Àquela sabinada louca da villa strangiatto

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Criar conta | Entrar | Filtro familiar:seguro Texto Textos > Crônicas Àquela Sabinada louca da Villa Strangiatto "Se a tua estrela não brilha, não queira apagar a minha..." Adágio Re-sumindo: mudei para um hotel. Cinco estrelas. Meu quarto é justamente o quinto e o último. No primeiro vive um casal que defende uma causa vermelha que envergonha milhões de brasileiros que se dizem traídos pelo partido (uma estrela partida que jamais partiu quando mais devia -- e ainda deve, tantas são as dívidas que tem...). Segundo quarto: pobre atriz pornô. Sessenta anos, aposentada. Os filhos (sabe-se lá quantos ela teve) não a veem há anos. Brilhou muito nos seus anos de entra e sai... Curiosidade: seu gosto musical me deixa meio curioso: ela ama Edith Piaf e Charles Aznavour. No terceiro há um judeu até simpático -- solitário e introvertido. No quarto quarto (essa reincidência do termo soa como um ato errático redundante, não?), um roqueiro de semblante soturno e fechado (isso me lembra aquele "Conquistador da Terra", de Jorge Amado. "Coronel Horácio": isso mesmo!) que parece fanático pelo dark side of the black lagoon e, em virtude disso, resolveu pintar um pentagrama todo estiloso na porta de seu quarto. Acho que, se sua intenção foi manter curiosos afastados, Deus... O cara quase conseguiu. É que os mais desavisados podem se interessar pela emblemática figura do "círculo interior" e talvez até bater à porta do distinto cavalheiro (ou "Cavaleiro Negro", dada a sua paixão por Black Metal). Se funcionar... Slayer nele, Jesus! A mim sobrou o quinto quarto. Eu, escritor. E professor. E ator (comediante, louco etc.) Comentando com minha mãe, há pouco, sobre o fato de compor textos diversos sempre com elementos que invulgares que se fundem aos mais comuns e tocando a história por aí, desabafei que jamais consegui alcançar o estrelato. "Use uma escadinha que você consegue", ela me disse, rindo. "Claro. A de Wittgenstein. Pra começar...",

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"Àquela Sabinada Louca Da Villa Strangiatto" (crônica do próprio autor sobre uma situação invulgar, experiência vivida pelo próprio, nalguma de suas vidas, numa realidade paralela...)

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    Texto

    Textos > Crnicas

    quela Sabinada louca da Villa Strangiatto

    "Se a tua estrela no brilha, no queira apagar a minha..."

    Adgio

    Re-sumindo: mudei para um hotel. Cinco estrelas. Meu quarto

    justamente o quinto e o ltimo. No primeiro vive um casal que defende

    uma causa vermelha que envergonha milhes de brasileiros que se dizem

    trados pelo partido (uma estrela partida que jamais partiu quando mais

    devia -- e ainda deve, tantas so as dvidas que tem...).

    Segundo quarto: pobre atriz porn. Sessenta anos, aposentada. Os filhos

    (sabe-se l quantos ela teve) no a veem h anos. Brilhou muito nos seus

    anos de entra e sai... Curiosidade: seu gosto musical me deixa meio

    curioso: ela ama Edith Piaf e Charles Aznavour.

    No terceiro h um judeu at simptico -- solitrio e introvertido.

    No quarto quarto (essa reincidncia do termo soa como um ato errtico

    redundante, no?), um roqueiro de semblante soturno e fechado (isso me

    lembra aquele "Conquistador da Terra", de Jorge Amado. "Coronel Horcio":

    isso mesmo!) que parece fantico pelo dark side of the black lagoon e, em

    virtude disso, resolveu pintar um pentagrama todo estiloso na porta de

    seu quarto. Acho que, se sua inteno foi manter curiosos afastados,

    Deus... O cara quase conseguiu. que os mais desavisados podem se

    interessar pela emblemtica figura do "crculo interior" e talvez at bater

    porta do distinto cavalheiro (ou "Cavaleiro Negro", dada a sua paixo por

    Black Metal). Se funcionar... Slayer nele, Jesus!

    A mim sobrou o quinto quarto. Eu, escritor. E professor. E ator

    (comediante, louco etc.) Comentando com minha me, h pouco, sobre o

    fato de compor textos diversos sempre com elementos que invulgares que

    se fundem aos mais comuns e tocando a histria por a, desabafei que

    jamais consegui alcanar o estrelato. "Use uma escadinha que voc

    consegue", ela me disse, rindo. "Claro. A de Wittgenstein. Pra comear...",

  • Comentrios

    Sobre o autor

    Wellington VinciusPo - So Paulo - Brasil, 38 anos

    193 textos (1045 leituras)(estatsticas atualizadas diariamente - ltima atualizao em 15/05/15 07:12)

    Perfil

    Textos

    Contato

    conclui, com os meus botes (da camisa xadrez com vrios tons de cinza,

    que descansava suada sobre uma enceradeira antiga, deixada em desuso

    num canto da sala de estar da casa de meus pais).

    Wellington Vincius

    Enviado por Wellington Vincius em 07/04/2015Cdigo do texto: T5198537 Classificao de contedo: moderado

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