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Comparação da Aderência entre
Tintas Epóxi Base Água e Epóxi
Novolac Base Solventes Orgânicos.
MATERIAIS DE REVESTIMENTO
Autores:
Agnus Rogerio Rosa
Andiara Reis
Izabel Anghinetti
Lucas Carvalho Cateb
Orientadores:
Prof. Dr. Antônio Neves. Carvalho Júnior
Prof. Dr. White José dos Santos
ABSTRACT
As tintas são consideradas o material de revestimento
mais amplamente utilizado, tem por função a proteção
do substrato contra agentes agressivos, além de
propiciar uma condição estética agradável.
O uso de tintas epóxi vem cada vez mais ganhando
espaço tanto na construção comum como nas áreas
industriais, devido à sua grande capacidade de proteção.
Em um paralelo entre as tintas epoxídicas e as tintas
alquídicas, por exemplo, as tintas epóxi apresentam
melhores resultados em pinturas de pisos de concreto,
interiores de caixas de agua e em ambientes com alta
agressividade.
As tintas epóxi à base de água, chamadas em inglês de
WB – Water Borne ou Water Based, apesar da grande
evolução mostrada nos últimos anos, ainda não são
capazes de substituir os tradicionais epóxis à base de
solventes orgânicos, nos casos específicos citados
acima. No entanto, em outras aplicações, as WB são
equivalentes ou superiores às tradicionais (GNECCO
2007).
Este estudo tem por finalidade avaliar a aderência das
tintas epoxídicas base solvente orgânico e base água
sobre um substrato de concreto aparente.
Os estudos foram realizados utilizando teste de
aderência através de fita filamentosa e através do ensaio
pull off.
Neste estudo não foi avaliada a resistência química das
tintas tanto base solvente como base água.
Um dos fatores de maior importância para o bom
desempenho da pintura é o preparo da superfície.
As tintas aderem aos substratos por ligações físicas,
químicas ou mecânicas. As duas primeiras ocorrem
através de grupos de moléculas presentes nas resinas
das tintas que interagem com grupos existentes nos
substratos. A ligação mecânica se dá sempre associada
a uma das outras duas e implica na necessidade de certa
rugosidade na superfície
1- Tintas Epóxi
1.1- Selador epóxi curadas com poliamidas
Tem viscosidade apropriada para permitir excelente
penetração em superfícies de concreto, rebocos em
alvenaria, cimento amianto ou madeira. Sela essas
superfícies, evita a absorção excessiva e propicia a
aderência do sistema de pintura.
As tintas epóxi curadas com poliamida têm ótima
resistência à umidade, imersão em água, flexibilidade e
aderência em aço carbono ou concreto, conferidas pelo
agente de cura à base de resina poliamida. Entre muitas
aplicações, a mais notável é a conveniência para a
pintura interna de reservatórios de água potável em
temperaturas de até 55oC.
1.2- Tintas Epóxi Hidrossolúveis
São as chamadas tintas WB (water based ou water
borne). As características destas tintas são: facilidade de
diluição (utiliza água limpa), limpeza dos
equipamentos, baixo nível de odor e emissão de
solventes próximos de zero (low VOC) São
recomendadas para superfícies de concreto, ou de aço
carbono em ambientes de baixa e média agressividade.
São utilizadas na pintura das paredes de indústrias
alimentícias, de laboratórios farmacêuticos, de hospitais
etc., quando há restrição à evaporação de solventes.
Essas tintas não são recomendadas para trabalhos de
imersão
1.3- Tintas Epóxi Fenólico Novolac
Epóxis fenólicos novolac curados com amina, de alta
espessura, bi componentes, são revestimentos de alta
resistência química, térmica, alta dureza e altíssima
resistência à abrasão. São formuladas com baixo teor de
compostos orgânicos voláteis (low VOC), para uso
como um revestimento interno de tanques para resistir
óleo cru e a maioria dos produtos refinados do petróleo
incluindo gasolina sem chumbo, MTBE, solventes
aromáticos e a maioria dos octanos combinados.
Também formulado para a proteção de tanques
contenção secundária.
2
2- METODOLOGIA
Para desenvolvimento deste estudo foram montados 8
corpos de prova pintados em blocos de concreto para
alvenaria estrutural. Em cada bloco foram pintados 3
quadros medindo 10cm x10 cm. As tintas foram
aplicadas utilizando trinchas de pelo natural.
Foi definida, para fins de estudo, que a espessura final
de película seca da tinta para as tintas com base em
solventes seria 300µ, de 200µ para as tintas base água
e de 75µ para o verniz selador. O controle final das
espessuras foi feito utilizando-se o pente espessura
úmida.
Para se calcular a espessura úmida, deve-se aplicar a
seguinte fórmula:
EPU =
Onde:
SV = sólidos por volume (em %)
ESP = espessura da película seca (em µ)
EPU = espessura da película úmida (em µ)
Sólidos por volume das tintas utilizadas:
Epóxi Base Água: 43%
Epóxi Fenólico Novolac: 75%
Verniz Epóxi Selador: 98%
Fig. 1. Pintura dos corpos de Prova -1Demão de Selador
e 1 Demão de Epóxi Fenólico Novolac.
Fonte: Autores [2015]
As séries de corpos de prova foram preparadas com as
seguintes especificações de pintura:
Sistema1
- 1 demão de Verniz Epóxi com 75µ
- 1 demão de Epóxi Fenólico Novolac com 300µ
Sistema2
- 2 demãos de Epóxi Fenólico Novolac com 150µ por
demão.
Sistema3
- 2 demãos de Epóxi Base Água com 100µ por demão.
Fig. 2. Medição da Espessura Úmida
Fonte: Autores [2015]
Os sistemas de pintura foram aplicados obedecendo os
intervalos entre demãos especificados pelo fabricante
das tintas:
1- Aplicação do verniz Epóxi: Mínimo 6 horas à
temperatura 25°C Máximo de 24 horas;
2- Aplicação do Epóxi Fenólico: Mínimo 18 horas à
temperatura 25°C Máximo de 30 dias;
3
3- Aplicação do Epóxi Base Água: 24 horas à
temperatura 25°C Máximo de 72 horas;
Os corpos de prova preparados foram devidamente
identificados para cada sistema de pintura aplicado.
As tintas aplicadas foram curadas por um período de 15
dias.
Fig.3. Identificação dos Corpos de Prova para
Pintura. Fonte: Autores [2015]
3- Ensaios Realizados:
3.1- Ensaio de Aderência Norma ABNT 11003
Executar os cortes segundo a norma e avaliar
Se o resultado for negativo, isto é, destacamento
igual ou acima de X3 ou Y3 a aderência não é
satisfatória e o sistema de repintura não é viável
Se o resultado for negativo, isto é, destacamento
igual ou acima de X1 ou Y1 a aderência é satisfatória
e o sistema de repintura é viável.
Atenção aos procedimentos da norma
O corte em X deve ser feito com dois cortes de 40 mm
cada, interceptados ao meio
O menor ângulo de corte que deve ser entre 35º e 45º
Cada corte do X deve ser feito em uma só vez,
devendo alcançar o substrato em um movimento
uniforme e contínuo. Utilizar lupa com 7 X de aumento
para verificar se o substrato foi atingido de modo
satisfatório
Cortes conforme a norma Sugestão de gabarito
Fig.4. Execução dos Cortes para Teste Aderência
Fonte: ABNT NBR 11003 [2015]
A ferramenta de corte deve ser estilete com lâmina de
10 mm de largura, mantida sempre afiada.
Fita deve ter adesividade de 32 + 4 g/mm
Verificar o prazo de validade no anel da fita
Alisar a fita depois de colocada sobre o X, primeiro
com o dedo e em seguida com borracha para lápis
Esperar de 1 a 2 minutos para a fita esfriar depois de
ter sido esfregada
Arrancar a fita com um movimento firme e ligeiro
com velocidade de 20 cm/s em um ângulo tão próximo
de 180 graus quanto possível (dorso sobre dorso), sem
tranco.
Fig.5. Arrancamento da Fita Adesiva-
Ensaio de Aderência. Fonte: ABNT 11003
Errado
4
Certo
Fig.6. Arrancamento da Fita Adesiva- Ensaio de
Aderência. Fonte: ABNT 11003
Fig.7. Execução do Corte em X para Teste de
Aderência. Fonte: Autores (2015)
Fig.8. Execução do Teste de Aderência.
Fonte: Autores (2015
Fig.9. Análise do Teste de Aderência.
Fonte: Autores (2015)
3.2- Análise dos Resultados do Ensaio de Aderência
Norma ABNT 11003
Todas as amostras ensaiadas apresentaram aderência
adequada tanto no Eixo X quanto no Eixo Y.
Os parametros estabelecidos para aceite neste Estudo
foram definidos como X0 e Y0.
Resultados da norma ABNT NBR 11003
A norma não julga se o resultado da aderência é bom ou
ruim, apenas padroniza o método para sua execução. O
especificador e o fornecedor das tintas e o executor das
pinturas, deverão estabelecer os limites para aceitação.
O critério adotado para o recebimento de uma pintura
após execução dos testes poderá ser como estabelecido
neste estudo ou seja: X0 e Y0.
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Fig.10. Análise do Teste de Aderência.
Fonte: Autores (2015)
Fig.11. Análise do Teste de Aderência.
Fonte: Autores (2015)
Fig.12. Análise do Teste de Aderência.
Fonte: Autores (2015)
Fonte: ABNT NBR 11003
2 mm
4 mm
6 mm
Y0
Nenhum destacamento na intersecção.
Y1
Destacamento até 2 mm em um ou em
ambos os lados da intersecção.
Y2
Destacamento até 4 mm em um ou em
ambos os lados da intersecção.
Y3
Destacamento até 6 mm em um ou em
ambos os lados da intersecção.
Y4
Destacamento acima de 6 mm em um ou
em ambos os lados da intersecção.
Código Figura
Tabela 1 – Destacamento na intersecção
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Fonte: ABNT NBR 11003
3.3- Ensaios de Aderência “Pull Off” ASTM D4541
Aderência por tração ASTM D 4541-2 (pull-off test)
O método estabelece o procedimento para avaliar a aderência (pull-off strength) de uma tinta sobre substratos rígidos, como aço, concreto ou madeira. O teste consiste em colar uma pastilha metálica à superfície pintada. Depois da cura do adesivo epóxi, a pastilha é arrancada do substrato, com um dos aparelhos previstos na norma, de acordo com os seguintes Métodos: A – alinhamento fixo - aparelho tipo I B – alinhamento fixo - aparelho tipo II C – auto-alinhamento - aparelho tipo III D – auto-alinhamento - aparelho tipo IV E – auto-alinhamento - aparelho tipo V
Os aparelhos tipo II e tipo IV são os mais usados em inspeções no campo ou em testes de laboratório. É aplicada carga no aparelho que faz esforço no sentido de arrancar a pastilha perpendicularmente ao substrato e é anotada a carga máxima necessária para o rompimento, isto é o destacamento da pastilha.
O resultado do teste é expresso em MPa. 1MPa = 10kgf/cm
2.
As cargas máximas para o rompimento dependem do tipo de tinta e são fixadas em especificações ou determinadas através de estudos.
Fig. 13. Descrição do Equipamento Pull Off
Fonte: ASTM D 4541-2
Fig. 14. Equipamento Pull Off Tipo I
Fonte: ASTM D 4541-2
1 mm
X0
Nenhum destacamento ao longo das
incisões.
X1
Destacamento até 1 mm ao longo das
incisões.
X2
Destacamento até 2 mm ao longo das
incisões
X3
Destacamento até 3 mm ao longo das
incisões
X4
Destacamento acima de 3 mm ao longo
das incisões
Código Figura
Tabela 2 – Destacamento ao longo das incisões
2 mm
3 mm
7
3.4- Execução dos Ensaios de Aderência “Pull Off”
ASTM D4541
Foram executados 8 testes de pull off nos corpos de
prova preparados.
As pastilhas escolhidas possuíam diâmetro de 50mm, e
foi utilizado adesivo estrutural epóxi com as seguintes
características técnicas:
Resistência de Aderência: Norma ASTM C882
Concreto: 18,4 MPa (14 dias)
Concreto: 3,80 MPa (7 dias)
Aço: 3,30 MPa (7 dias)
Resistência à Compressão: Norma ASTM D695
1 dia: 60 MPa (25°C; 50% u.r.a)
7 dias: 90 MPa (25°C; 50% u.r.a)
Fig. 15. Colagem das Pastilhas para Pull Off Teste
Fonte: Autores (2015)
Fig. 16. Montagem do Aparelho Pull Off
Fonte: Autores (2015)
Fig. 17. Execução do Pull Off Teste
Descolamento da Pastilha Após Esforço
Fonte: Autores (2015)
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3.5- Análise dos Resultados do Ensaio de Aderência
“Pull Off” ASTM D4541
Fig. 17. Execução do Pull Off Teste
Descolamento da Pastilha Após Esforço
Epóxi base Água Aplicado Diretamente Sobre Bloco de
Concreto Alvenaria Estrutural
Fonte: Autores (2015)
Fig. 18. Execução do Pull Off Teste
Descolamento da Pastilha Após Esforço
Epóxi base solvente curado com poliamina aplicado
diretamente sobre bloco de concreto estrutural
Fonte: Autores (2015)
Fig. 19. Execução do Pull Off Teste
Descolamento da Pastilha Após Esforço
Epóxi Base Solvente Curado com Poliamina Aplicado
Sobre Verniz Selador Epóxi Curado com Poliamida
Aplicado Sobre Bloco de Concreto Alvenaria Estrutural
Fonte: Autores (2015)
A seguir é apresentado gráfico comparativo dos ensaios
realizados pelos autores com finalidade de elucidar
quantitativamente os valores encontrados nos ensaios de
Pull Off.
Na formatação apresentada os grupos de amostras são
identificados como:
BA – Base Água (Epóxi base agua curado com
poliamiada aplicado diretamente sobre bloco de
concreto estrutural);
BS – Base Solvente (Epóxi base solvente curado com
poliamina aplicado diretamente sobre bloco de concreto
estrutural);
BS-S – Base Solvente com Selador (Epóxi base
solvente curado com poliamina aplicado sobre selador
epóxi curado com poliamida aplicado diretamente sobre
bloco de concreto estrutural).
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Fig. 20. Possíveis Locais Onde Pode Haver
Rompimento Na Execução do Pull Off Teste
Gráfico 1. Resultado do ensaio Pull Off para os grupos
de amostras.
Desta forma, pode-se comprovar para as amostras
ensaiadas que a aplicação de epóxi base solvente curado
com poliamina aplicado sobre selador epóxi curado
com poliamida apresentou uma eficiência 53,3% maior
que a mesma película aplicada diretamente sobre o
bloco de concreto estrutural.
BS-S BS BA
Média Amostral 5,15 3,36 1,65
Limite Inferior 5,13 2,27 1,44
Limite Superior 5,18 4,46 1,86
Desvio padrão amostral 0,01 0,44 0,08
Intervalo de Confiança 95% 95% 95%
Tabela 3. Análise de confiança e variação das amostras
do ensaio de Pull Off.
A consistência dos resultados do ensaio de
arrancamento para cada grupo de amostras, constata que
os valores obtidos são representativos das metodologias
adotadas pelos autores na aplicação das películas e
garante a confiabilidade da análise numérica.
3.6- CONCLUSÃO
Analisando os resultados obtidos nos dois ensaios de
aderência da película de tinta podemos concluir que a
as amostras apresentaram 100% de aderência nos testes
realizados com a fita adesiva conforme norma ABNT
NBR 11003 mostrando que tanto os epóxis base água
aplicados diretamente sobre o substrato de bloco de
concreto de alvenaria estrutural, quando os epóxis base
solventes orgânicos, aplicados sobre verniz selador
epóxi e aplicados diretamente sobre o substrato
apresentam excelente desempenho no quesito aderência.
Na análise dos resultados utilizando o equipamento
“Pull Off” podemos avaliar com melhor precisão o
comportamento de cada sistema de revestimento
aplicado.
No Sistema 1 obtivemos os melhores resultados ,ver
figura 19 , o ensaio encerrou-se com rompimento por
falta de coesão do substrato.
No sistema 2 o ensaio também encerrou-se com
rompimento por falta de coesão do substrato.
Ao compararmos os dois ensaios porem verificamos
que para o Sistema 1 o rompimento deu-se 5,15 MPa
enquanto no Sistema 2 o rompimento deu-se com 3,36
MPa, valor 35% inferior.
Analisando as amostras verificamos que o no Sistema 1
o verniz selador epóxi penetrou no substrato por um
profundidade de até 3mm, enquanto no Sistema 2 a
tinta penetrou no máximo 0,5mm no substrato, Isto nos
levou a concluir que no Sistema 1 além de uma ótima
aderência o verniz selador promoveu um ganho de
resistência a tração do substrato da ordem de 1,79 MPa.
Nas amostras com Sistema 3 , ver figura 17 o ensaio
encerrou-se com o rompimento por falta de coesão da
tinta. Este é o resultado normalmente esperado. A
resistência a tração obtida foi da ordem de 1,65 MPa.
Comparando os três sistemas, apenas no quesito de
aderência, concluímos que o Sistema 1 apresenta o
melhor desempenho.
BIBLIOGRAFIA
ABNT NBR 11003 – Abril 1990 – Tintas Determinação
da Aderência.
ABNT NBR 15877 – Outubro 2010 – Tintas Ensaio de
Aderência por Tração.
ASTM – D- 4541-2 - Standard Test Method For Pull
Off Strength of coatings Using Portable Adhesion Test.
Gnecco ,C. (2007) - Sherwin Williams - Apostila
Técnica .
10
Phenicon Hs Epoxy Novolac – Sherwin Williams –
Boletim Tecnico , (2007)
Sumadur 258 Epóxi Acrílica WB – Sherwin Williams –
Boletim Tecnico , (2001).
Sher Tile Clear HS BR – Verniz Epóxi Modificado –
Sherwin Williams Boletim Tecnico . (2001).