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  • 8/17/2019 Apresentação Alejandro Rosillo Martinez

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    http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/535730-filosofia-da-libertacao-como-ponto-de-

    partida-para-pensar-os-direitos-humanos-na-america-latina-entrevista-especial-com-

    alejandro-rosillo-martinez

     A nossa abordaem sobre teoria cr!tica do direito na Am"rica latina vai se dar principalmente sobre #ireitos $umanos.

    %u vou abordar o pensamento de Alejandro &osillo' (Rosillo Martínez " raduado em

    )i*ncias +ur!dicas pela Facultad de Derecho de la Universidad Autónoma de San Luis

    Potosí ' mestre e doutor em %studos avan,ados em #ireitos $umanos pela Universidad

    Carlos III  de Madrid. Atualmente leciona na Universidad Autónoma de San Luis

    Potosí ' no Méico.. um autor contemporneo' ele vem escrevendo muitas obras sobreesta temtica. 1 &osillo vai dialoar tamb"m com o +oa2uim $errera lores.

     A tese dele " (#erechos humanos desde el piensamento latinoamericano de la liberaci4n.

    1 autor vai abordar a (teoria cr!tica dos direitos humanos ou seja' o desenvolvimento de

    uma refle6o sobre estes direitos 2ue responda melhor 8 pr6is de liberta,o dos povos.

    9rincipais fontes de &ossillo: I!nacio "llacuría' Franz #in$elammert e "nri%ue Dussel.

    1 autor se insere num campo cr!tico da Am"rica latina.

    I!nacio "llacuría& uma influ*ncia particularmente importante no pensamento de &osillo'

    foi um fil4sofo e te4loo espanhol' radicado em %l alvador' escreveu sobre ;eoloia da

  • 8/17/2019 Apresentação Alejandro Rosillo Martinez

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    eu primeiro postulado " 2ue busca uma concep,o (desde bai6o em uma oposi,o

    (desde cima. As refle6Ees dominantes' desde cima' so demasiadamente

    institucionalistas' principalmente no #ireito Fnternacional' observam apenas as elites

     jur!dicas e os %stados' sem atentar para os conflitos sociais' as diver*ncias pol!ticas e as

    lutas populares. %le busca essa fundamenta,o desde bai6o na ilosofia da liberta,o.

    &osillo vai dizer 2ue os direitos humanos pensados desde uma perspectiva emancipadora

    no so nem iusnaturalistas' nem iuspositivistas' nem iusrealistas' poderiam ser 

    classificados como uma s!ntese dessas tr*s correntes.

     A ilosofia da

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     A filosofia da liberta,o faz um resate do sujeito. Das no do sujeito abstrato ou

    universal' ou ainda do sujeito eo!stico da filosofia liberal' mas do sujeito concreto'

    especialmente da v!tima' do oprimido' pobre.

     A subjetividade 2ue rosillo propEe " o encontro com o outro. %le busca o conceito dealteridade principalmente em %nri2ue #ussel. %le vai elencar alumas cateorias

    importantes 2ue ele aporta de #ussel:

    aProimidade: a pro6imidade leva 8 pra6is' um obrar em dire,o ao outro. A

    pro6imidade " a raiz da pr6is' deve-se ter uma pro6imidade com a v!tima.

    b,otalidade: " a forma como o mundo e6terior se apresenta ao ser humano.

    cMedia-.es/ so as partes funcionais da totalidade.dLi)erdade/ A capacidade ou poder sobre as media,Ees " denominada liberdade. A

    deciso livre no est numa deciso absolutamente indeterminada' numa liberdade

    infinita. 1 ser humano " historicamente determinado.

    e"terioridade/ " uma das cateorias mais importantes da filosofia da liberta,o' ela

    marca a diferen,a da < com outras filosofias do centro. A e6terioridade parte do fato de

    2ue no conjunto de todos os entes' um se sobressai' distinuindo a todos os demais: o

    rosto dos outros seres humanos. %6terioridade do outro ser humano.

    fAliena-0o: A aliena,o se d 2uando se nea ao outro sua 2ualidade de outro' de

    sujeito. 1 outro aparece como o diferente' como o inimio.

    + *undamento da alteridade

    &osillo estabelece o fundamento dos direitos humanos desde a alteridade' desde o

    encontro com o outro. A diferen,a dos fundamentos heemCnicos baseados na

    subjetividade do indiv!duo' en2uanto a < propEe uma subjetividade aberta ao outro.

    )r!tica do autor: direitos humanos fundamentados desde um sujeito abstrato facilmente se

    converte em ferramenta de aliena,o.

    1 pensamento oficial do +cidente no avalia de maneira honrada o seu passado nem

    seu proresso. e no fosse pelas conse2u*ncias 2ue isto embute' poderia parecer 2ue

    h uma cara de inoc*ncia. %llacur!a critica os te4ricos do (proresso por2ue enfocam (a

    2uesto sem se darem conta de 2ue o IproressoJ " uma abstra,o

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     A ideia dos direitos humanos sofre disto' em especial 2uando se utiliza sua historiorafia

    como um instrumento ideol4ico para justificar o capitalismo' apresentando-o como (um

    capitalismo bom' 2ue com o passar do tempo e a e6panso dos direitos >primeira'

    seunda' terceira' 2uarta era,Ees tornou-se (menos selvaem. %sta forma de ver ahistoricidade dos direitos humanos est influenciada pela filosofia da hist4ria da

    modernidade.

    1s direitos humanos so concebidos como produtos racionais 2ue desde o seu

    nascimento formal' nas lutas buruesas do s"culo KLFFF' cont*m em si mesmos tudo o

    2ue so capazes de dar. A Bnica coisa de 2ue necessitam " 2ue passem da pot*ncia ao

    ato atrav"s da hist4ria. Assim' l*-se sua hist4ria como um processo linear semcontradi,Ees: os direitos sociais no so considerados como a afirma,o de um setor 2ue

    se via e6plorado por a2ueles setores 2ue se haviam empoderado atrav"s da afirma,o

    dos direitos liberais' nem os direitos culturais e dos povos so compreendidos como o

    empoderamento dos povos aos 2uais o colonialismo neou sua dinidade.

     Afirma-se 2ue so processos contidos na pr4pria natureza ou na racionalidade dos

    direitos humanos' e 2ue se trata de processos de eneraliza,o e de especifica,o dos

    mesmos direitos oriinados no s"culo KLFFF.

     Acaba-se sustentando 2ue o sujeito dos direitos humanos " o ser humano em abstrato'

    2uer se trate dos direitos liberais' dos direitos sociais ou dos direitos culturais' e se relea

    ao seundo plano a importncia da pr6is e da criatividade da pessoa e das comunidades

    concretas para compreender o avan,o da hist4ria. 9arado6almente' este liberalismo do

    sujeito abstrato acaba sendo funcional ao totalitarismo do mercado' pois a partir da

    maneira como o atual sistema-mundo est estruturado e considerando a materialidade da

    hist4ria' a Bnica liberdade plena " a2uela 2ue pode e6ecut-la como liberdade no

    mercado. 9or meio desse humanismo abstrato' acaba-se por inscrever os direitos

    humanos em uma instncia supra-humana' semelhante ao %sp!rito Absoluto de $eel

    mas esta no " a viso de "llacuría.

    Ho se 2uer nea a subjetividade como fundamento dos direitos humanos' mas abri-la

    para a pluriculturalidade e as lutas hist4ricas levadas 8 cabo pelos diversos povos

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    oprimidos. %le pensa o sujeito de direitos humanos como pr6is de liberta,o. 1utro

    postulado " de 2ue a "tica deve ser pensada como solidariedade.

    1 ponto de partido da "tica da alteridade " o outro M o pobre' o oprimido' a v!tima. 1s

    direitos humanos entendidos desta 4tica so ferramentas de luta das v!timas do sistemacapitalista. A fome dos pobres " conse2u*ncia de um sistema injusto' portanto saciar 

    estruturalmente a fome " mudar radicalmente o sistema.

     A partir do ranz $inNelammert ele vai falar do retorno do sujeito' no do sujeito

    metaf!sico' seno do sujeito vivente' corporal' apto a fazer a cr!tica 8 lobaliza,o e 8

    sociedade mercadoc*ntrica.

    1 sujeito sure na rela,o sujeito-objeto na filosofia cartesiana. $inNelammert vai

    classific-lo como sujeito transcendental.

    %le faz uma cr!tica de uma fundamenta,o dos direitos humanos desde a p4s-

    modernidade' 2ue se reduzem 8 direitos necessrios para aceder ao mundo do consumo

    e acumular propriedades.

    %m troca' a < propEe recuperar o ser humano como ele se faz presente na realidade'

    como ser corporal' como sujeito vivente frente a outros 2ue tamb"m se fazem presentes

    como seres corporais e viventes. A perunta chave a2ui no " (se e6isto' mas (posso

    seuir e6istindo.

     A demanda da recupera,o do sujeito e da vida humana concreta' da vida para todos' nas

    institui,Ees sociais e nas constru,Ees culturais " a demanda mais urente do mundo'

    seundo $inNelammert.

    + *undamento sócio1histórico 2(rais de li)erta-0o3

     A filosofia da liberta,o " uma *iloso*ia da (r'is. (undamentar direitos humanos desde

    a pr6is sinifica encontrar um fundamento socio(olítico' trata-se de entend*-los como

    ferramentas da pr6is da liberta,o. Atrav"s da pr6is se mostra o poder criativo do ser 

    humano. A liberta,o " um processo pelo 2ual o ser humano vai e6ercendo sua liberdade'

  • 8/17/2019 Apresentação Alejandro Rosillo Martinez

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    vai fazendo-se cada vez mais livre ra,as a sua estrutura de ess*ncia aberta. A

    li)erta-0o é um (rocesso' fundamentalmente um processo de transforma,o e de

    revolu,o.

    #istinta for,as hist4ricas.

    ;rata-se de entender as lutas dos novos sujeitos hist4ricos como fundamento e motor dos

    direitos humanos. a (r'is do su4eito vivo& necessitado' da v!tima' das comunidades

    de v!timas' este " o luar do discurso do enunciado cr!tico. A pr6is possibilita reverter sua

    posi,o de v!tima atrav"s da era,o de um novo sistema.

    1 estado no " fundamento dos direitos humanos' no m6imo pode ser um instrumento'um conjunto de institui,Ees para dar efetividade a eles. A (r'is de li)erta-0o dos

    (ovos " um fato mais radical 2ue a e6ist*ncia e funcionamento do %stado.

     Assim' os direitos humanos consistem' desde o responsabilizar-se pela realidade' na

    constru,o de es(a-os de luta 2ue consiam su)verter as in4usti-as e as opressEes

    2ue impedem a satisfa,o das necessidades dos povos de todo o mundo. ;rata-se de

    processos de todo tipo' no apenas normativos' como parecem afirmar as teorias liberais

    e determinadas correntes anal!ticas' mas tamb"m processos econCmicos' pol!ticos'

    culturais' sociais com vistas 8 liberta,o interal das pessoas. 9rocessos 2ue permitam a

    trans*er5ncia de (oder   para os setores marinalizados das sociedades' para 2ue

    atrav"s de seu empoderamento possam tornar efetivo a2uilo 2ue se prea formalmente

    como direito humano desde a sua pr4pria particularidade.

     A comunidade de v!tima se constitui em su4eito1intersu)4etivo& 2ue busca subverter o

    sistema' 2ue busca o direito a erar direitos' dar um passo a um novo sistema. Om

    fundamento no domtico' nem etnocentrico' nem historicista' defende a necessidade do

    sujeito intersubjetivo 2ue se constitui a trav"s da vontade de liberta,o das v!timas

    reunidas e oranizadas.

    + *undamento da (rodu-0o da vida

  • 8/17/2019 Apresentação Alejandro Rosillo Martinez

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    1utro tema central da < " a refle6o do sujeito vivo em cone6o com a satis*a-0o das

    necessidades (ara a vida. A satisfa,o dessas necessidades " alo radical. o marco

    material da (r'is li)ertadora6

    )r!tica ao dom!nio da com(etitividade e do mercado. As atividades devastadoras da vida so promovidas pelo mercado tanto 2uanto as

    atividades compat!veis. A tend*ncia do mercado " a morte tanto dos seres humanos

    como da natureza6

    $ o ozo de aluns direitos no fundamentais >e muitas vezes sup"rfluos por aluns

    poucos' e estes se constituem em uma causa real para 2ue a maioria se veja privada ou

    desprovida dos seus direitos humanos' da2ueles 2ue asseuram a vida e sua reprodu,o:(1s poucos (grupos humanos ou países) no poderiam desfrutar do 2ue consideram seus

    direitos se no fosse pela viola,o ou pela omiss0o desses mesmos direitos no resto

    da humanidade. 4 2uando se aceitar isso se compreender a obria,o dos poucos de

    ressarcir o mal feito aos muitos e a justi,a fundamental ao e6iir o 2ue realmente lhes "

    devido. Ho pode haver a morte de muitos para 2ue aluns poucos tenham mais vida

    n0o (ode haver a o(ress0o da maioria (ara %ue uma minoria !oze de li)erdade7

    %H passant pelas crises ambientais' de imira,o' de conviv*ncia' a decomposi,o

    social' a corrup,o.

     A pr6is da liberta,o tem como fundamento material e objetivo a satisfa,o das

    necessidades das v!timas' a transforma,o do sistema e a cria,o de uma nova

    institucionalidade deve ter como objeto possibilitar a vida e evitar a morte.

    %le adverte 2ue se ficarmos unicamente com o crit"rio da produ,o da vida como

    fundamento poder!amos cair na defesa de um individualismo justificador de um eo!smo.

    9ortanto " necessrio complementar esse fundamento com a alteridade e a pr6is da

    liberta,o.

    9ortanto' no basta a liberaliza,o para conseuir a liberdade' mas so necessrios

    diversos processos de liberta,o 2ue se constituam na nea,o superadora do mal

    estrutural.

    ;r*s pilares: alteridade' pr6is da liberta,o e a produ,o da vida.

  • 8/17/2019 Apresentação Alejandro Rosillo Martinez

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    %ncontramos tr*s facetas' na 2ual o instrumento jur!dico-pol!tico' 2ue so os direitos

    humanos' claramente faz parte' assumido de maneira cr!tica. %stas facetas so a

    liberta,o das necessidades bsicas' cuja satisfa,o " necessria para uma vida

    humana a liberta,o das ideoloias e das institui,Ees jur!dico-pol!ticas desumanizantes' ea liberta,o pessoal e coletiva de todo tipo de depend*ncia 2ue impede uma

    autodetermina,o plena.

    1u seja' en2uanto houver pobres' os direitos humanos devero ser reinventados'

    renovando-os na pr6is de liberta,o' para evitar 2ue sejam ideoloizados e utilizados

    como instrumentos de opresso.