aproveitamento tecnolÓgico de resÍduos da cadeia do cacau...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENERGIA MESTRADO EM ENERGIA MAIQUEL MOREIRA NUNES SANTOS APROVEITAMENTO TECNOLÓGICO DE RESÍDUOS DA CADEIA DO CACAU PARA GERAÇÃO DE ENERGIA São Mateus 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENERGIA

MESTRADO EM ENERGIA

MAIQUEL MOREIRA NUNES SANTOS

APROVEITAMENTO TECNOLÓGICO DE RESÍDUOS DA CADEIA DO CACAU

PARA GERAÇÃO DE ENERGIA

São Mateus

2016

MAIQUEL MOREIRA NUNES SANTOS

APROVEITAMENTO TECNOLÓGICO DE RESÍDUOS DA CADEIA DO CACAU

PARA GERAÇÃO DE ENERGIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Energia do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito para obtenção do Título de Mestre em Energia, área de concentração em Engenharia, Tecnologia e Gestão. Orientador: Prof. Dr. Leonardo da Silva Arrieche Coorientadora: Profª. Drª. Ana Paula Meneguelo

São Mateus

2016

MAIQUEL MOREIRA NUNES SANTOS

APROVEITAMENTO TECNOLÓGICO DE RESÍDUOS DA CADEIA DO CACAU PARA

GERAÇÃO DE ENERGIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Energia do Centro

Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade Federal do Espírito Santo como

requisito para obtenção do Título de Mestre em Energia, área de concentração em

Engenharia, Tecnologia e Gestão.

Aprovado em ______ de _________________ de 2015

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dr. Leonardo da Silva Arrieche

Universidade Federal do Espírito Santo

Orientador

Profª. Dra. Ana Paula Meneguelo

Universidade Federal do Espírito Santo

Coorientadora

Prof. Dr. Paulo Sérgio da Silva Porto

Universidade Federal do Espírito Santo

Prof. Dr. Marco Antonio Galeas Aguilar

Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira

Dedico este trabalho à minha esposa, minha maior inspiração. Aos meus pais, meus exemplos de honestidade e perseverança.

Às minhas irmãs, pelo incentivo nos momentos difíceis.

AGRADECIMENTOS

À Deus em primeiro lugar, pela força durante a caminhada de desenvolvimento

deste trabalho, mesmo diante de todas as dificuldades.

A toda a minha família pelo apoio incondicional e incentivo em todos os

momentos.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Leonardo da Silva Arrieche, por sua confiança,

dedicação e ensinamentos transmitidos durante toda a realização desse projeto.

À minha coorientadora, Prof. Dra. Ana Paula Meneguelo pela disposição em

ajudar e contribuir para o projeto. Aos professores Thaisa Lira e Thiago Xavier

pela ajuda na realização dos experimentos. Ao prof. Paulo Porto pelas sugestões

ao trabalho.

À Prof. Dra. Gisele Chaves e família pelo carinho e apoio durante toda a jornada.

Aos colegas de mestrado, em especial ao Felipe Oliveira, Luila Saidler, Romulo

Souza, Patrick Araújo e Vanessa Custódio pela convivência e ajuda nos estudos.

Ao PPGEN pelo suporte durante a pesquisa e aos professores do programa que

contribuíram com o meu crescimento profissional e pessoal.

Às alunas de graduação, Giulia Correa, Caroline Meneguetti e Brenda Pirola, pelo

auxílio na realização dos experimentos.

À CAPES pelo apoio financeiro.

À CEPLAC pelo fornecimento de amostras para realização dos experimentos, em

especial ao Prof. Marco Antonio Aguilar pela valiosa contribuição no

desenvolvimento do trabalho.

RESUMO

O beneficiamento do cacau tem grande importância social, econômica e ambiental no mundo.

O principal resultado esperado do beneficiamento desse fruto é o fornecimento dos

ingredientes para a produção de chocolates. Entretanto outro resultado é a geração de

resíduos, que ainda não possuem uma destinação adequada. O principal resíduo gerado, em

volume, é casca do fruto, pois corresponde a 80% do fruto. Dentre as possibilidades de

aproveitamento desse resíduo a conversão energética tem se tornado alvo de estudo, mas a

prática ainda é incipiente. Como existem diversas rotas para a conversão energética, torna-se

necessário selecionar a melhor tecnologia para a biomassa estudada. Desse modo, o objetivo

desse trabalho foi realizar a síntese tecnológica e estrutural do processo de produção de

energia elétrica a partir da casca do cacau. Diante da multiplicidade de soluções desse

problema, foram utilizados os conceitos da Engenharia de Processos. Com o auxílio de

técnicas preconizadas pela Engenharia de Sistemas e a Inteligência Artificial, o problema foi

decomposto em subsistemas e representado em árvore de estados. Além disso, foram

realizados alguns estudos experimentais a partir de quatro variedades de cacau (TSH 1188,

Comum, Catongo e CCN 51): caracterização físico-química da biomassa; cinética de secagem

da casca do cacau em secadores do tipo estufa e túnel convectivo; e avaliação do processo de

queima da biomassa. Para cada rota tecnológica estudada (Pirólise, Gaseificação, Combustão

e Biodigestão) foram gerados os fluxogramas plausíveis e construídas regras heurísticas.

Através do método heurístico foi encontrada uma solução próxima à ótima para o projeto em

estudo: um fluxograma-base para cada rota tecnológica estudada. Foram geradas 8.400

configurações plausíveis para a produção de energia elétrica via Combustão Direta. A fim de

aprimorar a solução existente foram identificados os vizinhos estruturais (menor custo) do

fluxograma-base de cada rota tecnológica, como estabelece o Método Evolutivo. Este trabalho

contribuiu com a identificação de uma rota promissora para o aproveitamento energético da

biomassa do cacau, resultando na geração de mais valor à cadeia do cacau e redução dos

impactos ambientais. Além disso, os aprendizados podem também contribuir para o

desenvolvimento de novas tecnologias de conversão e para o aproveitamento de diferentes

biomassas.

Palavras-chave: Biomassa. Resíduos do Cacau. Engenharia de Processos. Heurísticas

.

ABSTRACT

The cocoa processing has great importance social, economic and environmental

in the world. The cocoa beans are the key feedstock to the production of chocolates. However,

another result is the generation of waste, which do not yet have an appropriate destination. The

main waste generated is the pod husk of the cocoa fruit, that corresponds to 80% of the fruit.

The energy conversion from this waste appears as a promising alternative to the correct use of

this residue. It is necessary to select the best rote to convert in energy. For this reason, the aim

objective of this study was to develop the technological and structural optimization of the

production process of electric power from the cocoa pod husk. In face of the multiplicity of

solutions to this problem, this work based on the Process Engineer concepts. The problem was

decomposed in subsystems and represented in a state tree, according to the Systems

Engineering and Artificial Intelligence. During this work, some experimental studies (physical

and chemical characterization, drying process, and evaluation of combustion process) in the

four cocoa varieties (TSH 1188, Common, Catongo, and 51 CCN) helped to know the energetic

potencial. Then, it was proposed heuristic rules to conduct to selection of the best equipments

to each selected route - Pyrolysis, Gasification, Combustion and Biodigestion. The application

of the heuristic method produced 8,400 possible configurations to production of eletric power via

Direct Combustion and an optimum flowchart base. In order to improve the found heuristic

solution the structural neighbors (lower cost and high performance) were identified in the

technological route, as established the evolutionary method. This work contributed to the

identification of a promising route to produce energy from biomass cocoa, increasing value in

the the cocoa chain and to reduce the environmental impacts. The learnings of this work may

also contribute to develop new technologies end to help the use of different biomass.

Key-words: biomass. Cocoa waste. Process Engineer. heuristics

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 14

1.1 OBJETIVO ........................................................................................................................................................... 15

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................................................ 16

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................................................. 17

2.1 A IMPORTÂNCIA DA CADEIA DO CACAU/CHOCOLATES ....................................................................... 17

2.2 GERAÇÃO DE BIOMASSA NA CADEIA DO CACAU ................................................................................... 19

2.3 PROPRIEDADES ENERGÉTICAS DA BIOMASSA......................................................................................... 21

2.3.1 Densidade ............................................................................................................................................. 21

2.3.2 Análise Imediata .................................................................................................................................. 22

2.3.3 Poder Calorífico .................................................................................................................................. 23

2.4 PRINCIPAIS ROTAS TECNOLÓGICAS PARA PRODUÇÃO DE ENERGIA ................................................ 24

2.4.1 Combustão Direta ............................................................................................................................... 24

2.4.2 Pirólise ................................................................................................................................................... 26

2.4.3 Gaseificação ........................................................................................................................................ 27

2.4.4 Biodigestão .......................................................................................................................................... 27

2.5 ENGENHARIA DE PROCESSOS ....................................................................................................................... 27

3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................................................. 30

3.1 ROTAS TECNOLÓGICAS: ÁRVORE DE ESTADO ......................................................................................... 30

3.2 PROPRIEDADES ENERGÉTICAS DA BIOMASSA......................................................................................... 31

3.1.1 Resíduos ............................................................................................................................................... 31

3.1.2 Análise Imediata da Biomassa In natura ...................................................................................... 31

3.1.3 Poder Calorífico .................................................................................................................................. 33

3.3 REGRAS HEURÍSTICAS E FLUXOGRAMA-BASE ........................................................................................ 34

3.4 MÉTODO EVOLUTIVO...................................................................................................................................... 34

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................................................... 35

4.1 ROTAS TECNOLÓGICAS E ÁRVORE DE ESTADOS .................................................................................... 35

4.1.1 Subsistema de corte/despolpa ........................................................................................................ 36

4.1.2 Subsistema de Redução de tamanho ............................................................................................ 36

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4.1.3 Subsistema de Secagem .................................................................................................................. 38

4.1.4 Subsistema de Compactação .......................................................................................................... 41

4.1.5 Subsistema de Reação de Combustão ......................................................................................... 44

4.2 CARACTERIZAÇÃO DA BIOMASSA .............................................................................................................. 46

4.3 MÉTODO HEURÍSTICO E FLUXOGRAMA-BASE ......................................................................................... 48

4.3.1 Subsistema de Corte/Despolpa ...................................................................................................... 48

4.3.2 Subsistema de Redução de Tamanho ........................................................................................... 49

4.3.3 Subsistema de Secagem .................................................................................................................. 51

4.3.4 Subsistema de Compactação .......................................................................................................... 53

4.3.5 Subsistema de Combustão .............................................................................................................. 54

4.3.6 Fluxograma Base ................................................................................................................................ 60

5. CONCLUSÕES .................................................................................................................................................... 60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................................... 62

APÊNDICE A ............................................................................................................................................................ 66

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Pré-tratamento da biomassa e Conversão Energética.

Figura 2 – Valores aproximados dos componentes do fruto do cacau.

Figura 3 – Processamento do fruto do cacau até o líquor de cacau.

Figura 4 – Principais Rotas Tecnológicas.

Figura 5 – O comportamento de uma pequena partícula durante as fases

do processo de combustão.

Figura 6 – Rota de Combustão Direta da casca do cacau.

Figura 7 – Alternativas de corte/despolpa do fruto do cacau.

Figura 8 – Principais Tecnologias de redução de tamanho da biomassa

do cacau.

Figura 9 – Alternativas de Secagem da biomassa do cacau.

Figura 10 – Alternativas para compactação biomassa de cacau.

Figura 11 – Fatores críticos para um projeto de combustor.

Figura 12 – Principais Tecnologias de combustão de biomassa.

Figura 13 – Principais Alternativas de tecnologias de Combustão de

Biomassa Estados.

Figura 14 – Cultivares de cacau (a) Catongo (b) Comum (c) TSH1188

(d) CCN51 (e) Casca do cacau (f) cacau aberto.

12

Figura 15 – Árvore de Estados da produção de energia a partir da

biomassa do cacau.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 2: Critérios de classificação de secadores Quadro 3. Classificação de secadores quanto a característica do material.

Quadro 4. Vantagens e desvantagens das alternativas de corte e despolpa do fruto do cacau Quadro 6. Vantagens e desvantagens dos principais secadores para biomassa

Quadro 7 - Comparação entre as diferentes tecnologias de compactação

Quadro 8 – Granulometria do combustível adequada a tecnologia de combustão

Quadro 9.- Comparação entre tecnologias de combustão de biomassa.

Quadro 10. Comparação entre as tecnologias de Leito Fluidizado para a Combustão de Biomassa

Quadro 11. Principais características da tecnologia de Combustão em Suspensão.

Quadro 12 – Comparativo entre Tecnologias de Combustão

Quadro 13 – Comparativo entre Tecnologias de Combustão mais relevantes na União Européia

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1. INTRODUÇÃO

A dependência por energia e a crescente preocupação com os impactos sociais,

econômicos e ambientais associados ao uso desse recurso, estimula a busca por

fontes alternativas de energia. Segundo dados da Agência Internacional de energia, a

demanda por energia no mundo será 50% maior em 2035, se não houver alterações

nas políticas governamentais. A instabilidade do petróleo e a necessidade urgente de

redução da emissão de gases promotores do efeito estufa abrem espaço para o

aproveitamento da biomassa.

Dentre as biomassas com potencial de utilização, destaca-se a biomassa residual,

disponíveis em grandes quantidades e custo baixo. O aproveitamento energético dos

resíduos pode resolver outro problema existente, de destinação inadequada desses

resíduos gerados pela sociedade.

Entretanto a heterogeneidade da biomassa residual dificulta a seleção de técnicas de

aproveitamento energético condizentes com o resíduo avaliado. Essa característica

permite a adequação de múltiplas possibilidades de tecnologias químicas para o

aproveitamento de um resíduo em específico (BATISTA, 2014).

O desenvolvimento de tecnologias mais eficientes quanto à conversão energética a

partir da biomassa é outro desafio a ser superado. Há a necessidade de processos

mais eficientes para produções em pequena escala, imprescindíveis para o adequado

aproveitamento de resíduos agrícolas, principalmente nas pequenas propriedades não

ligadas à rede elétrica (COELHO, 1999).

A cadeia do cacau é um grande exemplo de fonte geradora de resíduos em grande

volume, os quais são subaproveitados. Novas tecnologias têm sido estimuladas para

utilização e redução desses resíduos, a fim de que o cacau possa ser aproveitado

integralmente (GONZALES et al., 2013).

Um desses resíduos é casca do fruto do cacau, que após o corte do fruto, é deixada

normalmente nas plantações, deteriorando-se com a ação das intempéries, exigindo

gastos para o seu tratamento profilático com fungicidas (MENDES, 2000). Além disso,

o potássio contido na casca pode ser liberado em excesso para solo, causando um

desequilíbrio nutricional para a lavoura (GLOBO RURAL, 2015). A produção de energia

a partir desse resíduo pode evitar todos esses problemas.

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As potencialidades de aproveitamento da casca do fruto têm sido, nos últimos anos,

estudadas por diversos pesquisadores, conforme pode-se observar na Tabela 1.

Tabela 1 - Pesquisas sobre aproveitamento dos resíduos do beneficiamento do cacau

Referência Objetivo Processo Foco

Pereira (2013) Energia Combustão Análise de Processos

Berbet (1972); Vriesmann et al.

(2011)

Pectinas Extração química Análise de Processos

Chepote et al (1990); Sodré et al.

(2012)

Fertilizantes Compostagem Análise de Processos

Agyeman; Oldham (1986) Caracterização da

Biomassa

Syamsiro el al. (2011) Energia Combustão /

Carbonização

Figueira et al. (1993) Gomas

Abiola (1991); Amorim (2011);

Aregheore 2002; Donkoh et al.

(1991); MARCEL et al. (2011)

Alimentacao

animal

Análise de Processos

Vale salientar que a abordagem do atual estudo se diferencia da maioria dos estudos

encontrados na literatura, por realizar a Síntese de Processos na busca da estrutura de

processo que demonstre o melhor desempenho possível. Existem poucos trabalhos

que possuem essa mesma abordagem, como o do pesquisador Batista (2014).

1.1 OBJETIVO

O presente trabalho visa realizar a síntese tecnológica e estrutural do

processo de conversão energética a partir da biomassa do cacau. Assim, pretende-se,

obter o fluxograma próximo ao ótimo, que maximize o rendimento energético, via rotas

termoquímicas, sob a ótica da Engenharia de Processos.

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1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos serão listados a seguir, na forma de etapas,

visando alcançar o objetivo deste trabalho. Tais objetivos são:

- quantificar os resíduos do beneficiamento do cacau;

- selecionar as rotas tecnológicas para obtenção de energia;

- elaborar os fluxogramas plausíveis e organizá-los na forma de árvore de

estados;

- caracterizar quimicamente a biomassa;

- realizar ensaios de secagem e combustão do resíduo selecionado;

- aplicar os métodos heurístico e evolutivo no processo de geração

energética.

Pretende-se com este estudo consolidar o potencial de conversão

energética a partir da biomassa formada por resíduos mais promissores da cadeia do

cacau e estimular o desenvolvimento e aplicação de tecnologias mais eficientes para o

aproveitamento energético a partir de biomassa. Além disso, as técnicas de Síntese e

Otimização Estrutural de Processos utilizadas nesta pesquisa podem contribuir para

futuros estudos de conversão energética de outras biomassas.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo descreve a importância da cadeia do cacau/chocolate e

quantifica a geração de biomassa. Justifica-se a escolha das metodologias de análise

para a caracterização da biomassa. São descritas as principais rotas tecnológicas de

conversão energética e as técnicas de otimização da Engenharia de Processos.

2.1 A IMPORTÂNCIA DA CADEIA DO CACAU/CHOCOLATES

O cacaueiro, planta originária da região amazônica, de onde se obtém o

cacau e pertencente à família Esterculiaceae, gênero theobroma, espécie Theobroma

cacau (EFRAIM, 2010). Essa denominação científica significa “manjar dos deuses”. Era

conhecido por civilizações astecas e maias como cacahualt, considerado sagrado e

possuía alto valor de troca, servindo inclusive para o pagamento de impostos. São

reconhecidos três grupos botânicos do cacau, o Forasteiro Amazônico, Crioulo e o

Trinitário, sendo o primeiro cultivado no Brasil (CEPLAC, 2012).

O cacau é produzido em 8,2 milhões de hectares. Mundialmente, a maior

produção foi de 4,3 milhões de toneladas de amêndoas de cacau na safra 2010/2011.

O faturamento anual estimado, em 2012, com o comércio de cacau, foi de US$ 4

bilhões, segundo dados da International Coffee Cocoa Organization (ICCO, 2012). No

entanto, vale ressaltar que o preço médio do cacau na bolsa de Nova York, em 2010,

para o contrato com entrega em maio de 2011, foi de US$ 2.942 por tonelada, o que

nos leva a crer em cifras do comércio mundial de amêndoas de cacau de

aproximadamente US$12,5 bilhões (MARQUES, 2015).

O mercado global de chocolates, maior demandante dos ingredientes de

cacau, alcançou receitas de US$ 117 bilhões em 2014, segundo a consultoria KPMG

(2014).

A base dessa cadeia é composta em sua maioria por agricultores

familiares. Cerca de 50 mil cacauicultores produzem todo o cacau do Brasil, de acordo

com os dados da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC),

divulgados no Anuário do Cacau 2012. Em termos mundiais, cinco a seis milhões de

agricultores, ou 14 milhões de pessoas, vivem do cacau, muitas vezes como única

18

fonte renda. Ou seja, 90% da produção mundial são cultivados em pequenas

propriedades familiares. Apenas 5% da produção mundial são cultivados em áreas de

40 hectares ou mais (DELFI CACAU BRASIL, 2011).

Ainda de acordo com a CEPLAC (2012) a cacauicultura além de gerar

empregos intensivamente e promover o aumento de renda, contribui para a

conservação ambiental, preservando a biodiversidade e possibilitando o cultivo na

forma de sistemas agroflorestais, ou seja, a combinação da cultura do cacau com

outras espécies vegetais, como a seringueira, essências florestais e fruteiras.

A descoberta de novos usos e de novos mercados para o cacau

brasileiro, além do chocolate, está permitindo maior agregação de valor à cadeia do

cacau. O Quadro 1 apresenta outros produtos que estão sendo produzidos a partir do

fruto do cacau. (ANUÁRIO BRASILEIRO DO CACAU, 2012).

Quadro 1 – Rendimentos normais das operações de utilização de subprodutos de cacau com referência a uma produtividade anual de 750 Kg do produto seco por hectare.

Produto e Subproduto Rendimento por hectare

Amêndoas Secas 750 kg

Semente fresca 1875 kg

Mel de cacau 200 litros

Geléia 150kg

Destilado 25 litros

Polpa 300 a 400 litros

Suco congelado 300 a 400 litros

Néctar 600 a 800 litros

Geleiado 200 a 300 litros

Fonte: Anuário Brasileiro do Cacau (2012)

Esta expansão desta cadeia trouxe um impacto negativo, relativo ao

volume de resíduos da casca do cacau que devem ser tratados, conforme discutido na

próxima subseção

19

2.2 GERAÇÃO DE BIOMASSA NA CADEIA DO CACAU

Do ponto de vista energético, biomassa é todo recurso renovável oriundo

de matéria orgânica (de origem animal ou vegetal) que pode ser utilizada na produção

de energia. As principais vantagens do uso da biomassa para produção de energia são

o baixo custo produtivo e operacional; permitir uma destinação adequada para os

resíduos em questão; alta densidade energética; facilidades de armazenamento e

transporte; e principalmente ser uma forma de aproveitamento bem menos poluente do

que o uso de outras fontes de energia. (ATLAS DE BIOENERGIA ESPÍRITO SANTO,

2013).

A biomassa pode ser definida como toda matéria orgânica de origem

animal ou vegetal, formada pelo processo de fotossíntese. Ao contrário dos

combustíveis fósseis, a biomassa é renovável e não contribui para o acúmulo de

dióxido de carbono (CO2) na atmosfera terrestre, ou seja, todo o CO2 liberado durante

o uso da biomassa é absorvido novamente no processo de fotossíntese para formação

da mesma (MAcKENDRY, 2002).

Nos países em desenvolvimento, a biomassa apresenta-se como uma

importante fonte de energia, principalmente em áreas rurais que a utilização da

biomassa é por vezes, a forma mais viável de produzir calor para a secagem de

produtos agrícolas, e ou, gerar eletricidade. O uso da biomassa na geração de calor e

eletricidade a partir de sistemas térmicos e elétricos vem crescendo continuamente ao

longo da última década, incentivado pelas pressões ambientais, no sentido de reduzir

as emissões de gases de efeito estufa e aumentar o uso de fontes renováveis.

A disponibilidade de resíduos provenientes do pré-processamento de

produtos agrícolas como café, arroz e cacau, entre outras culturas, é grande.

(MAGALHÃES et al, 2007). Segundo Silva Neto et al. (2001), quanto a cultura do

cacau, a casca é a maior fração do fruto (80%), sendo o restante (20%), referente às

sementes, as quais são transformadas em amêndoas (10%) e destinadas na forma de

nibs (8%) para a fabricação de chocolates. Assim uma fração de 92% do fruto não tem

destino comercial efetivo, conforme mostrado na Figura 2.

20

Fruto (100%) 500g

Casca(80%) 400g

Sementes Frescas (20%) 100g

Amêndoas(10%) 50g

Polpa(10%) 50g

Nibs(8%) 40g

Testa(1,5%) 7,5g

Figura 2 – Valores aproximados dos componentes do fruto do cacau Fonte: Adaptado de Silva Neto et al, 2001.

Como mostrado na Figura 3, no início do processo são geradas as cascas

do fruto, que permanecem nas áreas de cultivo na maioria dos produtores pelo mundo.

Em alguns processos mais mecanizados a casca pode ser gerada numa área de pré-

processamento, através de equipamentos de corte. Na etapa de torrefação se

destacam em termos de quantidade os resíduos da casca da amêndoa do cacau. Nas

etapas do processo referente à fabricação de chocolates, os resíduos estão associados

principalmente à ineficiência de processo e procedimentos rotineiros e obrigatórios,

como o uso de amostras para avaliação sensorial, avaliação de vida de prateleira e

contraprovas.

Figura 3 – Processamento do fruto do cacau até o líquor de cacau . Fonte: Adpatado de Beckett 2009

Além disso, há uma grande expectativa de que nos próximos anos

ocorrerá um aumento na geração desses resíduos. Dados da organização Internacional

do Cacau (OICC) apontam que o volume de moagem de amêndoas de cacau vem

aumentando em torno de 5% ao ano. O crescimento mundial na produção de cacau

verificado nos últimos anos é puxado pela demanda maior. A procura pelo produto é

tamanha que na safra 2009/10, por exemplo, ela foi maior do que a produção.

(ANUÁRIO BRASILEIRO DO CACAU, 2012).

Dois dos países mais populosos do mundo, Índia e China apresentam

consumo atual de chocolates de apenas 0,7 e 1,2 kg/pessoa respectivamente, muito

abaixo ainda comparado a países de consumo intermediário. Em 2016, 340 milhões de

21

chineses se tornarão classe média, ou seja, consumidores potenciais de chocolate

(KPMG, 2014).

No Brasil, terceiro maior consumidor de chocolates no mundo e sexto

maior produtor de cacau (ABICAB), há um projeto de Lei em discussão no Senado

Federal. Esse projeto estabelece um percentual mínimo de 35% de cacau nos

chocolates consumidos no país, seguindo um padrão internacional e obriga a

rotulagem do percentual de cacau contido nos produtos de chocolate. (MERCADO DO

CACAU, 2015).

2.3 PROPRIEDADES ENERGÉTICAS DA BIOMASSA

O conhecimento das características da biomassa é fundamental na

seleção da tecnologia mais adequada na conversão energética. Basu (2010) afirma

que o dimensionamento de sistemas de conversão energética a partir de biomassa

depende da sua composição e do seu conteúdo energético, o qual é compreendido a

partir das propriedades físicas, da análise imediata e da composição elementar da

biomassa.

Para o aproveitamento racional e adequado dos resíduos florestais, faz-se

necessário o estudo de suas propriedades energéticas (PROTÁSIO, 2011).

Conforme Gavrilescu (2008) as características físicas e químicas dos

resíduos podem influenciar no rendimento e na manutenção dos equipamentos que

realizam os processos de combustão.

Este resíduo que deve ser gerado em maior volume nos próximos anos

pode ser aproveitado, principalmente por suas propriedades energéticas, que serão

discutidas a seguir.

2.3.1 Densidade

A densidade é uma das principais características, pois ela define a

logística a ser tratada: o transporte e o armazenamento (NOGUEIRA, 2007).

Define-se densidade como a razão entre a massa específica da biomassa

pela massa específica da água (ρH2O) na condição padrão (25°C e 100 kPa), ou seja

1000 kg/m3 como pode ser observado na Equação 1 (NOGUEIRA; RENDEIRO, 2008).

22

𝑑 = 𝜌

𝜌𝐻2𝑂 (1)

2.3.2 Análise Imediata

Trata-se de quantificar os teores de umidade, materiais voláteis e carbono

fixo presentes na biomassa.

O Teor de Umidade, dado em porcentagem (%), é o fator que exerce

maior influência sobre a queima de materiais combustíveis (SOUZA, 2010). O teor de

umidade presente na Biomassa pode interferir em outras propriedades, como o Poder

Calorífico Inferior (PCI) que está intimamente ligado, pois este decresce com o

aumento da umidade (NOGUEIRA, 2007 e CALEGARI et al 2005).

Conforme Walker (2010), a presença de água da madeira ocasiona a

redução do poder calorífico, porque parte do calor gerado é consumido na evaporação

da água e aquecimento do vapor até a mesma temperatura dos demais gases.

Além disso, variações no teor de umidade dificultam o controle da

carbonização e da combustão. De modo geral, a queima de biomassa com teores de

umidade acima de 100 – 120% base seca e 50 – 55% base úmida requer a

suplementação com outros combustíveis, como gás natural ou óleo combustível.

Colodette et al (2013) complementa que o a combustão será incompleta e,

provavelmente, haverá aumento na emissão de poluentes, dependendo da eficiência

do queimador.

Conforme Vieira (2012), A biomassa com alto teor de voláteis apresenta

maior facilidade de incendiar e queimar, porém o processo de combustão em geral

pode ser afetado, já que existe dificuldade de controle do mesmo.

De acordo com Gabardo et al. (2011), quanto maior a concentração de

carbono no resíduo, maior o poder calorífico dos materiais. A quantidade de calor gerado

pelo resíduo é estabelecida pelo percentual de carbono fixo, sendo que quanto maior este

valor, mais lentamente o combustível irá queimar (STURION et al., 1988).

23

2.3.3 Teor de Cinzas

As cinzas são resíduos inorgânicos remanescentes da queima da matéria

orgânica, sem resíduo de carvão. São consideradas como medida geral de qualidade e

frequentemente são utilizadas como critério para definir potencialidade de um

combustível para uma determinada aplicação. A cinza é constituída principalmente de

grandes quantidades de K, Na, Ca e Mg e pequenas quantidades de Al, Fe, Cu, Mn e

Zn (CHAVES et al, 2004). Segundo Reed e Das (1988) quando o teor de cinzas supera

5%, em biomassas, pode causar sérios prejuízos aos equipamentos usados para

conversão energética.

Outra questão que deve ser observada é o ponto fusão das cinzas, pois

processos de combustão com temperaturas maiores do amolecimento podem propiciar

a aglomeração de material particulado denominado ― “sínter”, ou a fusão da cinza ―

“slagging”, que geralmente inviabilizam a continuidade do processo ou reduzem a

eficiência da troca de calor no equipamento (NOGUEIRA; RENDEIRO, 2008).

2.3.3 Poder Calorífico

O poder calorífico de um material é expresso pelo conteúdo de energia

que é liberada quando o material é queimado no ar. Divide-se em Poder Calorífico

Superior e Inferior ( MENEZES, 2013).

Quirino et al. (2011) define o Poder Calorífico Superior – PCS, como a

quantidade de calorias liberadas por um material em sua combustão completa,

expresso em calorias por grama (cal/g) ou quilocaloria/quilograma (kcal/kg). Quanto

maior for este parâmetro, maior será a energia contida no combustível (CARVALHO

JÚNIOR, 2010). (rescrever)

A partir do PCS, obtém-se o Poder Calorífico Inferior do material.

Medeiros e Cardoso (2010) definem o PCI como a quantidade de calor necessária para

produzir um quilo de combustível, através da combustão deste com o excesso de ar e

gases de descarga, resfriados até o ponto de ebulição da água, evitando sua

condensação.

Além disso, de acordo com Magalhães (2007) afirma que o poder

calorífico é a característica mais importante para as biomassas quanto ao potencial

24

energético. Essa característica é dependente do teor de água, material volátil e

quantidade de carbono fixo presentes na biomassa.

O poder calorífico pode ser obtido principalmente por bomba calorimétrica

ou por meio de estimação a partir dos dados obtidos na análise imediata da biomassa.

2.4 PRINCIPAIS ROTAS TECNOLÓGICAS PARA PRODUÇÃO DE ENERGIA

Existem diversas rotas tecnológicas para o aproveitamento da energia

contida na biomassa. A seleção da rota mais adequada ocorre conforme o tipo de

produto energético desejado e as características da biomassa. A Figura XX apresenta

algumas das principais rotas estudadas no meio acadêmico e aplicadas no mercado

energético.

Resíduos Orgânicos

Agrícolas

Fontes de Biomassa

Industriais

Urbanos

Combustão Direta

Pirólise

Biodigestão

Gaseificação

Processos de Conversão Produto Energético

Calor

Carvão

Alcatrão (Bio-óleo)

Gás-comb.

Biogás

Figura 4 - Principais Rotas Tecnológicas Fonte: Adaptado do Atlas de Bioenergia do Estado do Espírito Santo, 2013.

2.4.1 Combustão Direta

Combustão direta é a transformação da energia química dos combustíveis

em calor, por meio das reações dos elementos constituintes com o oxigênio fornecido.

Ela geralmente ocorre em fogões (cocção de alimentos), fornos (metalurgia) e caldeiras

(geração de vapor). (ANEEL, 2005). É uma reação química de oxidação entre um

25

combustível (biomassa, por exemplo) e um comburente (geralmente o oxigênio), de

forma autossustentável, com liberação de luz, calor, fumaça e gases (Carneiro et al.,

2013).

Conforme Colodette, Santos e Queiroz (2013) necessário haver

disponibilidade dos elementos fundamentais à reação: o combustível, o comburente e a

temperatura de ignição. Nesse sentido a oxidação ocorrerá em função da temperatura

de ignição, da turbulência do comburente e do tempo disponível para combustão,

chamados de três T’s (temperatura, turbulência e tempo).

Os combustíveis sólidos, como a lenha, a serragem e o bagaço de cana

são formados de carbono (c), hidrogênio (H2), oxigênio (O2), enxofre (S), água (H2O) e

cinzas (NOGUEIRA; LORA, 2003). Conforme Menezes (3013), a reação de combustão

de um combustível com ar pode ser apresentada pela seguinte forma:

Biomassa + ar = CO2 + SO2 + H2O + N2 + O2 + CO + H2 + CH2 +

fuligem + cinzas

Onde:

1 – Produtos da oxidação completa: CO2, SO2, H2O. O conteúdo de

enxofre da biomassa é sempre baixo, sendo seu valor desprezível;

2 – Ar em excesso (N2 + O2) e eventualmente a umidade do combustível

e do ar;

3 – Produtos gasosos (CO + H2 + CH4) e sólidos (fuligem) de combustão

incompleta;

4 – Fração mineral não combustível da biomassa (cinzas).

Loo & Koppejan (2007) afirmam que o processo de combustão de

biomassa envolve aspectos físico-químicos de alta complexidade. A natureza do

processo de combustão depende das propriedades do combustível e da aplicação da

combustão. O processo de combustão se divide em vários processos: secagem,

pirólise, gaseificação e combustão. Conforme Macedo (2006) durante esses processos

ocorrem três etapas qualitativamente: (1) evaporação da água, (2) queima dos

compostos voláteis e (3) queima do carbono fixo.

Considerando apenas uma partícula pequena da biomassa, a Figura XX

representa essas etapas. Entretanto para partículas maiores ou dependendo do

26

abastecimento do combustor (contínuo ou em batelada) pode haver sobreposição

dessas etapas (BAXTER, 2000).

0 0.5 1.0 1.5 2.0

Evaporação de Água

Volatilização

Oxidação do Carbono

Tempo (s)

Volu

me

(mm

3)

0,2

0,4

0,6

Figura 5 – O comportamento de uma pequena partícula durante as fases do processo de

combustão. Fonte: Adaptado de Baxter (2000).

2.4.2 Pirólise

Basu (2010) afirma que Pirólise é a decomposição termoquímica de

biomassa em vários produtos úteis, na ausência total de agentes oxidantes ou em

suprimento limitado, de forma a não permitir que ocorra a gaseificação. Durante o

processo, moléculas complexas de hidrocarbonetos são quebradas em moléculas mais

simples de natureza sólida (carvão), líquida (chamado de bio-óleo) e gasosa. A

quantidade relativa desses produtos é dependente de vários fatores como o designer

do pirolizador, das características físico-químicas da biomassa, da taxa de

aquecimento, da temperatura final (temperatura de pirólise) e do tempo de residência

na zona da reação.

27

2.4.3 Gaseificação

Basu (2010) também afirma que gaseificação é a conversão de materiais

sólidos ou líquidos em um combustível de natureza gasosa ou em compostos químicos

que podem ser queimados para liberação de energia ou usados para produção de

outros compostos químicos de valor agregado. Quimicamente, o processo de

gaseificação fornece o hidrogênio aos materiais e retira o elemento carbono, gerando

produtos de natureza gasosa com alto teor de hidrogênio, em relação ao carbono. O

processo típico da gaseificação da biomassa incluem as etapas: secagem, pirólise,

combustão parcial de alguns gases, vapores e carvão e finalmente a gaseificação dos

produtos decompostos.

2.4.4 Biodigestão

A digestão anaeróbia é um processo biológico que ocorre na ausência de

oxigênio livre, onde é feita uma transformação dos compostos orgânicos complexos

(carboidratos, proteínas e lipídeos) em outras substancias simples, chamadas de

biogás (PUKASIEWICZ, 2010), e este pode ser utilizado como combustíveis devido às

elevadas concentrações de metano, usualmente na faixa de 55% a 70% (PINTO,

1999). De forma geral, vários tipos de resíduos, de origem orgânica, podem ser

degradados por digestão anaeróbia com a finalidade de remover a carga poluente e

aproveitar o biogás produzido (ZANETTE, 2006).

2.5 ENGENHARIA DE PROCESSOS

A principal contribuição da Engenharia de Processos é possibilitar a

resolução de projetos de processos integrados. Muitas das vezes, na resolução desses

projetos chega-se há um problema complexo, com multiplicidade de soluções. A

28

Engenharia de Processos aplica conhecimentos de diversos campos, como Engenharia

de Sistemas e Inteligência Artificial facilitando a resolução desses projetos complexos.

Preconiza-se a decomposição do projeto (problema) em subproblemas: tecnológico

(definição das rotas tecnológicas), otimização estrutural (síntese de processos) e

otimização paramétrica (análise de processos) para facilitar a busca da solução

próxima à ótima. Como o objetivo de orientar a resolução representa-se o problema por

meio de árvores de estados, ou seja, representações dos fluxogramas alternativos para

cada rota química estudada. Na árvore de estados cada nível corresponde a um

subsistema ou etapa do processo (PERLINGEIRO, 2005).

Durante a etapa de síntese de processos são geradas todas as

configurações plausíveis de acordo com a finalidade do projeto ou processo em estudo.

Enquanto na etapa de análise de processos determina-se aquela configuração de

processo que apresenta o melhor desempenho. (PERLINGEIRO, 2005).

Desse modo a síntese de processos busca propor um novo e melhor

caminho para o dimensionamento de um processo, considerando a experiência dos

técnicos envolvidos e aprendizados com projetos anteriores. Esta experiência

acumulada é transformada em regras heurísticas, ou seja, instruções práticas e

sequenciais criadas para orientar as decisões técnicas do projeto. É uma etapa que

exige criatividade e trabalho em equipe (ARRUDA, 1999). Conforme Carvalho (1995) a

aplicabilidade dos métodos heurísticos é resultado da simplicidade e da alta

capacidade de selecionar as melhores sequências de tecnologias diante da

multiplicidade de configurações geradas.

De acordo com Perlingeiro (2005), a grande vantagem do uso das regras

heurísticas é a rapidez na determinação da solução final. Porém vale salientar que não

é necessariamente a solução ótima para o projeto. É um bom ponto de partida para a

busca de uma solução melhor. A identificação da solução ótima (heurística) é definida

por uma função objetivo ou um critério, como lucro ou custo de cada etapa. Outros

critérios também podem ser avaliados simultaneamente, como segurança ou eficiência

energética.

A fim de aprimorar progressivamente a solução heurística encontrada, a

síntese de processo aplica o método evolutivo. De acordo com as regras evolutivas são

indicados os fluxogramas vizinhos ao fluxograma heurístico. Em seguida, esses

fluxogramas vizinhos são otimizados e o fluxograma de menor custo (ou de acordo com

29

a função objetivo) é escolhido como fluxograma-base. Esse processo é repetido até

que não se encontre mais fluxogramas de menor custo.

Há uma escassez de estudos e pesquisas focados no aproveitamento

energético dos resíduos da Cadeia do cacau na literatura.

Os recentes progressos no campo da bioenergia ainda estão

concentrados principalmente no beneficiamento da cana-de-açúcar e das espécies

florestais. Não existem tecnologias desenvolvidas conforme a especificidade dos

resíduos gerados e da dinâmica da Cadeia do Cacau/chocolates.

Sob a ótica da Engenharia de Processos pretende-se apresentar um

estudo sistematizado que possa contribuir com o desenvolvimento de tecnologias de

aproveitamento energético da biomassa do cacau, agregar valor a cultura e reduzir os

impactos ambientais.

30

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo serão apresentados os materiais necessários e

metodologias utilizadas para a Síntese de Processo da produção de energia elétrica a

partir da casca do cacau. Assim a metodologia foi baseada em seis etapas principais:

(i) definição das rotas tecnológicas para obtenção de energia elétrica e sua

representação por árvore de estados; (ii) caracterização físico-química e energética da

biomassa do cacau; (iii) ensaio de combustão da biomassa; (iv) estudo de cinética de

secagem da biomassa; (v) construção de regras heurísticas que permitam selecionar,

a definição do fluxograma-base (ótimo heurístico) para cada rota estudada; (vi)

aplicação do método evolutivo para identificar a configuração de processo que

apresenta menor custo inicial.

3.1 ROTAS TECNOLÓGICAS: ÁRVORE DE ESTADO

Dentre as diversas rotas tecnológicas possíveis (química, termoquímica e

bioquímica) para o aproveitamento energético da biomassa do cacau foram

selecionadas para estudo as rotas de Combustão Direta, Pirólise, Gaseificação e

Biodigestão.

Com a finalidade de fazer uma análise focada nas operações de pré-

tratamento da biomassa e de conversão energética o presente trabalho não

contemplou as questões ligadas à logística e transporte da biomassa, caso o processo

de aproveitamento energético não seja instalado próximo ao local de geração da

biomassa.

Estrategicamente o problema de síntese de produção de energia elétrica

a partir da biomassa do cacau foi decomposto em subsistemas: a) redução de

tamanho; b) secagem; c) pré-tratamento químico; d) reação de combustão; e) reação

de pirólise; f) reação de biodigestão; g) reação de gaseificação; h) geração de energia

a combustíveis; i) geração de energia a vapor. Desse modo, durante a etapa de síntese

analisou-se a necessidade de cada um desses subsistemas para cada rota tecnológica

definida.

Após a sistematização as rotas tecnológicas foram representadas em

árvore de estados, com a finalidade de organizar todos os elementos (equipamentos)

envolvidos no problema e facilitar a resolução.

31

Buscando otimizar o consumo energético das rotas tecnológicas foi

inserido um subsistema de integração energética após alguns subsistemas específicos:

1) Secagem; 2) Reação de Combustão; 3) Reação de Gaseificação; 4) Reação de

Pirólise.

Além disso, caso o processo de aproveitamento energético seja instalado

próximo ao local do beneficiamento tradicional do cacau, focado na fabricação de

chocolates, é desejável uma integração entre esses processos. Desse modo, buscou-

se também maximizar a produção dos ingredientes de cacau para a fabricação de

chocolates quanto à produtividade.

3.2 PROPRIEDADES ENERGÉTICAS DA BIOMASSA

As análises foram realizadas nos laboratórios do Programa de Pós-

Graduação em Energia da Universidade Federal do Espírito Santo/ CEUNES, campus

de São Mateus.

3.1.1 Resíduos

As cascas utilizadas neste experimento são provenientes de quatro

variedades de cacau (TSH 1188, Comum, Catongo e CCN 51) fornecidas pela

CEPLAC – Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira, colhidos em fazenda

experimental localizada na cidade de Linhares – ES.

3.1.2 Análise Imediata da Biomassa In natura

- Teor de Umidade

Para a determinação da Análise Imediata da biomassa in natura, seguiu-se a

metodologia das Normas NBR 8112 (Carvão Vegetal – Análise Imediata) e E871, citada

por Menezes (2013). Obteve-se o peso úmido de cada resíduo através de uma balança

analítica de precisão. As amostras foram introduzidas em estufa a 105°C por 24 horas ou

até que a massa ficasse constante, obtendo-se a massa seca. O teor de umidade foi obtido

pela diferença entre os pesos da amostra, antes e logo após ser submetida à secagem,

através da Equação 2:

32

%𝑋𝐵𝑈 =𝑚1−𝑚2

𝑚1. 100 (2)

%𝑋𝐵𝑈 = Teor de umidade da biomassa, em porcentagem (%);

𝑚1 = Massa inicial da biomassa, em gramas (g);

𝑚2 = Massa final da biomassa, em gramas (g).

Onde: m1 é a massa inicial (gramas) da biomassa e m2 é a massa final (gramas).

- Teor de Voláteis

Após a determinação do teor de umidade, a mesma matéria de biomassa

foi introduzida em uma mufla, de marca Sppencer a 850 °C por sete minutos, conforme

a metodologia das Normas NBR 8112 e E872. Depois disto a amostra foi então

colocada em um dessecador para resfriamento e posterior pesagem.

O teor de voláteis foi determinado pela Equação (3) a seguir

%𝑇𝑣 =𝑚2−𝑚3

𝑚2. 100 (3)

%𝑇𝑣 = Teor de voláteis da biomassa, em base seca, em porcentagem (%);

𝑚2 = Massa final da análise de umidade, em gramas (g);

𝑚3 = Massa final após a mufla, em gramas (g).

- Teor de Cinzas

A amostra (biomassa) já sem umidade e voláteis foi colocada em mufla,

de marca Sppencer a uma temperatura de 710± 10 °C por uma hora (meia hora com a

porta meio aberta e meia hora com a porta da mufla fechada), conforme a metodologia

NBR 8112 e D1102. O teor de cinzas foi calculado utilizando a Equação (4) a seguir:

%𝑇𝑐 =𝑚3−𝑚4

𝑚2. 100 (4)

%𝑇𝑐 = Teor de voláteis da biomassa, em base seca, em porcentagem (%);

𝑚2 = Massa final da análise de umidade, em gramas (g);

𝑚3 = Massa final após a análise de voláteis, em gramas (g).

𝑚4 = Massa final após a análise de cinzas, em gramas (g).

33

- Teor de Carbono Fixo

Esta foi a última análise a ser realizada, conforme a metodologia NBR 8112, obtida por

diferença através da equação, a qual se baseia em:

%𝑇𝑐𝑓 =𝑚3−𝑚4

𝑚2. 100 (5)

%𝑇𝑐𝑓 = Teor de Carbono Fixo, em base seca, em porcentagem (%);

𝑚2 = Massa final após análise de umidade, em gramas (g);

𝑚3 = Massa final após a análise de umidade (g).

3.1.3 Poder Calorífico

Conforme Parikh, Channiwala e Ghosal (2005), o poder calorífico foi

estimado a partir da análise imediata pelas equações (6), (7), (8) com erro absoluto de

3,74%:

𝑃𝐶𝑆 = 84,5104 x (% carbono fixo) + 37,2601 x (% materiais voláteis) − 1,8642 x

(% cinzas) (6)

𝑃𝐶𝐼 = 𝑃𝐶𝑆 – (600 𝑥 0,09 𝑥 % 𝐻𝑖𝑑𝑟𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑜) (7)

𝑃𝐶𝑈 = (𝑃𝐶𝐼 𝑥 (1 – (0,01 𝑥 % 𝑈𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒))) – (600𝑥 0,01 𝑥 % 𝑈𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒) (8)

Onde:

PCSs, poder calorífico superior, base seca, (kcal/kg)

PCIs, poder calorífico inferior, base seca, (kcal/kg)

PCUu, poder calorífico útil, base úmida, (kcal/kg)

CF, carbono fixo, (%), V, teor de voláteis, (%), A, teor de cinzas, (%)

H, teor de Hidrogênio considerado 5,99 %

U, teor de umidade, (%)

34

3.3 REGRAS HEURÍSTICAS E FLUXOGRAMA-BASE

Foi utilizado o Método Heurístico para a busca do fluxograma-base para

cada rota tecnológica estudada. Desta forma, foram criadas regras heurísticas

específicas para cada subsistema, a partir da análise de livros, teses, dissertações e

artigos publicados referentes ao processamento energético de outras biomassas mais

tradicionais. As regras elaboradas estão relacionadas às características físico-químicas

e energéticas da biomassa e às restrições técnicas dos equipamentos que compõem

os ramos estruturais das árvores de estado. Desse modo foram listadas as vantagens e

desvantagens de cada tecnologia disponível correspondente a cada subsistema das

rotas tecnológicas estudadas.

Assim, utilizando as regras heurísticas desenvolvidas buscou-se analisar

cada ramo da árvore de estado, formado pelos tipos de tecnologias e equipamentos

disponíveis, a fim de chegar ao fluxograma-base, ou seja, a sequência de

equipamentos que maximizam o projeto quanto à função objetivo. Para esse estudo

buscou-se minimizar o custo e maximizar o desempenho dos reatores de combustão

direta, pirólise, gaseificação e biodigestão.

3.4 MÉTODO EVOLUTIVO

A partir da identificação do fluxograma-base pelo método heurístico para

cada rota tecnológica, aplicou-se o Método Evolutivo. Foram identificados os

fluxogramas vizinhos ao fluxograma-base e adotado o fluxograma de menor custo e

melhor desempenho de conversão energética. Esse último passo foi realizado

sucessivamente até quando os fluxogramas vizinhos apresentarem custos superiores

ao novo fluxograma-base adotado. Esse último fluxograma-base é a solução do

problema.

35

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo, são apresentados e discutidos os resultados obtidos

seguindo-se a metodologia proposta para o trabalho. A partir da decomposição do

problema, inicialmente, foram identificadas as rotas tecnológicas a serem estudadas:

Combustão Direta, Pirólise, Gaseificação e Biodigestão. A seguir, para cada rota

tecnológica foram estabelecidos os subsistemas, ou seja, etapas tecnológicas

consideradas necessárias para a efetividade da conversão energética. Posteriormente

cada subsistema foi representado por uma árvore de estado. Os próximos passos

foram a caracterização físico-química e energética da biomassa, a construção de

regras heurísticas e a definição do Fluxograma-base para cada rota tecnológica. Para

aprimorar a solução heurística foi aplicado o método Evolutivo.

4.1 ROTAS TECNOLÓGICAS E ÁRVORE DE ESTADOS

Conforme Loo e Koppejan (2008), atualmente a Combustão da biomassa

é a principal rota tecnológica para produção de energia, responsável por mais de 90%

da contribuição global. O designer de qualquer sistema de combustão de biomassa é

determinado principalmente pelas características do combustível que será utilizado,

legislação ambiente local, os custos e o desempenho do equipamento disponível ou

necessário.

Além disso, a utilização direta da biomassa agrícola para conversão

energética é dificultada, devido às suas características físicas, como forma e tamanhos

irregulares e densidade energética baixa. São necessários alguns processos de

beneficiamento para melhorar as características originais dos materiais de biomassa

quanto ao aspecto térmico e físico. Dentre esses processos, destacam-se a redução de

tamanho, secagem e compactação. (SUGATHAPALA, 2013)

Assim a rota de combustão direta da casca do cacau foi decomposta em

algumas etapas, chamadas de subsistemas, conforme mostrado na Figura 6. Sendo

que os subsistemas de secagem e do reator de combustão podem possuir integração

energética. A ávore foi composta em 8 subsistemas e 8400 ramos.

36

Casca do Cacau

Redução de Tamanho

Secagem CompactaçãoReator de

Combustão

Geração de Energia e

Vapor

Energia Elétrica

Integração Energética

Integração Energética

Figura 6. Rota de Combustão Direta da Casca do Cacau. Fonte: o autor.

4.1.1 Subsistema de corte/despolpa

Buscando a integração com o processamento do cacau, foi avaliado as

alternativas de obtenção do resíduo selecionado (casca do fruto) após a colheita do

cacau. O corte e despolpa do fruto pode ser realizado de duas formas: 1) manual ou 2)

mecanizada, conforme apresentado na Figura 7.

Corte/Despolpa

Manual

Mecânica

Figura 7. Alternativas de corte/despolpa do fruto do cacau. Fonte: o autor

4.1.2 Subsistema de Redução de tamanho

A Redução de Tamanho de materiais sólidos é muito utilizada em

diversos processos quando se pretende aumentar a relação superfície/volume,

aumentando com isso a eficiência de operações posteriores, como extração,

aquecimento, resfriamento, desidratação, homogeneização, etc. Ou quando se deseja

a produção de partículas dentro de especificações de tamanho bem definido.

A trituração ou moagem é considerada muito ineficaz do ponto de vista

energético. Apenas 5% de toda energia elétrica gerada é usada na redução do

tamanho; baseado na energia necessária para criação das novas superfícies, o

37

processo em escala industrial tem eficiência de menor que 1% (RHODES, 2008). A

maior parte se dirige para a deformação desse sólido e a criação de novas linhas de

sensibilidade que pode produzir a ruptura sucessiva dos fragmentos. O resto da

energia se dissipa em forma de calor.

Segundo (Mani, 2005 e Womac 2005) a redução de tamanho da

biomassa oferece as seguintes vantagens:

Facilita o manuseio e a secagem do material;

Inicia a densificação da biomassa;

Facilita o processo de densificação (briquetagem e pelletização);

Reduz os custos de transporte;

Facilita classificação do material através da separação por

tamanho;

Aumenta a área de superfície de reação das partículas de

biomassa, quando há exposição a processos bioquímicos.

Os materiais sólidos podem ser quebrados por várias formas, mas

somente quatro tipos de forças mecânicas são aplicadas pelos equipamentos de

redução de tamanho: (1) Compressão, (2) Impacto, (3) Atrito ou cisalhamento, e (4)

Corte. (Mcabe et al., 1993).

Uma grande variedade de equipamentos é oferecida pelo mercado,

inclusive com uma diversidade muito grande de modelos construtivos e conceitos

funcionais. Esse fato aumenta o desafio na seleção do equipamento mais adequado.

As máquinas que efetuam a fragmentação grosseira são chamadas

de britadores, e as que dão produtos mais finos são chamados de moinhos.

De acordo com o Rhodes (2008) a seleção de equipamento para a

operação de redução de tamanho depende de várias variáveis:

Tipo de força mecânica aplicada;

Tamanho da alimentação;

Propriedades do material;

Modo de operação do equipamento;

Capacidade;

Combinação com outras operações.

Segundo Mil et al (2006) o processo de redução de tamanho de biomassa

pode ser descrito como uma combinação das forças mecânicas de cisalhamento,

38

torção, compressão e fricção do material como as partes ativas do equipamento. São

três resultados distintos da operação de redução de tamanho:

a) Classificação do tamanho da partícula (redução do tamanho

grosseiro e intermediário);

b) Definição da forma das partículas da biomassa;

c) Rompimento das conexões entre os componentes que compõem a

biomassa (ex. componentes celulares)

Os principais tipos de tecnologias de redução de tamanho usadas no

processamento de biomassa são moinhos rotativos: moinho de rolos, moinho de facas,

moinho de discos e moinhos de martelos, conforme Womac et al (2007); Brita et al

(2008); Miu et al (2006).

Discos

Rolos ou Cilindros

Barras

Martelo

Rdução de Tamanho

facas

Figura 8. Principais Tecnologias de redução de tamanho da biomassa do cacau. Fonte: o Autor

4.1.3 Subsistema de Secagem

O uso da secagem do combustível aumenta a eficiência do processo de

combustão direta, aumentando a produção de vapor, reduzindo as necessidades de

força auxiliar e reduzindo as emissões. Ocorre um aumento da temperatura de chama

devido a menor quantidade de água no combustível. Com o aumento da temperatura

de chama o gradiente de temperatura é maior, gerando assim maior transferência de

39

calor numa mesma área de troca. Além disso, com uma temperatura de chama maior,

a combustão da biomassa será mais completa, reduzindo as emissões de monóxido de

carbono e reduzindo a geração de cinzas no combustor. A eficiência térmica total do

processo pode aumentar em 5 a 15%, podendo aumentar a produção de vapor de 50 a

60%. (NREL, 1999)

Mas também há alguns riscos para o processo de combustão com o

aumento da temperatura da chama. Se essa temperatura alcançar o ponto de fusão

das cinzas da biomassa, essas cinzas fundidas podem danificar o equipamento de

combustão. Outra desvantagem é o risco da formação de ácido sulfúrico no combustor,

a partir da condensação do trióxido sulfúrico, formado quando os gases rejeitados

quentes são resfriados abaixo do seu ponto de condensação. (NREL, 1999)

Existem três necessidades para a secagem (LIPTAK, 1998):

1) Uma fonte de calor;

2) O método de remoção da água evaporada;

3) Alguma forma de agitação para expor o novo material a secagem.

Devido à grande variedade de tipos de produtos que devem ser secos por

diferentes métodos, existe também uma variedade de projeto de secadores. Os

critérios usados para se classificar os secadores são muitos, e segundo Strumillo e

Kudra (1986) podem ser assim divididos, conforme Quadro 2:

Quadro 2: Critérios de classificação de secadores.

Critério Tipo Modo de operação Contínuo ou em Batelada Método de suprir o calor Convecção, Condução, Radiação, Infravermelho, Sublimação e

combinação dos métodos Tipo do fluxo do material (condição hidrodinâmica)

Regime estacionário, transiente ou disperso

Tipo do agente de secagem Ar quente, vapor superaquecido, líquidos aquecidos e gases rejeitados

Direção do fluxo de calor e sólidos Co-corrente, contracorrente e fluxo cruzado. Método do fluxo do agente de secagem

Livre ou forçado

Método do carregamento da umidade

Com agente externo de secagem, com gás inerte, com absorção química da umidade.

Tempo de Residência Pequeno ( < 1 min) Médio (1-60 min) Longo (> 60 min)

Pressão no secador Atmosférico ou vácuo Número de estágios Único ou múltiplo

Fonte: Strumillo e Kudra, 1986.

40

Conforme Nonhebel e Moss (1971) os secadores também podem ser classificados

segundo a forma física do material. Essa classificação é apresentada no Quadro 3.

Quadro 3. Classificação de secadores quanto a característica do material. Fonte: Nonhebel e Moss, 1971

Secadores

Material Úmido

Líq

uid

os

Lam

a

Pasta

Mole

/

lod

o

Pré

-

form

ad

o

Pasta

com

pacta

/ M

atr

iz

Gra

nula

r /

Sólid

o

Crista

lino

Fib

roso

Folh

a

Bandeja à vácuo X x x x x x x x

Tambor x x x x

Spray x x x

Bandeja convectiva x x x x x x

Agitado à bandeja x x

Agitado a batelada x

Circulação de ar a batelada

x x

Fluidizado x x x x

Pneumático x x x x

Rotativo Indireto x x x

Rotativo Direto x x

Esteira Convectiva x x x x

Bandeja Contínua x x x x x

Esteira a vácuo x

Circulação de ar contínua

x x X

Fonte: adapatado de Nonhebel e Moss (1971)

Conforme mostrado na Figura 9 as principais tecnologias disponíveis

direcionadas para a secagem de biomassa são: tambor rotativo, esteira transportadora,

disco, secador pneumático ou secador que utiliza vapor superaquecido. (NREL, 1999)

41

Vapor superaquecido

Esteira

Pneumático

Disco

Rotativo

Solar

Sem Secagem

Direto

Indireto

Secagem

Artificial

Figura 9. Alternativas de Secagem da biomassa do cacau.

Fonte: autor e adaptado de NREL, 1999.

4.1.4 Subsistema de Compactação

Compactação ou densificação é o processo de aumento de densidade de

resíduos agrícolas melhorando as propriedades desses materiais principalmente para o

transporte e para aplicações energéticas (UNEP, 2013).

UNEP (2013) cita as principais vantagens e desvantagens da utilização

do processo de compactação.

Vantagens da Compactação:

- O processo aumenta o poder calorífico do material por unidade de volume;

- Facilita o transporte e o manuseio da biomassa;

- Há uniformidade no tamanho e qualidade;

- O processo ajuda a resolver o problema de destinação dos resíduos;

- O processo ajuda a reduzir o desmatamento por gerar um combustível substituto a

lenha;

- O processo reduz/elimina a possibilidade de combustão espontânea nos estoques;

– Reduz a biodegradação dos resíduos.

42

Desvantagens da Compactação:

- Investimento financeiro relativamente alto;

- Alguns briquetes apresentam características indesejáveis quanto à combustão;

- Tendência de baixa resistência de alguns briquetes a exposição a água e ambientes

com alta.

Segundo Oliveira (2014) afirma que briquete é uma lenha ecológica

(reciclada), resultado do processo de secagem e prensagem de serragem ou pó dos

mais diversos tipos de madeira e de resíduos florestais e industriais. O briquete é

adequado para o uso em caldeiras industriais e também na substituição com grande

eficiência dos combustíveis tradicionais.

Os briquetes e pellets apresentam algumas diferenças quanto à

densidade e dimensão. Enquanto os briquetes apresentam densidade de 500 a 1200

kg/m3, diâmetro aproximadamente 60 mm e comprimento de 25 a 300 mm, os péletes

têm densidade de 500 a 750 kg/m3, diâmetro entre 6 e 16 mm, comprimento de 25 a

30 mm. Ambos têm poder calorífico superior (PCS) na faixa de 16,92 a 17,64 MJ/kg e

umidade entre 7 e 12%. A quantidade de cinzas depende da matéria-prima (DIAS et al,

2012).

O tamanho de partículas é muito importante para determinar a qualidade

e durabilidade de um pélete ou briquete. Quanto menor for o tamanho de partícula,

menor será a porosidade do produto final e, portanto, maior será a sua densidade. A

baixa porosidade do pélete ou briquete pode, entretanto dificultar a queima devido ao

menor número de espaços livres para difusão de calor. Sendo assim, a taxa de

combustão dos produtos muito densos será menor e maior o período de combustão

(DIAS et al, 2012).

Exceto materiais que possuem pequeno tamanho de partícula, como

serragem e casca de arroz, todos os outros materiais devem ser reduzidos a 6-8 mm

de tamanho com cerca de 10-20% de finos para se obter bons resultados de

briquetagem. As condições de processamento devem ser alteradas para se adequar às

exigências de cada biomassa particularmente (DIAS et al, 2012)

Estudos mostram que o teor de água ideal, para a maioria das biomassas,

está entre 5-10%, pois resulta em um produto mais denso, estável e durável do que

briquetes compactados com teores de água acima dos 15% (DEMIRBAS et al., 2004).

A literatura sugere um teor de umidade de 15-20% para a queima, visto que os valores

43

superiores reduzem o valor do calor de combustão, a temperatura da câmara de

queima e a temperatura dos gases de escape (GONÇALVES et al., 2009). Valores de

umidade acima de 15% podem levar à quebra do briquete ou à degradação biológica

durante o transporte e armazenamento. Por outro lado, baixo teor de água (<5%) pode

resultar em perda de material, bem como a sua quebra, geração de finos durante o

transporte e armazenamento (DIAS et al, 2012).

Os equipamentos que fazer a briquetagem podem atuar por pressão ou

por extrusão. Os briquetes obtidos em cada um dos tipos têm diferenças morfológicas e

mecânicas. A prensa peletizadora consiste em um ou mais rolos que giram contra uma

matriz dotada de vários furos de pequeno diâmetro. A matéria-prima é colocada entre o

rolo e a matriz e a passagem do rolo provoca a extrusão do material através dos furos.

(OLIVEIRA, LIVRO DE BRIQUETES) Elas podem ser de dois tipos: matriz cilíndrica e

matriz plana (TUMULURU et al., 2011; GAVIRIA, 2012)

A matéria-prima deve ser sujeita a secagem para diminuir o teor de

umidade até uma valor de cerca de 12% (m/m). Durante a peletização, o excesso de

umidade pode causar formação de excesso de vapor que pode provocar desintegração

dos péletes e reduzir a eficiência do processo de combustão. Mas se o teor de umidade

for excessivamente baixo a superfície e os ligantes dos péletes podem carbonizar

prejudicando a transferência de calor (OLIVEIRA, 2014).

As principais tecnologias que podem ser usadas para compactação de

biomassa são a briquetagem e a peletização. Sendo que a briquetagem pode ser

realizada por prensa de pistão, prensa de rolo ou extrusão de rosca. Enquanto as

peletizadoras podem possuir matriz plana ou cilíndrica, conforme mostrado na Figura

10 (TUMULURU et al., 2011).

44

Sem compactação

Pelletização

Briquetagem

Matriz Cilíndrica

Matriz Plana

Compactação

Prensa de Pistão

Prensa de Rolo

Extrusão de Rosca

Figura 10. Alternativas para compactação biomassa de cacau. Fonte: o autor.

4.1.5 Subsistema de Reação de Combustão

A natureza do processo de combustão depende das propriedades do

combustível e da tecnologia de combustão aplicada. O processo de combustão global

pode também ser um processo contínuo ou um processo em batelada, e a adição de ar

pode ser realizada de forma natural ou forçada. O processo em batelada é usado

geralmente em unidades de combustão de pequena escala, usando a configuração

adição de ar natural. Unidades de combustão de média e grande escala são sempre

processos contínuos e de adição forçada de ar. A figura 11 demonstra os parâmetros

que influenciam no design de sistemas de combustão de biomassa (Loo & Koppen,

2008).

45

Design Sitema de

Combustão

Requerimentos ambientais

Quantidade, preço e qualidade

dos diferentes tipos de biomassa

disponíveis

Quantidade, qualidade e preço

da energia produzida

Mecanismos de suporte financeiro

para fontes alternativas de

energia

Custos Mão-de-obra

Figura 11 – Fatores críticos para um projeto de combustor. Fonte: adaptado de Loo & Koppen, 2008

Independente do tipo de aplicação (caldeiras, fornalhas etc.) os processos

de combustão de materiais sólidos podem ser divididos em três tipos principais,

conforme Marutzky (1999): 1) Combustão em Leito Fluidizado; 2) Combustão em Leito

Fluidizado; 3) Combustão em Suspensão. Essas principais tecnologias podem ser

visualizadas na Figura 12.

Ar secundário

Combustível

Cinzas Cinzas Cinzas Cinzas

Ar secundárioAr secundário

Ar primário

CombustívelCombustível

Ar primário Ar primário

Material do Leito

Material do Leito Ar secundário

Combustível + Ar primário

Leito Fixo Fornalha de Grelha

Leito Fluidizado Circulante

Leito Fluidizado Borbulhante

Leito em Suspensão

Figura 12 - Principais Tecnologias de Combustão de Biomassa.

Fonte: adapatado de Marutzky, 1999.

46

A transferência de massa entre o combustível e o ar de combustão no

leito fluidizado é feita por convecção forçada. O leito atua como um reservatório de

calor, assegurando uma ignição rápida e uma combustão eficiente.

Uma das grandes vantagens da combustão em leito fluidizado é a

possibilidade de se obter baixa emissão de poluentes como o NOx e SOx. A baixa

emissão de NOx é resultado da baixa temperatura em que ocorre a combustão no leito,

em torno de 800°C, o que minimiza a formação de NOx térmico.

A partir do conhecimento das principais tecnologias de combustão de sólidos, elaborou-

se uma árvore de estados contemplando essas tecnologias, conforme apresentado na

Figura 13.

Sistema Stokers

Grelha

Leito Fluidizado

Suspensão

Reator de Combustão

Leito Fixo

Fluidizado Borbulhante

Fluidizado Circulante

Figura 13 - Principais Alternativas de tecnologias de Combustão de Biomassa. Fonte: o autor

4.2 CARACTERIZAÇÃO DA BIOMASSA

Seguindo a metodologia, foram obtidos os valores referentes a umidade,

densidade, teor de voláteis, teor de cinzas, teor de carbono fixo e o poder calorífico

(Superior e Inferior) de algumas variedades de cacau. Conforme apresentado da

Tabela XX foram encontradas algumas diferenças entre as variedades principalmente

quanto ao teor de cinzas e teor de carbono fixo.

47

Tabela 1 – Caracterização físico-química da casca do cacau

Tipo de Cacau

Umidade (% bu)

Densidade (g/mL)

Teor voláteis (% bs)

Teor de cinzas (% bs)

Teor de carbono fixo

(% bs)

PCS (MJ/kg)

PCI (MJ/kg)

Catongo 85,11 0,9659 78,63 10,04 11,37 16,21 15,04 Comum 79,78 0,8968 77,89 5,98 16,12 17,80 16,63 CCN51 83,03 0,9121 81,19 6,55 12,32 16,97 15,80

Referência* 84,2 64,03 12,63 23,34 17,33 16,04

* Fonte: Pereira, 2013 e o autor.

(a) (b)

(c)

(d)

(e)

(f)

48

Figura 14 - Tipos de cacau (a) Catongo (b) Comum (c) TSH1188 (d) CCN51 (e) Casca do cacau (f)

cacau aberto. Fonte: o autor (2015).

4.3 MÉTODO HEURÍSTICO E FLUXOGRAMA-BASE

4.3.1 Subsistema de Corte/Despolpa

Conforme mostrado no quadro 4 existem vantagens e desvantagens da

escolha de cada uma das formas de quebra e despolpagem do fruto.

49

Quadro 4. Vantagens e desvantagens das alternativas de corte e despolpa do fruto do cacau

Procedimento Manual Procedimento Mecanizado

Vantagens Desvantagens Vantagens Desvantagens

Ausência de resíduos

de casca nas

amêndoas

Necessidade de Mão-

de-obra

Redução de Mão-de-

Obra

Resíduos de casca

nas amêndoas

Produz chocolate de

melhor qualidade

Integridade das amêndoas Investimento Inicial

Segurança ao colhedor

Utilização da polpa

Maior produtividade

Quebra inicial da casca

Redução Tempo de

Fermentação

Fonte: adaptado de Pinhalense

A partir das vantagens de desvantagens citadas acima pode-se formular

as seguintes regras heurísticas:

Regra 01: Caso seja necessário maior volume de casca por unidade de

tempo e menor custo geral do processo aplicar corte/despolpa mecânico.

Regra 02: Caso haja dificuldade na contratação de mão-de-obra aplicar

corte/despolpa mecânico.

Regra 03: Caso seja desejado um processo mais seguro para os

operadores e para a integridade das amêndoas aplicar corte/despolpa mecânico.

Regra 04: Caso seja interesse produzir chocolate de altíssima qualidade,

aplicar corte manual.

4.3.2 Subsistema de Redução de Tamanho

Na indústria, a manutenção dos moinhos é uma tarefa rotineira e pesada,

não sendo aconselhável a operação dessas máquinas por mais Alimentação Produto

moído de 20 horas por dia. Alguns moinhos de martelos são simétricos, de modo que a

direção do rotor pode ser invertida, o que proporciona a operação por um tempo maior

50

de sem manutenção. O tamanho das partículas de saída é regulado pela folga entre a

extremidade inferior dos martelos e as aberturas posicionadas abaixo do rotor (DIAS et

al, 2012).

No quadro 5, foram apresentadas as principais características dos

equipamentos de redução de tamanho de biomassa, que podem contribuir no processo

de tomada de decisão. Essas variáveis podem guiar a seleção da tecnologia mais

adequada para o pré-tratamento da biomassa lignocelulósica, de acordo com os

trabalhos de Womac et al (2007); Brita et al (2008); Miu et al e McKinney ( 2006 e

2008).

Quadro 5. Principais características de tecnologias de redução de tamanho.

Fonte: Adaptado de Womac et al (2007); Brita et al (2008); Miu et al e McKinney ( 2006 e

2008).

Com base no resumo das principais características apresentadas no quadro XX e na

revisão à literatura, foram estabelecidas as seguintes regras heurísticas para os

equipamentos de redução de tamanho.

Regra 01: Se houver necessidade de alta produtividade no processo, utilizar moinhos

de Rolos ou moinhos de martelo ou moinhos de facas.

Características Moinho de Rolos

Moinho de Martelo

Moinhos de Discos

Moinho de Barras

Moinho de Facas

Sensibilidade a contaminantes

Alta Baixa Média Alta Alta

Custos de manutenção

Alto Baixo Médio Baixo Médio

Complexidade de operação e manutenção

Média Baixa Média Baixo Média

Custos de aquisição Alto Baixo Médio Baixo Médio Geometria da partícula produzida

Grosseira a Fina

Grosseira a média

Grosseira a Fina

Grosseira a Fina

Grosseira a Fina

Produtividade Alta Alta Alta Baixa Alta

51

Regra 02: Se os recursos energéticos forem escassos utilize moinho de martelo ou

moinho de barras.

Regra 03: Se houver risco de contaminantes na biomassa utilize moinhos de martelo.

Regra 04: Se o nível de qualificação da equipe operacional for baixo, opte por moinhos

de martelo.

Regra 05: Se houver limitação quantos aos recursos iniciais na aquisição e

preocupação com os com os custos de manutenção, aplique moinhos de martelos ou

barras.

4.3.3 Subsistema de Secagem

No Quadro 6 são apresentadas as principais vantagens e

desvantagens dos principais tipos de secadores (UNEP, 2013; NREL, 1999) para

biomassa úmida e fibrosa.

Quadro 6. Vantagens e desvantagens dos principais secadores para biomassa

Tipo de Secador

Sensibilidade no

abastecimento

Exigências Operacionais

e Manutenção

Eficiência Energética e recuperação

de Calor

Risco a incêndio

Uso de vapor

Rotativo Menor sensibilidade ao

tamanho da partícula

Baixo Menor possibilidade de recuperação de

energia

Maior comparado a

secadores que trabalham em temperaturas

menores

Pode usar vapor

Esteira Pode ser necessária a

retirada de finos ou repassados

Maior, comparado aos

secadores rotativos

Alta possibilidade, devido a baixa temperatura

Baixo

Secador de Disco

Não Exige

Sujeito a corrosão e

erosão

Dificuldade na recuperação de

calor. Altos custos com o

soprador

Médio. Risco após a

secagem e com o secador

desligado

Não

Pneumático Exige partículas pequenas

Sujeito a corrosão e

erosão

Dificuldade na recuperação de

calor. Altos custos com o

soprador

Médio Não

Vapor super

aquecido

Exige partículas pequenas

Alto. Sujeito a corrosão

Muito eficiente se o vapor de baixa

pressão é recuperado. Não

há perdas de calor no ar de aquecimento

Não há risco de incêndio

Produzido vapor em excesso

52

Fonte: Adaptado de UNEP, 2013 e NREL, 1998.

A utilização de fornalhas a lenha com sistema de aquecimento indireto é

um método comum na maioria das unidades pré-processadoras de cacau. Estas

fornalhas são destinadas a produtos agrícolas que requerem temperatura controlada e

não muito alta durante a secagem (CUNHA; SERÔDIO, 1991). A temperatura ideal da

massa de amêndoas de cacau deve ser mantida em temperatura entre 35 e 40ºC

(EFRAIM, 2004) .

Conforme Dias et al. (2012) os secadores indiretos são normalmente

menos eficientes, pois requerem grande área de transferência de calor, exigindo

equipamentos maiores e mais caros que os diretos.

Para a secagem da biomassa a ser briquetada ou peletizada

normalmente se utilizam secadores rotativos ou tipo “flash”. Os secadores rotativos

podem ser diretos ou indiretos, são altamente confiáveis, mas tendem a ser mais caros

do que secadores tipo “flash”, especialmente para capacidades inferior a 3-4 toneladas

por hora (DIAS et al, 2012).

A partir das informações pesquisadas na literatura foram elaboradas as

seguintes regras heurísticas:

Regara 01: Se o resíduo tiver alta superfície de contato e puder ser

processado em escala maior de tempo e apresentar baixa biodegradabilidade, utilizar a

secagem natural.

Regra 02: Se houver a necessidade de que a secagem ocorra com maior

velocidade, sem interrupções, o resíduo ser altamente biodegradável e o

processamento ocorrer em regiões úmidas, aplicar secagem artificial.

Regra 02: Se não houver uniformidade no tamanho da biomassa, utilizar

secador rotativo.

Regra 03: Se houver interesse em uma tecnologia com menor exigência

operacional e de manutenção, utilizar secador rotativo.

Regra 04: Se houver interesse em uma tecnologia com maior

possibilidade de recuperação energética, aplicar secador em esteira.

53

Regra 05: Se houver a necessidade de maior produtividade no processo

de secagem artificial, via secador rotativo: optar por secador rotativo de aquecimento

direto.

Regra 05: Se houver interesse em utilizar o secador para o

processamento da amêndoa do cacau, ou seja, que a temperatura de aquecimento

seja mantida entre 35 e 40ºC e produzir um chocolate de melhor qualidade, optar por

um secador rotativo de aquecimento indireto.

4.3.4 Subsistema de Compactação

O Quadro 7 apresenta as principais características das tecnologias de

compactação de biomassa disponíveis.

Quadro 7 - Comparação entre as diferentes tecnologias de compactação

Parâmetros Peletizadora Prensa de

Pistão

Prensa de

Rolo

Extrusora de

Rosca

Teor ótimo da

biomassa

10 10 a 15 10 a 15 4 a 8

Tamanho de

partícula (mm)

< 3 6 a 12 < 4 2 a 6

Adição de adesivo Não necessário Não necessário Necessário Não necessário

Forma Cilíndrico Cilíndrico Geralmente

Elíptico

Cilíndrico/Sextavado/

Retangular/Quadrado

Atrito nas partes

de contato

Alto Baixo Alto Alto

Saída de Produto Contínuo Contínuo Contínuo Contínuo

Consumo

Específico de

Energia (kwh/t)

16 a 75 37 a 77 30 a 83 37 a 150

Produtividade (t/h) 5 2,5 5 a10 0,5 a 2

54

Densidade

Unitária (g/cm3)

1,1 a 1,2 < 1,0 Sem Formação 1 a 1,4

Densidade

Aparente (g/cm3)

0,65 a 0,75 0,4 a 0,5 0,48 a 0,53 0,5 a 0,6

Frequência de

Manutenção

Baixa Alta Baixa Baixa

Desempenho na

queima dos

produtos

Muito bom Moderada Moderada Muito bom

Fonte: Adaptado de TUMULURU et al., 2011.

A partir das informações pesquisadas em literatura foram elaboradas as

seguintes regras heurísticas:

Regra 01: Se o resíduo apresentar teor de umidade maior ou igual a 15%,

não aplicar Peletização ou Briquetagem. Se o resíduo apresentar teor de umidade

entre 10% e 15% aplicar processo de briquetagem (Prensa de Pistão ou Prensa de

Rolos). Se a biomassa apresentar teor de umidade inferior a 10% aplicar processo de

briquetagem – extrusora de rosca.

Regar 02: Se o resíduo apresentar tamanho maior que 4 mm aplicar

briquetagem ( Prensa de Pistão ou Extrusora de Rosca). Se o resíduo apresentar

tamanho menor que 4 mm aplicar Peletização ou Briquetagem – Prensa de Rolo.

Regra 03: Considerando o desempenho na reação de queima, optar pelo

processo de peletização ou pelo processo de briquetagem – Extrusora de Rosca.

Regra 04: Considerando a frequência de manutenção, não optar por

briquetagem – prensa de rolos.

4.3.5 Subsistema de Combustão

As granulometrias do combustível sólido normalmente empregadas

em cada tecnologia está no Quadro 8.

Quadro 8 – Granulometria do combustível adequada a tecnologia de

combustão

55

Tecnologia de

Combustão

Granulometria do Combustível

Leito Fixo 0,01 a 0,05 m (10 a 50 mm)

Leito Fluidizado 0,001 a 0,025 m (1 a 25 mm)

Leito em Suspensão 1,0 a 100 μm (0,001 a 0,1 mm)

Fonte: adaptado de Loo & Koppen, 2008.

Alguns dos requisitos dos queimadores de combustíveis sólidos são:

• Permitir um bom contato entre o combustível sólido e o ar de

combustão;

• Boa transferência de calor para o combustível que está entrando para

iniciar a

Combustão;

• Permitir uma boa mistura dos voláteis e o ar de combustão;

• Providenciar a remoção das cinzas;

• Fornecer espaço para combustão completa;

A Combustão em Leito fixo se caracteriza pelo elevado tempo de

residência proporcionado às partículas na câmara de combustão e é apropriado para

combustível de biomassa com alto nível de umidade e com variação no tamanho das

partículas e alto conteúdo de cinzas. (Loo & Koppen, 2008). As principais alternativas

de tecnologia de leito fixo são as fornalhas de grelhas e sistema stokers. O Quadro 9

apresenta as principais vantagens e desvantagens dessas tecnologias.

56

Quadro 9.- Comparação entre tecnologias de combustão de biomassa.

Vantagens Desvantagens

Fornalhas de Grelhas Baixo investimento para plantas < 20MW Geralmente não é usado com misturas de

biomassas diferentes Baixos custos operacionais Para ser eficiente na emissão de NOx é

encessário tecnologias especiais Baixo nível de pó no gás de combustão Excesso de oxigênio (5-8 vol%) diminui a

eficiência do processo Sensibilidade baixa a presença de cinzas no leito comparado ao leito fluidizado

Condições de combustão não são homogêneas

Baixos níveis de emissões em operação parcial de carga necessitam de controle sofisticado do processo

Não há controle na alimentação e na distribuição da biomassa

STOKERS com alimentação por baixo Baixo investimento para plantas < 6MW Adequado apenas para combustíveis com baixo

teor de cinzas e alto ponto de fusão das cinzas Simples e controle de carga devido alimentação contínuo

< 50 mm

Baixas emissões devido à boa dosagem do combustível

Baixa flexibilidade ao tamanho da partícula

Fonte: Loo & Koppen, 2008.

A transferência de massa entre o combustível e o ar de combustão no

leito fluidizado é feita por convecção forçada. O leito atua como um reservatório de

calor, assegurando uma ignição rápida e uma combustão eficiente.

Uma das grandes vantagens da combustão em leito fluidizado é a

possibilidade de se obter baixa emissão de poluentes como o NOx e SOx. A baixa

emissão de NOx é resultado da baixa temperatura em que ocorre a combustão no leito,

em torno de 800°C, o que minimiza a formação de NOx térmico.

Existem duas opções de tecnologia referente ao Leito Fluidizado: 1) Leito Fluidizado

Circulante e 2) Leito Fluidizado Borbulhante. O Quadro 10 apresenta as principais

vantagens dessas duas tecnologias.

57

Quadro 10. Comparação entre as tecnologias de Leito Fluidizado para a Combustão de Biomassa.

Vantagens Desvantagens

Leito Fluidizado Borbulhante

Nenhum movimento das partes na cabine de combustão

Altos investimentos, viável para plantas > 20MW

Alta flexibilidade para o teor de umidade da biomassa, poder calorífico e teor de cinzas

Altos custos operacionais

Baixo excesso de ar (3-4 Vol%) aumenta o eficiência do processo e reduz o fuxo do gás de combustão

Reduzida flexibilidade com o tamanho da partícula

Redução de emissões de Nox e SOx Alto nível de pó no gás de combustão Utilização de biomassas de alta alcalinidade é

crítico pois permite aglomeração de partículas no leito

Perda de material do leito com as cinzas sem medidas especiais

Reduzida flexibilidade a densidade do material Leito Fluidizado Circulante

Nenhum movimento das partes na cabine de combustão

Altos investimentos, viável para plantas > 30MW

Redução de emissões de Nox e SOx Altos custos operacionais Alta flexibilidade para o teor de umidade da biomassa, poder calorífico e teor de cinzas

Reduzida flexibibilidade com o tamanho da partícula

Fácil uso de aditivos Utilização de biomassas de alta alcalinidade é crítico pois permite aglomeração de partículas no leito

Aumento da transferência de calor devido maior turbulência

Alto nível de pó no gás de combustão

Baixo excesso de ar (1-2 Vol%) aumenta a eficiência do processo e reduz o fuxo do gás de combustão

Atingimento de combustão homogênea na cabine quando vários injetores de combustível são usados

Alta sensibilidade aos resíduos da cinza

Permite o uso Reduzida flexibilidade a densidade do material Alta taxa de erosão em pontos isolados dos tubos

imersos no leito

Fonte: adaptado de Loo & Koppen, 2007.

Outra tecnologia que pode ser utilizada para materiais sólidos é a de Combustão em

Supensão, conforme mostrado no Quadro 11.

58

Quadro 11. Principais características da tecnologia de Combustão em Suspensão.

Combustão em Suspensão

Vantagens Desvantagens

Baixo excesso de oxigênio aumenta a eficiência

do processo

Limite quanto ao tamanho da partícula

(< 10-20mm)

Alta redução do nível de NOx É necessário um queimador extra

Bom controle de carga e possibilidade de rápida

alteração de carga

Alta taxa de desgaste da estrutura se o queimador

ciclone.

Fonte: Adaptado de Loo & Koppen, 2008.

O Quadro 12 apresenta um comparativo entre as tecnologias de combustão Grelha e Leito Fluidizado.

Quadro 12 – Comparativo entre Tecnologias de Combustão

Parâmetros Grelha Leito Fluidizado

Emissões de Nox > 250 ppm < 150 ppm

Emissões de CO >200 ppm <100 ppm

Eficiência de Combustão 95 a 97% 99,5%

Velocidade dos gases na fornalha

Potencial de incêndio na parte traseira

11 a 12 m/s

Maior

6 a 7 m/s

Menor

Flexibilidade no uso de várias biomassas Não Sim

Níveis de emissão Atende padrões

nacionais

Atende padrões Nacionais e

Internacionais

Fonte: Adaptado de ODEBRECHT Agroindustrial

No Quadro 13 são mostradas as tecnologias mais relevantes na União Européia, quanto a combustão da

biomassa.

59

Quadro 13 – Comparativo entre Tecnologias de Combustão mais relevantes na União Européia.

Capacidade dos

equipamentos

Tecnologia de

Combustão / Fabricante

Rendimento Energético

Máximo (%)

Necessidade de

limpeza dos gases da

chaminé

De 33 MW a 63 MW Grelha (Geka) 88 Em alguns casos

De 33 MW a 63 MW Leito Fluidizado 92-94 Não

De 15 MW a 35 MW Leito Fluidizado 92-94 Não

De 1 MW Em suspensão 94 Não

Não informado Em suspensão 94 Em alguns casos

18 MW Tecnologia Combinada

(Grelha+em suspensão)

94 Em alguns casos

Fonte: adaptado de Garcia, 2008.

A partir das informações levantadas na literatura foram elaboradas as seguintes regras

heurísticas:

Regra 01: Se o resíduo apresentar a granulometria 10 a 50 mm aplicar Leito Fixo. Se o

resíduo apresentar a granulometria de 1 a 25 mm aplicar Leito Fluidizado. Se o resíduo

apresentar granulometria de 0,001 a 0,1 mm aplicar Leito em Suspensão.

Regra 02: Se for aplicado um combustor de leito fixo e o resíduo apresentar alto teor de

cinzas, aplicar leito fixo de grelha.

Regra 03: Se for aplicado um combustor de leito fixo e o resíduo apresentar baixo teor

de cinza, aplicar tecnologia STOKER.

Regra 04: Se for aplicado um combustor de leito fixo e houver interesses em baixas

emissões de gases de combustão, aplicar tecnologia STOKER.

Regra 04: Se o resíduo apresentar granulometria entre 1 a 25 mm, e o resíduo

apresentar alto teor de cinzas ou alto teor de umidade ou baixo poder calorífico aplicar

tecnologia de leito fluidizado.

Regra 05: Se o resíduo apresentar granulometria entre 1 a 25 mm e houver interesse

em aumentar a taxa de transferência de calor aplicar tecnologia de Leito Fluidizado.

60

4.3.6 Fluxograma Base

Diante do que foi apresentado, foi possível determinar o fluxograma-base pela

composição das tecnologias escolhidas no processo decisório, baseado nas regras

heurísticas aplicadas aos subsistemas de corte/despolpa, redução de tamanho,

secagem, compactação e reação de combustão.

Desse modo, as escolhas que otimizam o custo e maximizam o desempenho da rota

tecnológica de Combustão Direta são:

- Subsistema corte/despolpa: mecânico;

- Subsistema de redução de tamanho: moinhos de martelo;

- Subsistema de Secagem: Secador Rotativo Direto com Integração Energética;

- Subsistema de Compactação: Briquetadeira por extrusão de rosca

- Subsistema de Combustão: Combustor de Leito Fixo - grelha- com Integração

Energética.

Assim o fluxograma-base do processo, ou seja, aquele que pela aplicação do Método

Heurístico, atende aos objetivos propostos, é o correspondente a ordenação QM - MM -

SARD - CI - BER - LFG - CI – GV, o qual, na Figura 16, é representado pelo número

23.

5. CONCLUSÕES

A escassez de trabalhos na literatura focados no aproveitamento

energético a partir da biomassa do cacau é um forte indicativo da importância do atual

estudo.

A abordagem sistêmica, sob os conceitos da Engenharia de Processos,

possibilitou a compreensão dos efeitos de diferentes tecnologias e a combinação das

mesmas no processo de conversão energética, quanto ao custo e ao desempenho do

processo de Combustão Direta. A aplicação do Método Heurístico ao projeto resulta no

desenvolvimento de várias regras heurísticas que podem contribuir no processo de

tomada de decisão em futuros projetos.

A partir dos resultados experimentais preliminares a variedade do cacau

pode influenciar nas características físico-químicas da casca do fruto.

61

De forma geral, este trabalho contribui para o suprimento das exigências

atuais da agroindústria, maximizando o retorno financeiro e permitindo o

desenvolvimento sustentável.

Os próximos passos do trabalho são a conclusão dos experimentos e

aplicação do método heurístico e evolutivo às rotas tecnológicas de Pirólise,

Gaseificação e Biodigestão, conforme apresentado nos objetivos específicos.

62

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66

APÊNDICE A

Rota: 1Subsistemas: 8 Ramos: 8400

Fluxograma-base: Corte Mecânico – Moinhos Martelo – Secagem Artifical (Rotativo Direto) – I.E. – Briquetagem (Extrusão de Rosca) –

Leito Fixo Grelha – I.E. - Geração a Vapor

Obs: I.E = Integração Energética

Fruto do cacau

Energia

Rotativo

Indireto

Direto

S/Integração Energética

Integração Energética

Prensa de Pistão

Pelletização

Sem Compactação

Matriz Plana

Matriz Cilíndrica

BriquetagemPrensa de

Rolo

Geração a Vapor

Grelha

Stokers

Fluidizado Circulante

Fluidizado Borbulhante

Leito Fluidizado

Leito Fixo

Suspensão

Extrusão de Rosca

Disco

Pneumático

Esteira

Vapor Superaquecido

Solar

Artificial

Natural

Martelos

Barras

Rolos

Discos

Facas

Manual

Mecânico

Integração Energética

S/ Integração Energética

Sem Secagem

Rota de Combustão