aquele azul

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Aquele Azul Maria Judite de Carvalho

Aquele AzulMaria Judite de CarvalhoLeitura do textoChernobyl

1.1 Aquela espcie de degraus foi cavada pelo tempo.

1.2 Respirava com facilidade e no tateou nenhum obstculo.

1.3 Uma espcie de sala grande, paredes verticais, o teto arredondado e o cho irregular, com uma vala no centro.

1.4 Achou que estava junto ao leito seco de um rio. Sentiu medo face ao desconhecido.2.1 Foi percorrido por uma onda de felicidade, sentiu-se como se voasse (I. 16-18) "flutuava"; "como se levitasse". Sensaes completamente novas, irrepetveis na frgil vida (I. 22-24).

2.2 Nunca vira nada semelhante nenhuma flor, nenhum pedao de cu, nada existia que pudesse ter-lhe dado a conhecer aquela cor.3.1 Pensou que estava numa gruta pr-histrica com pinturas rupestres. Foi a nica explicao que encontrou, baseadonas suas poucas referncias. Ouvira algum muito velho e sbio falar de umas grutas pintadas por homens" do princpio do mundo", de um tempo muito anterior catstrofe que quase destrura totalmente a vida no planeta.

3.2 Um rosto de perfil, uma mo com um tubozinho branco entre os dedos, uma taa e umas letras.3.3 A existncia de letras revelou-lhe que era uma pintura feita por algum j conhecedor da escrita, por isso no podia ser pr-histrica. Era, pelos indcios do texto, o que sobrou de um anncio publicitrio, talvez a um whisky (whi_y), ou a uma marca de cigarros (o tubozinho entre os dedos).

4. O homem, que nunca tivera nada de seu, quis guardar o tesouro, que era a forma de o possuir. Decidiu instalar-se, com a famlia, ali perto, de modo a poder olhar, todos os dias, aquele maravilhoso azul.7. O homem reage instintivamente e, face ao desconhecido, tem medo: antes de acender a lmpada" receoso daquilo que podia ver, daquilo por quem podia ser visto", depois perceciona o teto como "perigosamente arredondado" e, face vala, sente um medo inexplicvel (1.15). Impede-o de explorar o espao (11.62-65). , igualmente, o medo, de outra natureza, que o percorre quando se afasta devagar (I. 90).

5. "e isso seria ..." a felicidade.

6. Para o protagonista, a confirmao do valor precioso da sua descoberta. Para o leitor, a confirmao do que j antecipara e a viso de como a realidade banal pode ser efmera.

8. Narrativa na 3. pessoa: o narrador no participante; adopta, com frequncia, uma focalizao interna, observa a realidade atravs do olhar e ponto de vista do homem; tem, em regra, uma posio objectiva, pois quase sempre imparcial e isento, salvo em algumas situaes. Exs: (entre outros) " mostrou-lhe um grande espao, , pareceu-lhe"(l. 10); "pensou ele antes de cair l em baixo" (I. 3); "Aquele homem (. .. ) sentiu-se, de sbito, rico."O homem, porm, no era crente nem poeta, ... " o ignorasse. (l.39).9. " Procurou ento a lmpada ... ", "por quem podia ser visto."(l. 5); "Olhou-a ... talvez para sempre?" (I. 45);

10. Procurou ento a lmpada, com ar de quem no esperava encontr-Ia, pois poderia ter cado na fuga ou na queda, mas encontrou-a, era o nico objecto precioso que herdara, e carregou na mola, ao de leve, com ar de quem estava receoso daquilo que podia ver, daquilo por quem podia ser visto.11. Tempo ficcionado do futuro, em que a Terra, destruda por uma grande guerra, um planeta cinzento, morto, quase sem gua, sem plantas (I. 30). Os descendentes dos que tinham sobrevivido nada possuam e apenas sabiam vagas histrias ou conhecimentos transmitidos pelos mais velhos. O homem tinha regressado condio primitiva de luta pela sobrevivncia.

12. Certamente uma guerra com recurso a armas nucleares. Imaginar uma guerra assim terrvel para os leitores do presente, pois tal hiptese no totalmente absurda, pelos muitos conflitos e tenses e pelo imenso armamento que as diversas potncias possuem.13. O homem conheceu o vale da beleza, daquilo que, no tendo utilidade imediata, se revela um tesouro inestimvel. Sentiu-se livre, capaz de sentir para alm dos limites. Deixou de ser um animal acossado, para se transformar num ser com capacidade espiritual e, por isso, de se projetar no futuro. O azul ser, pois, smbolo de beleza, liberdade, espiritualidade, sonho. Neste conto futurista, a descoberta do protagonista pode representar o renascimento do homem que, depois da travessia do deserto construdo pelas prprias mos, de ter regredido at condio animal, recupera a condio humana, para comear a caminhada de reconstruo do planeta azul. O azul representa tambm, afinal, a Terra.

Hiroshima / Nagasaki

Dirio - III. Coimbra: 1946

Chernobyl - 26 de Abril de 1986

Fukujima maro de 2011

"Os tolos dizem que aprendem com os seus prprios erros; eu prefiro aprender com os erros dos outros.Autor - Bismarck , Otto