apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 97-98

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TPC — Completa a lista de ‘Pequenas contrariedades’ no verso da última página que estivemos a usar.

E escreve também o comentário que te é pedido no cimo da página (sobre a última estrofe de «Contrariedades»).

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Num autocarro, num dia de chuva, quase imobilizado por não haver espaço, com as mãos ocupadas a segurar mais do que um saco de livros e a tentar equilibrar-me, ficar com os óculos embaciados, sem conseguir perceber se a paragem em que devo sair já se aproximava.

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Estar muito encasacado, em andanças pela cidade e já muito carregado, e, repentinamente, ter ficado um sol radioso que fez que toda a tarde fosse de calor de uns trinta graus.

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Para individuais: nem muito mais nem muito menos de dois minutos e tal, três minutos

Para duplas: mais de três minutos, sem dúvida, e talvez cerca de quatro-cinco

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Põe na ordem correta os dezasseis versos do poema (em quatro estrofes: 4 + 4 + 4 + 4) de Cesário Verde dentro do sobrescrito.

Desenho dos fragmentos de papel não é indicativo (versos já estavam misturados quando os recortei).

Ao contrário, as rimas são úteis (a rima é cruzada).

Telemóveis, como aliás sempre, devem estar desligadíssimos.

 

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DE TARDE Naquele pic-nic de burguesas, Houve uma coisa simplesmente bela, E que, sem ter história nem grandezas,Em todo o caso dava uma aguarela.  

Page 13: Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 97-98

Foi quando tu, descendo do burrico, Foste colher, sem imposturas tolas, A um granzoal azul de grão-de-bico Um ramalhete rubro de papoulas.  

Page 14: Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 97-98

Pouco depois, em cima duns penhascos, Nós acampámos, inda o sol se via; E houve talhadas de melão, damascos, E pão de ló molhado em malvasia.  

Page 15: Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 97-98

Mas, todo púrpuro a sair da rendaDos teus dois seios como duas rolas, Era o supremo encanto da merendaO ramalhete rubro das papoulas!

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DE TARDE Naquele pic-nic de burguesas, Houve uma coisa simplesmente bela, E que, sem ter história nem grandezas,Em todo o caso dava uma aguarela.  

Page 18: Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 97-98

Foi quando tu, descendo do burrico, Foste colher, sem imposturas tolas, A um granzoal azul de grão-de-bico Um ramalhete rubro de papoulas.  

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Pouco depois, em cima duns penhascos, Nós acampámos, inda o sol se via; E houve talhadas de melão, damascos, E pão de ló molhado em malvasia.  

Page 20: Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 97-98

Mas, todo púrpuro a sair da rendaDos teus dois seios como duas rolas, Era o supremo encanto da merendaO ramalhete rubro das papoulas!

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Logo o título, «De tarde», que é um modificador temporal, remete para um momento, uma coisa «simplesmente bela», que merecia ser registado numa «aguarela», apesar de aparentemente irrelevante.

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Poderíamos dizer que o momento em causa era suscetível de ser fixado numa polaroid (se no século XX) ou numa imagem em instagram (atualmente), mas a pintura coaduna-se bem com as várias referências cromáticas: o «granzoal azul», o «ramalhete rubro» ou, quando sai da renda, «púrpuro».

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Quanto ao sol a pôr-se («inda o sol se via»), é uma notação de ordem visual e mais um elemento que aproxima o poema das pinturas impressionistas (vem à lembrança, por exemplo, o quadro «Déjeuner sur l’herbe», de Edouard Manet).

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Além das cores, há pormenores figurativos: o rendilhado do decote por onde saem «duas rolas» (com que se comparam os «teus dois seios»).

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Nem só o sentido da visão é convocado, outros sentidos estão presentes: o olfato e o gosto, a propósito das «talhadas de melão», dos «damascos», do «pão de ló» embebido em vinho doce; e não será forçado vermos algo de táctil na alusão às «duas rolas» que saem do decote da rapariga.

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Muito característica do poema (e de Cesário Verde) é a sua narratividade. O poeta parece ser um observador que faz parte do grupo (vejam-se os deíticos pessoais «tu», «nós», o demonstrativo «[n]aquele» e o possessivo «teus»).

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Relata um episódio cuja protagonista é uma rapariga (uma burguesa?) capaz de colher ramalhetes de papoulas «sem imposturas tolas». As ações estão demarcadas em função dos espaços («a um granzoal», «em cima duns penhascos») e do tempo («foi quando tu», «pouco depois»).

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A última quadra (não, não é um soneto: são quatro quartetos) apresenta-nos o sujeito poético (o «narrador») embevecido com o supremo encanto do «pic-nic» (e não é interessante o uso do estrangeirismo?).

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Esse primeiro plano da câmara termina com o verso «O ramalhete rubro das papoulas!», que quase repete o v. 8 («Um ramalhete rubro de papoulas»).

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Os artigos definidos no último verso do poema («O», em vez do indefinido «Um», que estava no v. 8; e «[d]as», em vez da preposição simples «de») mostram que a observação se foi aproximando e que o ramalhete de que se fala já é inconfundível. A outra diferença entre os versos é o v. 16 terminar com um ponto de exclamação.

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E, se atentarmos no som, perceberemos que há nesse verso uma aliteração, conseguida pela repetição da consoante «r». (Já na segunda estrofe havia uma figura fónica idêntica, entre a assonância e a aliteração, no verso «A um granzoal azul de grão-de-bico», em que predominam as nasais e a consoante z.)

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Acerca da quadra final é ainda preciso referir que a alteração da ordem natural da frase, um hipérbato, faz que o último verso seja o grupo nominal que se pretende destacar («o ramalhete rubro das papoulas»). Por outro lado, por marcar uma oposição, uma reorientação, a conjunção adversativa «mas» valoriza o que depois será o foco da quadra.

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Também o tempo verbal usado nesta quarta estrofe, o imperfeito do indicativo («era»), marca a perenidade daquela visão singular, por contraste com o incidente, efémero, que era a merenda de burguesas (a que convinha o perfeito do indicativo: «houve», «foi», «foste», «acampámos», «houve»).

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Escreve, em prosa, sobre um momento que devesse ficar fixado (realçado dentro de um incidente que tudo destinasse ao esquecimento). Só as partes que já estão lançadas seguem o exato modelo de Cesário. No resto, apenas aconselho que a descrição seja bastante sensorial.

___________________________________ {grupo preposicional, como é De tarde}

Naquele/a __________________________________ ______, houve uma coisa simplesmente bela. Foi quando _________________________________________________

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sensação principal (que torna o momento memorável) pode ser visual, de olfacto, de gosto, auditiva, táctil.

dar o enquadramento (os momentos que precedem) até ao exacto momento de êxtase

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TPC — Completa a página em que estava o tepecê da última aula (melhorando, se for caso disso, lista de ‘Pequenas contrariedades’ no verso da última página que estivemos a usar; escrevendo agora também o comentário sobre a última estrofe de «Contrariedades»).