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DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria Geral, Preceitos e Princípios de Direito Constitucional PROFESSOR MATEUS SILVEIRA

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DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria Geral, Preceitos e Princípios de

Direito Constitucional PROFESSOR MATEUS SILVEIRA

Professor Mateus Silveira

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O CONSTITUCIONALISMO Movimento nascido da vontade do homem de comandar seu destino político e de participar da vida do Estado. Em essência, este termo significa a limitação do poder político do estado e a supremacia da lei. A origem: A expressão diritto costituzionale surgiu do ideal francês, mais especificamente da Revolução Francesa (1789), quando a França comunicara a Itália dos princípios da revolução pautados em uma sociedade política justa, de um Estado que respeitava a liberdade individual do ser humano.

Conceito: O Direito Constitucional pertence ao ramo do Direito Público interno que estabelece os fundamentos estruturais do Estado, distinguindo-se dos demais ramos do Direito Público pela natureza específica de seu objeto. Para Canotilho, o Direito Constitucional é um intertexto aberto, ou seja, deve muito a experiências constitucionais, nacionais e estrangeiras; no seu espírito transporta ideias de filósofos, pensadores, políticos; os seus mitos pressupõem as profundidades dos arquétipos enraizados dos povos. O Direito Constitucional, no entanto, não se dissolve na história, é um direito vigente e vivo e como tal deve ser ensinado.

OBJETO: Entende-se que o objeto do Direito Constitucional é “[...] estabelecer a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos, o modo de aquisição do poder e as forma de seu exercício, limites de sua atuação, assegurar os direitos e garantias dos indivíduos, fixar o regime político e disciplinar os fins socioeconômicos do estado, bem como os fundamentos dos direitos econômicos, sociais e culturais”, é o que nos ensina José Afonso da Silva.

O estudo da Constituição pode ser dividido em três tipos: - Direito Constitucional particular (positivo ou especial): busca pesquisar as normas constitucionais em vigor no Estado; - Direito Constitucional comparado: tem por finalidade estudar as diversas Constituições e sistemas jurídicos com o intuito de compará-las; - Direito Constitucional geral: é a análise de institutos de diversos ordenamentos constitucionais, para encontrar pontos em comum e extrair uma teoria geral do Direito Constitucional.

Quanto as fontes, podemos dividir em: 1) Fontes diretas e imediatas: Fonte direta originária – Constituição; Fonte indireta delegada – demais normas de conteúdo constitucional (leis, decretos, regulamentos de conteúdo constitucional). 2) Fontes indireta, mediata ou derivadas: seriam a jurisprudência, a doutrina, os princípios gerais de Direito, as convicções sociais vigentes, ideia de justiça e outras manifestações.

ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES SEGUNDO JOSÉ AFONSO DA SILVA Elementos orgânicos: são normas reguladoras da estrutura do Estado e do Poder (Exemplo: Capítulo IV, Da Organização dos Poderes). Elementos limitativos: impõe limites aos poderes públicos (Exemplo: Título II, Dos Direitos e Garantias Fundamentais). Elementos sócio-ideológicos: demonstram a ideologia constitucional (Exemplo: Direitos Sociais dos Trabalhadores). Elementos de estabilização constitucional: são as normas destinadas à defesa do Estado e à manutenção da estabilidade (Exemplo: Intervenção federal, Estado de Defesa). Elementos formais de aplicabilidade: trazem regras de aplicação da Constituição (Exemplo: art. 5.º, § 1.º, ADCT).

CONSTITUIÇÃO: SENTIDO SOCIOLÓGICO, SENTIDO POLÍTICO, SENTIDO JURÍDICO, SENTIDO CULTURALISTA. A) Concepção Sociológica: Proposta por Ferdinand Lassalle no livro "A essência da Constituição“. Para ele, a Constituição pode representar o efetivo poder social ou distanciarse dele: na primeira hipótese, ela é legítima; na segunda, ilegítima. Lassalle enxerga a Constituição sob o aspecto da relação entre os fatos sociais dentro do Estado. Para Lassalle havia uma Constituição real (ou efetiva – definição clássica – é a soma dos fatores reais de poder que regem uma determinada nação) e uma Constituição escrita (CF/88 - para Lassalle, uma constituição escrita não passa de uma folha de papel). Esta soma poderia ou não coincidir com a Constituição escrita, que sucumbirá se contrária à Constituição real ou efetiva, devendo se coadunar com a Constituição real ou efetiva.

Concepção Política: Prisma que se dá nesta concepção é o político. Defendida por Carl Schmitt no livro "Teoria da Constituição". Busca-se o fundamento da Constituição na decisão política fundamental que antecede a elaboração da Constituição - aquela decisão sem a qual não se organiza ou funda um Estado. Ex: Estado unitário ou federação, Estado Democrático ou não, parlamentarismo ou presidencialismo, quais serão os direitos fundamentais etc. - podem estar ou não no texto escrito. O autor diferencia Constituição de Lei Constitucional. A 1ª traz as normas que decorrem da decisão política fundamental, normas estruturantes do Estado, que nunca poderão ser reformadas. A 2ª será que estiver no texto escrito, mas não for decisão política fundamental, ex: art. 242, §§ 1º e 2º, CF - é matéria adstrita à lei, mas que está na Constituição, podendo ser reformadas por processo de reforma constitucional.

Concepção Jurídica ou concepção puramente normativa da Constituição: Hans Kelsen - "Teoria Pura do Direito". A Constituição é puro dever-ser, norma pura, não devendo buscar seu fundamento na filosofia, na sociologia ou na política, mas na própria ciência jurídica. Logo, é puro "dever-ser". Constituição deve poder ser entendida no sentido: a)lógico-jurídico: norma fundamental hipotética: fundamental porque é ela que nos dá o fundamento da Constituição; hipotética porque essa norma não é posta pelo Estado é apenas pressuposta. Não está a sua base no direito positivo ou posto, já que ela própria está no topo do ordenamento; e b)jurídico-positivo: é aquela feita pelo poder constituinte, constituição escrita, é a norma que fundamenta todo o ordenamento jurídico. No nosso caso seria a CF/88. É algo que está no direito positivo, no topo na pirâmide.

A norma infraconstitucional deve observar a norma superior e a Constituição, por consequência. Dessa concepção nasce a idéia de supremacia formal constitucional e controle de constitucionalidade, e de rigidez constitucional, ou seja, necessidade de proteger a norma que dá validade a todo o ordenamento. Para ele nunca se pode entender o direito como fato social, mas sim como norma, um sistema escalonado de normas estruturas e dispostas hierarquicamente, onde a norma fundamental fecha o ordenamento jurídico dando unidade ao direito.

Concepção Cultural – Remete ao conceito de Constituição total, que é a que possui todos os aspectos vistos anteriormente. De acordo com esta concepção, a Constituição é fruto da cultura existente dentro de determinado contexto histórico, em uma determinada sociedade, e ao mesmo tempo, é condicionante dessa mesma cultura, pois o direito é fruto da atividade humana. José Afonso da Silva é um dos autores que defendem essa concepção. Meirelles Teixeira a partir dessa concepção cultural cria o conceito de Constituição Total, segundo o qual: “Constituição é um conjunto de normas jurídicas fundamentais, condicionadas pela cultura total, e ao mesmo tempo condicionantes desta, emanadas da vontade existencial da unidade política, e reguladoras da existência, estrutura e fins do Estado e do modo de exercício e limites do poder político”.

Força Normativa da Constituição – Konrad Hesse - critica e rebate a concepção tratada por Ferdinand Lassalle. A Constituição possui uma força normativa capaz de modificar a realidade, obrigando as pessoas. Nem sempre cederia frente aos fatores reais de poder, pois obriga. Tanto pode a Constituição escrita sucumbir, quanto prevalecer, modificando a sociedade. O STF tem utilizado bastante esse princípio da força normativa da Constituição em suas decisões.

CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES Quanto a forma: Escritas (orgânicas, codificadas, sistematizadas): cujas regras se contêm em documento solene, elaborado para fixar a organização fundamental. Não escritas (inorgânicas, não codificadas): não traz as normas constitucionais em um único texto solene e codificado, mas por diversos textos separados (inclusive em sentido histórico), baseados nas tradições, costumes, jurisprudência etc. Legal: seria a Constituição escrita e que se apresenta fragmentada em textos esparsos. Isso se dá na medida em que o art. 5º, § 3º, da CF/88, passou a aceitar que tratados de direitos humanos sejam equiparados às emendas constitucionais.

QUANTO À ESTABILIDADE: Rígidas: são aquelas que só podem ser alteradas mediante processo especial de reforma, normalmente, por meio de quorum especial, diferenciado do exigido para as demais normas. Flexíveis: podem ser modificadas por processo legislativo ordinário, comum. Semirrígidas: algumas regras podem ser modificadas por processo legislativo ordinário. Outras, somente por processo legislativo especial. Super-rígidas: além de possuir um processo legislativo diferenciado (emendas) para sua modificação, alguns assuntos seriam imutáveis, por força das cláusulas pétreas (art. 60, § 4.º, CF/88). Imutáveis: seriam inalteráveis, pois pretenderiam ser permanentes, eternas.

QUANTO AO CONTEÚDO: Material: é composta por princípios e regras que têm por objeto os direitos fundamentais, a estrutura do Estado, a organização dos Poderes, a distribuição de competências etc. Traz a organização fundamental da sociedade e do Estado. Formal: é composta por normas estruturais de organização fundamental da sociedade e do Estado e, além dessas, por outros princípios e regras que não teriam essa natureza estruturante. Assim, independentemente da matéria, todo o conteúdo que foi aprovado por um processo diferenciado terá caráter constitucional.

QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO: Dogmáticas: são as que se apresentam como produto escrito e sistematizado por um órgão constituinte, a partir de ideias fundamentais da teoria política e do direito dominante. Históricas: são constituições fruto da lenta e contínua síntese da história e tradições de um determinado povo.

QUANTO A ORIGEM Promulgadas: são aquelas que derivam do trabalho de Assembléia Nacional Constituinte, composta por representantes do povo, eleitos para essa finalidade. Cesaristas: são as referendadas pelo povo, sobre um projeto elaborado por um Imperador ou ditador. Outorgadas: são as produzidas sem a participação popular, através da imposição do poder.

QUANTO A SUA EXTENSÃO OU FINALIDADE: Analíticas (dirigentes): examinam e regulamentam todos os assuntos que entendem relevantes à formação, destinação e funcionamento do Estado. Sintéticas (garantias): prevêem somente os princípios e as normas gerais de regência do Estado, organizando-o e limitando seu poder por meio de estipulação de direitos e garantias fundamentais.

QUANTO À CORRESPONDÊNCIA COM A REALIDADE POLÍTICA OU ONTOLÓGICA: Normativas: são aquelas cujas normas dominam o processo político, ou seja, em que o poder se adapta às normas constitucionais e se lhes submete. Nominais: são aquelas que não conseguem adaptar as suas normas à dinâmica do processo político, ficando sem realidade existencial. Em outras palavras: mesmo tendo a intenção de limitar o poder, não conseguem. Semânticas: apenas formalizam a situação do poder político existente em benefício exclusivo dos detentores de fato desse poder.

A Constituição brasileira de 1988 é: Escrita (ou legal); Rígida (ou super-rígida); Formal; Dogmática; Promulgada; Analítica; e Normativa.

PRAFEND P – PROMULGADA; R – RÍGIDA; A – ANALÍTICA; F – FORMAL; E – ESCRITA; N – NORMATIVA; D – DOGMÁTICA.

NORMAS, REGRAS E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS: No conceito formal de Constituição formal, todas as normas estão em um mesmo patamar jurídico, não havendo supremacia entre normas constitucionais, sejam elas da parte permanente, do ADCT, originárias ou derivadas. Todas as normas constitucionais (exceto o preâmbulo) possuem eficácia jurídica, pois mesmo que não consigam alcançar seu destinatário, conseguem, ao menos, impor a sua observância às demais de hierarquia inferior, sendo capaz de as tornarem inconstitucionais caso contrariem, dizendo-se que possuem caráter vinculante imediato.

DA APLICABILIDADE E EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS Todas as normas constitucionais são dotadas de eficácia; Aplicabilidade: é a qualidade daquilo que é aplicável Logo, todas as normas constitucionais são aplicáveis, pois todas são dotadas de eficácia jurídica. Porém, esta capacidade de incidir imediatamente sobre os fatos regulados não é uma característica de todas as normas constitucionais.

Classificação de José Afonso da Silva (Quanto a eficácia das normas): 1. Normas constitucionais de eficácia plena – não necessitam de legislação integradora pois produzem todos os seus efeitos de plano, ou seja, tem aplicação direta, independem de uma lei uqe venha mediar os seus efeitos; possuem aplicabilidade imediata. Todas as normas que atribuem competência (arts. 21, 25 a 29 e 30; 145, 153, 154 e 155). 2. Normas constitucionais de eficácia contida – as que possuem eficácia plena e aplicabilidade imediata até o advento de norma infraconstitucional que venha a conter a extensão do mandamento constitucional. Exs: art. 5º, VIII, XIII.

Às vezes a contenção pode ocorrer em função de um conceito ético-jurídico, tal como “ordem pública”, “bons costumes” etc. 3. Normas constitucionais de eficácia limitada – são as que necessitam de legislação integradora, pois não produzem seus efeitos de imediato; possuem aplicabilidade mediata. Dividem-se em: a) Normas constitucionais de princípio institutivo – as que traçam esquemas gerais de órgãos ou entidades. Ex: art. 224 (Conselho)

b) Normas constitucionais de princípio programático - que traçam princípios a serem observados pelo legislador comum. Exs: arts. 196 (direito à saúde), 205 (à educação), 215 (à cultura), 227 (proteção à criança). Classificação das normas de Maria Helena Diniz: Divide ela as normas em quatro categorias, a saber: 1. Normas supereficazes (ou com eficácia absoluta) – são as dotadas de efeito paralisante de todas as legislações com elas incompatíveis. Seriam as cláusulas pétreas.

2. Normas com eficácia plena são as que não dependem de legislação integradora (mesmo de J.A. Silva). 3. Normas com eficácia restringível (correspondente às de eficácia contida de J.A. Silva) 4. Normas com eficácia relativa completável ou dependente de complementação legislativa (equivalem às de eficácia limitada, inclusive com a subdivisão: normas de princípio institutivo e programático).

NEOCONSTITUCIONALISMO Enquanto o constitucionalismo buscava a limitação do poder político, o neoconstitucionalismo busca a eficácia deste diploma. Tendo as seguintes características marcantes: 1) Força normativa dos princípios jurídicos; 2) Atenção maior à ponderação do que á simples subsunção; 3) A participação, cada vez mais frequente, da filosofia nos debates jurídicos; 4) A busca para unir, moral, ética e direito; 5) A irradiação das normas e valores constitucionais para todos os ramos do direito (constitucionalização do direito);

6) O pós-positivismo; (O pós-positivismo na sua teoria visa dar aos princípios jurídicos caráter normativo, e estes devem atuar como uma espécie de norma jurídica vinculante. O pós-positivismo tenta restabelecer uma relação entre direito e ética, pois busca materializar a relação entre valores, princípios, regras e a teoria dos direitos fundamentais e para isso, valoriza os princípios e sua inserção nos diversos textos constitucionais para que haja o reconhecimento de sua normatividade pela ordem jurídica). 7) A judicialização. A judicialização significa que algumas questões de larga repercussão política ou social estão sendo decididas por órgãos do Poder Judiciário, e não pelas instâncias políticas tradicionais: o Congresso Nacional e o Poder Executivo. Nesse sentido, a judicialização concede transferência de grande carga de poder para juízes e tribunais.

Existem três causas que são apontadas como determinantes para judicialização: A) A redemocratização, a CF/88 fortaleceu e expandiu o Judiciário, o MP e a Defensoria pública (EC nº 80/14); B) Constitucionalização Abrangente, uma constituição mais prolixa que abordou inúmeras matérias antes deixadas para o legislador infraconstitucional; C) Sistema brasileiro de controle de constitucionalidade, que se configura num dos mais abrangentes do mundo, misturando características de diversos sistemas, que permite que quase qualquer questão política ou moralmente relevante possa ser analisada e decidida pelo STF.

Segundo o professor e ministro do STF Gilmar Ferreira Mendes cinco frases curtas resumem o novo constitucionalismo: 1) Mais Constituição do que lei; 2) Mais juízes que legisladores (judicialização); 3) Mais princípios do que regras; 4) Mais ponderação do que subsunção; e 5) Mais concretização do que interpretação.

TRANSCONSTITUCIONALISMO Quando ocorrem casos em que os problemas não aderem aos critérios do constitucionalismo puro e simples, não sendo possível uma imposição unilateral, devendo haver um diálogo constitucional entre diversas ordens constitucionais. De regra, realizada por um tribunal internacional, como na caso Cesare Battisti que foi analisado pelo STF e agora está sendo analisado pela Corte Internacional de Justiça ou Corte de Haia.

PREÂMBULO CONSTITUCIONAL Relativamente à força jurídica do preâmbulo constitucional, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 2.076/AC, (Rel. Min. CARLOS VELLOSO), reconheceu que o preâmbulo da Constituição não tem valor normativo, apresentando-se desvestido de força cogente. O STF, no julgamento plenário em questão, entendeu que: A) O preâmbulo é parte integrante da Constituição, com todas as suas consequências. Dela não se distingue nem pela origem, nem pelo sentido, nem pelo instrumento em que se contém. Distingue-se (ou pode distinguir-se) apenas pela sua eficácia ou pelo papel que desempenha.

B) Os preâmbulos não podem se assimilar às declarações de direitos. C) O preâmbulo não pode ser invocado enquanto tal, isoladamente, nem cria direitos ou deveres. Não há inconstitucionalidade por violação do preâmbulo como texto; só há inconstitucionalidade por violação dos princípios consignados na Constituição. Além disso, orienta Ingo W. Sarlet, que o STF, em julgamento de 2009 (HC 94.163), entendeu que no âmbito de interpretação e aplicação do direito, os valores e objetivos consignados no preâmbulo da Constituição podem ser invocados como reforço argumentativo, de forma a justificar uma decisão, desde que em conjunção com demais preceitos normativos do texto principal da Constituição.

Já os princípios fundamentais servem como valores de ordem jurídica. E são importantíssimos para: - Garantir a unidade da Constituição; - Orientar a ação do intérprete, balizando a tomada de decisões, tanto de particulares tanto dos poderes constituídos; - Preservar o Estado Democrático de direito.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos: I - a soberania; (art. 170, I – Princip. gerais da Ativ. Econ) II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (art. 170, IV) V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

A República é a nossa forma de governo caso não fossemos uma república poderíamos ter como forma de governo uma monarquia. A República que surgiu no texto constitucional de 1891 como cláusula pétrea (art. 60, § 4º, da CF) e foi mantida em todas as constituições. Porém, na CF/88 a República não é cláusula pétrea, na constituição vigente a República foi tratada como princípio sensível, disposto no art. 34, VII, “a”, da CF/88. No entanto, apesar de não ser cláusula pétrea, o povo confirmou a forma republicana de governo através de um plebiscito (art. 2º, ADCT), deste modo não poderá a forma republicana de governo do Brasil ser alterada por meio de EC, sob pena de se violar a soberania popular, somente um novo plebiscito poderia alterar a forma de governo no atual ordenamento constitucional.

A nossa Forma de Estado é a FEDERAÇÃO, que se configura cláusula pétrea, por força do disposto no art. 60, § 4º, I, da CF. A CF/88 consagrou a indissolubilidade do vínculo federativo, ou seja, no Brasil não existe o direito de Secessão. Há inclusive na CF instrumento para estabilizar eventual crise, conforme dispõe o art. 34, I (A UF intervindo para manter a integridade Nac). Assim, por força do art. 1º, “caput” c/c art. 18, ambos da CF, a federação brasileira é formada pela união indissolúvel de 4 entes federativos: União Federal, dos Estados-membros, do Distrito Federal e dos Municípios.

A CF estabeleceu de modo expresso o Princípio Democrático, no “caput” e no parágrafo único do art. 1º. Assim, temos no país segundo a CF uma Democracia semidireta ou mista ou participativa, ou seja, um sistema híbrido que tem como base uma democracia representativa, com peculiaridades e instrumentos de democracia direta. O exercício da democracia direta, através da participação popular se dá no BR por meio do Plebiscito, Referendo e Iniciativa popular (art. 14, III, da CF). O sistema de governo é o Presidencialismo (art. 84 da CF).

OS FUNDAMENTOS DA REP. FED. DO BRASIL SO-CI-DI-VA-PLU

SO – SOBERANIA CI - CIDADANIA DI – DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA VA – VALORES SOC. DO TRAB. E DA LIVRE INICIATIVA PLU – PLURALISMO POLÍTICO

O FUNK DOS FUNDAMENTOS RHU, RHU,

É O SOCIDIVAPLU RHU, RHU

É O SOCIDIVAPLU

SOBERANIA: é o conjunto formado pelos entes federativos que formam uma unidade que dão a nação a qualidade que caracteriza o poder supremo de um Estado (independência, autoridade dentro e fora do seu território); CIDADANIA: se materializa na idéia da capacidade eleitoral ativa (ser eleitor) e passiva (ser eleito), porém não se restringe aos direitos políticos, pois engloba também o acesso e o respeito as direitos e deveres fundamentais (ser sujeito); DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: regra matriz dos direitos fundamentais, é o núcleo essencial do nosso constitucionalismo, serve também para orientar a solução de conflitos interpretativos.

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. ASSISTÊNCIA À SAÚDE. BIODIREITO. ORTOTANÁSIA. TESTAMENTO VITAL. 1. Se o paciente, com o pé esquerdo necrosado, se nega à amputação, preferindo, conforme laudo psicológico, morrer para "aliviar o sofrimento"; e, conforme laudo psiquiátrico, se encontra em pleno gozo das faculdades mentais, o Estado não pode invadir seu corpo e realizar a cirurgia mutilatória contra a sua vontade, mesmo que seja pelo motivo nobre de salvar sua vida. 2. O caso se insere no denominado biodireito, na dimensão da ortotanásia, que vem a ser a morte no seu devido tempo, sem prolongar a vida por meios artificiais, ou além do que seria o processo natural. 3. O direito à vida garantido no art. 5º, caput, deve ser combinado com o princípio da dignidade da pessoa, previsto no art. 2º, III, ambos da CF, isto é, vida com dignidade ou razoável qualidade. A Constituição institui o direito à vida, não o dever à vida, razão pela qual não se admite que o paciente seja obrigado a se submeter a tratamento ou cirurgia, máxime quando mutilatória. Ademais, na esfera infraconstitucional, o fato de o art. 15 do CC proibir tratamento médico ou intervenção cirúrgica quando há risco de vida, não quer dizer que, não havendo risco, ou mesmo quando para salvar a vida, a pessoa pode ser constrangida a tal. 4. Nas circunstâncias, a fim de preservar o médico de eventual acusação de terceiros, tem-se que o paciente, pelo quanto consta nos autos, fez o denominado testamento vital, que figura na Resolução nº 1995/2012, do Conselho Federal de Medicina. 5. Apelação desprovida. (Apelação Cível Nº 70054988266, Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Irineu Mariani, Julgado em 20/11/2013)

VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE-INICIATIVA: busca assegurar a todos uma existência digna conforme os ditames da justiça social e de modo claro privilegia dentro do ordenamento constitucional o modelo capitalista; PLURALISMO POLÍTICO: busca enaltecer uma sociedade plural, consagrando o respeito a todas as matizes e ideais políticos, tutelando a pessoa humana e a sua liberdade de pensamento.

PRINCÍPIO DA REPARTIÇÃO DOS PODERES Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

PODER FUNÇÃO TÍPICA FUNÇÃO ATÍPICA

EXECUTIVO

ADMINISTRAR JULGAR E LEGISLAR

LEGISLATIVO LEGISLAR E FISCALIZA O EXECUTIVO (contábil, financeira, orçamentária e patrimonial)

JULGA E ADMINISTRA

JUDICIÁRIO JULGAR/DIZER O DIREITO LEGISLAR E ADMINISTRAR

OS OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA Após se estruturar a república temos os objetivos fundamentais como meta a ser atingida, orientando as políticas governamentais. Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; (art. 170, VII) IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Os 4 verbos que iniciam cada inciso dos objetivos fundamentais da República, estão todos no infinitivo: I – Construir; II – Garantir; III – Erradicar; IV – Promover.

Os objetivos fundamentais são reveladores de uma axiologia, uma antevisão de um projeto de sociedade mais justa esposado pelo constituinte. Os enunciados que aparecem como ações verbais, implicam a necessidade de um comportamento ativo pelos que se acham obrigados à sua realização (governantes e agente políticos). Atenção, pois além de outras normas constitucionais, encontramos vários instrumentos e disposições para efetivação dos objetivos nos títulos que tratam da ordem econômica e da ordem social.

CON – GA – ERRA – PRO CON – CONSTRUIR UMA SOC. LIVRE... GA – GARANTIR O DESENVOLVIMENTO... ERRA – ERRADICAR A POBREZA... PRO – PROMOVER O BEM DE TODOS...

E AÍ CHAMA A GRETCHEN

CONGA LA CONGA CONGA ERRA PRO CONGA LA CONGA CONGA ERRA PRO

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

Mnemônico: AInDa Não ComPreI ReCoS A – autodeterminação dos povos In – independência nacional D – defesa da paz Não – não intervenção Co – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade Pre – prevalência dos direitos humanos I – igualdade entre os Estados Re – repúdio ao terrorismo e ao racismo Co – concessão de asilo político S – solução pacífica dos conflitos

Mnemônico: AInDa Não ComPreI ReCoS A – autodeterminação dos povos In – independência nacional D – defesa da paz Não – não intervenção Co – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade Pre – prevalência dos direitos humanos I – igualdade entre os Estados Re – repúdio ao terrorismo e ao racismo Co – concessão de asilo político S – solução pacífica dos conflitos