aqui o remedio e a palavra

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O Projeto 4 Varas, um achado para a gente pobre abandonada nas comu- nidades — e por que não para gente rica também? — parece simples nas palavras de Adalberto de Paula Barreto. Essa simplicidade talvez venha de seu amplo currículo. Três graduações, em Medicina (UFC), Filosofia e Teologia (França e Itália), dois doutorados, em Psiquiatria pela Universidade René Descartes, a antiga Paris V, sobre “a comunicação com a família do esquizofrênico”, e em Antropologia, pela Université Lyon 2, sobre “a medicina popular no sertão do Ceará hoje”. Quem sabe venha da experiência de 20 anos em terapia co- munitária, cujo primeiro pólo ele criou em 1986 com tanto êxito que já supera os 500 mil atendimentos. Mais provável que seja a combinação de academia e prática, bem ao gosto dele. Na terapia comunitária, a medi- cina convencional do PSF se escora nas medicinas populares e no acolhimento ao desabafo. Antes de mais nada, todos falam, ouvem e se vêem uns nos outros — a relação do espelho de Freud. “Aqui o remédio é a palavra”, diz Adalberto nesta entrevista dada à Radis em de- zembro na sede do 4 Varas. Como entender o Projeto 4 Varas? Entre patologia e sofrimento. Temos um posto de saúde do PSF e lá se trabalha a patologia, com médico, enfermeiro, dentista. Aqui se trabalha o sofrimento e a promoção da saúde, usando curan- deiros e recursos disponíveis da cultura, como massagem, argila com as pedras mornas, banho de ervas e rezas. Então, são duas medicinas complementares: lá, a patologia com os especialistas; aqui se trabalha o sofrimento promovendo a saúde e reduzindo os danos. Para que as redes? Temos as redes armadas para as pessoas se deitarem. A casa acolhe o so- frimento, a dor da alma numa massagem, por exemplo. Observamos que a maior parte das pessoas que geralmente vão aos postos de saúde quer ser acolhida e desabafar, e muitos hospitais e postos estão medicalizando o sofrimento, os problemas existenciais. Uma mãe ansiosa e desesperada porque o filho entrou no mundo das drogas precisa de um psico- trópico para dormir ou ser acolhida? Na massagem ela pode chorar, falar e com- preender. Essa é a distinção que quere- mos fazer aqui, uma medicina científica e popular que aja de forma complementar. Não estão em competição, não estão brigando pela patologia. Como funciona? São seis massoterapeutas pagos pela prefeitura. As pessoas encaminhadas pelo SUS recebem a massagem gratuitamente. Vem gente da comunidade mandada pe- los médicos do PSF, dos CAPS. Fazem 10 massagens duas ou três vezes por semana e participam da terapia comunitária, de resgate da auto-estima. É a terapia comunitária virando política pública do Ministério da Saúde. A Fiocruz vai ter um pólo formador desta metodologia. Essa união com a medicina alternati- va é o ideal para a saúde pública? Acho que sim. Não diria medicina alternativa, porque o alternativo pressu- põe a exclusão do diferente. Eu chamaria de medicinas complementares. Temos um modelo biomédico centrado na pa- tologia, no medicamento, uma medicina muito cara. Mas existe no cotidiano muito sofrimento decorrente do estresse, da educação dos filhos, do desemprego. Este sofrimento no passado era tratado por benzedeiras, padres, pajés, havia essas instituições de escuta, de apoio. Com a modernização da sociedade, a tendência é jogarmos isso fora e medicalizarmos o sofrimento. Quando vim para a favela, dei-me conta de que a maior parte das pessoas que vinham falar comigo trazia uma dor na alma que psicotrópicos não resolveriam. Não que eu seja contra: cabem em determinados momentos. Percebi que se ficasse medicalizando os problemas existenciais acrescentaria mais sofrimento. Descobri que não podia exercer a psiquiatria do mesmo jeito do hospital, onde diagnostico e prescrevo medicamentos. Mesmo quando podia prescrever as pessoas não podiam com- prar. Essas foram algumas dificuldades. Estar na comunidade também é um diferencial do projeto? A gente contextualiza melhor esse sofrimento. Quando uma pessoa diz que está com insônia, a insônia é o sofrimen- to e a cura é voltar a dormir. A tendência é prescrever um psicotrópico. Quando se está na comunidade e vem uma mu- lher chorando, com insônia ou engasgo porque a filha de 14 anos engravidou, essa mulher precisa de um psicotrópico, um benzodiazepínico? Ou precisa ser desengasgada pela própria comunidade? Quando a boca cala os órgãos falam: se essa mulher não se desengasgar hoje en- tra em processo depressivo, de doença mesmo. Então, a terapia comunitária, numa proposta inicial, é criar um espaço de palavra. Aqui o remédio é a palavra. Ela é para quem fala, é para quem ouve. Na troca a comunidade cria vínculos, vai se reconhecendo no apoio. Partindo de uma situação-problema, a mãe viu que 15 pessoas já viveram isso, inclusive na situação contrária: a filha que diz, eu também engravidei com 14 anos. Ela se vê na filha, a relação do espelho de Freud. E entende que tem que ter calma, sabedoria e tolerância. E gente que vem se tratar acaba tratando... A Cleinha, quando veio, era tam- bém uma pessoa entalada. Quando se curou começou a mandar pessoas, e de tanto mandar vi que tinha capilaridade na comunidade, capacidade de formar uma rede de apoio social. Veio o curso Adalberto Barreto “Aqui o remédio é a palavra” ENTREVISTA A.D. RADIS 67 • MAR/2008 [ 14 ]

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Adalberto Barreto

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  • RADIS 67 MAR/2008

    [ 14 ]

    O Projeto 4 Varas, um achado para a gente pobre abandonada nas comu-nidades e por que no para gente rica tambm? parece simples nas palavras de Adalberto de Paula Barreto. Essa simplicidade talvez venha de seu amplo currculo. Trs graduaes, em Medicina (UFC), Filosofia e Teologia (Frana e Itlia), dois doutorados, em Psiquiatria pela Universidade Ren Descartes, a antiga Paris V, sobre a comunicao com a famlia do esquizofrnico, e em Antropologia, pela Universit Lyon 2, sobre a medicina popular no serto do Cear hoje. Quem sabe venha da experincia de 20 anos em terapia co-munitria, cujo primeiro plo ele criou em 1986 com tanto xito que j supera os 500 mil atendimentos. Mais provvel que seja a combinao de academia e prtica, bem ao gosto dele.

    Na terapia comunitria, a medi-cina convencional do PSF se escora nas medicinas populares e no acolhimento ao desabafo. Antes de mais nada, todos falam, ouvem e se vem uns nos outros a relao do espelho de Freud. Aqui o remdio a palavra, diz Adalberto nesta entrevista dada Radis em de-zembro na sede do 4 Varas.

    Como entender o Projeto 4 Varas?Entre patologia e sofrimento. Temos

    um posto de sade do PSF e l se trabalha a patologia, com mdico, enfermeiro, dentista. Aqui se trabalha o sofrimento e a promoo da sade, usando curan-deiros e recursos disponveis da cultura, como massagem, argila com as pedras mornas, banho de ervas e rezas. Ento, so duas medicinas complementares: l, a patologia com os especialistas; aqui se trabalha o sofrimento promovendo a sade e reduzindo os danos.

    Para que as redes?Temos as redes armadas para as

    pessoas se deitarem. A casa acolhe o so-frimento, a dor da alma numa massagem, por exemplo. Observamos que a maior parte das pessoas que geralmente vo aos postos de sade quer ser acolhida e desabafar, e muitos hospitais e postos esto medicalizando o sofrimento, os problemas existenciais. Uma me ansiosa

    e desesperada porque o fi lho entrou no mundo das drogas precisa de um psico-trpico para dormir ou ser acolhida? Na massagem ela pode chorar, falar e com-preender. Essa a distino que quere-mos fazer aqui, uma medicina cientfi ca e popular que aja de forma complementar. No esto em competio, no esto brigando pela patologia.

    Como funciona?So seis massoterapeutas pagos pela

    prefeitura. As pessoas encaminhadas pelo SUS recebem a massagem gratuitamente. Vem gente da comunidade mandada pe-los mdicos do PSF, dos CAPS. Fazem 10 massagens duas ou trs vezes por semana e participam da terapia comunitria, de resgate da auto-estima. a terapia comunitria virando poltica pblica do Ministrio da Sade. A Fiocruz vai ter um plo formador desta metodologia.

    Essa unio com a medicina alternati-va o ideal para a sade pblica?

    Acho que sim. No diria medicina alternativa, porque o alternativo pressu-pe a excluso do diferente. Eu chamaria de medicinas complementares. Temos um modelo biomdico centrado na pa-tologia, no medicamento, uma medicina muito cara. Mas existe no cotidiano muito sofrimento decorrente do estresse, da educao dos fi lhos, do desemprego. Este sofrimento no passado era tratado por benzedeiras, padres, pajs, havia essas instituies de escuta, de apoio. Com a modernizao da sociedade, a tendncia jogarmos isso fora e medicalizarmos o sofrimento. Quando vim para a favela, dei-me conta de que a maior parte das pessoas que vinham falar comigo trazia uma dor na alma que psicotrpicos no resolveriam. No que eu seja contra: cabem em determinados momentos. Percebi que se fi casse medicalizando os problemas existenciais acrescentaria mais sofrimento. Descobri que no podia exercer a psiquiatria do mesmo jeito do hospital, onde diagnostico e prescrevo medicamentos. Mesmo quando podia prescrever as pessoas no podiam com-prar. Essas foram algumas difi culdades.

    Estar na comunidade tambm um diferencial do projeto?

    A gente contextualiza melhor esse sofrimento. Quando uma pessoa diz que est com insnia, a insnia o sofrimen-to e a cura voltar a dormir. A tendncia prescrever um psicotrpico. Quando se est na comunidade e vem uma mu-lher chorando, com insnia ou engasgo porque a fi lha de 14 anos engravidou, essa mulher precisa de um psicotrpico, um benzodiazepnico? Ou precisa ser desengasgada pela prpria comunidade? Quando a boca cala os rgos falam: se essa mulher no se desengasgar hoje en-tra em processo depressivo, de doena mesmo. Ento, a terapia comunitria, numa proposta inicial, criar um espao de palavra. Aqui o remdio a palavra. Ela para quem fala, para quem ouve. Na troca a comunidade cria vnculos, vai se reconhecendo no apoio. Partindo de uma situao-problema, a me viu que 15 pessoas j viveram isso, inclusive na situao contrria: a fi lha que diz, eu tambm engravidei com 14 anos. Ela se v na fi lha, a relao do espelho de Freud. E entende que tem que ter calma, sabedoria e tolerncia.

    E gente que vem se tratar acaba tratando...

    A Cleinha, quando veio, era tam-bm uma pessoa entalada. Quando se curou comeou a mandar pessoas, e de tanto mandar vi que tinha capilaridade na comunidade, capacidade de formar uma rede de apoio social. Veio o curso

    Adalberto Barreto

    Aqui o remdio a palavra

    ENTREVISTA

    A.D.

    RADIS 67 MAR/2008

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  • RADIS 67 MAR/2008

    [ 15 ]

    e a convidei. Dona Zilma era doida de pedra, algum disse que era curandeira tambm. Um dia estvamos numa terapia e uma pessoa passava mal: ela disse que era um encosto. Ento, eu disse, se a senhora sabe o que , vai fazer, eu no sei. Ela foi, outras pessoas comearam a pedir que ela rezasse e depois no deu mais tempo de endoidar. Dona Francisca me trouxeram neoleptizada, tomava vrios remdios, babando. Algum me disse, ela rezadeira da umbanda. Eu disse a ela, os meus remdios no do conta de tanto sofrimento. Ela olhou para mim babando e disse: voc acredita que eu vou fi car boa? A senhora no nasceu assim, vai fi car boa. Fui tirando a medica-o e orientando, terapia e conversando. Hoje uma das nossas curandeiras.

    Abordagem que olha mais a sade do que a doena...

    Por isso d certo. Nossas rezadeiras so pessoas desvalorizadas em busca de valor. O doutor no cura cncer, a minha reza cura cncer, dizia, para se valorizar. O meu trabalho tem sido dizer: a me-dicina de vocs no para combater a patologia, eu cuido da promoo da sa-de. A as duas medicinas se aproximam, se valorizam e so complementares. Cada uma rica naquilo em que a outra pobre. A medicina popular rica no afeto, no acolhimento, mas pobre no tratamento da patologia. J a medicina cientfi ca rica no arsenal de antibiti-cos e psicotrpicos, mas humanamente uma favela existencial. Quando me aproximei dela aprendi a acolher melhor e a valorizar os recursos que se tem. Agreguei valor ao ato mdico.

    Explique melhor.Desde o incio a nossa pedagogia

    centrada na competncia, e no na carncia. Vivemos num modelo de in-fl uncia judaico-cristo que valoriza o que no funciona, o pecado, o negativo. Esse modelo desestabiliza o indivduo, culpabiliza o outro. A pessoa culpabiliza-da se desestabiliza e busca o salvador. O modelo do salvador da ptria se baseia na carncia e no negativo. A nossa imprensa s evidencia o que no funciona, o que funciona no d notcia. A educao a mesma coisa: seu fi lho faz tudo normal, ningum diz nada, mas se faz alguma coisa errada, o sermo deste tamanho. Ningum quer compreender o que funcio-na, porque no d status. Sempre conto uma histria sobre dois ndios tomando banho num rio e vem duas crianas morrendo afogadas. Salvaram os dois, apareceram quatro, oito, 16. Um dos ndios disse: voc salva o que puder que eu vou ver quem est jogando esses me-ninos na gua. O ndio que fi cou salvando os afogados a nossa medicina curativa:

    acha que s ela salva, tem as estatsticas, precisa de bons salrios, de melhores condies etc. e tem um discurso crti-co desvalorizador de quem vai fazer a preveno e a promoo da sade, que considera turista, sonhador.

    A medicina popular...Nossa luta dizer: voc que est

    salvando o outro, teu trabalho to im-portante quanto o de quem est fazendo a preveno e a promoo da vida. A, no ano passado veio o estudo de impacto da terapia comunitria: 2 mil questionrios em dois estados, 88% dos problemas resolvidos in loco, apenas 11,5% enca-minhados aos postos de sade.

    Ela j existe em todo pas? Hoje, sim. J treinei 11 mil tera-

    peutas comunitrios, temos 30 plos formadores no Brasil a Fiocruz ser o 31. J foi criada a Associao Bra-sileira de Terapia Comunitria (www.abrapecom.org.br). O impacto foi esse: apenas 11,5% dos problemas encaminha-dos aos postos. Multiplique isso por mi-lhares... H um enxugamento nos postos de sade, ou seja, o ndio ou o mdico que salva os que esto morrendo con-tinua salvando, respira melhor. Ento, nossa idia complementar o cuidado. Ns na promoo tambm tendemos a ridicularizar e menosprezar o trabalho da medicina cientfi ca, mas precisamos tanto dela como ela da nossa.

    A expectativa de trabalho do PSF... Exatamente. A academia produz

    conhecimento, mas a experincia de vida tambm. Tenho observado: damos melhor o que no recebemos, ensinamos melhor o que precisamos aprender. As que no foram amadas e foram rejeitadas esto acolhendo, as que foram violenta-das esto dando massagem, acolhendo a dor do outro. At hoje uso a metfora: a ostra que no foi ferida no produz p-rola. A prola resposta a uma agresso. Toda famlia est ferida. As vitrias do ano so: meu marido deixou de beber, comprei minha casa, arranjei emprego. Se as pessoas arranjam emprego fi cam mais autnomas, conquistam as coisas. Ns intervimos nos determinantes sociais da sade, evitamos que essa pessoa vire cardiopata, diabtica, e daqui a 15, 20 anos precise de tratamento carssimo. Nosso trabalho intervir nos determi-nantes sociais usando os recursos da comunidade, a argila, as mos, a msica e a sabedoria produzidas pelas carncias de vida. Eles faziam isso no anonimato, sem reconhecimento. Minha funo ofi cializar esse poder.

    Que conselho dar a quem est se formando em terapia comunitria ou

    se interessou e no sabe por onde comear?

    O curso se faz para acabar com a mania de querer curar o povo. Temos duas fontes geradoras de competncia, a academia e a experincia de vida. O saber da academia nos d iden-tidade profi ssional como mdico, dentista e enfermeiro, o salrio financeiro, o saber pela com-petncia. No sofrimento temos ainda o salrio afetivo: no preciso ser mdico, enfermeiro, no precisa ter faculdade para exercer a terapia comunitria; no precisa ser psiclogo porque no vai fazer anlise, no precisa ser mdico porque no vai prescrever remdio. Precisa ter engajamento com a comunidade, uma ao cidad que transcenda classe social, profi sses. Cui-dando do outro, curo a mim mesmo.

    Como a capacitao?So quatro mdulos em quatro

    dias em regime de internato, com intervalo de dois meses, ao longo de um ano. As pessoas vo aprendendo as tcnicas de como garimpar a prola das feridas da vida. Comeam por um trabalho pessoal. Como ser um trabalho de acolher o outro e escu-tar, tem que aprender a valorizar e a escutar. muito prazeroso, porque alm do salrio fi nanceiro h o salrio afetivo. Partimos do pressuposto de que a primeira escola a famlia, e o primeiro mestre, a criana que fomos. Com a minha criana aprendi muita coisa. Numa famlia em que os pais se disputam de forma injusta, a criana que observa se torna mediadora. Sem-pre atribumos competncia a um livro que lemos, a um curso, jamais ao que vivenciamos. Na terapia comunitria, fazemos a pessoa perceber que a competncia dela se inscreve em sua histria de vida. Com mulheres injus-tiadas pelos maridos descobre-se que em casa a me vivera esta situao. Compreender isso d empoderamento, capacidade para um trabalho genial. O seu Zequinha fala errado, mas quando no estou dirige toda a terapia. Como ele entendeu o esprito, ele faz.

    Sem ser mdico nem enfermeiro...Diria que para ser terapeuta comu-

    nitrio tem-se que gostar de trabalhar com comunidade, tem que aceitar fazer um trabalho sobre si mesmo para desconstruir os modelos mentais que nos foram construdos. No precisa ser mdico nem enfermeiro. Se for, agrega valor. Vai descobrir que no o salvador nem o bombeiro da ptria: vamos encon-trar solues partilhadas. A pessoa tem o problema, ns temos problemas e a soluo vem da partilha. (A.D.L.)

    RADIS 67 MAR/2008

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