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1 jun/20 APRESENTAÇÃO O objetivo deste material é convidar os profissionais e lideranças do agronegócio a uma reflexão em relação aos critérios que estão embasando análises sobre a área de pastagens no Brasil. O material inclui um artigo que foi publicado em três etapas, seguido de dois anexos para reforçar o raciocínio. A intenção do texto não é criar constrangimento e nem questionar os interesses dos envolvidos no projeto alvo da crítica apresentada. O fato é que, mesmo com a disponibilidade de dados históricos sobre a evolução de pastagens, estudos e políticas públicas estão assumindo bases de informações que não condizem com a realidade. Entendemos que se trata de um equívoco grave com consequências negativas irreversíveis em um futuro próximo, especialmente para os pequenos produtores. Seja nas estratégias das empresas privadas ou na formulação de políticas púbicas, não há a mais remota possibilidade de que boas decisões sejam elaboradas a partir de informações erradas. Boa Leitura!

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Page 1: Apresentação do PowerPoint...jun/20 3 A pecuária brasileira é o centro do debate sobre sustentabilidade. O histórico da ocupação territorial, a extensão da área ainda hoje

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APRESENTAÇÃO O objetivo deste material é convidar os profissionais e lideranças do agronegócio a uma

reflexão em relação aos critérios que estão embasando análises sobre a área de pastagens no

Brasil.

O material inclui um artigo que foi publicado em três etapas, seguido de dois anexos para

reforçar o raciocínio.

A intenção do texto não é criar constrangimento e nem questionar os interesses dos

envolvidos no projeto alvo da crítica apresentada.

O fato é que, mesmo com a disponibilidade de dados históricos sobre a evolução de

pastagens, estudos e políticas públicas estão assumindo bases de informações que não

condizem com a realidade.

Entendemos que se trata de um equívoco grave com consequências negativas irreversíveis em

um futuro próximo, especialmente para os pequenos produtores.

Seja nas estratégias das empresas privadas ou na formulação de políticas púbicas, não há a

mais remota possibilidade de que boas decisões sejam elaboradas a partir de informações

erradas.

Boa Leitura!

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Por Maurício Palma Nogueira, engenheiro agrônomo, sócio diretor da Athenagro

Junho de 2020

ARTIGO

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A pecuária brasileira é o centro do debate sobre sustentabilidade. O histórico da ocupação territorial, a extensão da área ainda hoje ocupada por pastagens e a dificuldade de dados estatísticos consolidados formam a receita perfeita para que narrativas sejam construídas a partir de diversos critérios metodológicos, conforme a preferência de quem avalia. Há muita confusão e estudos conduzidos sem a participação de especialistas conhecedores da área, o que limita a capacidade de compreensão da dinâmica do que ocorre no campo.

Há poucos anos, uma iniciativa reunindo pesquisadores de órgãos públicos e da iniciativa privada foi criada, com a participação da sociedade civil e a condução de frequentes debates envolvendo pesquisadores que não participavam do projeto, consultorias especializadas e representantes de institutos de pesquisa e órgãos do governo, interessados nas informações. A ideia inovadora e promissora trouxe resultados satisfatórios, pela adoção de uma metodologia que faz todo sentido.

O raciocínio é simples. Os pesquisadores responsáveis pelas pastagens fazem a plotagem de toda a área identificada em um mapa. Em seguida, os pesquisadores de outras áreas inserem, no mesmo mapa, os respectivos resultados de seus estudos: grãos, cana, eucalipto, recomposição florestal, frutas etc. Quando uma dessas áreas sobrepõe a área de pastagem, prevalece a outra ocupação, permitindo identificar a ocupação da pecuária pela diferença. O conjunto de mapas para cada atividade é chamado de coleção e o projeto, muito bem planejado, chama-se MapBiomas.

Além das pastagens representarem a ocupação de maior dificuldade de identificação, é também a atividade de maior extensão. As pastagens

1. Pastagens: dados que estão sendo divulgados são confiáveis?

Maurício Palma Nogueira, junho de 2020

não integradas com outras atividades ocupam 60% a mais do que a soma de todas as outras atividades agropecuárias, incluindo as integradas.

Outra razão que justifica a metodologia adotada é a tendência de que áreas de pastagens sejam repassadas para atividades agrícolas, enquanto os desmatamentos acabam se tornando novas áreas de pastos.

Apesar de não ser tema deste texto, é bom lembrar que o desmatamento ilegal não é consequência da atividade pecuária. A causa do desmatamento ilegal é, como sua própria definição, a operação e condução de atividades ilegais. O resultado dessas operações acaba se transformando em pastagens, justamente por se tratar de uma atividade de difícil controle, extremamente atrativa para aqueles que buscam esconder patrimônio fruto de enriquecimento ilícito. A primeira vítima dessas operações ilegais é a própria pecuária organizada - tanto frigoríficos como produtores - e, por consequência, toda a indústria de insumos e serviços por trás da produção.

Voltando ao raciocínio, pela metodologia proposta inicialmente, o monitoramento das pastagens poderia focar os esforços em melhorar a base de dados e acompanhar o avanço das áreas nos chamados arcos de desmatamento.

Por outro lado, o acompanhamento de outras atividades por imagem de satélite, inclusive a análise estatística dos pastos monitorados, possibilitaria melhorar o conhecimento da curva de degradação e da mudança de uso da terra nessas áreas. A

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qualidade dos dados seria inquestionável e embasaria ações muito mais objetivas e direcionadas para políticas públicas e estratégias de fomento a serem adotadas pela iniciativa privada, interessada no aumento da produtividade.

Se assim tivessem procedido, em 2020 tal metodologia estaria aprimorada e já reuniria seis anos de série histórica, obtidos pela análise aprofundada e detalhada, anualmente.

No entanto, quando os resultados pareciam cada vez mais fazer sentido em comparação com diversos outros indicadores e fontes de dados, os coordenadores do projeto resolveram desenvolver uma série histórica a partir de metodologias que ainda não ficaram claras aos usuários das informações.

Quando questionados, invariavelmente os pesquisadores respondem –quando respondem - que tal metodologia ainda está em análise e aprimoramento e que, em breve, será publicada. Mesmo assim, antes que a metodologia seja publicada nos moldes da produção científica, os resultados são apresentados como se fossem consolidados. E esses mesmos dados embasam diversos outros estudos que são conduzidos pela combinação de recursos doados e recursos públicos.

Além de consumir parte dos já escassos recursos disponíveis para pesquisas, o embasamento de pesquisas em dados incorretos pode acarretar uma sequência de estudos e conclusões equivocadas, criando um efeito cascata de desinformações apresentadas como resultado de ciência. Essa é a crítica.

E a base dessa crítica está no acompanhamento dos dados históricos,

publicados no próprio site do MapBiomas. Só em 2019, entre as publicações das versões 3.1 e 4.1, a área estimada para 2018 mudou 40 milhões de hectares depois de duas revisões. Na série histórica, a diferença entre um dado e outro é ainda maior, chegando a quase 50 milhões de hectares para os mesmos anos.

É fato que, na produção científica, essas diferenças podem ocorrer. A partir de novos conhecimentos ou revisões metodológicas, os dados podem se alterar entre um critério e outro.

No entanto, se a metodologia ainda não está consolidada, os dados não poderiam ser apresentados como referência em relação à área de pastagem. E muito menos deveriam embasar outros estudos conduzidos a partir de tais informações. A ciência precisa ser produzida a partir de dados comprovados, e não a partir de teses não confirmadas.

É também fundamental que haja transparência e validação dessas metodologias propostas para revisão. Assim como toda a produção científica, essa validação deve seguir protocolos, envolvendo a participação e avaliação de especialistas em pastagens, produção pecuária, processo de degradação, dados já conhecidos e indicadores de produtividade.

Temos pesquisadores com conhecimento de sobra nas universidades e na Embrapa. A maioria nem sequer é informada sobre a metodologia que tem sido adotada por essa nova forma de ciência que parece não gostar de ser contrariada.

1. Pastagens: dados que estão sendo divulgados são confiáveis?

Maurício Palma Nogueira, junho de 2020

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Seguindo os passos previstos, com validação das premissas, metodologia e transparência, não há problema na revisão das informações. Só não é aceitável que se passe o carro nas frentes dos bois.

Mas há ainda uma outra grande questão na série histórica do MapBiomas. O maior problema não está na diferença entre as suas próprias versões, mas sim na comparação destes dados históricos com os resultados dos censos agropecuários, conduzidos e divulgados pelo IBGE ao longo dos anos.

A primeira série histórica, publicada pelos coordenadores, chegou a 84 milhões de hectares a menos do que os resultados do censo de 1985, e 55 milhões de hectares a menos do que o censo de 1995. Na última versão, ainda disponível no site, essas diferenças recuaram para 45 e 16,4 milhões de hectares a menos, respectivamente.

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1985 1995 2006 2017

Fonte: IBGE (Censo), MapBiomas, elaboração Athenagro

Área de pastagens comparadas entre o IBGE e duas versões do MAPBiomas - Milhões de hectares

Censo Map Biomas 4.1 Map Biomas 3.0

A metodologia do censo agropecuário é clara em relação à obtenção dos dados. Não há estimativas; os dados são coletados e interpretados. Sendo assim, se houver algum erro no censo, espera-se que tal erro ocorra para baixo e não para cima.

Foram essas as críticas feitas para as edições de 2006 e 2017 do censo do IBGE. A partir das bases de rebanho, e comparando os dados com outra fonte pesquisada pelo próprio IBGE (Pesquisa Pecuária Municipal - PPM), percebe-se que os dados censitários são significativamente menores do que os da PPM. Portanto, são dados do próprio IBGE que permitem questionar o censo. O IBGE é detentor do maior orçamento relacionado a esse tipo de pesquisa e é responsável pelos dados oficiais sobre o que ocorre no país.

É temerário quando uma nova base de dados, conduzida sem transparência metodológica e sem passar pelo rigoroso protocolo da produção científica, coloca em cheque a credibilidade da principal base de informações estatísticas do país.

A revisão dos dados sugere um erro de até 45% sobre os que foram divulgados no censo de 35 anos atrás. E essa conclusão demanda uma responsabilidade ainda maior por parte dos pesquisadores. Como os dados obtidos pelo MapBiomas são menores do que os obtidos pelo IBGE a partir dos censos, essa diferença não seria explicada por erros metodológicos, mas sim pela deliberada manipulação de dados. Trata-se, portanto, de uma especulação muito séria que não pode passar em branco.

1. Pastagens: dados que estão sendo divulgados são confiáveis?

Maurício Palma Nogueira, junho de 2020

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Aceitar tal correção depende, fundamentalmente, do rigor processual que a boa ciência exige. São dados que não podem simplesmente ser aceitos, usados, principalmente porque há uma fonte oficial, consolidada, que os coloca à disposição.

É importante frisar que os resultados dos censos de 2006 e 2017 só foram questionados pela diferença entre as bases publicadas pela própria instituição. E há explicação técnica que justifique tais diferenças. No entanto, até o censo de 1995, essa incoerência entre ambas as metodologias não existia.

No caso da Athenagro, que usa as bases de informações para construção de cenários, estimativas e projeções, o MapBiomas deixou de ser usado a partir das últimas versões.

Ainda assim, a série histórica nunca foi usada, pois sempre optamos por usar dados mais confiáveis, cruzando informações originadas a partir do IBGE, PRODES/INPE e Conab. A checagem dos dados ainda é feita por duas outras fontes, que são o Rally da Pecuária, por onde qualificamos o grau de degradação e perda da área de pastagens, e pelo Terraclass/INPE, que confirmava a tendência de degradação e revegetação estimada a partir dos dados do Rally. O Terraclass parou de ser divulgado em 2014.

É possível desenvolver uma nova base de dados confiáveis, histórica, obtida por imagem de satélite. Nesse caso, no entanto, é preciso que, para cada ano, todas as imagens sejam analisadas, comparando a área de pasto com as diversas outras culturas. Em outras palavras, é preciso gerar uma coleção de mapas para cada ano ou para cada intervalo de períodos. E tais coleções não podem ser obtidas a partir dos atuais

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24,0632,28

1985 1995 2006 2017

Fonte: IBGE (Censo), MapBiomas, elaboração Athenagro

Diferença entre a área de pastagens estimadas pelo MapBiomas 4.1 e os dados coletados pelo IBGE

Milhões de hectares

-83,44

-55,52

-14,72 -12,35

1985 1995 2006 2017

Fonte: IBGE (Censo), MapBiomas, elaboração Athenagro

Diferença entre a área de pastagens estimadas pelo MapBiomas 3.0 e os dados coletados pelo IBGE

Milhões de hectares

1. Pastagens: dados que estão sendo divulgados são confiáveis?

Maurício Palma Nogueira, junho de 2020

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pontos de pastagens conhecidos. Nesse caso, perde-se as áreas que deixaram de ser pastagens. O comportamento dos pastos é muito dinâmico para uma baixa frequência de avaliação visual por imagens de satélite.

Além de envolver muito trabalho e muito orçamento, tal metodologia ainda esbarraria na padronização da quantidade e qualidade das imagens por satélite disponíveis ao longo dos anos.

Em uma das explicações apresentadas para a construção da série histórica, durante um seminário, o apresentador detalhou que a série teria sido construída a partir de indicadores conhecidos por municípios, o que permitiu modelar a evolução histórica das áreas de pastagens.

Ora, essa é a metodologia que sempre foi adotada pelas consultorias e pesquisadores especializados em pecuária. E sempre se usou um pacote de conhecimento muito maior do que a simples comparação entre rebanho e área de pastagens.

São diversas as variáveis que interferem, dentre as quais é possível citar a composição estrutural do rebanho por categorias (vacas, bezerros, novilhas, boi etc.), a idade e o peso médio do rebanho em estoque, o tempo entre a desmama e o abate, o peso médio de abate, o mercado de nutrição animal, mercado de insumos para pastagens, mercado de sêmen etc.

E as metodologias sempre partem de três bases conhecidas, todas do IBGE: Censo Pecuário, Pesquisa Pecuária Municipal e Pesquisa Pecuária Trimestral.

É fundamental que os pesquisadores envolvidos se movimentem no sentido de explicar as metodologias e premissas de forma contundente, sujeitas a revisões e questionamento da comunidade científica.

É assim que ocorre com qualquer produção que pretenda ser classificada como ciência.

E antes dessa confirmação, seria recomendável que os dados relacionados à série histórica fossem retirados do ar, sob pena de alimentar diversas outras pesquisas que serão produzidas a partir de dados equivocados. Trata-se de desperdício de recursos públicos que podem gerar um problema ainda maior, ao orientar políticas públicas erradas, com impactos imprevisíveis na economia, na sociedade e na proteção ambiental.

Não dá para aceitar que uma nova metodologia revise significativamente as informações censitárias, obtidas por um instituto como o IBGE, sem que nenhum questionamento seja feito por parte da comunidade científica.

1. Pastagens: dados que estão sendo divulgados são confiáveis?

Maurício Palma Nogueira, junho de 2020

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2. Pastagens: conclusões erradas a partir de dados incorretos

Maurício Palma Nogueira, junho de 2020

Causa preocupação o fato do MapBiomas ser a base de dados mais usada em estudos relacionados à sustentabilidade. A metodologia não está validada do ponto de vista científico.

Nem sequer a proposta dessa metodologia parece estar definida, visto que há uma constante mudança dos números em poucos meses, entre uma versão e outra.

Ainda assim, os resultados têm suportado conclusões e modelagens em relação ao uso da terra no Brasil. Embasam decisões, opinião pública e conclusões conduzidas por outros pesquisadores e instituições internacionais. Mesmo sem passar pelo rigoroso filtro de validação científica, o MapBiomas está consolidado e exerce relevante influência nos materiais trabalhados.

Essa consolidação contou com a máquina de comunicação das ONGs ambientais e da imprensa.O ambiente polarizado e o excesso de informações disponíveis, somados à dificuldade de checagem das fontes de dados, contribuem nesse processo. Não é o rigor e a qualidade que valem, mas sim quem se comunica melhor, preferencialmente dentro de uma narrativa alimentada pelos preconceitos de quem “comprará” a informação.

Lentamente, o MapBiomas vem tomando o espaço de dados oficiais que, apesar de coletados por metodologias formuladas e implementadas ao longo de décadas, acabam sendo sumariamente ignorados. É como se não existissem.

Quando questionados em relação às metodologias adotadas, alguns dos responsáveis respondem até com agressividade. Quando muito, há o silêncio diante da solicitação de algum esclarecimento ou mesmo indicações de artigos científicos que justifiquem suas premissas. Investir em um debate com os coordenadores do projeto poderá ser entendido como corporativismo ruralista, ainda sob o risco de sua imagem entrar na linha de tiro da máquina de comunicação.

Os resultados e conclusões são apresentados em ambientes amistosos, onde profissionais da cadeia produtiva ou pesquisadores que os questionam acabam não tendo voz. A blindagem é garantida pela teórica contradição entre produção e proteção ambiental.

Nesse formato, a opinião de alguma celebridade, totalmente

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Fonte: Athenagro, dados do MapBiomas

Evolução da área de pastagens entre 1985 e 2019 de acordo com as diferentes versões do MapBiomas revisadas em 24 meses - milhões de hectares

MAP BIOMAS 3.0 MAP BIOMAS 3.1 MAP BIOMAS 4.0 MAP BIOMAS 4.1

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leiga, acaba tendo mais peso do que a opinião de pesquisadores especializados no tema. É a antítese do que se espera do processo de produção científica. É a ciência que não tolera ser contrariada e não depende de comprovação, pois basta a autoridade curricular dos envolvidos.

Para explicar como políticas públicas podem ser mal formuladas a partir de dados incorretos, nos ateremos à diferença entre a série histórica do MapBiomas e os dados censitários do IBGE.

Os dados relativos às pastagens começam no censo de 1940, que identificou 88 milhões de hectares no Brasil.

conseguiram explicar satisfatoriamente os motivos dessa diferença entre os dados. Essas explicações, no entanto, não são assuntos desse artigo.

Importante entender que, em relação ao que se tem de números oficiais no país, há uma evidente expansão da área de pastagens que se estende até o início da década de 1990, quando começa a recuar. A inflexão na curva de evolução da área ocorre no momento que mudanças estruturais significativas ocorriam no país.

A desregulamentação do mercado durante o governo Collor, seguida da implementação do plano Real conduzida pelo então ministro Fernando Henrique Cardoso, no governo

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107,8122,2

154,0165,7

174,8 179,3 177,5

160,0149,7

1940 1950 1960 1970 1975 1980 1985 1995 2006 2017

Fonte: IBGE (Censo), elaboração Athenagro

Evolução da área de pastagens de acordo com o Censo do IBGEMilhões de hectares

A partir de então, a área foi aumentando de um levantamento ao outro, atingindo o ápice em 1985, com 179 milhões de hectares identificados. Em 1995, a área permaneceu praticamente a mesma, com quase 2 milhões de hectares a menos.

Em 2006, a nova pesquisa censitária identificou uma área de 160 milhões de hectares, já indicando queda na área de pastagens. Essa edição, no entanto, gerou muitas dúvidas em relação ao tamanho da área e ao total do rebanho. A origem dessas dúvidas era o próprio IBGE, a partir dos dados da pesquisa pecuária municipal. O mesmo problema se repetiria no censo de 2017. Dessa vez, no entanto, os técnicos do IBGE

2. Pastagens: conclusões erradas a partir de dados incorretos

Maurício Palma Nogueira, junho de 2020

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Itamar Franco, formaram as bases que impulsionariam a produtividade da agropecuária brasileira. A pecuária não ficou de fora, embora o ritmo seja mais lento em relação às demais atividades, por razões que também não serão discutidas neste texto.

Os dados censitários foram construídos durante décadas e mostram uma tendência lógica entre um levantamento e outro, coerente com os indicadores macroeconômicos, técnicos e com o portfólio de soluções disponível para a produção.

O MapBiomas, além de desconsiderar toda a base acumulada pela instituição oficial de estatística e geografia do país, desloca para a década seguinte essa inflexão na evolução da área de pasto.

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1940 1950 1960 1970 1975 1980 1985 1995 2006 2017

Fonte: IBGE (Censo), Map Biomas, elaboração Athenagro

Área de pastagens comparadas entre o IBGE e MApBiomas 4.1Milhões de hectares

Censo Map Biomas 4.1

Embora pareça um mero detalhe sem relevância, essa mudança altera significativamente o diagnóstico da relação entre a pecuária e a conservação ambiental.

Os fatos, identificados pelo IBGE ao longo dos anos, permitem concluir que a estabilidade na economia alterou a principal variável de atratividade econômica. Em época de inflação alta, em um ambiente totalmente imprevisível, os ganhos eram garantidos pela expansão patrimonial e pela manutenção de estoques elevados. Valia muito a pena comprar terra e investir em rebanho, pois a própria inflação garantiria os ganhos.

Com o advento do plano Real, lentamente os empresários foram se adaptando aos novos paradigmas. Entenderam que a rentabilidade

seria garantida pela produtividade e pelo fluxo financeiro em relação aos ativos disponíveis. A regra passou a ser o giro do capital e a otimização dos bens de produção.

Na pecuária, essa mudança demorou a ser percebida pela própria longevidade do ciclo de produção.

Pela inflexão apresentada na série histórica do MapBiomas, as análises podem levar à falsa conclusão de que o avanço das pastagens sobre as áreas de fronteira tenha sido contido pela força da lei, em 2008, época em que as medidas de proteção ambiental começam a ser implementadas com maior rigor, de acordo com o Código Florestal.

2. Pastagens: conclusões erradas a partir de dados incorretos

Maurício Palma Nogueira, junho de 2020

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Aqui cabem duas observações importantes para que este texto não seja mal interpretado. A primeira delas é com relação à importância da legislação. Apesar de não ser responsável em frear a expansão das áreas de pastagens, os avanços que vieram junto com o código florestal são de extrema importância para garantir as regras e separar oportunistas de produtores. Em hipótese alguma, portanto, estamos sugerindo que a legislação não seja importante. Estamos apenas ajustando a importância dos acontecimentos aos fatos.

A segunda observação é com relação ao avanço das áreas de pastagens. O avanço nunca parou. O desmatamento continua ocorrendo e as áreas desmatadas continuam se transformando em pastagens. O que ocorre é que a área de pastagem perdida, tenha sido ela repassada para outras atividades ou iniciado o processo de regeneração, passou a ser maior do que o total desmatado.

E o mais importante. Quem desmata, em sua maioria, não são os produtores, mas sim agentes que ganham a vida com operações ilegais. Eles transformam a área em pastagens pela facilidade de esconder o dinheiro através da atividade pecuária. O combustível que mantém essa atividade em operação é a informalidade, que dá vazão à produtos de origem ilícita, sejam esses produtos originados pelos madeireiros, pelo garimpo ou pelos pastos recentemente implementados.

Por tradição - e por desconhecimento - a pecuária avançou sobre fronteiras por algum tempo após a estabilização da economia. Há alguns anos ainda existiam técnicos de ponta no Brasil que acreditavam que tratar pastagens como agricultura seria inviável. Ainda acreditavam

que a produção de bezerros, por exemplo, seria sempre dependente de desmatamento. Consistiam em paradigmas que foram formados durante gerações, mas bastou apenas uma década para que fossem totalmente quebrados e substituídos pelo paradigma da produtividade.

A pastagem plantada nessas áreas ilegais, assim como a pecuária que vem junto com ela, não é a causa do desmatamento, mas sim consequência. E sempre foi assim. Hoje é consequência de uma operação ilegal; enquanto nas décadas passadas era consequência de uma operação imobiliária.

Em termos de recomendações para políticas públicas, as diferenças entre ambas as séries históricas levam a conclusões muito diferentes. E embasarão decisões igualmente diferentes.

A primeira, com base nos dados oficiais do IBGE, permite entender que o vetor da profissionalização pecuária é econômico, desencadeado pela estabilidade da moeda e pela modernização do mercado. Nesse caso, os dados estatísticos do censo são reforçados por diversas outras bases de informações, dentre as quais podemos citar peso médio e idade de abate, relações de troca entre boi e bezerro, demanda por alimentos concentrados, crescimento de quantidade de confinamentos, mercado de insumos para pastagens, maquinários, sêmen etc.

Até mesmo as primeiras conclusões do MapBiomas

2. Pastagens: conclusões erradas a partir de dados incorretos

Maurício Palma Nogueira, junho de 2020

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confirmam os indicadores que explicam a dinâmica da curva proporcionada pela interpretação dos dados censitários. É através do cruzamento de informações de diversas fontes que a Athenagroconstrói a evolução anual da área de pastagens, conforme explicado no artigo “A evolução da área de pastagens no Brasil”, publicado em abril de 2019, novamente apresentado no Anexo 1.

A segunda série histórica, com base nos dados do MapBiomas, leva à conclusão de que a inflexão na curva de expansão das pastagens tenha sido conquistada pela força da lei. Com isso, é possível assumir que a pecuária continuaria avançando sobre as florestas, representando a causa do desmatamento, e não a consequência.

Essa visão deturpa as ações que realmente poderiam contribuir com a proteção ambiental. Ao invés de possibilitar a compreensão de que a pecuária organizada é a principal interessada na legalidade, a conclusão sugere medidas que busquem reduzir a atratividade financeira da produção. Nesse sentido, toda a pressão ambiental é direcionada justamente aos players que estão operando na legalidade, sejam frigoríficos ou produtores.

O resultado é o inverso do esperado.

Ao agir nos que operam na legalidade, o ambiente de negócio passa a ser mais favorável aos ilegais, aumentando a sua competividade. Estes, por sua vez, passam a representar uma parcela maior do mercado, movimentando rebanhos e, consequentemente, áreas cada vez mais representativas.

Uma nova ironia. Grande parte das medidas apresentadas em nome da

proteção ambiental acabaram surtindo o efeito inverso. É caso da pressão que ONGs, junto com o Ministério Público Federal, exerceram sobre os frigoríficos há alguns anos. Se os dados forem analisados com cautela, dois efeitos negativos estão relacionados a essas ações.

O primeiro é o aumento do abate informal (sonegado ou clandestino) que ocorreu durante o período de maior pressão. O segundo foi o aumento da concentração dos frigoríficos que operam na formalidade. Ao contrário do que muitos produtores acreditam, a margem da atividade frigorífica é muito baixa. Qualquer variável que piore essas margens tende a impactar os resultados dificultando, ou até inviabilizando, a operação. Quanto mais baixas são as margens de uma atividade, mais concentrada ela tende a ficar.

Os dois efeitos foram observados depois do aumento dessa pressão sobre os frigoríficos. Sem um estudo mais bem elaborado, no entanto, não é possível quantificar exatamente o impacto dessa variável em ambos os efeitos, embora já estejam comprovados.

Mas não é preciso aprofundar tanto na análise para perceber o quanto as duas séries levam a conclusões diferentes. Basta acompanhar os recentes estudos e artigos que usam o MapBiomas como base.

Invariavelmente recomendam medidas de natureza que venham a dificultar, burocratizar ou até mesmo taxar ainda mais a produção pecuária. Essas medidas aparecem com

2. Pastagens: conclusões erradas a partir de dados incorretos

Maurício Palma Nogueira, junho de 2020

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frequência em diversos textos, tanto os mais bem elaborados como os meramente opinativos.

Ou acreditamos que há uma conspiração trabalhando a favor de grupos engajados, ou aceitamos a conclusão mais simples e provável: os dados, que se tornaram referência para tais estudos, estão completamente errados e induzindo a erros ainda maiores pelo efeito cascata.

O equívoco leva também a políticas de efeito negativo ainda mais impactantes quando se analisa o lado social da sustentabilidade. A realidade da evolução no campo, identificada pelo IBGE, nos permite concluir que a adoçãotecnológica com o objetivo de obter ganhosfinanceiros irá suplantar toda a demanda tecnológica para garantir as demandasambientais. A ponta mais eficiente em implementar tecnologia será cada vez mais representativa na comercialização, no estoque do rebanho e em terras, num futuro próximo.

Os produtores de diferentes tamanhos que não conseguirem se adequar serão expulsos da atividade. Como a maioria dos produtores brasileiros são pequenos, o impacto será muito maior entre eles, criando um caos social no campo. É esse o grande desafio da sustentabilidade na produção pecuária no Brasil, não o ambiental.

A questão do desmatamento ilegal é um desafio de Estado, caso de polícia. É um problema que não será resolvido nos

frigoríficos e muito menos nas fazendas.

Os nove anos de dados a campo, levantados pelo Rally da Pecuária, nos permitem dimensionar o problema. Se a pecuária brasileira operasse com a média daquele púbico, seriam necessários apenas 60 milhões de hectares para manter a atual produção de carne.

Parece apenas uma simples curiosidade teórica, mas essa informação comprova a verdadeira natureza do desafio pela frente. Por estarem na dianteira, esse público representa a tendência do que virá nos próximos anos.

A preocupação não é se a pecuária vai conseguir ceder áreas para outras atividades. A preocupação é o que será

feito para incluir os donos das terras que irão sobrar, um problema cuja solução passa também por toda a questão fundiária.

A única explicação para que as pessoas, estudiosas do tema, ainda não tenham se atentado para essa realidade é o fato de estarem se baseando em informações erradas que reforçam o preconceito existente em relação à produção pecuária.

Aumentar o rigor e a seriedade com que se trabalha com dados relacionados à área é outro desafio, que não deixa de ser uma exigência da própria sustentabilidade.

“A questão do desmatamento ilegal é um desafio de Estado,

caso de polícia.

É um problema que não será resolvido nos frigoríficos e

muito menos nas fazendas.”

2. Pastagens: conclusões erradas a partir de dados incorretos

Maurício Palma Nogueira, junho de 2020

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14jun/20

O raciocínio desenvolvido até aqui pode levar à conclusão equivocada em relação ao meu posicionamento sobre o MapBiomas.

Quando o MapBiomas foi apresentado, a maior parte dos profissionais que acompanham informações sobre pastagens o recebeu com boas expectativas.

Os resultados submetidos ao debate e com pesquisadores abertos à discussão (especialmente o Lapig - Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento), sinalizavam que uma nova luz de conhecimento contribuiria com a pecuária. Esse procedimento, no entanto, não se manteve, o que justifica as críticas.

Há uma certa confusão em relação a empresas como a Athenagro que, assim como tantas outras consultorias, divulgam estatísticas sobre a pecuária. Tais estatísticas não representam os frutos ou os produtos do trabalho. As estatísticas são insumos usados na elaboração do que será apresentado aos clientes. Portanto, a natureza da crítica ao MapBiomas não é motivada por marcação de espaço e tampouco pela vaidosa busca pela paternidade em relação ao tema. O fato é que os dados não fazem sentido, conforme embasado nos textos anteriores. Se a metodologia for defensável tecnicamente, a crítica morre e a metodologia se valida com a total aceitação dos dados.

O contexto é até interessante. Ao final dos anos 2000, com a divulgação dos resultados do censo 2006, as organizações privadas e estatais que trabalham com dados de pastagens precisaram se movimentar para interpretar aquela grande diferença entre censo e pesquisa pecuária municipal, cujos dados eram significativamente

discrepantes, pela primeira vez.

Nesse sentido, o embasamento das análises exigiu mais dos profissionais, que precisaram buscar mais informações e cruzamento de dados para estimar o ponto correto do rebanho e das pastagens entre ambas as bases. Ao invés de apenas usar os dados, era preciso interpretá-los a partir de outros indicadores. Nos dez anos seguintes, até que o próximo censo fosse realizado, a quantidade de conhecimento em relação à dinâmica do que ocorria nas pastagens foi ampliado, gerando uma capacidade crítica bem mais aprofundada.

O uso de conceitos de manejo de pastagens, somado a estatísticas de insumos para a produção e indicadores zootécnicos, foram incorporados às análises. Pesquisas, estudos e qualquer informação que pudesse ser aproveitada era usada para “marcar” pontos conhecidos, geralmente em anos dos censos agropecuários. Dados do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) eram analisados juntamente com os dados do IBGE.

Ao identificar uma área em determinado ano (ou ponto), repetimos a análise para outros períodos. A evolução entre um ponto e outro é composta pelas estatísticas da Conab e do Prodes/Inpe, analisadas em conjunto. “O pressuposto é que toda área desmatada seria convertida em pastagem. Embora represente uma tendência, não implica em uma regra, mas será tratado assim na estatística. Se toda área desmatada é computada como pastagem, a área agrícola só poderá crescer sobre área de pastagem, para efeito de cálculo.” conforme

3. Pastagens: qual evolução histórica faz mais sentido?

Maurício Palma Nogueira, junho de 2020

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15jun/20

detalhado no artigo “A evolução da área de pastagens no Brasil”, publicado em abril de 2019 (Anexo 1).

Estatísticas de desmatamento e de conversão em agricultura precisavam levar de um ponto a outro, o que gerava uma diferença muito grande. Essa diferença, por fim, foi explicada por outra base de dados do Inpe, que é o Terraclass. Os dados batiam.

Em 2014, com a repetição dos dados de campo do Rally da Pecuária, foi possível incluir mais uma base de checagem. Os dados diretos a campo, levantados pela própria expedição, assim como a análise dos pontos por imagens de satélite, conduzidos pelos pesquisadores e consultores da Agrosatélite, comprovava o comportamento que o Terraclass já havia possibilitado concluir.

A diferença era explicada pela área degradada, que iniciara o processo de regeneração. É fundamental entender que a maior parte dessa regeneração é involuntária e ocorre em consequência de erros que se originam na condução da atividade pecuária.

Embora esse processo represente um acúmulo de carbono, que deveria ser computado como ativo no balanço da pecuária de corte, em termos de sustentabilidade ainda é um passivo. Do ponto vista social e econômico, a perda de pastagens por degradação representa o maior impacto negativo na atividade pecuária.

Por fim, foi possível construir uma base que fizesse sentido e fosse monitorada e acompanhada através dos dados anuais divulgados. Algumas consultorias chegaram a números muito próximos, enquanto outras simplesmente aceitavam os dados do censo.

É nesse cenário que surgem os primeiros mapas divulgados pelo Lapig e pelo MapBiomas. A informação do Lapig se aproximava da estimativa da Athenagro, com uma diferença de mais ou menos 4 milhões de hectares.

Quando o MapBiomas deduziu das pastagens aquelas áreas que haviam sido identificadas em outras atividades, o número ficou bem abaixo do divulgado pelo Lapig.

E essa diferença seria compreendida um ano depois pela divulgação de uma pesquisa encomendada pela Rede Fomento, que estimou a área de integração entre pastagens e outras atividades.

O total, quando somado às pastagens do MapBiomas, gerava uma diferença de menos de 1 milhão de hectares em relação ao estimado pela composição adotada pela Athenagro.

Fim do problema e de toda ginástica, o MapBiomas havia gerado um dado confiável e, com base nele, o nosso esforço seria dirigido a outro grande desafio da pecuária: identificar a evolução e a quantidade do rebanho com exatidão, o que seria possível a partir de uma terceira base de dados que pudesse ser usada para definir o ponto certo entre pesquisa pecuária municipal e censo.

Se o MapBiomas tivesse se esforçado para melhorar as análises georreferenciadas, a partir das ferramentas que possibilitam a exatidão das informações, a confiabilidade dos dados seria garantida. Para nós, usuários, implicaria em melhores condições

3. Pastagens: qual evolução histórica faz mais sentido?

Maurício Palma Nogueira, junho de 2020

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16jun/20

de análises possibilitando entregas de melhor qualidade. Classificar as críticas dedicadas ao MapBiomas como levianas e corporativistas é estratégia para evitar o debate.

O que mais motiva tais críticas é a aparente perda de foco em relação à proposta original. Qual a razão de abandonar um processo de construção do conhecimento tão bem elaborado para gerar uma série histórica que desconsidera e desmente a única fonte de dados completa que temos em relação ao que ocorre no campo?

A partir das confusões e revisões significativas nos dados divulgados pelo MapBiomas, excluímos tais informações de nossa base.

do IBGE não pode errar para cima. Se estiver errado, tal erro só pode ocorrer para baixo, a menos que haja manipulação dos resultados. Como explicar a diferença entre censo e MapBiomasnos anos de 1985 e 1995?

A comparação entre as séries históricas do MapBiomas e as adotadas pela Athenagro está exposta na próxima página.

Evidentemente, pelas razões expostas em diversos textos publicados pela Athenagro, não há condição de considerar os dados do MapBiomas como base aceitável de referência para

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Fonte: Athenagro (IBGE, Lapig, MAP Biomas, Conab, Agroconsult, Agrosatélite, Inpe/Prodes, Inpe/Terraclass, Rally da Pecuária), IBGE (Censo), MapBiomas

Área de pastagens comparadas entre o censo IBGE , versão 4.1 do MapBiomas e critério Athenagro - Milhões de hectares

Censo Map Biomas 4.1 Composição Athenagro

A metodologia adotada pela Athenagro é composta por dados de diversos órgãos e checados por informações de campo, mercado e pesquisas, quando disponíveis. Recuando a metodologia até 1985, ano de censo, é possível comparar o censo, o MapBiomas (versão 4.1) e a composição feita pela Athenagro nos períodos relacionados.

A cada informação considerada e adicionada na avaliação, aumenta a confiança que temos na metodologia. Não se trata de um dado gerado internamente, mas sim da base censitária, com uma diferença estimada pela pesquisa pecuária municipal.

Vale reforçar também que, por definição, o censo

3. Pastagens: qual evolução histórica faz mais sentido?

Maurício Palma Nogueira, junho de 2020

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área de pastagens. O problema ficou ainda maior com a revisão entre as versões 3. para as versões 4.

Entre um conjunto e outro de coleções de mapas, a área pastagem pulou da faixa de 140 milhões para 180 milhões de hectares.

Essa área não se justifica quando se consideram conhecimentos primários de manejo de pastagens. Pastagens se degradam basicamente pela super ou pela sub lotação da área. As formas de degradação seguirão dinâmicas diferentes, que ainda serão impactadas pelo bioma em questão. Mas, nessas duas condições, as pastagens irão se degradar.

É inaceitável que estudos relacionados às estatísticas de pastagens não incluam, em suas equipes, alguém

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Fonte: Athenagro (base no IBGE, Lapig, MAP Biomas, Conab, Agroconsult, Agrosatélite, Inpe/Prodes, Inpe/Terraclass, Rally da Pecuária), Map Biomas * Inclui área em integração com lavoura ou floresta

Evolução da área de pastagens entre 2000 e 2019 de acordo com diferentes critérios - milhões de hectares

Composição Athenagro (*) MAP BIOMAS 4.1

46 milhões de hectares

21 milhões de hectares

especializado em manejo de campo dedicado a revisar todas as incoerências que a base de dados possa gerar. É um método simples adotado em toda empresa de consultoria, seja na equipe interna, seja através de terceirização.

Ainda na relação entre bovinos e pastagens é preciso considerar o pacote tecnológico adotado a campo.

Informações de mercado e pesquisas quantitativas e qualitativas conversam coerentemente com diferentes indicadores que podem ser obtidos a partir de informações oficiais. A pesquisa pecuária trimestral, também do IBGE, confirma essa evolução do pacote tecnológico através do aumento no peso das carcaças bovinas abatidas. O MAPA,

através do SigSif, corrobora as mesmas informações.

A pergunta que se faz, diante da área sugerida pelo MapBiomas, é: pelo pacote tecnológico atual, qual o tamanho do rebanho necessário para manter uma área de 183 milhões de hectares de pastagens? A resposta seria algo próximo de 240 milhões de cabeças.

Os dados oficiais, quando comparados, apontam que o rebanho médio anual oscila entre 190 e 200 milhões de cabeças, considerando nascimentos, mortes e abates. No entanto, o número mais usado é o da PPM (Pesquisa Pecuária Municipal, IBGE), que marca cerca de 214 milhões de cabeças.

3. Pastagens: qual evolução histórica faz mais sentido?

Maurício Palma Nogueira, junho de 2020

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18jun/20

É possível que o MapBiomas esteja correto? Pode ser, mas para que seus dados sejam realmente levados a sério, eles precisam ser explicados sob o rigor da produção científica.

No entanto, para que o MapBiomas esteja certo, as três principais fontes de dados do IBGE (PPT, PPM e censo) precisam estar erradas. No caso do censo, seria um erro acumulado nos últimos 35 anos que teria ocorrido dentro de uma linha de tendência lógica para os indicadores técnicos e macroeconômicos ao longo desse período. Qual é a probabilidade?

Os relatórios anuais do MAPA, referentes à vacinação contra febre aftosa, também estariam errados. Todas as pesquisas e informações sobre áreas em integração com lavoura ou florestas estariam

igualmente incorretas.

Na verdade, a integração entre pecuária e outras atividades nem existiria no Brasil. Aceitando-a na proporção que se aceita hoje, o rebanho teria que ser próximo de 280 milhões de cabeças para justificar a área de pastagem do MapBiomas.

O que está em discussão é quantos dados e quantas bases de informações o MapBiomas está colocando em dúvida?

É o MapBiomas que precisa se adaptar ou são todas as bases de dados e todo o conhecimento, acadêmico e de campo, acumulado sobre pecuária que precisa se adaptar ao MapBiomas?

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3. Pastagens: qual evolução histórica faz mais sentido?

Maurício Palma Nogueira, junho de 2020

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19jun/20

ANEXO 1

Por Maurício Palma Nogueira, engenheiro agrônomo, sócio diretor da Athenagro

Abril de 2019

Artigo escrito em abril de 2019 – Versão original

Nota junho de 2020: Todas as revisões do MapBiomas criticadas no texto foram publicadas após a elaboração

deste artigo.

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Dentre as análises produzidas pela equipe Athenagro, o gráfico mais replicado é o que ilustra a evolução da área de pastagens do Brasil comparada com o avanço da produtividade. Na figura 1, os dados estão atualizados até 2019.

A evolução da área de pastagens no Brasil

Maurício Palma Nogueira, abril de 2019

identificar a área atual ocupada pelas pastagens.

Os dados históricos, por outro lado, deixam a desejar.

A série histórica do MapBiomas desconsidera áreas que deixaram de ser pastagens. Os dados podem induzir a dois erros básicos. O primeiro é sugerir que grande parte da agricultura não teria sido construída sobre área de pastagens. E o segundo é que desconsideraria o processo de degradação, como se o mesmo não existisse. Na prática, sabe-se que não é assim.

Embora os dois últimos censos agropecuários (2006 e 2017) tenham gerado muitas dúvidas, dados censitários de anos anteriores apontam áreas de pastagens superiores ao que é registrado pela série histórica do MapBiomas. Em 1985 o censo indicava cerca de 180 milhões de hectares de pastagens. Para o mesmo ano, o MapBiomas registra apenas 95,8 milhões de hectares.

Ainda que se some todos os biomas Pantanal, Pampas e Caatinga, chegar-se-ia a cerca de 125 milhões de hectares de pastagens, em um ano que o censo indicava 50 milhões a mais. Os dados do censo, quando errados, tendem a errar para baixo e não para cima.

Diante disso, internamente, chegamos à conclusão que todo o esforço do MapBiomas gera um dado atual confiável, muito próximo do que os indicadores apontam. Para a elaboração da série histórica, no entanto, é preciso rever os critérios e as metodologias, pois desconsideram grandes áreas que foram

Figura 1 - Acompanhamento da área de pastagens e da produtividade

Essa análise começou a ser apresentada em 2010 nos relatórios dedicados aos clientes de consultoria. Era elaborado a partir dos dados do censo e da pesquisa pecuária municipal (PPM), ambos do IBGE. Projetávamos a área de pastagens usando o índice de ocupação do censo, calculado pelo rebanho da PPM. Como a evolução era projetada, a curva do gráfico declinava suavemente, diferente do que está exposto na figura 1.

A partir de 2016, a divulgação de dados do Lapig e do MapBiomas nos possibilitou melhorar a análise, tornando-a mais exata. A estimativa de pastagens melhorou significativamente, usando ambas as fontes para

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Fonte: Athenago, dados Conab, Agroconsult, Agrosatélite, IBGE, Inpe/Terraclass, Lapig, Inpe/Prodes, Rally da Pecuária, Map Biomas, Embrapa

Evolução da área de pastagens e da produtividade pecuária

Área de Pastagens milhões ha Produtividade @/ha/ano

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pastagens em algum momento.

Em 2017, ano de publicação do último censo, as áreas de pastagens de acordo com diversas fontes estão relacionadas na figura 2.

considerada como área agrícola, e não pastagem. Algumas áreas de pastagens naturais, como os pampas, também não entram no cômputo do MapBiomas. Essas são basicamente as variáveis que explicam as diferenças entre o Lapig e MapBiomas. O critério tem lógica, visto que uma atividade que ocupa mais de 160 milhões de hectares é mais difícil de monitorar, além de ser mais exposta ao dinamismo de mudança no uso do solo.

A área de pastagens da Athenagro tem como base a área do Lapig com algumas revisões do MapBiomas, evolução da área agrícola (Agroconsult, Conab) e do processo de degradação das pastagens identificadas nas últimas edições do Rally da Pecuária e analisadas pela Agrosatélite. Para 2017, portanto, a área de pastagens estimada pela Athenagro era em 163,8 milhões de hectares, área que se reduz para 162,5 milhões de hectares em 2018.

Ao final de março, a Agroconsult revisou a série histórica da produção e produtividade agrícola, que gerou uma mudança na base. Essa mudança impactou uma alteração de 200 mil hectares no total da área de pastagem estimada para 2018.

Na publicação “Perfil da Pecuária no Brasil”, produzida pela Abiec, por exemplo, a área de pastagem (dados de fevereiro) contará como 162,3 milhões de hectares, enquanto os dados atualizados em março totalizam 162,5 milhões de hectares.

Lapig e MapBiomas são duas iniciativas em constante desenvolvimento. Frequentemente atualizam as bases com a

A evolução da área de pastagens no Brasil

Maurício Palma Nogueira, abril de 2019

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IBGE_CENSO 2017 LAPIG 2017 MAP BIOMAS 2017 ATHENAGRO 2017

Fonte: Athenagro, IBGE, Lapig, MapBiomas

Áreas de pastagens em 2017, de acordo com algumas fontesMilhões de hectares

Figura 2 - Área de pastagens em 2017 de acordo com algumas fontes

A área do Mapbiomas é obtida a partir do Lapig, responsável pelo monitoramento das pastagens dentre as equipes que compõem o projeto. As áreas observadas em outras atividades são subtraídas das áreas de pastagens. Se algum outro grupo encontra alguma atividade em áreas que haviam sido alocadas como pastagens, prevalece a outra atividade.

Isso ocorre pelo fato de que, no projeto MapBiomas, a área de pastagem é a base variável. Nesse caso, uma área em integração será

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inserção de novos dados e também provocam alterações em nossas estimativas. Alterações nas bases de dados de qualquer uma das fontes será considerada e os dados da Athenagro serão revistos.

SÉRIE HISTÓRICA E PROCESSO DE REGENERAÇÃO

Resolvido o desafio de estimar a atual área de pastagens, passamos à metodologia para construir uma série histórica que fosse confiável.

Nesse processo, foram descartadas as bases do MapBiomas e do Lapig, fundamentais para estimar a área atual.

Partimos do pressuposto que toda área desmatada seria convertida em pastagem. Embora represente uma tendência, não implica em uma regra, mas será tratado assim na estatística. Se toda área desmatada é computada como pastagem, a área agrícola só poderá crescer sobre área de pastagem, para efeito de cálculo.

Identificamos a soma de todas as áreas dedicadas às culturas agrícolas e florestais e usamos a evolução dessas áreas para calcular o saldo anterior das pastagens. O mesmo critério usamos para o desmatamento. A fonte de dados das atividades agrícolas é a Agroconsult que, por usa vez, usa dados próprios, IBGE e Conab, enquanto a fonte de dados de desmatamento é o Prodes.

Retroagimos com estes dados da área conhecida atual até chegarmos a pontos conhecidos dos censos dos anos 1980 e 1990, cujos dados são mais aceitos. Ao executarmos essa metodologia, começa a surgir uma diferença considerável nas áreas. Essa diferença foi tratada como área em regeneração, ou a soma da área de pastagens degradadas.

Para testar essa tese, lançamos base de outras duas fontes de dados. A primeira é o Rally da Pecuária, cuja base não é de origem científica, embora a análise dos dados, por imagem de satélite, tenha sido usada em tese de doutorado de um dos sócios da Agrosatélite. A dinâmica de degradação, identificada nos pontos do Rally, e analisada por imagem de satélite, explicaria a diferença encontrada na série histórica construída pelo desmatamento e pelo avanço da agricultura.

Mesmo assim, apesar da confiança na metodologia, a Athenagrobuscou outra base de dados para calcular esse processo. É aí que entram os dados do Terraclass, publicados a cada dois anos pelo INPE.

Terraclass e Rally da Pecuária são usados como pontos de controle da metodologia, ou seja, a área considerada como em processo de regeneração ou degradada precisa ser explicada por ambos os dados. Se houver incoerências, é preciso rever a metodologia.

Indo até 1990, essa metodologia mostrou-se confiável, com perfeita harmonia entre as bases conhecidas e a evolução tecnológica na pecuária. O movimento a partir de 2007/2008 é muito didático e é corroborado com os investimentos em nutrição do rebanho e rápida expansão da terminação em confinamento.

Abrindo um parêntesis, diferente do que acontece nos Estados Unidos, o confinamento brasileiro é explicado pela melhoria do uso das pastagens. Não se trata de uma ferramenta de

A evolução da área de pastagens no Brasil

Maurício Palma Nogueira, abril de 2019

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substituição das pastagens, mas sim de melhoria das mesmas.

A produtividade é simplesmente a produção total de carne do ano dividida pela área total de pastagens. Usamos a produção completa de carne bovina em carcaça. Consideramos o abate formal, informal e o abate de animais para consumo nas próprias fazendas, por metodologias que foram aprimoradas internamente. Optando-se por usar apenas o abate formal, o desenho da figura 1 seria praticamente o mesmo, mudando apenas os números da série produtividade.

No detalhamento das áreas de pastagens no Brasil, ainda lançamos os dados de recente pesquisa encomendada pela Rede Fomento de integração Lavoura e Pecuária.

Dessa forma, é possível construir a figura 3, estimando as áreas de acordo com os usos e suas condições.

A campo, a análise da qualificação das áreas se baseia nos dados do Rally da Pecuaria, cujos resultados vem se repetindo anualmente desde 2011.

Observe que, por critérios diferentes, os dados “pastagens exclusivas em bom estado”, estimado pela Athenagro, chegam bem próximos da área de pastagem do MapBiomas 2017.

É fundamental ressaltar que mesmo que a agricultura não avance, a área de pastagens continuará se reduzindo. Isso ocorre pelo processo e degradação que, em quantidade, supera a capacidade da agricultura avançar.

A única maneira de frear esse processo, que impacta principalmente os menores produtores, é através do fomento de tecnologias de recuperação e manutenção das pastagens em superfície. Essa tem sido uma das principais bandeiras levantadas pelo Rally da Pecuária.

POLÊMICAS

Aprofundando-se nos dados, é possível chegar a várias conclusões que são consideradas polêmicas por sensacionalistas. Por exemplo: -Entre 1990 e 2018 foram desmatados 39 milhões de hectares, enquanto 49 milhões de hectares encontram-se em algum estágio de regeneração. Para cada 1 hectare desmatado, outro 1,25 hectare está sendo regenerado. - No mesmo período (1990 a 2018), 19,1 milhões de hectares foram convertidos de pecuária para agricultura.

A evolução da área de pastagens no Brasil

Maurício Palma Nogueira, abril de 2019

Figura 3 - Detalhamento das áreas de pastagens em 2018

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Pastagens exclusivas em bom estado

Pastagens exclusivas precisando de recuperação

Pastagens em estágio avançado de degradação

Grãos em integração com pecuária

Outras culturas em integração com pecuária

Fonte: Athenagro, dados Agroconsult, Agrosatélite, IBGE, Inpe/Terraclass, Lapig, Prodes, Rally da Pecuária, Map Biomas, Rede Fomento

Detalhamento das áreas de pastagens no BrasilMilhões de hectares - Total 162,5 milhões de hectares

136,8

9,7

4,2

9,9

1,9

Pastagens exclusivas em bom estado

Pastagens exclusivas precisando de recuperação

Pastagens em estágio avançado de degradação

Grãos em integração com pecuária

Outras culturas em integração com pecuária

Fonte: Athenagro, dados Agroconsult, Agrosatélite, IBGE, Inpe/Terraclass, Lapig, Prodes, Rally da Pecuária, Map Biomas, Rede Fomento

Detalhamento das áreas de pastagens no BrasilMilhões de hectares - Total 162,5 milhões de hectares

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Considerando o aumento de produtividade e as quantidades de carne bovina produzida em 1990 e em 2018, é possível concluir que a evolução na pecuária evitou, nesse período, que outros 253 milhões de hectares fossem desmatados.

Não se trata de opinião, mas sim de matemática aplicada aos números gerados pelas estatísticas oficiais e pesquisas financiadas, inclusive, por quem não admite essas conclusões.

Vale aqui relembrar a polêmica constrangedora criada há um ano. Ao questionar um artigo que inflava a área de pastagens para 230 milhões de hectares, alguns profissionais de universidades, ou que são responsáveis por gerir recursos destinados a essas pesquisas, reagiram ferozmente, buscando desmoralizar quem os havia questionado. Na época, apontávamos que a soma de todas áreas usadas pela agropecuária era de 240 milhões de hectares. Como as pastagens poderiam somar 230 milhões?

Ironicamente, um dos profissionais que reagiram deselegantemente, assinou um artigo em fevereiro último concluindo que toda a área da agropecuária brasileira ocupa pouco mais dos 240 milhões de hectares. Aparentemente, aprendeu a interpretar os dados que ele próprio ajudou a construir.

Ainda com relação às polêmicas, todos os dados que compõem a base que analisamos nos leva à distribuição da área brasileira de acordo com a figura 4.

Nessa análise, as fontes Embrapa e MAPA entram para imputar os dados de centros urbanos, corpos d´água, estradas, APPs e reserva

florestal. Em termos de uso agropecuários, os critérios são os descritos anteriormente.

Por essa metodologia, considerando as áreas em diferentes estágios de regeneração a partir de 2003, é possível apontar que, no mínimo, 67,3% do país está protegido. Sem a área em regeneração, são 64,9% integralmente protegidos, intactos.

Mesmo sendo obtidos por origens distintas, os dados confirmam as conclusões do pesquisador Evaristo de Miranda, da Embrapa. Este, por sua vez, é constantemente criticado,

A evolução da área de pastagens no Brasil

Maurício Palma Nogueira, abril de 2019

Vegetação nativa no Brasil 42,35%

Área de preservação permanente

6,47%

Vegetação nativa com atpidão agrícola fora do

bioma amazônico9,63%

Área de reserva legal 6,41%

Áreas em regeneração (a partir de 2003)

2,45%

Pastagens em uso exclusivo 17,70%

Pastagens em uso integrado1,38%

Agriculturas perene, semi perene e anual

8,31%

Reflorestamento 0,83%

Centros urbanos, corpos d´água, estradas, mangues e

outros usos4,46%

Distribuição das áreas do Brasil, segundo fontes oficiais de monitoramento do uso do solo e estatísticas de produção

Fonte: Athenagro, dados Agroconsult, Agrosatélite, IBGE, Terraclas/Inpe, Mapa, Map Biomas, Lapig, Embrapa, Rally da Pecuária

Figura 4 - Distribuição das áreas do Brasil em 2018

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25jun/20

inclusive pelos mesmos profissionais que protagonizaram a deselegante polêmica do ano passado.

Somando todos os produtos de origem vegetal e animal, de 2003 a 2018 (15 anos), os produtores brasileiros aumentaram a produção em 500 milhões de toneladas numa área com quase 10 milhões de hectares a menos. A produtividade aumentou 84% no período,

resultado de dedicação e ousadia na implementação das técnicas mais modernas de produção no campo.

Essa é a realidade da agropecuária brasileira. Dependendo dos critérios ou das fontes de dados, os números podem até divergir, mas as proporções seguirão exatamente o que está exposto aqui.

A evolução da área de pastagens no Brasil

Maurício Palma Nogueira, abril de 2019

Referência 2003 2008 2013 2016 2017 2018avanço entre

2003 e 2018

avanço em

%Produção vegetal total (milhões de ton) 610,61 913,14 1.063,10 1.111,08 1.076,87 1.085,92 475,31 78%

Carnes + Leite + Ovos (milhões de ton) 40,17 52,16 62,38 62,71 64,53 65,17 25,00 62%

Produção total (milhões de ton) 650,77 965,30 1.125,49 1.173,79 1.141,40 1.151,09 500,32 77%

Área total safras e pastagens (milhões ha) 249,62 249,36 242,97 239,16 239,86 239,86 -9,76 -4%

Produtividade da área ocupada (ton/ha/ano) 2,61 3,87 4,63 4,91 4,76 4,80 2,19 84%

Tabela 1 - Evolução da produção agropecuária total (vegetal e animal), área ocupada e produtividade do Brasil entre 2003 e 2018

Fonte: - Athenagro, dados Conab, Agroconsult, Agrosatélite, IBGE, Inpe/Terraclass, Lapig, Inpe/Prodes, Rally da Pecuária, Map Biomas, Embrapa, Rede Fomento

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26jun/20

“Entre 1990 e 2019, aumento da produtividade pecuária evitou que 270 milhões de

hectares fossem desmatados e ainda devolveu 30 milhões de hectares para outras

atividades ou regeneração da flora ”

ANEXO 2

Por Maurício Palma Nogueira, engenheiro agrônomo, sócio diretor da Athenagro

Maio de 2020

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27jun/20

Pecuária brasileira protege 10 milhões de hectares ao ano

Maurício Palma Nogueira, maio de 2020

A crise de saúde pública e econômica, criada pela pandemia, colocou o agro em destaque. No entanto, no caso brasileiro, a sociedade ainda recebeu, como brinde, uma crise política, preparada pela classe eleita para conduzir a administração do país.

Em meio ao caos de desinformação e polarização, e mediante o risco de possível enfraquecimento da Ministra Tereza Cristina, cuja boa atuação é praticamente consenso entre todos os profissionais do agro, diversas lideranças foram acionadas para falar sobre os ganhos do campo nos últimos anos. E foram muitos os ganhos.

Cruzando as diversas bases de informações disponíveis, em 2018, a Athenagro divulgou pela primeira vez um dado que vem sendo atualizado anualmente, à medida que as informações oficiais são divulgadas.

A área utilizada pela pecuária e pela agricultura, somando todas as atividades, desde hortícolas até reflorestamento, somava 248,4 milhões de hectares em 2003.

Naquele ano foram produzidas 610 milhões de toneladas de produtos vegetais e 40,2 milhões de toneladas de produtos deorigem animal.

Em 2019 os brasileiros ocuparam 240,8 milhões de hectares para todas as atividades. A produção, no entanto,

atingiu 1,1 bilhão de toneladas de produtos vegetais e 66,5 milhões de toneladas de produtos de origem animal. Produção vegetal e animal tiveram um incremento de, respectivamente, 81% e 66% em 16 anos. A área total para produção agropecuária recuou 7,6%.

Em 2003, os pecuaristas e agricultores retiravam cerca de 2,6 toneladas de produtos agrícolas para cada hectare utilizado, enquanto no último ano foram 4,9 toneladas por hectare, um aumento de 86% no desempenho por hectare. Como a produtividade está aumentando, a qualidade do solo também melhora, consequência de melhores práticas conservacionistas e condução dos tratos culturais.

Números do uso de defensivos e fertilizantes, apresentados de forma sensacionalista pelos críticos, ludibriam a opinião pública. É justamente a utilização responsável de tais produtos que permite obter tamanho desempenho no uso do solo e da água. Se fossem ruins como dizem, a produção

Referênc ia 2003 2019avanço entre

2003 e 2019

avanço em

%

Produção vegetal total (milhões de ton) 610,61 1.104,96 494,35 81%

Carnes + Leite + Ovos (milhões de ton) 40,09 66,49 26,40 66%

Produção total (milhões de ton) 650,69 1.171,45 520,76 80%

Área total safras e pastagens (milhões ha) 248,42 240,76 -7,66 -3%

Produtividade da área ocupada (ton/ha/ano) 2,62 4,87 2,25 86%

Fonte: Athenagro, dados Athenagro, IBGE, Conab, Inpe, Lapig, Map Biomas, Agoconsult

Resumo de produção e área da agropecuária brasileira entre 2003 e 2019

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28jun/20

Pecuária brasileira protege 10 milhões de hectares ao ano

Maurício Palma Nogueira, maio de 2020

não aumentaria, visto que plantas e animais são seres biológicos e, assim como o ser humano, sofreriam consequência do tal “envenenamento” alardeado pelos engajados em torno de bandeiras incompreensíveis.

O aumento da produtividade não é linear pelo desempenho de cada cultura. Para analisar as culturas, todas atividades precisam ser avaliadas separadamente. A produtividade da pecuária de corte, por exemplo, aumentou 55% entre 2003 e 2019.

A mudança no uso do solo é um dos fatores que explicam o

que a densidade nutricional e qualidade da composição dos alimentos não estão sendo consideradas. Mesmo quando se compara a proteína bruta de culturas vegetais com a proteína animal, não é considerada a qualidade da composição de aminoácidos em ambas as fontes. Essas comparações inadequadas podem ser atribuídas à má fé ou ignorância.

Não é assunto do texto, mas em hipótese alguma, proteína vegetal substitui nutricionalmente a proteína de origem animal nas mesmas proporções.

Voltando ao raciocínio, no período, a área de agricultura aumentou cerca de 14 milhões de hectares, sendo que a área

0,6

1,1

1,6

2,1

2,6

3,1

3,6

4,1

4,6

160

163

165

168

170

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20

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01

20

02

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20

18

20

19

@/h

a/an

o

Milh

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s d

e h

ect

are

s

Fonte: Athenago, dados Conab, Agroconsult, Agrosatélite, IBGE, Inpe/Terraclass, Lapig, Inpe/Prodes, Rally da Pecuária, Map Biomas, Embrapa

Evolução da área de pastagens e da produtividade pecuária

Área de Pastagens milhões ha Produtividade @/ha/ano

desempenho do campo nesse quesito. Na média, uma área de pecuária de corte produz cerca de 65 quilogramas de carcaça por ano. Mesmo considerando a produtividade média da amostra do Rally da Pecuária, expedição anual que entrevista produtores em todo o Brasil, a produtividade será de 190 kg/ha, podendo atingir quase 1 tonelada por hectare entre os mais produtivos.

Quando essa área passa para soja, a quantidade de grãos retirada da área facilmente atinge 3 toneladas por hectare. Se ainda for plantada uma segunda safra de milho, a área renderá entre 9 e 10 toneladas por hectare. O mesmo raciocínio pode ser usado para cana-de -açúcar, eucalipto e outras culturas que avançam sobre área de pastagens.

Apenas para evitar confusões com o uso dessa análise: em termos de demanda humana, é evidente

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29jun/20

Pecuária brasileira protege 10 milhões de hectares ao ano

Maurício Palma Nogueira, maio de 2020

total de pastagens recuou quase 22 milhões de hectares. Mesmo computando o desmatamento, de acordo com números oficiais para as pastagens levantados pelo INPE/Prodes, a quantidade de área repassada para agricultura, somada à área perdida por infestação de plantas invasoras, é suficiente para registrar redução na área cultivada no Brasil.

Esse avanço é possível pelo aumento do aporte tecnológico na produção de carne, o que não ocorre de forma bem distribuída entre todos os produtores. Os pecuaristas mais ágeis melhoram seus sistemas de produção, obtendo maior rentabilidade e ampliando sua escala com produtividades cada vez mais elevadas.

Do outro lado, os menos eficientes, grandes ou pequenos, vão perdendo parte de suas pastagens, tanto para a agricultura, como pelo início do processo de recomposição da vegetação natural.

Entre 2003 e 2019 foram repassados 2,2 hectares de pastagens para agricultura para cada hectare desmatado, segundo números oficiais.

E foi iniciado o processo de regeneração em 1,3 hectare, para cada hectare desmatado. O repasse para agricultura intensificou-se a partir dos anos 2000, quando se concentrou praticamente 80% de toda a área que foi convertida.

Para analisar um período mais longo, depois de 1990, o total desmatado somou 40,7 milhões de hectares. Foram repassados 17,5 milhões de hectares para a agricultura e outros 53 milhões de hectares de pastagens foram perdidos por degradação, iniciando a regeneração da vegetação natural.

Enganam-se os que acreditam que essa dinâmica seja uma retração da importância pecuária. Analisando a história do avanço para o interior, é possível concluir que a área de pastagens estava fadada a ser substituída por outras atividades, à medida que as condições mínimas fossem chegando às regiões mais distantes dos grandes centros. Seja por demanda, seja por infraestrutura, sempre foi previsível que a pastagem cederia espaço para culturas agrícolas.

A pecuária nunca foi, e nem é, vetor de desmatamento, mas sim consequência do mesmo. Trata-se da atividade mais adaptável para uma região sem infraestrutura alguma.

Há quem analise a produção com base em indicadores do passado, sem considerar o avanço tecnológico. Se as premissas dessas análises estivessem corretas, a pecuária brasileira teria que ocupar atualmente 430 milhões de hectares. O cálculo é obtido pela produção atual de carne com base no nível tecnológico de 1990.

Somando ainda o balanço entre desmatamento e as áreas em processo de regeneração e repassadas para agricultura, é possível associar o avanço da produção pecuária com a conservação de 300 milhões de hectares nos últimos 30 anos.

Além da produção de carne, e de todos os avanços econômicos e sociais, a pecuária brasileira é responsável pela de proteção ambiental média de 10 milhões de hectares a cada ano.

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30jun/20

Textos e materiais recentes relacionados ao tema

- O agro não precisa ser “pop”, basta ser o que é (28/02/2018) - http://www.rallydapecuaria.com.br/node/339

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de-um-debate-serio-big-ben-f97-1906

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http://www.rallydapecuaria.com.br/node/1355

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- Carne bovina e o erro do ativismo ambiental (04/05/2020) - http://abiec.com.br/artigo-carne-bovina-e-o-erro-do-ativismo-

ambiental/

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- Pastagens: dados que estão sendo divulgados são confiáveis? (04/06/2020) - http://www.rallydapecuaria.com.br/node/1650

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- Sumário Abiec: Perfil da Pecuária no Brasil (maio/2020) - http://abiec.com.br/publicacoes/beef-report-2020/

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31jun/20

Maurício Palma Nogueira

nasceu na cidade de São Paulo (SP) em 04 de setembro de 1973.Passou a infância na cidade de Casa Branca (SP), onde teve contato com o campona propriedade leiteira da família.

Foi estudar em Piracicaba (SP), na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,Universidade de São Paulo (USP), onde se formou em engenharia agronômica naturma de 1997.

É consultor desde 1998 acompanhando empresas ligadas ao agronegócio,analisando cenários e resultados financeiros nas cadeias produtivas de proteínaanimal.

Sobre o autor

Em 2000, tornou-se sócio da empresa que começou a trabalhar ainda como estagiário. Em 2008, desligou-se para fundar a sua própriaconsultoria.

Entre 2000 e 2019 foram:- Proferidas 745 palestras em congressos, seminários e iniciativas organizadas por companhias de insumos, associações e cooperativas.- Elaborados 860 artigos veiculados em revistas, jornais, sites e informativos- Autoria e coautoria de 5 livros sobre pecuária, mercado e gestão- Autoria de 28 capítulos escritos em livros e anais de congressos.

Dentre as homenagens e reconhecimentos, destacam-se:- Medalha Fernando Costa, em homenagem aos melhores profissionais de engenharia agronômica na área de Iniciativa Privada, concedidapela AEASP (Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo), em 2017- Indicado como uma das 100 personalidades mais influentes do Agronegócio Brasileiro, em 2015, 2016, 2017 e em 2018, pela revistaDinheiro Rural

Tem dois filhos: Malu Vergili de Carvalho Nogueira e João Maurício de Carvalho Nogueira Neto.

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32jun/20

Linha do tempo – Maurício Palma Nogueira

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Jul/

19

97 ESTAGIÁRIO

Análises de mercado de insumos, pecuária de corte, leite, suínos e aves

Ago

/19

98

ANALISTA Efetivado como analista, passa a coordenar a divisão de pecuária leiteira

jan

/20

02

Jul/

20

04

1º. LIVROEscreve e publica o primeiro livro “Gestão de Custos e Avaliação de Resultados –Pecuária e Agricultura”

De

z/1

99

9 CONSULTORIASAssume a divisão de consultorias e serviços para pecuaristas

Jan

/20

00

SÓCIOPassa a compor o quadro societário assumindo 30% da empresa

GESTÃOAssume a divisão Gestão Empresarial, que havia sido criada em 2000

jan

/20

05

PRODUTOS DE CONSULTORIAPaneja, desenvolve e passa a coordenar dois produtos focados em diagnóstico econômico e planejamento estratégico/ financeiro direcionados à pecuária

No

v/2

00

8BIGMA Se desliga da

sociedade e funda a Bigma Consultoria,

focada em consultorias, análise

de mercado e finanças

De

z/2

00

9

SUSTENTABILIDADE Estudos e serviços direcionados à sustentabilidade passam a fazer parte do portfólio da empresa.

jan

/20

10

AGROCONSUTOficializada parceria para atender demandas de pecuária

set/

20

11

RALLY DA PECUÁRIAA convite da Agroconsult, planeja toda a metodologia e reinicia a expedição que passa a coordenar

De

z/2

01

2

Agr

oco

nsu

lt P

ecu

ária

Scot Consultoria Bigma Consultoria

No final de 2012, visando expandir a

atuação na pecuária, a Agroconsult celebrou

uma nova sociedade com o engenheiro

agrônomo Maurício Palma Nogueira,

criando a empresa de pecuária e

aumentando o portfólio de produtos,

análises, projetos e clientes atendidos pela

empresa. Nasce a Athenagro, inicialmente

com nome de Agroconsult Pecuaria.

Ab

r/2

01

3

Fundação da AGROCONSULT PECUÁRIA a partir da sociedade entre Bigma Consultoria e Agroconsult

jan

/20

17

Equipe de pecuária étransferida para São Paulo

2013 2014 2015 2016 2017 2018

Empresa passa a se chamar

ATHENAGROju

n/2

01

8

ATHENAGRO

2019 2020

Abril/2017 lançada a metodologia de mensuração do PIB Pecuário pelo uso de indicadores.

Março/2020- Lançamento da linha Advocacy. - Renovação da base de dados e layout da consultoria.

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33

SOBRE

A EMPRESA

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34jun/20

Athenagro é o nome da empresa fundada em abril de 2013 por iniciativa da Bigma Consultoria e da Agroconsult.

O nome da empresa funde Pallás Athēná, da mitologia grega, com o agro. Pallás Athēná, ou Atena, é uma das principais divindades dentre os 12 deuses do Olimpo. Na mitologia grega, é a deusa que representa a civilização, sabedoria, estratégia, artes, justiça e habilidade. “A deusa mitológica representa as qualidades que estabelecemos como princípios de excelência a ser cultivado em nossa empresa” (Maurício Palma Nogueira)

O logo reforça a fusão do nome da Deusa com o Agro e retorna a bússola inicial do logo da Bigma Consultoria, estilizada no “O”. As cores selecionadas, azul e cinza, sugerem confiança e equilíbrio.

Sobre a Athenagro - Quem somos?

A Bigma Consultoria foi criada em novembro de 2008, por iniciativa do engenheiro agrônomo Maurício Palma Nogueira, quejá atuava desde 1998 no mesmo mercado. A empresa sempre se dedicou à análise de mercado pecuário, resultados emfazendas de pecuária, impactos da tecnologia, estudos específicos, projetos, sustentabilidade, banco de dados. Atuaçãofocada em proteína animal: Pecuária de corte e leite, suínos e frango.

A Agroconsult, fundada em 2000 pelo engenheiro agrônomo André Pessôa, atende toda a cadeia de valor na agricultura:produtores rurais, empresas de insumos (sementes, fertilizantes e defensivos), indústria de máquinas, implementos eequipamentos, tradings, indústria de alimentos e biocombustíveis, empresas de logística, além de instituições financeiras,associações e organismos internacionais. Realiza o Rally da Safra, que percorre as principais regiões produtoras de grãos doBrasil, com o objetivo de antecipar as condições da safra de soja, milho e a eficiência logística da infraestrutura.

Atualmente Athenagro e Agroconsult, juntas, mantém e organizam o Rally da Pecuária, sob coordenação técnicaexclusiva da Athenagro.

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35jun/20

Coordenaria de atividades Athenagro

Taís Lisboa Paiva de Carvalho, engenheira ambiental pela EEP ( Escola de Engenharia de Piracicaba), especializando-se em Manejo de Solos e Nutrição de Plantas (ESALQ- USP). Experiência em análise, tratamento de água e estudos de ciclo de vida do carbono. É responsável pela administração, pós venda e estudos de sustentabilidade.

Stefan Podsclan, engenheiro agrícola formado pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Responsável pela condução dos projetos, estudos e análises rotineiras. É coordenador de campo do Projeto Rally da Pecuária, responsável pelo planejamento e pelas rotinas de visitas.

Gustavo Rebolo, tecnólogo em instalações elétricas pela FATEC e atualmente se especializando em Estatística pela FMU. É responsável pelas pesquisas e manutenção do fluxo interno de informações. Responsável pelo site do Rally da Pecuária, soluções em tecnologia da informação e pelo banco de dados primário.

A Athenagro trabalha com equipe enxuta,especializada, e focada nas atividades centraisde análises, projetos e atendimento a clientes.

Os coordenadores são responsáveis pelodesenvolvimento das atividades, cujos dados einformações são levantados em esforçoconjunto da própria equipe, trainees,estagiários, empresas parceiras e profissionaisterceirizados.

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Os serviços prestados pela Athenagro se dividem em quatro frentes.

CONSULTORIA

Características: Produtos padronizados ou atendimentos customizados permanentes adquiridos em contratosmínimos de 12 meses.

PROJETOS E ESTUDOS

Características: planejados a partir de demandas customizadas dos mais diversos setores relacionados àpecuária: insumos (concentrados, sal mineralizado e medicamentos), maquinários, frigoríficos e laticínios,entidades de classe, sementes e defensivos, instituições financeiras, etc.

EVENTOS/PALESTRAS

Características: Organização ou participação em seminários, expedições, grupos temáticos e eventospersonalizados. A Athenagro pode simplesmente atuar no conteúdo técnico ou específico ou se responsabilizarpela organização completa

ADVOCACY

Características: Posicionamento firme, e embasado, com objetivo de esclarecer as desinformações quecirculam em relação à produção pecuária e consumo de carne. Não se trata de defesa ideológica oucorporativista, mas sim de envolver conhecimento científico e profissional no debate que muitas vezesmarginaliza todo o estoque de conhecimento acumulado em pecuária, ciências do solo, fisiologia de plantas ebioquímica. Os produtos serão apresentados no formato de projetos (começo, meio e fim) customizados e nomodelo de consultoria.

SERVIÇOS

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37jun/20

FLUXO DE CONSTRUÇÃO DOS PRODUTOS E SERVIÇOS

ESTATÍSTICAS NACIONAIS

ESTATÍSTICAS INTERNACIONAIS

INDICADORES ECONÔMICOS

PROJEÇÕES DE OFERTAPRODUÇÃO E COMÉRCIO MUNDIAL

NÍVEIS DE TECNOLOGIA

PREÇOS VENDA FÍSICO E FUTURO

PREÇOS ATACADO CORTES/CARCAÇA

PREÇOS VAREJO CORTES

PREÇOS INSUMOS

PREÇOS DERIVADOS

EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES

DADOS E INFORMAÇÕES

ANÁLISE PRIMÁRIA

PRODUÇÃO E CONSUMO NACIONAL

BALANÇA COMERCIAL

CUSTOS DE PRODUÇÃO

RECEITAS

INDICADORES TÉCNICOS

ESTRATIFICAÇÃO DE REBANHO

QUALIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO

ESTUDOS RELACIONADOS

CASES FAZENDAS E INDÚSTRIAS

BASE RALLY DA PECUÁRIA

QUANTIDADE MOVIMENTADA

ANÁLISE REFINADA PRODUTOS FINAIS

PROJEÇÕES DE DEMANDA

PROJEÇÕES DE PREÇOS

RENTABILIDADE POR NÍVEIS DE TECNOLOGIA

EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA

PROJEÇÃO DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO

PROJEÇÃO DE REBANHO ESTRATIFICADO

PROJEÇÃO DE DEMANDA DE INSUMOS

PROJEÇÃO DE TENDÊNCIAS REGIONAIS

VIABILIDADE DE INVESTIMENTOS

LONGO PRAZO E ESTRUTURA PRODUTIVA

CONSULTORIA

1. Relatórios2. Acesso ao banco de dados 3. Atendimento personalizado4. Reuniões5. Conferências

PROJETOS

1. Estudos de impactos e correlações2. Análise de viabilidade e respostas

tecnológicas3. Projeções estratificadas e

regionalizadas 4. Segmentações e tendências de

mercados específicos: insumos e produtos

5. Planos de negócios6. Planos de comunicação

ESTRATIFICAÇÃO DE PERFIL E TENDÊNCIAS

ADVOCACY

1. Esclarecimentos sobre tecnologias e impactos

2. Análise dos dados de pastagens, áreas e balanço de carbono

3. Desconstrução de falácias e sugestões de soluções

4. Análise de sustentabilidade

PALESTRAS/EVENTOS

1. Sobre os diversos temas da base

Dados Informações Análise Conhecimento Sabedoria

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