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Seminário Internacional Michel Foucault: Perspectivas Corporeidade, Biopoder e Biopotência: Estudo, em Foucault, do Conceito de Corpo como Lugar de Investimento do Saber-Poder Médico e Conexão com o Conceito de Resistência como Prática de Si. Fernando Hiromi Yonezawa /UNESP Hélio Rebello Cardoso Jr./ UNESP Práticas e Dispositivos de Subjetivação: Poder-Saber nos Discursos do Cuidado de Si. Maria da Conceição Fonseca Silva /UESB Sobre Tiazinhas e Barbies: Um Estudo sobre Subjetivação e Corpos Femininos Will Bortolini Barp/ UFPR Ricardo Marinelli Martins/ UFPR

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Seminário Internacional Michel Foucault: Perspectivas

Corporeidade, Biopoder e Biopotência:Estudo, em Foucault, do Conceito de Corpo como Lugar de Investimento do Saber-Poder Médico e Conexão com o Conceito de Resistência como Prática de Si.

Fernando Hiromi Yonezawa /UNESPHélio Rebello Cardoso Jr./ UNESP

Práticas e Dispositivos de Subjetivação:Poder-Saber nos Discursos do Cuidado de Si.

Maria da Conceição Fonseca Silva /UESB

Sobre Tiazinhas e Barbies:Um Estudo sobre Subjetivação e Corpos Femininos

Will Bortolini Barp/ UFPR Ricardo Marinelli Martins/ UFPR

Na época clássica o corpo é descoberto como objeto de poder. Idealizava-se torná-lo dócil , quer dizer, submisso,

obediente e por tanto, útil.

Porém era importante também que os corpos permitissem captar, entender e explicar os seus funcionamentos, para a

constituição de um saber que possibilitasse o aperfeiçoamento e a produção do poder.

Cuidado de si: o corpo resignificando

Segundo (Foucault 1971) O

corpo é marcado por práticas de

controle, que podem ser

definidas “como esquemas que

o indivíduo encontra na sua

cultura e que lhes são

propostos, sugeridos e impostos

pela sua cultura, sua sociedade

e seu grupo social” Essa prática

do cuidado com o corpo se

constitui como um dispositivo de

sujeição milenar.

Fonseca Silva traçou um caminho histórico para entender o discurso do cuidado com o corpo.

Grécia Clássica

O governo do corpo tinha como objetivo a vida na polis e o desempenho do poder político.

Regulava-se o corpo através de regime de saúde

(alimentação, bebida, sono, relações sexuais).

Associado à medicina.

Grécia Antiga

A personificação da beleza estava ligada ao corpo do masculino, valorizado pela sua capacidade atlética, saúde e fertilidade.A mulher era vedada a prática do exercício físico e a maquiagem. Enquanto prática de embelezamento do corpo feminino, era considerada trapaça e desonestidade.

Era Cristã

A beleza do corpo feminino

era temida e associada à

mentira, à astúcia, ao

engano e à perdição. Mas

não houve valorização da

beleza do corpo masculino

como na Grécia.

No discurso do cuidado de

si, as práticas de exercícios

físicos e os jogos Olímpicos

eram considerados rituais

satânicos.

Baixa Idade Média

A prática de exercícios físicos tinha como objetivo a preparação militar e a prática de atividades desportivas.

Alta Idade Média

O cuidado de si, estava associada a prática do exercício físico que tinha como alvo à preparação militar dos soldados e a preparação dos nobres (prática de esgrima e de equitação). O objetivo era enobrecer o homem, fazê-lo forte e apto.

Na Idade Média, houve reafirmação da beleza feminina como um mal, associada à queda e à satã, à arma do diabo.

Renascimento

Permanece o discurso em que a beleza feminina é associada a malignidade.Com a influência da escultura grega, os artistas da renascença redescobriram a graça de Vênus, das deusas, inverteram a lógica grega e exaltaram mais o corpo feminino do que o masculino.

A beleza física era elevada à condição divina

A partir da Idade Clássica (século XVII), a beleza feminina começou a ser dissociada do valor moral e passou a ter

valor físico e sexual.

Idade Clássica

. Século XVIII

A partir deste período, começa-se a ligar o cuidado com o corpo, sob interesse político, econômico e técnico.

Século XIX

O exercício físico é pautado por questões militares mas aparece associado a interesse de cientistas,

médicos igienistas e laboratórios

de pesquisa, que visavam à produção

de verdades sobre o cuidado e

ao controle dos indivíduos.

No final deste século,o cuidado com o corpo feminino e estava

aliado às preocupações higiênicas como regime e saúde sobre o

olhar medicinal e as experiências de embelezamentos eram

segredos entre amigas.

Século XX

No início da segunda metade deste século, instaura-se uma nova ordem de poder-saber sobre o corpo, a beleza deixa de ser um dom e passa a ser construção onde o governo do corpo passa a funcionar a serviço da indústria empresarial do corpo saudável.

O desenvolvimento industrial e a grande influência da mídia contribuem para que o culto do corpo belo e saudável entre na era das massas. As revistas femininas e masculinas funcionam como meios de difusão social das práticas estéticas, aliando valorização do cuidado corporal ao consumo, reforçando que a sociedade capitalista constrói os sentidos de seus corpos sobre os conceitos de produção.

Padrões de beleza

A partir do século XX a dominação capitalista em relação ao corpo e a vida passa da ordem jurídica-política para a ordem empresarial que controla e estimula o governo de si através da autocriação do corpo, que significa que a beleza é construída.

Segundo Fonseca Silva,

“O corpo não está mais em moda. A moda é o corpo”.

Foucault diz que onde há saber sobre um corpo, há uma relação de poder, há a produção de uma força de disciplinarização e normalização.

Fernando e Hélio afirmam que na concepção de que os corpos são alvos de saberes e poderes, acabam sendo constituído e construído por esses saberes e que tem papel ativo na produção, reprodução e transmissão dos poderes.

Foucault nos lembra da possibilidade de sempre termos o potente frescor de uma brisa, que nos revela a liberdade não como sendo algo que depende de escolhas, mas de novas criações nossas.

Segundo Foucault o poder, além de se utilizar da disciplina, criou também estratégia de controle sobre a duração da vida, dos nascimentos, das doenças, visando uma regulação das populações.

Focault afirma que o corpo é uma realidade biopolítica e que o biopoder tem, portanto, duas pinças articulando-se entre si: a biopolítica controlando o homem-espécie e a disciplina, adestrando o homem-corpo.

Foucault inserirá a medicina como forma de saber-poder.medicina é uma estratégia biopolítica.

A medicina não faz valer seu poder apenas como trabalho, mas espalha seu discurso e tecnologia aproveitando-se de muitos outros saberes. A medicina é eminentemente social, ela prolifera seu controle na forma de uma rede, que pretende além de curara doenças, controlar os fluxos dos corpos utilizando-se do discurso da propriedade máxima da saúde

A liberdade estaria na capacidade de sermos senhores de nós mesmos, assumindo-nos como sujeitos ativos de relações em que naturalmente estaríamos em posição passiva.

A prática de si acabaria sendo umaarte da existência