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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO APRENDIZES ADULTOS, SUJEITOS MULTIREFERENCIAIS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE por RAQUEL RIZZO Monografia submetida à avaliação, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Informática na Educação Prof. a Dra. LIANE TAROUCO Orientadora Curitiba, maio de 2002

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO

APRENDIZES ADULTOS, SUJEITOS MULTIREFERENCIAIS NOSSERVIÇOS DE SAÚDE

por

RAQUEL RIZZO

Monografia submetida à avaliação,como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Informática na

Educação

Prof.a Dra. LIANE TAROUCOOrientadora

Curitiba, maio de 2002

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Sumário

Lista de Abreviaturas 03Resumo 04

1 Introdução 051.2 Dados sobre o Pólo Estadual de Capacitação e Educação Permanentede Pessoal de Saúde da Família 05

2- Ato Educativo: um encontro de Sujeitos 07

3- Andragogia: aprendizagem de adultos 09

4-Paulo Freire e a dinâmica da aprendizagem nos serviços 13

5- Maturana: aprender como um fenômeno biológico 15

6-Saúde como construção social 176.1 As Conferências Mundiais sobre promoção e educação em saúde 176.2 Aprendizagem de adultos e promoção da saúde 196.3 Cenários de aprendizagem no processo de educação permanente de profissionais de Saúde 206.4 Educação permanente de profissionais de saúde 21

7- Aplicação do modelo andragógico no processo de ensino-aprendizagemde adultos 227.1- Modelo andragógico na integração de ensino/trabalho 247.2-Aprendizes adultos e o uso da tecnologia 26

8- Metodologia da pesquisa 298.1- Questionário Teleconferência 298.2- Questionário Vídeos educativos em Saúde 308.3- Análise dos Resultados 31 8.3.1 Ferramenta: Teleconferência 31 8.3.2 Ferramenta: Vídeos Educativos em Saúde 32

09- Conclusão 34

Referências Bibliográficas 37

ANEXOSAnexo A - Questionário Teleconferência 40Anexo B - Tabulação de Dados - Questionário Teleconferência 44Anexo C - Questionário Uso de Vídeos Educativos em Saúde 48Anexo D - Tabulação de Dados - Questionário Vídeos 51

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LISTA DE ABREVIATURAS

ESF Equipe de Saúde da FamíliaESPP Escola de Saúde Pública do ParanáMS Ministério da SaúdePACS Programa de Agentes Comunitários de SaúdePSF Programa de Saúde da FamíliaSESA Secretaria Estadual de Saúde do ParanáSUS Sistema Único de Saúde

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Aprendizes Adultos, Sujeitos Multireferenciais nosServiços de Saúde

“Adulto: o ser histórico, que herdeiro de sua infância,saído da adolescência, a caminho da velhice, continuao processo de socialização do seu ser e da suapersonalidade.” Kohler

Resumo:Este estudo tem como objetivo compreender de que forma aprendizes adultos,

neste caso, trabalhadores dos serviços de saúde pública, utilizam seus sentidos,habilidades e capacidades para adquirir conhecimentos, ou seja, para desenvolver opoder de gerar impressões próprias, assimilar idéias, analisar, raciocinar, julgar, criar,arrostar , resolver problemas e, desta forma, modificar continuamente suas práticassociais. Esta análise parte do princípio que a relação andragógica se fundaessencialmente na relação humana, por isto a reflexão sobre educação deve passarprioritariamente pela qualidade das relações e dos vínculos que se estabelecem nocontexto de um processo de ensino-aprendizagem. Dentro desta discussão serádestacada a intersubjetividade - visto que implica as diferenças - como o princípio parao processo ensino-aprendizagem. Esta seria então uma relação de grande complexidade,que deve ser considerada em seus diversos aspectos, pois suas origens e seusdesdobramentos enraízam-se nas vivências e interesses - pessoais e coletivas - de cadaelemento envolvido na relação.

Considerando ser fundamental o papel da informação e da comunicação nageração de uma nova cultura da educação em saúde, a tecnologia será analisada comouma importante e atual ferramenta de comunicação e disseminação de informações.Será discutida a necessária humanização do uso da tecnologia, embasada no fato queestamos no início do paradigma de um mundo democraticamente interligado pelatecnologia comunicacional e longe de sabermos quais as reais e profundas implicaçõescognitivas desse fato.

Os espaços de convivência escolhidos como referência para este estudo, foramos Serviços de Saúde Pública e o Pólo de Capacitação e Educação Permanente dePessoal para Saúde da Família do Estado do Paraná. Com o objetivo de realizar umaaproximação com a realidade vivenciada nestes serviços, e desta forma colher dados deapoio a estas reflexões, será apresentado um estudo de caso sobre como os profissionaisque compõem as equipes de saúde do Paraná percebem e utilizam algumas dasferramentas de educação, comunicação e informação produzidas e utilizadas pela Escolade Saúde Pública do Paraná para orientar o trabalho das equipes de saúde.

Será também analisado o desenvolvimento dos conceitos de promoção eeducação em saúde no Brasil a partir de 1978, bem como a necessidade da reorientaçãodos serviços de saúde dentro uma postura abrangente que respeite as peculiaridadesculturais e promova mudanças na educação e no ensino dos profissionais da área dasaúde, para que a pessoa seja vista e assistida na integralidade de seu ser.

Palavras Chaves: Andragogia, Ensino/Serviço, Educação e Promoção de Saúde,Subjetividade, Tecnologias da Informação e Comunicação.

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1-IntroduçãoA aprendizagem acontece nas relações sociais, interpessoais e coletivas que

podem se desenvolver presencialmente ou à distância. Este não é um fenômenointrinsecamente psicológico e individual. É algo que acontece fundamentalmente emmeio à interação coletiva, na convivência social, nas relações interpessoais. Não apenasindivíduos aprendem, mas grupos, coletividades, organizações, sociedades tambémaprendem. A dimensão psicológica e individual da aprendizagem é uma dentre asmuitas dimensões de um fenômeno complexo, que não se reduz a uma destas dimensõesapenas.

A educação ocorre nos mais diversos espaços e situações sociais, representandoum processo permanente de aprendizagem. Este processo deve ser dinâmico paraavançar em terrenos coletivos e privilegiar atividades significativas para os aprendizes,garantindo períodos de estudo, de crítica, de criação e de reflexão. Deve atuar como umespaço de educação continuada, no qual se possa aprofundar o conhecimento sobre osaprendizes, os motivos que os levam a aprender e o que constitui conhecimento paraalém destes espaços de aprendizagem; estabelecendo sempre uma inter-relação entreestes conhecimentos. Para alcançar um local de destaque, os espaços de aprendizagemde adultos devem ser espaços onde as questões significativas da comunidade envolvidapossam ser problematizadas, na expectativa de se buscar a emancipação dos sujeitosnela atuantes. O conhecimento só se torna um instrumento para melhoria da qualidadeda vida, se subsidiar as ações dos sujeitos, permitindo-lhes refletir sobre as informaçõese construir novos conceitos. Um processo de ensino-aprendizagem que contemple aexpectativa da sociedade atual aponta para um educador que seja articulador, quepromova a interação do aprendiz com o mundo em seu entorno, que o estimule nautilização de ferramentas que concorram para a sua formação integral. Assim,compreender a extensão, a complexidade e a especificidade dos processos educativosdesencadeados em um espaço de convivência, requer enxergá-lo como um espaçopúblico de cultura viva.

1.2- Dados sobre o Pólo Estadual de Capacitação e Educação Permanentede Pessoal para Saúde da Família.

A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná assumiu em conjunto com oMinistério da Saúde (MS), o desafio de colocar em seu plano de ações e metasprioritárias as estratégias de Saúde da Família (PSF) e Agentes Comunitários de Saúde(PACS) como caminhos possíveis no processo da reorganização da atenção básica emsaúde, seguindo os princípios e diretrizes operacionais destas propostas, que preconizama viabilização de mudanças na forma de pensar e fazer saúde no Brasil.

No Paraná, o Pólo Estadual de Capacitação e Educação Permanente de Pessoalpara Saúde da Família foi criado em 1977, sendo representado pelas seguintesinstituições: Universidade estadual de Londrina, Universidade Estadual de Maringá,Universidade Estadual de Ponta Grossa, Universidade do Oeste do Paraná, UniversidadeFederal do Paraná, além das Secretarias Municipais de Londrina e Curitiba.

A coordenação do Pólo é de responsabilidade da Escola de Saúde Pública(ESPP), unidade da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA), sendo que o

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planejamento e desenvolvimentos das ações ocorrem em conjunto com as instituiçõesparceiras, de forma descentralizada nas regiões do estado, constituindo uma rede dePólos Regionais. Conceitua-se o Pólo como sendo a articulação entre as instituiçõesvoltadas para a formação, capacitação e educação permanente de recursos humanosreferentes à estratégia da Saúde da Família (PSF). A referida articulação se dá entre asinstituições de ensino superior e as secretarias de saúde estadual e municipais. Trata-se,portanto, de uma rede de instituições comprometidas com a integração ensino/serviço evoltada para o desenvolvimento da Estratégia de Saúde da Família no âmbito doSistema Único de Saúde (SUS).

O conjunto de atividades a serem desenvolvidas por um Pólo compreende, acurto e médio prazo, a oferta de cursos de atualização para profissionais de saúde queintegram uma Equipe de Saúde da Família (ESF), bem como seu contínuomonitoramento. Compreende também a implantação de programas de educaçãopermanente destinados a esses profissionais, utilizando cursos curtos presenciais,educação à distância, processo auto-instrucional, atividades de interconsultas aespecialistas, e outros, além da implantação de cursos de especialização ou formas depós-graduação voltada para a estratégia de saúde da família. A longo prazo, competeaos Pólos o desenvolvimento de iniciativas destinadas a introduzir inovaçõescurriculares nos cursos de graduação, com vistas à formação de profissionais voltados ànova estratégia independente da área ou especialidade a ser seguida.

Atualmente o Pólo de Capacitação e Educação Permanente de Pessoal paraSaúde da Família do Paraná é responsável por 1190 Equipes de Saúde da Famíliadistribuídas em 357 municípios do estado ( Dados: Sesa - abril/2002)

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2- Ato Educativo: um encontro de Sujeitos

João batista Martins afirma: “Do ponto de vista antropo-sociológico, podemosdizer que o desenvolvimento social, tecnológico e industrial que vivemos tem como umdesdobramento a complexificação de nossa sociedade, o que significa não concebermais a sociedade como um dado que consegue submeter todos os atores sociais às suasdeterminações, que funciona sem malogros, e, simplesmente se inscreve nacontinuidade” [MAR 01].

Isto nos leva ao questionamento da função dos meios educacionais comotransmissores de um discurso com o poder de se transformar na marca – identidade – denossa sociedade, cuja principal característica é a heterogeneidade cultural. Tal estadonos leva a refletir sobre a complexidade de nossa vida social, caldo de uma pluralidadede tradições cujas bases podem ser ocupacionais, étnicas, religiosas, etc. Por um ladotemos as práticas – individuais e coletivas – vividas pelos indivíduos pertencentes àsociedade, os “múltiplos” que a habitam. Estes múltiplos atuam buscando assegurarseus interesses, necessidades e desejos e seguem seus valores, suas possibilidades, suascrenças e as relações estabelecidas nesta sociedade. De outro lado temos a interferênciadas instituições – nas quais se incluem os meios educacionais e as ferramentastecnológicas - que buscam regular esta sociedade, gerando tanto pressões e dominaçõescomo alternativas as práticas estabelecidas.

“Toda a sociedade é plural e, daí, estar,constantemente, em vias de se fazer e de se definir”.

Balandier, 1976, p.302.

Ainda segundo João Batistas Martins: “Conceber a sociedade enquantopluralidade, significa concebê-la enquanto complexidade, marcada pordescontinuidades, o que pressupõe, do ponto de vista fenomenológico, a construção deuma identidade plural – na medida que os indivíduos estão sujeitos a uma variedade desituações”.

Dentro desta concepção a melhor definição para o ato educativo é: um encontrode sujeitos! Educar não é ensinar, é humanizar. É trabalhar com a possibilidade de quetodo o ser humano tem a possibilidade de “ser”, e de ser “livre”, sujeito de suas escolhase dono de sua maior conquista: a liberdade! O ser se torna humano na interação, naconvivência com outros seres humanos. Esta interação não se dá somente através dopensamento e da razão, mas sim através de todos os sentidos, de todo o corpo. Aointeragir o ser humano utiliza sua cultura, que é a grande matriz formadora dahumanidade, porta de entrada para a humanização. O ser humano tem necessidade desentir-se único, de ter seu estilo pessoal, sua marca, sua assinatura. Ele desenvolve estesentimento de ser único e de possuir um destino próprio e singular dentro de sua cultura.

Se o adulto é um ser singular, o espaço da singularidade é a dimensão dasubjetividade. Pois acontece que a intersubjetividade, ou seja, o inter-relacionamentoentre sujeitos singulares está presente o tempo inteiro, com ou sem consciência. Mesmosem o consentimento interno as práticas se realizam e a aprendizagem é ato contínuo.

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Para se formar, a identidade emprega um processo de reflexão e observaçãosimultâneas. O sujeito compara o juízo que faz de si mesmo com aquilo que ele percebeser a maneira com os outros o julgam e com a tipologia que é significativa para ele.Segundo Erikson este é um processo em sua maior parte inconsciente [ERI 76]. Atravésde sua percepção e de sua lógica o adulto vai aprendendo, sempre de uma forma querepresente sua realidade, sua forma de vida, sua condição material. Como poderíamos,por exemplo, explicar o aparelho circulatório humano, nosso sistema de veias e artériasa um sujeito aprendiz indígena? Uma boa metáfora seria os rios que vão e vem,alimentando suas margens e afluentes em movimentos constantes. Isto teria amplosignificado para uma pessoa que nasceu e viveu ao lado de matas e de rios observando oseu fluxo e importância, mas certamente significaria muito pouco para uma pessoanascida em uma cidade grande, recheada de asfalto e concreto. Para esta a metáfora dalarga avenida que direciona o fluxo dos carros e das pequenas vias teria maissignificado.

Os acontecimentos da vida de uma pessoa, desde a primeira infância, produzemsobre ela uma imagem de si mesma e de sua sociedade. Esta imagem se constrói a partirdas relações que ela estabelece com os outros - pais, irmãos, amigos, inimigos. A partirdestas relações, a sua identidade vai se estruturando e se reestruturando no decorrer desua vida, impulsionada pelo seu desenvolvimento biológico e pelas relações sociais quesão estabelecidas.

O adulto tem a necessidade de sentir que seu modo individual de dominar umaexperiência é uma variante bem sucedida de uma identidade grupal, estando de acordocom o que se espera dele e com o que ele espera de seu grupo. Quando ele percebe quesua capacidade está aquém disto, ele busca de alguma forma preencher esta lacuna,busca “apreender” algo que lhe proporcione um sentimento vitalizador de sua realidade,de suas habilidades, ampliando suas áreas de conhecimento.

A subjetividade contemporânea tem um caráter plural, multicentrado,heterogêneo. Um indivíduo já é um “coletivo” de componentes heterogêneos. Um fatosubjetivo remete a territórios pessoais - o corpo, o ego - mas ao mesmo tempo aterritórios coletivos – a família, o grupo, a etnia. E a isto se acrescentam todos osprocessos de subjetivação que se encarnam na fala, na escrita, na informática, nastecnologias.

Cada indivíduo representa uma visão particular do mundo, que, mesmo quandoela é adotada por um grande número de indivíduos, guarda sempre em seu coração umnódulo de incerteza. É de fato, seu capital precioso. É a partir dele que pode seconstituir uma autêntica escuta do outro. A escuta da disparidade, da singularidade, damarginalidade, mesmo da loucura que não provém somente da tolerância e dafraternidade. A adversidade não deve somente ser aceita, mas sim apreciada por elaprópria. Devemos buscá-la, dialogar com ela, aprofunda-la. Ela nos faz sair donarcisismo, da cegueira burocrática.

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3- Andragogia: aprendizagem de adultos

Somente no primeiro quarto do século XX é que a educação dos adultos começaa se organizar de forma sistemática. Nesta época a pedagogia era o único modelo que osprofessores de adultos tinham para se orientar. Desta forma, ensinavam os adultos comose fossem crianças.

O modelo pedagógico é derivado da palavra grega paidogogia. Paidós significacriança e Agogus , ação de conduzir, guia. Então pedagogia pode ser traduzida como aciência de educar as crianças. As instituições educativas na sociedade moderna foramestabelecidas dentro dos princípios da educação para crianças e jovens. No início, omodelo pedagógico adotado entregava a responsabilidade total das decisões do que sedeve aprender, como e quando se deve aprender, além da avaliação se e o que os alunosaprenderam, ao professor. O aluno era considerado como um receptor passivo edependente do conhecimento transmitido pelo professor. Para ser aprovado, deveriaprocessar este conhecimento da forma preestabelecida. Este modelo supunha que osalunos contavam com pouca experiência anterior, e que estavam dispostos a aprender oque lhes fosse transmitido, ou melhor, o que fosse necessário para “passar de ano”.

Esta metodologia fez muito sucesso no século passado. Ao observar osfenômenos educativos, os psicólogos da educação não estavam investigando aaprendizagem, mas sim investigavam as reações ao ensino. Quanto mais conclusõestiravam sobre como os professores podiam controlar as reações dos alunos, maiscontrolador ficava o ensino.

No entanto, a partir das investigações científicas de Jean Piaget (1896-1980)acerca de como o conhecimento humano é construído a partir do nascimento, apedagogia tem buscado alcançar uma aprendizagem significativa para crianças, e muitosprofessores procuram orientar suas ações pedagógicas baseadas no construtivismo. Oaluno,seja adulto, adolescente ou criança, é considerado o sujeito da aprendizagem, ouseja, aquele que constrói seu próprio conhecimento, de acordo com os esquemas deassimilação que dispõe. A aprendizagem baseada em problemas e a organizaçãomultidisciplinar através de projetos são práticas docentes usadas em muitas escolas doensino fundamental. Hoje em dia o termo pedagogia, em sentido lato, tem sido usadopara métodos educacionais diversos com muito sucesso.

Mas muitas escolas enfrentaram e ainda enfrentam dificuldades ao tratar adultoscomo crianças, entre elas uma grande taxa de evasão escolar. Isto porque os adultos têmesquemas de assimilação diferentes, experiências de vida mais complexas, objetivosdiversos, além de motivações internas mais elaboradas do que as crianças. Os estudosem torno destas diferenças acirraram os debates em torno da necessidade dodesenvolvimento de metodologias e percepções específicas para as diferentes faixasetárias e suas maturações correspondentes.

A partir destes debates, a Organização das Nações Unidas para a Educação, aCiência e a Cultura - Unesco - propõe em 1970 o termo “andragogia” definido como “aformação ou educação permanente de adultos” [LEO 77]. É importante afirmar que aandragogia não substitui a pedagogia, ambas metodologias devem coexistir em suasdiferentes aplicações.

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Em 1973, Malcom Knowles publicou o livro "The Adult Learner-A NeglectedSpecies" (1973), introduzindo e definindo o termo Andragogia como: A Arte e Ciênciade Orientar Adultos a Aprender.

O modelo andragógico é derivado das palavras gregas: Anner, Andrós: homeme Agogus, agogè: ação de conduzir. Interessante observar que a palavra andragogiaainda não está inserida nos dicionários mais utilizados da língua portuguesa, como porexemplo, o Aurélio, o Michaelis ou o Housaiss.

Em 1982, Vilas Boas definiu “andragogia” como “A arte e a ciência de conduzirpermanentemente o adulto em função de sua vida social, ergológica e cultural, cujoprocesso de enculturação inclui desde os meios mais elementares da escrita, da leituraaté a aquisição dos mais altos conteúdos filosóficos, científicos e tecnológicos” [VIL82]. Quando falamos de enculturação é importante considerarmos que o ser humanonasce em uma sociedade, mas não nasce “social”. Essa situação – ser social – vai sendopouco a pouco construída e assumida por ele através da educação, num processocontínuo e mutante, fundado nas relações humanas. Poderíamos então dizer que quantomais fortes e múltiplos forem os vínculos estabelecidos, melhor se desenvolverão asações formativas na vida de uma pessoa. O que se pode observar é que tais relações têmcomo maior característica à complexidade dos processos enraizadas nas vivênciasindividuais e coletivas, sempre multireferenciais. Isto significa considerar que váriasabordagens da realidade são possíveis e verdadeiras, e que o senso comum é umconhecimento tão válido como o científico. Significa também considerar que os“conteúdos” a serem aprendidos pelos seres humanos é tão importante quanto à“relação” que se estabelece neste processo de ensino-aprendizagem, nesta troca desaberes.

Quando se fala de educação de adultos é preciso observar o tipo de sociedade naqual se desenvolve esta educação, em qual cenário ela está inserida, quem são os atoresenvolvidos. Também é importante identificar quais são os objetivos, os desejos e asmúltiplas possibilidades destes atores. Outro fator importante a observar, é qual seria amelhor estratégia a ser utilizada com adultos, pessoas que, em muitos casos, jásuperaram a modalidade de inteligência flexível e convivem com uma inteligênciacristalizada. Isto sem nos esquecermos que o ensino não deve ignorar uma das maissignificativas vantagens dos seres humanos: a de se terem tornado capazes de ir maisalém de seus condicionantes.

Dentro deste quadro se observa que o adulto aprende se "re - descobrindo". Aolongo da vida ele vai adquirindo e consolidando conceitos, crenças, significados, sendocapaz de continuamente reformular estes conceitos, adquirir novos conhecimentos quese contraponham aos anteriores, novas atitudes, novas aptidões.

Falar de aprendizagem é falar da construção de significados. Por isto o serhumano deve sempre ter garantido seu espaço de criatividade. O produto percebidodeve ser “seu”, isto é, ser reconhecido como fruto de sua criação. Quando uma pessoa écapaz de imprimir um significado a um conteúdo podemos dizer que houveaprendizagem. Quando ela consegue identificar como “seu” este objeto apreendido,podemos dizer que houve criação.

O adulto aprende aquilo que faz. A experiência é o livro-texto vivo do adultoaprendiz. Esta concepção de aprendizagem baseia-se principalmente no fato que o alunoé o sujeito de sua aprendizagem e constrói seu próprio conhecimento. Ele aprende afazer fazendo, utilizando dinamicamente a ação-reflexão-ação, dando significado ebuscando a resolução de problemas encontrados em sua realidade concreta. Kelvin

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Miller [ apud CAV 99] afirma que estudantes adultos retêm apenas 10% do que ouvem,após 72 horas. Entretanto serão capazes de lembrar de 85% do que ouvem, vêm efazem, após o mesmo prazo.

Segundo Knowles, à medida que as pessoas amadurecem, sofrem transformações[KNO 73]:

• Passam de pessoas dependentes para indivíduos independentes,autodirecionados.

• Acumulam experiências de vida que vão ser fundamento e substrato de seuaprendizado futuro.

• Seus interesses pelo aprendizado se direcionam para o desenvolvimento dashabilidades que utiliza no seu papel social, na sua profissão.

• Preferem aprender para resolver problemas e desafios, mais que aprendersimplesmente um assunto.

• Passam a apresentar motivações internas (como desejar uma promoção, sentir-serealizado por ser capaz de uma ação recém aprendida, etc), mais intensas quemotivações externas como notas em provas, por exemplo.

Partindo destes princípios assumidos por Knowles, inúmeras pesquisas foramrealizadas sobre o assunto. Em 1980, Brundage e MacKeracher estudaramexaustivamente a aprendizagem em adultos e identificaram trinta e seis princípios deaprendizagem, bem como as estratégias para planejar e facilitar o ensino. Wilson eBurket (1989) revisaram vários trabalhos sobre teorias de ensino e identificaraminúmeros conceitos que dão suporte aos princípios da Andragogia. Também Robinson(1992), em pesquisa realizada por ele entre estudantes secundários, comprovou váriosdos princípios da Andragogia, principalmente o uso de experiências de vida e amotivação intrínseca em muitos estudantes.

Em seu artigo: Andragogia: A Aprendizagem nos Adultos , Roberto deAlbuquerque Cavalcanti destaca algumas características importantes da andragogia:

-A aprendizagem adquire uma característica mais centrada no aluno, naindependência e na autogestão da aprendizagem.

- Pessoas aprendem o que realmente precisam saber (aprendizagem para aaplicação prática na vida diária).

-A experiência é rica fonte de aprendizagem, através da discussão e da soluçãode problemas em grupo.

-A aprendizagem é baseada em problemas, exigindo ampla gama deconhecimentos para se chegar à solução .

Procurar os meios que favoreçam um aprendizado significativo de adultos é umatarefa bastante complexa. Muitas variáveis irão influenciar de forma decisiva noprocesso de aprendizagem: desejos do sujeito, bagagem cultural, a experiência anteriorcom o conteúdo e com o seu próprio processo de aprendizagem, o relacionamento comos professores, com os colegas de trabalho e estudo, além dos elementos que servirãode sustento ao processo de aprendizagem, isto é, a tecnologia de informação e decomunicação utilizada. A interelação entre essas variáveis é muito importante. Para oser vivo, nesse caso o aluno adulto, todas as suas interações são fundamentais porque na

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sua seqüência aparece selecionado o curso da suas estruturas num processo que, por seracumulativo, tem um caráter histórico e irreversível. Nenhum ser vivo se encontra ondese encontra por acaso, ele está onde está como resultado de uma história de interações.[MAT 83].

Considera-se que a aprendizagem de adultos é mais produtiva quando osparticipantes estão prontos para aprender. Mas, ainda que a motivação seja interna, éresponsabilidade do capacitador criar um ambiente que estimule a motivação nosparticipantes. Ela é mais eficaz quando é baseada no que o participante já conhece ou jáexperimentou e quando os participantes estão conscientes do que necessitam aprender.

A aprendizagem de adultos pode ser facilitada com a utilização de toda umavariedade de métodos e técnicas de capacitação. As oportunidades de praticarinicialmente as habilidades sob situações controladas ou simuladas – por exemplo, pormeio do uso de modelos anatômicos, no caso de ensino em saúde - são essenciais para aaquisição das habilidades e para o desenvolvimento da competência na habilidade. Arepetição é necessária para que os participantes alcancem a competência ou perícia emuma habilidade determinada. Quanto mais realista seja a situação de aprendizagem,mais eficaz será a mesma. Para que resulte eficaz, a retroalimentação deve ser imediata,positiva e não deve emitir juízo algum.

Em seu artigo “A educação de adultos no terceiro milênio”, Lair Margarida daRosa cita Felix Adan que afirma que a andragogia busca [ROS 99]:

-Manter, consolidar e enriquecer os interesses do adulto para abrir-lhe novasperspectivas de vida profissional, cultural, social, política, familiar.

-Orientar o adulto na busca de novos rumos de caráter prospectivo, que levem aidéia de aperfeiçoar e progredir.

-Atualizar o adulto, renovar seus conhecimentos para que siga aprendendo,investigando, reformulando conceitos e enriquecendo sua vida cultural, científica,tecnológica.

-Projetar o conhecimento para a dimensão humana para que chegue a interpretar-se em sua essência e reconhecer seu papel de participante responsável pela vida noplaneta.

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4-Paulo Freire e a dinâmica da aprendizagem nosserviços.

“Uma das virtudes do educador de adultos é acoerência entre o discurso e a sua prática”

Paulo Freire

Em sua “Quarta Carta”, Paulo Freire reflete sobre questões importantes [FRE87]:

-Quais são as diferentes formas de conhecer do pessoal dos serviços ( esquemasde assimilação predominantes e padrões culturais de percepção da realidade)?

-Qual é a estrutura do conhecimento a ser assimilado para seu desempenhotécnico?

-Como se aprende, ou seja, como se traduz esta relação dinâmica entre estesujeito concreto e este objeto a ser assimilado?

Neste estudo, Paulo Freire* afirma que o sujeito aprende a partir de sucessivasaproximações à estrutura do objeto e que estas aproximações são alcançadas pelaaplicação ativa dos esquemas de assimilação de que dispõe e a partir de sua percepçãosocial inicial. A aprendizagem não se processa em um determinado momento, como umabrir e fechar de olhos. Pelo contrário, requer um tempo no qual o sujeito “investigueativamente”, aplicando suas formas de conhecer e aproximando-se cada vez mais damatriz interna do assunto, em um processo de idas e vindas, de reflexão e ação. Sãotateios sistemáticos, guiados pela ação inteligente, seja esta prática ou abstrata. Esteprocesso, de ação assimiladora e aproximação sucessiva, sempre se inicia a partir daprimeira visão que o sujeito tem do assunto, visão altamente carregada de costumes etradições. Muitos destes costumes e tradições se transformarão no decorrer do processo,enriquecidos pelo novo conteúdo a ser assimilado; outros permanecerão, na medida emque não entrem em contradição com o que foi aprendido. A visão baseada em costumese tradições se transformará na medida em que o educando sinta necessidade, a partir desua própria reflexão e busca ativa durante o processo. E, é assim que, a cada momentode aproximação ao fundamental do assunto, o sujeito construirá ativamente novasregulações, melhor dizendo, novos comportamentos cada vez mais ajustados ao objetoem questão. Construindo gradualmente sua própria síntese, modificará sua própria açãoprática, abandonando os comportamentos anteriores. Assim, não avançara isoladamenteno conhecimento, mas terá tido a oportunidade de avançar em sus próprio esquemas deassimilação pelo exercício de ação intelectual.

Em seu texto “Pedagogia da Autonomia”, Paulo Freire afirma que “a reflexãocrítica sobre a prática se torna uma exigência da relação teoria/prática sem a qual ateoria pode ir virando blábláblá e a prática, ativismo” [FRE 00]. "Ensinar não étransferir conhecimento", mas criar as possibilidades para a sua produção ou suaconstrução. O sujeito aprendiz é um ser crítico e inquiridor, inquieto em face denecessidade de aprender. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina aoaprender. Quem ensina, ensina alguma coisa a alguém. Por isso é que, do ponto de vistagramatical, o verbo ensinar é um verbo transitivo-relativo. Verbo que pede um objetodireto - alguma coisa – e um objeto indireto – a alguém. Mas, ainda segundo Paulo

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Freire, ensinar é algo mais que um verbo transitivo-relativo. Ensinar inexiste semaprender e vice-versa e foi aprendendo socialmente, que, historicamente, mulheres ehomens descobriram que era possível ensinar. Não existe validade no ensino de que nãoresulta um aprendizado em que o aprendiz não se tornou capaz de recriar ou de refazer oensinado.

Em seu livro “Pedagogia do Oprimido” Paulo Freire fala da necessidade de seposicionar a educação como instrumento de conscientização, libertação etransformação. “Ninguém educa ninguém, nem ninguém educa a si mesmo: os homensse educam entre si, mediatizados pelo mundo” [FRE 68]. É a idéia do respeito ao saberdo outro, de uma construção conjunta do conhecimento, a partir – e sobretudo - darealidade do sujeito.

“A leitura de mundo precede a leitura da palavra”. (Paulo Freire)

“... o conhecimento não procede, em suas origens, nem de um sujeito conscientede si mesmo nem de objetos já constituídos (do ponto de vista do sujeito) que a ele seimporiam. O conhecimento resultaria de interações que se produzem a meio caminhoentre os dois, dependendo, portanto, dos dois ao mesmo tempo, mas em decorrência deuma indiferenciação completa e não de intercâmbio entre formas distintas" (Piaget,1972, p 14).

_______________________________

* Os estudos de Paulo Freire tiveram influência de Jean Piaget (1896-1980), que foi um dosprimeiros estudiosos a pesquisar cientificamente como o conhecimento é formado na mente de umsujeito. Observou, por exemplo, como um recém-nascido passava do estado de não reconhecimento desua individualidade frente o mundo que o cerca indo até a idade de adolescente, quando já temos o iníciode operações de raciocínio mais complexas e chegando a idade adulta, quando estas operações complexasdevem se firmar. Do fruto de suas observações, posteriormente sistematizadas com uma metodologia deanálise, denominada o Método Clínico, Piaget estabeleceu as bases de sua teoria, a qual chamou deEpistemologia Genética. É importante salientar o fato de que, apesar de a Epistemologia Genética ser umateoria que analisa o comportamento psicológico humano, área da Psicologia, e analisa estes aspectosrelacionados ao aprendizado, área da Pedagogia, Piaget não era psicólogo, nem tampouco pedagogo,porém biólogo. Seu interesse, ao desenvolver sua teoria, era dar uma fundamentação teórica, baseada emuma investigação científica, à forma de como se "constrói" o conhecimento no ser humano. Aí que resideo grande mérito de seus trabalhos, apresentar a primeira explicação científica para a maneira como ohomem passa de um ser que não consegue distinguir-se cognitivamente do mundo que o cerca até umoutro ser que consegue realizar equações complexas que o possibilitam, por exemplo, viajar para outrosplanetas.

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5- Maturana: aprender como um fenômenobiológico

Na concepção do autor Humberto Maturana, a aprendizagem é vista como umfenômeno biológico, onde as interações recorrentes permitem que o sujeito conserve asua organização de ser vivo e sua congruência com a circunstância, sendo que osencontros e as interações são os que desencadeiam mudanças na estrutura. "Aaprendizagem é um processo de aquisição, um processo de adaptação, de acomodação auma circunstância diferente daquela em que o organismo – a pessoa - se encontravaoriginalmente” [MAT 90].

Visto a importância que têm os encontros e as interações no processo deaprendizagem, o sujeito deve sempre sem considerado em suas escolhas, analisado deacordo com o que quer aprender, o porquê desses interesses, e como eles se relacionamcom o meio social e ambiental onde estão inseridos.

A necessidade de sobrevivência e de congruência do sujeito com o meio faz comque ele continuamente incorpore novos valores ao seu processo de vida e trabalho.Desta forma ele passa do passa do conhecimento empírico para o conhecimentoconceitual.

Nesta visão de Maturana, o centro da dinâmica constitutiva dos seres vivos,sistemas que produzem continuamente a si mesmos, é a autopoiese ou autoprodução. Oser humano está sempre em busca de “acaba-ser”, de preencher as lacunas que as novasvivências vão abrindo a cada dia. Desta forma ele chega à idade adulta com uma grandebagagem de conhecimentos, fruto desta conquista progressiva de sua liberdade, suasingularidade, seu trânsito pela vida. E tudo isto vai acontecendo independente da açãoda “escola”, vai acontecendo nos extramuros da vida, e a escola tem grande dificuldadeem compreender, em contribuir com os “múltiplos” presentes em suas salas de aula. “Oconhecimento é compreendido como um processo de auto-organização do indivíduo,isto é, ele se realiza pela e nas relações que o indivíduo constrói com o seu entorno”.

Sobre o papel do educador, nesse contexto, Maturana tem a seguinte opinião: "...a tarefa do professor é dupla. Por uma parte deve ajudar a que o aluno adquirahabilidade operacional no tema que ensina e por outra, deve guiar o emocional do alunoem direção a uma liberdade reflexiva total, tanto no tema como fora dele. O ensino éuma tarefa de conspiração entre o professor ou professora e o aluno, que o professordeve guiar ao mover-se desde a aceitação do aluno na sua dignidade individual”. Dessaforma, deve-se tentar fazer com que esses espaços coletivos de aprendizagem permitamfazer a entrega a cada cidadão, dos elementos para que este seja autônomo, social eecologicamente responsável, com a finalidade de trabalhar de maneira democrática[MAT 83].

Maturana afirma também que "este fenômeno de existir em interaçõesrecorrentes com uma circunstância nas quais se conservam a organização e acongruência com a circunstância, é o que se chama de deriva". Quer dizer, para “nãoafundar” nessa deriva é necessário que o “viajante” conserve sua relação de flutuar, deperceber as diferenças e dificuldades do caminho e agir para que a congruência não seperca. Então, para que ele exerça com continuidade e sem esforço seu papel deflutuador, é fundamental uma mudança estrutural contingente à seqüência de interações,sem esquecer que o organismo e a circunstância mudam juntos. Nesta linha de

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pensamento observamos o quão fundamental é o pensamento criativo na resultanteaprendizagem e consequentemente na vida do ser humano! O ser humano e acriatividade nasceram juntos. Se viver é manter a congruência, então ser criativo éfundamental para não morrer.

Humberto Maturana define a criatividade como um presente da sociedade. Poiscada vez que essa mesma sociedade pensa que o ser humano fez alguma coisa nova evaliosa, que surge da espontaneidade do viver, ela o define como um agente criativo.“Conhecer é ter uma conduta efetiva no âmbito específico de uma pergunta” [MAT 83].Essa conduta efetiva tem que estar de acordo com a pergunta feita, mas na maioria dasvezes, na escola quem faz a pergunta fecha de mais as possibilidades de resposta,segundo seu critério pessoal, e não permite ao sujeito usar a sua criatividade para pensarnoutras respostas possíveis, afetando assim o processo criativo. Ao criar uma resposta egerar uma conduta o ser humano utiliza seu poder de interagir e modificar-se, ao mesmotempo em que modifica o ambiente em que vive.

"Educar é criar, realizar e validar a convivência,uma maneira particular de conviver”.

Humberto Maturana

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6-Saúde como construção social

6.1- As Conferências Mundiais sobre promoção e educação em saúde

Promoção em saúde é o processo de capacitação da comunidade para atuar namelhoria da sua qualidade de vida e saúde Para isto, os indivíduos e grupos devem saberidentificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meioambiente, incluindo uma maior participação no controle deste processo. Este é o campode prática e conhecimento que se ocupa com a ligação entre as ações de saúde e opensar e fazer do dia-a-dia da população.

Os desafios crescentes, as crises e os movimentos populares há muito apontampara a necessidade de transformações nos serviços de saúde brasileiros e na educação,formação e capacitação de seus recursos humanos. Em 1978, aconteceu em Alma Atauma Conferência de Atenção Básica a Saúde que lançou um pacto de estabelecer “saúdepara todos no ano 2000”. Agora, em 2002, este objetivo ainda está longe de seralcançado, mas sem dúvida as bases lançadas em Alma Ata foram o ponto de partidapara uma séries de avanços que vem acontecendo no setor saúde. Ainda buscamos umnovo paradigma para a saúde que supere a visão clínico-assistencial para a questão doprocesso saúde-doença na sociedade, entendendo-o como resultante de um conjunto defatores sociais, econômicos, políticos, culturais, ambientais, comportamentais ebiológicos. Buscamos ainda uma nova política de saúde global que garanta saúde paratodos no século XXI.

Depois de Alma Ata, outras quatro Conferências Mundiais sobre promoção dasaúde aconteceram e emanaram quatro importantes documentos com compromissos aserem assumidos por todos os países. Estes documentos são conhecidos como: 1) Cartade Ottawa (Canadá -1986); 2) A Declaração de Adelaide (Austrália -1988); 3) ADeclaração de Sundsvall (Suécia - 1991) e por fim a Declaração de Bogotá (Colômbia -1992).

A Carta de Ottawa define a promoção da saúde "como o processo de capacitaçãoda comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo umamaior participação no controle deste processo". E enfatiza que "para atingir um estadode completo bem estar físico, mental e social, os indivíduos e grupos devem saberidentificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meioambiente". Este documento lista condições e recursos fundamentais para a saúde, entreos quais a eqüidade. São identificados cinco campos de ação na promoção da saúde:elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis; criação de ambientesfavoráveis à saúde; reforço da ação comunitária; desenvolvimento de habilidadespessoais; e reorientação dos sistemas e serviços de saúde.

A Conferência da Austrália (1988) prioriza as "políticas públicas saudáveis" quese caracterizam pelo interesse e preocupação explícitos de todas as áreas das políticaspúblicas em relação à Saúde e à eqüidade, e pelos compromissos com o impacto de taispolíticas sobre a saúde da população. Enfatiza a política pública por um meio ambientesaudável como pressuposto para vidas saudáveis, destaca a responsabilidade pelasconseqüências de decisões políticas, em especial as de caráter econômico sobre a saúde.Esta conferência identificou quatro áreas prioritárias para promover ações imediatas em

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políticas públicas saudáveis: apoio à saúde da mulher, alimentação e nutrição, tabaco eálcool e criação de ambientes favoráveis.

Em 1991, na Suécia (Sundsvall), acontece à terceira Conferência Internacionalsobre Promoção da Saúde, que precede a Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente(RIO-92) e traz como destaque o tema da ecologia para a área da saúde. A ecologiaentendida não restritamente apenas à dimensão física ou "natural", mas também nasdimensões social, econômica, política e cultural. "Ambientes e saúde sãointerdependentes e inseparáveis. Atingir estas duas metas deve ser o objetivo central aose estabelecer prioridades para o desenvolvimento e devem ter precedência nogerenciamento diário das políticas governamentais".

Finalmente, em 1992, em Bogotá (Colômbia), a quarta Conferência traz para aAmérica Latina o tema da promoção da saúde afirmando que "a promoção da saúde naAmérica Latina busca a criação de condições que garantam o bem estar geral comopropósito fundamental do desenvolvimento, assumindo a relação de mútuadeterminação entre saúde e desenvolvimento". O desafio da promoção da saúde naAmérica Latina "consiste em transformar as relações excludentes, conciliando interesseseconômicos e propósitos sociais de bem estar para todos".

O documento de Bogotá enfatiza a solidariedade e a eqüidade social comocondições indispensáveis para a saúde e o desenvolvimento. Reitera "a necessidade deopção por novas alternativas nas ações de saúde pública, orientadas para combater osofrimento causado pelas enfermidades do atraso e da pobreza, ao que se superpõe oquadro causado pelas enfermidades da urbanização e da industrialização". Entre oscompromissos assumidos, na perspectiva de que o direito e o respeito à vida e à paz sãovalores éticos fundamentais para a cultura da saúde, assinala-se:

1)Avançar com o conceito de saúde condicionado por fatores políticos,econômicos, sociais, culturais, ambientais, de conduta e biológicos, e a promoção dasaúde como estratégia para modificar estes fatores condicionantes;

2)Convocar todas as forças sociais para aplicar a estratégia de promoção dasaúde;

3)Incentivar políticas públicas que garantam a eqüidade e favoreçam a criaçãode ambientes e opções saudáveis;

4)Fortalecer as capacidades da população para participar nas decisões queafetam sua vida e para optar por estilos de vida saudáveis;

5)Eliminar os efeitos diferenciais da iniqüidade sobre a mulher;

6)Estimular a pesquisa na promoção da saúde para gerar ciência e tecnologiaapropriada e disseminar o conhecimento resultante, de forma que se transforme eminstrumento de libertação, mudança e participação.

Cabe assinalar que todos os documentos mencionados falam da necessidade dareorientação dos serviços de saúde, postura abrangente que respeite as peculiaridadesculturais, esforço maior de pesquisa em saúde, mudanças na educação e no ensino dosprofissionais da área da saúde, para que a pessoa seja vista e assistida na integralidadede seu ser. É fundamental o papel da educação, da informação e da comunicação nogerar uma nova cultura da saúde.

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6.2 Aprendizagem de adultos e promoção da saúde

Ser capaz de produzir conhecimentos relevantes, de formar profissionaisadequados às necessidades sociais, de prestar serviços de qualidade é um dever dequalquer escola, seja ela formal ou informal. As transformações fundamentais que estãoocorrendo no mundo do trabalho estão desencadeando grandes inovações, seja no setortecnológico ou organizacional. Estas transformações demandam a formação deprofissionais com capacidade de diagnosticar e solucionar problemas, de tomardecisões, de criar, de intervir, de trabalhar em equipe, de auto-organizar-se e dereconstruir-se num ambiente em constante modificação.

Desde a conferência de Alma Ata, consolidam-se as críticas ao modeloexcludente de organização dos serviços de saúde e à ineficiência da incorporaçãoacrítica de tecnologias. Na busca da resolução destes problemas o Sistema Único deSaúde (SUS) do Brasil propôs a hierarquização dos serviços em níveis de complexidadecrescente, com ênfase na Atenção Primária à saúde. Esta organização veio enfatizar anecessidade de reorientar a aprendizagem dos profissionais de saúde no sentido detorná-los capazes de atender às necessidades da população, de realizar trabalho emequipe, de comunicar-se, de trocar experiências, de dar significado ao seu trabalho.

Apesar de estarmos em pleno processo de consolidação de SUS, sabemos que aformação de recursos humanos em saúde ainda é uma área bastante crítica. “Assim, foiimportante o dar-se conta da ineficácia e da ineficiência do modelo médico biologista ede sua coerente proposta flexneriana de ensino” [ FEU 00].

O modelo de ensino-aprendizagem necessário para a construção de umasociedade saudável é um modelo que possa dialogar com todas as formas deconhecimento, sejam eles oriundos da técnica, da história, das sensações e impressões,dos desejos ou dos afetos. Tudo o que se apresenta como subjetivo, que ultrapasse arazão, deve ser considerado, mesmo que a subjetividade não permita que se elaboramproposições científicas rigorosas e universais. Isto porque temos a necessidade de que omaior número de pessoas adquira e exerça a sabedoria construída a partir de todos estesfatores como poder de tornar-se ativo, como vontade que avalia e interpreta. É dentrodesta perspectiva que devemos pensar as necessárias mudanças na produção doconhecimento, da saúde, da formação profissional. Busca-se a construção de sujeitos, aconstrução de espaços comunicativos que possibilitem a ação política e a produção dosaber. Os espaços coletivos de reflexão e ação, a problematização da prática e ademocratização dos saberes são estratégias potentes para que os sujeitos se movam emdireção à transformação da prática e à construção de novas maneiras de produzirconhecimento e saúde.

Neste processo procura-se abordar a saúde como construção social da qualparticipam vários sujeitos. Segundo Feuerwerker, “este conhecimento deve serconstruído a partir da problematização da realidade, da articulação teoria-prática, dainterdisciplinaridade e da participação ativa do estudante no processo de ensino-aprendizagem. Contra a concepção hegemônica tradicional, busca-se reconhecer oprocesso de construção social da saúde, apoiada no fortalecimento do cuidado, na açãointersetorial e na crescente autonomia das populações em relação à sua própria saúde”[FEU 00].

Nesta busca é fundamental que se estabeleça uma linguagem comum ou pelomenos fragmentos de linguagem comum que possibilitem a comunicação, a negociação

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dos objetivos próprios e a construção de objetivos comuns. O exercício da interaçãoacaba levando a existência da conversa, do diálogo, da troca de informações, cenáriopropício para se dar a aprendizagem. É onde se reconhece o outro, suas necessidades,sua interpretação do mundo. Mas o desenvolvimento humano não depende apenas dasvontades dos sujeitos: ele vai se construindo num processo de interação contínua entre osujeito e a sociedade. Segundo Santos [apud FEU 00], a característica essencial dasubjetividade é conhecer-se a si mesmo e ao mundo através de uma retórica dialógica ede uma lógica emancipatória.

6.3 - Cenários de aprendizagem no processo de educação permanente deprofissionais de saúde

“Os novos cenários de ensino-aprendizagem constituem-se, portanto, em espaçode embates constantes entre poderes, entre escolhas políticas e éticas, e assumemelevado grau de importância na produção de alternativas para ainovação/transformação das políticas da saúde e de formação de pessoal” [FEU 00].

Um dos objetivos fundamentais da diversificação de cenários de aprendizagemno processo de educação permanente de profissionais de saúde é fazer com que esteprocesso ocorra na realidade social dos serviços de saúde e da comunidade e sejaconstruído ativamente a partir dos problemas identificados.

“Cenários de Aprendizagem” é um conceito amplo, que diz respeito àincorporação e à inter-relação entre métodos didáticos pedagógicos, áreas práticas evivências, utilização de tecnologias e habilidades cognitivas e psicomotoras. Envolve olocal onde se praticam as ações, aos sujeitos nelas envolvidos, ao conteúdo do que sefaz etc.

Eles se relacionam também com os valores éticos e morais que orientam ascondutas individuais e coletivas. Nestes cenários de aprendizagem, a problematização eas relações entre os sujeitos participantes não se limitam às condições objetivas da vida,mas incluem também o que cada indivíduo ou coletivo constrói como referencial aolongo de sua história. As vivências elaboradas no processo de socialização é que irãoconformar a base comum de significados e de definições dos problemas. Naintersubjetividade, no contato entre sujeitos, que vivenciam e compartilham problemasformando vínculos, é onde se encontra a apropriação e a compreensão da realidade.

Isto é fundamental para a existência de espaços comunicativos, que possibilitamo reconhecimento e a incorporação de vários referenciais e saberes no processo conjuntode identificação e abordagem de problemas [FEU 00].

Cenários que respeitem estes princípios devem fazer parte das intervenções deum processo de ensino-aprendizagem preocupado com a construção de ações eestratégias de redução de danos e promoção de saúde que se orientem a partir de novosmodelos assistenciais, da formação adequada de recursos humanos, do controle social,da educação e comunicação em saúde e da integralidade e equidade da atenção.

Quando trabalhamos com adultos é fundamental atender a necessidade derespostas a problemas práticos que os sujeitos possuem e valorizam. Então, os cenáriosdevem revalorizar o papel da prática dentro do processo de ensino-aprendizagem. Eles

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devem ser efetivamente espaços coletivos e reflexão e ação, propiciando aos adultosenvolvidos a retomada da iniciativa sobre sua vida e sua constituição como sujeitoscapazes de proposição e ação transformadora.

6.4-Educação permanente de profissionais de saúde

A educação permanente aparece em boa parte da bibliografia como variadasdefinições. Encontramos os termos: alfabetização de adultos, capacitaçãoprofissionalizante, atuação profissional e estudo-trabalho. Rovere nos dá umainteressante definição da finalidade principal dela: “A educação permanente em saúde éa educação no trabalho, pelo trabalho e para o trabalho nos diferentes serviços, cujafinalidade é melhorar a saúde da população” [ROV 95].

A problemática de Recursos Humanos habitualmente não é notada pelosusuários dos serviços de saúde. No entanto a qualidade da atenção é percebidaclaramente por eles e quando não é satisfatória se transforma em um importanteproblema social. Donabedian [apud ROV 95] distingue três dimensões dentro doconceito de qualidade: a técnica, a interpessoal e as “amenidades” ou confortos. Oprincipal fator de qualidade da atenção seria constituído pela disponibilidade, a atitude,o conhecimento e o desempenho dos profissionais de saúde. É importante perceber quea qualidade destes serviços está diretamente relacionada com a qualidade do pessoal quetrabalha neles. Ela não pode ser maior que ele. No entanto pode ser menor, já que osproblemas organizacionais ou tecnológicos podem reduzir o nível de desempenho parabaixo de sua capacidade potencial.

Neste sentido, a Educação Permanente é uma importante ferramenta para ainvestigação e (auto) análise do trabalho. Ela é um instrumento de problematização, ummecanismo para trabalhar os conflitos dentro das equipes de trabalho, uma possibilidadede busca e incorporação crítica de novas tecnologias. Através dela o sujeito, junto comseu coletivo, descobre novas formas de “fazer as coisas”, descobrindo e assimilandoestratégias para melhorar a qualidade dos serviços de saúde, mesmo diante de todas asdificuldades apresentadas.

“Um processo de Educação Permanente somente pode se sustentar sobre a basede um trabalhador que é sujeito de seu processo de trabalho, ainda sabendo que istocontradiz a cultura dominante dos serviços de saúde. Por isto, a Educação Permanentepor um lado demanda organizações mais democráticas, porém por outro, se é coerenteideologicamente, também desencadeia um processo de democratização institucional”.

Mario Rovere

Analisando a situação dos processos de Educação Permanente, observa-se que olocal onde eles acontecem são predeterminados pelo sujeito que os analisa em função desua percepção, seus interesses e alcance de suas decisões. Este sujeito que analisa estáincluído no objeto analisado. Portanto precisamos reconhecer o caráter subjetivo de todaa análise social, e as formas como podemos trabalhar com esta complexidade. Istoimplica em considerarmos as dimensões de cada sujeito envolvido, sua posição,recursos de poder, ideologia, experiência e intencionalidade, análise ou reconstruçãointersubjetiva, análise objetiva, definindo as variáveis válidas a partir de todos ossujeitos envolvidos.

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7- Aplicação do modelo andragógico no processode ensino-aprendizagem de adultos

MODELO ANDRAGÓGICO

Baseado em M. Knowles (1970)

Esquema orgânico segundo Saint Miguel (1977); W. Rivera ( 1978)

Adaptado por J. Liscano

Organização Entrada Atividade Saída1- Criação de um

clima deaprendizagem

1- Planejamento-revisarconteúdos-elaborarprojetospersonalizadosde aprendizagem-contrato deaprendizagem

Avaliação doPrograma

3. Diagnóstico deNecessidades. O quenecessito aprender?

-Prioridades,quando, como, comquem.

-Estabeleceralternativas

A F A SV O V OA R A ML M L AI A I TA T A IÇ I Ç VÃ V Ã AO A O

R E T R O I N

4- Formulação deobjetivos de

aprendizagem

5-Desenho deatividades deaprendizagem

-estratégias-recursos

6- Execução docontrato de

aprendizagem- agendar

/calendário-obter evidências

de sucesso-elaborar

dossiê

F O R M A Ç Ã O

7-Hetero-avaliação

-avaliação prévia-meta-avaliação

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Migrar do ensino clássico para os novos enfoques andragógicos exige umtrabalho árduo. O corpo docente envolvido nesta migração precisa ser bem preparado,inclusive através de programas andragógicos . O professor precisa se transformar numtutor eficiente de atividades de grupos, devendo demonstrar a importância prática doassunto a ser estudado. Deve também transmitir entusiasmo pelo aprendizado, asensação de que aquele conhecimento fará diferença na vida dos aprendizes. Ascaracterísticas de aprendizagem dos adultos devem ser exploradas através deabordagens e métodos apropriados, produzindo uma maior eficiência das atividadeseducativas.

Os adultos têm experiências de vida mais numerosas e mais diversificadas queas crianças e esta experiência deve ser muito bem aproveitada. Isto significa que,quando formam grupos, estes são mais heterogêneos em conhecimentos, necessidades,interesses e objetivos. Uma rica fonte de consulta estará presente no somatório dasexperiências dos participantes. Esta fonte poderá ser explorada através de métodosexperienciais (que exijam o uso das experiências dos participantes), como discussões degrupo, exercícios de simulação, aprendizagem baseada em problemas e discussões decasos. Estas atividades permitem o compartilhamento dos conhecimentos já existentespara alguns, além de reforçar a auto-estima do grupo.

Os adultos vivem a realidade do dia-a-dia. Portanto, estão sempre propensos aaprender algo que contribua para suas atividades profissionais ou para resolverproblemas reais. O mesmo é verdade quando novas habilidades, valores e atitudesestiverem conectadas com situações da vida real. Os métodos de discussão de grupo,aprendizagem baseada em problemas ou em casos reais novamente terão utilidade,sendo esta mais uma justificativa para sua eficiente utilização. Muitas vezes seránecessária uma avaliação prévia sobre as necessidades do grupo para que os problemasou casos propostos estejam bem sintonizados com o grupo.

Adultos se sentem motivados a aprender quando entendem as vantagens ebenefícios de um aprendizado, bem como as conseqüências negativas de seudesconhecimento. Métodos que permitam ao aluno perceber suas próprias deficiências,ou a diferença entre o status atual de seu conhecimento e o ponto ideal deconhecimentos e habilidades que serão exigidos, sem dúvida serão úteis para produziresta motivação. Aqui cabem as técnicas de revisão a dois, revisão pessoal, auto-avaliação e detalhamento acadêmico do assunto. O próprio professor também poderáexplicitar a necessidade da aquisição daquele conhecimento.

Adultos sentem a necessidade de serem vistos como independentes e seressentem quando obrigados a ceder ao desejo ou às ordens de outra pessoa. Por outrolado, devido a toda uma cultura de ensino onde o professor é o centro do processo deensino-aprendizagem, muitos ainda precisam de um professor para lhes dizer o quefazer. Alguns adultos preferem participar do planejamento e execução das atividadeseducacionais. O professor precisa se valer destas tendências para conseguir maisparticipação e envolvimento dos estudantes. Isto pode ser conseguido através de umaavaliação das necessidades do grupo, cujos resultados serão enfaticamente utilizados noplanejamento das atividades. A independência, a responsabilidade serão estimuladaspelo uso das simulações, apresentações de casos, aprendizagem baseada em problemas,bem como nos processos de avaliação de grupo e auto-avaliação.

Estímulos externos são classicamente utilizados para motivar o aprendizado,como notas nos exames, premiações, perspectivas de promoções ou melhores empregos.Entretanto as motivações mais fortes nos adultos são internas, relacionadas com a

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satisfação pelo trabalho realizado, melhora da qualidade de vida, elevação da auto-estima. Um programa educacional, portanto, terá maiores chances de bons resultados seestiver voltado para estas motivações pessoais e for capaz de realmente atender aosanseios íntimos dos estudantes.

Algumas limitações são impostas a alguns grupos de adultos, o que impedemque venham a aprender ou aderir a programas de aprendizagem. O tempo disponível, oacesso a bibliotecas, a serviços, a laboratórios, a Internet são alguns destes fatoreslimitantes. A disponibilização destes fatores aos estudantes sem dúvida contribui demodo significativo para o resultado final de todo o processo.

Adultos não gostam de ficar embaraçados frente a outras pessoas. Assim,adotarão uma postura reservada nas atividades de grupo até se sentirem seguras de quenão serão ridicularizadas. Pessoas tímidas levarão mais tempo para se sentirem àvontade e não gostam de falar em discussões de grupo. Elas podem ser incentivadas aescrever suas opiniões e posteriormente mudarem de grupos, caso se sintam melhor emoutras companhias.

O professor afeito ao ensino de adultos raramente responderá alguma pergunta.Ele a devolverá à classe, perguntando "Quem pode iniciar uma resposta?" - "Quemsabe a resposta?" é uma pergunta intimidante e não deverá ser utilizada.

O Professor nunca deverá dizer que a resposta de um adulto está errada. Cadaresposta sempre terá alguma ponta de verdade que deve ser trabalhada. O professordeverá se desculpar pela pergunta pouco clara e refazê-la de modo a aproveitar a partecorreta da resposta anterior. Fará então novas perguntas a outros estudantes, de modo acorrelacionar as respostas até obter a informação completa.

7.1- Modelo andragógico na integração ensino/trabalho

O modelo andragógico apropriado para atender a necessidade de integrar ensinoe trabalho na educação permanente de pessoal de saúde, deve articular, dinamicamente,trabalho e ensino, prática e teoria, ensino e comunidade, e o adequado uso detecnologias educativas. As relações entre trabalho e ensino, entre os problemas e suashipóteses de solução devem ter sempre, como pano de fundo, as característicassocioculturais do meio em que este processo se desenvolve.

Este modelo deve permitir uma interação efetiva entre ensino e práticaprofissional; uma real integração entre prática e teoria e o imediato teste da prática; umavanço na construção de teorias a partir do anterior; a busca de soluções específicas eoriginais para diferentes situações; a integração ensino-tecnologia-trabalho-comunidade,implicando em uma imediata contribuição para esta última; a integração professor –aluno na investigação e busca de esclarecimentos e propostas; a adaptação a cadarealidade local e aos padrões culturais próprios de uma determinada estrutura social.

Este modelo se fundamenta no princípio que a aprendizagem não é alcançada deforma instantânea nem por domínio de informações técnicas ou pelo uso de tecnologiaseducativas. Pelo contrário, requer um processo de aproximações sucessivas e cada vezmais amplas e integradas, de modo que o treinando, a partir da reflexão sobre suas

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experiências e percepções iniciais, observa, reelabora e sistematiza seu conhecimentoacerca do objeto em estudo.

Para elaborar um plano andragógico a ser adaptado a cada realidade, é necessáriaa elaboração de uma clara definição de atribuições que estão ou que deveriam estarimplicadas na prática social de uma profissão. Nesta elaboração deve-se buscar nãoincorporar somente as atribuições vigentes, acreditando que a prática atual éabsolutamente ajustada às necessidades do serviço e da sociedade. Podem existirpossibilidades de melhora significativa na definição destas atribuições. Outrasatribuições desejáveis podem não ser incorporadas por não serem viáveis as condiçõessociais e organizacionais apresentadas.

É fundamental que o levantamento destas atribuições profissionais sejaresultante de um fecundo debate entre as entidades profissionais, a instituiçãomantenedora, os aprendizes e a população interessada. E por fim, estes perfis devem servinculados à realidade. Por isto devem ser consideradas as características do meio socialonde a profissão se desenvolve e as características dos aprendizes. As primeirasreferem-se à estrutura social, tecnologia disponível, grau de conhecimento sobre estatecnologia, grau de organização comunitária, localização social da profissão, formas devida, valores, costumes, etc. As segundas, aos esquemas de assimilação predominantesnos aprendizes, as sua experiências educacionais e profissionais.

Como esta andragogia pretende preparar o aprendiz como sujeito ativo,reflexivo, criativo e solidário, os objetivos da aprendizagem não poderão consistir nasimples memorização de informações, nem na execução mecânica de determinadoscomportamentos. O que importa é criar condições para que o aluno possa construirativamente o seu próprio conhecimento. A aprendizagem deve se dar como resultado daassimilação ativa a partir da própria prática do sujeito e das sucessivas mudançasprovocadas pela informação gradativamente assimilada. Os objetivos de cada atividadeeducativa deverão refletir estas ações assimiladoras do aprendiz no processo desucessivas aproximações ao conhecimento. O aprendiz deve ser sempre estimulado acomparar, distinguir, classificar, buscar causas e conseqüências, identificar princípios,determinar objetivos de ação, selecionar métodos e técnicas adequadas, etc.

Neste modelo de integração trabalho-ensino, a metodologia utilizada deveplanejar uma série encadeada de atividades de aprendizagem que surgem das situaçõesdo próprio serviço. Estas atividades devem estimular a reflexão e busca de informaçõesque reverterão em novas formas de ação. Os materiais e estratégias a serem utilizadosdevem variar, mas sempre no mesmo sentido:

Prática / Realidade

Reflexão

Teoria Seleção deprincípios, métodos eferramentas para aação futura

Novaprática/transformaçãoda realidade.

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À supervisão cabe orientar, sistematicamente, a reflexão e análise a partir daspróprias percepções iniciais dos treinandos, estimulando a observação, a indagação e abusca de respostas. Durante o processo e junto com os aprendizes, é importante avaliaros avanços e dificuldades, objetivando corrigir desvios e falhas percebidas. Todo oprocesso deve respeitar o ritmo de aprendizagem e os padrões culturais de quemaprende. Os aprendizes devem produzir seus próprios conhecimentos e mudanças comum sentido de integração e compromisso com seu trabalho e com a equipe a qualpertencem.

Finalmente devemos acrescentar que as atividades andragógicas continuadasdevem sempre se preocupar em guardar coerência com os objetivos selecionados noinício de cada processo.

7.2-Aprendizes adultos e o uso da tecnologia

“Seríamos cegos,

Aprisionados na escuridão,

Se não tivéssemos os olhos

Luminosos e Iluminados da comunicação”

Helena Kolody

Um dos campos que mais tem crescido atualmente é o da informática e seuenorme poder de comunicação, que tem rompido barreiras de espaço e tempo comonenhum outro recurso foi capaz até os dias de hoje. A cada dia que passa ela ocupa umespaço cada vez maior na linguagem, na cultura, na vida do ser humano eprincipalmente nas práticas educativas. O computador se infiltra nos assuntos do dia-a-dia do cidadão e pode ser considerado como um invento capaz de alavancar o processode ensino-aprendizagem.

A aprendizagem nessa nova realidade tem preocupado educadores, estudiososem educação e comunidade em geral. Muitas pesquisas estão sendo desenvolvidas nointuito de melhorar as condições de ensino atuais e, principalmente, determinar quais osmétodos podem ser utilizados para proporcionar melhores condições de aprendizagem.A busca de diferentes métodos para o ensino implica em uma mudança no enfoqueeducacional. Nessa busca, as tecnologias de informação e comunicação tornam-se umcomponente fundamental, dando uma evidência especial para a informática,acompanhada pelo computador, pelos softwares educativos e pela Internet. Astecnologias educacionais precisam ser um instrumento mediador entre alunos, professore o meio; podendo ser consideradas como ferramentas através das quais os sujeitos seapropriam de um saber, re-descobrindo e reconstruindo o conhecimento. Nessecontexto, a utilização dos computadores e de tecnologias de informação e comunicaçãoaumenta as expectativas de melhoras no ensino tradicional, são várias as possibilidadesde uso na educação como apoio andragógico, e de grande ajuda na estruturação daaprendizagem. Certamente para alcançar os resultados esperados, será necessário, alémde muito trabalho e bastante disciplina, uma abertura para o novo e uma aceitação dosdesafios que essa prática traz.

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Transformar a prática “andragógica” de forma que ela esteja sempre emconsonância com as reais necessidades dos sujeitos não é tarefa fácil. Primeiro porquepara isso se deve considerar que estes sujeitos são oriundos das mais diversas, muitasvezes perversas, condições de vida. Não se pode também esquecer que aqueles queconseguem chegar até um emprego já são por esse fato favorecidos em relação aosmilhares de brasileiros que ainda se mantêm a margem do mercado de trabalho. É essasociedade desigual e injusta que se deve tentar transformar, através de uma educaçãocomprometida com a maioria. Disponibilizar o acesso do aprendiz aos recursostecnológicos necessários para a vida atual é uma das tarefas do educador, mas não é aúnica. Deve-se possibilitar que esse aluno estabeleça uma relação inteligente com omeio - físico e social -, favorecendo seu desenvolvimento e aquisição de novashabilidades e talentos que lhes permitam exercer e vivenciar a sua cidadania,principalmente, seu direito continuo de acesso a informações e seu direito a um trabalhojusto e criativo. A tecnologia é a ferramenta, o fundamental são os objetivos!

As tecnologias digitais, aliadas aos novos paradigmas da educaçãointeracionista, permitem que aplicações educativas sejam desenvolvidas constituindoum ambiente de ensino-aprendizagem interativo rico de possibilidades educacionais.Mostram também que todos estes recursos reservam ao professor a oportunidade derevitalizar seu papel, trazendo novas dimensões e perspectivas para o seu trabalho. Aosprofessores fica a responsabilidade de decidir qual estratégia adotar, como conciliar ascapacidades da tecnologia ao desenvolvimento de um programa voltado para asnecessidades da realidade vivenciada pelo aprendiz.

Com o uso da tecnologia disponível, o sujeito aprendiz pode ampliar suaspossibilidades de compartilhar idéias, propostas, informações, dúvidas equestionamentos, confrontando o seu ponto de vista com o do outro, o que faz com queo seu pensamento seja descentrado, gerando reflexão e conflitos sócio-cognitivos. O quepossibilita a reestruturação do pensamento.

"De jangada leva uma eternidade, de saveiro leva uma encarnação, pela ondaluminosa leva o tempo de um raio. Tempo que levava Rosa prá arrumar o seu balaioquando sentia que o balaio ia escorregar". Parabôlicamará - Gilberto Gil.

A informática, desde que bem aplicada a uma educação comprometida com asnecessidades reais e atuais de cada espaço de aprendizagem, pode ser grande aliada naampliação das potencialidades de todos, democratizando o acesso às informações eabrindo novas janelas para o futuro. No entanto não podemos deixar de questionar:

Sobre quais condições o uso da tecnologia pode nos auxiliar neste processo deensino á distância? Como garantir a qualidade? Como articular as ciências e as técnicascom os valores humanos? Como concordar com projetos comuns respeitando asingularidade das posições de cada um? Como utilizar democraticamente os fantásticosrecursos que as novas tecnologias de comunicação e de informação nos oferecem comuma velocidade cada vez mais surpreendente, com o potencial de diminuir distâncias,eliminar barreiras e levar a informação a um número cada vez mais de pessoas?

Temos um longo caminho de aprendizado pela frente na busca de respostassatisfatórias para estas questões. No entanto, algumas experiências nos vão dandoimportantes pontos de análise.

A Escola Nacional de Saúde Pública, sediada no Rio de Janeiro, realizou umextenso perfil do médico brasileiro, com mais de 180 mil profissionais de saúde

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entrevistados. Alguns dos achados são relevantes para a educação de profissionais desaúde: “Estes profissionais buscaram fazer cursos de pós-graduação: 74,1% fizeramresidência médica; 40,7% realizaram algum curso de especialização, 7,7%possuem o mestrado e 3,7% o doutorado. O constante e necessário aprimoramentoprofissional é uma ”necessidade“ expressa por 96,3% dos médicos do país. Isto nosindica que os profissionais da área médica são ávidos por informações que mantenhama qualidade de seus serviços. Como levar estas informações de uma forma democráticae justa a todas as equipes de trabalho do interior de nosso estado? O uso das tecnologiasde informação pode ajudar muito nesta tarefa.

A necessidade de se levar à informática com todo seu potencial de informação,comunicação e interação, aos milhares de profissionais de saúde excluídos dos cursos etreinamentos presenciais é urgente. Mas isso não bastaria! É necessário ensinar aspessoas a lidar com esta tecnologia, fazer com que essa tecnologia se torne umaferramenta acessível e cotidiana na vida da maioria. A mesma tecnologia que acentua asdesigualdades dessa era pode promover a inclusão, sendo então necessário inseri-ladefinitivamente nos serviços de saúde. A introdução das tecnologias da informação e dacomunicação em um processo educacional deverá proporcionar ao aprendiz umaparticipação ativa na construção de seu próprio conhecimento, permitindo-o entrar emcontato com seus potenciais, a fim de desenvolvê-los e ao mesmo tempo suprir asdificuldades e deficiências identificadas.

É importante considerar que somente quando a mensagem for recebida ela terásentido e não simplesmente quando for transmitida. A informação não pode ser reduzidaà suas manifestações objetivas; ela é, essencialmente, produção de subjetividade,tomada de consistência de um universo incorpóreo. A verdade da informação remetesempre a um acontecimento existencial por parte daqueles que a recebem. Seu registronão é aquele da exatidão dos fatos, mas aquele da pertinência de um problema, daconsistência de um universo de valores.

José Manuel Moran, em seu texto: “Novas tecnologias e o Reencantamento doMundo” afirma: “O reencantamento, em fim, não reside principalmente nas tecnologias– cada vez mais sedutoras - mas em nós mesmos, na capacidade em tornar-nos pessoasplenas, num mundo em grandes mudanças e que nos solicita a um consumismodevorador e pernicioso. É maravilhoso crescer, evoluir, comunicar-se plenamente comtantas tecnologias de apoio. É frustrante, por outro lado, constatar que muitos sóutilizam essas tecnologias nas suas dimensões mais superficiais, alienantes ouautoritárias. O reencantamento, em grande parte, vai depender de nós” [MOR 95].

“A nova consciência planetária deve repensar o maquinismo. É freqüente que secontinue a opor a máquina ao homem. Algumas filosofias estimam que a técnicamoderna nos escondeu o acesso aos nossos fundamentos ontológicos, ao SerPrimordial. E se, ao contrário, uma renovação da alma e dos valores humanos pudesseser esperada de uma nova aliança com a máquina? A humanidade deverá contrair umcasamento de razão e de sentimentos com os múltiplos ramos do maquinismo, senão elacorre risco de afundar no caos”.

Félix Guattari

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8- Metodologia da pesquisa

Esse trabalho utilizou como metodologia, a aplicação de dois questionários como objetivo de identificar como os adultos, neste caso profissionais que compõe equipesde Saúde da Família do Paraná, percebem e utilizam algumas das ferramentastecnológicas produzidas e disponibilizadas pela Escola de Saúde Pública doParaná/Sesa, que visam orientar o trabalho destas equipes.

8.1- Questionário: Teleconferência

O objetivo deste questionário foi o de avaliar o uso da teleconferência comoferramenta de educação e comunicação em saúde. O universo considerado foi os 05Pólos Regionais que compõem o Pólo Estadual de Capacitação, Formação e EducaçãoPermanente de Pessoal para Saúde da Família do Paraná.

A teleconferência escolhida como referência para este trabalho teve como tema:Abordagem Comunitária no Programa de Saúde da Família. Este tema foi escolhidopela platéia da 1º Capacitação em Saúde Bucal para o Pessoal de Saúde da Família,realizado na cidade de Curitiba, em outubro de 2001 onde estavam presentesrepresentantes de todas as equipes de saúde bucal do Programa de Saúde da Família doParaná. A transmissão foi veiculada no dia 30 de outubro de 2001, no horário das 15:35às 17:00 horas, via satélite, com recepção através de antena parabólica, na freqüência960 MZ, polarização vertical. A interatividade foi conseguida através de ligaçãotelefônica gratuita ( serviço 0800) e fax. O público prioritário da teleconferência foiconstituído pelas equipes de Saúde da Família do Paraná – odontólogos, agentescomunitários de saúde, atendentes de consultório dental, técnicos em higiene dental,médicos, enfermeiros, auxiliares e atendentes de enfermagem, assistentes sociais. Adivulgação foi feita via Notes (e-mail) e fax para todas as regionais de saúde do estado.

A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA) conta com a organização de22 Regionais de Saúde (RS) distribuídas de forma a atender 100% dos municípiosparanaenses. Todas as RS possuem antenas parabólicas instaladas, sendo responsáveispor sua manutenção. Também contam com antenas parabólicas instaladas todos osNúcleos Regionais da Secretaria Estadual de Educação.

Cada Regional de Saúde ficou encarregada de fazer a divulgação local. Foitambém publicado com antecedência, todos os dados relativos a transmissão através dapágina on-line da Escola de Saúde Pública abrigada no site: www.pr.gov.br

Após a veiculação, um questionário com 15 questões foi elaborado e respondidopor 05 coordenadores dos Pólos Regionais de Capacitação, Formação e EducaçãoPermanente de Pessoal para Saúde da Família do Paraná e por 02 técnicos em saúde dafamília.

O questionário foi composto de questões que visaram prioritariamente detectar:

1- A relevância do tema

2- Adequação na abordagem do tema

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3- Qualidade do som e imagem

4- A participação dos teleconferencistas

5- A participação do telespectador

6- Adequação da produção ao público prioritário determinado e as condiçõestécnicas disponíveis

7- Grau de diálogo e interatividade

8- Condução da teleconferência

9- Satisfação das expectativas

10-Grau de validade desta estratégia de educação popular

11-Sugestão para melhorias na utilização desta ferramenta de educação ecomunicação em saúde.

De posse das informações provenientes do questionário, foi feita a tabulação dosdados, que, posteriormente, foram analisados e interpretados.

8.2 Questionário: Vídeos educativos em Saúde

O objetivo deste questionário foi o de avaliar o uso de vídeos educativos comoferramenta de educação e comunicação em saúde. O universo considerado foi as 22Regionais de Saúde que compõem a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná.

Desde 1994 a equipe técnica da Escola de Saúde Pública do Paraná (ESPP), vemproduzindo vídeos educativos em saúde buscando evidenciar as inúmeras possibilidadesdo saber-fazer em saúde. A partir de demandas técnicas os vídeos são roteirizados,produzidos, copiados e distribuídos para todas as Regionais de Saúde, encarregadas damanutenção das videotecas. Estes vídeos também são destinados a servir de apoio aatividades de teleducação, através das antenas parabólicas. Os títulos e as sinopsesdestes materiais são divulgados na página on-line da Escola de Saúde Pública abrigadano site: www.pr.gov.br

Visando identificar como os adultos, neste caso profissionais que compõe asequipes regionais percebem e utilizam este material, foi elaborado um questionário com16 questões, com possibilidade de múltiplas respostas. Este questionário foi respondidopor 28 profissionais de saúde das regionais do estado.

O questionário foi composto de questões que visaram prioritariamente detectar:

1- Ferramentas de educação em saúde utilizadas

2- Metodologia utilizada

3- Recursos materiais disponíveis

4- A fonte destes recursos

5- Local da veiculação

6- Temas mais utilizados

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7- Público alvo

8- Como a comunidade recebe os vídeos

9- Eficiência deste recurso

10 Principais características de um bom vídeo educativo

De posse das informações provenientes do questionário, foi feita a tabulação dosdados, que, posteriormente, foram analisados e interpretados.

8.3- Análise dos Resultados

8.3.1- Ferramenta: Teleconferência

100% dos entrevistados consideraram que a produção da teleconferênciafacilitou a aprendizagem sobre o tema escolhido. No entanto, apesar de ser um recursobarato, de produção simples e bem aceito pelos profissionais, a transmissão deinformações em tempo real via satélite ainda apresenta dificuldades em sua utilização.

A maioria considerou o tempo da veiculação – 1 hora e 25 minutos – suficientepara a discussão do tema central. Foi salientada a importância da relação entre teoria eprática, a necessidade de diversificação de experiências e o fato que estas representemas dificuldades que as equipes de saúde encontram no seu dia-a-dia de trabalho com acomunidade.

Foi destacada a competência técnica e a diversidade dos conferencistas, o que,segundo os entrevistados, contribuiu para acrescentar e inovar conceitos de práticas desaúde e conferiu a abrangência necessária ao tema. Como destaque as falas foramcitadas como importantes: clareza, convicção e abordagem dos assuntosexemplificando-os.

Foi ressaltada a necessidade de repetição deste tema em outras transmissões,além de produções de teleconferências direcionadas para categorias específicas deprofissionais de saúde, com a justificativa que os temas poderiam ser discutidos comuma maior profundidade.

O respeito ao público e aos conferencistas por parte da produção, bem como oclima descontraído da transmissão, foi ressaltado como ponto importante.

100% dos entrevistados consideraram que as respostas às perguntas feitas pelopúblico foram esclarecidas. 86,3% dos consultados consideraram que o pensamentocrítico foi requerido. 66,6% deles consideram que a utilização da teleconferência paradebater temas específicos de saúde pública é uma estratégia apropriada para a realidadeatual das equipes. "É um recurso fácil e barato de ser utilizado e pode ser uma ótimafonte de informação principalmente para localidades de difícil acesso, onde a Internet eoutras ferramentas, como a videoconferência, não chegam", citou um profissional.

33,3% dos entrevistados consideraram que a utilização da teleconferência não éuma estratégia apropriada para a realidade atual das equipes, sendo ressaltado que “nãose deve parar, vamos procurar adequá-los para este fim”. Um dos problemaspercebidos no uso desta tecnologia foi a dificuldade de acesso a ela. Foi citada a

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necessidade de um maior número de antenas, abrangendo todos os municípiosparanaenses, pois existe dificuldade de locomoção das equipes do interior até o localonde a antena está instalada – geralmente na regional de saúde sede.

Apesar de não ser um recurso tecnológico novo, a sintonização e a manutençãodas antenas ainda se apresentam de uma forma complicada para muitos, o que dificultasua utilização. Como o satélite utilizado pela Escola de Saúde Pública é um satélite debanda curta, qualquer alteração climática , como chuvas fortes e ventos, podedesequilibrar a recepção das antenas. Este fato deixa as equipes inseguras em relação aperfeita sintonização destas antenas no dia agendado para a atividade educativa,atrapalhando a divulgação da mesma. Este é um dos fatores que pode explicar apreferência dos profissionais por assistir a fita gravada em vez da transmissão ao vivo, oque diminui a possibilidade de interatividade, ressaltada como fator de grandeimportância na utilização desta ferramenta. A substituição das atuais antenasparabólicas analógicas por antenas digitais poderá resolver esta dificuldade.

Outro problema percebido foi com relação à divulgação da transmissão àsequipes de saúde dos municípios que pertencem a área de abrangência de cada regionalde saúde. Atualmente esta divulgação é de responsabilidade da regional de saúde, noentanto não existe um técnico responsável e corretamente orientado e estimulado paraisto. É necessário formar uma rede de disseminação de informações sobre as atividadesde educação, comunicação e informação. Nesta rede, reeditores capacitados poderão seencarregar da necessária função de levar à todos as informações sobre as atividades aserem desenvolvidas e quais as ferramentas serão disponibilizadas, bem como suacorreta utilização.

8.3.2 Ferramenta: Vídeos Educativos em Saúde

100 % dos entrevistados relatam buscar transmitir conhecimentos em saúde parao usuário em seu local de trabalho. Várias ferramentas forma citadas pelos entrevistados– palestras, encenações, marionetes, murais, aconselhamentos durante a consulta - sendoas sessões de vídeo as mais citadas . 78,5 % dos entrevistados organizam sessões devídeo para a comunidade. Os temas de educação em saúde relacionados deixam claro adiversidade de interesses e necessidades por parte dos profissionais e dos usuários doSUS.

O vídeo é a ferramenta cuja equipe tem maior acesso atualmente. 100% dasregionais de saúde possuem pelo menos um televisor, um vídeo cassete, e um bomacervo de títulos.

71% dos entrevistados utilizam o vídeo como instrumento inserido em umprograma continuado de educação em saúde. 57,1 % deles utilizam com muitafreqüência. Nenhum dos entrevistados citou não utilizar este recurso. A maior parte dosvídeos são provenientes da Secretaria Estadual de Saúde e do Ministério da Saúde -89,2% - e são encontrados pelos profissionais em vários locais: regionais de saúde,videoteca própria, secretaria de educação, entre outros.

Os locais mais utilizados para veicular os vídeos são a Unidade de Saúde elocais na própria comunidade – 42,8%. Os locais escolhidos na comunidade são:escolas, centros comunitários, clubes de mães, auditórios, salas de aula, anfiteatros,

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instituições, clubes, igrejas, entidades sociais, creches, clubes de mães, comunidadesrurais, empresas, entre outros.

O público alvo prioritário são os adultos - 92,8%, seguidos pelos adolescentes –67,8 %.

78,55 dos entrevistados utilizam como metodologia de ensino debatesposteriores à apresentação. 53,5% deles utilizam trabalho em equipe. Somente 42,8 %destes profissionais relatou realizar avaliação dos resultados.

78,5% dos entrevistados citaram que a comunidade recebe os vídeos com muitointeresse. Nenhum entrevistado citou pouco ou nenhum interesse por parte dacomunidade.

100 % dos consultados acreditam que a utilização do vídeo como instrumento deeducação em saúde é eficaz. Como justificativas foram encontradas:

O vídeo permite vivenciar o assunto; prende a atenção, fixa as imagens; asinformações são melhor compreendidas, além de se tornarem menos cansativos quepalestras; o público demonstra maior interesse, assimila melhor e participa dasdiscussões; as imagens chamam mais atenção do que alguém falando, o vídeo reforçaaquilo que foi falado; os resultados são vistos de imediato; estimula, ilustra e reforçaaspectos fundamentais de promoção, prevenção/ diagnóstico; o estímulo visual permitemaior atenção e aprendizagem; informa, conscientiza; é um recurso diferente, sai darotina de um palestrante sozinho falando, motiva mais o participante a visualizar o temaabordado; atinge o público alvo em pouco tempo com orientações simples e diretas; éilustrativo, prático, provoca questionamentos e posterior avaliação; é um recurso queconcentra a atenção das pessoas; geralmente coloca as questões de forma simples, defácil compreensão, proporciona discussão, lança assunto para continuidade de diálogo;viabiliza repasse de informações para posterior aplicação prática; gera polêmica eestimula o debate; é uma ferramenta capaz de facilitar o processo de apreensão dosconteúdos, principalmente por parte do adulto.

Como características que um vídeo educativo deve ter para atrair o interesse dopúblico foram citadas:

Ser claro, objetivo, alegre, colorido, criativo, dinâmico, ilustrativo, atrativo,apresentar um bom texto, com boa dicção, boa visualização, boa qualidade técnica e dafita em si, mudar bastante de cenário, ser atual tanto nas imagens quanto no conteúdocientífico, utilizar um vocabulário dirigido à clientela, incluir situações reais, evitarmonólogos, possuir imagens coerentes com o assunto, trilhas sonoras adequadas einteressantes, utilizar pessoas da mídia, despertar nas pessoas reflexões sobre o temaabordado, ter linguagem acessível e motivadora para alcançar o objetivo proposto. Foibastante enfatizada a importância da curta duração para permitir a realização de umdebate após a sessão e também porque vídeos longos podem se tornar cansativos epouco proveitosos. O tempo deve ser adequado ao conteúdo, a clientela e ao objetivo, otema deve ter conexão com a realidade; capacidade de induzir o processo de reflexãosobre a realidade vivida.

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11- Conclusão

"Aprender é a única coisa de que a mentenunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende”

Leonardo da Vinci

A partir das observações que os adultos aprendem melhor na interação;aprendem a partir de sua experiência de vida anterior, de seus sentidos e das reflexõesobtidas ao enfrentar problemas; aprendem melhor quando são capazes de questionar asnormas ou princípios que respaldam o trabalho que realizam; aprendem quandorecebem retroalimentação de seu trabalho ou das ações tomadas na solução dosproblemas, podemos afirmar que a função de uma equipe de educadores é organizarsistematicamente uma série gradual e encadeada de atividades para que este processo seproduza, partindo da percepção que o sujeito tenha do assunto e de sua própria prática.

Através da observação e da reflexão, o educando apresentará problemas esituações estimulantes planejados para desencadear a busca sistemática de respostas,numa sequência de reflexão e ação de prática-teoria-prática. Esta equipe tem a funçãoprincipal de criação e recriação de alternativas andragógicas que encaminhem esteprocesso, ajustando-as cada vez mais à sua realidade específica e corrigindo desvios.

Muitas qualidades são exigidas dos sujeitos envolvidos neste processo. Os fatosmudam cada vez mais rapidamente. É preciso percepção e sintonia muito fina paraperceber o quem virá pela frente. É preciso também articulação, capacidade deestabelecer o máximo de conexões e de relacionamentos com outras pessoas, formandouma grande rede pessoal. E é necessário também ousadia, para enfrentar as fascinantesmudanças do mundo atual.

Na pesquisa realizada foi possível confirmar algumas referências teóricas daandragogia. Ficou claro que quando lidamos com adultos, sujeitos multireferenciais, éfundamental considerarmos em qual cenário nosso projeto de educação está inserido,sua realidade, seu estágio de desenvolvimento cognitivo e tecnológico, quais suas reaispossibilidades e necessidades. Os entrevistados expressaram a importância dasinformações representarem as dificuldades que as equipes de saúde encontram no seudia-a-dia de trabalho com a comunidade. Eles querem, acima de tudo, respostas pararesolverem seus problemas cotidianos. Afirmam que os temas devem ser fruto deexperiências diversificadas, tendo sempre conexão com a realidade em que vivem.Nenhum projeto de aprendizagem terá respostas prontas para as contradiçõesapresentadas, mas é fundamental que qualquer atividade desenvolvida dentro destepensamento seja potencialmente um referencial teórico que permita aos aprendizesreflexionarem sobre sua própria prática e reconstruírem a partir dela, dia-a-dia, umanova realidade

Maturana afirma [ MAT 83 p. 151-152]: "educar é conviver. O educando setransforma na convivência com o educador. O educador é aquele que adota a tarefa deconfigurar um espaço de convivência no qual os outros se transformam com ele... éaquele que aceita o convite de outro para conviver transitoriamente com ele em umcerto espaço de existência no qual esta pessoa tem mais habilidade de ação e reflexão.Para que isto aconteça, o educando e o educador, devem concordar aceder o espaço

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onde se aceitem mutuamente como legítimos outros na convivência. A tarefa doeducador é evocar um escutar, de modo que o educando possa aceitar ou desprezar oque ele ou ela disse conscientemente de acordo com sua compreensão. Quando istoacontece, o aluno adquire instrumentos de ação e reflexão que pode usarconscientemente em qualquer domínio".

Quando falamos de aprendizagem de adultos nos serviços de saúde pública,onde as equipes de trabalho são muitas e distribuídas por regiões diversas egeograficamente distantes, não podemos deixar de nos referir a necessidade detrabalharmos com todas as ferramentas e tecnologias disponíveis. Isso se justificaprincipalmente quando falamos em uma educação inclusiva dentro de um modeloandragógico. É necessário estimularmos e possibilitarmos a participação dos diferentessujeitos no processo educativo, dentro de uma prática encorajadora do pensamentocrítico e da iniciativa própria.

Nesta relação ensino/trabalho, cabe a instituição o financiamento aos aprendizes,a disponibilização de infra-estruturas, o aumento da qualidade da educaçãoministrada e o acesso à formação contínua e permanente de professores e tutores.

Se esta educação se faz à distância os desafios aumentam. É fundamental acriação de um processo amplo de mediatização entre a instituição e aprendizes e entreos próprios aprendizes, o desenvolvimento de um eficiente esquema deacompanhamento e avaliação e um considerável investimento inicial. Também énecessário suprir a falta de profissionais especializados através de processos seletivos eformativos, aglutinando educadores capazes de conviver e trabalhar com tecnologias em“mutação”, bem como capazes de entender o processo da reconstrução individual deaprendizagem e da autonomia crescente do aluno.

Outra dificuldade a ser superada é o controle da qualidade e da atualização dosconteúdos nos cursos que utilizam tecnologia on-line ou teleducação. O acessodemocrático e fácil às tecnologias disponibilizadas é um ponto crucial para o sucesso deum processo de ensino-aprendizagem à distância. A percepção e o respeito amulticulturalidade deve ser uma preocupação constante da equipe de educadores. Outrapreocupação é garantir a interatividade crescente em tempo real.

Os profissionais envolvidos neste processo de aprendizagem buscamf formaçãoinicial e contínua que supram suas necessidades de vida e de desempenho profissional.Então é fundamental o envolvimento da família, da comunidade, das empresas,sindicatos, etc., no diagnóstico das necessidades e na elaboração do projeto,implementação, desenvolvimento e avaliação destes processos. Deve ser bemdimensionada a relação entre as capacidades de trabalho e as necessidades de exercícioda cidadania, o acesso à educação / formação em condições igualitárias de sucesso detodos os grupos etários e sociais, o desenvolvimento de todas as capacidades einteligências individuais e coletivas, além da necessária “alfabetização” dos indivíduospara trabalhar com as tecnologias utilizadas nos processos educativos.

Devemos reforçar a função educativa dos meios de comunicação, desenvolver edifundir as novas tecnologias de informação e comunicação com base numa perspectivaregional, local e cultural, tendo em conta os sujeitos multirreferenciais envolvidos, osdiferentes graus de desenvolvimento das infra-estruturas e a disponibilidade dosequipamentos. Buscar formas de garantir o acesso eqüitativo à sistemas de ensino abertoe à distância, aos meios de comunicação e às novas tecnologias de informação ecomunicação para explorar novas formas de aprendizagem não “convencionais” quecheguem até os aprendizes mais distantes e excluídos do processo.

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Os participantes do processo de educação permanente estudado neste trabalhocombinam diversas categorias profissionais de saúde. Convém realizarmos o processoconjunto ou deveríamos combinar atividades específicas por grupo profissional ou porregional de sáude? E os usuários do sistema, de que formar organizar sua necessáriaparticipação nestes processos? Estas e outras dúvidas deverão ser resolvidas e superadascaso a caso, levando sempre em conta a tecnologia disponível, mas principalmenteconsiderando o objetivo final estabelecido em conjunto com os sujeitos envolvidos emcada processo.

Isto tudo sem nos esquecermos de uma lição fundamental que nós dá Maturanaquando diz que "a educação permanente a distância corre o risco de fracassar na medidaem que não se reconheça que a relação professor/aluno deve estar aberta a mesmaproximidade e intimidade psíquica que na aula presencial: a educação a distância ésomente possível na biologia do amor a distância, que é a mesma que na proximidade"[MAT 83].

Precisamos estimular o autodidatismo, a capacidade de autoavaliação eautocrítica, as habilidades profissionais, a capacidade de trabalhar em equipes.Precisamos enfatizar a responsabilidade pessoal pelo próprio aprendizado e anecessidade e capacitação para a aprendizagem continuada ao longo da vida.Precisamos estimular a responsabilidade social, formando profissionais competentes,com auto-estima, seguros de suas habilidades profissionais e comprometidos com asociedade à qual deverão servir.

Fato importante identificado neste trabalho é a necessidade de reforçarmos osvínculos entre a equipe de educadores e as equipes aprendizes, entre estas mesmasequipes e entre os sujeitos participantes delas. Como uma das ações imediatas paraalcançarmos este objetivo, propomos a identificação e a capacitação em cada Pólo deSaúde da Família e em cada Regional de Saúde, de um técnico com perfil apropriadopara atuar como elo de ligação e comunicação entre os Pólos, as regionais de saúde e ossetores que coordenam as atividades de educação, comunicação e informação em saúdena Secretaria de Estado da Saúde do Paraná.

Sem dúvida, a Andragogia será uma ótima ferramenta para nos ajudar a atingirestes objetivos. Para melhorar a eficácia dos serviços e conseqüentemente a saúde dousuário, é necessário melhorar a saúde e a valorização dos sujeitos multireferencias quetrabalham com esta questão. A educação permanente em saúde, articulada com outrasmudanças na estrutura organizacional, pode trabalhar com estes conflitos. Sem esquecerque esse paradigma só poderá indicar melhoria da qualidade de vida e mudança depráticas sociais se tiver como objetivo maior o desenvolvimento e o respeito ao serhumano, sujeito multirreferencial, imerso em uma realidade sócia, cultural, eeconomicamente heterogênea.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2- BAUDRILLARD. Tela total: mito-ironias da era do virtual e da imagem. ArtigoImpresso.

3-CAVALCANTI, Roberto de Albuquerque. Andragogia: A Aprendizagem nosAdultos . Texto publicado na Revista de Clínica Cirúrgica da Paraíba Nº 6, Ano 4,Julho de 1999.

4-DECLARATION OF ALMA-ATA. International Conference onPrimary Health Care, Alma-Ata, USSR, 6-12 September 1978. Disponível em:http://www.who.int/hpr/archive/docs/almaata.html - 14k

5- DEMO, Pedro. Conhecimento e Desenvolvimento. Artigo publicado em Educaçãoem Revista-SINEPE.

6- DONABEDIAN, A.; La Calidad de La Atención Médica. La Prensa MédicaMexicana, México, D.F, 1980

7- ERIKSON, E.H. Identidade, Juventude e Crise. 2 ed., Rio de janeiro. Zahar, 1976.

8-ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA. Perfil dos médicos no BrasilDisponível em :http://www.ensp.fiocruz.br/perfil/

9- FEUERWERKER, Laura Camargo Macruz. A Construção de Sujeitos no Processode Mudança da Formação de Profissionais de Saúde. Artigo publicado na revistaDivulgação em Saúde para Debate, Rio de Janeiro, n.22 p. 18-24, dez 2000.

10-FEUERWERKER, Laura; RANGEL, Maria Lígia. Diversificação de cenários deensino e trabalho sobre necessidades/problemas da comunidade. Divulgação emSaúde para Debate, Rio de Janeiro, n.22, p. 36-48, dezembro 2000.

11- FIGUEROA, Ricardo Villafaña. Página Principal .Universidad de Las Américas.Disponível em: [email protected]

12-FREIRE, Paulo –Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à PráticaEducativa.Editora Paz e Terra, 16º Edição – 2000.

13-FREIRE, Paulo. Quarta Carta – Das qualidades indispensáveis ao melhordesempenho de professoras e professores progressistas, 1987.

14-GIL, Gretel; SILVA, Maria Beatriz Costa; KESSLER, Maria Helena; RIZZO,Raquel; KELLER, Rodrigo; BRANDÃO, Sílvia. Criatividade e Tecnologia: umaRelação de Convivência no Processo de Ensino-Aprendizagem. Artigo escrito comoatividade do Curso de Pós-Graduação em Informática na Educação-UFRGS - 2001

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15-GUATTARRI, Félix – Texto publicado em “Pensar o Século XXI” Lê MondeDiplomatique, n.52. Tradução de Ciliane Carla Sella de Almeida.http://www.secrel.com.br/usuarios/cdvhs/texto3.htm

16-JAPIASSU, H. A Crise da Razão e do Saber Objetivo: As Ondas do Irracional.Letras & Letras, são Paulo, 1996.

17-KNOWLES, Malcolm S. The ASTD Training And Development Handbook: Aguide to Human Resources Development. Robert L. Craig, editor in chief. ASTD. 4ºedição McGraw Hill, 1973

18-KOERICH, Ana Cláudia; SCHAWRZ, Graziela Francine. Trabalho deInformática. Conferência de Alma Ata. Disponível em: http://www.ielusc.br/inst/enfermagem/estudantes/trabalhos/almaata.html - 13k

19-LEON, Antoine. “Psicopedagogia dos adultos”. Editora Nacional, página 04.1977.

20-LIMA, Lauro de Oliveira. "Mutações em educação segundo McLuhan”, 1971.

21-MARTINS, João Batista. A noção de identidade sob o olhar damultirreferencialidade: Notas Introdutórias. Artigo publicado na Revista Saúde emDebate - Nº 24 , Rio de Janeiro, dez. 2001.

22-MATURANA, Humberto. Fenomenología del conocer. Revista de TecnologíaEducativa, vol. 8, Nº 3/4, 1983.

23-MATURANA, Humberto. Uma nova concepção de aprendizagem. Palestraministrada para Professores do Ensino Básico, Universidade Católica de Santiago doChile, 20.07.90. 24-MATURANA, Humberto. El sentido de lo humano. Santiago de Chile: Hachette, p.77, 1991. 25-MATURANA, Humberto. Uso da Tecnologia para Aprender no Contexto daBiologia do conhecer. Palestra ministrada no RIBIE - CONGRESSO DA REDE IBERO-AMERICANA DE INFORMÁTICA EDUCATIVA, em Viña Del Mar, dezembro de 2000.

26-MORAN, José Manuel. Novas Tecnologias e o Reencantamento do Mundo.Artigo publicado na revista Tecnologia Educacional, Rio de Janeiro, vol. 23, n.126,setembro-outubro 1995, p. 24-26.

27-MOTTA, P; Gestação Contemporânea: A Ciência e a Arte de Ser Dirigente.Editora Record, Rio de janeiro, 1991.

28-PIAGET, Jean. A Gênese das Estruturas Lógicas Elementares. Rio de Janeiro:Zahar, 1972. 29-QUINTA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO DE ADULTOS -UNESCO, Hamburgo, 1997.

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30-REVISTA TEMA. Publicação da Fundação Oswaldo Cruz, editada pelo ProgramaRadis – Reunião, Análise e Difusão de Informação sobre Saúde - Escola Nacional deSaúde Pública-Rio de Janeiro: Nº 21 nov/dez 2001.

31-ROSA, Lair Margarida da. A Educação de adultos no terceiro milênio. 1999Disponível em : http://www.sinepe-sc.org.br/jornal/out98/geral.htm

32-ROVERE, Mario R. Gestion Estratégica de La Educacion Permanente emSalud/Serie Desarrollo de Recursos Humanos nº 100 – Educación Permanente dePersonal de Salud. Cap III Editores: HADDAD, Jorge; ROSCHKE, Maria Alice C;DAVINI, Maria Cristina, 1985.

33-SANTOS, B. A. A crítica da Razão Indolente: Contra o Desperdício daExperiência. Cortez editora, São Paulo, 2000.

34-SILVA, Maria Beatriz Costa; RIZZO, Raquel; BRANDÃO, Sílvia. A escola e oprocesso formativo na era do @.com. Artigo realizado como atividade do Curso dePós-Graduação em Informática na Educação-UFRGS - 2001

35-SOPHIA, Daniela. “Os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”Revista TEMA Nº 21- nov/dez 2001.

36-VILAS BOAS - 1982, 30 Senac-DN.

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Anexo AQUESTIONÁRIO - Teleconferência

Este questionário faz parte de uma pesquisa de apoio à monografia apresentada aoCurso de Especialização em Informática na Educação da Universidade Federal do RioGrande do Sul (UFGRS) – 2000/2001.

Tema da teleconferência: Abordagem Comunitária no Programa de Saúde da Família- Data de veiculação: 30 de outubro de 2001Horário: 15:35 as 17:00 sLocal: via satélite, através de antena parabólica / freqüência 960 MZ - Polarizaçãovertical-abrangência nacional.Público Prioritário da transmissão: trabalhadores em saúde das Equipes de Saúde daFamília do Paraná – odontólogos, agentes comunitários de saúde, atendentes deconsultório dental, técnicos em higiene dental, médicos, enfermeiros, auxiliares eatendentes de enfermagem, assistentes sociais.Entrevistados: 05 coordenadores regionais do Programa de Saúde da Família doParaná, 02 técnicos em Saúde da Família.

Dados do Entrevistado:Nome:Profissão:Local de trabalho:Cargo:Existe antena parabólica instalada em sua regional de saúde?Quais são suas condições de uso?

1- Como você assistiu a esta teleconferência:( ) ao vivo no dia que foi veiculada via Satélite (antena parabólica)( ) através da fita gravada recebida

2- A divulgação da teleconferência foi:( ) suficiente( ) insuficiente

Se insuficiente, o que poderia melhorar a divulgação?--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

3- A duração da transmissão foi:

( ) suficiente

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( ) insuficiente( ) excessiva

4- A qualidade do som foi:

( ) boa( ) ruim( ) regular

5-A qualidade da imagem foi:

( ) boa( ) ruim( ) regular

6- Em suas explanações os teleconferencistas foram:

( ) claros( ) confusos( ) razoavelmente claros

7-Durante a teleconferência você pode aprofundar seus conhecimentos sobre o temaabordado?

( ) Sim( ) Pouco( ) não

8- Em relação ao público prioritário o tema foi tratado de uma forma:

( ) abrangente( ) não abrangente

Justifique:-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

9- Durante o debate os teleconferencistas:

( ) não acrescentaram nada de novo ao tema( ) acrescentaram dados suficientes para a discussão do tema.( ) acrescentaram poucos dados para a discussão do tema.

10- A produção da teleconferência facilitou a aprendizagem sobre o tema escolhido?

( ) sim

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( ) não

Justifique:-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

11- O encaminhamento das questões feitas pelos participantes através de ligaçãotelefônica foi:

( ) Bom: as respostas às perguntas feitas pelo público foram esclarecidas.( ) Regular: as respostas às perguntas feitas pelo público não foram suficientementeesclarecidas.( ) Ruim: as respostas às perguntas feitas pelo público não foram esclarecidas.

12- Como foi conduzida a teleconferência?

( ) Respeitando o público e teleconferencistas( ) Com pouco respeito ao público e teleconferencistas( ) De uma forma autoritária

13- De uma forma geral, a teleconferência foi:

( ) abaixo das expectativas( ) Corresponderam com as expectativas( ) Acima das expectativas( ) Não havia expectativas

14- Até que ponto o pensamento crítico do público foi requerido nesta teleconferência?

( ) pouco( ) demasiado( ) suficiente

15- Utilizar este recurso (teleconferência) para debater temas específicos do Programade Saúde da Família é:

( ) uma estratégia apropriada para nossa realidade( ) não é apropriada para nossa realidade( ) não sei responder

Justifique:-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

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Outros comentários , críticas e sugestões que você acredita serem úteis noaprimoramento da utilização deste recurso tecnológico na comunicação àdistância:

Muito obrigada por sua atenção e colaboração neste trabalho!

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ANEXO BTabulação de Dados – Questionário Teleconferência

A -Dados dos entrevistados

Profissão: Médica – 1 Dentista – 3 Auxiliar de enfermagem – 1 Técnica em Higiene Dental – 1 Pedagoga/dentista – 1 Total : 07

Cidades participantes: Cascavel, Fazenda Rio Grande, Londrina, Francisco Beltrão,Araucária, Irati.

Possuem antena parabólica: 05 – 71,4 %Não possuem antena parabólica: 1 –14,2 %Desconhece – 01 – 14,2 %

Condições da antena parabólica :Perfeita – 01 – 16,6 %Boas – 04 –66,6 %Ruim – 01 – 16,6 %

B-Dados do Questionário

1- Como você assistiu a esta teleconferência:33.3 % - ao vivo no dia que foi veiculada via Satélite (antena parabólica)66,6 %- através da fita gravada recebida

2- A divulgação da teleconferência foi:66,6 % - suficiente33,3 % - insuficiente

Se insuficiente, o que poderia melhorar a divulgação?- Informar as prefeituras com antecedência a programação prevista através dos

meios de comunicação disponíveis.- É necessário um contato direto com os profissionais da ponta para que haja mais

audiência.- Na data da teleconferência a equipe não ficou sabendo, portanto é difícil opinar

quanto a divulgação. Houve férias e greve da universidade nos últimos meses.

3- A duração da transmissão foi:100% - suficiente0 % - insuficiente0% - excessiva4- A qualidade do som foi:83,35 % - boa

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16,6 % - ruim0 % - regular

5-A qualidade da imagem foi:100% - boa0% - ruim0% - regular

6- Em suas explanações os teleconferencistas foram:100% - claros0% - confusos0% - razoavelmente claros

7-Durante a teleconferência você pode aprofundar seus conhecimentos sobre o temaabordado?83,3% - Sim16,1% - Pouco0% - Não

8- Em relação ao público prioritário o tema foi tratado de uma forma:83,5 - abrangenteJustifique:

- Abordou o papel de cada profissional de saúde no PSF e fundamentou o vínculocom a equipe odontológica

- Toda promoção de saúde abordada no vídeo, visando a melhoria da qualidade devida das comunidades, abrange não somente informações técnicas, mas tambémconceitos éticos fundamentais na prática do PSF, conscientizando mais otrabalhador do sistema. E também são ficou no campo teórico, mas forneceuamplos indicativos da abordagem prática de famílias na comunidade.

- O tema foi tratado com relação à diversas experiências.- O tema foi abordado por pessoas de diversas áreas de formação, com vasta

experiência profissional e boa análise de conjuntura, o que conferiu aabrangência necessária ao tema.

16,6 % - não abrangenteJustifique

- Os temas abordados foram tratados de maneira satisfatória, porém, o tempoacabou sendo pouco, pois outros temas poderiam ter sido abordados. O tempodestinado a apresentação de cada conferencista foi um pouco extenso.

9- Durante o debate os teleconferencistas:0% - não acrescentaram nada de novo ao tema100%- acrescentaram dados suficientes para a discussão do tema.0% - acrescentaram poucos dados para a discussão do tema.

10- A produção da teleconferência facilitou a aprendizagem sobre o tema escolhido?100% - sim0% - não

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Justifique-- Ao colocar a mesa, conferencistas de profissão diversificadas e ao abrir espaço

via fax e fone.- Para municípios com pouca experiência no PSF, toda informação é vem vinda,

ajudando a refletir no desdobramento do programa, para maior efetividade dasações, e melhor atendimento dos usuários do sistema. Os apresentadores do temasão profundamente capacitados, acrescentando e inovando conceitos de práticade saúde.

- Mostrou de maneira abrangente para toda a equipe do PSF a função da equipe desaúde bucal dentro do conceito de saúde da família. Uma conferência maisdirecionada a equipe de saúde bucal seria interessante, assim como um para aenfermagem, pois os temas poderiam ser discutidos mais profundamente umavez que o público alvo seria previamente selecionado.

- O tema é amplo é deve ser apresentado mais vezes em outras oportunidades,podendo ser feito por um profissional de cada vez, por área. Ex: enfermeiro,médico, odontólogo, auxiliares, agentes comunitários de saúde; exemplificandoa abordagem comunitária.

- Saúde Bucal ainda é um assunto novo no Programa de Saúde da Família.- As dúvidas são tiradas no momento, ao vivo.- Os teleconferencistas foram deixados à vontade, e foi criado um clima

descontraído.

11- O encaminhamento das questões feitas pelos participantes através de ligaçãotelefônica foi:100% - Bom: as respostas às perguntas feitas pelo público foram esclarecidas.0% - Regular: as respostas às perguntas feitas pelo público não foram suficientementeesclarecidas.0% - Ruim: as respostas às perguntas feitas pelo público não foram esclarecidas.

12- Como foi conduzida a teleconferência?100% - Respeitando o público e teleconferencistas0% - Com pouco respeito ao público e teleconferencistas0% - De uma forma autoritária

13- De uma forma geral, a teleconferência foi:0% - Abaixo das expectativas83,3% - Corresponderam com as expectativas16,6% - Acima das expectativas0% - Não havia expectativas

14- Até que ponto o pensamento crítico do público foi requerido nesta teleconferência?16,6% - pouco0% - demasiado83,3% - suficiente

15- Utilizar este recurso (teleconferência) para debater temas específicos do Programade Saúde da Família é:

66,6% - uma estratégia apropriada para nossa realidade

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- A teleconferência, diferente da videoconferência, facilita a participação porquepodemos assistir e participar mesmo fora do horário de trabalho, pois muitaspessoas tem antena parabólica em casa. Não depende de ir a um local específico.Todos os municípios tem antenas parabólicas, permiti do assim a participaçãodas equipes sem maiores gastos.

- É um recurso fácil e barato de ser utilizado por qualquer profissional, desde queutilize a fita gravada, pois não existe antena parabólica em todos os municípios .Para o profissional que trabalha em municípios onde há escassez de recursos, hádificuldade de acesso a livros e Internet. Esta é uma forma de aprofundamento.

33,3% - não é apropriada para nossa realidadejustifique-

- Ainda não é apropriada pelo fato de nossa população e nossos profissionais nãoestarem preparados para utilizarem estes recursos. Mas não se deve parar, vamosprocurar adequá-los para este fim. Aumentando a divulgação e procurandoatingir o maior número de pessoas.

- Nossos municípios e regional de saúde nem sempre param para assistir, porcoincidir com atividades já programadas e enquanto regional, pela péssimaqualidade de imagem.

16,6% - não sei responder

Outros comentários , críticas e sugestões que você acredita serem úteis noaprimoramento da utilização deste recurso tecnológico na comunicação àdistância:

- Nos municípios pequenos os profissionais têm dificuldades por não terem nolocal de trabalho a antena parabólica. As vezes se deslocam para outro local .Ex: vão para uma escola para conseguir assistir ou gravar a transmissão.

- Assisti atentamente a fita e me surpreendi com a qualidade da imagem, som eclareza nas explanações. Destaco as falas dos componentes da mesa: clareza,convicção, abordagem dos assuntos exemplificando-os. Sugiro um evento comas equipes de saúde bucal com a participação destes conferencistas. Sugirotambém que cada regional receba cópia das fitas desta teleconferência.

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Anexo cQuestionário - Uso de Vídeos Educativos em Saúde

Este questionário faz parte de uma pesquisa de apoio à monografia apresentada aoCurso de Especialização em Informática na Educação da Universidade Federal do RioGrande do Sul (UFGRS) – 2000/2001 tendo como objetivo principal avaliar autilização de Vídeos Educativos em Saúde nas 22 Regionais de Saúde (RS) daSecretaria Estadual de Saúde do Paraná- Sesa.

Nome:Profissão:Endereço:Número de municípios que fazem parte da regional de saúde:Quantidade de aparelhos de televisão:Quantidade de aparelhos de vídeo cassete:Possui acervo de fitas vídeo?Informar títulos e quantidades de fitas de vídeos existentes na área de educação emsaúde:

Você procura transmitir conhecimentos em saúde para o usuário em seu local detrabalho?( ) Sim( ) Não

Em caso afirmativo, marque o método ou métodos que utiliza:

( ) aconselhamento durante a consulta( ) palestras( ) encenações( ) marionetes( ) murais( ) sessões de vídeo

Você participa de algum programa educativo em sua Regional de Saúde (RS)?( ) Sim( ) Não

Em caso afirmativo qual o programa?

3. Que recursos materiais a Regional de Saúde lhe oferece para educação do usuário? ( ) retroprojetor ( ) transparências ( ) projetor de slides ( ) Slides ( ) álbum seriado

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( ) televisão ( ) vídeo cassete ( ) filmes de vídeo educativos em saúde ( ) modelos ( ) outros Identificar:

4. A utilização do vídeo como instrumento de educação em saúde em seu local detrabalho é:( ) uma atividade realizada dentro de um programa continuado de educação em saúde.( ) uma atividade realizada isoladamente.

5.Você utiliza o vídeo:

( ) com muita freqüência( ) com pouca freqüência( ) raramente( ) nunca

6. Os vídeos educativos em saúde com os quais você trabalha são provenientes:( ) produções do Ministério da Saúde( ) produções da Secretaria Estadual de Saúde( ) produções de fontes variadas( ) produções próprias

7. Caso trabalhe com vídeos do Ministério da Saúde, eles fazem parte de qual série?( ) Viva Legal( ) Saúde na Escola( ) outra

identificar:

8. Os vídeos de que você dispõe para a educação do usuário são de propriedade:( ) da própria unidade de Saúde( ) emprestados da Secretaria Estadual de Saúde( ) outros

Se utilizar o vídeo na educação do usuário, qual é o local onde os vídeos sãoveiculados?( ) no Centro de Saúde( ) em locais da comunidade( ) nos dois

10. Nos casos de serem transmitidos na comunidade, cite os locais mais utilizados:

11. Quais os temas de vídeos que são mais utilizados por você ou sua equipe?

12. As pessoas para as quais você realiza as sessões de vídeo são: ( ) crianças

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( ) adolescentes ( ) adultos ( ) idosos

13. As sessões de vídeo são acompanhadas de alguma atividade?

( ) debate posterior à apresentação( ) trabalho em equipe( ) palestra( ) atividades motivacionais( ) avaliação dos resultados obtidos

14. Como sua comunidade recebe os vídeos educativos?

( ) com muito interesse( ) com algum interesse( ) com pouco interesse( ) sem interesse

15. Você acredita que a utilização do vídeo como instrumento de educação em saúde éeficaz?

( ) sim( ) não

Justifique:

16. Você saberia citar qual (is) a (s) principal (is) característica que um vídeoeducativo deve ter para atrair o interesse do público? Em caso afirmativo quais seriam?

Muito Obrigada pela atenção e colaboração com este trabalho!

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ANEXO DTabulação de Dados –Questionário Vídeo

A- Dados das Regionais de Saúde

1º RS – Número de Municípios : 07 respondeu o questionário mas não informou os dados

2º RS – Número de Municípios: 29 03 aparelhos de tv 02 vídeos cassete Possui acervo de fitas – 53 fitas

3º RS – Número de Municípios: 12 01 aparelho de TV 01aparelho de vídeo cassete Possui acervo de fitas – 81 fitas

4º RS –Número de Municípios: 09 01 aparelho de TV 01 aparelho de vídeo cassete Possui acervo de fitas –120 fitas

5º RS – Número de Municípios: 20 01 aparelho de TV 02 vídeos cassete possui acervo de fitas- 168 fitas

6º RS - Número de Municípios: 09 01 aparelho de TV 01 vídeo cassete Possui acervo de fitas – informou: várias

7º RS - Número de Municípios: 15 02 aparelhos de TV 02 aparelhos de vídeo cassete Possui acervo de fitas – 50 fitas da série Viva Legal 25 fitas do kit PSF 14 fitas avulsas 193 fitas antigas de qualidade ruim

8º RS - Número de Municípios: 27 01 aparelho de TV 01 aparelho de vídeo cassete Possui acervo de fita – 53 fitas da série Viva legal 26 fitas do Programa Agentes em Ação 68 fitas de educação em saúde diversas

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9º RS - Número de Municípios: 09 03 aparelhos de TV 02 aparelhos de vídeo cassete Possui acervo de fitas – kit de 53 vídeos encaminhados pela Escola de Saúde Pública; 25 fitas do Programa Agentes em Ação; e 21 títulos variados de saúde

10a RS - Número de Municípios: 25 01aparelho de TV 01aparelho de vídeo cassete Possui acervo de fita – ACS 5 títulos avulsos de saúde

11a RS - Número de Municípios: 25 01 aparelho de TV 01 aparelho de vídeo cassete Possui acervo de fitas – 161 fitas

12ª RS - Número de Municípios: 21 02 aparelhos de TV 02 aparelhos de vídeo cassete Possui acervo de fitas – 114 fitas

13ª RS - Número de Municípios: 11 01 aparelho de TV 01 aparelho de vídeo cassete Possui acervo de fitas – Viva Legal – 50 títulos Kit PSF – 25 títulos Kit escola + saúde 18 títulos de saúde avulsos

14º RS- Número de Municípios: 28 02 aparelhos de TV 03 vídeos cassete Possui acerto de fitas – Kit Viva Legal Kit Saúde escolar Kit Pacs/Psf

15ª RS - Número de Municípios: 30 01 aparelho de TV 01 aparelho de vídeo cassete Possui acervo de fitas – kit “agentes em ação” 176 fitas avulsas

16º RS – Número de Municípios: 16

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02 aparelho de TV 01 vídeo cassete Possui acervo de fitas – 11 fitas

17º RS – Número de Municípios: 21 02 aparelhos de TV 02 vídeos cassete Possui acervo de fitas – 112 títulos

18ª RS - Número de Municípios: 23 01 aparelho de TV 01 aparelho de vídeo cassete Possui acervo de fitas – kit do Programa Agentes Comunitários de Saúde 7 itens avulsos sobre saúde

19a RS - Número de Municípios: 22 01 aparelho de TV 01 aparelho de vídeo cassete Possui acervo de fitas – 52 fitas

20a RS - Número de Municípios: 18 01 aparelho de TV 01 aparelho de vídeo cassete Possui acervo de fitas – 170 fitas sendo que apenas 30% são temas atualizados

21a RS - Número de Municípios: 07 02 aparelhos de TV 02 aparelhos de vídeo cassete Possui acervo de fitas – 112 títulos

22º RS – Número de Municípios: 17 não respondeu o questionário

SOMATÓRIO E PERCENTUAL DOS DADOS DAS R.S.

Número de Regionais de Saúde do Paraná: 22Número de Regionais de Saúde que responderam o questionário: 21Total: 95,4 % das RS solicitadas responderam o questionário

1 TV e 1 vídeo cassete 11 RS – 52,3 %1 TV e 2 vídeos cassete 01 RS – 4,7 %2 TV e 2 vídeos cassete 03 RS – 14,2 %3 TV e 2 vídeos cassete 02 RS – 9,5 %2 TV e 3 vídeos cassete 01 – 4,7 %Total: 100 % das RS possui televisão e vídeo cassete 100 % das RS possui acervo de fitas de vídeo sobre educação em saúde

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B - Dados do Questionário

Quantidade de profissionais entrevistados:

Assistente social - 03Enfermeiro -12Médico - 02Pedagogo - 04Psicólogo - 01Técnico de Enfermagem - 01Funcionário público estadual - 02Cargo de chefia –02Não informou a profissão – 01TOTAL: 28

Você procura transmitir conhecimentos em saúde para o usuário em seu local detrabalho?( ) Sim 28 (100%)( ) Não 00 (0%)

Métodos de educação em saúde utilizados:Aconselhamentos durante a consulta–12 ( 42,8 %)Palestras – 28 ( 100%)Encenações –04 (14,2 %)Marionetes-02 ( 7,1 %)Murais – 11 ( 39,2%)Sessões de vídeo – 22 (78,5 %)

2. Participa de programa educativo em sua Regional de Saúde?

Sim – 24 (85,7%)Não – 04 (14,2%)

Programas educativos citados:-Saúde Mental-Terceira Idade-Conselho de Saúde-TV Saúde-Junto à Universidade-Aleitamento Materno-Sexualidade-Tabagismo-Saúde do Adolescente-Saúde da Mulher-Saúde do Idoso-Dst/Aids-Drogas

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-Hipertensão-Grupo de Gestantes-Planejamento Familiar-Programa de Saúde da Família/PACS-Prevenção do Câncer-Cólera-Controle de Agravos-Esquistossomose-Programa de Tv-Treinamentos e Oficinas-Febre Amarela-Malária-Leishmaniose-Dengue-Doença de Chagas-Comissão Municipal de Saúde

3. Recursos materiais disponíveis para educação em saúde:

Retroprojetor – 25 (89,2%)Transparências –25 (89,2%)Slides – 11 (39,2%)Projetor de Slides – 20 (71,4%)Álbum seriado – 23 (82,1%)Vídeo cassete – 27 (96,4%)Fitas de vídeo – 28 (100%)Modelos - 08 (28,5%)Apostilas – 22 (78,5%)Folders – 04 (14,2%)Cartazes- 04 ( 14,2%)

4. A utilização do vídeo como instrumento de educação em saúde em seu local detrabalho é:

Uma atividade realizada dentro de um programa continuado de educação em saúde – 20(71,4%)Uma atividade realizada isoladamente - 08 (28,5%)

5. Você utiliza o vídeo com:

Muita freqüência - 16 (57,1%)Pouca freqüência - 10 (35,7%)Raramente - 02 (7.1%)Nunca – 00 (0%)

6. Os Vídeos educativos em saúde com os quais você trabalha são provenientes:

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Do Ms – 25 (89,2%)Fontes variadas – 14 (50%)Sec. Est. Saúde – 25 (89,2%)Produção própria – 04 (14,2%)“Cópias piratas” - 01 (3,5%)

7. Caso trabalhe com vídeos do MS, eles fazem de qual série?

Viva Legal – 20 (71,4%)Saúde na escola - 13 (46,4%)Outras: 16 (57,1%)Foram citadas:PACS/PSF: 08 (28,5%)FIOCRUZ: 01(3,5%)DST/AIDS 01(3,5%)Teleconferências e cursos gravados : 01 (3,5%)Funasa- videoteca para a saúde – 01 (3,5%)Programa de controle da dengue – 01Programa de controle da hanseníase e tuberculose – 01(3,5%)Programa de controle de vacinas –01

8. Os vídeos do quais você dispõe para trabalhar pertencem:

À regional de saúde –18 (64,2%)Emprestados da Sec. Est. Saúde – 10 (35,7%)Outros – 07 (25%)Videoteca própria- 02 (7,1%)Secretaria da educação –01 (3,5%)Não informou - 01 (3,5%)

9. Se utiliza o vídeo na educação do usuário, qual é o local onde os vídeos sãotransmitidos?

Na unidade de saúde – 03 (10,7 %)Locais da comunidade – 12 (42,8%)Nos dois -12 (42,8%)Não informou – 01 (3,5%)

10. Nos casos de serem transmitidos na comunidade, cite os locais mais utilizados:Locais citados:Escolas públicas e particulares, centros comunitários, clube de mães, auditórios, salas deaula, anfiteatros, instituições, clubes, Igrejas, cursos profissionalizantes, entidadessociais, Secretarias Municipais de Saúde, Associação de Moradores, Grupos deMulheres nas Comunidades Rurais, creches, empresas.

11. Temas de vídeo mais utilizados:

DST/AIDS 45% ; saúde da família/Pacs 45% ; planejamento familiar 20% ; tabagismo20% ; alcoolismo 15% ; tuberculose 10% ; adolescência 10% ; gravidez na adolescência

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15% ; aleitamento materno 10% ; verminoses 10% ; dengue, 13% ; hantavirose 5% ;violência 5% ; métodos anticoncepcionais 5% ; nutrição 5% ; doenças respiratórias 5% ;vacinas 5% ; parto 5% ; educação sexual 5% ; saúde da criança 4%; saúde da mulher4%; prevenção do câncer 4%; tratamento da água 3,5% ; diabete 3,5%; hipertensão3,5% ; saúde bucal 4%; parto 3,2 %; prevenção de agravos 3,5%.

12 .As pessoas para as quais você realiza as sessões de vídeos são:

Crianças – 10 ( 35,7%)Adolescentes - 19 (67,8%)Adultos - 26 (92,8%)Idosos -12 (42,8%)

13. As sessões de vídeo são acompanhadas de alguma atividade?

Debate posterior a apresentação - 22 (78,5%)Trabalho em equipe - 15 (53,5%)Palestra - 20 (71,4%)Atividades motivacionais - 11 (39,2%)Avaliação dos resultados -12 (42,8%)

14. Como sua comunidade recebe os vídeos?

Com muito interesse - 22 (78,5%)Com algum interesse - 06 (21,4%)Com pouco interesse – 00 (0%)Sem interesse - 00 (0%)

15. Você acredita que a utilização do vídeo como instrumento de educação em saúde éeficaz?

Sim – 28 ( 100%)Não – 00 ( 0%)

Justificativas encontradas:

O vídeo permite vivenciar o assunto; prende a atenção, fixa as imagens; as informaçõessão melhor compreendidas, além de se tornarem menos cansativos que palestras; opúblico demonstra maior interesse, assimila melhor e participa das discussões; asimagens chamam mais atenção do que alguém falando, o vídeo reforça aquilo que foifalado; os resultados são vistos de imediato; estimula, ilustra e reforça aspectosfundamentais de promoção, prevenção/ diagnóstico; o estímulo visual permite maioratenção e aprendizagem; informa, conscientiza; é um recurso diferente, sai da rotina deum palestrante sozinho falando, motiva mais o participante a visualizar o temaabordado; atinge o público alvo em pouco tempo com orientações simples e diretas; éilustrativo, prático, provoca questionamentos e posterior avaliação; é um recurso queconcentra a atenção das pessoas; geralmente coloca as questões de forma simples, defácil compreensão, proporciona discussão, lança assunto para continuidade de diálogo;

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viabiliza repasse de informações para posterior aplicação prática; gera polêmica eestimula o debate; é uma ferramenta capaz de facilitar o processo de apreensão dosconteúdos, principalmente por parte do adulto.

16. Você saberia citar qual(is) a(s) principal(is) característica que um vídeo educativodeve ter para atrair o interesse do público? Em caso afirmativo, quais seriam?

Ser claro, objetivo, alegre, colorido, criativo, dinâmico, ilustrativo, atrativo, apresentarum bom texto, com boa dicção, boa visualização, boa qualidade técnica e da fita em si,mudar bastante de cenário, ser atual tanto nas imagens quanto no conteúdo científico,utilizar um vocabulário dirigido à clientela, incluir situações reais, evitar monólogos,possuir imagens coerentes com o assunto, trilhas sonoras adequadas e interessantes,utilizar pessoas da mídia, despertar nas pessoas reflexões sobre o tema abordado, terlinguagem acessível e motivadora para alcançar o objetivo proposto. Foi bastanteenfatizada a importância da curta duração para permitir a realização de um debate apósa sessão e também porque vídeos longos podem se tornar cansativos e poucoproveitosos. O tempo deve ser adequado ao conteúdo, a clientela e ao objetivo, o temadeve ter conexão com a realidade; capacidade de induzir o processo de reflexão sobre arealidade vivida.