apriorismo
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O conhecimento
O conhecimento é um conjunto das representações existentes na consciência - o sujeito do conhecimento.
Resulta de uma relação entre o sujeito e objecto.Há conhecimento perceptivo, ligado ao concreto e ao vivido, o conhecimento
racional, resultante do raciocínio.Segundo Piaget, constitui-se ao longo de um processo de desenvolvimento que
parte da acção e da actividade do sujeito, passa por quatro fases e é influenciado pelas características genéticas herdadas e pela influência do meio social e cultural, como tentativa de conquistar a adaptação.
Algumas das teorias explicativas do conhecimento é por exemplo o apriorismo de Kant.
Apriorismo
Entre as várias teorias defensoras de que o conhecimento tem uma dupla origem, isto é, que provém dos sentidos e da razão, conta-se o apriorismo kantiano.
Que quer dizer priori?
A priori refere-se a algo que é anterior e independente da experiência. Esta noção é mais facilmente compreendida se nos reportarmos ao universo dos computadores.
Quaisquer que sejam os dados que recebe do exterior, o computador necessita de estar equipado com um programa prévio para ser capaz de processar esses dados. O programa do computador assemelha-se aos elementos a priori com que o sujeito nasce e que são a sensibilidade e o entendimento
Há duas formas para o conhecimento: a sensibilidade e o entendimento.
A sensibilidade é uma capacidade passiva, limitando-se a ser afectada pelos objectos exteriores. Dispõe de duas formas igualmente a priori: o espaço e o tempo.
O entendimento é uma capacidade activa que ordena e interpreta os dados recolhidos pela sensibilidade. Para essa tarefa dispõe de categorias também a priori: substância, causa, etc.
A sensibilidade revela-se desde o nascimento.O entendimento forma-se com o amadurecimento e com a idade avançada.
No pensamento de Kant já existe uma “formatação” ao nível da sensibilidade tanto espacial como temporal, pelo que a sensibilidade do ser humano só capta os estímulos que se encaixam na forma que já existirá.
Por sua vez, o entendimento é a capacidade ou faculdade de conhecer, ou seja, de organizar e unificar as intuições sensíveis, mediante as categorias ou conceitos puros do entendimento.
As categorias a priori são um conjunto de regras ou formas de organização e constituem a forma do conhecimento.
O entendimento por isso trata-se por isso do modo de pensar no objecto.
Enquanto que a sensibilidade já “formatou” o entendimento vai faze-lo novamente mas de um modo mais racional.
Os elementos introduzidos pelo teclado, ou por qualquer outro dispositivos periférico, compraram-se aos dados provenientes do mundo: os dados que, sendo captados pelos órgãos sensoriais, vão ser interpretados pelo entendimento.
Em síntese, no ponto de vista do filósofo Kant para haver conhecimento é necessário que haja sensibilidade - forma e entendimento - matéria.
Kant considera que no conhecimento intervêm dois elementos: o sujeito e o objecto. O sujeito é referido como forma e o objecto como matéria. O sujeito ou forma é o ser humano equipado previamente com estruturas cognitivas: a sensibilidade e o entendimento. O objecto ou matéria é o mundo do exterior ao sujeito, é aquilo que há para ser conhecido.
Para Kant, todo o conhecimento começa com a experiência mas não se limita a ela.
Como Kant afirma na sua obra, “Crítica da Razão Pura”, “não resta dúvida que todo o nosso conhecimento começa com a experiência.
O conhecimento resulta, segundo este pensador, dos dados provenientes da experiência, captados pela sensibilidade, e que vão ser submetidos à acção interpretativa do entendimento.Por outras palavras, para que haja conhecimento as impressões captadas pela sensibilidade têm que ser organizadas por algo que pertence ao sujeito e que é anterior e independente da experiência: as características do entendimento. Por exemplo, quando dizemos o “calor dilata o ferro” expressamos um conhecimento que tem na base a experiência, mas que pressupõe a ordenação segundo conceitos ou categorias – Como “substância”, “causa”,”efeito”, etc. - , que são segundo Kant, constitutivas da razão humana.
Kant utiliza o termo matéria para designar os dados exteriores captados pelas impressões sensíveis e o termo forma para designar as estruturas cognitivas do sujeito, que são o entendimento e a sensibilidade.
Para que haja objecto conhecido, as impressões sensíveis têm que ser organizadas por algo que pertence ao sujeito.Como mostra o seguinte esquema.
Vemos portanto, que a tese de Kant é bem diferente das teses dos empiristas e racionalistas. De facto, empirismo e racionalismo atribuem ao sujeito um papel passivo no conhecimento, na medida em que se tem de submeter a elementos indiscutíveis.
Os empiristas, preocupados com a objectividade do conhecimento, salientam sobretudo o papel desempenhado pela experiência, pois defendem que o conhecimento deriva de factores exclusivamente empíricos. Os racionalistas, preocupados com a universalidade, a verdade e a coerência do conhecimento, acentuam o papel da razão.
ConhecimentoSujeito Objecto
Entendimento Sensibilidade
MatériaForma
Impressões sensíveis
Objecto conhecido
CaptaçãoOrganização
O Racionalismo defende, de grosso modo, que todo o nosso conhecimentoé derivado da razão humana, que o dado da experiência é dispensável. NestaTeoria temos diferentes perspectivas, de divergentes autores, que se consideramRacionalistas mas com grandes variantes. Descartes é um exemplo forte deRacionalismo, pois para ele a mente humana, com um bom método, pode chegar atodo o conhecimento através das "ideias inatas", que são os conhecimentos que jánascem connosco.
Os dados dos sentidos que e gravam na mente humana para formar as ideias, segundo filósofos empiristas.
As ideias inatas que são originárias da razão humana, segundo pensadores racionalistas.
Atitude de Kant face ao empirismo e ao racionalismo
Concorda Não concorda
Os racionalistas estavam certos quando consideravam a razão como o elemento determinante do processo de conhecer. Os empiristas também tinham razão quando afirmavam não existir conhecimento do mundo exterior sem o contributo da experiência.
Os racionalistas não estavam certos quando julgava, que a razão, por si só e independentemente da experiência, podia conhecer alguma coisa. Os empiristas não estavam certos quando reservavam à razão um papel passivo.
Ora, em Kant, o conhecimento caracteriza-se:
Pela ultrapassagem da dicotomia sentidos razão, em virtude de ambos terem a sua quota-parte no conhecimento.
Pela concepção de um sujeito com papel activo no conhecimento. Este só é possível depois de os dados captados pela sensibilidade serem ordenados pela actividade das categorias do entendimento.
Para Kant, o fenómeno é a única coisa que, nos aponta para a realidade. A realidade existe, mas não sabemos o que ela é em si mesma, dado que só temos acesso ao nosso modo de conhecer ou representar a realidade.
Saber o que uma coisa é significa conhecê-la. Conhecer implica a actividade do sujeito que dispõe de sensibilidade e de entendimento. Os dados do objecto, só chegam à consciência depois de passarem pela sensibilidade e de serem ordenados pelo entendimento do sujeito. Assim, só conhecemos o resultado dessa ordenação, o fenómeno. O objecto permanece em si. Como mostra o seguinte esquema.
Esquema:
Objecto
Sensibilidade
Entendim
ento
Fenómeno
Sujeito
númeno
Criticismo:
Em relação ao problema do valor e limites do conhecimento, Kant adopta uma posição crítica, acabando por determinar os limites dentro dos quais o homem tem possibilidades de conhecer a realidade.
Em comum com o racionalismo dogmático, tem confiança nas capacidades da razão para atingir o conhecimento. A ciência é possível enquanto conhecimento fenoménico do universo. Porém, afasta-se do dogmatismo ao considerar que, a nível de conhecimento, nem tudo é possível, havendo limites intransponíveis.
Ao fazer análise critica da razão humana. Kant considera que as formas a priori da sensibilidade e do entendimento só por si são vazias.
Elas são do sujeito, mas para haver conhecimento falta outro elemento: o objecto, o mundo, a matéria. A sensibilidade só capta o que vem do exterior e o entendimento só pode exercer a sua capacidade ordenadora se tiver algo para ordenar: os dados colhidos sensorialmente.
Portanto, na base do processo cognitivo está a experiência, sem a qual não há conhecimento. Kant conclui, assim, ser impossível o conhecimento de entidades metafísicas, visto que, não sendo dadas na experiência sensível também não podem ser ordenadas pelo entendimento.