apresentação 1 - introdução

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  • A U L A D E I N T R O D U O

    R E S P O N S A B I L I D A D E C I V I L

    M A R O D E 2 0 1 4

    S U B T U R M A S 2 E 6

    Faculdade de Direito Universidade de Lisboa

  • Pressupostos Uma perspectiva civil

    1. Introduo e breve perspectiva histrica 2. Pressupostos

    1. Facto 2. Ilicitude 3. Culpa 4. Dano 5. Nexo de Causalidade

  • 1. Introduo

    INTRODUO

  • 1. Introduo

    Funo: ordenao e distribuio de riscos e contingncias da vida em sociedade;

    Mtodo: imputao do dano a uma esfera jurdica

    distinta da do sujeito que o sofre primariamente; Tcnica jurdica: fonte de obrigaes (obrigao de

    indemnizar).

  • 1. Introduo

    Fontes das obrigaes Autonomia privada (negcios jurdicos unilaterais, contratos);

    Ressarcimento de danos; Restituio do enriquecimento injustificado;

    Outras fontes no baseadas em princpios gerais (ex. gesto de negcios, etc.).

  • 1. Introduo

    Existe relao especfica entre o lesado e o destinatrio da imputao?

    No: responsabilidade aquiliana

    Delitual Risco Sacrifcio

    Sim: responsabilidade obrigacional Delitual Risco Sacrifcio

  • 1. Introduo

    Responsabilidade delitual Quando tenha sido praticado um facto ilcito e culposo ou

    delito que ocasione um dano (artigos 483. a 498.);

    Responsabilidade pelo risco Quando tenha ocorrido um dano que o Direito determine seja

    suportado por uma pessoa diferente da que, inicialmente, o tenha sofrido (499. a 510.)

    Responsabilidade pelo sacrifcio Quando a lei permita que algum provoque danos mas, no

    obstante, os deva compensar (339./2/2. parte estado de necessidade; 1349./3 passagem forada)

  • 1. Introduo

    Onde que encontro esta matria no Cdigo?

    Artigos 483. a 510.: responsabilidade aquiliana;

    Artigos 562. a 572.: obrigao de indemnizar;

    Artigos 798. a 812.: falta de cumprimento e mora imputveis ao devedor.

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    BREVE PERSPECTIVA HISTRICA

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Estado primitivo: Vingana colectiva como o grande antecedente da

    responsabilidade

    Danos internos (dentro do mesmo cl) era compostos, soberanamente, pelo respectivo chefe;

    Danos externos (materiais ou pessoais) a membros de outro cl

    eram resolvidos pelas armas, originando um conflito armado entre o cl do ofendido e o cl do lesado.

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Linhas de evoluo:

    Num primeiro momento, a evoluo dita uma individualizao da responsabilidade: entrega noxal do agente, para evitar dano colectivo no cl de que membro; esta entrega noxal foi primeiramente da iniciativa do agente, mas posteriormente tornou-se um direito do cl do ofendido;

    Num segundo momento, a entrega noxal substituda por

    formas alternativas de composio pacfica: dinheiro, ofertas.

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Estado de responsabilidade penal: Lei das XII Tbuas: si membrum rup(s)it, ni cum eo pacit,

    talio est (VIII).

    Se algum quebrasse a outrem um membro e no chegasse a uma soluo de forma pacfica, aplicar-se-ia o talio.

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Estado de responsabilidade penal: Lei das XII Tbuas: si membrum rup(s)it, ni cum eo pacit,

    talio est (VIII).

    Moderao : medida e moderao, em lugar da retorso total;

    Composio alternativa em dinheiro

    Tipificao de delitos

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Civilizao da responsabilidade penal:

    Lex aquilia de damno (aprox. 290-285 A.C.)

    Se algum, com injria [injustia] matar um escravo ou animal domstico quadrpede, deve pagar, ao dono, o valor mximo que eles atingiram, esse ano, no mercado (I).

    Se algum, com, injria, provocar a um escravo, a uma escrava ou

    a um quadrpede alheios, outro dano que no o da morte, deve pagar, ao dono, o preo que a coisa em questo atingiria, nos trinta dias subsequentes (III).

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Civilizao da responsabilidade penal:

    Lex aquilia de damno (aprox. 290-285 A.C.)

    Moderao Composio civil do litgio Tipificao de delitos Afastamento da tcnica talenica

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Responsabilidade obrigacional

    Lei das XII Tbuas (III)

    A existncia da dvida e a condenao do devedor, no seu pagamento, eram judicialmente processadas. Seguiam-se trinta dias de benevolncia, durante os quais o devedor poderia encontrar forma de solver a dvida dies iusti.

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Responsabilidade obrigacional

    Lei das XII Tbuas (III)

    Expirado esse lapso, sem pagamento, ocorria a manus iniectio do devedor: este era capturado e levado a juzo; no havendo, ento, cumprimento, por ele ou por terceiro, podia o credor lev-lo, em crcere privado, para a casa deste, podendo at-lo com correntes ou grilhetas e devendo aliment-lo.

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Responsabilidade obrigacional

    Lei das XII Tbuas (III)

    O crcere privado mantinha-se, durante sessenta dias, sendo o devedor, nesse perodo e com grande publicidade, levado a trs feiras consecutivas, para que algum o resgatasse, pagando a dvida. Ainda durante esse perodo, o devedor poderia compor-se, com o credor, seja pagando, seja praticando o se nexum dare, entregando-se, para todos os efeitos, nas mos do credor.

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Responsabilidade obrigacional

    Lei das XII Tbuas (III)

    Esgotados os sessenta dias, sem qualquer soluo, o credor poderia fazer do devedor seu escravo, ou vend-o trans Tiberim (fora de Roma), ou ainda, mat-lo, partes secando (cortado s postas), sendo as partes proporcionais s dvidas, no caso de concurso de credores.

    [Menezes Cordeiro, Tratado de Direito Civil, II, Tomo III (2010),

    298]

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Evoluo na Tbua III?

    Condenao judicial no cumprimento Trinta dias para cumprimento voluntrio Captura e julgamento Crcere privado durante 60 dias Escravatura, venda ou morte

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Evoluo na Tbua III?

    Judicializao: fase judicial de declarao da dvida e condenao do devedor.

    Composio pacfica e garantias processuais: vrias alternativas para composio no violenta e garantias do devedor (nmero de feiras, etc.).

    Obrigao do credor alimentar o devedor, durante o crcere privado;

    Proporcionalidade no concurso de credores (origem do 604.?): partes secanto.

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Evoluo na Tbua III?

    Em 362 A.C. a lex poetelia papiria de nexis aboliu a escravatura e a morte do devedor, subsistindo apenas a venda;

    Mais tarde a prpria priso do devedor foi abolida, limitando-

    se os recursos do credor apreenso dos respectivos bens.

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Corpus iuris civilis Mantm a dicotomia responsabilidade aquiliana

    responsabilidade obrigacional; Desenvolve dogmtica dos pressupostos, em especial a culpa,

    com base numa ideia de culpa tica, de inspirao crist e de exigncias de um nvel moral de imputao; no entanto, mantm-se uma certa sobreposio conceptual entre culpa e ilicitude, que vai perdurar no jusnaturalismo e no jusracionalismo;

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Codificaes (Cdigo Napolenico; BGB) Sistematizao dos pressupostos Bifurcao continental:

    Sistema francs monista a imputao, a nvel jurdico, desenvolve-se com uma nica instncia de controlo, a faute (que inclui a culpa, a ilicitude e o nexo de causalidade);

    Sistema germnico dualista a imputao, a nvel jurdico,

    desenvolve-se em duas instncias de controlo, a ilicitude e a culpa.

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Sistema monista: falta de autonomia da ilicitude

    dispensa a indicao das regras violadas; Sistema dualista: sempre necessria uma

    abordagem analtica, com indicao expressa da norma violada.

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Monismo ou dualismo no Cdigo Civil de 1966? Artigo 483./1: Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar

    ilicitamente o direito de outrem ou qualquer disposio legal destinada a proteger interesses alheios fica obrigado a indemnizar o lesado pelos danos resultantes da violao.

    Artigo 798.: O devedor que falte culposamente ao cumprimento da obrigao torna-se responsvel pelo prejuzo que causa ao devedor.

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Monismo ou dualismo no Cdigo Civil de 1966?

    Aquiliana Obrigacional

    Facto humano Facto humano

    Ilicitude Dano

    Culpa Faute (I+C+NC)

    Dano

    Nexo de causalidade

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Diferenas entre responsabilidade aquiliana e obrigacional:

    Competncia supletiva:

    Tribunal do domiclio do ru (com excepes) artigo 71./1 CPC -, na responsabilidade obrigacional;

    Tribunal correspondente ao lugar onde o facto tiver ocorrido 71./2 CPC -, na responsabilidade aquiliana;

    DIP:

    Escolha das partes (Conveno de Roma I + 41./1 CCIV) Estado onde ocorreu a principal actividade causadora do prejuzo

    (Conveno de Roma II + 45./2 CCIV)

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Diferenas entre responsabilidade aquiliana e obrigacional:

    Prescrio:

    Prazo ordinrio de vinte anos 309. CCIV -, na responsabilidade obrigacional;

    Prazo de trs anos 498. -, na responsabilidade aquiliana;

    Pluralidade: Conjuno, a menos que a obrigao fosse solidria (513.) Solidariedade, na aquiliana (490. + 499.)

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Diferenas entre responsabilidade aquiliana e obrigacional:

    Indemnizao:

    Compreende todo o dano, na obrigacional; Na aquiliana, possibilidade de limitao havendo apenas

    negligncia (494.);

    Auxiliares: Responsabilidade plena na obrigacional (800.) Na aquiliana, apenas se sobre o comissrio tambm recair

    obrigao de indemnizar (500.)

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Linhas de evoluo histrica: Individualizao Tipificao Esforo dos juristas romanos no tratamento sistemtico dos

    pressupostos (ex. autonomizao da culpa, desenvolvimento de causas de excluso)

    Proporcionalidade Composio civil Expanso (ex. responsabilidade objectiva, ambiente, Estado)

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Importncia dos pressupostos da responsabilidade civil:

    Correcta prossecuo da funo primordial da responsabilidade civil: A responsabilidade aquiliana visa a preservao dos direitos

    subjectivos; A responsabilidade obrigacional visa assegurar e prolongar a funo

    do contrato.

    Evitar hipertrofia da responsabilidade civil (com prejuzos para o trfego jurdico, o investimento e a inovao e a auto-responsabilizao): uma responsabilizao mxima comprimiria a liberdade em termos inadmissveis.

  • 1.1. Breve perspectiva histrica

    Importncia dos pressupostos da responsabilidade civil:

    Permitir o controlo cientfico das decises, evitando as

    decises do corao;

    Viabilizar a adaptao do instituto s novas realidades scio-econmicas.

  • 1.1 Recapitulao

    PRESSUPOSTOS:

    Facto humano Ilicitude

    Culpa Dano

    Nexo de causalidade