover a instalação de taipais de proteção nos vãos térreos do centro histórico.
4. Promover a atitude de auto proteção.
2. Informar a população sobre comportamentos de auto proteção em situação de sismo.
2. Promover a recuperação/reforço estrutural de edifícios públicos chave.
2. Motivar os proprietários de edifícios vulneráveis para ações de recuperação/reforço
estrutural.
1. O mesmo que 2.
3. Informar a população afetada sobre o risco e comportamentos adequados perante
ocorrência.
3. Promover a formação de trabalhadores da indústria turística sobre o risco e sobre
comportamentos a ter e planos a elaborar.
8. Promover a criação de comissões de segurança conjunta nos parques industriais de
Bonifácio e A-dos-Frangos.
8. Assegurar que as unidades de NSP informam as empresas no seu parque industrial sobre
os riscos possíveis fora do perímetro fabril e quais os comportamentos e medidas a
tomar. Assegurar que as empresas afetadas por possível ocorrência fazem formação e
preparação dos trabalhadores.
8. Elaborar planos de emergência externos.
8. Promover a informação da população de Bonifácio sobre os riscos com TLB.
6. Promover informação à população sobre os riscos e quais as medidas de auto proteção a
tomar.
6. Levantar existência de grupos de risco.
1. Assegurar que o proprietário dispõe de meios adequados para localizar animais
evadidos (RFID).
1. Assegurar que o proprietário dispõe de reserva de antídotos apropriada para qualquer
emergência.
Por fim os planos e ações de prevenção e preparação devem ser permanentemente
monitorizados e avaliados para garantir a sua adequação.
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Definições
Risco - combinação da probabilidade de ocorrência de um dano com a gravidade desse dano.
Identificação de risco - processo de determinar, reconhecer e descrever os riscos.
Dano – Ocorrência de lesões ou danos para a saúde das pessoas ou danos a propriedades ou
ao meio ambiente. (Consequência)
Perigo – Fonte potencial de dano.
Evento - Ocorrência ou mudança de um determinado conjunto de circunstâncias.
Situação perigosa - circunstância em que as pessoas, os bens ou o ambiente estão expostos a
um ou mais riscos. (Evento perigoso)
Segurança - Ausência de risco inaceitável.
Risco aceitável/tolerável - risco que é aceite num determinado contexto, com base nos
valores atuais da sociedade.
Análise do risco – Utilização sistémica das informações disponíveis para identificar os perigos
e estimar o risco.
Medida de redução do risco - Qualquer ação, método ou meios para eliminar perigos ou
reduzir os riscos.
Risco residual - Risco remanescente após terem sido tomadas medidas de redução de risco.
Avaliação do risco - Procedimento baseado na análise de risco para determinar se um risco
tolerável foi alcançado.
Apreciação do risco - Processo global que inclui identificação, análise e avaliação do risco.
Probabilidade - Medida da possibilidade de ocorrência expressa como um número entre 0 e
1, onde 0 representa a impossibilidade e 1 a certeza absoluta.
Frequência - Número de eventos ou resultados por unidade definida de tempo.
Possibilidade – Possibilidade de que uma ocorrência se verifique por comparação com outra
ou outras. A palavra "Potencialidade (likelihood)" é utilizada para referir a possibilidade de
algo acontecer, definido medido ou determinado objetivamente ou subjetivamente,
qualitativa ou quantitativamente e descrito usando termos gerais ou matematicamente (uma
probabilidade ou uma frequência).
Recetor – Pessoas, bens e ambiente expostos a um ou mais riscos.
Consequência - Resultado de um evento que afeta recetores.
Severidade – Grau de magnitude /intensidade da consequência.
Exposição – Grau ao qual um recetor é submetido a um evento.
Vulnerabilidade - Propriedade intrínseca de um recetor a uma fonte de risco que pode
ocasionar uma situação perigosa com consequência.
Indeterminação – Situação em que não podemos saber se algo que identificámos como
possível se tornará realidade.
Incerteza – Incapacidade de precisar em que medida a possibilidade de ocorrência, incluindo
se caso disso a frequência, é conhecida.
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