aprendizagem em ambientes virtuais

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Aprendizagem em Ambientes Virtuais Maria Aparecida Trarbach Polo: Domingos Martins Introdução: Pretende analisar as discussões produzidas no fórum “Ensino Tradicional em Questão” do curso lato sensu em Mediadores da Educação a Distância, da turma “Marlim Azul” no período de 14 a 27 de abril de 2011, como proposta da disciplina de Metodologia EaD, coordenada pela Professora Cláudia Murta, no sentido de apontar as diferentes posturas do mediador instrutor e o instrutor emancipador e comparar a proposta de educação emancipadora com a proposta de ensino e aprendizagem na modalidade EAD e avalie a postura do mediador em questão. O fórum em questão contou com a participação de 11 cursistas e 17 postagens. A partir das postagens, estabeleceu-se um quadro comparativo buscando apontar as diferentes posturas do mediador instrutor e o instrutor emancipador e como a educação emancipadora se insere na aprendizagem na modalidade EAD. Inicialmente copiamos todos os comentários, extraindo as ideias centrais que constituíram a base para construirmos um conceito colaborativo, como se o discurso de todos fosse o discurso de um. Como técnica do estudo utilizamos o “discurso do sujeito coletivo” com base na Teoria da Representação Social, que apresenta “uma adequada descrição do imaginário disponível sobre um dado tema ou temática, numa dada formação social, num dado momento histórico” (LEFÉVRE; LEFÉVRE; TEIXEIRA, 2000,p.34) dispondo assim, dos instrumentos adequados para delimitar, com o devido rigor, os contornos da representação da mediação pedagógica em EAD e os seus pressupostos, na medida em que as ideias que um grupo verbaliza pode expressar o pensamento de um grupo maior. Esta sistematização foi usada apenas para efeito de análise e discussão, pois as representações que compõem o discurso estão absolutamente imbricadas. A partir das contribuições foi possível estabelecer a concepção dos cursistas quanto às diferenças presentes nas duas tendências apresentadas.....

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Page 1: Aprendizagem em ambientes virtuais

Aprendizagem em Ambientes Virtuais

Maria Aparecida Trarbach

Polo: Domingos Martins

Introdução:

Pretende analisar as discussões produzidas no fórum “Ensino Tradicional em Questão” do

curso lato sensu em Mediadores da Educação a Distância, da turma “Marlim Azul” no

período de 14 a 27 de abril de 2011, como proposta da disciplina de Metodologia EaD,

coordenada pela Professora Cláudia Murta, no sentido de apontar as diferentes posturas do

mediador instrutor e o instrutor emancipador e comparar a proposta de educação

emancipadora com a proposta de ensino e aprendizagem na modalidade EAD e avalie a

postura do mediador em questão.

O fórum em questão contou com a participação de 11 cursistas e 17 postagens. A partir das

postagens, estabeleceu-se um quadro comparativo buscando apontar as diferentes posturas

do mediador instrutor e o instrutor emancipador e como a educação emancipadora se insere

na aprendizagem na modalidade EAD. Inicialmente copiamos todos os comentários,

extraindo as ideias centrais que constituíram a base para construirmos um conceito

colaborativo, como se o discurso de todos fosse o discurso de um. Como técnica do estudo

utilizamos o “discurso do sujeito coletivo” com base na Teoria da Representação Social, que

apresenta “uma adequada descrição do imaginário disponível sobre um dado tema ou

temática, numa dada formação social, num dado momento histórico” (LEFÉVRE;

LEFÉVRE; TEIXEIRA, 2000,p.34) dispondo assim, dos instrumentos adequados para

delimitar, com o devido rigor, os contornos da representação da mediação pedagógica em

EAD e os seus pressupostos, na medida em que as ideias que um grupo verbaliza pode

expressar o pensamento de um grupo maior. Esta sistematização foi usada apenas para

efeito de análise e discussão, pois as representações que compõem o discurso estão

absolutamente imbricadas.

A partir das contribuições foi possível estabelecer a concepção dos cursistas quanto às

diferenças presentes nas duas tendências apresentadas.....

Page 2: Aprendizagem em ambientes virtuais

2 Fórum: instrumento de interação e aprendizagem

O fórum é um recurso utilizado para apoiar a interação entre cursistas, tutores e professores

especialistas, para troca de informações, retomada de conceitos, aprofundamento de estudos,

constituindo um importante instrumento de aprendizagem na Educação a Distância (EaD)

produzido de forma colaborativa, e de certa forma propicia a presencialidade no Ambiente

Virtual de Aprendizagem (AVA) e cria uma rede de aprendizagem online.

Para Carvalho (2009) as redes de aprendizagem são redes sociais que apresentam

características do processo de ensino como: objetivo educativo, planejamento e um ou mais

professores entre os integrantes da rede que só mantêm pela participação e interação dos

integrantes.

Para tanto, algumas dicas são importantes para uma boa participação no fórum. Costa e

Marins (on line) elencam três dicas que facilitam a interação e aprendizagem da rede:

leitura, boa redação e saber fazer perguntas.

A leitura cuidadosa dos textos auxilia na compreensão e reflexão das ideias do autor e

auxilia na elaborar das nossas próprias questões.

As mensagens devem ser curtas, claras, simples e adequadas aos argumentos, pois assim

evita-se erros de interpretação. As autoras sugerem cuidado redobrado nas respostas “ao

responder às mensagens dos outros, pense em questões interessantes. Isto ajuda todos os

participantes a refletirem sobre o assunto e aprenderem” (COSTA; MARINS, s.d. p.7). Uma

boa dica é limitar o quantitativo de palavras por post, pois ajuda na habilidade de síntese do

estudante, bem como revisar o texto antes da postagem. Ressalta-se que após o envio é

possível modificar a mensagem em até 30 minutos.

As perguntas nos ajudam a organizar a informações, avaliar e criar idéias, e, ainda “um bom

modo para ajudar outras pessoas a refletirem sobre um assunto” (COSTA; MARINS

s.d.,p.7) com a finalidade de auxiliar o processo de aprendizagem.

3. O trabalho de tutoria: instrução ou emancipação? A partir das respostas do fórum: “Comentar o texto Ensino Tradicional em questão” procurei

extrair das postagens fragmentos que pudessem 1) apontar as diferenças entre as posturas do

mediador instrutor e o instrutor emancipador; 2) estabelecer uma comparação entre a

educação emancipadora e o ensino aprendizagem na modalidade EaDe 3) avaliar a postura

do tutor a partir destas duas abordagens.

Page 3: Aprendizagem em ambientes virtuais

Os depoimentos não foram retirados na íntegra, pois as mensagens enviadas ao fórum foram

longas e algumas sem focar diretamente o assunto em questão. Este procedimento corrobora

com a recomendação de Costa e Marins (s.d.) de que “mensagens longas podem se tornar

pouco objetivas e desestimular nossos leitores” e, portanto, foram retirados somente os

excertos que se relacionam com os objetivos estabelecidos.

3.1 O mediador instrutor Nos fragmentos abaixo extraídos do fórum, o mediador instrutor possui as seguintes características: [...] traduz na sua relação com os alunos falta de espaço para a crítica e construção de conhecimento, fazendo intervenções como se fosse o detentor do saber; encaminham aos alunos textos imensos, sem deixar claros objetivos, e as formas de utilizá-lo; as atividades pedem em seus enunciados respostas que são meras reproduções dos textos sem a preocupação da aprendizagem para competência técnica e como pratica social emancipadora; está ausente da discussão fazendo com que o aluno se sinta sozinho (Goretti).

[...] Muitos deles ainda, querem a presença do professor, ainda não se sentem capazes de serem donos da sua busca pelo conhecimento (Liana)

[...] uma educação conteúdista onde devemos considerar que a simples transmissão de conhecimentos não pode e não deve ser algo simplesmente realizado para que acha o acúmulo de conteúdos os quais muitas das vezes são desnecessários ao cotidiano de nossos alunos [...] (Luciana) [...] se baseia na técnica da retórica,[...] método de ensino bancário ( Margareth) [...] uma mera transmissão passiva de conteúdo pelo professor ( Maria Márcia) [...] dependência dominadora, que inclui dentre outras a relação de dominação do educador sobre o educando. (Maria Eunice) [...] professor “ensinante” [...] depósitos de conhecimentos alienantes ou críticos, que são aplicados através de conteúdos e lições às pessoas, como se fossem conta bancária ( Maria Leida) [...] desempenha o papel de detentor do saber, na comunicação dirigida e na reprodução de ideias. (Maria Aparecida T) [...] impõe a presença do mestre que transmite o conhecimento; [...] aquele que é dono do saber [...] com discursos eloquentes recheados desconhecimentos subjetivos e empíricos, valores morais e éticos, visando à reprodução do pensamento [...] (Marcelo) Sintetizando o grupo entende o mediador instrutor como: “ o mestre que transmite o conhecimento”, “desempenha o papel de detentor do saber, na comunicação dirigida e na reprodução de ideias” suas aulas “se baseiam na técnica da retórica [...] no ensino bancário”, “uma mera transmissão passiva de conteúdo pelo professor”, resultando em “uma educação conteudista”, “sem espaço para a crítica e construção do conhecimento” que só se efetiva pela “presença do professor, “ ensinante”.

No discurso, percebe-se que o ato de ensinar, nesta perpectiva pressupõe uma relação dual, o

mestre e o discípulo, alguém que ensina e outro que aprende. É uma relação de

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interdependência, pois estamos sempre precisando do outro para que o ensino se efetive. O

ensino é então, vinculado ao mestre que transmite conteúdos e o discípulo que os recebe

passivamente, podendo ou não ocorrer à aprendizagem. Sob essa perspectiva não se pode

ensinar quando um dos elementos (quer seja o mestre ou o aprendiz) não está presente no

processo, como bem explicitado nas mensagens deste fórum.

O ensino é um processo externo ao individuo, que deve culminar com a aprendizagem, mas

não significa necessariamente que vamos obter sucesso, por ser um processo “de fora para

dentro”. Assim a aprendizagem vincula-se ao sujeito passivo, que reproduz as ideias do

professor, podendo dar ou não significado aos conhecimentos produzidos A educação é vista

como produto pronto e acabado, pautada na instrução e memorização ou seja, conteudista,

que Freire ( 1983) denomina de bancária. A escola é um único lugar em que esta se realiza.

3.2 O mediador emancipador

No contraponto os depoimentos relevam que o mediador emancipador:

“ participa ativamente junto aos alunos fazendo com que eles sintam sua presença, seu interesse e sua

importância no processo incentivando a aprendizagem e gerenciando o desenvolvimento do curso; [...]

estimula a crítica e a aprendizagem colocando-se como aprendiz junto ao grupo; [...] propõe atividades em

que os alunos precisam pensar e construir conhecimentos para aplicação prática em suas vidas, tanto nos

aspectos técnicos como nos políticos e sociais” (Goretti)”

“O aluno é responsável por sua aprendizagem e o tutor é um incentivador e orientador dessa

aprendizagem” (Maria Marcia)

“O mestre emancipador deve interrogar para ser instruído e não para instruir" Leomar,

“Assim como o professor, também o aluno precisa desconstruir o paradigma tradicional que experimentou,

para assimilar um novo modo de ser e aprender”. Luciana

“[...] a educação assume um papel contestador quando podemos considerar que não somente em ambientes

formais de educação ocorre o aprendizado [...] educa-se através do diálogo em meio às práticas

socioculturais e políticas, considerando ainda as experiências trazidas conosco por meio de nossas vivências

cotidianas [...] Assim considerando que “ ninguém educa ninguém”, e acreditando que a educação consiste em

um processo ora complexo,ora simplificado onde em muitas das ocasiões o que vale é o que se aprende seja

por indução , seja sozinho, seja por meios tradicionais ou modernos na educação” (Liana)

“[...] crianças livres conversando entre si, saindo e entrando enquanto aprendem. Podemos ainda perceber

a tranquilidade e facilidade da metodologia de ensino do professor que dá continuidade a sua didática sem se

preocupar com as conversas paralelas” (Marcia)

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“[...] há uma mudança no foco do processo de formação dos sujeitos. Desloca-se o eixo do ensino para a

aprendizagem, do professor para o estudante, do objeto para o produto, e tudo isso, muda a partir da

forma como é realizada a mediação. Portanto, é a forma como as informações são mediadas é que difere

uma postura de outra quer seja emancipatória ou tradicional” (Maria Aparecida)

“Um professor emancipador é aquele que percebe que para aprender basta a vontade do aluno. Ao ensinar

aquilo que ignora o professor encaminha o aluno a utilizar sua própria inteligência. O mestre emancipador

deve interrogar para ser instruído e não para instruir. [...] O aluno emancipado pensa. [...] O professor

passa a ter o papel de orientador, de animador da inteligência e um incentivador da aprendizagem e do

pensamento” (Margareth)

[...] a relação entre o professor e o aluno é uma relação de troca, exigindo uma atitude de transformação da

realidade conhecida [...] É uma educação conscientizadora, emancipadora que busca transformar a

realidade onde educando e educador aprofundam seus conhecimentos em torno do mesmo objetivo para

intervir sobre eles (Maria Márcia).

[...] existe uma relação de troca horizontal entre educador e educando exigindo-se nesta troca, atitude de

transformação da realidade conhecida ( Maria Eunice)

[...] O orientador deve ser mais presente, construindo também conhecimento, pois segundo Freire há uma troca

de experiência, o mestre emancipador deve interrogar para ser instruído e não para instruir. [...] a educação é

uma conduta dialógica (Maria Leida)

[...] o mestre emancipador auxilia o estudante a descobrir caminhos e possibilidades no seu processo de

aprendizagem ( M.A.T.).

[...] o mestre como aquele que acompanha o aprendiz [...] aquele que deve dar suporte e ser capaz de

instigar seus alunos à uma investigação dos conhecimentos, a fim de construir um novo saber [...]

acompanha o interlocutor na construção do seu conhecimento e direciona o processo de aprendizagem do

aluno (Marcelo).

O discurso produzido coletivamente acerca do mediador emancipador evidencia:

“O aluno é responsável por sua aprendizagem e o tutor é um incentivador e orientador dessa

aprendizagem” que “auxilia o estudante a descobrir caminhos e possibilidades no seu processo de

aprendizagem”, “educa através do diálogo em meio às práticas socioculturais e políticas” . “Desloca-se

o eixo do ensino para a aprendizagem, do professor para o estudante, do objeto para o produto, e tudo

isso, muda a partir da forma como é realizada a mediação” pautado em “ um novo modo de ser e

aprender”, em que para “aprender basta a vontade do aluno”. A relação entre o professor e o aluno é

uma relação de troca” “[...] crianças livres conversando entre si, saindo e entrando enquanto aprendem”

“ numa relação de troca horizontal”. “É uma educação conscientizadora, emancipadora”, “ uma

conduta dialógica”, desta forma “acompanha o aprendiz e dá o suporte, instiga seus alunos à uma

investigação dos conhecimentos, a fim de construir um novo saber [...], acompanha o interlocutor na

construção do seu conhecimento e direciona o processo de aprendizagem do aluno”.

Page 6: Aprendizagem em ambientes virtuais

Para os participantes deste Fórum a educação acontece sem a figura impositiva do mestre,

ou seja, “o aluno pode aprender tão somente pela tensão de seu desejo” (MURTA, 2008,

p.33), aprende-se por necessidade ou prazer. Assim, não é preciso que o professor discorra

sobre as informações, numa concepção que Freire denomina como bancária. As informações

são acessadas à medida que o estudante sente vontade ou necessidade de fazê-la. A forma de

aquisição do saber, ocorre de forma interativa. Aprendemos nas relações com o outro, na

articulação teoria e prática, nas reflexões grupais na compreensão do contexto de estudo e

por outras formas de mediação como os livros, a internet, etc. Assim, a aprendizagem se

caracteriza como independente, autônoma e no ritmo de cada aprendiz.

3.3 Ensino –aprendizagem na Modalidade EaD

Na Educação a Distância, a mediação pedagógica pode ser realizada por diferentes mídias,

com maiores possibilidades de estudos e diferentes formas de aprendizagem. A mediação

pedagógica, nesta abordagem abre caminhos entre as relações do estudante com os materiais

de estudo e o seu contexto. É a mobilização do estudante para a investigação e a

problematização com o auxílio de diferentes mídias como: o material impresso, os recursos

audiovisuais e eletrônicos. O entendimento é que o caminho para o ato educativo envolve a

iniciativa do tutor, dos estudantes e as mídias, de forma a constituir uma rede de

interrelações de forma dialógica. Aprendemos com Freire, que no processo de aprendizagem

não há mestres nem discípulos, apenas aprendizes. Neste sentido, aprendemos nas relações e

com o outro, o ato de ensinar é um processo de mão dupla, de reciprocidade, de interação

entre tutor e estudantes.

Ações do Tutor no Ambiente Interativo de Aprendizagem

O trabalho com a Educação a Distância, constantemente vem impregnado de dúvidas quanto

à mediação pedagógica: quem ensina a distância? Qual o papel? Função e tarefas que o tutor

deve desempenhar no processo de aprendizagem? Constituem algumas das indagações.

Ao tentar dar respostas a estas indagações em torno do trabalho do tutor, procuramos

assentar a análise em três considerações propostas por Maggio (2001), quanto ao

desenvolvimento do ensino à distância:

a) A modalidade a distância requer uma definição à luz das transformações sociais e

culturais. O alerta reside no fato de estarmos em uma economia globalizada em que se

Page 7: Aprendizagem em ambientes virtuais

aprofundam as diferenças sociais e o poder se concentra nas mãos dos grandes capitais

transacionais. A autora cita como exemplo, a Argentina, onde é possível cursar uma

especialização a distância, via Internet, ao mesmo tempo em que a escolaridade básica não é

garantida para a população, elevando os índices de pobreza e marginalidade.

b) A modalidade a distância vem se redefinindo na base do impacto dos novos

desenvolvimentos tecnológicos. A explosão da rede mundial de computadores, tem

produzido impacto nos modos de conhecer e aprender, sem que isso ocorra necessariamente

em espaços engessados. Contudo não se pode garantir a veracidade das informações

difundidas na rede.

c) A modalidade a distância tem de ser redefinida a partir da contribuição dos

desenvolvimentos teóricos das ciências sociais e da didática. As contribuições da linguística,

da psicologia cognitiva e da antropologia social, proporcionam o entendimento do trabalho

dos professores e alunos numa perspectiva inovadora das práticas pedagógicas. Com base

nestas considerações, é que procuramos assentar o papel do tutor em um ambiente interativo

de aprendizagem.

Funções e atribuições do tutor

As pesquisas atuais sobre o ensino e a aprendizagem apoiadas no campo da didática e da

psicologia, definem como o bom docente tanto no ensino presencial quanto a distância

aquele que “ cria propostas de atividades para a reflexão, apóia sua resolução, sugere fontes

de informação alternativas, oferece explicações, facilita os processos de compreensão”

(MAGGIO,2001,p.99).

A Educação a Distância exige uma abordagem centrada sobre o ato de aprender e na

autonomia da aprendizagem. Compete ao tutor orientar, dirigir, supervisionar e avaliar o

processo de Ensino Aprendizagem dos estudantes. É um facilitador na compreensão das

atividades e um orientador quanto aos métodos de trabalho, auxiliando os estudantes a

responder de maneira adequada os objetivos do curso.

Moran (2002,p.30) define o professor como “um pesquisador em serviço” que exerce a

função de orientador, enquanto mediador intelectual, emocional, comunicacional e ético.

Intelectual, no sentido em que informa, escolhe informações, que devem ser incorporadas

aos contextos pessoais; orientador mediador emocional, quando define limites,

possibilidades, motiva, incentiva e estimula os estudantes a atingirem suas metas . É

comunicacional , quando ajuda a desenvolver grupos de pesquisa, interações, troca de

Page 8: Aprendizagem em ambientes virtuais

conteúdos e divulgação das informações; ético na medida em que os valores, as idéias e

atitudes têm por base a liberdade, a cooperação e a integração pessoal.

Moulin; Pereira ;Trarbach (2004) afirmam que “o tutor não ensina [...] o tutor incentiva,

orienta a elaboração do plano de estudos, aponta direções, acompanha e avalia a

aprendizagem, e, à luz dos resultados da avaliação, re-orienta e intervém.”

Para desenvolver essas habilidades aponta três funções para tutoria que se interrelacionam: o

aconselhamento, a orientação da aprendizagem e a avaliação.

A função de aconselhamento refere-se ao saber ser, abrangendo a formação de valores,

hábitos e atitudes necessárias à prática social e o valor positivo frente à vida.

A orientação da aprendizagem envolve o saber fazer e volta-se para as aptidões necessárias

ao enfrentamento das situações, isto é “conhecer os limites entre ditar ou impor caminhos e

sugerir ou propor direções” para auxiliar os estudantes em seus percursos de elaboração e

criação de novas informações.

A função de Avaliação garante a qualidade e o sucesso da aprendizagem. O tutor acompanha

e registra as atividades produzidas pelos alunos, os registros são avaliados. E os resultados

da avaliação são discutidos com o aluno. Nesse processo, a participação do aluno é

fundamental, por meio de auto-avaliação e da discussão das avaliações do tutor (MOULIN;

PEREIRA ;TRARBACH, 2004).

A tutoria apresenta-se como um instrumento dinâmico e essencial no processo ensino

aprendizagem à distância, oferecendo aos cursistas o suporte cognitivo, metacognitivo,

motivacional, afetivo e social, para que estes apresentem desempenho satisfatório ao longo

do curso.

A formação do tutor, por conseguinte é uma das mais importantes tarefas e requer uma

atenção para a consolidação de qualquer proposta educativa na modalidade de EAD.

Segundo Serrano o tutor é a “vertente humana da Educação a Distância” e “o lado humano

do processo de ensino aprendizagem” (SERRANO,1994, p.68,95), pois além de facilitar a

compreensão do aluno em relação aos conteúdos do curso, promove a comunicação e o

diálogo, supera as limitações da ausência do professor, rompendo com o isolamento do

cursista e introduz uma perspectiva humanizadora mediada pelos meios tecnológicos.

Page 9: Aprendizagem em ambientes virtuais

Considerações Finais A Educação a Distância possibilita a organização de novas relações paradigmáticas nas

instituições educacionais, principalmente em termos de tempo, espaço e ritmo, quebrando a

estrutura cartesiana e de racionalidade técnica, impondo interlocução permanente e,

portanto, instaurando o diálogo, a interatividade e a construção coletiva do conhecimento.

Permite maior respeito aos ritmos pessoais na medida em que, suplantando um modelo de

fluxo linear, possibilita uma dimensão cíclica com um ir e vir, um retomar, um rever, um

refazer, abertos aos acontecimentos produzidos por sujeitos culturais, na circunstancialidade

de seus tempos-espaço próprios e, portanto, diversos.

O que difere a postura do mestre instrutor e a postura do mestre emancipador é a concepção

de ensino aprendizagem utilizada pelos mestres.

Enquanto o mestre instrutor desempenha o papel de detentor do saber, na comunicação

dirigida e na reprodução de ideias, o mestre emancipador auxilia o estudante a descobrir

caminhos e possibilidades no seu processo de aprendizagem.

O mestre emancipador representa o mais um no grupo (LACAN apud MURTA, 2008) que

mobiliza os estudantes para a investigação, a problematização e consequentemente a

produção. Embora as discussões e estudos seja no grupo a produção é um produto próprio de

cada um. Podemos sintetizar que a postura do mestre instrutor é calcado na reprodução e

submissão, enquanto o emancipador trabalha no sentido da promoção da autonomia e a

autoria da aprendizagem.

A educação emancipadora pressupõe uma perspectiva humanista não diretiva da educação,

defendida por Rogers, na qual o estudante é responsável por sua aprendizagem,

determinando o ritmo e o interesse do seu objeto de estudo de modo a enfrentar

adequadamente o novo, no mundo que se descortina.

Como tutores estaremos preparados para sermos mediadores da cultura digital? Temos

desenvolvido as aptidões próprias desta cultura? Estamos aptos a exercer nosso papel como

interventores no processo de desenvolvimento de nossos alunos no sentido de promover a

construção da aprendizagem em ambientes colaborativos, com incentivo ao ensino com

pesquisa? Que tipo de formação deve ser propiciado ao tutor para que o “encontro” com o

estudante, seja capaz de desempenhar bem o seu papel de mediador da cultura digital, as

aptidões compatíveis a ela e que o conhecimento produzido possa ser suficientemente

utilizado em qualquer função a ser exercida?

Page 10: Aprendizagem em ambientes virtuais

Ao lançar o olhar sobre estas questões, apontamos possibilidades de futuras pesquisas nesta

linha e reiteramos a efemeridade da ciência.

Enquanto o mestre instrutor desempenha o papel de detentor do saber, na comunicação

dirigida e na reprodução de ideias, o mestre emancipador auxilia o estudante a descobrir

caminhos e possibilidades no seu processo de aprendizagem.

O mestre emancipador representa o mais um no grupo (LACAN apud MURTA, 2008) que

mobiliza os estudantes para a investigação, a problematização e consequentemente a

produção. Embora as discussões e estudos seja no grupo a produção é um produto próprio de

cada um. Podemos sintetizar que a postura do mestre instrutor é calcado na reprodução e

submissão, enquanto o emancipador trabalha no sentido da promoção da autonomia e a

autoria da aprendizagem.

A educação emancipadora pressupõe uma perspectiva humanista não diretiva da educação,

defendida por Rogers, na qual o estudante é responsável por sua aprendizagem,

determinando o ritmo e o interesse do seu objeto de estudo de modo a enfrentar

adequadamente o novo, no mundo que se descortina.

Como tutores estaremos preparados para sermos mediadores da cultura digital? Temos

desenvolvido as aptidões próprias desta cultura? Estamos aptos a exercer nosso papel como

interventores no processo de desenvolvimento de nossos alunos no sentido de promover a

construção da aprendizagem em ambientes colaborativos, com incentivo ao ensino com

pesquisa? Que tipo de formação deve ser propiciado ao tutor para que o “encontro” com o

estudante seja capaz de desempenhar bem o seu papel de mediador da cultura digital, as

aptidões compatíveis a ela e que o conhecimento produzido possa ser suficientemente

utilizado em qualquer função a ser exercida?

Ao lançar o olhar sobre estas questões, apontamos possibilidades de futuras pesquisas nesta

linha e reiteramos a efemeridade da ciência.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, J. de S. Indicadores de formação de comunidades virtuais de aprendizagem. XX Simpósio Brasileiro de Informática na Educação (2009). Disponível em www.br-ie.org/pub/index.php/sbie/article/view/1140/1043. Acesso em 27/04/2011. COSTA, R. M. E. M. da. & MARINS, V. Aula 3: Design de atividades e tarefas. Disponível em: http://www.lanteuff.org/moodle/mod/assignment/view.php?id=13544. Acesso em 19 de abril de 2011.

Page 11: Aprendizagem em ambientes virtuais

LEAL, Regina Barros. A importância do tutor no processo de aprendizagem à distância.

Disponível em http://www.rieoei.org/deloslectores/947Barros. acesso em 26/10/2010.

LEFÉVRE, Fernando, LEFÉVRE, Ana Maria Cavalcante, TEIXEIRA, Jorge Juares Vieira.

O discurso do Sujeito Coletivo: uma abordagem metodológica em pesquisa qualitativa.

Caxias do Sul:EDUCS, 2000.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.

MAGGIO, Mariana. O tutor na educação à distância. In: Litwin, Edit (org.) Educação a

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2001

MCLUHAN, Marshall. Os Meios de Comunicação como extensões do homem. São

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MEDEIROS, et al. Sistemas de tutoria em cursos a distância. Disponível em

http://www.lanteuff.org/moodle/file.php/285/texto_base_tutoria_pigead3.

MORAN José Manuel et al. Novas tecnologias e mediação pedagógica. São Paulo:

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MOULIN, N.; PEREIRA, V.; TRARBACH, M.A. Formação do tutor para as funções de

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PRETTI, Oreste. Educação a Distancia: uma prática mediadora e mediatizada. In Pretti

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SERRANO, Glória Pérez. El professor tutor.Perpesctiva humana de la Educación a

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