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Apresentações de Power PointTRANSCRIPT
Obje4vos do Módulo III
2. Compreender a violência contra as crianças
(Ana Paula Silva)
3. Compreender a violência contra as mulheres
idosas (e os homens idosos)
Obje4vos do Módulo III
Compreender a violência em relações de in4midade (retomando o tópico em jeito de conclusão do módulo)
– Conhecer dinâmicas e processos associados à VRI
• Ciclo da violência
• Poder e controlo
– IdenAficar especificidades das relações abusivas que contribuem para a sua manutenção
hMp://www.ipvow.org/pt/descricao-‐dos-‐projectos/mind-‐the-‐gap
Violência contra mulheres idosas em relações de
in4midade
Tópicos
Violência contra mulheres idosas em relações de inAmidade. O cruzamento do género e da idade
Abordagem da violência com a víAma
Violência contra mulheres idosas em relações de in4midade.
O cruzamento do género e da idade
Objetivos do tópico
o Conhecer a incidência e a prevalência da violência contra mulheres idosas
no contexto das famílias;
o Compreender as questões relacionadas com o género e a idade
subjacentes à violência e às dinâmicas da violência;
o Familiarizar-se com os fatores de risco e as causas sociais / estruturais da
violência contra mulheres idosas.
§ Em casais de pessoas idosas, as mulheres são com maior frequência agressoras em relações de intimidade do que em casais de pessoas mais novas.
§ A violência contra mulheres idosas em relações de intimidade ocorre, frequentemente, em contexto de dependência de cuidados.
§ A violência entre casais de pessoas idosas é menos física e mais psicológica.
Em 2011 foram apresentadas 28 980 queixas de VD às forças de segurança: § 85% das vítimas eram mulheres;
§ 6,9% das vítimas tinham 65 ou mais anos;
§ Em 7,3% das queixas a vítima é ascendente da pessoa denunciada.
Fonte: MAI / DGAI (2012) Violência Doméstica - 2011. Relatório anual de monitorização. Ocorrências participadas às Forças de Segurança (FS); Estruturas especializadas- FS; Atribuição do estatuto de vítima e decisões finais em processos-crime. Lisboa: DGAI
Dados das forças de segurança
§ Em 2008 foram instaurados 330 inquéritos (vítimas com 60 ou mais anos e em que o denunciado / arguido tinha uma relação de intimidade com a vítima);
§ 59% desses inquéritos reportam-se a mulheres idosas ‘jovens’ (60-69 anos);
Fonte: Procuradorias-Gerais Distritais de Lisboa e de Évora
60-‐64 65-‐69 70-‐74 75-‐79 80 e mais anos
33 26 20 13 8
Dados das Procuradorias-‐Gerais Distritais de Lisboa e Évora
§ Cerca de 3 em cada 4 mulheres idosas denunciou a sua própria situação aos tribunais ou às forças de segurança.
Fonte: Procuradorias-Gerais Distritais de Lisboa e de Évora
Dados das Procuradorias-‐Gerais Distritais de Lisboa e Évora (cont.)
Resultados dos inquéritos (a 31 de janeiro de 2010): § 206 arquivados;
§ 35 pendentes;
§ 39 findos por dedução de acusação (31 por violência doméstica, 3 por ofensas à integridade física e 5 por outros crimes);
§ 21 com suspensão provisória do processo (apenas 1 com medida de proibição de permanência ou deslocação à morada de família e proibição de contacto com a vítima);
§ 28 incorporados;
§ 22 chegaram à fase de julgamento: 9 já tinham sido julgados (6 condenações e 3 absolvições).
Dados das Procuradorias-‐Gerais Distritais de Lisboa e Évora (cont.)
Fonte: Perista, H., Silva, A. e Neves, V. (2010) Violência contra mulheres idosas em relações de intimidade na Europa - Relatório nacional de Portugal.
Prevalência da violência contra mulheres idosas no contexto das famílias
§ Cerca de quatro em cada dez mulheres com 60 ou mais anos que vivem em agregados domésticos privados reportaram ter sido vítimas de violência ou abuso nos doze meses anteriores à inquirição.
§ E as mulheres mais velhas (com 80 ou mais anos) que reportaram ter sido vítimas são aquelas que evidenciaram formas mais graves de vitimação.
§ A violência emocional ou psicológica constituiu o principal tipo de violência identificada (33%), seguida de abuso ou exploração financeira (17%), violação de direitos pessoais (13%), negligência (10%), abuso sexual (4%) e violência física (3%).
Fonte: Ferreira-‐Alves, J. & Santos, A.J. (2011). Prevalence study of violence and abuse against older women. Result of the Portugal survey (AVOW Project). Braga: Universidade do Minho.
Prevalência da violência contra mulheres idosas no contexto das famílias (cont.)
§ No que se refere a agressores/as, o estudo refere:
• A preponderância do marido/companheiro nos casos de violência emocional, abuso sexual e violação de direitos individuais, e
• A preponderância de filhos/as e genros e noras nos casos de negligência e de violência física.
§ Apenas 26% das mulheres idosas que referiram ter sido vítimas reportaram ter revelado a situação de violência ou ter pedido ajuda.
Fonte: Ferreira-‐Alves, J. & Santos, A.J. (2011). Prevalence study of violence and abuse against older women. Result of the Portugal survey (AVOW Project). Braga: Universidade do Minho.
Questionário-postal a instituições e serviços, a nível nacional:
Entre 2006 e 2008
§ 618 mulheres idosas (com 60 ou mais anos) vítimas de violência
contactaram estes serviços
§ 77% com idade entre os 60 e os 74 anos
§ Em 93% dos casos, o agressor foi o marido/companheiro com quem a
mulher coabitava
§ Agressão e violência psicológica ou verbal (44%), violência física (31%) e
exploração financeira (12%)
Violência contra mulheres idosas em relações de in4midade: resultados do estudo IPVoW
98
2
91
9
88
12
88
12
0
20
40
60
80
100
Violência apenas exercida pelo (ex) marido/companheiroViolência mútuaActos frequentesUma única ocorrência ou pouco frequenteViolência continuada / de longa duração (1 ou mais anos)História curta de violência (menos de 1 ano)Violência na relação de intimidade começou antes da mulher ter completado 60 anosViolência na relação de intimidade começou depois da mulher ter completado 60 anos
N=233 N=136 N=204 N=237
Mulheres idosas vítimas de violência em relações de intimidade segundo o tipo de violência, a frequência dos actos, a duração e o início da violência (%)
Violência contra mulheres idosas em relações de in4midade: resultados do estudo IPVoW
Fonte: Perista, H., Silva, A. e Neves, V. (2010) Violência contra mulheres idosas em relações de intimidade na Europa - Relatório nacional de Portugal.
Violência contra mulheres idosas em relações de in4midade: resultados do estudo Mind the Gap!
Fonte: Perista, H. e Silva, A. (2013) Mind the Gap! Melhorar a intervenção no domínio da violência contra mulheres idosas em relações de intimidade – As respostas da polícia e do sistema judicial com base numa análise de processos do Ministério Público.
Análise de processos do Ministério Público – PGDL Caraterização das vítimas § 42% com idade entre os 60 e os 64 anos; média de 67 anos (+ velha com 81 anos); § 9% recebia cuidados por parte do marido/companheiro e 8% por
parte de uma outra pessoa / instituição; apenas 3% prestava cuidados ao marido/companheiro;
§ 12% sofria de doença crónica, 7% com deficiência física, 7% com problemas de saúde mental e 1% sofria de demência;
§ 46% recebia reforma e apenas 32% aparentava estar na dependência económica do marido/companheiro;
§ 4% estava a ser acompanhada por serviços VD e 15% por serviços de saúde.
Violência contra mulheres idosas em relações de in4midade: resultados do estudo Mind the Gap!
Fonte: Perista, H. e Silva, A. (no prelo) Mind the Gap! Melhorar a intervenção no domínio da violência contra mulheres idosas em relações de intimidade – As respostas da polícia e do sistema judicial com base numa análise de processos do Ministério Público.
Caraterização das relações de intimidade § 81% conjugalidade presente; mas 8 casos onde havia
divórcio mas partilha da habitação; § 45%: a relação de intimidade tinha 40 e mais anos; média
de 32 anos (+ recente: 4 anos; mais antiga: 60 anos); § 70% das vítimas coabitava apenas com o agressor.
Violência contra mulheres idosas em relações de in4midade: resultados do estudo Mind the Gap!
Fonte: Perista, H. e Silva, A. (2013) Mind the Gap! Melhorar a intervenção no domínio da violência contra mulheres idosas em relações de intimidade – As respostas da polícia e do sistema judicial com base numa análise de processos do Ministério Público.
Caraterização dos agressores § 51% com 69 ou menos anos; média 67 anos (+ novo: 53; + velho: 86 anos); § 12% sofria de doença crónica, 1% com deficiência física,
17% com problemas de saúde mental e 4% sofria de demência;
§ 46% abuso de álcool; § 66% recebia reforma e apenas 7% aparentava estar na
dependência económica da mulher/companheira; § 76% revelava apresentar uma história de ofensas
violentas, 12% de ocorrências por VD em relações de intimidade anteriores e 3% com condenações.
Violência contra mulheres idosas em relações de in4midade: resultados do estudo Mind the Gap!
Fonte: Perista, H. e Silva, A. (no prelo) Mind the Gap! Melhorar a intervenção no domínio da violência contra mulheres idosas em relações de intimidade – As respostas da polícia e do sistema judicial com base numa análise de processos do Ministério Público.
Caraterização das ocorrências § Tipos de violência: 88% psicológica, 67% física, 17% controlo
coercivo, 8% exploração financeira, 7% negligência intencional e 4% perseguição;
§ 24% das situações agressor estava alcoolizado; § 47% sem lesões referidas pela vítima; 30% de lesões físicas
menores; § Entre os casos que reportam violência física houve: 1
assassinato, 6 (tentativas) estrangulamentos; Mas § (considerando os relatos das vítimas) 24% dos agressores
estrangulou ou tentou estrangular as vítimas, 49% ameaçou matar a vítima ou a si mesmo, 9% já recorreram a armas para intimidar as vítimas e 16% tinha posse legal de armas.
Violência contra mulheres idosas em relações de in4midade: resultados do estudo Mind the Gap!
Fonte: Perista, H. e Silva, A. (2013) Mind the Gap! Melhorar a intervenção no domínio da violência contra mulheres idosas em relações de intimidade – As respostas da polícia e do sistema judicial com base numa análise de processos do Ministério Público.
Caraterização das ocorrências § 85% ocorreu na casa da vítima e do agressor; § 65% das queixas à polícia foram feitas pelas vítimas e 17%
por membros da família; § Em 76% dos casos a situação era conhecida pela família.
Violência contra mulheres idosas em relações de in4midade: resultados do estudo Mind the Gap!
Fonte: Perista, H. e Silva, A. (2013) Mind the Gap! Melhorar a intervenção no domínio da violência contra mulheres idosas em relações de intimidade – As respostas da polícia e do sistema judicial com base numa análise de processos do Ministério Público.
Intervenção das forças de segurança § 96% registado como VD; § 38% feita avaliação de risco; § Nas 24h a seguir, 34% das vítimas e 9% dos agressores
foram interrogadas/os pela polícia; § Apenas em 3% dos casos a polícia deu informação a
serviços de apoio a vítimas; § No decurso das investigações subsequentes, 80% das
vítimas, 61% dos agressores e 39% das testemunhas foram questionadas / interrogados pelo OPC; 83% das vítimas por agentes masculinos.
Violência contra mulheres idosas em relações de in4midade: resultados do estudo Mind the Gap!
Fonte: Perista, H. e Silva, A. (2013) Mind the Gap! Melhorar a intervenção no domínio da violência contra mulheres idosas em relações de intimidade – As respostas da polícia e do sistema judicial com base numa análise de processos do Ministério Público.
Intervenção do Ministério Público § 87% não chegou a julgamento; apenas 13% (sendo que
corresponde a 10 processos = 5 casais); § 39% arquivado por falta de indícios, 26% incorporados, 14%
com suspensão provisória do processo, 9% arquivados por falta de indícios sem que suspeito fosse constituído arguido, 9% reclassificados.
Intervenção dos Tribunais § 4 arguidos e 3 vítimas prestaram testemunho; em 3 casos
houve outros testemunhos; § 4 arguidos condenados e 1 a aguardar decisão –
condenações de 15 anos pena efetiva, 2 anos e 2 meses de pena suspensa e duas multas aos restantes.
Género, idade e as dinâmicas sociais de relações de in4midade pautadas pela violência
A abordagem da violência contra mulheres idosas em relações de intimidade apela à consideração da complexidade da inter-relação entre género e idade.
O género e a idade são categorias sociais que têm incrustadas representações simbólicas, que, por sua vez, moldam as interacções, as percepções e as expectativas sociais, os papéis e as identidades, as relações de poder, as oportunidades laborais e profissionais, as condições de trabalho e de vida em geral. (Sara Falcão Casaca e Sally Bould, 2012, “Género, idade e mercado de trabalho”)
As mulheres que hoje são idosas estarão, pois, sujeitas, mais do que as mulheres jovens e mais do que os homens, a situações de discriminação, resultantes da combinação interactiva e complexa de estereótipos e preconceitos associados ao sexismo e ao idadismo.
Género, idade e as dinâmicas sociais de relações de in4midade pautadas pela violência
§ Moldadas pelas relações de género;
§ O efeito geracional;
§ A (longa) duração da violência em relações de intimidade;
§ Antecendentes de violência familiar de vária ordem;
§ Dependência e autonomia ao longo do ciclo de vida;
§ Transferência dos cuidados (por vezes do feminino para o
masculino).
Fatores de risco e as causas sociais / estruturais da violência contra mulheres idosas
Factores de risco estruturais / genéricos:
§ Género
§ Violência de longa duração em relações de intimidade
Factores de risco (mais) relacionados com a idade:
§ Fragilidade física
§ Estado de saúde mental (por ex., demência / distúrbio depressivo)
§ Crescente necessidade de prestação de cuidados e eventual sobrecarga de cuidadores/as informais
§ Formas de organização e dinâmicas familiares
§ Isolamento
§ Situação socioeconómica e acessibilidade (“capacidade financeira") a serviços de apoio
Objetivos do tópico
o Reforçar competências para a abordagem do problema com a mulher
idosa vítima de violência;
o Sensibilizar quanto a eventuais dificuldades e identificar estratégias para
lidar com essas dificuldades.
Abordagem da violência com a ví4ma idosa
A Dª. Emília vai ao centro de atendimento…
A assistente social trabalha neste centro há relativamente pouco tempo. Está a fazer atendimento quando a Dona Emília, uma mulher de 80 anos, com algumas dificuldades auditivas e de mobilidade mas sem qualquer incapacidade cognitiva, se dirige ao centro. Esta queixa-se de ter sido agredida pelo seu marido, que é 10 anos mais novo do que ela. A Dona Emília está muito nervosa e pede a intervenção da assistente social, para acalmar o marido.
Abordagem da violência com a ví4ma: princípios de conduta gerais
§ Procurar estar sozinho/a com a vítima;
§ Criar uma relação de empatia e de confiança;
§ Ouvir a história atentamente e, em primeira instância, acreditar no relato da vítima;
§ Não emitir juízos de valor, não culpabilizar a vítima e não dar conselhos pessoais;
§ Corroborar os sentimentos da vítima;
Abordagem da violência com a ví4ma: princípios de conduta gerais
§ Garantir à vítima de que ninguém tem o direito de a magoar;
§ Assegurar à vítima de que não está só;
§ Informar a vítima acerca dos seus direitos e de outras opções e estimular a vítima na procura de apoio;
§ Encorajar a vítima a ver que há uma vida possível livre de violência. (Adaptado de Perista, H. , Baptista, I. e Silva, A. (Eds.) (2011) Violência contra mulheres idosas no contexto
das famílias: reconhecer e agir. Lisboa: CESIS)
Abordagem da violência com a ví4ma idosa
§ Em caso de dificuldades inerentes à idade / estado de saúde (por exemplo, audição ou visão deficitária): § Perguntar se tem dificuldade em compreender o que foi dito;
§ Dar-lhe tempo para ouvir e compreender o que lhe está a ser dito; se necessário, fazer pausas;
§ Ficar em frente da vítima e falar clara e pausadamente;
§ Repetir as perguntas tanto quanto necessário procurando recorrer a outras palavras; se necessário falar mais alto mas não gritar;
§ Se possível, assegurar que todos os documentos que devam ser devidamente compreendidos e/ou assinados pela vítima sejam lidos em voz alta.
(Adaptado de Manita, C. (coord.), Ribeiro, C. e Peixoto, C. (2009) Violência doméstica: compreender para
intervir. Guia de boas práticas para profissionais das forças de segurança. Lisboa: CIG)
Abordagem da violência com a ví4ma idosa
§ As perguntas têm de se adaptar à situação e tem de se sentir confortável com as expressões que utiliza;
§ Comece por questões de carácter geral (por exemplo, sobre a saúde e o bem-estar);
§ Continue com questões mais específicas de acordo com a situação;
§ Faça perguntas mais diretas no caso de a mulher não designar a sua experiência como ‘violência’.
(Adaptado de Perista, H. , Baptista, I. e Silva, A. (Eds.) (2011) Violência contra mulheres idosas no contexto das famílias: reconhecer e agir. Lisboa: CESIS)
• Como vão as coisas lá por casa?
• Como é que tem passado os seus dias?
• Tem tudo o que precisa para cuidar de si?
• Tem algum tipo de ajuda em casa? Como se sente com a ajuda que tem em casa?
• (em situação de dependência de cuidados) Como acha que o seu/sua [marido/filha/outra pessoa prestadora de cuidados] está a lidar com a situação?
Nota: estas questões podem ser particularmente relevantes aquando do acompanhamento pós-vitimação.
Questões de carácter geral
• Foi esbofeteada, empurrada, asfixiada, ou magoada de qualquer outra forma?
• Foi amarrada ou fechada num quarto? • Alguma vez alguém a obrigou a fazer coisas que não queria? • Fica muitas vezes sozinha em casa durante longos períodos? • Foi ameaçada com algum casAgo ou privada de algo? • Já recebeu o ‘tratamento de silêncio’? • O que acontece quando a pessoa que lhe presta cuidados não concorda
consigo? • Alguém falou ou gritou consigo de um modo que a tenha feito senAr-‐se mal
consigo própria? • Alguém a obrigou a ter uma aAvidade sexual? • Sente falta de disposiAvos de assistência como óculos ou aparelhos audiAvos? • Está a receber toda a ajuda que precisa? • Alguém, na sua casa, lhe Arou alguma coisa sem lhe perguntar? • Alguém, na sua casa, a fez assinar documentos que não entendia?
Questões mais específicas
• Vítimas com deficiência cognitiva ligeira podem ser abordadas directamente:
• Com perguntas muito simples e diretas;
• Faça perguntas que abordem apenas um assunto e evite perguntas com respostas alternativas;
• Não faça perguntas tendenciosas que, de algum modo, sugiram uma resposta;
• Fale devagar e pausadamente;
• Pare de fazer perguntas quando a vítima ficar nervosa.
• Em caso de maior grau de deficiência, é importante falar com outra pessoa que não o/a agressor/a ou com o/a tutor/a legal.
A demência é um dos fatores de risco para que a pessoa se torne vítima de violência doméstica, sendo, ao mesmo tempo,
mais provável que ninguém acredite nos relatos da vítima.
Como agir perante ví4mas com deficiências cogni4vas?
Estas mulheres pertencem a um grupo vulnerável, especialmente quando não falam a língua do país onde se encontram.
• Se possível, procure falar com a vítima em presença de colega que saiba falar a respetiva língua ou peça a um/a tradutor/a externo/a que o/a acompanhe;
• Nunca envolva parentes próximos como tradutores. Isto pode ser mais prejudicial do que benéfico!
• Contacte o serviço de informação a vítimas de violência doméstica ou serviços específicos para imigrantes e/ou pessoas estrangeiras e solicite aconselhamento. Estas organizações têm, pelo menos, folhetos nas línguas mais comuns dirigidos às mulheres vítimas de violência doméstica e podem também conhecer intérpretes oficiais.
Como agir perante ví4mas com barreiras linguís4cas?
Pela sua pertença étnico-cultural / religiosa, estas mulheres encontram-se com relativa frequência em situação mais vulnerável.
• Quando não falam a língua portuguesa, socorra-se das estratégias referidas antes;
• Procurar que sejam mulheres a proceder à entrevista e outros procedimentos;
• Contacte o serviço de informação a vítimas de violência doméstica ou serviços específicos para imigrantes e/ou pessoas estrangeiras (ACIDI; Unidade de Apoio à Vítima Imigrante e de Discriminação Racial ou Étnica; Centros Locais de Apoio à Integração de Imigrantes) e solicite aconselhamento.
Como agir perante ví4mas pertencentes a grupos étnico-‐culturais / religiosos
específicos?
MÓDULO I – PERSPETIVA HISTÓRICA DA VIOLÊNCIA NA FAMÍLIA
1. Da invisibilidade ao seu reconhecimento
social, polí;co e cienBfico
Ideias chave • A violência domés;ca não é um fenómeno novo
• A violência domés;ca é um conceito em evolução • Corresponde a uma evolução das percepções sociais = de comportamento normais a comportamentos criminalizáveis • Corresponde a uma evolução da vida em família e dos papeis dos diferentes elementos
Surgimento da vida privada – vida em família
• É nos finais do sec. XVIII, inícios do séc. XIX surge na noção de família tal como hoje a conhecemos: • Separação entre a vida pública e privada; separação entre a rua e espaço domés;co.
• Surge uma nova forma de organização do espaço domés;co acentuando a noção de privacidade.
• A ideia de casal está em curso de invenção. • Os sen;mentos e os afectos assumem nova importância na família e começam a ser entendidos como fundamentos para a coesão familiar.
Construção social da família: diferentes “velocidades” em função das classes sociais
“A in%midade exige condições de alojamento e a organização racional do espaço domés%co
adaptada aos diferentes momentos do dia-‐a-‐dia, estrutura que caracteriza burguesas que se divulga a par%r do úl%mo quartel do sec. XIX, mas impensável nas habitações populares.”
MaVoso, José (dir), 2011, História da vida privada em Portugal – Época
Contemporânea, Lisboa, Círculo dos Leitores, pp8.
Separação do público e do privado
. Reforço dos diferentes papéis de género
. Surgimento da condição social da infância
• Portugal – 1º quarto do sec. XX o recurso à violência era uma forma de resolver conflitos
“dão-‐se facas com mais facilidade do que noutras se dá lume” Ramalho Or;gão
• Crime Violência
• Crime -‐ corresponde aos atos que a lei define como tal. Só em 192 o Código Penal português, pela primeira vez, a natureza semi-‐pública ao crime que inclui os maus-‐tratos psicológicos, alargando-‐os a pessoas equivalente aos cônjuges.
• Violência – remete para representações / percepções sociais.
Embora sendo conceitos dis;ntos, a consideração de um ato como crime dependente muito das representações sociais sobre o mesmo e de uma maior ou menor consciência social, nomeadamente em relação aos Direitos Humanos. A não criminalização da violência domés;ca durante anos não deixou de estar relacionada com um determinado pensamento sobre a família e os “poderes” de cada um dos membros como fica patente no Código Civil do Estado Novo.
10
Ar;go 1674º -‐ Poder marital
O marido é o chefe da família, compeWndo-‐lhe nessa qualidade representá-‐la e decidir em todos os actos da vida conjugal comum
Ar;go 1678º -‐ Administração dos bens do casal
1. A administração dos bens do casal, incluindo os próprios da mulher e os bens dotais, pertence ao marido, como chefe da família.
Ar;go 1677º -‐ Governo domésWco 1. Pertence à mulher, durante a vida em comum, o governo
domésWco, conforme os usos e a condição dos cônjuges.
O Código Civil do Estado Novo
11
Ar;go 1881º -‐ Poderes especiais do pai 1. Compete especialmente ao pai, como chefe de família:
a) Providenciar acerca dos alimentos devidos ao filho e orientar a sua instrução e educação;
b) Prestar-‐lhe a assistência moral conforme a sua condição, sexo e idade;
c) Emancipá-‐lo; d) Defendê-‐lo e representá-‐lo, ainda que nascituro; e) Autorizá-‐lo a pra;car os actos que, por determinação da lei, dependam do consen;mento dos pais;
g) Administrar os seus bens.
O Código Civil do Estado Novo
12
Ar;go 1882º -‐ Poderes especiais da mãe 1. Compete especialmente à mãe: a) Ser ouvida e par;cipar em tudo o que diga respeito aos interesses do filho;
b) Velar pela sua integridade _sica e moral; c) Autorizá-‐lo a pra;car actos que, por determinação especial da lei, dependam do seu consen;mento;
d) Desempenhar rela;vamente ao filho e aos seus bens as funções pertencentes ao marido, sempre que este se encontre em lugar remoto e não sabido ou esteja impossibilitado de as exercer por qualquer outro mo;vo.
O Código Civil do Estado Novo
Influências: • As convenções (pressões) internacionais
• A determinante década de 60: movimentos feministas e a desconstrução da “naturalização” da violência domés;ca • Década de 80 = violência é iden;ficada como problema social
• Década de 90 = legislação específica em Portugal
15
ONU Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e
Polí;cos -‐ Ar;go 23º (1966)
1. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à protecção da sociedade e do Estado.
2. O direito de se casar e de fundar uma família é reconhecido ao homem e à mulher a par;r da idade núbil.
3. Nenhum casamento pode ser concluído sem o livre e pleno consen;mento dos futuros esposos.
4. Os Estados Partes no presente Pacto tomarão as medidas necessárias para assegurar a igualdade dos direitos e das responsabilidades dos esposos em relação ao casamento, durante a constância do matrimónio e aquando da sua dissolução. Em caso de dissolução, serão tomadas disposições a fim de assegurar aos filhos a protecção necessária.
16
ONU Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres Ar;go 5º (1979)
Os Estados Partes tomam todas as medidas apropriadas para: b) Assegurar que a educação familiar contribua para um
entendimento correcto da maternidade como função social e para o reconhecimento da responsabilidade comum dos homens e das mulheres na educação e desenvolvimento dos filhos, devendo entender-‐se que o interesse das crianças é consideração primordial em todos os casos.
17
ONU Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres Ar;go 16º (1979)
1 Os Estados Partes tomam todas as medidas necessárias para
eliminar a discriminação contra as mulheres em todas as questões rela;vas ao casamento e às relações familiares e, em par;cular, asseguram, com base na igualdade dos homens e das mulheres:
a) O mesmo direito de contrair casamento; b) O mesmo direito de escolher livremente o cônjuge e de só
contrair casamento de livre e plena vontade; c) Os mesmos direitos e as mesmas responsabilidades na
constância do casamento e aquando da sua dissolução;
18
Declaração sobre os Direitos das Crianças (ONU, 1959)
A criança, por mo;vo da sua falta de maturidade usica e
intelectual, tem necessidade de uma protecção e cuidados especiais, nomeadamente de protecção jurídica adequada, tanto antes como depois do nascimento
19
Convenção sobre os Direitos das Crianças (ONU, 1989)
Necessidade de proteção, por parte do Estado, às
crianças ví;mas de violência na família e o direito à proteção e assistência especiais quando, no seu superior interesse, são temporária ou defini;vamente privadas do seu ambiente familiar.
20
4ª Conferência Mundial sobre as Mulheres (Pequim, 1995)
9. Assegurar a plena implementação dos direitos
humanos das mulheres e das meninas como parte inalienável, integral e indivisível de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais.
29. Prevenir e eliminar todas as formas de violência
contra mulheres e meninas
22
Antes
Ar;go 1674º -‐ Poder marital
O marido é o chefe da família, compeWndo-‐lhe nessa qualidade representá-‐la e decidir em todos os actos da vida conjugal comum
Ar;go 1678º -‐ Administração dos bens do casal 1. A administração dos bens do casal,
incluindo os próprios da mulher e os bens dotais, pertence ao marido, como chefe da família.
Ar;go 1677º -‐ Governo domésWco
1. Pertence à mulher, durante a vida em
comum, o governo domésWco, conforme os usos e a condição dos cônjuges.
Actualmente
Ar;go 1671º -‐ Igualdade dos cônjuges
1. O casamento baseia-‐se na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges.
2. A direcção da família pertence a ambos os cônjuges, que devem acordar sobre, a orientação da vida em comum tendo em conta o bem da família e os interesses de um e outro.
O Código Civil do Estado Novo e actualmente
23
Antes Ar;go 1881º -‐ Poderes especiais do pai
1. Compete especialmente ao pai, como chefe de família:
a) Providenciar acerca dos alimentos devidos ao filho e orientar a sua instrução e educação;
b) Prestar-‐lhe a assistência moral conforme a sua condição, sexo e idade;
c) Emancipá-‐lo; d) Defendê-‐lo e representá-‐lo, ainda que
nascituro; e) Autorizá-‐lo a pra;car os actos que, por
determinação da lei, dependam do consen;mento dos pais;
g) Administrar os seus bens.
Actualmente
Ar;go 1901º -‐ Poder paternal na constância
do matrimónio
1. Na constância do matrimónio o exercício das responsabilidades parentais pertence a ambos os pais.
O Código Civil do Estado Novo e actualmente
• I Plano Nacional contra a Violência Domés;ca 1999 – 2002 (RCM nº 55/1999 de 15 Junho)
“ programa que, de forma integrada e coerente, congrega um conjunto de medidas a adoptar a vários níveis (jus%ça, administração interna, educação, saúde, entre outras)”
• II Plano Nacional contra a Violência Domés;ca 2003 – 2006 (RCM nº 88/2003 de 7 Julho)
“O II Plano Nacional contra a Violência Domés%ca pretende mudar a situação vigente, marcando uma viragem no combate sem tréguas à violência domés%ca sobre mulheres”
• III Plano Nacional contra a Violência Domés;ca 2007 – 2010 (RCM nº 83/2007 de 22 Junho)
“aponta claramente para a consolidação de uma polí%ca de prevenção e combate à violência domés%ca implicando uma compreensão transversal das respostas a conferir a esta problemá%ca, através da promoção de uma cultura para a cidadania e para a igualdade, do reforço de campanhas de informação e de formação e do apoio e acolhimento das ví%mas numa lógica de reinserção e autonomia.
• IV Plano Nacional contra a Violência Domés;ca 2011 – 2013 (RCM nº 100/2010 de 17 Dez)
“O Plano visa a consolidação da estratégia e das acções anteriormente desenvolvidas, reforçando a sua articulação de forma estruturada e consistente. Este Plano procura consolidar o sistema de protecção das vítimas e o combate à violência doméstica, assim como promover a adopção de medidas estratégicas em relação à prevenção, às situações de risco, à qualificação de profissionais e à intervenção em rede, numa lógica de proximidade que procura envolver, cada vez mais, os municípios, os parceiros sociais e as organizações da sociedade civil”.
Planos Conceitos Grupos –alvo Eixos / Áreas
Organizações
I Plano
Violência contra as mulheres “ qualquer acto, omissão ou conduta que serve para infligir sofrimentos usicos, sexuais ou mentais, directa ou indirectamente, por meio de enganos, ameaças, coacção ou qualquer outro meio, a qualquer mulher e tendo como objec;vo e como efeito in;midá-‐la, ou puni-‐la ou humilha-‐la ou mante-‐la nos papéis estereo;pados ligados ao seu sexo, ou recusar-‐lhe a dignidade humana, a autonomia sexual, a integridade usica, mental e moral ou abalar a sua segurança pessoal, o seu amor próprio ou a sua personalidade ou diminuir as suas capacidades usicas ou intelectuais” Conselho da Europa
Tónica nas mulheres embora refira tb crianças e pessoas
idosas
I. Sensibilizar e prevenir II. Intervir para proteger a ví;ma de violência domés;ca III. Inves;gar / estudar
Não mencionadas
II Plano
“A violência domés;ca é o ;po de violência que ocorre entre membros de uma mesma família ou que par;lham o mesmo espaço de habitação.”
Idem incluindo-‐se as pessoas com deficiência
I. Informação, sensibilização e prevenção II. Formação III. Legislação e sua aplicação IV. Protecção da ví;ma e integração social V. Inves;gação VI. Mulheres Imigrantes VII. Avaliação
CIDM MJ MAI MSST ICS PGR ME CITE ACIME INE
Planos Conceitos Grupos –alvo Eixos / Áreas
Organizações
III Plano
O III Plano “tem como objecto primordial de intervenção o combate à violência exercida directamente sobre as mulheres, no contexto das relações de in;midade, sejam elas conjugais ou equiparadas presentes ou passadas. Esta opção abrange ainda a violência exercida directamente sobre as crianças que são testemunhas das situações de violência interparental, naquilo que a doutrina designa por violência vicariante”
I. Informar, sensibilizar e educar II. Proteger as ví;mas e prevenir a revi;mização III. Capacitar e reinserir as ví;mas de violência domés;ca IV. Qualificar os profissionais V. Aprofundar o conhecimento do fenómeno da violência domés;ca VI. Mulheres Imigrantes VII. Avaliação
CIG MJ MAI MSST ICS PGR ME CITE INE
Universidades e Centros de Inves;gação
IV Plano Violência contra as mulheres: “resultado de um desequilíbrio de poder entre homens e mulheres e leva a uma grave discriminação contra estas, tanto na sociedade como na família. A violência na família ou lar ocorre em todos os Estados membros do Conselho da Europa, apesar dos avanços na legislação, polí;cas e prá;cas. A violência contra as mulheres é uma violação dos direitos humanos, re;rando-‐lhes a possibilidade de desfrutar de liberdades fundamentais. Deixa as mulheres vulneráveis a novos abusos e é enorme obstáculo para ultrapassar a desigualdade entre homens e mulheres na sociedade. A violência contra as mulheres prejudica a paz, a segurança e a democracia na Europa (…)” Conselho da Europa
Mulheres com referência a outras
situações de par;cular vulnerabilidade: pessoas jovens,
imigrantes, idosas, com deficiência e LGBT
I. Informar, sensibilizar e educar II. Proteger as ví;mas e promover a integração social III. Prevenir a reincidência: intervenção com agressores IV. Qualificar profissionais V. Inves;gar e monitorizar
(…) Municípios
ONG