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CÉLIA REGINA DE CARVALHO ZANATTA APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO FACILITADORES DA APRENDIZAGEM DOS CONTEÚDOS ESCOLARES Osasco 2008

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CÉLIA REGINA DE CARVALHO ZANATTA

APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO FACILITADORES

DA APRENDIZAGEM DOS CONTEÚDOS ESCOLARES

Osasco2008

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CÉLIA REGINA DE CARVALHO ZANATTA

APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO FACILITADORES

DA APRENDIZAGEM DOS CONTEÚDOS ESCOLARES

Dissertação apresentada à Banca Examinadora do

Centro Universitário FIEO, para obtenção do título

de Mestre em Psicologia Educacional, tendo como

área de concentração Ensino-aprendizagem

inserido na linha de pesquisa Ensino-aprendizagem

no contexto social e político, sob orientação da

Profª Dra. Maria de Lourdes Manzini Covre

UNIFIEO – Centro Universitário FIEO

Osasco

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2008

CÉLIA REGINA DE CARVALHO ZANATTA

APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO FACILITADORES

DA APRENDIZAGEM DOS CONTEÚDOS ESCOLARES

Aprovada em _____/_____/_____

Nota_______________________

Banca Examinadora

___________________________________________________________________________

Profª Dra. Márcia Siqueira de Andrade

___________________________________________________________________________

Profª Dra. Cleomar de Azevedo

___________________________________________________________________________

Profª Dra. Nilce da Silva

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O Jogo faz o ambiente natural da criança, ao passo que as referências abstratas e

remotas não correspondem ao interesse da criança.

Dewey

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na minha busca de crescimento,

me motivando sempre, principalmente meu marido Gerson, meus filhos Aline, Letícia e Vitor

que compreenderam minha ausência e valorizaram cada momento dessa trajetória.

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AGRADECIMENTOS

Algumas pessoas foram muito importantes para a realização deste trabalho:

• Prof. Maria de Lourdes – pela transmissão de seus conhecimentos visando o

aprimoramento desta pesquisa

• Prof. Maria Elisa – com sugestões de ajustes necessários para a melhoria literária

• Prof. Márcia – com a confiança depositada e apoio inestimável

• Prof. Paulo – com extrema paciência me fez buscar o melhor; aperfeiçoando e

valorizando minhas habilidades.

• Prof. Sônia e Prof. Andréa – que acreditaram na possibilidade de ensinar brincando,

dando-me votos de confiança

• e, principalmente as crianças da 3ª A que sem saberem, permitiram a comprovação da

importância do lúdico na aprendizagem.

Muito obrigada! ! !

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“O jogo pode se tornar uma estratégia didática quando as situações são planejadas e

orientadas pelo adulto visando a uma finalidade de aprendizagem, isto é, proporcionar à

criança algum tipo de conhecimento, alguma relação ou atitude. Para que isso ocorra, é

necessário haver uma intencionalidade educativa, o que implica planejamento e previsão de

etapas pelo professor, para alcançar objetivos predeterminados e extrair do jogo atividades

que lhe são decorrentes”.

(Referencial Curricular Nacional para a Educação

Infantil: conhecimento de mundo. V.3. Brasília,

MEC /SEF, 1998, p.211.)

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RESUMO

Este trabalho apresenta uma reflexão sobre as possibilidades de utilização dos jogos no

desenvolvimento do currículo escolar.

Nosso objetivo foi de compreender como os jogos na escola garantem oportunidades para que

o aluno avance de forma dinâmica e prazerosa no entendimento e valorização de seu

aprendizado, investigando como ocorre a participação dos alunos em atividades lúdicas, não

só individuais como coletivas; pesquisando o envolvimento do aluno nessas atividades que

abrangem autonomia, responsabilidade e iniciativa.

Buscamos uma vivência prática para que sejam constatados resultados através de grupo

controle, questionários e entrevistas, observando supostas transformações de atitudes, tanto do

professor como do aluno.

Para compreender a realidade da criança, utilizamos, além da observação, questionários;

entrevistas e avaliações, investigando de forma quantitativa e qualitativa as crianças de dois

grupos de uma mesma realidade escolar. Um grupo chamado de 3ª série A que foi trabalhado

com os jogos e o outro, 3ª série B sem a intervenção dos jogos no desenvolvimento do

currículo escolar.

O estudo apresentado foi elaborado nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática não por

serem as áreas mais importantes, mas por servirem de base para a compreensão de todas as

outras áreas de estudo como a Geografia, Ciências e História de mesma importância para o

desenvolvimento global do ser humano.

Os resultados mostram que o trabalho com jogos pode ser um grande facilitador não só na

aprendizagem de conteúdos estabelecidos no currículo escolar, mas também como agente

integrador da criança ao meio, facilitando a sua relação com o ambiente escolar e com as

pessoas que a rodeiam.

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Palavras chave – jogo, vivência prática, transformação, facilitador, agente integrador,

aprendizagem

ABSTRACT

This study presents a reflection about the possibilities of using the games in the development

of school curriculum.

Our objective was to understand how the games at school guarantees opportunities to the

student progress in a dynamic and pleasant way, in the understanding and enhancement of

their learning, investigating how the involvement of students in recreational activities happen,

both individual and collective; researching the involvement of the student in such activities

covering autonomy, responsibility and initiative.

We searched for a practical experience for the results to be noted by the control group,

questionnaires and interviews, noting supposed changes of attitudes by both the teacher and

the student.

To understand the child reality, we used questionnaires, interviews and evaluations, in

addition to the observation, investigating in quantitative and qualitative ways, children of two

groups of the same reality school. A group called the 3 rd grade A that was worked with the

games, and the other, 3 rd grade B without the intervention of the games in the development

of school curriculum.

The presented study was elaborated in the areas of Portuguese language and Mathematics, not

because they are the most important ones, but by providing the basis for the understanding of

all other areas of study such as Geography, Science and History, of the same importance to

the overall development of human being.

The results show that the work with games can be a great facilitator not only on learning the

established contents in the school curriculum, but also as an integrator agent of the child to

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this area, facilitating its relationship with the school environment and the people that

surround.

Keywords – game, practical experience, transformation, facilitator, integrator agent, learning.

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SUMÁRIOI INTRODUÇÃO......................................................................................................... 11II IDÉIAS TEÓRICAS................................................................................................. 15III A CRIANÇA E O LÚDICO ATRAVÉS DOS TEMPOS..................................... 283.1 O Lúdico na Apropriação de Conhecimento............................................................. 313.2 Habilidades Cognitivas e suas Relações com os Jogos.............................................. 323.3 O Desenvolvimento Integral das Crianças no Exercício da Cidadania...................... 39IV METODOLOGIA..................................................................................................... 44V INVENTÁRIO DE CONTEÚDOS......................................................................... 475.1 Investigação Inicial..................................................................................................... 485.2 Observação após Aplicação........................................................................................ 49VI CONTEXTUAIZAÇÃO DOS JOGOS NA REALIDADE ESCOLAR............... 53VII INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS EMPREGADOS NA

PESQUISA................................................................................................................ 57VIII ANÁLISE DOS DADOS......................................................................................... 598.1 Língua Portuguesa...................................................................................................... 608.1.1 Análise Comparativa.................................................................................................. 618.1.2 Gráfico Demonstrativo do Percentual da Distribuição das Notas.............................. 638.1.3 Análise do Percentual................................................................................................. 658.2 Matemática.................................................................................................................. 688.2.1 Análise Comparativa................................................................................................... 698.2.2 Gráfico Demonstrativo do Percentual da Distribuição das Notas.............................. 718.2.3 Análise do Percentual................................................................................................. 72IX ANÁLISE QUALITATIVA..................................................................................... 749.1 Questionário................................................................................................................ 749.1.1 Análise Geral dos Questionários................................................................................. 939.1.2 Levantamento de Categorias....................................................................................... 949.1.3 Análise de Categorias................................................................................................. 969.2 Entrevistas................................................................................................................... 989.2.1 Análise Geral das Entrevistas..................................................................................... 1369.2.2 Levantamento das Categorias..................................................................................... 1519.2.3 Análise das Categorias................................................................................................ 152X CONCLUSÃO........................................................................................................... 155XI REFERÊNCIAS........................................................................................................ 160

ANEXOS

A- Conteúdos e atividades trabalhadas através de Jogos da Investigação Inicial B- Jogos desenvolvidos para desenvolvimento do currículo escolar

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I- INTRODUÇÃO

Ocupando o cargo de coordenadora pedagógica do Ensino de Educação Infantil de uma escola

particular, sempre questionei de que forma o jogo pode colaborar com o desenvolvimento dos

conteúdos estabelecidos no currículo escolar. Afinal, quais as possibilidades da utilização do

lúdico como elemento facilitador dos conteúdos estabelecidos no currículo escolar? Quais são

os saltos qualitativos e quantitativos na aprendizagem de crianças em relação aos conteúdos

curriculares obtidos por meio da aplicação de atividades pedagógicas pautadas no lúdico?

Essa questão tem sido fonte de preocupação, desde que iniciei como professora de Ensino

Fundamental I em uma escola pública, onde o trabalho desenvolvido era imposto pelas

professoras mais velhas e antigas da escola de forma monótona, desmotivante,

desinteressante, sem a menor preocupação se havia ou não satisfação, alegria em aprender e

nem mesmo se os conteúdos eram significativos. Na maioria das vezes, o resultado era um

quadro de apatia e desinteresse. Em decorrência, o aluno que deveria ser o centro de todo o

processo tornava-se distante.

A prática vivenciada naquela ocasião não era condizente com as teorias desenvolvidas

no Curso Normal que freqüentei. Nele havia uma preocupação muito grande com os

conteúdos a serem trabalhados e não propriamente com o desenvolvimento das crianças

relativo as suas capacidades e potencialidades que eram tão ressaltadas no curso.

Posteriormente, ao começar a trabalhar como professora do Ensino de Educação

Infantil em escola privada, percebi uma dinâmica de trabalho diferente. Comecei então a

acreditar que poderia não ser completa utopia atender às necessidades das crianças de forma

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mais prazerosa, o que me deu enorme estímulo. Percebi que na Educação Infantil trabalhava-

se de forma mais próxima do que seria o ideal. Entretanto, os questionamentos não foram

deixados de lado. Novas dúvidas surgiram quanto ao “o que” e “como” trabalhar, o que era

importante para a escola, para o professor e para o aluno. Interessante foi verificar que o aluno

não era o centro de todo o processo de aprendizagem e sim parte dele, como se estivesse à

margem desse processo.

Nessa escola privada, embora existindo um ambiente físico convidativo para

atividades recreativas e lúdicas onde a criança pudesse explorar sua imaginação, criatividade,

relacionamentos, e principalmente o próprio corpo, elas ainda ficavam horas e horas

resolvendo ou executando exercícios em folhas já prontas que tinham como objetivo

desenvolver basicamente a coordenação motora. Diante disso, com o tempo, tornou-se

inevitável fazer questionamentos contundentes que apontaram para mudanças fundamentadas

nas necessidades das crianças e na realidade em que trabalhávamos.

Conforme o tempo foi passando fui me sentindo a vontade para partilhar minhas

experiências anteriores e dessa forma através de estudo e reflexão, o lúdico foi inserido de

forma prazerosa no desenvolvimento dos conteúdos, visando a uma participação ativa, com

interesse, alegria no processo ensino-aprendizagem, estimulando não só as ações físicas, mas

também as mentais. Essas mudanças aos poucos foram valorizadas pelos outros professores e

sendo aceitas me levaram a coordenar o trabalho pedagógico desenvolvido na Educação

Infantil.

De início, tudo que era apresentado era visto com certa desconfiança, mas com o

passar do tempo começamos a partilhar das mesmas idéias, pois todo o grupo começou a

achar que era possível trabalhar de acordo com o desenvolvimento da criança.

As crianças mostraram-se mais interessadas e motivadas e foi gratificante observar os

resultados obtidos pela Educação Infantil. Não só das crianças, mas também das professoras

que com o envolvimento passaram a ter uma visão diferente, ou seja, a de que era possível

fazer um trabalho diferenciado contemplando o prazer e a alegria na execução das atividades

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exigidas no plano anual. Era necessária uma adequação, mas era possível. Assim me aquietei

por um tempo.

Por outro lado, verifiquei que no Ensino Fundamental I, seqüência natural da

Educação Infantil, as professoras continuavam a ter grande dificuldade em conciliar o lúdico

com os componentes curriculares. Mesmo conhecendo sua importância, priorizavam o

conteúdo.

Por meio de atividades lúdicas, a escola pode garantir oportunidades para que o aluno

avance de forma dinâmica e prazerosa na compreensão e valorização de seu aprendizado,

visando a um encorajamento quanto à iniciativa, responsabilidade, autonomia e

principalmente lidar com a frustração, naturais em seu desenvolvimento.

Esse passou então a ser meu objeto de estudo e como centro procurei investigar a

participação dos alunos, não só em atividades individuais como também nas coletivas,

realizadas na 3ª série durante o 3º bimestre do ano letivo.

Refletindo sobre a relação professor/ aluno/ conhecimento e motivações inconscientes,

pude perceber que para o desenvolvimento da criança ocorrer de forma natural, é necessário

ressaltar a importância da relação afetiva e aperfeiçoamento da ação educativa, oferecendo

uma melhor forma de contato da criança com a apropriação de conhecimento que pode ser

facilitada através do lúdico. Caso esse processo seja inibido por cobranças e conteúdos sem

significados, corre-se o risco de serem criadas lacunas na compreensão desses conteúdos e

como conseqüência uma falta de motivação, concentração e interesse o que dificulta a

retenção, absorção e construção de conhecimento.

Muitas teorias tratam do desenvolvimento das crianças as quais passam pelas mesmas

fases padrão, porém em circunstâncias diferentes. Surgem assim as diferenças individuais,

estruturando de forma progressiva e própria a tomada de consciência de si mesmo e do outro.

A maneira como uma criança brinca ou desenha reflete sua forma de pensar e sentir,

mostrando-nos como está se organizando frente à realidade, construindo sua história de vida,

conseguindo interagir com as pessoas e situações de modo significativo ou não. A ação da

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criança reflete o seu desenvolvimento cognitivo e afetivo-emocional. Crescer é, portanto, lidar

com a frustração, tensão, o prazer e a dor, com o risco de se expor e não ser aceito,

assumindo-se como autora de sua própria história.

Na escola o professor tem um papel essencial, ao dar oportunidade de maior

compreensão, de desenvolvimento de potencialidades e habilidades na capacidade de aprender

do seu aluno. O jogo, como função cognitiva, pode ser considerado como um agente

facilitador para o desenvolvimento dos conteúdos curriculares no processo ensino-

aprendizagem, no qual se destaca a aprendizagem, a motivação com a valorização do trabalho

intelectual.

O processo educativo deve proporcionar um trabalho conjunto de categorias como a

criatividade, motivação, afeição e outras para o desenvolvimento integrado às potencialidades

da criança. Ele oferece a possibilidade de construir e reconstruir o conhecimento por via de

práticas pedagógicas otimizadas pelo jogo, havendo um envolvimento que beneficiará a

aprendizagem do estudante.

No capítulo I, é apresentado um confronto de idéias que serviu de apoio para refletir

sobre a viabilidade dos questionamentos quanto à utilização do lúdico no conteúdo

programático estabelecido pela escola. Tomei como base o Referencial Curricular Nacional

da Educação Infantil e os Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação das séries iniciais

do Ensino Fundamental I, de forma prática.

O capítulo II demonstra a consideração da criança através dos tempos, apontando para

a importância do lúdico na apropriação do conhecimento e desenvolvimento integral no

exercício da cidadania.

O capítulo III refere-se à Metodologia e inicialmente escolhi a observação para

compreender a realidade das crianças. Utilizei também questionários e entrevistas cujo

objetivo de investigação teve valor não só qualitativo como quantitativo.

No capítulo IV é apresentado um inventário inicial apontando os conteúdos

especificados no plano anual a serem desenvolvidos no 3º bimestre, é descrita a pesquisa

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inicial em que me baseei para a montagem dos jogos, refletindo sobre a compreensão e

disposição dos alunos.

O capítulo V, aborda a contextualização os jogos na realidade escolar.

No capítulo VI são descritas as estruturas cognitivas relacionadas aos jogos

desenvolvidos asseguradas pelo processo de assimilação e acomodação.

No capítulo VII são apresentados os meios utilizados tanto para uma análise

quantitativa quanto qualitativa.

Nos capítulos VIII e IX são apresentadas análises quantitativas e qualitativas

elaboradas com os dados colhidos, comprovando a viabilidade dos jogos no desenvolvimento

de conteúdos especificados no currículo escolar.

Finalmente, são expostas as conclusões para demonstrar que existe possibilidade do

professor transformar a maneira de desenvolver os conteúdos, colocando o aluno como eixo

central no processo de aprendizagem, respeitando suas potencialidades e capacidades através

do jogo.

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II– IDÉIAS TEÓRICAS

Neste trabalho investigamos o estudo de alguns autores sobre o brincar, que é divertir-

se, gracejar, fazer de conta. A brincadeira1, como ação de brincar e o lúdico, relativo a jogos2

associados ou não à aprendizagem escolar, com o objetivo de compreender as diferentes

possibilidades da sua utilização para facilitar o processo do aprender, tornando-o mais

prazeroso.

Atualmente valoriza-se o atendimento das necessidades da criança. O jogo merece o

mesmo grau de valorização já que envolve o sujeito pela alegria, entusiasmo, espontaneidade

e satisfação, portanto pode ser utilizado pelo professor como um recurso didático.

Chateau em sua obra O Jogo e a criança (1987) ressalta a importância do jogo na

vida da criança desde a busca da auto-afirmação até o amor, a ordem e a regra. Demonstra

através de várias etapas do desenvolvimento da criança que o jogo é importante como

treinamento involuntário por meio da experiência, domínio, o qual pode criar novas regras

diferentes das tradicionais.

Dessa forma, o jogo é tratado como o centro da infância, mas que ocupa também lugar

importante na idade adulta, com outro objetivo que seria de relaxar, de descontrair, de

divertimento e socialização. Já na infância é uma oportunidade de auto-afirmação, de

afirmação de seu “eu”, pois sua personalidade vai se formando através dos diversos papéis

1 Brinquedo é diferente de jogo, pois não há regras, nele a possibilidade de representação é o foco da questão.2 Jogo- possibilita ao sujeito a conquista da sua autonomia, do seu ser. Ë estimulante, tornando o sujeito ativo na busca de soluções através de tentativas para chegar a uma resolução. É uma atividade que além de distrair pode também instruir, desenvolvendo competências e habilidades.

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que assume diante dos jogos e brincadeiras e posteriormente na vida adulta nos

relacionamentos entre os indivíduos da sociedade.

Esses jogos estão relacionados com a invenção, a imitação, o trabalho, a disciplina, a

cooperação, o egocentrismo, a instabilidade, repetição e outros aspectos, sempre associados

com as fases do desenvolvimento.

Quanto ao papel pedagógico do jogo, o autor ressalta que ele nasce da vontade, ensina

o que é uma tarefa, e é mais usado nas escolas maternais... O jogo é apenas um substituto do

trabalho. Não convém que esse substituto venha tomar o lugar da realidade. É pelo trabalho

que a escola deve desembocar na vida.(CHATEAU, 1987: p. 135).

É demonstrado pelo autor que o jogo é tratado como um recurso para conduzir a

criança ao trabalho e que nem sempre é associado ao prazer, alegria e satisfação, mas à vida.

Chateau acredita que a criança e o escolar são diferentes, portanto, os conteúdos

devem ser desenvolvidos de forma mais efetiva, ou seja, valorizando conteúdos, sem causar

um desequilíbrio entre o processo de ensino-aprendizagem e a relação que a criança tem com

as atividades desenvolvidas. Não vemos a criança e o escolar como sendo diferentes, pois se

centrarmos nossa atenção no desenvolvimento da criança podemos perceber a importância de

suas experiências escolares; agradáveis ou não para toda sua vida. Desta forma se a criança

for tratada como um sujeito global que está em formação, o resultado será muito mais

satisfatório e proveitoso. É essencial reconhecer que o lúdico pode ser uma necessidade

básica, sendo um aliado da aprendizagem, favorecendo a sistematização e entendimento dos

conteúdos estabelecidos no planejamento anual de acordo com a grade curricular especificada

no regimento escolar elaborado de acordo com o meio social e econômico dos alunos.

...Imagina-se que o homem chega às coisas unicamente pelo trabalho, e que

tem delas um conhecimento direto e empírico. Ora, a ciência procede menos

do trabalho interessado do que de atividades desinteressadas nascidas do jogo

(atividades religiosas em especial em sua origem). Chegamos à existência a

partir do conceito, e não ao conceito a partir da existência. Testemunham isso

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amplamente a mentalidade infantil, e, sobretudo o jogo infantil, por seu

caráter autônomo. O jogo prepara o contato com a existência não humana, ele

não fornece esse contato. Só se domina a natureza pela obediência ao

espírito, de início, e depois à própria natureza. Se o jogo fica muito

distanciado dessa existência real, cabe ao trabalho escolar percorrer o resto

do trajeto. Mas esse trabalho escolar, para ser proveitoso, é diferente do

trabalho real. Ele habitua ao esforço penoso do trabalhador, sustentado pelo

peso do arado, pela terra que agarra a seus pés, pelas estações e pela natureza

do grão que é preciso semear na data prescrita pela natureza. É preciso

conhecer as coisas concretas, mas, sobretudo pelos processos intelectuais,

diagramas, palavras, e até pelo uso de um aparelho matemático que não

existe nos nossos campos. Ele forma a moralidade, mas, de uma parte, é uma

moralidade abstrata, anedótica, romanceada, de palavras, e que, por mais

universal que seja, fica fora do universo social.

Repitamos: a escola não é nem jogo, nem trabalho real. É menos e

outra coisa. Não procuremos identificá-la com um nem com outro.O escolar

deve ser mais do que uma criança e menos do que um adulto. O trabalho

escolar deve ser mais do que o jogo e menos do que o trabalho. É uma ponte

lançada do jogo ao trabalho. (CHATEAU, 1987: p. 137).

De acordo com o autor, o escolar é uma criança e deve ser vista como tal. Ela tem um

potencial a ser desenvolvido em relação ao trabalho, a partir da faculdade de abstrair e na

perseverança frente aos desafios, de maneira a observar e vivenciar as múltiplas realizações.

O jogo, então, pode ser visto como uma ponte entre o escolar e o trabalho, sem que possa ser

só entendido como: fadiga, esforço, ocupação e emprego. O jogo está muito distante disso, é

associado a palavras como: alegria, satisfação, entusiasmo, desafio e perseverança, facilitando

o conhecer através do concreto, tão importante ao trabalho escolar. Então temos aqui uma

dicotomia antagônica, mas não é nossa opinião, pois vemos a criança com potencial a ser

desenvolvido e se transformar em um adulto crítico, pensante e responsável. Assim não

podemos tratar a criança como ser que não compreende, não avalia e nem absorve

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conhecimentos através de informações que recebe de seu ambiente, como se isso só

acontecesse a partir da adolescência, por exemplo. Devemos tratar a criança como um ser em

desenvolvimento e se for tratada como tal atingirá os objetivos propostos pela educação

formal.

Nessa ótica, o jogo é muito mais uma forma de encarar a realidade do escolar como

criança do que propriamente um instrumento facilitador, muito mais ligado às necessidades de

vida do sujeito, quanto à socialização, cooperação, ou seja, aspectos que dizem respeito às

necessidades internas e habilidades de adaptação ao meio em que vive. A criança muitas

vezes está inserida em um contexto mecanicista, no qual as cópias são valorizadas, como se

levassem à compreensão do que foi apenas copiado sem a mínima reflexão a respeito das

informações. As aulas de forma geral sempre muito monótonas quando estão voltadas para

atender as necessidades da escola, através da burocracia e preenchimento de papéis; do

professor em cumprir o planejamento estabelecido. A criança vai necessitar de um grande

esforço para se adaptar a essa realidade, deixando de lado muitas vezes seu potencial e

necessidades internas.

Outra autora que também trata desse assunto é Kishimoto (2001). Na sua obra Jogo,

Brinquedo, Brincadeira e a Educação (2001), apresenta o tema do jogo, reunindo vários

artigos de outros autores, mostrando sua importância em determinados contextos escolares e

etapas de desenvolvimento. É realçada a importância do jogo na Educação Infantil, como

palavra que possui várias conotações, desde uma brincadeira, recreação, jogos coletivos, até

suas implicações quanto à aquisição de conhecimento.

Dias (2001), em Metáfora e Pensamento: Considerações sobre a Importância do Jogo

na Aquisição do Conhecimento e Implicações para a Educação Pré-escolar trata sobre a

importância de se utilizarem os vários tipos de linguagens na fase do pré-escolar para que haja

uma relação entre pensamento e realidade, abrangendo o simbolismo que envolve a

construção coletiva de conhecimento ligada aos sonhos, à imaginação que deveria ser

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efetuada através dos jogos, resultando numa elaboração individual devido a significados

pessoais.

A autora demonstra que normalmente a criança recebe as regras já prontas, tendo

apenas que obedecer-lhes, perdendo assim a compreensão de sua necessidade.

Infelizmente, nossas crianças, na maioria das escolas, recebem regras

prontas, não significações. Elas devem aceitá-las para poder se transformar

num “bom adulto”. E o mesmo acontece com os professores.

As relações na escola estão congeladas e os conhecimentos ritualizados.

Existe um abismo entre o jogo metafórico e a aprendizagem mecanicista. A

força da manipulação autoritária faz sombra à força da vida instintiva da

criança e à possibilidade de construção do conhecimento significativo.

No entanto, o jogo está presente na escola, quer o professor permita

quer não. Mas é um jogo de regras marcadas predeterminadas, em que a única

ação permitida à criança é a obediência, ou melhor, a submissão.(DIAS, 2001:

p. 54).

Concordamos que a criança não precisa receber regras prontas, mas participar de sua

elaboração; que a sua participação inicia-se nessa elaboração e continua durante todo o jogo,

trazendo assim benefícios à autonomia e não só obediência, buscando significações, tornando

seu pensamento ativo, facilitando sua relação com a realidade de maneira plena e rica,

respeitando seu processo de construção de pensamento. Dessa forma, a criança irá respeitar

as regras com maior tranqüilidade, pois entenderá sua importância e a necessidade de sua

existência. Estamos sempre buscando o adulto que se coloque frente à sociedade de acordo

com idéias e valores que esperam dele sem se dar conta que isso só é possível como

resultado de todo um processo de aquisição que se inicia na infância que pode ser adquirido

através dos jogos com suas respectivas ordens e regras.

Bomtempo (2001), em A Brincadeira de Faz-de-Conta: Lugar do Simbolismo, da

Representação, do Imaginário, aborda a importância de desempenhar papéis ao brincar, pois

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assim a criança estará dando novos significados aos objetos, construindo uma ponte entre

fantasia e realidade, facilitando a adaptação às diferentes situações. A fantasia é um

componente essencial para o entendimento da realidade muitas vezes conflitante e o jogo

poderá propiciar um conhecimento de atitudes a partir do desempenho de vários papéis que o

jogo pode oferecer através da possibilidade de vivenciar experiências.

Moura (2001), em A Séria Busca no Jogo: do Lúdico na Matemática respaldado em

justificativas dadas por vários teóricos, demonstra as possibilidades dos jogos e brincadeiras,

de grande importância na vida da criança.

Os jogos aproximam a criança do conhecimento através das vivências em situações

que enfrenta e que soluciona em seu cotidiano. Isso faz com que a criança se aproprie do

conhecimento ou saber alcançando a autonomia tão necessária para seu bem estar.

Segundo Ide (2001), em O Jogo e o Fracasso Escolar, existe a possibilidade de

reverter o processo de aprendizagem de crianças que fazem parte de grupos de risco ou

situações de fracasso escolar com a utilização dos jogos.

As crianças nos jogos ficam mais motivadas e esforçam-se para superar obstáculos, o

que estimula e propicia a aprendizagem, respeitando-se o ritmo de cada um. Se os jogos são

apresentados como sendo recursos a serem utilizados para as crianças que fazem parte do

grupo de risco porque não utilizar com todas as crianças e assim facilitar seu aprendizado e

conseqüente realização de atividades dentro e fora da escola?

Mrech (2001), no artigo O Uso de brinquedos e Jogos na Intervenção

Psicopedagógica de Crianças com Necessidades Especiais, apresenta a importância do jogo

como facilitador na construção do conhecimento, pois oportuniza uma forma mais profunda

de envolvimento que reflete o processo interior de cada um, quando a criança demonstra

através de um jogo seu potencial e sua relação com o objeto.

Os jogos são encarados de formas diferentes devido o tempo e à cultura, tanto do

professor como dos alunos, tendo o seu sentido modificado, de acordo com as exigências. ...

enquanto fato social, o jogo assume a imagem, o sentido que cada sociedade lhe atribui. É

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este o aspecto que nos mostra por que, dependendo do lugar e da época, os jogos assumem

significações distintas. (KISHIMOTO, 2001: p. 17).

De acordo com a citação acima, devemos analisar a cultura além do tempo, pois com

as cobranças da sociedade e avanços tecnológicos, o conhecimento tornou-se fragmentado.

Atualmente a criança é vista como um ser erotizado. Os adultos valorizam-na por imitar

artistas que são idolatrados única e exclusivamente pela sensualidade. Não está sendo

demonstrado ou percebido que existe uma manipulação da mídia com excessiva

desvalorização do ser enquanto ser que pensa, age e reflete de acordo com suas capacidades.

Olha-se o sujeito não como uma célula indivisível, mas sim sob ângulos diferentes. Dá-se

importância a jogos e brincadeiras a serem desenvolvidos com crianças, somente na Educação

Infantil ou em séries iniciais. Nas séries avançadas os alunos deixam de ser crianças, passando

a trabalhar com conteúdos e informações independentes de suas necessidades, compreensão e

significações de seu dia-a-dia.

O uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos

para a relevância desse instrumento para situações de ensino-aprendizagem e

de desenvolvimento infantil. Se considerarmos que a criança pré-escolar

aprende de modo intuitivo, adquire noções espontâneas, em processos

interativos, envolvendo o ser humano inteiro com suas cognições, afetividade,

corpo e interações sociais, o brinquedo desempenha um papel de grande

relevância para desenvolvê-la. Ao permitir a ação intencional (afetividade), a

construção de representações mentais (cognição), a manipulação de objetos e

o desempenho de ações sensório-motoras (físico) e as trocas nas interações

(social), o jogo contempla várias formas de representações da criança ou suas

múltiplas inteligências, contribuindo para a aprendizagem e o

desenvolvimento infantil. Quando as situações lúdicas são intencionalmente

criadas pelo adulto com vistas a estimular certos tipos de aprendizagem, surge

a dimensão educativa. Desde que mantidas as condições para a expressão do

jogo, ou seja, a ação intencional da criança para brincar, o educador está

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potencializando as situações de aprendizagem. Utilizar o jogo na educação

infantil significa transportar para o campo do ensino-aprendizagem condições

para maximizar a construção do conhecimento, introduzindo as propriedades

do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora.

(KISHIMOTO, 2001: p. 36) .

De acordo Kishimoto (2001), o conhecimento através das propriedades do lúdico

pouco a pouco faz com que a criança se transforme, aprendendo a conceder, mandar,

estabelecer, manipular e sentir prazer em participar cada vez mais das atividades

desenvolvidas. Tomando parte na preparação das regras, vai entendendo cada vez mais a

necessidade de respeita-las, e conforme vai amadurecendo, sente-se mais segura diante do

mundo já estruturado do qual faz parte e participa.

Aponta também que o aluno, quando está jogando, usa todo o seu conhecimento para

servir de base para entender a situação, procurando utilizar todo o seu potencial e sua

capacidade, explorando todas as possibilidades de resolução. Assim, quando o professor

utilizar o jogo, poderá despertar no aluno um maior interesse, motivação em participar

ativamente, pois se sentirá desafiado e naturalmente tentará, de diferentes maneiras, resolver o

problema ou situação. Isso poderia ser trabalhado em todas as séries e só mudar a cobrança e

intensidade do que é esperado de acordo com o desenvolvimento das crianças nas séries

correspondentes. Os objetivos seriam alcançados mais rapidamente e prazerosamente gerando

satisfação e rapidez na compreensão e disposição do aluno.

Rizzo, na obra Jogos Inteligentes (1996), apresenta inúmeros jogos para estimular a

aprendizagem da matemática em momentos de alegria, interesse e satisfação para crianças

pré-escolares e da classe de alfabetização, incentivando-as a pensar, refletir e raciocinar.

Ela assinala três tipos de atividades para a construção de esquemas para o raciocínio

lógico-matemático: 1)- as situações cotidianas, 2)- jogos inteligentes para ativar os esquemas

de raciocínio e 3)- adaptação às situações novas. A citação a seguir demonstra a necessidade e

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importância da satisfação/prazer na construção do conhecimento por meio da experiência. É

na atividade lúdica que está o estímulo que pode despertar motivos intrínsecos que

direcionarão as ações ao domínio das percepções e operações mentais como medir, relacionar,

ordenar, classificar, memorizar, compreendendo a função e a necessidade de cada experiência,

enriquecendo a construção do conhecimento.

É a atividade lúdica que alia desafio ao prazer, que deve predominar

na maioria das atividades oferecidas à infância, seguidas das atividades

criadoras, realizadas através das artes, que estimulam a organização e

construção do pensamento e a expressão das idéias. Ampliam as bases de

experiências psicomotoras, formam hábitos facilitadores na independência,

exercitam a atenção e a autodisciplina, de forma ativa e inteligente, e formam

também valores morais e sociais, frutos de experiências físicas, pessoais e

interpessoais, que aliam desafios à descarga de tensões, além de

proporcionarem satisfação e lazer, indispensáveis à manutenção da saúde

mental. (RIZZO, 1996: p. 32)

O jogo, sendo estimulante, torna o sujeito ativo na busca de soluções através de

tentativas para chegar a sua resolução. O professor acompanha o avanço do aluno

questionando-o para que ele reflita sua ação, favorece sua independência, autonomia e

segurança na resolução dos problemas. Permite um envolvimento e entendimento maior do

mundo que o rodeia.

Dessa forma, o jogo constitui-se em importante recurso para que as crianças aprendam

a conhecer e dominar a realidade. Conquistam de forma gradativa, pela motivação intrínseca,

a interiorização de conhecimentos, e ampliam o vocabulário. Favorece também a habilidade

verbal e a rapidez mental; propiciando o autocontrole, a capacidade de atenção e

concentração. Os professores sempre esperam isso de seus alunos só que trabalham utilizando

recursos que acreditam serem bons, que atingirão objetivos mais rapidamente e que os jogos

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podem ser utilizados somente em atividades de lazer. Se esquecem que se o trabalho for

desenvolvido através do que as crianças acham importante e prazeroso mais vão se empenhar

em executar as atividades com atenção, concentração e disposição em aprender sem se dar

conta de que estão absorvendo informações e elaborando conhecimentos. Desta forma o

trabalho do professor estará sendo facilitado, atingindo mais rapidamente os objetivos

traçados.

Diante disso, o jogo estimula a apropriação de conhecimento, favorecendo maior

compreensão das informações, absorvendo-as e despertando maior desejo em aprender. Os

jogos, pelas suas qualidades intrínsecas de desafio à ação voluntária e consciente, devem

estar, obrigatoriamente, incluídos entre as inúmeras opções de trabalho escolar.(RIZZO,

1996: p. 32).

O professor pode estimular a criança para que haja além do crescimento ou progresso

físico, o progresso intelectual, favorecendo o equilíbrio e desenvolvimento global,

preparando-a para explorar todas as possibilidades de conhecimento, se arriscando a ter

pensamentos novos, se preparando para o futuro. Segundo o autor Miranda, no livro Do

Fascínio do Jogo à Alegria do Aprender nas Séries Iniciais (2001), o efeito do jogo nas séries

iniciais demonstra as relações com a aprendizagem em contexto de sala de aula. A criança

deve vivenciar experiências com entusiasmo, prazer e alegria tão presentes no jogo.

Miranda (2001) aponta que a aprendizagem pode ser um processo lúdico que estaria

proporcionando à criança uma melhor compreensão do meio em que vive, assim não só iria

aprender um conteúdo, mas colocá-lo em prática em seu relacionamento social.

Aprender pode ser um processo lúdico. Se a aprendizagem puder ser feita

com prazer, tanto melhor. As instituições de ensino deveriam efetivamente

incentivar a convivência humana, interiorizar as regras da vida familiar e

social e sedimentar a socialização.(MIRANDA, 2001: p. 42)

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No que se refere à convivência humana, a socialização da criança é construída a

partir dela própria, e assim vai envolvendo as outras crianças e pessoas adultas que fazem

parte de seu ambiente. A criança então constrói o seu conhecimento a partir das relações que

mantém com o mundo exterior. A escola no sentido geral apresenta-se como uma estrutura

organizada que permite à criança relacionar as informações a todo momento, ampliando assim

as possibilidades de conhecimento e obtenção de resultados positivos no desenvolvimento

intelectual, moral e social. A escola é a grande responsável pela aquisição do conhecimento

formal e sistemático e tem que competir com o meio externo que oferece muitas

possibilidades de agir com prazer através do relacionamento entre as pessoas e dos brinquedos

e brincadeiras que são vivenciados de forma natural, sem cobranças de resultados.

Miranda (2001) enfatiza o uso do lúdico na escola, reconhecendo que a criança

aprende vivendo, experimentando, fazendo descobertas, agindo. Na infância tudo gira em

torno do lúdico, que se torna o epicentro da evolução desse singelo ser. Por isso, a educação

escolar não pode alijar-se, de forma alguma, dessa conjectura cabal.(MIRANDA, 2001: p.

87)

O lúdico então não deve ser visto como algo que aconteça fora da escola e deve sim

ser utilizado como instrumento para que a criança possa explorar para elaborar representações

mentais sobre o significado do conteúdo, facilitando sua compreensão. É trazer o que está lá

fora para dentro da escola, trazer o que chama a atenção da criança e o que a agrada.

A criança, tendo oportunidades de utilizar procedimentos que facilitem sua trajetória

para adquirir habilidades, melhor compreensão e utilização das informações recebidas, terá

favorecido o desenvolvimento de suas aptidões e relações cognitivas, como explicita a citação

a seguir:

As velhas doutrinas da disciplina rígida e formal toleravam o

jogo, desconfiando, porém de seu valor educativo. O progresso

da psicologia nestes últimos anos vem mostrando, no entanto,

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que a motivação do jogo pode transferir-se para a motivação do

trabalho e considerável é a importância do jogo pelos benefícios

que proporciona à saúde física e mental da criança, do

adolescente e do adulto. (MIRANDA, 2001: p. 99).

Desde os jesuítas, os jogos passaram a ter uma conotação mais valorizada.

Principalmente na Psicologia, há uma importante transformação do estudo do

comportamento humano, o que implica levar em consideração aspectos que facilitem o

desenvolvimento. O jogo pode ser visto como auxiliar para ampliação e construção de

conceitos, suscitando assim o processo de aprendizagem, ao articular dados, fatos e

informações. Seria tratar criança como criança, respeitando seu desenvolvimento, suas

capacidades e potencialidades.

Almeida, no livro Educação Lúdica (2000), apresenta fundamentos básicos de uma

Educação Lúdica apoiando-se nos pensadores, desde a Grécia Antiga. Revela que o lúdico

está e sempre esteve presente em todos os momentos da vida humana, ressalta a importância

do jogo na formação e desenvolvimento da criança e seu valor pedagógico consubstanciado

em sugestões de experiências vivenciadas.

Todo o conteúdo a ser trabalhado apresenta vários objetivos a serem alcançados, então

se os critérios estabelecidos referentes às estratégias que serão utilizadas derem a

oportunidade de uma maior reflexão e possibilidades de transformação, os alunos ficarão mais

seguros e capazes; construindo assim pensamentos que os levem ao domínio das informações.

Assim o professor também se sentirá recompensado, pois terá alunos muito mais felizes,

satisfeitos e com maior domínio dos conteúdos trabalhados.

O professor sente-se mais feliz quando percebe que em sua classe existe um clima de

entrosamento entre as exigências normativas (da escola) e exigências psicológicas (da criança

referente ao seu desenvolvimento). Sente-se mais seguro, quando observa a participação ativa

e alegria de seus alunos, e capaz quando avalia os resultados obtidos.

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Conduzir a criança à busca, ao domínio de um conhecimento mais

abstrato ministrando habilmente uma parcela de trabalho (esforço) com uma

boa dose de brincadeira transformaria o trabalho, o aprendizado, num jogo

bem sucedido, momento este em que a criança pode mergulhar plenamente

sem se dar conta disso.(ALMEIDA, 2000: p. 60)

Almeida (2000) ressalta que o jogo é um momento que deve ser aproveitado para o

aprendizado e também domínio de conhecimento. Então para que o jogo facilite o alcance dos

objetivos propostos, o professor deverá antes de qualquer coisa acreditar que a utilização

desse recurso irá facilitar o trabalho das crianças e o dele próprio, embora isso requeira uma

conscientização da importância de respeitar as fases de desenvolvimento e conseqüentemente

uma compreensão da associação do lúdico com o ensino-aprendizagem. O professor então

deve planejar suas aulas de modo a contemplar conteúdos, compreensão dos alunos e também

sua própria satisfação em estar gerando prazer em aprender.

O conhecimento deve ser focalizado nas experiências, nas vivências que despertarão

os interesses, facilitando o processo ensino-aprendizagem. Para isso, o educador percebe que

ensinar não é apenas transmissão de conhecimento, mas sim criar condições e situações para

que aconteça a aprendizagem, levando a criança a agir e ter coragem de arriscar-se.

Um clima de segurança e de afetividade na sala de aula é importante para que a

criança sinta-se capaz de participar, propondo alternativas, reagindo aos estímulos propostos

pelos jogos e, dessa forma, ela estará avaliando todo o processo de aprendizagem do qual é

elemento chave.

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Os jogos, por exemplo, possibilitam ao professor observar o

desempenho dos alunos durante o desenvolvimento e possibilitam ao próprio

aluno participar do processo de avaliação, avaliando os companheiros e se

auto-avaliando. A auto-avaliação torna sua participação mais responsável,

ajuda-o a assumir a responsabilidade e a decidir quais os critérios mais

importantes para si. No início o aluno se perde devido ao fato de nunca ter

trabalhado com esse sistema, mas aos poucos ele mesmo vai percebendo que,

dia a dia, se renova, melhorando cada vez mais.

Os jogos, em si, não constituem instrumentos de avaliação, mas são

estratégias que oferecem ao professor e aos próprios alunos a possibilidade de

observar o rendimento da aprendizagem, as atitudes e a eficiência do próprio

trabalho.(ALMEIDA,2000: p.124)

Segundo Almeida (2000), o jogo é uma atividade rica em estimulação e desafios. Pode

liberar um potencial que já existe, fazendo com que a criança participe da atividade não como

aprendizagem formal e sim como jogo, uma atividade prazerosa, tornando-se assim uma

situação ideal de aprendizagem.

A avaliação deve ser encarada como um instrumento a ser utilizado durante todo o

processo de aquisição e/ou construção de conhecimento, observando suas implicações,

refletindo sobre resultados, verificando a necessidade ou não de mudanças, visando sempre ao

aprimoramento e compreensão dos conteúdos trabalhados. O jogo fornece esse tipo de

avaliação, tornando-a satisfatória, mais agradável aos olhos do aluno. O professor avalia como

diagnóstico para a reformulação do que não foi absorvido, levantando hipóteses para sanar as

dificuldades.

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Com a utilização dos jogos o trabalho pode se tornar mais efetivo, pelo fato dos alunos

se envolverem mais profundamente pelos conteúdos e por estarem também envolvidos

afetivamente com o professor que passa a ser uma figura de grande importância não só para o

aprendizado, mas também para a vida de cada um, pois dá a chance de se colocar perante o

outro sem o medo de errar, de ser criticado, pois a jogada é dele e só ele é capaz de explicar

qual foi o seu raciocínio.

Os jogos proporcionam possibilidades de reflexão após seu uso. Ao término, poderá

ser avaliado o resultado, para ampliar as possibilidades dos próprios jogos, discutindo-se as

ações, tornando assim a aprendizagem mais eficaz. Uma avaliação eficaz é a que proporciona

ou possibilita mudanças durante o processo de aprendizagem visando maior e melhor

aproveitamento.

Para Brenelli, em O Jogo como Espaço para Pensar (1996), a intervenção com jogos

é um meio de trabalhar o processo de construção do conhecimento em crianças com

dificuldades de aprendizagem. Utilizando-se jogos de regras como “Cilada e Quilles”

permite-se aos sujeitos criarem estratégias, fazerem antecipações, lidarem com contradições

envolvendo o conhecimento aritmético.

A autora trata o jogo de regras como importante aliado, tanto no trabalho pedagógico,

como psicopedagógico de acordo com vários pensadores, educadores e teóricos que

consideram o jogo como meio de desencadear um processo de equilíbrio entre o que é

interesse das crianças e superação de dificuldades na compreensão de conceitos aritméticos.

A criança muitas vezes, antes de executar uma atividade ou mesmo analisar conteúdos,

avalia e considera a forma como tudo está sendo trabalhado ou apresentado. Diante disso, a

forma com que o professor apresenta essas atividades é de extrema importância. Se o

professor quiser que a criança tenha maior receptividade deve então atender suas

necessidades, criando esquemas geradores de ação e compreensão, utilizando como recurso o

jogo que propiciará uma aproximação através das regras e estratégias, gerando um maior

entendimento, o que favorece um resultado satisfatório. Neste sentido, Brenelli afirma:

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Utilizar jogos em contextos educacionais com crianças que apresentam

dificuldades de aprendizagem poderia ser eficaz em dois sentidos: garantir-

lhes-ia, de um lado, o interesse, a motivação, há tanto reclamada pelos seus

professores, e, por outro, estaria atuando a fim de possibilitar-lhes construir

ou aprimorar seus instrumentos cognitivos e favorecer a aprendizagem de

conteúdos. Muitas vezes, pela pobreza de oportunidades, é-lhes imputado um

fracasso que traça para elas um caminho de desesperança, evasão e

repetência. (BRENELLI, 1996: p. 28)

Concordamos com a autora quando aponta que os jogos podem atrair mais atenção e

envolvimento da criança, ampliando em quantidade e qualidade as oportunidades de

participação, facilitando a assimilação de sua realidade social, associada a uma realidade

intelectual, a partir do desafio, instigando a compreensão e construção de conhecimento.

A criança acreditando em sua capacidade, irá se empenhar e participar com maior

envolvimento e comprometimento na construção do conhecimento. Caso contrário, o

conhecimento será visto como uma coleção de fatos isolados, o que acaba dificultando a

compreensão e relação do conhecimento que já possui, não atendendo então à necessidade de

quem aprende, que é a de ser ativo, dinâmico e confiante em sua capacidade.

O sujeito, quando interage com o objeto, abstrai suas propriedades

segundo suas possibilidades de interpretação. Esta atividade condiciona a

abertura de novas possibilidades cada vez mais numerosas e seguidas de

interpretações mais ricas.(BRENELLI, 1996: p. 39)

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De acordo com a citação acima, em um contexto escolar o aluno deve sempre

estar envolvido com as atividades, de tal forma que se integre ao objeto de conhecimento;

automatizando suas formas, compreendendo suas possibilidades para que se efetive a

aprendizagem, dando assim abertura e servindo de base para novas aprendizagens. A

interação com o objeto gera no aluno mais segurança para participar ativamente, estruturando

as situações de forma organizada, coerente, interpretando as possibilidades, preenchendo

lacunas, buscando explicações, adaptando-se às dificuldades, enfim tomando consciência de

seus erros e acertos através de reflexão, chegando assim a uma construção cognitiva positiva e

satisfatória.

O professor, ao respeitar as potencialidades e capacidade de compreensão do aluno,

mais chances terá de alcançar os objetivos do processo ensino-aprendizagem. Como

consequencia, o aluno irá canalizar toda sua motivação e interesse. Será um agente de todo

esse processo, coordenando idéias, produzindo, percebendo, expressando, conceituando, e não

como mero receptor de informações.

Com esses autores, pudemos perceber que o lúdico exerce grande influência no

desenvolvimento da criança. Cada autor demonstra isso de acordo com seus pontos de vista;

mas esse não é o ponto que queremos nos aprofundar.

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III– A CRIANÇA E O LÚDICO ATRAVÉS DOS TEMPOS

Para que pudessemos entender melhor o trabalho que é desenvolvido atualmente com

as crianças, em escolas ou nas próprias famílias, retomamos algumas questões referentes às

várias concepções da infância.

Antigamente a criança era vista como adulto em miniatura que possuía caracteres tanto

físicos como psíquicos idênticos em qualquer idade. Os educadores preocupavam-se mais em

formular regras do que conhecer a criança, porque a forma de pensar e agir da criança eram

vistas como um erro e como tal deveria ser extinto.

Essa forma de ver a criança era refletida também na vestimenta. Tanto meninos como

meninas imitavam os pais com casacas, cabeleiras e sapatos de salto.

Com o progresso da Psicologia, a concepção da criança era de um ser mau que só se

regeneraria com métodos rígidos, por isso o mestre deveria ocupar um lugar de repressor e

dominador, com o intuito de trilhar o caminho do bem.

Surge com o cristianismo uma concepção realista; a criança não é nem boa nem má,

porém possui tendências boas e más. Assim cabe à educação aperfeiçoar essas tendências

boas e reprimir ou transformar as más.

Segundo Philippe Ariès em sua obra História Social da Criança e da Família (1981),

a infância não era respeitada até por volta do século XII, a arte desconhecia a infância; os

pintores caracterizavam as crianças como sendo adultos em miniatura, ou em representações

com anjos.

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Somente a partir do século XIII é que se começou a descobrir a infância, embora esse

movimento tenha se tornado significativo a partir de século XVI. O traje das crianças, nessa

época, não era diferente dos adultos, o que havia era uma diferenciação respeitando uma

hierarquia social.

Depois, para haver distinção entre os trajes de crianças e os de adultos surgiram os

uniformes, nascendo assim à formação do sentimento da infância. Esse sentimento beneficiou

mais os meninos, porque as meninas ficaram um maior tempo no modo de vida tradicional

dos adultos.

Por volta de 1600, as brincadeiras atingiam as crianças de 3 ou 4 anos. Depois iam se

atenuando e desapareciam. A partir dessa idade, a criança participava dos mesmos jogos e

divertimentos dos adultos, tendo como objetivos a união e o bom relacionamento da

sociedade.

A participação das crianças e jovens nas festas era muito grande; era confiada às

mesmas uma função especial nos cerimoniais (século XIV ao XVII). As crianças praticavam a

música e a dança desde cedo. A dança era mais coletiva e impossível de dissociar-se dos jogos

dramáticos.

Ao longo dos séculos XVII e XVIII, estabeleceu-se uma atitude moderna com relação aos

jogos, pois até então havia dois aspectos contraditórios: de um lado havia uma atitude de

indiferença, os quais eram totalmente aceitos sem ressalvas. Do outro, formado por

moralistas, uma grande intolerância que condenava e denunciava sua imoralidade. Surgiu

assim, o compromisso de preocupação com a infância, havendo uma classificação dos jogos

como maus (os jogos de azar a que as crianças tinham acesso) e bons.

Com os humanistas do Renascimento, durante o século XVII houve uma modificação

quanto às possibilidades educativas dos jogos. Os jesuítas em seus colégios inseriram os

jogos, desde que pudessem escolhê-los, regulamentá-los e controlá-los, assim foram

considerados como estimáveis meios de estudo. A dança, a comédia e o jogo de bola foram

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admitidos como necessidade de exercícios físicos, valorizando o movimento do corpo que

causava satisfação e contentamento.

Houve então uma grande evolução, devido à existência dos jogos educativos dos

jesuítas, da ginástica dos médicos e do treinamento dos soldados, visando à necessidade de

patriotismo e demonstrando uma preocupação com a moral, a saúde e o bem comum.

Os jogos de desafios surgiram no fim da idade média (século XIV), sendo originados

nos costumes da corte.

O sentimento da infância tornou-se mais visível entre o século XVII e final do século

XIX com a cerimônia da primeira comunhão.

Em todas as partes do mundo houve sempre atenção para o valor do jogo na formação

do ser humano em todos os seus aspectos como o físico, moral, educativo, social, recreativo,

cognitivo, mas esses jogos no início eram realizados fora do período escolar. Só depois os

educadores admitiram que o jogo era proveitoso à saúde mental, sendo imprescindível para a

evolução humana.

De uns tempos para cá, mais ou menos cinqüenta anos, através da Psicologia mostra-

se a importância do jogo em sua motivação para o trabalho, proporcionando benefícios à

saúde física e mental da criança, do adolescente e do adulto.

Atualmente a criança é considerada como ser que apresenta em cada fase de seu

desenvolvimento características próprias e reações específicas que serão cultivadas pela

educação, proporcionando maior ajustamento às exigências sociais.

Como podemos perceber, a infância demorou séculos para que conseguisse ser

valorizada como um período importante no desenvolvimento humano. Passaram a ser

respeitadas desde vestimentas até brinquedos, incluindo o respeito às capacidades e

potencialidades da criança. E tudo isso foi conseguido através de muitos estudos, pesquisas e

experiências.

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Para resguardar nossas crianças foi necessário que existisse um referencial, que é uma

publicação oficial do MEC na qual estivesse especificado o que deveria ser priorizado, ou

seja, oportunizando a formação de um ser global, competente, crítico, autônomo para exercer

seus direitos e deveres de forma a contribuir para a melhoria de seu meio ambiente.

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3.1. – O Lúdico na Apropriação de Conhecimento

A psicopedagogia parte do princípio que a aprendizagem é uma tarefa de apropriação

e de domínio do objeto de conhecimento. No caso da criança, este objeto está relacionado

com a herança cultural transmitida pelas gerações, através das instituições educativas; família

com seus valores morais e éticos e escola de acordo com o que considera como sendo

importante para a formação do ser.

Essa noção de aprendizagem supõe um sujeito constituído em identidade e autonomia,

que seja o agente de apropriação do conhecimento e da construção do saber; supõe, também,

que o sujeito só assimila o objeto quando o organiza de forma significativa em termos de

espaço, tempo e causalidade. Para isso é necessário que se dê espaço para o aluno demonstrar

sua autonomia e independência, através de sua participação ativa, demonstrando seu

entendimento de uma determinada situação e não com a repetição de informações sem

entendimento, mas que poderão valer boa nota. Isso não é importante, e o próprio aluno

percebe o quanto é mais importante compreender para poder utilizar no momento que for

necessário.

De acordo com Alicia Fernandéz, (1991), “para aprender, necessita-se das

personagens(ensinante e aprendente) e um vínculo que se estabelece entre ambos” (p. 47).

Tanto o professor, como o psicopedagogo lutam para dar voz aos sonhos infantis e à

verdade inconsciente de cada um; pois o saber consciente faz contato com o saber

inconsciente, gerando um saber universal e a possibilidade de desenvolvimento.

Para ensinar, o ensinante precisa conectar-se com a sua posição aprendente e

favorecer que os alunos possam conectar-se com a sua posição ensinante. O

professor não é transmissor de informações, mas um favorecedor da

construção de conhecimentos no espaço “entre”, o qual se cria entre ele e seu

aluno. (FERNANDEZ, 2001: p. 99)

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A psicopedagogia aqui se dedica ao estudo da aprendizagem com a finalidade de

prevenir seus problemas, trabalhando com situações cognitivas, com o próprio processo de

pensamento e de solução de problemas. Procura-se antes de tudo o resgate do prazer de

aprender, não só para a escola, mas também para a vida. Está claro que isso pode ser atingido

através do lúdico que resgata o querer aprender. A relação escola e desenvolvimento da

criança têm que estar ligadas pela adequação das atividades didáticas para que os objetivos

propostos sejam alcançados.

O jogo permite observar a dinâmica da aprendizagem e o tipo de atitude do aluno,

podendo identificar se há desvios ou obstáculos prejudicando o processo de ensino –

aprendizagem.

Alicia Fernandéz (2001) afirma que o espaço do jogar e o espaço do aprender são

coincidentes e passam pelos processos de organização e integração.

Sara Pain (1985) também faz referência ao jogo dizendo que a atividade lúdica

fornece-nos informações sobre os esquemas que organizam e integram o conhecimento em

nível representativo.

A relação entre o jogo e o saber é muito importante; pois a construção do

conhecimento só se caracteriza a partir do momento em que houver apropriação do

conhecimento do outro; e esta construção só se realiza através do jogo. O mundo da criança se

expande tornando-se compreensível e conseqüentemente mais rico internamente.

A maneira como cada um aprende é única e requer ação, requer um jogo com

conhecimento de maneira a incorporar esse saber de acordo com as características daquele

que aprende.

O jogo e a aprendizagem possuem muitos pontos em comum. A criança que aprende

bem é capaz de construir algo e não receber passivamente o que lhe for ensinado. Dando

prosseguimento a essa pesquisa, foi importante verificar quais as habilidades cognitivas

envolvidas nos jogos e também localizar o conceito da infância e sua ligação com um

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referencial nacional no qual se valoriza o desenvolvimento integral, o que é demonstrado a

seguir.

3.2– Habilidades Cognitivas

e suas Relações com Os Jogos

Quando se pensa no homem como ser global, capaz de se adaptar ao meio em que

vive, desenvolvendo suas possibilidades e fazendo ajustes em seu comportamento, pensamos

na infância como o início de tudo. Assim, através de desafios, liberdade de participação,

experimentação e vivências, é que vão sendo incorporados a cada um, aspectos essenciais à

formação da personalidade ligados à autonomia, independência, descoberta, disposição de

aprender, participar e transformar. Desta forma, o jogo pode favorecer a percepção do eu em

relação aos outros, facilitar a compreensão do papel a ser desempenhado e permitir a

descoberta de contribuições que poderão ser dadas para a continuidade das atividades.

Dependendo do tipo de contato que a criança tiver com as atividades, sentir-se-á

segura em participar do novo, em construir seu próprio conhecimento, ajustando-se com

maior facilidade às situações novas.

De acordo com os questionamentos iniciais desta pesquisa, quanto às possibilidades da

utilização do lúdico para favorecer o desenvolvimento associado à aprendizagem, é necessário

que se ressalte a importância de dar significado ao mundo que rodeia a criança, integrando

informações novas às já conhecidas, para que haja uma reorganização de idéias que possam ir

se modificando de acordo com o tempo, tomando novas formas.

Desde o nascimento, a criança, através da ação, integra-se a sistemas de compreensão

que facilitam as percepções e atitudes de acordo com o período da evolução do pensamento

ou inteligência. A idade das crianças focalizadas nesta pesquisa refere-se ao terceiro período

ou estágio do desenvolvimento cognitivo que, segundo Piaget, é o período das operações

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concretas que abrange dos sete aos onze anos, no qual a criança começa a pensar antes de

agir, tornando-se suscetível a um começo de reflexão; libera-se de seu egocentrismo social e

intelectual, iniciando a construção lógica. Surge também neste período uma moral de

cooperação e de autonomia pessoal, enfim, a criança desenvolve a capacidade de aplicar o

pensamento lógico a problemas concretos no presente.

Para que se possa compreender melhor o resultado desta pesquisa, torna-se necessário

descrever algumas estruturas cognitivas3 que são asseguradas pela assimilação e acomodação

das ações da criança, em seu meio, que resultam no desenvolvimento de esquemas, variando

de acordo com a idade e informações acumuladas e elaboradas.

Pretendemos elencar algumas características desse período, relacionando-as aos jogos

utilizados, pelo fato de existir um processo mental inerente aos mesmos. Essa relação foi

elaborada sem objetivo de aprofundamento, mas de acordo com nosso conhecimento e

observação de modo empírico, não havendo, portanto um instrumento de comprovação.

Poderia problematizar algumas questões tais como: - Quais as lógicas construídas durante o

jogo?

Como ocorre o desenvolvimento das habilidades cognitivas?

Quais relações a criança faz entre o que já sabe e o novo desafio oferecido pelo jogo?

Embora se reconheça a importância de tais questionamentos, vamos fazê-lo apenas

como mera reflexão. Essa seria uma outra vertente da pesquisa, pois o objetivo é abordar as

possibilidades do uso dos jogos no desenvolvimento do currículo escolar, as quais

procuramos comprovar através dos dados coletados, utilizando as notas das provas,

questionário e entrevista.

Vale considerar que, em nossas observações, a socialização é um componente

presente na faixa etária de nove anos (3ª série). A comunicação é utilizada para atender às

necessidades individuais ou do grupo, favorecendo a integração de todos os componentes ou

participantes dos jogos, nos quais as crianças mostram-se mais comunicativas, discutem

3 As estruturas cognitivas serão apresentadas em itálico

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resultados, aprimoram estratégias, pensam e comentam suas ações e as dos outros, estreitando

relacionamentos, desempenhando funções ou papéis criados no próprio grupo.

É interessante observar as crianças em atividade com os jogos, porque percebem a

importância de cada uma, que todas as ações provocam reações, mesmo que advindas de

outro componente de sua equipe ou não. Respeitam o espaço, a colaboração e o ritmo de cada

participante.

Isso pode ser observado em alguns jogos como, por exemplo:

- Corrida de bexigas

- Bingo

- Disputa entre equipes

- Jogo do palito

- Jogo dos desenhos

- Meu colega é....

- Anúncio de TV e outros.

Esses são jogos de competição, nos quais pode-se observar várias experiências, com os

intercâmbios que facilitam as organizações e aceitação do ponto de vista do outro, havendo

uma descentração em que a criança, durante a atividade, avalia o outro como ser humano,

interagindo e compreendendo cada vez melhor a si mesmo e o mundo que a cerca, com tudo

que existe nele, adaptando-se com maior facilidade à realidade exterior. Isto pode ser

percebido a partir da aceitação das regras por todos, sem privilégios, ganhando relevante

importância para a continuidade do jogo ou atividade.

Pode-se observar essa característica de descentração nos jogos competitivos por

envolverem regras que devem ser respeitadas por todos da equipe, para que se dê

prosseguimento ao jogo como:

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- Descubra o numeral

- Jogo da forca

- Corrida da bexiga

- Jogo da trilha

- Jogo dos símbolos e outros.

Nos jogos, principalmente os de competição, as crianças devem estar atentas à

seqüência dos participantes, ao que efetivamente cada um tem de fazer e respeitar a

capacidade de transformação, ou tomada de novas direções, sempre buscando bons

resultados, porém compreendendo tanto os ganhos como as perdas, de forma natural. Essa

compreensão pode ser adquirida através de conversas ou avaliações, ao final de cada jogo.

Essa é uma forma concreta de avaliar os resultados obtidos pelas equipes. São levantados

todos os aspectos que levaram uma equipe a vencer e outra a perder. Assim a criança entende

e aceita a necessidade de mudança de postura ou participação, aprende a considerar outros

pontos de uma mesma situação que trará benefícios a si ou a sua equipe. Jogos competitivos:

- Corrida da bexiga

- Jogo do palito

- Jogo da forca

- Descubra o numeral

- Pirâmide das operações

- Vamos às compras e outros.

De acordo com o exposto, a criança pode mudar sua forma de pensar,

escolhendo novos caminhos que podem ser utilizados para uma mesma situação. Portanto, o

pensamento operacional concreto é reversível, pois a criança pode deduzir através da inversão

e reciprocidade as ações que internaliza, com o uso de vocabulário e vivências, fazendo-a

organizar seu pensamento, podendo retomar o sentido original. Assim, pode avaliar todas as

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possibilidades de solucionar um problema, escolhendo a melhor alternativa. Pode-se encontrar

a reversibilidade nos jogos de:

- Formar palavras

- Caracol dos pronomes

- Jogo de bingo

- Roleta das operações e outros.

Com a reversibilidade do pensamento, as ações são interiorizadas e a

partir daí surgem as operações lógicas, nas quais a criança compreende as informações que

tem em mãos para poder participar ativamente em nível de pensamento, combinando-as até

dar sua contribuição no jogo de forma a poder transformar resultados e organizar o jogo

mentalmente. Para isso, é necessário que a criança possa vivenciar as mais diferentes

situações, pois só assim poderá internalizar as ações. O jogo pode facilitar esse processo por

conter atividades práticas, tornando a criança capaz de uma multiplicidade de ações.

Os jogos que envolvem a lógica são os que exigem raciocínio lógico

como:

- Desafios matemáticos

- Dado das operações

- Roleta das operações

- Vamos às compras

- Pirâmide das operações

- Descobrir palavras e outros.

Pode-se considerar os jogos como um facilitador de ações cognitivas, pois a partir do

interesse e motivação apresentados pelos alunos, é que irão empenhar-se em compreender as

informações que têm em mãos para poderem participar ativamente, dando sua contribuição

como componente do jogo.

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Tendo a criança uma multiplicidade de ações, é necessário que tenha capacidade para

organizá-las mentalmente. Isto é conseguido através da seriação, que combina elementos de

acordo com certos atributos, relacionando-os de forma coerente, de acordo com o proposto ou

estabelecido. A criança percebe que há coisas que se seguem a outras e a partir de um

problema pode raciocinar para encontrar a solução, porque trabalha com raciocínio abstrato

dependente do concreto e da lógica.

Os jogos que apresentam a seriação:

- Jogo da bexiga

- Jogo das operações

- Jogo do palito

- Dominó

- Jogos de percurso

- Jogo dos símbolos e outros.

Sendo o desenvolvimento cognitivo seqüencial, a criança passa por etapas

caracterizadas por estruturas mentais de maneira a compreender problemas para solucioná-los.

Para que isso aconteça, é necessário que a criança estabeleça conceitos que são baseados na

classificação, processo no qual a criança agrupa objetos em classes de acordo com seus

atributos, e que através da lógica são relacionados a outros, levando-a a compreender a

situação, pensando, facilitando assim a aprendizagem.

Pode-se classificar através dos seguintes jogos:

- Jogo de caça-palavras

- Disputa entre equipe

- Jogo dos desenhos

- Alfabeto dos adjetivos

- Jogo da forca

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- Dado dos transportes

- Animais e suas características e outros.

Classificando, a criança adquire autonomia a partir do momento em que pensa nas

normas já estabelecidas pelo professor, avalia-as, questiona-as e, só depois, aceita-as, ou

propõe mudanças, refletindo sob o ponto de vista do professor.

Todas as habilidades expostas requerem regras a serem respeitadas, pois as crianças

percebem a necessidade delas para que o resultado do jogo seja positivo no sentido de que

todos os componentes ou participantes possam fazer parte dela, com os mesmos direitos, não

havendo privilegiados ou protegidos. Dessa forma, a criança valoriza a regra e segue-a, sente-

se capaz de entrar em acordo e propor mudanças, se assim for decidido pelo grupo. Todos os

jogos apresentados às crianças possuíam sempre regras a serem seguidas.

Os jogos utilizados nesta pesquisa atendem às habilidades ou estruturas cognitivas

que as crianças dessa faixa etária possuem, pois assim elas aprendem melhor, porque atuam

tanto física como mentalmente, individualmente ou em grupo, maximizando as atividades

produtivas, proporcionando maiores períodos de atenção e, conseqüentemente, de

participação ativa. Favorecem a investigação, observação, perseverança, reflexão, auto-

avaliação, disposição e domínio, tão importantes para a participação ativa do sujeito ao meio.

Essa participação pode tornar-se efetiva, consciente, reflexiva, se resgatarmos o sentimento de

alegria e satisfação em relação à escola, atividades e aos conteúdos, propiciando assim maior

envolvimento nas atividades. A escola tem perdido a magia e o encantamento de proporcionar

bons momentos, devido à exaltação de aspectos como a obrigatoriedade, a quantidade

exacerbada de conteúdos, cobranças ostensivas, falta de significado e proximidade dos

conteúdos a serem desenvolvidos. O jogo favorece o desenvolvimento global da criança em

seus aspectos sociais, emocionais, intelectuais, psíquicos, orgânicos, explorados amplamente

através das atividades que requerem da criança aspectos como raciocínio lógico, antecipação,

reflexão e outros para compreender a situação em que se encontra, e prever resultados através

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da ação. Assim, haverá contato com vários tipos de situações que servirão para modelar sua

personalidade através de sua participação ativa e autoconhecimento de suas potencialidades

para a formação do cidadão do futuro, ou seja, aquele que é capaz de pensar com autonomia.

O professor, além de ter responsabilidades quanto ao conteúdo a ser desenvolvido,

deverá atender às motivações naturais da criança, às relações afetivas, criando situações para

adequar sua ação educativa. Para tanto, deverá ter conhecimento sobre o desenvolvimento da

criança para melhor atendê-la, e evitar desajustes ou experiências negativas, durante o

processo ensino-aprendizagem. No nosso cotidiano escolar, os envolvidos nesse processo

esperam que o aprender seja satisfatório. De um lado, os professores que valorizam o

aprender, relacionando-o à disciplina, quantidade de conteúdo, e esperando que os alunos

absorvam o maior número de informações cobradas em provas. De outro lado, os alunos com

muita energia para ficar o tempo todo sentados, um atrás do outro, ouvindo muitas vezes

informações muito distantes de sua realidade, não havendo muito interesse em entendê-las.

Para que exista realmente o processo ensino-aprendizagem, é necessário, em um

primeiro momento, que haja uma maior disposição do professor em ensinar de acordo com as

possibilidades de aprender de seus alunos, que a disciplina seja importante para o aprender,

mas que só haverá disciplina se as crianças se envolverem na atividade desenvolvida e isto

pode acontecer com certa facilidade, através do jogo, que proporcionará a todos, o

envolvimento necessário para despertar a motivação e, conseqüentemente, a participação ativa

de cada um.

O ambiente tem grande influência no desenvolvimento da criança, porque ao fazer

relações com o que vive e vê, ela vai internalizando conceitos e experiências para entender

melhor tudo que a rodeia. Assim, de acordo com a individualidade dessas relações, a criança

vai construindo esquemas que facilitarão experiências posteriores, sejam sociais, físicas,

emocionais, intelectuais ou morais. Portanto, quando damos à criança oportunidade de se

sentir capaz, de se envolver de forma efetiva, de modo a sentir que as atividades podem ser

interessantes e que sua participação poderá ser algo agradável, canalizará suas energias para

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participar, pois se sentirá mais próxima do entendimento das ordens dadas, dos conteúdos e da

própria atividade, gerando assim aprendizagens significativas.

Nessa pesquisa vamos um pouco além, metodologicamente saímos do plano da

observação. Empiricamente utilizo o jogo, relacionando-o com todos os conteúdos das áreas

ou disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática estabelecidas no currículo escolar de uma

3ª série, demonstrando que é possível essa forma de trabalho e que os resultados são

extremamente satisfatórios, tanto em termos qualitativos quanto quantitativos.

Cremos que não só as crianças de Educação Infantil, de 1ª ou de 2ª série do Ensino

Fundamental, têm direito a serem respeitadas em seu desenvolvimento no que é sua essência,

ou seja, o que é inerente a todas as crianças que é o brincar.

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3.3 -O Desenvolvimento Integral

das Crianças no Exercício da Cidadania

Começamos pelo Referencial Nacional da Educação Infantil por percebermos que

ainda se valoriza o brincar nessa fase.

Esse referencial estabelece pela primeira vez que a Educação Infantil é a primeira

etapa da Educação Básica, apontando metas de qualidade para que as crianças tenham um

desenvolvimento integral, ampliando assim o conhecimento da realidade social e cultural de

modo a promover a socialização para o exercício da cidadania.

Para tanto, a criança tem de ser considerada com todas as suas peculiaridades como as

diferenças individuais, sociais, econômicas e seu acesso a bens sócio-culturais disponíveis. O

direito das crianças de brincar como forma particular de expressão, pensamento, interação e

comunicação infantil. (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, 1998. p 13).

O próprio Referencial contempla a preocupação com o “brincar”, evidenciando que as

brincadeiras fazem com que os alunos pensem e repensem nos acontecimentos a sua volta,

tentando solucionar todos os possíveis problemas que possam surgir de forma prazerosa e

transformando-os em conhecimento.

A criança adquire confiança em si própria sentindo-se competente diante de todas as

atividades, encarando-as como desafios, o que favorece a compreensão do resultado de suas

ações, enriquecendo a internalização de novos conceitos.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais consistem em referencial para o Ensino

Fundamental e tem como objetivo a atuação da educação na construção da cidadania para

atingir a igualdade de direitos entre os cidadãos.

Vejamos melhor, inicialmente, essa vinculação de quanto a educação é imprescindível

para que o aprendente se torne cidadão. Pode-se dizer que ser cidadão é ter direitos e deveres,

o que está descrito na Carta de Direitos da Organização das Nações Unidas (ONU), de 1948, e

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“sua proposta mais funda de cidadania é a de que todos os homens são iguais ainda que

perante a lei, sem discriminação de raça, credo ou cor”.(Manzini-Covre, 2001, p.9)

Em primeiro lugar para estar no que se afirma acima, “todos os homens são iguais” é

preciso que o aprendente tenha direito à educação.

A Educação através da apropriação do conhecimento pretende construir condições

para uma formação permanente de cidadãos competentes e dignos para exercerem seus

direitos e deveres.

Tendo em vista uma formação ampla, o ensino estará respeitando as diferenças

individuais, as capacidades cognitivas, físicas, afetivas, de relação interpessoal e inserção

social, ética e estética para a construção de um ser social e ao mesmo tempo autônomo. Isso

em termos de “ideal”; pois só assim teremos uma participação ativa de todos convergindo

para um só objetivo, que é o bem de todos.

As pessoas tendem a pensar a cidadania apenas em termos dos direitos a receber.

“... negligenciando o fato de que elas próprias podem ser o agente da

existência desses direitos. Acabam por relevar os deveres que lhes cabem,

omitindo-se no sentido de serem também, de alguma forma, parte do

governo. Ou seja, é preciso trabalhar para conquistar esses direitos. (Manzin-

Covre, 2001, p10)”.

Neste sentido, na medida em que é provido de conhecimentos educacionais é que

esse aprendente poderá melhor desenvolver o seu papel de cidadão, agora em sua face de

deveres, particularmente nas pugnas para um maior bem coletivo.Então, ele também deve ter

deveres: “ser o próprio fomentador da existência dos direitos a todos, ter responsabilidade em

conjunto pela coletividade, cumprir as normas” (idem) Esse aprendente deve ter certa

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organização pessoal, que se espera que uma boa educação possa lhe dar e estar provido de

conhecimentos que lhe permita reinvidicar ,pois:

Só existe cidadania se houver a prática da reivindicação, da apropriação de

espaços, da pugna para fazer valer os direitos do cidadão... Neste sentido, a

prática da cidadania pode ser a estratégia, por excelência, para a construção

de uma sociedade melhor. Mas o primeiro pressuposto dessa prática é que

esteja assegurado o direito de reivindicar os direitos, e que o conhecimento

deste se estenda cada vez mais a toda a população.(ibidem,p 10-12).

Assim, sempre que existe a necessidade de transformar algo já instalado, praticado e

aceito pelo meio social, para qualquer mudança ou transformação é necessário que exista

além da vontade de alguns, a visão global de toda a situação para que a transformação ocorra

em benefício da maioria dos indivíduos. Grandes transformações de nossa sociedade podem

ocorrer pelo fomento maior da cidadania. Indicamos como a educação pode melhor isso

propiciar. E ainda, podemos ter a escola como o ambiente propício por excelência para se

aprender os direitos e os deveres da cidadania. Segundo Manzini-Covre, (2001) podemos

perceber a necessidade de uma construção coletiva, tendo que:

...cidadania é o próprio direito à vida no sentido pleno. Trata-se de um

direito que precisa ser construído coletivamente, não só em termos do

atendimento às necessidades básicas, mas de acesso a todos os níveis de

existência, incluindo o mais abrangente, o papel do (s) homem (s) no

Universo. (p. 11)

É um direito a ser construído no coletivo porque não vivemos sozinhos, precisamos do

outro para viver de forma satisfatória. Diante disso, temos necessidades não só de moradia,

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alimentação, enfim as básicas de sobrevivência, mas também as ligadas ao social, nas quais

me relaciono com os outros indivíduos de mesma classe social ou não, dividindo, somando e

partilhando experiências, através da troca, do contato com o outro.

Segundo os preceitos da cidadania (carta da ONU, 1948) cada indivíduo deve ser

respeitado de acordo com suas capacidades, potencialidades e necessidades e, como não vive

só, deve respeitar igualmente os outros, resguardando princípios e valores tão necessários à

vida em sociedade. Assim todos poderão ter consciência de seu papel e, se ninguém faz nada

sozinho deve haver união com cada um desempenhando seu papel e, respeitando o papel do

outro.

Para ser construído o ser social, os Parâmetros Curriculares Nacionais fundamentam-

se nas influências de movimentos educacionais internacionais. A proposta pedagógica que vai

ao encontro das concepções de Educação é a “Pedagogia Renovada”, já que esta:

... é uma concepção que inclui várias correntes que, de uma forma ou

de outra, estão ligadas ao movimento da Escola Nova ou Escola Ativa, tais

correntes, embora admitam divergências, assumem um mesmo principio

norteador de valorização do individuo como ser livre, ativo e social. O centro

da atividade escolar não é o professor nem os conteúdos disciplinares, mas

sim o aluno, como ser ativo e curioso. O mais importante não é o ensino, mas

o processo de aprendizagem. Em oposição à Escola Tradicional, a Escola

Nova destaca o principio da aprendizagem por descoberta e estabelece que a

atitude de aprendizagem parte do interesse dos alunos, que por sua vez,

aprendem fundamentalmente pela experiência, pelo que descobrem por si

mesmos.(MEC/SEF, 1997, Introdução. P. 40)

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Nessa citação está clara a necessidade de serem oportunizadas experiências e vivências

para o desenvolvimento da capacidade dos alunos. Isso pode ser promovido pelo lúdico

porque o brincar é inerente à infância e o aluno deve ser favorecido por atividades que

despertem seu interesse e vontade em participar ativamente.

Muitas vezes o conteúdo especificado no plano anual está muito distante da realidade

ou do dia-a-dia dos alunos, mas se esse conteúdo for preparado de modo a se ter uma

participação mais ativa, prática, interessante, que desperte a curiosidade, acreditamos que

haverá uma incorporação de conhecimento muito maior e também compreensão do que é

aprendido na escola relacionado à realidade de cada um, favorecendo a competência de

discernir o que acontece a sua volta.

Portanto, para haver êxito no processo de ensino aprendizagem é necessário trabalhar

com significados, para que o aluno relacione-os com os conteúdos a serem desenvolvidos que

podem ser favorecidos pelos jogos.

Para trabalhar com a aprendizagem significativa, o professor deve conciliar as

exigências do plano escolar, através dos conteúdos estabelecidos, com o desejo de aprender

das crianças. Dessa forma haverá uma potencialização da aprendizagem.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais propõem uma mudança de enfoque

em relação aos conteúdos curriculares: ao invés de um ensino em que o

conteúdo seja visto como fim em si mesmo, o que se propõe é um ensino em

que o conteúdo seja visto como meio para que os alunos desenvolvam as

capacidades que lhes permitam produzir e usufruir dos bens culturais, sociais

e econômicos.(MEC/SEF, 1997, Introdução, p.73).

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Se a escola procura o aluno como ser global, desenvolvendo suas capacidades e

potencialidades, não pode priorizar somente o conteúdo, muitas vezes dado de forma

obrigatória, cumprindo apenas o que está estabelecido no currículo escolar. É preciso analisar

os conteúdos de forma a facilitar a compreensão, que acreditamos ser possível através dos

jogos.

A educação é um direito do cidadão, e nela o “bem aprender” é um direito do cidadão.

Isso se estende a todos os aprendizados. É um direito que envolve os três componentes da

cidadania; direito social, civil e político. Esclareçamos a que dizem respeito esses três

direitos:

Os direitos civis: “a todos cabem o domínio sobre seu corpo e sua vida,...

(direito social):” O acesso a um salário condizente para promover a própria

vida, o direito à educação, à saúde, à habitação, ao lazer. E mais (direito

político): é direito de todos poder expressar-se livremente, militar em

partidos políticos e sindicatos, fomentar movimentos sociais, lutar por seus

valores. Enfim, o direito de ter uma vida digna, de ser homem Isso tudo diz

mais respeito aos direitos do cidadão.(Manzini-Covre, idem p 12).

Assim a educação e seus aprendizados são classificados como um direito social, mas

para que ele tenha vigência, depende de outros direitos sociais (como o imprescindível

salário), de direitos civis (de poder se locomover, de estar bem no próprio corpo, etc) do

direito político (de poder fazer suas próprias escolhas na vida pública, mas no que está se

enfocando, escolhas referentes ao seu âmbito escolar, pugnar para que todos tenham

expressão da palavra e também dos sentimentos etc) Então, convenhamos, sem saber usar

bem, por exemplo, o Português não podemos bem ensinar, trabalhar, organizarmo-nos em

grupo, lutar pelo coletivo etc.

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IV – METODOLOGIA

Dentro de uma concepção histórica de método, sempre houve uma preocupação em

descobrir e explicar os fenômenos da natureza. Nas tentativas de explicar esses fenômenos,

houve a necessidade de se traçarem caminhos para se chegar a um resultado ou objetivo, de

forma a ordenar o pensamento, determinando procedimentos que facilitem a compreensão

desse percurso, avaliando os possíveis erros e auxiliando a tomada de novas direções sem

perder de vista o objetivo a que se pretende chegar.

Para a reflexão do questionamento inicial deste trabalho quanto às possibilidades do

lúdico em favorecer o desenvolvimento da criança, associado ao salto qualitativo e

quantitativo da aprendizagem em relação aos conteúdos curriculares, especificados no plano

anual da escola, buscou-se organizar esses conteúdos para serem desenvolvidos através de

jogos e observar a execução e o resultado final.

Para refletir, descrever, explicar, compreender, sistematizar e organizar o

conhecimento, procurou-se uma vivência prática para constatar os resultados através de grupo

experimental e de controle, questionário e entrevistas, observando a suposta transformação de

atitudes tanto do professor como do aluno que se modifica diante de atividades ou de um

programa de acordo com suas necessidades internas e habilidades de adaptação às exigências.

Neto, na obra Psicologia da Aprendizagem (1987), defende que:

em pesquisas de aprendizagem que envolvem grupos de sujeitos, é

comum contar o pesquisador, além de um grupo experimental (ou vários),

com um grupo de controle...o grupo experimental poderá ser subdividido a

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um esquema de aprendizagem.... O emprego do grupo de controle confere

maior rigor ao experimento, pois os resultados desse grupo são comparados

com os do grupo experimental.(p. 43)

Nesta pesquisa, utiliza-se a experimentação por possibilitar a demonstração de dados

coletados de forma a comprovar consistente e criticamente os resultados obtidos, que incidem

diretamente na aprendizagem, podendo ser avaliadas as implicações no comportamento das

crianças.

Para compreender e avaliar como o aluno e o professor vêem a situação de

aprendizagem, ou ainda como se pode construir o conhecimento através da utilização do jogo

ou do lúdico no desenvolvimento de conteúdo, foi escolhido trabalhar com grupo de controle,

no qual a idéia central é comparar os resultados, possibilitando maior compreensão e estudo

da viabilidade de se trabalhar com algo que é inerente à infância, possibilitando assim maiores

e melhores resultados.

Na experimentação implica-se as seguintes noções:

• Variável independente – os jogos que serão utilizados pelo professor para observar e

posteriormente constatar sua viabilidade e efeitos quantitativos e qualitativos através

de avaliação, questionário e entrevista.

• Variável dependente – comportamento das crianças recebendo a ação pedagógica dos

jogos na aprendizagem dos conteúdos do currículo escolar.

• Grupo de controle – Utilização de dois grupos. Um chamado de 3ª A (Grupo

Experimental) que foi submetido ao uso dos jogos composto por vinte meninos e

dezessete meninas, totalizando trinta e sete crianças. O grupo 3ª B (Grupo de

Controle) em que as crianças não foram submetidas a nenhum trabalho diferenciado a

não ser para efeito comparativo é composto por vinte e sete crianças, sendo dez

meninos e dezessete meninas. A idade das crianças nos dois grupos é de

aproximadamente nove anos.

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• Amostra significativa – através da investigação inicial com o objetivo de verificar a

reação das crianças (37 crianças da 3ª série A) frente ao trabalho diário de atividades

em relação ao desenvolvimento do conteúdo com o lúdico, para possíveis

reformulações e adequação.

Os jogos foram aplicados pela professora da turma, pois a intenção não era a de fazer

um trabalho com outra pessoa que não fosse a própria professora, não descaracterizando uma

situação escolar, na qual o diferencial foi a forma de desenvolver os conteúdos especificados

no currículo escolar. Nosso papel foi o de orientar, discutir e refletir com a professora

aspectos que pudessem enriquecer o uso dos jogos, facilitar a compreensão e envolver as

crianças, fazendo ajustes necessários durante a sua aplicação.

Antes de iniciar o trabalho, foi necessária uma investigação inicial com jogos para

observar e para fazer ajustes. Ela será apresentada a seguir no anexo 1.

Para uma investigação mais profunda, buscamos uma metodologia que pudesse

demonstrar as diferenças não só quantitativas, mas também qualitativas de um trabalho

escolar proposto para o 3º bimestre do ano letivo, desenvolvido através do lúdico com todos

os conteúdos estabelecidos no currículo escolar de Língua Portuguesa e Matemática.

Nessa pesquisa foram trabalhados dois grupos de uma escola da rede particular de

ensino, que funciona em dois períodos com cinco turmas de 3ª série. A 3ª série A e 3ª série B

foram escolhidas para a pesquisa de forma aleatória. O grupo da 3ªB (Grupo de Controle) é

formado por 10 meninos e 17 meninas com idade aproximada de nove anos. Com esse grupo

não foi feito nenhum tipo de intervenção com aplicação de jogos, porém no final do bimestre

foi aplicado questionário, entrevista e levantamento das notas alcançadas no bimestre.

A 3ª série A (Grupo Experimental) é formada por 20 meninos e 17 meninas com idade

aproximada de nove anos. Nesse grupo foi feita a aplicação dos jogos no desenvolvimento

dos conteúdos especificados no currículo escolar. Ao final também foram efetuados o

questionário, a entrevista e o levantamento de notas.

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Com a aplicação dos jogos, pretende-se partir de experiências individuais e em grupo,

construindo um processo de conhecimento e mudanças em diferentes níveis: cognitivo,

emocional, atitudinal e comportamental.

Nesses jogos foram oportunizadas vivências, resolução de problemas, participação,

envolvimento, criatividade, interesse e principalmente, ao final a compreensão dos resultados

obtidos positivos ou negativos.

Foi importante uma avaliação oral com as crianças, ao término de cada jogo, sobre os

resultados. Por exemplo, o que levou cada um a agir da maneira com que elas participaram.

Isso facilitou uma organização de pensamentos para futuras conclusões e para a modificação

ou não de comportamento e atitude.

Enfatizamos a importância da participação ativa da criança que deve ser valorizada

pelo professor, juntamente com a reflexão sobre os resultados. Assim, tanto um como o outro

pode refletir sobre as ações e comportamentos durante os jogos e, o que poderia ser

modificado para haver maior compreensão e/ou mudança de jogada para um melhor resultado

e entendimento do conteúdo desenvolvido.

Houve a necessidade da elaboração de inventário sobre os conteúdos a serem

trabalhados para não haver prejuízo em relação ao planejamento anual.

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V – INVENTÁRIO DE CONTEÚDO

O objetivo inicial sempre esteve muito claro, ou seja contemplar o trabalho com os

alunos sem haver nenhum tipo de perda em termos do planejamento anual ou que os alunos

ficassem em defasagem em relação aos outros alunos de mesma série

Foi feito um levantamento do plano anual de conteúdos a serem trabalhados na 3ª série

para a montagem dos jogos. Para que se pudesse ter tempo necessário na formulação e

montagem dos jogos, foram escolhidos os conteúdos do 3º bimestre, os quais estão

especificados a seguir:

LÍNGUA PORTUGUESA

• Artigo definido e indefinido

• Adjetivo

• Escrita por extenso de numerais

• Pronome do caso reto

• Ortografia – SC – XC – GU – QU – trema

MATEMÁTICA

• Operações + - x:

• Nomenclatura

• Sistema monetário

• Desafios matemáticos

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Todos os jogos que foram desenvolvidos e aplicados estão apresentados em anexo (2),

com as devidas explicações e regras para se alcançar os objetivos propostos. Queremos

ressaltar ainda que tivemos a preocupação de respeitar os conteúdos especificados no plano

anual para que a professora não se sentisse ameaçada em não cumpri-lo, sendo uma exigência

da escola que todos cumpram o que está especificado como sendo importante e essencial aos

alunos.

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5.1 – Investigação Inicial

Na investigação inicial houve a intenção de verificar se realmente os alunos iriam se

interessar por jogos relacionados aos conteúdos antes de montá-los, havendo tempo hábil para

fazer modificações caso fosse necessário. Houve a preocupação para que não houvesse

prejuízo ou perdas para os alunos/ professor / escola.

Num primeiro momento, houve a necessidade de montar alguns jogos para verificar o

interesse e participação das crianças.

Essa investigação inicial foi feita com o objetivo de observar através de uma amostra

se os jogos precisariam de ajustes, portanto procurou-se jogos que fizessem parte da

curiosidade e realidade dessa faixa etária. Jogos estes que dão a liberdade ao aluno escolher as

melhores condutas e/ou jogadas de acordo com o que acredita ou pensa ser correto.

Alguns dos jogos foram elaborados para serem jogados ou desenvolvidos

individualmente para que cada um pudesse escolher as jogadas e também que pudessem ser

jogados em dupla ou em grupo para explorar a socialização, a relação entre os alunos, o

esperar a vez, o respeitar a jogada do outro, pois vivemos em sociedade; portanto temos que

aprender a conviver desde muito cedo e nada melhor do que o lúdico para inserir o sujeito ao

meio.

Para que pudesse verificar se os objetivos seriam alcançados quanto à facilidade de

compreensão dos conteúdos, foram elaborados três tipos de jogos de conteúdos diferentes. Foi

escolhido o jogo da memória, bingo e jogo de percurso por considerar que tais jogos fazem

parte naturalmente da infância, que na grande maioria das brincadeiras e brinquedos das

crianças surgem e agradam a maioria. Isso é percebido através da observação das crianças em

atividades recreativas. Esses jogos são apresentados em anexo 1.

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A seguir apresento observações feitas após a aplicação da investigação inicial para

avaliar e fazer os ajustes se necessários.

5.2. – Observações feitas após a aplicação

Os jogos foram apresentados como uma atividade qualquer. A professora distribuiu o

material e explicou como seria a execução da atividade. O conteúdo já havia sido trabalhado

sendo então um conteúdo já dominado. Dessa forma o jogo serviria como recurso de revisão.

Logo de início as crianças mostraram-se muito motivadas e interessadas, aguardando

com certa ansiedade o início da atividade, pois era diferente de todas as outras que estavam

acostumadas a fazer. Parecia até que estavam se arrumando para uma brincadeira de lazer.

Participaram da atividade demonstrando envolvimento, interesse e muita disposição.

Quando as crianças terminaram, sentaram-se e fizeram juntamente com a professora

uma reflexão, avaliando o que aconteceu para que houvesse um ganhador; como ele fez, como

pensou, que estratégia utilizou e assim também com quem perdeu o jogo, estudando as

possibilidades de acertos e de erros nas jogadas.

Quase todas as crianças queriam dar suas opiniões, comentando o jogo e as mais

tímidas, ou que não queriam se expor, ficaram observando atentamente tudo o que estava

sendo falado.

Não foi observado um sentimento acentuado de frustração, de tensão por terem

perdido, mas uma vontade muito grande de explorar toda a situação, para talvez aprenderem

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com a experiência. As crianças se mostraram muito a vontade para fazerem os comentários,

discutindo atentamente todas as possibilidades das jogadas que fizeram e as que poderiam ter

feito.

Interessante foi observar o comportamento das crianças procurando avaliar todas as

possibilidades para o jogo, partindo da prática vivenciada, entendendo o resultado obtido não

só seu, mas de seus colegas também.

Todos puderam expor seus sentimentos, emoções e opiniões, havendo assim um bom

relacionamento e respeito entre as crianças.

Dá para perceber o quanto foi positivo trabalhar dessa forma com as crianças, porque

elas conseguem avaliar o que realmente é necessário avaliar, ou seja, não importa quem ganha

ou perde, mas sim o que é feito para se ganhar e o que não é feito para ganhar, assim avalia-se

as possibilidades do jogo, e não o resultado. Quando se pensa no processo existe um ganho

maior, porque o que não foi entendido agora através da reflexão passa a ser, o que foi visto ou

interpretado de uma maneira diferente ou superficial agora é visto em toda sua plenitude.

Pode-se dizer que os educadores de forma geral sempre estão buscando novas

estratégias, tecnologias, metodologias de trabalho e se esquecem de utilizar o que as próprias

crianças fazem e demonstram durante todo o tempo que é o brincar, jogar. Cabe então só

canalizar as atividades para se atingir os devidos objetivos.

Pudemos perceber a validade dessa amostragem a partir de entrevista com a professora

e com alguns alunos que de acordo com os teóricos pesquisados, apontamos RIZZO quando

destaca o lúdico como sendo um desafio ao prazer, associado a atividades criadoras que

conduzem a criança para a organização mental, facilitando seu pensamento a partir da

realidade em que está inserida, absorvendo melhor e mais facilmente todas as regras, normas

e conhecimentos para assim chegar à construção de conhecimento pautada na compreensão,

no domínio de conteúdos especificados no currículo escolar.

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A professora ficou muito contente com os resultados que foram muito positivos. Pela

sua avaliação, houve um aumento no número de acertos. Percebeu uma satisfação muito

grande nas crianças quanto à participação nas atividades desenvolvidas, nas quais

demonstram maior empenho e envolvimento, se concentrando e avaliando todas as

possibilidades, levando a um maior resultado não só quantitativo, mas também na qualidade

da aquisição do conhecimento.

É desejo de todos trabalharem, estudarem, o que de certa forma causa prazer, então o

jogo, as brincadeiras e o lúdico podem proporcionar isso não só para as crianças, mas também

para a professora que sente uma grande alegria ao observar que seus alunos estavam mais

felizes, absorvendo melhor os conteúdos, dispensando maior atenção às explicações,

entendendo que naquele momento se brincou, mas também se aprendeu muito. Esse talvez

seja um dos objetivos da grande maioria dos professores que querem desempenhar o seu papel

de forma agradável e envolvendo seu aluno de forma total.

Posteriormente em uma avaliação de coletivos, houve 100% de acertos por parte de

todos os alunos.

Algumas crianças expressaram-se assim:

• Quando a gente tem que aprender às vezes é chato prestar atenção o tempo todo,

então a gente erra e não aprende. Agora desse jeito é muito legal porque para eu

poder me divertir eu não posso esquecer nenhuma regra senão meu amigo passa na

minha frente.

• A gente nem percebe que está estudando.

• Eu perdi porque não pensei para marcar os sons do X.

• Para eu poder ganhar no bingo coloquei sons do X diferentes uns ao lado dos outros,

para aumentar as chances de ganhar.

• É muito legal fazer lição assim.

• Estou gostando desse jeito de aprender.

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As crianças só verbalizaram coisas positivas a respeito das atividades vivenciadas através

do jogo, causando até uma certa estranheza com respeito à avaliação que elas fizeram das

estratégias utilizadas, não levando em consideração essa ou aquela criança, mas o que cada

uma fez para ganhar ou perder. Dessa forma levou-se em consideração todo o tempo em que

se jogou e que o resultado foi apenas uma decorrência de todo o jogo.

Gostaríamos de ressaltar que uma criança ao verbalizar “para eu poder me divertir eu não

posso esquecer nenhuma regra” está preocupada em se concentrar, organizar suas idéias,

pensar nas possibilidades e fazer uma avaliação antes de escolher a jogada. Dessa forma a

criança se acostuma a pensar mais profundamente a respeito de tudo que é desenvolvido e que

poderá de certa forma servir de base para levantar hipóteses ou possibilidades de jogadas não

deixando de lado as explicações da professora, a execução de exercícios se concentrando para

atingir objetivos que podem ser estabelecidos tanto por ela como pela professora. Destacamos

novamente palavras de Fernandez, reforçando o quanto é importante valorizar as experiências

e vivências dos alunos.

Para ensinar, o ensinante precisa conectar-se com a sua posição aprendente e

favorecer que os alunos possam conectar-se com a sua posição ensinante. O

professor não é transmissor de informações, mas um favorecedor da

construção de conhecimentos no espaço “entre”, o qual se cria entre ele e seu

aluno. (FERNANDEZ, 2001: p. 99)

A fala das crianças serviu como um termômetro para medir a eficiência das atividades em

atingir os objetivos. Também para avaliar como elas se sentiam, se estavam motivadas, se

estavam percebendo que não era apenas diversão, mas também uma forma de aprender. Assim

a investigação inicial demonstrou qualidade na aplicabilidade, sendo essencial ouvir o que as

crianças tinham a dizer.

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É muitas vezes surpreendente ouvir o que a criança verbaliza, pois se pode perceber que é

demonstrado o que a autora Kishimoto (p. 17) nos aponta como sendo importante a

participação nas atividades que geram prazer e satisfação, mesmo quando ela não é a

vencedora, mas sim quando entende o porquê de ter perdido ou ganhado.

A partir dos resultados alcançados, foi realizada a aplicação dos jogos com fim

pedagógico durante todo o 3º bimestre. A seguir, apresentamos a contextualização dos jogos

na realidade escolar.

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VI - CONTEXTUALIZAÇÃO DOS JOGOS

NA REALIDADE ESCOLAR

De acordo com as informações colhidas através da investigação inicial foi considerada

a necessidade de contextualizar os jogos na rotina escolar, juntamente com os conteúdos

especificados no planejamento escolar, objetivando atender o cumprimento do que está

especificado para não haver prejuízo aos alunos, professor ou escola.

Acreditamos que os jogos e a competição são benéficos não só ao desenvolvimento da

criança, mas também quando ela tem de lidar com questões que não dependem só de sua

vontade, mas de todo um grupo. Muitas vezes, por meio de motivações extrínsecas, desperta-

se o prazer e o interesse em participar com o intuito de barganhar nota, e não como agente que

participa, que se envolve, que pode questionar, criticar e avaliar toda a situação e a si mesmo,

tirando proveito do contexto de jogo através da reflexão.

Se assim for, o aluno percebe e não se envolve na maioria das vezes, não dando

importância ao conteúdo, mas à nota. Registramos no jogo aplicado falas como “A gente nem

percebe que está estudando”, demonstrando que estudar não é uma atividade muito agradável.

Após a aplicação e verificação dos resultados obtidos na investigação inicial

começamos a aprofundar-nos no conteúdo já estabelecido no plano anual da 3ª série da escola,

na qual colocaria em prática nosso trabalho ou pesquisa durante o 3º bimestre do ano letivo de

2002. Sentimos a necessidade de pesquisar os assuntos em vários livros didáticos para retirar

o maior número de informações e torná-las interessantes às crianças.

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Começamos então a montar os jogos, escolhendo os mais tranqüilos para sala de aula

como: caça-palavra, bingo, jogo da memória, percurso, palavras cruzadas; como também

aqueles em que haveria a necessidade de sair do ambiente da sala de aula, como é o caso da

corrida das bexigas.

Todos os jogos foram adaptados a partir de jogos existentes no mercado a longo

tempo, como jogo da memória, dominó, forca e de percurso. Alguns outros foram adaptados,

como o jogo dos palitos coloridos que é uma variação do jogo “batata quente”.

Durante três meses dedicamo-nos à escolha dos jogos, ao estabelecimento de regras e

à adequação de conteúdos aos jogos. Eles foram reproduzidos em cartolina por ser um

material mais resistente. Todo o material como fichas de desenhos e palavras, jogos de

memória, dominós, foram separados e colocados em envelopes etiquetados com o nome do

jogo e conteúdo a ser atingido.

Foi montada uma caixa de jogos para cada criança contendo além deles, todo o

material necessário para coloca-lo em prática como: dados, fichas coloridas, dinheiro de

papel, palitos coloridos, bexigas.

No final de junho, entramos em contato com a professora da 3ª série A para que

pudéssemos juntas, explorar as possibilidades dos jogos, e também apontar o quanto seria

importante seu envolvimento porque, com este trabalho nosso objetivo não era que apenas nós

conseguíssemos colocá-lo em prática, mas que qualquer professora com envolvimento e

principalmente disposição faria um bom trabalho e poderia também comprovar o quanto o

lúdico pode facilitar o desenvolvimento dos conteúdos.

Em agosto, na volta às aulas, cada criança recebeu sua caixa de jogos e a devida

explicação de como seria utilizada. Todos se mostraram curiosos e animados.

Durante toda a aplicação do trabalho, estivemos em constante contato com a

professora para que se pudesse avaliar o processo. A avaliação sempre foi positiva, tanto em

relação ao entendimento e compreensão dos conteúdos quanto em relação à animação,

interesse e participação nas atividades com jogos.

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Os jogos estão relacionados de acordo com as áreas de estudo e seus respectivos

conteúdos.Os jogos de percurso que poderão ser utilizados em todas as áreas de estudo estão aqui

relacionados e posteriormente citaremos o número da figura correspondente ao jogo, para não

se ter de repetir ou demonstrar o mesmo jogo várias vezes.

Jogos de percurso:

• Jogo da tartaruga – Figura 1

• Jogo do sapo – Figura 2

• Jogo do caranguejo – Figura 3

• Vamos atravessar o lago - Figura 4

• Jogo da corrida maluca – Figura 5

Figura 1 Figura 2

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Figura 3

Figura 4

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Figura 5

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VII – INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

EMPREGADOS NA PESQUISA

Avaliação

Para que pudesse fazer uma análise dos resultados quantitativos, foi elaborado um

levantamento das notas obtidas nas avaliações bimestrais, tanto pela 3ª série A como pela 3ª

série B, porque4 todas as turmas fizeram as mesmas provas*, que são elaboradas com a

participação de todas as professoras da série, com os conteúdos trabalhados no bimestre.

As provas das áreas de Língua Portuguesa, Matemática, estão em anexo. (Anexo nº 3)

Questionário

Para uma análise quantitativa, foi feito um questionário* com dez perguntas

abrangendo:

o Relacionamento com a professora

o Tipo de atividades

o Forma de ensinar

Aplicamos o questionário a todos os alunos dos dois grupos O grupo da 3ª série A

(Grupo Experimental), que recebeu os jogos para desenvolver o conteúdo estipulado no 3º

4 As provas e questionários estão em anexo – 3 e 4

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bimestre, e a 3ª série B (Grupo de Controle), que freqüenta a escola em outro período de

funcionamento. (Anexo 4)

Entrevista

Com o objetivo de analisar qualitativamente os dados, foi feita uma entrevista com 12

crianças tanto do grupo da 3ª série A (Grupo Experimental) como da 3ª série B(Grupo de

Controle). Essa entrevista foi gravada e as perguntas relacionavam-se com a importância de

freqüentar a escola, o que se aprende, qual a forma mais fácil de aprender.

De acordo com as respostas dadas pelas crianças, pudemos ir questionar e nos

aprofundar mais nas idéias apresentadas.

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VIII – ANÁLISE DOS DADOS

Para que se pudesse fazer uma análise dos resultados obtidos, foi necessário após a

aplicação das provas, recolher as notas de todos os alunos e posteriormente calcular uma

média geral, tanto a 3ª série A (Grupo Experimental), como 3ª série B, (Grupo de Controle)

exposto a seguir nos gráficos.

Será apresentada uma análise quantitativa dos resultados obtidos pelos dois grupos,

sendo a 3ª série A trabalhada com jogos para o desenvolvimento dos conteúdos especificado

no plano anual ou currículo escolar e o grupo da 3ª série B que não foi trabalhado com jogos,

entretanto os conteúdos foram os mesmos. Frisamos que as avaliações foram às mesmas para

os dois grupos.

Demonstra-se ainda a ocorrência de maior disparidade das notas obtidas pela 3ª série

B, enquanto a 3ª série A apresenta maior homogeneidade, evidenciando que o trabalho com os

jogos proporciona além de facilidade na apresentação dos conteúdos, melhor compreensão e

aplicação prática dos conhecimentos por alcançar um maior número de alunos.

Sabe-se que a nota não mede conhecimento de ninguém, mas pode ser vista como o

resultado da aquisição de conhecimento que através do jogo não demonstra a pura repetição e

a pura decoração dos conteúdos ou informações transmitidas aos alunos. As notas

conseguidas aqui são resultado de total compreensão dos alunos, podendo-se considerar como

aprendizagem verdadeira, além do prazer gerado nos alunos, que muitas vezes não se

preocupavam com o resultado final, mas com o caminho que se utilizou até ali.

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8.1. – Língua Portuguesa

Com as notas obtidas tanto pela 3ª série A como pela 3ª série B, foram feitas duas

tabelas para facilitar a visualização. Logo abaixo estão indicadas as médias gerais, as quais

foram obtidas pela soma total das notas de todas as crianças e divididas pelo número de

crianças de cada turma.

3ª SÉRIE A

01 - 9.2 08 - 9.9 15 - 9.2 22 - 9.9 29 - 9.602 - 9.4 09 - 9.8 16 - 9.8 23 - 8.9 30 - 7.903 - 9.3 10 - 9.9 17 - 9.3 24 - 9.9 31 - 9.604 - 9.7 11 - 9.6 18 - 8.9 25 - 9.0 32 - 9.605 - 9.8 12 - 9.9 19 - 9.7 26 - 9.2 33 - 9.806 - 9.2 13 - 9.1 20 - 8.9 27 - 9.9 34 - 9.807 - 9.9 14 - 9.8 21 - 9.9 28 - 9.9 35 - 9.3 MÉDIA GERAL DA 3ª SÉRIE A - 9.5

3ª SÉRIE B

01 - 9.4 07 - 8.3 13 - 8.6 19 - 7.7 25 - 8.102 - 7.8 08 - 7.7 14 - 9.8 20 - 8.0 26 - 8.503 - 8.1 09 - 8.4 15 - 8.9 21 - 7.5 27 - 8.404 - 8.9 10 - 7.3 16 - 5.1 22 - 6.805 - 8.7 11 - 8.2 17 - 9.3 23 - 8.006 - 6.8 12 - 9.6 18 - 8.6 24 - 7.9

MÉDIA GERAL DA 3ª SÉRIE B - 8,15

Pode-se perceber a diferença das notas obtidas pelas médias gerais:- 3ª série A – 9,5 e a 3ª

série B 8,15, sendo a diferença entre as duas turmas de 1,35.

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8.1.1. –Análise Comparativa

Observando os resultados, resolveu-se comparar as dez notas mais baixas e as dez

notas mais altas de cada turma.

Embora a média geral da 3ª série A (9,5) tenha sido superior da 3ª série B (8,15),

pudemos notar que individualmente as notas dos alunos da 3ª série A foram destacadamente

superiores às notas dos alunos da 3ª série B. Isso pode ser melhor demonstrado ao se

considerar as dez notas mais baixas de cada série:

3ª série A:

7,9 9,1

8,9 9,2

8,9 9,2

8,9 9,2

9,0 9,2Média: 8,95

3ª série B:

5,1 7,7

6,8 7,7

6,8 7,8

7,3 7,9

7,5 8,0

Média: 7,26

Como pode ser observado, a diferença entre a 3ª série A e a 3ª série B, nas notas mais

baixas, é ainda maior – 1,69 –, demonstrando que os jogos são um diferencial importante

principalmente para com os alunos com maior dificuldade de aprendizagem e assimilação.

Podemos verificar também através do gráfico a seguir que a diferença entre as duas

turmas é considerável.

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Dez Piores Notas em Língua Portuguesa

7,98,9 8,9 8,9 9 9,1 9,2 9,2 9,2 9,2

7,9 8

5,1

6,8 6,8 7,3 7,6 7,7 7,7 7,8

0

2

4

6

8

10

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Alunos

Not

as

3ª série A3ª série B

Sentimos a necessidade de verificar a diferença entre os alunos com melhor

rendimento, tomando as dez melhores notas como parâmetros.

Apresentamos a seguir as dez melhores notas de cada série:

3ªsérie A:

9,9 9,9

9,9 9,9

9,9 9,9

9,9 9,9

9,9 9,8Média: 9,9

3ª série B:

9,8 8,9

9,6 8,7

9,4 8,6

9,3 8,6

8,9 8,5

Média: 8,23

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Foi comprovada uma diferença de 1,67 nas melhores notas, o que nos leva a concluir

que os jogos são facilitadores da aprendizagem, independentemente dos alunos. Podemos

observar esses resultados no gráfico a seguir.

Dez Melhores Notas em Língua Portuguesa

9,8 9,9 9,9 9,9 9,9 9,9 9,9 9,9 9,9 9,99,6 9,8

8,5 8,6 8,6 8,7 8,9 8,9 9,3 9,4

0

2

4

6

8

10

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Alunos

Nota

s

3ª série A3ª série B

Considerando-se então os gráficos demonstrativos das dez notas inferiores e das dez

notas superiores, a 3ªsérie A (Grupo Experimental), na qual as crianças trabalharam com

jogos durante todo o 3º bimestre, teve desempenho superior ao da 3ªsérie B (Grupo de

Controle), que não teve contato com os jogos, evidenciando ainda uma regularidade maior em

termos de aproveitamento, que é refletido nas notas obtidas pelos alunos.

8.1.2.-Gráfico Demonstrativo

do Percentual da Distribuição das Notas

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Para obter o índice percentual da diferença de notas de Língua Portuguesa, foi feita

uma distribuição, variando em escalas de um ponto a partir da nota cinco uma vez

demonstrado que de 0 (zero) a 4,9 não houve pontuação que justificasse seu apontamento.

NOTAS CORNº DE

ALUNOS %Nº DE

ALUNOS %0 – 4,9 ROSA - - - -

5 – 5,9 VERDE - - 1 3,7

6 – 6,9 LARANJA - - 2 7,4

7 – 7,9 AZUL 1 2,85 6 22,22

8 – 8,9 AMARELO 3 8,57 14 51,85

9 - 10 VERMELHO 31 88,57 4 14,81

Esse índice percentual pode ser melhor visualizado nos gráficos a seguir:

3ª série A - 35 Alunos

2,85 8,57

88,577 – 7,98 – 8,99 - 10

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3ª série B - 27 Alunos

3,7 7,4

22,22

51,85

14,81

5 – 5,96 – 6,97 – 7,98 – 8,99 - 10

8.1.3. – Análise do Percentual

O jogo aqui é demonstrado como sendo diferencial no desempenho dos alunos porque

dá oportunidade de pensar ativamente sobre suas opções de jogadas a partir da jogada do

outro. Como diz Almeida (2000), o professor tendo chance de observar seus alunos e dar

oportunidades deles se observarem o que pode aumentar sua capacidade de se perceber

perante o grupo e se esforçar para haver maior entrosamento.

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Os jogos, por exemplo, possibilitam ao professor observar o

desempenho dos alunos durante o desenvolvimento e possibilitam ao

próprio aluno participar do processo de avaliação, avaliando os

companheiros e se auto-avaliando. A auto-avaliação torna sua participação

mais responsável, ajuda-o a assumir a responsabilidade e a decidir quais os

critérios mais importantes para si. No início o aluno se perde devido ao fato

de nunca ter trabalhado com esse sistema, mas aos poucos ele mesmo vai

percebendo que, dia a dia, se renova, melhorando cada vez mais.

Os jogos, em si, não constituem instrumentos de avaliação, mas são

estratégias que oferecem ao professor e aos próprios alunos a possibilidade

de observar o rendimento da aprendizagem, as atitudes e a eficiência do

próprio trabalho.(ALMEIDA,2000: p.124)

Dos gráficos, depreende-se que a classe da 3ª série A (Grupo Experimental), que

trabalhou com os jogos, obteve significativa melhora no desempenho na área de Língua

Portuguesa em relação à classe da 3ª série B (Grupo de Controle), o que nos leva a pressupor

que os jogos influíram positivamente no aprendizado. Essa melhora é conseqüência da

homogeneidade alcançada pelo grupo da 3ª série A, no qual 88,57% dos alunos obtiveram

notas entre 9 e 10. Esse patamar de notas foi alcançado por apenas 14,81% dos alunos da 3ª

série B, que apresentou uma maior disparidade de notas.

Mesmo estando claros os resultados diferenciados alcançados pelas duas turmas,

apresentamos gráfico conclusivo das notas obtidas pelos alunos, para se ter uma visualização

mais ampla.

Lembramos que a turma da 3ª série A é composta por 35 alunos e da 3ª série B por 27

alunos. Essas notas são apresentadas para termos uma idéia dos resultados de cada aluno

individualmente e também para não se perder a totalidade de alcance dos resultados de todos

os alunos. Ressaltamos que o resultado alcançado pela turma da 3ªsérie A demonstrou uma

homogeneidade muito maior e isso pode facilitar o trabalho do professor quanto ao

desenvolvimento de atividades, porque contempla um número sempre maior de alunos com as

Page 81: APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO … · Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na minha busca de crescimento, me motivando sempre, principalmente meu marido Gerson,

mesmas atividades, sem a necessidade de adaptação a cada grupo de alunos dependendo do

nível de aprendizado ou de entendimento e compreensão.

A seguir é demonstrado o diferencial que é o trabalho com jogos a partir das notas

alcançadas pelos alunos, demonstrando que existe uma homogeneidade maior na 3ª série A

ficando mais fácil para a professora atingir seus objetivos de desenvolvimento dos conteúdos

especificados no planejamento anual, de forma mais rápida pelos alunos.

Page 82: APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO … · Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na minha busca de crescimento, me motivando sempre, principalmente meu marido Gerson,

Notas em Língua Portuguesa

7,98,9 8,9 8,9 9 9,1 9,2 9,2 9,2 9,2 9,3 9,3

5,1

6,8 6,8 7,3 7,5 7,7 7,7 7,8 7,9 8 8 8,1

0

2

4

6

8

10

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Aluno

Nota

s

3ª série A3ª série B

Notas em Língua Portuguesa

9,3 9,4 9,6 9,6 9,6 9,6 9,7 9,7 9,8 9,8 9,8

8,1 8,2 8,3 8,4 8,4 8,5 8,6 8,6 8,7 8,9 8,9

0

2

4

6

8

10

13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

Aluno

Not

as

3ª série A

3ª série B

Notas em Língua Portuguesa

9,8 9,89,9 9,9 9,9 9,9 9,9 9,9 9,9 9,9 9,9 9,9

9,39,4

9,6

9,8

9

9,2

9,4

9,6

9,8

10

24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35

Aluno

Not

as

3ª série A

3ª série B

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8.2. –MATEMÁTICA

Na área de Matemática, foi feita a mesma tabela para a visualização de notas, tanto da

3ª série A, como da 3ª série B, sendo que logo abaixo consta a média geral de cada turma que

foi obtida pela soma de todas as notas e dividida pelo número de alunos.

3ª SÉRIE A

01 - 7.3 08 - 9.5 15 - 8.3 22 - 9.7 29 - 9.102 - 9.0 09 - 8.3 16 - 9.7 23 - 8.5 30 - 7.103 - 8.4 10 - 8.9 17 - 7.7 24 - 8.3 31 - 9.204 - 9.2 11 - 8.6 18 - 8.8 25 - 7.9 32 - 8.805 - 9.4 12 - 8.6 19 - 9.2 26 - 7.4 33 - 9.206 - 7.4 13 - 8.0 20 - 8.9 27 - 9.1 34 - 9.007 - 9.7 14 - 8.0 21 - 8.8 28 - 9.3 35 - 8.4

MÉDIA GERAL DA 3ª SÉRIE A - 8.64

3ª SÉRIE B

01 - 8.7 07 - 8.6 13 - 8.8 19 - 7.5 25 - 8.902 - 9.0 08 - 6.2 14 - 8.5 20 - 8.1 26 - 8.203 - 7.9 09 - 7.5 15 - 5.5 21 - 6.4 27 - 9.004 - 8.8 10 - 6.0 16 - 5.2 22 - 8.705 - 8.5 11 - 8.8 17 - 8.4 23 - 8.706 - 5.9 12 - 9.5 18 - 9.2 24 - 7.0

MÉDIA GERAL DA 3ª SÉRIE B - 7.36

Pode-se observar que a diferença de notas obtidas pelas duas turmas é considerável,

atingindo 1,28, sendo o total alcançado pela 3ª série A de 8,64 e a 3ª série B 7,36.

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8.2.1. – Análise Comparativa

A exemplo do que verificado nos resultados obtidos em Língua Portuguesa, de modo

geral, a média de notas alcançadas pela 3ª série A (Grupo Experimental) foi significantemente

maior do que da 3ª série B (Grupo de Controle). Isto também se observa na média das dez

notas menores. Entretanto, curiosamente, verificamos que a diferença da média das duas

turmas para as dez melhores notas foi muito pequena, o que significa dizer que para os alunos

com maior facilidade de aprendizagem de Matemática, embora mais prazeroso, o fato de

trabalhar com jogos não influiu grandemente. Mas, por outro lado, para aqueles alunos que

obtiveram as notas mais baixas, a diferença entre as duas turmas é realmente significativa,

principalmente entre os alunos com maior grau de dificuldade, com as notas mais baixas e

apresentando maior diferencial.

Apresenta-se abaixo as dez menores notas de cada turma, com a respectiva média

obtida com a soma das notas e dividida por dez.

3ª série A:

7,1 7,9

7,3 8,0

7,4 8,0

7,4 8,3

7,7 8,3Media: 7,74

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3ª série B:

5,2 6,4

5,5 7,0

5,9 7,5

6,0 7,5

6,2 7,9

Media: 6,51

A diferença apresentada entre as duas turmas nas menores dez notas foi de 1,23, sendo

que a 3ª série A com 7,74 e a 3ª série B com 6,51.

Para que isso possa ser melhor visualizado, demonstra-se através do gráfico a seguir.

Dez Piores Notas em Matemática

7,1 7,3 7,4 7,4 7,7 7,9 8 8 8,3 8,37,5 7,9

5,2 5,55,9 6 6,2 6,4

7 7,5

0

2

4

6

8

10

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Alunos

Nota

s

3ª série A3ª série B

Seguindo o mesmo mecanismo, apresentamos as dez melhores notas da 3ª série A e da

3ª série B.

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3ª série A:

9,7 9,4

9,7 9,3

9,7 9,2

9,5 9,2

9,5 9,2Média: 9,44

3ª série B:

9,5 8,8

9,2 8,8

9,0 8,7

9,0 8,7

8,9 8,7

Média: 8,93

Aqui a diferença entre as duas turmas é de 0,51, sendo que a 3ª série A alcançou média

de 9,44, enquanto a 3ª série B 8,93.

Podemos perceber tais diferenças no gráfico a seguir.

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Dez Melhores Notas em Matemática

9,2 9,2 9,2 9,3 9,4 9,5 9,5 9,7 9,7 9,79 9,2 9,58,7 8,7 8,7 8,8 8,8 8,9 9

0

2

4

6

8

10

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Alunos

Nota

s

3ª série A3ª série B

8.2.2. - Gráfico Demonstrativo

do Percentual da Distribuição das Notas

Na tabela a seguir, apresenta-se a distribuição do percentual das notas de Matemática

em escalas de um ponto a partir da nota cinco, sendo que de zero a 4,9 não houve incidência.

Isso é demonstrado no gráfico a seguir para melhor observação.

3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B

NOTAS CORNº DE

ALUNOS %Nº DE

ALUNOS %0 – 4,9 ROSA - - - -5 – 5,9 VERDE - - 3 11,116 – 6,9 LARANJA - - 3 11,117 – 7,9 AZUL 6 17,14 4 14,818 – 8,9 AMARELO 15 42,85 13 48,149 - 10 VERMELHO 14 40,00 4 14,81

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3ª A - 35 ALUNOS

17,14%

40,00%

42,85% 7--7,9

8--8,9

9--10

3ª série B - 27 Alunos

11,11

11,11

14,81

48,14

14,81

5 – 5,96 – 6,97 – 7,98 – 8,99 - 10

8.2.3. – Análise do Percentual

Mais uma vez nota-se que foram apresentadas diferenças significativas entre as

classes. Verifica-se no segmento de notas 9.0 - 10.0, principalmente, melhora substancial na

avaliação de compreensão e retenção de conteúdos pela 3ª série A. Entretanto, observa-se

significativa diferença nas dez piores notas obtidas pelas duas classes. A diferença, por

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exemplo, entre as seis menores notas das duas turmas é de 30% a favor da 3ª série A (Grupo

Experimental).

Conclui-se, portanto, que ao menos nesse caso, os jogos facilitam o entendimento e

operacionalização dos conceitos e conteúdos apresentados, em especial para aqueles alunos

com maior dificuldade em Matemática.

Como evidenciado nos gráficos a seguir ocorre superioridade de todas as notas obtidas

em Matemática pela 3ª série A, em relação à 3ª série B.

Notas em Matemática

7,1 7,3 7,4 7,4 7,7 7,9 8 8 8,3 8,3 8,3 8,4

5,2 5,5 5,9 6 6,2 6,4 7 7,5 7,5 8,28,17,9

0

2

4

6

8

10

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Alunos

Not

as

3ª série A

3ª série B

Notas em Matemática

8,4 8,5 8,6 8,6 8,8 8,8 8,8 8,9 8,9 9 98,4 8,5 8,5 8,6 8,7 8,7 8,7 8,8 8,8 8,8 8,9

0

2

4

6

8

10

13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

Alunos

Not

as

3ª série A

3ª série B

Page 90: APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO … · Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na minha busca de crescimento, me motivando sempre, principalmente meu marido Gerson,

Notas em Matemática

9,1 9,1 9,2 9,2 9,3 9,4 9,5 9,7 9,7 9,79,2 9,29 9 9,2 9,5

0

2

4

6

8

10

24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35

Alunos

Not

as 3ª série A

3ª série B

IX – ANÁLISE QUALITATIVA

Para uma análise qualitativa da pesquisa, sente-se a necessidade de avaliar mais

subjetivamente o resultado do trabalho com jogos. Para isso, utilizamos questionários e

entrevistas. Isso para que pudéssemos verificar se o resultado obtido era apenas leitura

subjetiva dos fatos ou se eram verdadeiros de acordo com o que as crianças sentiram.

9.1 – Questionário

Foram feitas análises através de questionários, contendo dez perguntas sobre o que

cada um sente em relação à escola, à professora e às atividades desenvolvidas porque o

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importante para o aprender não é só obtenção de nota, mas a afetividade, se a criança gosta do

ambiente e das pessoas que a rodeiam. Isso facilita a aquisição de conhecimento. Esse

questionário foi respondido por todos os alunos das duas turmas.

Para que as crianças pudessem sentir-se mais à vontade, foi solicitado que não se

identificassem.

As perguntas apresentadas foram as seguintes:

1) Como você se sente indo para a escola de sua professora de classe?

2) Como é sua professora?

3) O que você sente pela sua professora?

4) Você gosta da maneira que ela ensina?

5) Como sua professora ensina?

6) Você gosta das atividades que são desenvolvidas nas aulas?

7) Você acha fácil ou difícil aprender com sua professora?

8) Como foi seu relacionamento com as crianças durante as aulas?

9) Como você se sente quando termina a aula?

10) Qual é o momento que você mais gosta na escola?

Todos os questionários respondidos pelos alunos tanto da 3ª série A como da 3ª série

B estão em anexo (4).

Foi feito então um levantamento, selecionando a escolha de algumas frases

significativas, positivas que serão representadas por “+”; as negativas representadas por “-“

e neutras representadas por “#” .

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A cada pergunta será apresentada uma tabela que denominamos como tabela

demonstrativa, com o total de respostas positivas, neutras e negativas com as devidas

porcentagens, para se ter uma noção da totalidade das respostas.

Tabela Demonstrativa

Classe 3ª série A 3ª série B

33

alunos

% 27

alunos

%

+

#

-

As frases serão transcritas como foram escritas pelas crianças, pergunta por pergunta.

Na seqüência das frases, há uma análise de algumas respostas levantadas e será

demonstrada uma tabela que denominamos tabela exemplificativa, na qual especificamos

algumas respostas dadas pelas próprias crianças fazendo uma análise parcial, a cada pergunta.

01 – Como você se sente indo para a escola de sua professora de classe?

Tabela Demonstrativa

classe 3ª série A 3ª série B

33

alunos

% 27

alunos

%

+ 28 85 15 55

# 4 12 7 26

- 1 3 5 19

Tabela Exemplificativa

Page 93: APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO … · Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na minha busca de crescimento, me motivando sempre, principalmente meu marido Gerson,

3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B

+ Eu me sinto bem porque a professora é

legal, ela gosta de brincar com nós.

+ Eu me sinto muito alegra e bem porque

eu gosto de estudar.

+ Eu me sinto bem. Porque eu estou

aprendendo uma coisa nova.

+ Eu me sinto muito curioza para ver a

meteria que vai ser dada.

# Me sinto ocupado. Por que eu aprendo. # Normal e calmo

# Bem, porque eu não gosto te ficar em

casa assistindo televisão.

# Normal

- Bem mas tem vez que me sinto mal

pois não quero ir ver meus amigos,

minha prof e nem quero aprender.

- Mi sinto mal e chato.

- ...de vez inquando ela é brava mais é

muito legal ela canta, brinca etc.

- Muito chato.

ANÁLISE

Percebe-se através das respostas dadas que o sentimento que as crianças têm em relação

à escola estão associados ao seu bem estar. Existe uma diferença básica com a classe que

trabalhou com os jogos, pois até as “broncas” da professora foram entendidas como sendo

para o bem dos alunos. Falas como: Eu me sinto bem porque a professora é legal, ela gosta

de brincar com nós; ...de vez inquando ela é brava mais é muito legal ela canta, brinca etc.

das crianças que trabalharam com os jogos e : Normal e calmo; Normal; Me sinto mal e

chato.

Miranda aponta que a aprendizagem pode ser um processo lúdico que estaria

proporcionando à criança uma melhor compreensão do meio em que vive, assim não só iria

aprender um conteúdo, mas colocá-lo em prática em seu relacionamento social.

Aprender pode ser um processo lúdico. Se a aprendizagem puder ser feita

com prazer, tanto melhor. As instituições de ensino deveriam efetivamente

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incentivar a convivência humana, interiorizar as regras da vida familiar e

social e sedimentar a socialização.(MIRANDA, 2001: p. 42)

Na escola se recebe o conhecimento formal e sistemático, mas também é um local de

socialização da criança que podem ser mais bem aproveitado com o trabalho desenvolvido

pelo lúdico, porque com jogos a criança se envolve relacionando regras e obrigações como

sendo algo necessário para melhor conviver em grupo, não geradoras de desprazer ou

insatisfação. Dessa forma a criança passa a se relacionar melhor com quem exige obediência a

algumas regras, no caso a professora.

02 – Como é sua professora?

Tabela Demonstrativa

classe 3ª série A 3ª série B

33

alunos

% 27

alunos

%

+ 29 88 8 30

# 4 12 10 37

- - - 9 33

Tabela Exemplificativa

3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B

+ Ela é muito legal, porque ela ensina

brincando.

+ Legal, e ela está de parabéns.

+ A minha professora é muito legal e + Ela é legal. Porque ela também brinca

Page 95: APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO … · Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na minha busca de crescimento, me motivando sempre, principalmente meu marido Gerson,

brinca com nós e gosta de brincar com

todos nós.

com todos nós.

# Eu não sei porque asvezes eu não

reparo.

# As vezes ela é chata, as vezes ela é

legal e as vezes é briguenta.

# As vezes brava as vezes legal. # Minha professora é meia chata e meia

legal.

- A minha professora é legal em alguns

momentos e chata em outros, mas eu

acho que ela briga com a gente só para

o nosso bem.

- Ela é muito chata

# Um pouco chata, porque ela pega no

meu pé e não deixa eu sentar com

meus amigos mas eu reconheço que é

pro meu bem

- Chata e velha.

ANÁLISE

Observando as respostas dadas, percebe-se que a professora da 3ª série A (Grupo

Experimental) é compreendida em todas as suas atitudes até “quando pega no pé”. As próprias

crianças da 3ª série A explicam e entendem o porquê, justificando as palavras utilizadas como

“chata”, “brava”, pois entendem que não dá para ser diferente. As crianças da 3ª série B

(Grupo de Controle) quando utilizam palavras como essas se limitam apenas a usá-las, sem

entender o porquê, já que não as justificam, pois gostam da professora e de certa forma as

palavras utilizadas referem-se ao que sentem em relação às atividades desenvolvidas.

Pode-se concluir que a imagem que as crianças da 3ª série A têm da professora é mais

positiva.

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O professor quando trabalha com jogos pode se sentir mais feliz porque percebe que

as crianças entendem com maior naturalidade exigências normativas (da escola) assim

consegue conciliá-las com as necessidades psicológicas próprias da idade.

Conduzir a criança à busca, ao domínio de um conhecimento mais

abstrato ministrando habilmente uma parcela de trabalho (esforço) com uma

boa dose de brincadeira transformaria o trabalho, o aprendizado, num jogo

bem sucedido, momento este em que a criança pode mergulhar plenamente

sem se dar conta disso.(ALMEIDA, 2000: p. 60)

De acordo com o autor pode-se confirmar que se o professor agir de forma hábil

atingirá mais rápida e eficazmente os objetivos propostos. Esta rapidez fará com que ele sinta

mais satisfação pelos resultados alcançados que através dos jogos irá gerar nas crianças mais

prazer em aprender, maior compreensão e domínio de conteúdos desenvolvidos.

03- O que você sente pela sua professora?

Tabela Demonstrativa

classe 3ª série A 3ª série B

33

alunos

% 27

alunos

%

+ 28 85 19 70

# 5 15 3 11

- - - 5 19

Tabela Exemplificativa

3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B

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+ Eu sinto amor porque ela da energia

positiva.

+ Eu mesinto bem eu gosto muito dela

+ Eu sinto muito carinho e dedicação por

ela pois ela não é o tipo de prof que se

encontra em qualquer lugar.

+ Carinho e amor

# Nada # Nada

# Eu sinto que ela vai ser feliz. # Eu não sinto nada

- ----------------------------------------------- - Nada porque eu não gosto dela

- ----------------------------------------------- - As vezes eu sinto ódio uma vontade de

falar um monte para ela mas as vezes

eu tenho um pouco de pasciente com

ela

ANÁLISE

Constata-se que o sentimento que as crianças têm pela professora é mais expressivo

positivamente pelas crianças da 3ª série A. Na verdade o que as crianças da 3ª série B sentem

pela professora se confunde com o que sentem pela forma de trabalho ou atividades

desenvolvidas, como é apontado por uma criança As vezes eu sinto ódio uma vontade de

falar um monte para ela mas as vezes eu tenho um pouco de pasciente com ela, palavras duras

para uma criança.

Alicia Fernandéz, (1991) afirma que, “para aprender, necessita-se das

personagens(ensinante e aprendente) e um vínculo que se estabelece entre

ambos” (p. 47). De acordo com esta citação confirma-se que o sentimento

que a criança sente pela professora estreita e canaliza energias para a

apropriação de conhecimento. A criança confia e permite que aquela pessoa que

está no papel de professora está autorizada a transmitir informações as quais são

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aceitas e internalizadas passando então à construção de conhecimento tendo

como base o afeto.

04- Você gosta da maneira que ela ensina?

Tabela Demonstrativa

classe 3ª série A 3ª série B

33

alunos

% 27

alunos

%

+ 33 100 19 70

# - - 3 11

- - - 5 19

Tabela Exemplificativa

3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B

+ Eu adoro, porque ela ensina brincando + Eu gosto. Porquê ela encina bem.

+ Sim eu gosto porque ela encina

brincando

+ Sim, porque ela esplica bem direitinho

# ----------------------------------------------- # Mais ou menos porque ela deveria

brincar um pouco mais.

# ----------------------------------------------- # Mais ou menos Porque as vezes ela

ensina de uma maneira estranha

- ----------------------------------------------- - Não. Porque ela ensina muito rápido

- ----------------------------------------------- - Não. Por que ela é groça

ANÁLISE

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Através da reflexão sobre as respostas dadas, observa-se que, além das crianças

gostarem da maneira como a professora da 3ª série A (Grupo Experimental) ensina, elas não

têm críticas que revelem qualquer desagrado ou indiferença para com a professora. Vejamos o

que dizem as crianças: Eu adoro, porque ela ensina brincando

Na turma da 3ª série B (Grupo de Controle), as crianças demonstraram um pouco de

dificuldade em compreender qual é a maneira de ensinar adotada pela professora, porque

estão em uma fase que valorizam o brincar, o concreto.

Embora as crianças não estejam preocupadas com a metodologia utilizada pela

professora, percebem que existe uma. As crianças da 3ª série A apontam para o brincar como

sendo uma forma de recurso para ensinar que é utilizada pela sua professora, enquanto as

crianças da 3ª série B sentem falta de brincadeiras e não entendem qual a forma de ensinar de

sua professora. Respondendo: Não. Porque ela ensina muito rápido; Mais ou menos Porque

as vezes ela ensina de uma maneira estranha.

Até mesmo as crianças percebem a forma de trabalho desenvolvida pelo professor se

este o faz de acordo com sua capacidade de entendimento como demonstra citação a seguir:

O uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos para a

relevância desse instrumento para situações de ensino-aprendizagem e de

desenvolvimento infantil. Se considerarmos que a criança pré-escolar aprende

de modo intuitivo, adquire noções espontâneas, em processos interativos,

envolvendo o ser humano inteiro com suas cognições, afetividade, corpo e

interações sociais, o brinquedo desempenha um papel de grande relevância

para desenvolvê-la. Ao permitir a ação intencional (afetividade), a construção

de representações mentais (cognição), a manipulação de objetos e o

desempenho de ações sensório-motoras (físico) e as trocas nas interações

(social), o jogo contempla várias formas de representações da criança ou suas

múltiplas inteligências, contribuindo para a aprendizagem e o

desenvolvimento infantil. Quando as situações lúdicas são intencionalmente

Page 100: APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO … · Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na minha busca de crescimento, me motivando sempre, principalmente meu marido Gerson,

criadas pelo adulto com vistas a estimular certos tipos de aprendizagem, surge

a dimensão educativa. Desde que mantidas as condições para a expressão do

jogo, ou seja, a ação intencional da criança para brincar, o educador está

potencializando as situações de aprendizagem. Utilizar o jogo na educação

infantil significa transportar para o campo do ensino-aprendizagem condições

para maximizar a construção do conhecimento, introduzindo as propriedades

do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora.

(KISHIMOTO, 2001: p. 36) .

O conhecimento através das propriedades do lúdico faz com que a criança aprenda

estabelecendo e manipulando sua participação nas atividades desenvolvidas. Percebe desta

forma que faz parte de um mundo já estruturado entendendo melhor o que a rodeia e, para se

aumentar sua capacidade de absorção nada melhor que o lúdico porque despertará interesse e

maiores possibilidades de entendimento.

05 – Como sua professora ensina?

Tabela Demonstrativa

classe 3ª série A 3ª série B

33

alunos

% 27

alunos

%

+ 33 100 18 67

# - - 6 22

- - - 3 11

Tabela Exemplificativa

3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B

Page 101: APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO … · Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na minha busca de crescimento, me motivando sempre, principalmente meu marido Gerson,

+ A professora ensina as meterias com

jogos super legais

+ Ela encina com muita atenção, amor e

carinho

+ Ela ensina brincando, por que

brincando você brinca e ao mesmo

tempo aprende

+ Ela ensina bem direitinho

# Bem como todas professoras # Ela ensina de patê em patê de lugar a

lugar e assim

# Ela ensina as vezes e eu não intendo ai

pergunto para ela e ela me ensina

# Ensina andando pela classe

- ----------------------------------------------- - Mal porque ela ensina de modo errado

- ----------------------------------------------- - Ela ensina rápido e ela divia ensinar

mais devagar porque se não da para

entender

ANÁLISE

Percebe-se que as crianças da classe da 3ª série A (Grupo Experimental) têm claro

qual é a forma utilizada pela professora para ensinar e apontam como sendo muito agradável,

porque aprendem brincando. Não há nenhum ponto de desagrado: Ela ensina brincando, por

que brincando você brinca e ao mesmo tempo aprende; Ela ensina as vezes e eu não intendo

ai pergunto para ela e ela me ensina.

Na classe da 3ª série B (Grupo de Controle), as crianças apontam através das respostas

que não existe uma forma determinada para que elas possam entender, devido o brincar ainda

ocupar um grande espaço em seu desenvolvimento. Talvez porisso foram tão diversificadas

suas falas ao não entenderem a falta do que é importante para elas: Ela ensina rápido e ela

divia ensinar mais devagar porque se não da para entender; Ensina andando pela classe.

Conclui-se que, quando existe uma metodologia de trabalho utilizada com freqüência

pela professora, as crianças ficam mais seguras e satisfeitas. Assim:

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É a atividade lúdica que alia desafio ao prazer, que deve predominar

na maioria das atividades oferecidas à infância, seguidas das atividades

criadoras, realizadas através das artes, que estimulam a organização e

construção do pensamento e a expressão das idéias. Ampliam as bases de

experiências psicomotoras, formam hábitos facilitadores na independência,

exercitam a atenção e a autodisciplina, de forma ativa e inteligente, e formam

também valores morais e sociais, frutos de experiências físicas, pessoais e

interpessoais, que aliam desafios à descarga de tensões, além de

proporcionarem satisfação e lazer, indispensáveis à manutenção da saúde

mental. (RIZZO, 1996: p. 32)

As crianças gostando da forma que a professora utiliza para ensinar sentem-se mais

seguras na busca de resultados, sem a preocupação em ter que acertar e sim se preocupam em

refletir sobre a melhor atitude a ser tomada, escolhendo qual a alternativa será melhor para

cada questionamento.

06- Você gosta das atividades que são desenvolvidas nas aulas?

Tabela Demonstrativa

Classe 3ª série A 3ª série B

33

alunos

% 27

alunos

%

+ 31 94 18 67

# 2 6 5 19

- - - 4 14

Tabela Exemplificativa

Page 103: APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO … · Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na minha busca de crescimento, me motivando sempre, principalmente meu marido Gerson,

3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B

+ Eu adoro!! Ela até da jogo para

entendermos mais as atividades.

+ Gosto. Por que são legais

+ Sim eu gosto muito por que as vezes

ela da jogos e a jemte aprende

brincando

+ Sim, porque tem ilustrações como

exemplos e fica mais fácil

# As vezes sim as vezes não por que

algumas são legais algumas chatas

# Algumas são legais, outras difíceis,

outras chatas e “bobas”

# As veses. Porque agumas são feses e

outras são difiseis

# Mais ou menos

- ----------------------------------------------- - Não. Por que é chata

- ----------------------------------------------- - Não porque ela só passa coisa fassio

ANÁLISE

Observa-se nas respostas que as crianças da classe da 3ª série A (Grupo Experimental)

aprendem de forma mais prazerosa, brincando, porque não houve nenhum ponto de desagrado

como: Sim eu gosto muito por que as vezes ela da jogos e a jemte aprende brincando; Eu

adoro!! Ela até da jogo para entendermos mais as atividades.As crianças da 3ª série B

(Grupo de Controle) não entendem o “como” as atividades são desenvolvidas, já que não

explicam suas respostas com coerência, comprovando que conhecer a metodologia de

trabalho pode influir nos resultados inclusive com alunos dessa faixa etária: Sim, porque tem

ilustrações como exemplos e fica mais fácil; Não. Por que é chata. Assim:

Aprender pode ser um processo lúdico. Se a aprendizagem puder ser feita

com prazer, tanto melhor. As instituições de ensino deveriam efetivamente

incentivar a convivência humana, interiorizar as regras da vida familiar e

social e sedimentar a socialização.(MIRANDA, 2001: p. 42)

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Se os professores se utilizassem do lúdico todas as relações que as crianças fariam

seriam ampliadas da família para o social, elas seriam permeadas pelo prazer de se relacionar,

de conviver, de partilhar sem a cobrança de resultados mas sim construindo seu conhecimento

não só pelas informações que recebem mas também pelas trocas quando existe a valorização

da convivência humana.

07- Você acha fácil ou difícil aprender com sua professora?

Tabela Demonstrativa

Classe 3ª série A 3ª série B

33

alunos

% 27

alunos

%

+ 30 91 19 70

# 3 9 5 18

- - - 4 12

Tabela Exemplificativa

3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B

+ Fácil, porque ela da muita brincadeira

leagais e fácil

+ Fácol. Porque a maneira que ela insina

todo mundo aprende

+ Fácil, porque ensinar brincando e

muito mais quando ela da brincadeira

+ Fácil, porque ela tira todas as nossas

dúvidas

# Eu ache meio difícil porque algumas

coisas são difícil

# Fácil e também difícil

# A eu acho difícil as vezes e as vezes

fácil porque ela da muita lição difícil

# Mais ou menos Porque ela e muito,

muito chata, mas aprendo muitas coisas

Page 105: APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO … · Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na minha busca de crescimento, me motivando sempre, principalmente meu marido Gerson,

- ----------------------------------------------- - Bem difícil porque ela toda aila crita

com a gente

- ----------------------------------------------- - Eu acho meio difícil, porque são meio

complicadas

ANÁLISE

Observa-se que existem pontos de divergência nas respostas das crianças das duas

turmas, mas de certa forma muito mais acentuada na 3ª série B (Grupo de Controle).

Na classe da 3ª série A (Grupo Experimental), não há criança que avalie como sendo

muito difícil aprender com sua professora, o que demonstra um ganho tanto quantitativo como

qualitativo no processo de ensino-aprendizagem: Fácil, porque ela da muita brincadeira

leagais e fácil.

Na classe da 3ª série B, 12% das crianças que acham difícil a forma de ensinar da

professora e 18% acham que às vezes é fácil e às vezes é difícil, o que pode comprometer o

trabalho da professora, pois aí temos um número considerável de crianças com dificuldades

em potencial. Isso não significa que as crianças possam não gostar da professora, mas sim

percebem que não é muito fácil aprender: Bem difícil porque ela toda aila crita com a gente;

Eu acho meio difícil, porque são meio complicadas.

Brenelli aponta os jogos como os que envolvem e ampliam as oportunidades:

Utilizar jogos em contextos educacionais com crianças que apresentam

dificuldades de aprendizagem poderia ser eficaz em dois sentidos: garantir-

lhes-ia, de um lado, o interesse, a motivação, há tanto reclamada pelos seus

professores, e, por outro, estaria atuando a fim de possibilitar-lhes construir

ou aprimorar seus instrumentos cognitivos e favorecer a aprendizagem de

conteúdos. Muitas vezes, pela pobreza de oportunidades, é-lhes imputado um

fracasso que traça para elas um caminho de desesperança, evasão e

repetência. (BRENELLI, 1996: p. 28)

Page 106: APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO … · Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na minha busca de crescimento, me motivando sempre, principalmente meu marido Gerson,

Os jogos podem facilitar a construção de conhecimento através da participação ativa e

reflexiva das crianças. Desta forma a criança confia mais em sua capacidade porque assimila

melhor cada participação não só sua, mas também de seus colegas de classe tornando o

trabalho mais ativo e dinâmico.

08- Como foi seu relacionamento com as crianças durante as aulas?

Tabela Demonstrativa

classe 3ª série A 3ª série B

33

alunos

% 27

alunos

%

+ 28 85 15 55

# 5 15 9 33

- - - 4 12

Tabela Exemplificativa

3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B

+ Foi muito dez, eu converso bastante,

brinco bastante, me divirto bastante

etc.

+ Bem Porque eu gosto de todos

+ Bem, porque todas as crianças daqui se

dão bem com toda a classe

+ Meu relacionamento com meus colegas

foi bom

# Bom as vezes mau as outras vezes # Com algumas bem com outras mal.

# Mais o menos porque algumas são

chatas e outras legais

# Foi legal as vezes e brigo a as vezes eu

converso

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- ----------------------------------------------- - Muito chato porque a professora não

deixa nós conversarmos

- ----------------------------------------------- - As crianças bagunçam e ficam

chingando

ANÁLISE

Constata-se a partir das respostas das crianças, que existe um diferencial entre as

turmas. A turma da classe da 3ª série A (Grupo Experimental) apresenta um relacionamento

criança X criança melhor do que as crianças da classe da 3ª série B (Grupo de Controle);

porque não são apresentados pontos negativos ou manifestações de desagrado pela primeira

turma citada. As crianças da 3ª série A verbalizam: Foi muito dez, eu converso bastante,

brinco bastante, me divirto bastante etc.; Bem, porque todas as crianças daqui se dão bem

com toda a classe. E da 3ª série B um número maior de crianças: Muito chato porque a

professora não deixa nós conversarmos; As crianças bagunçam e ficam chingando.

Reforçamos a importância de se manter um bom relacionamento, para que as crianças

sintam-se aceitas e inseridas no grupo, facilitando assim sua participação nas atividades

desenvolvidas, sem a preocupação se vão ou não desagradar o grupo; pois se entendem como

parte dele.

O clima emocional das crianças na classe pode ajudar muito em seu desenvolvimento

global, na formação de sua personalidade. Apenas 55% da classe da 3ª série B demonstrou

sentir-se bem contra 85% da 3ª série A.

O sujeito, quando interage com o objeto, abstrai suas propriedades segundo

suas possibilidades de interpretação. Esta atividade condiciona a abertura de

novas possibilidades cada vez mais numerosas e seguidas de interpretações

mais ricas.(BRENELLI, 1996: p. 39)

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Em um contexto escolar é esperado que o aluno se integre ao objeto de conhecimento;

compreendendo suas possibilidades para que se efetive a aprendizagem, ampliando esse

entendimento para outras e novas aprendizagens. Assim o aluno se sentirá mais seguro e

confiante para partilhar suas idéias com os outros, compreendendo o ponto de vista dos outros

independente dos acertos e erros. Ele compreende que o importante é entender os resultados

buscando as devidas explicações O professor desta forma desempenhará seu verdadeiro papel

de mediador e não de mero transmissor de informações.

Pode-se constatar que o jogo pode aproximar as crianças e favorecer maior

entrosamento e comunhão de idéias, propiciando assim um clima amistoso entre todos,

gerando satisfação, segurança e amizade, tão importantes ao desenvolvimento do ser humano.

09- Como você se sente quando termina a aula?

Tabela Demonstrativa

classe 3ª série A 3ª série B

33

alunos

% 27

alunos

%

+ 20 61 12 44

# 6 18 4 15

- 7 21 11 41

Tabela Exemplificativa

3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B

+ Felis por ter aprendido + Eu me sinto alegre

+ Mal porque os amigo, a professora

vam embora

+ Legal porque vou para casa brincar

# + ou - .Porque sim # Eu me sinto que amanhã vai ter uma

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nova aula e eu acho legal porque

chegando a cãs eu posso brincar na rua.

# Feliz mas ao mesmo tempo triste,

porque eu sinto saudade dos amigos

# Eu me sinto estudada

- Aliviado, porque as lições e as provas

acabam rápido

- Muito aliviada, porque ai eu não

preciso mais me preocupar com a nota

que eu vou tirar

- Mau porque eu quero mais uma aula - Muito bem porque eu paro de ouvi a

professora

ANÁLISE

Observando as respostas, percebemos que as crianças da 3ª série A (Grupo

Experimental) gostam mais da escola, sentindo-se melhor. Isto pode ser percebido quando as

crianças respondem: Felis por ter aprendido ; Mau porque eu quero mais uma aula

enquanto na classe da 3ª série B (Grupo de Controle), as crianças sentem-se felizes por irem

embora para brincar. Isso demonstra que se brincassem mais na escola, gostariam de

permanecer na mesma como é demonstrado: Muito aliviada, porque ai eu não preciso mais

me preocupar com a nota que eu vou tirar; Muito bem porque eu paro de ouvi a professora.

Mesmo quando as crianças da 3ª série A dizem sentir-se mal ao sair da escola, é

devido ao final das aulas e não por alívio, enquanto 41% da classe da 3ª série B ficam felizes

ao terminar a aula e expressam alívio por não terem de se preocupar em tirar nota ou sentem-

se muito bem em não terem de continuar ouvindo a professora. As crianças da 3ª série A

sentem saudade dos amigos e querem mais aula.

Aprender pode ser um processo lúdico. Se a aprendizagem puder ser feita

com prazer, tanto melhor. As instituições de ensino deveriam efetivamente

incentivar a convivência humana, interiorizar as regras da vida familiar e

social e sedimentar a socialização.(MIRANDA, 2001: p. 42)

Page 110: APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO … · Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na minha busca de crescimento, me motivando sempre, principalmente meu marido Gerson,

No que se refere à convivência humana, devemos sempre criar oportunidades para

envolver os participantes no processo ensino-aprendizagem de forma a se relacionarem

baseados na afetividade, prazer em conviver de forma natural sem imposições e/ou

obrigações. Isso pode se dar através do respeito mútuo que se consegue pelo desenvolvimento

de jogos nos quais tem-se que se esperar a vez depois de avaliar a jogada do outro, medindo

qual é o melhor caminho para obter melhores resultados individuais ou coletivos. Desta forma

o relacionamento entre as crianças e professora melhora muito porque o tempo que passam

juntos é cheio de descobertas, desafios e prazer.

10- Qual é o momento que você mais gosta na escola?

Tratando-se de momentos, nos quadros abaixo apresenta-se quais as situações que as

crianças mais gostam, independente do caráter positivo, neutro ou negativo.

Tabela Demonstrativa

classe 3ª série A 3ª série B

33

alunos

% 27

alunos

%

Lanche/Recreio/parque 21 64 25 93

Todos os momentos 4 12 - -

Com a professora 8 24 - -

Saída - - 2 27

Tabela Exemplificativa

3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B

* O momento que eu mais gosto e o

momento que a professora dá jogos,

* Na hora do recreio. Por que a gente brinca

muito

Page 111: APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO … · Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na minha busca de crescimento, me motivando sempre, principalmente meu marido Gerson,

brincadeiras e a continha de dividir por 2

* O momento é a aula que a professora da

porque ela é legal

* É as brincadeira, as aulas que sai fora da

classe

* O momento é quando ela ensina e quando

é o recreio

* A hora do lanche, porque não precisa fazer

lição

* A hora dos jogos, porque a professora ela

deixa a gente brincar com quem a gente quer

Que eu arejo um pouco a cabeça sem gritos. A

hora do recreio e nas aulas que agente sai da

sala de aula

* OBS. Várias crianças colocaram parque,

hora do recreio, lanche e educação física

* OBS. Várias crianças colocaram a hora do

recreio e as aulas dadas fora da classe

ANÁLISE

Percebe-se, observando as respostas das duas turmas, que as crianças gostam muito

das atividades livres como hora do lanche, recreio, entrada e saída, aula de Educação Física,

Música...

O que diferencia uma turma da outra é que nas respostas das crianças da classe da 3ª

série A, (Grupo Experimental) foi apontado como momento de que mais gostam a aula com a

professora devido aos jogos, ou à forma de ela ensinar como : A hora dos jogos, porque a

professora ela deixa a gente brincar com quem a gente quer; O momento é a aula que a

professora da porque ela é legal. Na 3ª série B (Grupo de controle), nenhuma criança apontou

algum momento em que possa ser relacionado ao trabalho que é desenvolvido em sala de aula

referente aos conteúdos estipulados no plano anual ou currículo escolar, exatamente por

brincarem nos momentos apontados como: A hora do lanche, porque não precisa fazer lição;

Que eu arejo um pouco a cabeça sem gritos. A hora do recreio e nas aulas que agente sai da

sala de aula. Os jogos foram apontados como sendo um momento prazeroso e Kishimoto

demonstra que o educador pode potencializar a situação de aprendizagem,

Page 112: APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO … · Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na minha busca de crescimento, me motivando sempre, principalmente meu marido Gerson,

Ao permitir a ação intencional (afetividade), a construção de representações

mentais (cognição), a manipulação de objetos e o desempenho de ações

sensório-motoras (físico) e as trocas nas interações (social), o jogo contempla

várias formas de representações da criança ou suas múltiplas inteligências,

contribuindo para a aprendizagem e o desenvolvimento infantil. Quando as

situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo adulto com vistas a

estimular certos tipos de aprendizagem, surge a dimensão educativa. Desde

que mantidas as condições para a expressão do jogo, ou seja, a ação

intencional da criança para brincar, o educador está potencializando as

situações de aprendizagem. (KISHIMOTO, 2001: p. 36) .

Os momentos vivenciados com os jogos foram os mais apontados pelas crianças como

sendo os que mais gostaram, isso porque nos jogos existe a criação de vínculos afetivos,

ampliando o contato social através das trocas verbalizadas e também as silenciosas quando se

avalia a jogada do outro para executar sua própria jogada, até mesmo o físico quando se

executa os jogos fora da sala de aula proporcionando momentos de maior descontração e

movimentação do corpo. Assim através dos jogos desenvolvidos percebe-se um ganho

qualitativo na aquisição de conhecimento, favorecendo a aprendizagem de conteúdos

estabelecidos no planejamento escolar.

Isto pode ser percebido se levarmos em conta a verbalização de algumas crianças

como: * O momento que eu mais gosto e o momento que a professora dá jogos,

brincadeiras e a continha de dividir por 2 em contrapartida da série que não utilizou trabalho

com os jogos, ao verbalizar: * A hora do lanche, porque não precisa fazer lição

9.1.1. - Análise Geral dos Questionários

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Refletindo sobre as respostas das crianças, percebesse que existe um diferencial

bastante acentuado com a turma que trabalhou com os conteúdos de forma lúdica. Esta

observação não se baseou apenas no resultado, mas também avaliei as respostas, quanto à

coerência, simplicidade, não só em relação aos conteúdos escolares, mas também em relação

ao aprendizado para a vida. O que foi acrescentado.

As crianças da classe da 3ª série A (Grupo Experimental), turma que utilizou os jogos,

expressam-se de uma forma mais completa, explicando suas respostas, o que não foi

observado nas crianças da classe da 3ª série B (Grupo de Controle). Percebe-se também que

desde o momento que foi explicado como eles poderiam ajuda, todo o grupo de crianças da 3ª

série A mostrou-se mais à vontade, sem demonstrar grandes preocupações, o que não foi

percebido pela 3ª série B, que agiu de forma contrária, com as crianças mostrando-se

dispersas, confusas e inseguras.

Na classe da 3ª série A, as crianças manifestaram maior satisfação pela escola, pela

professora e com as atividades desenvolvidas. Até os pontos de desagrado foram

imediatamente justificados pelas próprias crianças, revelando terem entendido que algumas

condutas da professora não condizentes com seus desejos eram necessárias para o bom

andamento das ações pedagógicas.

Aprender pode ser um processo lúdico. Se a aprendizagem puder ser feita

com prazer, tanto melhor. As instituições de ensino deveriam efetivamente

incentivar a convivência humana, interiorizar as regras da vida familiar e

social e sedimentar a socialização.(MIRANDA, 2001: p. 42)

Realmente é observável como o jogo pode ser um diferencial na aprendizagem porque

através de seu uso pode-se incentivar o aluno a melhorar seu desempenho não pela nota mas

Page 114: APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO … · Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na minha busca de crescimento, me motivando sempre, principalmente meu marido Gerson,

pelo interesse que aumenta ao compreender seu rendimento, entender quais as possibilidades

teria de reverter o resultado alcançado.

De acordo com as respostas, verifica-se o quanto é importante atender às necessidades

da criança e que os jogos foram importante diferencial, apontando para uma significativa

diferença entre as turmas, por facilitar a aprendizagem e principalmente o relacionamento

entre criança - criança e criança - professor.

A seguir, tem-se um levantamento de categorias em que foram escolhidas palavras que

surgiram com freqüência nas respostas dadas pelas crianças. Há respostas que apresentam

discrepância acentuada, quer sejam positivas ou negativas, revelando assim maior satisfação

entre as crianças da 3ª série A.

9.1.2. - Levantamento de Categorias

Foi feito um levantamento mostrando o número de vezes em que a categoria apareceu

em todos os questionários e em todas as perguntas.

De acordo com o quadro de categorias exposto abaixo, alguns aspectos são

demonstrados pelas duas turmas com pequena diferença (menos de quatro pontos), não sendo

considerada relevante, e outros com uma diferença maior, a qual deve ser considerada.

CATEGORIAS 3ª A 3ª B PONTOS RELEVANTES

ÓTIMA 03 -

LEGAL 87 39 Diferença de 43 pontos

BRINCAR/ BRINCADEIRA 60 07 Diferença de 53 pontos

JOGOS 25 - Diferença de 25 pontos

FÁCIL 35 24 Diferença de 11 pontos

Page 115: APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO … · Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na minha busca de crescimento, me motivando sempre, principalmente meu marido Gerson,

DIFÍCIL 06 09

CANSADA 06 - Diferença de 06 pontos

DIVERTIDO / ENGRAÇADO 14 04 Diferença de 10 pontos

ALEGRIA / FELIZ 17 12 Diferença de 05 pontos

BRAVA 07 09

GENTIL 01 -

CARINHO / AMIZADE / AMOR 17 13 Diferença de 04 pontos

SINCERIDADE 02 -

ATUALIZADA 01 -

CHATA 06 23 Diferença de 17 pontos

NADA 01 03

ALIVIADA 01 02

DEDICAÇÃO / CONFIÁVEL 03 -

TRANQUILA / CALMA / PACIÊNCIA 05 10 Diferença de 05 pontos

RAIVA / ÓDIO 01 01

GROSSA / BRIGUENTA 01 05 Diferença de 04 pontos

BONITA 02 01

BRONCA 03 -

INTERESSANTE / DIFERENTE 03 02

BAGUNÇA - 03

TRISTE - 05 Diferença de 05 pontos

BOBA / MAL / GORDA - 03

VELHA - 01

GRITA - 01

CURIOSA - 01

COMPREENSÃO - 01

NERVOSA - 04 Diferença de 04 pontos

IGNORANTE - 01

RECREIO / LANCHE 16 24 Diferença de 08 pontos

Page 116: APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO … · Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na minha busca de crescimento, me motivando sempre, principalmente meu marido Gerson,

PARQUE 13 - Diferença de 13 pontos

AULAS EXTRAS 03 10 Diferença de 07 pontos

ENTRADA / SAÍDA 02 02

ARTES 04 03

9.1.3. – Análise das Categorias

Sempre que surgem impressões como ótimo, legal, fácil, divertida, alegria, vê-se no

quadro diferença acentuada entre as duas turmas. O grupo de crianças da 3ª série A (Grupo

Experimental) é o que mais utiliza essa forma para exprimir o que sente em relação à

professora, escola ou atividades. Isso se pode constatar através de falas das próprias crianças

como:

• Em relação à professora

o Ela é super legal

o A professora ensina muito bem

o Minha professora é legal porque ela dá jogo

o Ela é muito legal, mas as vezes ela pega no meu pé, mas é para o nosso bem

• Em relação à escola

o Gosto muito dela

o Eu me sinto bem. Porque estou aprendendo uma coisa nova

o É ótimo nós brincamos e aprendemos

o É divertido ir à escola para estudar e brincar

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• Em relação às atividades

o É fácil porque ela (professora) explica bem para saber

o Fácil, muito fácil

o A professora ensina fácil

o Eu acho fácil porque ela ensina bm antes de dar a matéria

Em contrapartida, o grupo de crianças da 3ª série B (Grupo de Controle) é o grupo que

mais utiliza palavras como nervosa, triste, grossa, briguenta e chata. Como pode ser visto a

seguir:

• Em relação à professora

o Ela é muito chata

o Lega mais não brinca muito e algumas vezes chata

o Minha professora é legal e as vezes é brava

o Ela é um pouco chata e brava

• Em relação à escola

o Eu me sinto mais ou menos

o Algumas vezes eu vou empolgada para ir para a classe, mas a maioria das

vezes eu não estou com vontade de ir para a classe

o Normal

o Muito chato

• Em relação às atividades

o É chata

o ...Ela passa lição difícil

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o Algumas são legais, outras difíceis, outras chatas e bobas

o É chata

Percebe-se que na classe da 3ª série A, todas as categorias com maior número de

pontos são as ligadas ao prazer, lúdico, satisfação, alegria, o que não acontece com a classe

da 3ª série B que atingiu maior pontuação em aulas extras, recreio, lanche e outras ligadas

mais à insatisfação e desagrado.

Fica, portanto claro que a utilização de jogos para o desenvolvimento de conteúdos

estabelecidos no currículo escolar é importante agente facilitador, proporcionando ao mesmo

tempo motivação e elevado grau de satisfação, levando os alunos a bons resultados nas notas,

concomitantemente a ganhos consideráveis na qualidade da aprendizagem.

É a atividade lúdica que alia desafio ao prazer, que deve predominar

na maioria das atividades oferecidas à infância, seguidas das atividades

criadoras, realizadas através das artes, que estimulam a organização e

construção do pensamento e a expressão das idéias. Ampliam as bases de

experiências psicomotoras, formam hábitos facilitadores na independência,

exercitam a atenção e a autodisciplina, de forma ativa e inteligente, e formam

também valores morais e sociais, frutos de experiências físicas, pessoais e

interpessoais, que aliam desafios à descarga de tensões, além de

proporcionarem satisfação e lazer, indispensáveis à manutenção da saúde

mental. (RIZZO, 1996: p. 32)

Conclui-se que as crianças que foram trabalhadas com jogos desenvolveram um clima

de amistosidade, de proximidade, de convivência o que mostro a seguir favorecendo um bom

relacionamento entre todos seus integrantes. Não percebemos clima de tensão entre as

crianças e nem mesmo em relação à professora, muito pelo contrário, todos apresentaram

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grande liberdade em se aproximar para fazer questionamentos ou não, apenas pelo prazer da

aproximação.

• Na 3ª série A pode-se perceber na fala das crianças quanto ao relacionamento:

o Bem, porque todas as crianças daqui se dão bem com toda a classe

o Bem, porque eles são legais

o Eu acho todo mundo da minha classe legal

• E na 3ª série B a fala das crianças foi:

o Foi legal as vezes

o Muito chato porque a professora não deixa nós conversar

o Com algumas bem com outras mal

9.2 – Entrevistas

Para que pudéssemos compreender com mais profundidade os elementos

motivacionais, resolvemos entrevistar doze crianças da 3ª série A (Grupo Experimental),

grupo com o qual desenvolvi o trabalho com jogos e doze crianças da 3ª série B (Grupo de

Controle), o grupo que foi utilizado para fazer a comparação.

A entrevista foi feita com o objetivo de perceber como as crianças estavam se sentindo

diante do trabalho desenvolvido por suas professoras. Apesar das características individuais

dos alunos, buscamos avaliar desse trabalho feito pelas crianças.

Pretendia-se observar se os jogos foram um recurso facilitador ou não no processo de

ensino – aprendizagem; no que se refere à sua aplicação, aos avanços, à motivação com

implicação nos resultados finais, ampliando assim a percepção dos resultados.

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As entrevistas foram feitas com a utilização de um gravador. Chamou-se cada criança

individualmente, explicando que iria entrevistá-la, e indagando se ela permitiria ser

gravada.Nenhuma criança recusou-se a ser entrevistada.

As entrevistas foram transcritas de forma literal e todos os nomes das crianças foram

trocados.

Foram entrevistadas doze crianças de cada turma, sendo na classe da 3ª série A seis

meninos e seis meninas. Na classe da 3ª série B doze crianças, sendo sete meninos e cinco

meninas.

As perguntas que serviram de base para a entrevista foram:

• Para que se vai à escola?

• Só se aprende na escola?

• Onde é mais fácil aprender?

• O que você mudaria na escola ou na professora para o aprender ficar mais fácil?

• Do que você sente falta quando está na escola?

• Você gosta de brincar?

• É importante?

• Pode-se aprender brincando?

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ENTREVISTAS COM A 3ª SÉRIE A

01 - MARIA

* Para que se vai à escola?

Ah,... pra você aprende, pra você estuda, brinca também de vez em quando, assim, essas

coisas.

* Só se aprende na escola?

Não, você aprende, você brinca, se diverte, faz um montão de coisa legal.

* E na escola o que você faz?

Ah, eu estudo, eu brinco, eu corro, ah......eu jogo.

* Em que momento você brinca, joga ou corre?

Na hora do recreio, da saída e da entrada, de vez em quando na classe.

* Como é que você brinca na classe?

Ah! A professora dá jogo pra gente, ela dá um montão de coisa, ela canta, inventa música,

assim, essas coisas.

* Qual é a forma mais fácil de aprender?

Ah! Você tem que aprender se divertindo, que nem a professora, ela ensina pra gente dando

jogo, divertindo a gente.

* O que você mudaria na escola ou na professora para que o aprender ficasse mais fácil?

Ah! Assim, que nem inglês, a professora não devia já falar inglês e falar pra gente escrever,

ela devia fala inglês em montão de vezes, aí depois ensinar a gente a escrever, assim, essas

coisas.

* Do que você sente falta quando está na escola?

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Ah, eu sinto falta da minha cachorra, dos meus animais, a..... vamos ver.....ah um monte de

coisa assim.

* Você gosta de brincar?

Adoro.

* É importante brincar?

É, assim, você aprende brincando, você se diverte, você esquece de algum problema

brincando.

ANÁLISE

Essa criança revelou-se bastante segura em suas respostas, não parando muito para

pensar.

Demonstrou uma felicidade bastante intensa, enfocando a importância de se aprender

brincando e como ela mesmo disse “se divertindo”. Ela acentua que a professora “ensina

dando jogos”, o que torna a aprendizagem mais prazerosa.

Fica claro que essa criança gosta e sente-se bem na escola, pois na pergunta referente a

mudanças que faria na escola ou na professora, verbalizou querer mudar algo não em sua

professora de classe, mas na sua professora de inglês.

02 – FELIPE

* Para que se vai à escola?

Para aprender, é... ah, brincar com os colegas.

* Você só aprende na escola?

Não.

* Em que outros lugares?

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É... nos cursos...hum...natação, inglês.

* Onde é mais fácil aprender?

Na escola.

* Por quê?

Porque é legal, a gente aprende brincando também, a professora é legal.

* Você aprende brincando como?

Ah, com os jogos, com folhinhas.

* Nesses jogos você aprende alguma coisa?

Aprendo.

* O quê?

Ah, adjetivo, coletivo.

* O que você mudaria na escola pra ficar mais fácil aprender?

Ah, não sei.

* Não mudaria nada? É fácil aprender?

É.

* Do que você sente falta quando está na escola?

Ah, da minha mãe, do meu pai.

* Você gosta de brincar?

Gosto.

* Você acha importante brincar?

Sim.

* Por quê é importante?

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Ah, porque a gente aprende e tem educação.

ANÁLISE

Esse menino demonstrou um pouco de timidez no início da entrevista ao saber que

seria gravada, mas depois passou e respondeu a todas as perguntas prontamente.

Deixou claro que vai à escola para aprender, e que aprende brincando conteúdos como

os da área de Língua Portuguesa (adjetivo, coletivo).

A necessidade do brincar é clara, pois além de achar importante, considera que se

aprende brincando, não querendo ou não achando necessário mudar algo na escola. Isso me

leva a crer que a escola para essa criança é um lugar agradável, pois além de aprender, pode

brincar com os colegas.

03 – ROBERTA

* Para que se vai à escola?

Para aprender.

* É bom aprender?

É.

* Só se aprende na escola?

Não.

* Onde mais se aprende?

Em casa.

* Como?

Ah, os pais ensinando.

* De que forma você aprende na escola?

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Prestando atenção, e... fazendo a lição direito.

* O que você mudaria na escola, ou na professora pra ficar mais fácil aprender?

Não sei.

* Não tem outro jeito mais fácil?

Não.

* É fácil para você aprender?

É.

* Você gosta de brincar?

Gosto.

* É importante brincar?

É.

* Por quê?

Porque... a gente faz a lição e também depois tem que se divertir um pouco.

* Você se diverte na escola?

Me divirto.

* Em que momento?

No recreio.

* Só no recreio você brinca?

Na hora da entrada e na hora da saída.

* Você brinca em outro momento na escola?

Não.

ANÁLISE

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Nesta entrevista a criança revelou-se bastante direta em suas respostas que foram bem

curtas.

O brincar para ela relaciona-se com atividades livres, não direcionadas, que acontecem

na hora da entrada ou saída e recreio. Ao mesmo tempo que acha importante brincar; tem

claro que deve haver uma separação entre ‘aprender’ que acontece através das lições e

‘brincar’ que deve acontecer após as lições.

04- LAURA

* Para que se vai à escola?

Para aprender....para aprender, me divertir e fazer várias coisas.

* Como você se diverte na escola?

Brincando, conversando, falando com a professora.

* Como você brinca na escola?

Ah, de vários jeitos.... tudo quanto é brincadeira, pega-pega, esconde-esconde.

* Só se aprende na escola?

Não.

* Onde mais se pode aprender?

Na minha casa, com meus familiares.

* Onde é mais fácil aprender, na escola ou com seus familiares?

Ah, depende porque na escola você precisa saber, assim, e em casa você aprende coisas, de

tipo, respeitar os outros, assim.

* O que você aprende na escola?

Aqui, como escrever né. Pra mim não ser analfabeta e depois não te um currículu.

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* O que você mudaria na escola, ou na professora pra ficar mais fácil o aprender?

...acho que nada.

* Você aprende fácil?

Aprendo.

* Você gosta de brincar?

Adoro.

* É importante brincar?

Lógico.

* Por quê?

Por causa que a gente precisa ta feliz pra poder fazer alguma coisa se não a gente não tem

ânimo, aí a gente não faz nada.

* Você brinca na escola do quê?

Pega-pega, fico correndo, brincando de esconde-esconde.

* Você acha que dá para a gente aprender alguma coisa através do brinquedo ou do jogo?

Acho que sim.

* Você já aprendeu alguma coisa através do jogo, do brinquedo?

Já.

* O que por exemplo?

Tipo assim, as vezes tem um jogo que a minha amiga tem que a gente joga, e faz umas

perguntas que é...a gente nunca sabia né e a gente aprendeu aquelas perguntas.

ANÁLISE

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Constata-se que essa criança associa o aprender com felicidade, caso contrário não se

tem ânimo para fazer nada, dizendo ‘a gente precisa ta feliz pra poder fazer alguma coisa se

não a gente não tem ânimo, ai a gente não faz nada’.

Acha que pode sim aprender através de jogos, mas na escola aprende a ‘saber’ e fica

mais fácil já que adora brincar.

05 – FÁBIO

* Para quê se vai à escola?

É... que é pra... que é pra professora ensinar né, a gente, ela ensina muito bem.

* O que é ensinar muito bem?

Ah, ensinar muito bem é... explicar bastante até entender, pra fazer lição com certeza.

* Você aprende só na escola, ou você aprende em outros lugares também?

Ah, eu aprendo nos outros lugares também.

* Que lugares?

Em... livro, é... na minha mãe, né, essas coisas.

* O que você mudaria na escola ou na professora pra ficar mais fácil aprender?

Não, não mudaria nada, porque... ela já é uma boa professora.

* O que é ser boa professora?

Ah, boa é que... é que... é que ela é brincalhona, ela é legal, ela dá jogos, a gente vai para o

parque.

* E ela dá jogos para quê, para se distrair ou para aprender?

Pra aprender.

* Você acha que é mais fácil aprender com jogos?

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É, é mais fácil.

* Você gosta de brincar?

Gosto.

* É importante brincar?

Não... não muito mais que os estudos.

* Você acha que se pode aprender brincando?

Acho.

* E isso é bom?

É muito bom.

ANÁLISE

Através de suas respostas pode-se verificar que os jogos são valorizados para aprender

e considera boa sua professora por ser brincalhona. Acha que ela é boa professora por ensinar

com jogos já que fica mais fácil de aprender.

Sabe que é importante fazer a lição e com certeza diz que sua professora explica

bastante até entender; utilizando jogos.

06- CARLOS

* Para quê se vai à escola?

Para aprender!

* Aprender o quê?

Ah, pra ser alguém na vida né, se você não for na escola, ce não vai saber nada, não pode

chegar nada na vida.

* Você acha que só se aprende na escola?

Não, também me divirto.

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* Você se diverte como?

Ah, com a professora, a gente tem caixa de jogos, a gente vai no parque toda semana, se não

vai repõe na outra semana, é muito legal.

* O que você tem nessa caixa de jogos?

Ah, um monte de jogo de matéria, assim a gente aprende brincando.

* E dá para aprender brincando?

Ãrrâ, com certeza.

* Você acha importante aprender brincando?

Acho.

* Por quê?

Ah, porque se você aprender brincando, você vai se interessar mais pela matéria, se você

aprender fazendo folha, você não vai, assim, se intusiasmar com a matéria.

* E é importante se entusiasmar?

É. Aí ce... ce faz as coisas com mais interesse.

* Você gosta de brincar?

Com certeza.

* É importante brincar?

Claro!

* Você acha que se pode aprender brincando?

Acho.

* O que você mudaria na escola ou na professora para que o aprender ficasse mais fácil?

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....deixa eu ver.... hum.... Ah! Mudar acho que alguns professores né, porque tem alguns

professores que são meio chatos.

* Por que eles são chatos?

Ah, às vezes eles dão muita bronca né, nos alunos, tem alguns professores né, mas a nossa

não.

* A sua professora não é assim?

Não.

* Como ela é?

Ah, ela é bem legal, ela só dá bronca quando precisa né, mas a gente tem um monte de

brincadeiras na classe.

ANÁLISE

Começou de início bastante preocupado, mas depois foi ficando tranqüilo,

respondendo às perguntas com rapidez.

Faz uma relação do aprender com a caixa de jogos, diz que existe maior interesse pela

matéria; já que é importante freqüentar a escola para ser alguém na vida.

Diz que tem alguns professores (especialistas – Inglês, Educação Física, Educação

Musical, etc), mas a relação que tem com sua professora na sala de aula é muito prazerosa, e

em diferentes momentos acentuou que ela brinca e que se aprende muito brincando.

Fica claro uma alegria acentuada nessa criança quando fala do ensinar e do aprender,

demonstrando muita satisfação.

07 – RITA

* Para quê se vai à escola?

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Ah, eu vou na escola para aprender, pra.... e também pra quando eu crescer pra, eu.... pra eu

ser uma..... uma boa cidadã.

* Você só aprende na escola?

Não. Com a educação dos pais e família em casa também.

* Onde você acha mais fácil aprender, na escola ou em casa com a família?

Ah, eu acho nos dois lugares, porque nos dois lugares você vai aprender e vai servir pro seu

futuro.

* Tem alguma coisa na escola ou na professora que você gostaria de mudar, para ficar mais

fácil o aprender?

Não. Acho que desse jeito, desse método, ta ótimo para mim.

* Qual é esse método?

É um método legal, interessante e que a gente aprende muito.

* O que é ser legal, interessante? O que acontece?

Ah, a professora faz muitas brincadeiras e do mesmo jeito pega muito no pé, a gente sabe

coisas muito fáceis, mas tem muita coisa a gente aprende muito com a nossa professora e

com a nossa escola.

* Em que momento a professora brinca?

Ah, geralmente quando ela... ela faz brincadeiras, ela faz jogos pra gente aprender, por

exemplo pra gente estudar ela faz um método legal pra gente aprender pra prova, assim é

muito bom.

* Do que você sente falta quando está na escola?

Ah, geralmente da minha casa.

* Por quê?

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Ah, porque eu to com vontade de ficar em casa, de chegar e ficar lá com a minha família,

com a minha mãe.

* Você gosta de brincar?

Adoro.

* Você acha que é importante brincar?

É.

* Por quê?

Porque a vida não é só feita de lição e mais lição, você tem que se divertir também, porque

senão você vai ficar uma pessoa muito introsada e não vai.... não vai adianta nada.

* Você acha que se pode aprender brincando?

Pode.

* Por quê?

A professora, por exemplo, ela faz uns jogos da memória de matemática, português,

pronome, ela faz jogo de bixiga de numerais, ela é super legal, assim.

* Você acha que dá para aprender assim?

Aprendemos muito. É muito interessante, porque assim você vai treinando, e você vai

aprendendo cada vez mais.

ANÁLISE

Uma criança bastante extrovertida com facilidade para transmitir suas idéias. Entende

que a professora usa um “método”, palavra usada por ela para que as crianças aprendam com

maior interesse e satisfação.

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Associa e valoriza o papel da professora com a forma de se desenvolver os conteúdos,

“sem deixar de pegar no pé”, mas isso é entendido como necessário, acha inclusive que ‘a

vida não é só feita de lição e mais lição, você tem que se divertir também’.

Deixa claro que se sente muito bem na escola e que é possível aprender de forma mais

prazerosa e não só com lições.

Cita também os jogos que a professora utiliza para desenvolver os conteúdos como

jogos de memória, bexiga, que se aprende muito dessa forma e é muito interessante.

08- DANIEL

* Para que se vai à escola?

...Pra aprender a estudar, ser inteligente.

* O que é ser inteligente?

Uma pessoa.... boa em algumas matérias.

* Você só aprende na escola?

Também como... é... como posso falar..... é....

* De que forma você aprende?

Ou com a professora ou brincando.

* O que é brincando?

É você pegar um jogo e ter algumas contas e algumas perguntas pra você responder, aí você

vai aprendendo.

* Onde são feitos esses jogos?

Na sala, no bosque.

* E você aprende brincando?

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Aprendo.

* É fácil aprender brincando?

Fácil.

* Por que você acha que fica mais fácil?

... Porque quando você vai brincar, você fica mais alegre brincando e quando você vai fazer

lição você pode não ter prestado atenção na professora. Agora quando é brincar você presta

atenção.

* O que você mudaria na escola ou na professora para ficar mais fácil o aprender?

O que eu mudaria? Ah, isso eu não sei.

* Você gosta de brincar?

Gosto.

* Você acha que é importante brincar?

Acho.

* Por quê?

... Ah,.....Porque assim você pode aprender algumas coisas estudando.

* Do que você sente falta quando está na escola?

... O que eu sinto falta quando eu to na escola?.....é..... ah..... da minha mãe, das coisa lá de

casa, um montão de coisa.

ANÁLISE

Através das respostas dessa entrevista, constata-se que Daniel associa o aprender com

alegria, expressando que com o lúdico presta-se mais atenção do que só a professora falando.

Valoriza o estudo e conseqüentemente a escola, destacando o uso de jogos e

brincadeiras para tornar o aprender mais agradável e satisfatório, já que tudo fica mais fácil.

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09- FERNANDA

* Para que se vai à escola?

Ah, pra aprender! Pra muitas vezes... é, você poder brincar com alguém também, que dentro

de casa você não brinca com ninguém

* Em que momentos você brinca na escola?

Na hora do recreio, e as vezes na hora do lanche.

* Você mudaria alguma coisa na escola ou na professora para o aprender ficar mais fácil?

Não...nada.

* Você aprende tudo facilmente?

Algumas coisas eu complico um pouco, mas depois a fessora me explica melhor.

* O que é explicar melhor?

...Ah, Entrar assim, mais em detalhes, conversar somente com você, explicar para você.

* Você gosta de brincar?

Gosto.

* Você acha que é importante brincar?

Eu acho que a criança tem que brincar mesmo.

* E brincar na escola, o que você acha?

Na hora certa.

* Você acha que se poderia aprender brincando?

A gente aprende brincando, com as caixas de jogos que a professora fez.

* E o que tem nessas caixas de jogos?

Ah, muitos jogos e jogos e jogos, de várias matérias.

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* E fica mais fácil para você aprender?

Fica, bem mais fácil.

* E o que você sente quando aprende com esses jogos?

Ah, eu sinto, feliz! Porque é... gostoso... é estudar brincando!

* Você sente falta de alguma coisa quando está na escola?

...As vezes da minha mãe, da minha irmã, do meu cachorro e do meu pai.

ANÁLISE

Ao enunciar que para aprender brincando a professora utiliza a caixa de jogos que fez

com jogos de várias matérias, essa criança sinaliza ter a exata dimensão da utilidade dos jogos

para fins didáticos.

Diz ficar feliz em aprender com a caixa de jogos, que fica bem mais fácil porque é

gostoso estudar brincando.

A escola para ela é um lugar de aprender sempre, e quando não entende, a professora

explica-lhe particularmente. É também um local para encontrar e brincar com outras crianças.

10- JOÃO

* Para quê se vai à escola?

Ah, eu acho que é... pra que que a gente vai ou pra que que serve?

* Para quê se vai à escola?

Ah! Pra gente podê... assim, aprender mais e cada vez que a gente vai vencendo uma etapa e

um dia vai chegar a um ponto tão alto que a gente vai... ter um futuro.

* Só se aprende na escola?

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Ah, a maioria das coisas na escola mas tem também muitas coisas que a gente pode, a gente

aprende em casa e em outros lugares.

* Qual é o jeito mais fácil para aprender?

...Ah...estudando...e... fazendo brincadeiras com o que a gente estuda.

* E dá para fazer brincadeiras com o que tem que estudar?

Dá...tipo, jogo da memória, você pega história (do Brasil) aí você pega recorta um monte de

papelzinho e espera, tipo café (conteúdo estudado) aí, ce vai ligando o que faz um e o outro.

* E é mais fácil aprender desse jeito?

...É mais fácil.

* Tem alguma coisa que você mudaria na escola ou na professora para ficar mais fácil o

aprender?

Não.

* Você aprende facilmente?

Depende se eu estudar, facilmente.

* Você gosta de brincar?

...Gosto... como toda criança...gosto.

* É importante brincar?

É, mas tem que ter um limite.

* O que é ter limite?

Hora de brincar é hora de brincar, hora de estudar é hora de estudar.

* E você acha que é possível aprender brincando?

É... É porque...ah,...É só a gente ter um pouquinho de criatividade e formar.

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* Formar o quê?

A brincadeira, aí tipo... a brincadeira.

* Do que você sente falta quando está na escola?

Às vezes... de brincar ou de fazer desenho toda hora, ou às vezes de minha família.

ANÁLISE

Valoriza a escola como sendo um lugar onde se vencem etapas e que prepara para o

futuro.

Diz que é importante brincar e que é só ter criatividade que dá para montar jogos de

qualquer conteúdo, mas reconhece que a professora utiliza-se de jogos para ensinar os

conteúdos, e que essa é a forma mais fácil de aprender.

Percebe que existe hora para tudo; para brincar e para estudar, mas que é possível

aprender brincando, é só ter criatividade.

11- SÉRGIO

* Para que se vai à escola?

Humm... Ah, pra aprender, ser educado, e... ah,...é....só.

* É importante ir para a escola?

É.

* Por quê?

Porque... se você não for pra escola... você não vai ser ninguém na vida, por causa que muita

gente não vai pra escola... não tem....é, não tem vontade de ir,...é... aí quando vai procurar

um trabalho não consegue.

* Só se aprende na escola?

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Não porque você pode aprender em casa, pode aprender indo pra igreja com Deus, e

também pode aprender com a sua família te educando.

* Onde você acha mais fácil aprender?

..,.Hum... na igreja.

* Por quê?

Ah, porque Deus ta na frente de tudo,... não é porque sua família inteira morre que você vai

se matar, porque Deus é a coisa mais.. primeiro Deus depois vem sua família.

* Qual a forma que você acha mais fácil aprender na escola?

... Brincando, por causa que brincando não é a mesma coisa que você ficar na sala fazendo

lição, escrevendo, porque brincando você se diverte e ainda dá pra prestar mais atenção.

* Você acha que é importante brincar?

É, por causa que a gente é criança, e, também brincar ajuda na nossa coordenação motora.

* Do que você sente falta quando está na escola?

... sinto falta? ...Ah, não sinto falta de nada, por causa que aqui tenho os meus amigos, tenho

a professora, tenho amigos aí não sinto falta de nada.

* O que você mudaria na escola ou na professora para o aprender ficar mais fácil?

Ah, deixa eu ver...Ah,... não sei, por causa que eu acho que aqui na escola ta bom assim, mas

tem gente que não gosta, mas pra mim ta bom assim, não precisa mudar nada.

ANÁLISE

Valoriza a escola como sendo um trampolim para o futuro, a fim de obter emprego

com mais facilidade.

Associa o aprender com o divertido e brincadeira, proporcionando assim maior

atenção e concentração.

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Sente-se tão bem na escola a ponto de não sentir falta de nada e de ninguém e a forma

como a professora conduz as atividades para ele está adequada.

Acentua que o brincar é muito bom para o aprender, utilizando termos como

“atenção, ajuda na coordenação motora”. Engraçada a preocupação dele em dar um caráter

mais “pomposo” a sua fala.

12- BÁRBARA

* Para quê se vai à escola?

Como?

* Para quê se vai à escola?

Pra aprender.

* É bom ir para a escola?

É, muito bom.

* Por quê?

Ah, porque a gente aprende, a gente brinca, a gente faz bastante coisas na escola.

* Em que momentos você brinca na escola?

No recreio, às vezes na sala de aula, quando a gente vai brincar com a caixa de jogos.

* O que é essa caixa de jogos?

Ah, é uma caixa, tem jogos de matemática, português, história, geografia, tem bastante jogos

sobre matérias.

* E esse jogo é bom?

Muito. É muito legal.

* Você acha que fica mais fácil para aprender?

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Mais ou menos.

* Ele ajuda?

Ajuda.

* O que você mudaria na escola ou na sua professora para o aprender ficar mais fácil?

...Ah, na escola, não sei, na professora também não sei. Ta bom do jeito que ta.

* Você sente falta de alguma coisa quando está na escola?

Só sinto falta de meus irmãos e da minha mãe.

* Você acha que é importante criança brincar?

Acho.

* Você gosta de brincar?

Adoro!

* E aprender brincando?

É muito legal fazer isso, porque a professora falando às vezes fica chato.

* Por que fica chato?

Ah, porque ela vai falando, parece que a gente ta com sono, não sei, e ela vai falando, mas a

gente consegue aprender com ela falando também.

* E brincando?

Brincando também.

* Como?

Ah, também é que a gente brincando rápido, é legal, interessante, é...

ANÁLISE

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Nessa entrevista sente-se que essa criança assim como as outras é bastante feliz na

escola, atribuindo isso à forma de a professora trabalhar com os conteúdos.

A escola é vista como um lugar para aprender, brincar, visto que a professora utiliza

uma caixa de jogos para ensinar Matemática, Português, o que facilita muito. Infere-se da sua

fala que aulas expositivas oralizadas pela professora tendem a despertar menos interesse do

que as aulas dinamizadas com jogos.

Sente-se tão bem na escola que não vê necessidade de mudanças ou melhorias, pois a

escola é um lugar onde se aprende e se brinca. Demonstra muita satisfação ao falar de sua

escola.

ENTREVISTAS COM A 3ª SÉRIE B

01- TADEU

* Para que se vai à escola?

... porque minha mãe qué.

* Você não gosta de ir para a escola?

Ããã....Não!

* Por quê?

Porque é chato.

* Por que a escola é chata?

Aãã.... porque tem muita lição.

* Você não gosta de fazer lição?

ãã~..Não.

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* Você acha que tem algum jeito de aprender mais fácil?

Tem.

* Qual é esse jeito?

...Gravando num CD.

* Você acha que através de um CD dá para aprender?

Dá.

* Sem professor?

....ã.....

* O que você mudaria na escola ou na sua professora para o aprender ficar mais fácil?

....Hum..... tudo é chato (deu risada).

* O que você mudaria?

......(risada) A professora.

* Como deveria ser a professora?

Legais (risada).

* O que é ser legal?

Não dar lição ( risada).

* E você ia aprender sem lição?

Ia. Com CD.

* Com o CD não fica um pouco difícil de aprender?

....ã....ã.....

* Do que você sente falta quando está na escola?

... da minha mãe e do meu pai (risada).

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* Por quê?

Porque estou acostumado a ficar com eles.

* O que você faz com seu pai e sua mãe que você não faz na escola?

Brinco.

* Brincar é importante?

Para mim é.....

* Por quê?

Porque ajuda a gente desenvolver.

ANÁLISE

Mostrou-se bastante incomodado, e utilizou poucas palavras para exprimir o que

estava sentindo.

Ria muito, fazia muitas pausas, mas mostrou de forma clara seu desagrado pela escola

e professora.

Como ele mesmo diz: - “Tudo é chato!”. Fala da escola como sendo algo de que não

gosta e que é obrigação; não gosta das lições e acha que o que precisa ser mudado é a

professora.

Diante disso, percebe-se que não há vínculos afetivos dessa criança com a escola, com

as outras crianças e com a professora; o que pode dificultar o processo de aprendizagem,

porque é um local visto com desagrado e insatisfação.

02- CRISTINA

* Para que se vai à escola?

à ã sim.

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* Você aprende em algum outro lugar?

...Na minha casa.

* Aprender na sua casa é melhor do que aprender na escola?

Bem melhor.

* Por quê?

Porque daí o menino não fica gritando comigo.

ANÁLISE

Apresentou grande dificuldade em se expressar, demonstrando estar bastante

incomodada.

Ficava o tempo todo esfregando as mãos, mexendo-se na cadeira, mostrando-se muito

impaciente e pouco à vontade.

Encerramos a entrevista, pois o que demonstrou pelo pouco que respondeu foi um

sentimento de desagrado e insatisfação, e que talvez não estivesse sentindo-se confortável

para falar sobre esse assunto.

03- ELISABETE

* Para que se vai à escola?

Para estudar.

* É importante estudar?

É.

* Por quê?

A gente aprende várias coisas novas e..... e quando a gente crescer a gente às vezes pode

ser.....é professora..... a gente pode ensinar coisa a eles.

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* A gente só aprende na escola?

....hum.....

* Qual é a sua opinião?

.....................

* Você aprende só aqui na escola ou também aprende em outros lugares?

Hum..... Na escola..............em casa e ............

* Onde é mais fácil aprender na escola ou em casa?

Em casa.

* Por quê?

Porque assim é.........................a gente vê a mesma lição toda hora e lê toda hora, e tem os

pais para ajudar a gente.

* Aqui na escola você também não tem o apoio da professora?

...........................

* Você pode perguntar quantas vezes quiser para a professora?

Posso.............

* O que você mudaria na escola ou na sua professora para o aprender ficar mais fácil?

.....................

* O que você acha que poderia mudar/

........Hum.......estudando.

* Do que você sente falta quando está na escola?

Hum......da minha mãe.

* É importante brincar?

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Ãã~...

* Você gosta de brincar/

...é....

* Por que é importante brincar?

Porque a gente conhece as brincadeiras, a gente pode.....é...... se ajuntar com os amigos,

e...... pra gente conversar, e fazer brincadeiras, assim....

* Você acha que dá para aprender brincando?

....Hum....Não!

* Não? Por quê?

....................

ANÁLISE

Percebe-se que essa criança preocupou-se muito em responder o que julgou que era

esperado como resposta, tanto que utilizou várias pausas e fugiu do assunto várias vezes,

demonstrando grande dificuldade de se comunicar de forma coerente.

Acha importante ir à escola, mas sua justificativa nem foi tão convincente, parece até

que não sabia o que responder.

Todos os seus lapsos foram interpretados por mim como não saber realmente avaliar

os pontos questionados. Sentiu-se pouco à vontade para responder às questões.

Aprendizagem e lúdico segundo sua opinião não combinam, mas não soube explicar o

porquê.

04- GABRIEL

* Para que se vai à escola?

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Pra aprender.

* Aprender o quê?

É..... as boas maneiras, a lição, a ler, a escrever.

* Só se aprende na escola?

Não.

* Onde mais se aprende?

Em casa com meus familiares.

* E onde é mais fácil aprender?

Na escola.

* Por quê?

Porque....a fessora explica mais fácil.

* O que você mudaria na escola ou na sua professora para o aprender ficar mais fácil?

Nada. Tudo é fácil.

* Você gosta do jeito que é a sua escola?

Gosto.

* O que poderia melhorar?

....Acho que nada.

* Do que você sente falta quando está na escola?

Do meu pai e da minha mãe.

* Por quê?

Porque a gente fica muito tempo na escola e não vê, meu pai chega tarde do serviço aí eu

quase eu não vejo ele.

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* Você gosta de brincar?

Gosto.

* È importante brincar?

......mais ou menos.

* Por que mais ou menos?

Porque ..... o mais importante é aprender.

* Dá para aprender através de brincadeiras?

Depende das brincadeiras.

* Que brincadeira daria para aprender?

É.... Brincar de escolinha, tem alguns jogos também.

* Que tipo de jogos?

Tem alguns jogos também assim que você aprende a ler.

ANÁLISE

Deixou claro que escola é lugar para aprender boas maneiras, lição, ler, escrever e

brincar para aprender só se for de escolinha.

Na sua opinião podem ser utilizados alguns jogos para aprender a ler, talvez devido a

sua própria experiência já que a grande maioria das professoras utilizam esse recurso nessa

fase de alfabetização.

Gosta de brincar, porém isso é mais ou menos importante, já que aprender é muito

mais importante, e acha que é muito fácil aprender na escola.

05- CÉSAR

* Para que se vai à escola?

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Faze lição.

* Fazer lição é bom?

Eu acho.

* Você gosta?

Gosto.

* Por quê?

.....a......é legal.

* Você só aprende na escola?

Só.

* Como é mais fácil aprender?

Com a professora.

* O que você mudaria na escola para o aprender ficar mais fácil?

Na escola eu ia mudar....... ah, os alunos.

* Por que os alunos?

Quem briga muito são os alunos.

* E na professora, você mudaria alguma coisa?

Quase nada.

* Quase nada? Tem alguma coisa que você mudaria?

Não.

* Do que você sente falta quando está na escola?

Meu pai.

* Por quê?

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... Porque ele é meu amigo.

* E a professora também é?

Também.

* Você gosta de brincar.

Gosto.

* Você acha que é importante brincar?

Acho.

* Você acha que dá para aprender brincando?

Algumas vezes.

* Que algumas vezes são essas?

....Algumas vezes.... ah, algumas vezes brincando de coisa boa e algumas vezes ruim.

* O que é coisa boa e ruim?

É.... coisa boa futebol, pula corda e ruim nada.

ANÁLISE

Demonstrou ser de poucas palavras. Respondeu às perguntas rapidamente, dando a

impressão de que nem pensava antes de falar, e querendo logo desvencilhar-se da situação em

que se encontrava.

Escola é lugar de “faze lição” como ela mesma diz, que é mais fácil aprender com a

professora e só se aprende na escola.

Confunde-se um pouco quando é interpelado se dá para aprender brincando, pois

responde que ‘algumas vezes brincando de coisa boa e algumas vezes ruim’. Quando

questionada sobre essa expressão disse que coisa boa é futebol e pular corda, e ruim nada;

revelando-se um pouco perdida sem saber o que responder.

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06- CARMEM

* Para que se vai à escola?

Pra aprendê.

* E o que mais?

Ah.....

* Você só aprende na escola?

Não.

* Onde mais você aprende?

Ah! Em casa.

* Em casa? Quem te ensina?

Meu pai e minha mãe.

* Onde é mais fácil aprender?

Na escola.

* Por quê?

Ah! Porque se aprende mais.

* O que você mudaria na escola ou na sua professora para o aprender ficar mais fácil?

Mais brincadeira.

* Mais brincadeira? É importante brincar?

Não.

* Por que não é importante?

Porque ... é... brincar não aprende nada.

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* Brincar não aprende nada?

Não.

* Você gosta de brincar?

Gosto.

* Brincar e escola são duas coisas diferentes?

Ãrrã.

* Não dá para brincar e aprender ao mesmo tempo?

Dá.

* Que jeito?

Ah, uma brincadeira que... tenha alguma coisa de estudá.

* O que por exemplo?

Ah...

* Do que você sente falta quando está na escola?

...De casa.

* Por quê? O que você faz na sua casa?

Brinco.

ANÁLISE

Essa criança mostrou-se confusa nas respostas apresentadas, ora dizia que brincar é

importante, ora dizia que não é.

Dissocia o aprender de brincar, dizendo que brincando não se aprende nada,

contradizendo-se quando o questionamento é sobre a possibilidade de aprender brincando,

mas quando inquirido sobre quais mudanças faria na escola ou na professora, não pestanejou e

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respondeu prontamente ‘mais brincadeira’ e logo depois afirmou que escola e brincar são

duas coisas diferentes, isso demonstra que para ela, escola é obrigação e brincar satisfação.

07- GUSTAVO

* Para que se vai à escola?

Pra aprender... coisas... hum... estudar, aprender muitas coisas como, como você vai

trabalhar, como você vai ensinar as outras pessoas, pra quem você qué ensiná.

* A gente só aprende na escola?

Não, com os pais também.

* E onde é mais fácil aprender, na escola ou com os pais?

Na escola.

* Por quê?

Porque a professora tá aqui na escola pra ensiná mais, e os pais, assim, quando você tem

alguma dúvida, você pergunta.

* O que você mudaria na escola ou na sua professora para o aprender ficar mais fácil?

É... assim, ela fazendo, é... perguntas fáceis, ensinando mais a lê a escreve, é... muitas coisas

mais.

* Do que você sente falta quando está aqui na escola?

Um pouco de brincadeiras.

* Por que, é importante brincar?

A criança também aprende brincando!

* Como a gente pode aprender brincando?

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É, não brincando com coisas más; boas, pulando corda, brincando de pega-pega, não de

arminha, é..., estas coisas, coisas feias.

* Você acha que a gente pode aprender brincando?

Mais ou menos.

* O que é mais ou menos?

É... algumas coisas você vai aprender brincando de polícia e ladrão; às vezes muitas pessoas

qué ser o ladrão, porque talvez essa pessoa pode ser ladrão quando crescer, mas a... coisa

que cê mais aprende é na escola, é brincando com a professora.

ANÁLISE

Percebe-se que essa criança acha importante brincar, mas só se aprende brincando com

atividades relacionadas a espaço livre.

Segundo ele, a escola é para aprender e estudar, dizendo sentir falta na escola de

brincadeiras, demonstra não ter tido contato com brincadeiras associadas aos conteúdos

desenvolvidos, pois não vê ligação entre as duas coisas, mas deixa claro que sente falta do

brincar.

08- ANA

* Para que se vai à escola?

Pra aprender.

* Aprender o quê?

É... aprender o que a professora ensina.

* Você só apreende as coisas na escola?

Não.

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* Onde mais você aprende?

Na minha casa.

* Na sua casa, onde mais?

Eu aprendo... eu não lembro, ihi.

* Onde é mais fácil aprender?

...Acho que é na minha casa.

* Por quê?

Porque... porque a mãe dá mais atenção.

* E dar mais atenção é importante para aprender?

É.

* O que você mudaria na escola ou na sua professora para o aprender ficar mais fácil?

O que eu mudaria, eu queria que a minha professora me dava mais atenção.

* E o que é dar mais atenção?

É... deixa eu vê... i agora...

* Quando você está aqui na escola, você sente falta de alguma coisa?

Não.

* Você não sente falta de nada quando está aqui?

Não.

* Não? Você gosta de brincar?

Gosto!

* Brincar é importante?

Eu acho que não.

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* Por quê?

Porque... porque daí, daí, daí você... está...

* Você acha que dá para aprender através de brincadeira?

... Eu acho. Por quê? Háháhá.

* Por quê? Como você pode aprender brincando?

... Ah, você pode fazer uma canção e, ensinar.

* Como?

Ixi, agora não sei, ihi...

ANÁLISE

A escola para essa criança é um lugar onde se aprende. Sinaliza sentir falta de atenção

da professora, mas quando questionada sobre o que está faltando, não sabe responder.

Suas respostas apresentam várias pausas, perdendo-se para concluir seu pensamento,

contradizendo-se no que diz respeito a associar o brincar com o aprender.

09- PEDRO

* Para que se vai à escola?

É, é... para os ensinamentos, e... para a educação.

* Só se aprende na escola?

É! E também se brinca.

* Em que momento você brinca na escola?

No recreio.

* Só no recreio?

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É.

* Você gosta de brincar?

Gosto.

* Você acha importante brincar?

Acho.

* Você acha que se aprende brincando?

Sim.

* O que se pode aprender brincando?

É, brincadeiras, é... folclore...

* O que você mudaria na escola ou na sua professora para o aprender ficar mais fácil?

Não sei.

* Do que você sente falta quando está na escola?

Da minha família.

* Por quê?

Ah....Porque eles me dão apoio...

* E aqui na escola?

Ah, também tenho, mas da minha família é maior.

* A professora brinca com você?

Brinca.

* Brinca do quê?

Ah...é... ela não brinca não.

* E você sente falta?

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Sinto.

ANÁLISE

Verifica-se que para essa criança, brincar só pode no recreio, ou em atividades livres.

Considera importante brincar, mas associando a datas como o folclore.

Sente falta da atenção ou apoio da professora, no que acha que é importante, o brincar,

sente falta dos pais quando está na escola, pois estes lhe dão maior apoio. Com certeza essa

criança não se sente muito segura e acolhida na escola.

Interessante é que quando foi perguntado se sua professora brincava com ele;

respondeu prontamente “brinca” e quando perguntei qual a brincadeira, ele demonstrou um ar

de decepção e disse “Ah...é... ela não brinca não, o que me leva a pensar que ela gosta da

professora como pessoa por isso a defende, mas quando questionada diretamente, volta atrás,

pois num primeiro momento fantasia como gostaria que fosse a professora e quando

questionada cai na realidade. ( A não ser que o garoto entendesse inicialmente a outra acepção

de brincar:”fazer graça” com ele, falar em tom de brincadeira). Na segunda pergunta,

percebeu que se tratava de brincar mesmo.

10 – CLARA

* Para que se vai à escola?

Para estudar, para aprender, aí péra aí, muitas coisas divertidas.

* O que são coisas divertidas?

Coisas divertidas são brincadeiras, é...é... brincadeiras...a aula também é divertida, e etc.

* Como a aula é divertida?

A aula é divertida é... brincando, sem fazer bagunça, deixa eu vê...

* O que é brincar sem fazer bagunça?

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É sem gritar, sem... bagunçar a sala né, e... algumas coisas a mais.

* Que brincadeira você faz na sala de aula?

Ah, não tem muitas brincadeiras, assim, só quando chove, a gente brinca de...é...stop, jogo

da velha, forca.

* Você acha que é possível aprender as lições através de brincadeiras?

Não.

* Por quê?

Porque eu acho que a brincadeira leva a mau a criança, e... ela não faz as lições direito.

* Você gosta de brincar?

Gosto.

* Você acha que é importante brincar?

Ah, eu acho.

* O que você mudaria na escola ou na sua professora para o aprender ficar mais fácil?

Ah, dar lição mais fácil, e explicar...explicar, assim com mais freqüência.

* Do que você sente falta quando está na escola?

Da minha mãe, da minha casa, da minhas amigas.

* Por quê?

Ah, porque eu gosto da minha casa...eu brinco, faço bagunça, e das minhas amigas eu ando

de bicicleta né, brinco de vôlei, essas coisas né.

ANÁLISE

Para essa criança é divertido ir à escola, pois tem brincadeira, mas quando

questionada, responde que brincadeira só deve ocorrer quando chove, sem fazer bagunça, que

é sem gritar.

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Aprender com brincadeiras para ela não é possível, pois as crianças não farão a lição

direito; mas deixa claro que gosta de brincar, que em casa brinca e faz bagunça; o que me leva

a crer que “bagunça” significa mais liberdade, sem se preocupar demais com as ordens e

horários.

11- DAVI

* Para que se vai à escola?

É... para... fazer lição.

* E o que mais?

.....Brinco também.

* Do que você brinca?

....Às vezes de bola, assim de tampinha.

* Onde você brinca?

No pátio.

* Você já brincou na sala de aula?

Já, quando o recreio é na sala de aula, aí eu brinco.

* Do quê?

...Hum... de... é... eu fico sentado ali.

* Você acha que é importante brincar?

Não.

* Por quê?

Porque....não sei responder.

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* Você gosta de brincar?

Eu gosto.

* Onde?

Em casa, mais em casa assim.

* Você acha que dá para brincar na escola?

Não.

* Por quê?

Ah... porque os meninos não gostam do que eu gosto de brincar, assim...é diferente.

* E do que você gosta de brincar?

Ah....é....pega-pega, e eles gostam de brincar de tampinha.

* Do que você sente falta quando está na escola?

Nada.

* O que você gostaria que acontecesse na escola?

...Ah....nada.

* Você mudaria alguma coisa na sua professora?

Mudaria. Ela é um pouquinho chata.

* Por quê?

Ah, ela fica em cima, assim toda hora.

* Pode brincar?

Quando tá fazendo lição não pode, mas quando é a hora do lanche, daí pode um pouquinho.

* Qual é a hora que você mais gosta na escola?

Do recreio.

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* Por quê?

Porque daí pode brincar.

ANÁLISE

A escola não é vista como sendo um local agradável, pois só podem brincar quando o

recreio é dentro da sala ou durante o lanche que pode um “pouquinho”.

O interessante é notar que o momento de que mais gosta na escola é o recreio, por

poder brincar.

Não demonstra ter muita ligação com sua professora, pois a acha um pouquinho chata

como ela mesma diz “ela ficar em cima, assim toda hora”. Provavelmente, essa criança não

se sente muito à vontade, pois não apresenta vínculos afetivos com a professora quanto a

forma de ensinar. Ela fica cumprindo ordens o tempo todo, não achando importante brincar

embora goste, o que não soube bem explicar.

12- HENRIQUE

* Para que se vai à escola?

Para aprender as coisas...e ficar inteligente.

* Você só aprende na escola?

Não, na minha casa também.

* Onde é melhor aprender?

Na escola.

* Por quê?

Porque na escola tem bastante professoras e na casa só tem a mãe.

* Quem ensina de um jeito mais fácil?

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A professora.

* Por quê?

Porque ela já treinou bastante, já fez a faculdade.

* Você mudaria alguma coisa na escola ou na sua professora para o aprender ficar mais fácil?

Não.

* E na sua professora?

Eu gostaria que ela não fosse bastante nervosa, por causa quando... às vezes ela fica

nervosa, porque às vezes se não aprender ela já fica nervosa, e qué, fica nervosa porque a

gente não aprendeu.

* O que você sente quando isso acontece?

Ah, eu fico.... fico triste porque eu não aprendi e ela fica nervosa.

* Você gosta de brincar?

Gosto.

* Você acha importante brincar?

Não.

* Por que não é importante?

Porque a brincadeira só dá coisa errada, mas estudá não, estudá é bom.

* Você acha que dá para estudar brincando?

Não.

* O que mais você gosta de fazer?

Brincar.

ANÁLISE

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Valoriza a escola como sendo o lugar do saber, expressando não ser importante

brincar, pois a brincadeira “só dá coisa errada”, enquanto o aprender deixa as crianças

inteligentes.

Para ficar mais fácil aprender, mudaria na professora seu nervosismo, demonstrando

um certo desconforto para explicar como e quando isso acontece. Justificou dizendo que a

professora fica nervosa quando as crianças não aprendem e quando acontece com ela, ela fica

triste, pois gosta da professora e entende a situação.

Embora goste, não acha importante brincar, o que demonstra um conflito do que talvez

faça e o que gostaria de fazer de fato.

9.2.1. - Análise Geral das Entrevistas

Durante as entrevistas as crianças demonstraram disponibilidade, curiosidade e disposição em

participar, o que acabou por facilitar o trabalho de elaborar perguntas que as crianças

entendessem e as respondessem de forma clara.

Nas entrevistas, procurou-se observar as dificuldades apresentadas pelas crianças em

transmitir seus pensamentos, criando condições para que através das respostas verificasse se

poderia haver ou não alterações significativas entre as duas turmas, que levassem à

constatação da importância dos jogos como instrumento de aprendizagem na escola, com

possibilidades de beneficiar as crianças que deveriam obter ganhos significativos em todos os

aspectos social, emocional ou cognitivo.

Coincidência ou não, através das entrevistas constata-se que as crianças da 3ª série A,

(Grupo Experimental) turma trabalhada com os jogos, apresentam segurança e facilidade para

se expressar, não ocorrendo lapsos em suas falas. Nota-se exatamente o contrário na 3ª série B

(Grupo de Controle).

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Em todas as entrevistas surgiu o trabalho realizado com jogos para desenvolver os

conteúdos de Matemática, Língua Portuguesa sendo essa forma considerada como essencial

facilitador da aprendizagem por ser agradável e os resultados satisfatórios.

As crianças consideram o brincar como sendo importante para seu desenvolvimento;

pois facilita a atenção.

As crianças da 3ª série A verbalizaram gostar muito da professora e não mudariam

nada nela ou na escola, já que é tão prazeroso seu trabalho, demonstrando grande satisfação

em irem para a escola.

Observando todas as respostas dadas pelas crianças da 3ª série B, não se pode deixar

de comparar com a classe que desenvolveu os conteúdos com jogos, apesar de demonstrarem

gostar da professora como pessoa.

Essa turma apresenta uma dificuldade em se expressar de forma coerente e completa,

ocorrendo vários lapsos em suas falas, dificultando assim a comunicação.

Enxergam a escola como um lugar onde se tem de aprender e que é a professora a

responsável por transmitir as informações, nem sempre da forma esperada.

De forma geral sentem falta do brincar, das brincadeiras, mas não conseguem explicar

se poderia ser conciliada aprendizagem / lúdico. Na grande maioria das vezes, verbalizam

como sendo impossível aprender através de brincadeira.

Não demonstram entusiasmo pela escola a não ser no que se refere ao aprender, por

ser importante para o futuro ou para ficar inteligente.

* Para que se vai à escola?3ª série A 3ª série B

Maria - Ah,... pra você aprende, pra você

estuda, brinca também de vez em quando,

Tadeu - ... porque minha mãe qué.

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assim, essas coisas.

Felipe - Para aprender, é... ah, brincar com

os colegas.

Cristina - Para mim é.....ajuda a gente

desenvolver.

Roberta - Para aprender. Elisabete - Para estudar.

Laura - Para aprender....para aprender, me

divertir e fazer várias coisas.

Gabriel - Pra aprender.

Fabio - É... que é pra... que é pra professora

ensinar né, a gente, ela ensina muito bem.

César - Faze lição.

Carlos - Para aprender! Carmem - Pra aprendê.

Rita - Ah, eu vou na escola para aprender,

pra.... e também pra quando eu crescer pra,

eu.... pra eu ser uma..... uma boa cidadã.

Gustavo - Pra aprender... coisas... hum...

estudar, aprender muitas coisas como, como

você vai trabalhar, como você vai ensinar as

outras pessoas, pra quem você qué ensiná.

Daniel - ...Pra aprender a estudar, ser

inteligente.

Ana - Pra aprender.

Fernanda - Ah, pra aprender! Pra muitas

vezes... é, você poder brincar com alguém

também, que dentro de casa você não brinca

com ninguém

Pedro - É, é... para os ensinamentos, e...

para a educação.

João - Ah, eu acho que é... pra que que a

gente vai ou pra que que serve?

Clara - Para estudar, para aprender, aí péra

aí, muitas coisas divertidas.

Sergio - Humm... Ah, pra aprender, ser

educado, e... ah,...é....só.

Davi - É... para... fazer lição.

Bárbara - Pra aprender. Henrique - Para aprender as coisas...e ficar

inteligente

Sobre o tema, a maior parte das crianças entrevistadas demonstraram entender que vão

à escola para aprender, mas também para conviver e se divertir como criança saudável que

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provavelmente já tem um bom relacionamento compreendendo o lugar de aprender e brincar

como: Para aprender, é... ah, brincar com os colegas; Para aprender....para aprender, me

divertir e fazer várias coisas. Contudo encontramos crianças com mais dificuldades quando

dizem que: É... para... fazer lição, porque minha mãe qué, Para estudar.Essas crianças

apontam para ‘fazer lição’ como sendo o objetivo final.

De acordo com a citação a seguir reafirmamos que o lúdico é um elemento facilitador

não só na aquisição de conhecimento, mas também no bem viver.

Aprender pode ser um processo lúdico. Se a aprendizagem puder ser feita

com prazer, tanto melhor. As instituições de ensino deveriam efetivamente

incentivar a convivência humana, interiorizar as regras da vida familiar e

social e sedimentar a socialização.(MIRANDA, 2001: p. 42)

O jogo então estimula o sujeito a se sentir melhor na escola e a encara como sendo um

lugar não só para fazer lição e aprender, mas também para convivência em grupo. A

socialização da criança é construída a partir dela própria, e assim vai envolvendo as outras

crianças e pessoas adultas que fazem parte de seu ambiente. A criança então constrói o seu

conhecimento a partir das relações que mantém com o mundo exterior. A escola no sentido

geral apresenta-se como uma estrutura organizada que permite à criança relacionar as

informações a todo o momento, ampliando assim as possibilidades de conhecimento e

obtenção de resultados positivos no desenvolvimento intelectual, moral e social. A escola é a

grande responsável pela aquisição do conhecimento formal e sistemático e tem que competir

com o meio externo que oferece muitas possibilidades de agir com prazer através do

relacionamento entre as pessoas e dos brinquedos e brincadeiras que são vivenciados de forma

natural, sem cobranças de resultados.

* Só se aprende na escola?3ª série A 3ª série B

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Maria - Não, você aprende, você brinca, se

diverte, faz um montão de coisa legal.

Tadeu – Não - ...Gravando num CD.

Felipe - Não. Cristina - ...Na minha casa.

Roberta - Não. Elisabete - Hum..... Na escola..............em

casa e ............

Laura - Não. Gabriel - Não.

* Onde mais se aprende?

Em casa com meus familiares.

Fabio - Ah, eu aprendo nos outros lugares

também.

César - Só.

Carlos - Não, também me divirto. Carmem - Não.

Rita - Não. Com a educação dos pais e

família em casa também.

Gustavo - Não, com os pais também.

Daniel - Também como... é... como posso

falar..... é....

De que forma você aprende?

Ou com a professora ou brincando.

Ana - Não.

Fernanda - Pedro - É! E também se brinca.

João - Ah, a maioria das coisas na escola

mas tem também muitas coisas que a gente

pode, a gente aprende em casa e em outros

lugares.

Clara -

Sergio - Não porque você pode aprender em

casa, pode aprender indo pra igreja com

Deus, e também pode aprender com a sua

família te educando

Davi -

Bárbara - Ah, porque a gente aprende, a Henrique - Não, na minha casa também.

Page 171: APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO … · Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na minha busca de crescimento, me motivando sempre, principalmente meu marido Gerson,

gente brinca, a gente faz bastante coisas na

escola.

De acordo com o material coletado “Só se aprende na escola?” uma grande parte das

crianças apontam a família como local que se aprende porque elas provavelmente mantém

uma relação saudável com seus familiares. A diferença aqui demonstrada pelas falas das

crianças é que as crianças da 3ª série A se expressam de forma mais clara justificando mais as

respostas. Nesse contexto retomo as idéias de Almeida no que se refere ao domínio de

conhecimento:

Conduzir a criança à busca, ao domínio de um conhecimento mais abstrato

ministrando habilmente uma parcela de trabalho (esforço) com uma boa dose

de brincadeira transformaria o trabalho, o aprendizado, num jogo bem

sucedido, momento este em que a criança pode mergulhar plenamente sem se

dar conta disso.(ALMEIDA, 2000: p. 60)

Assim o jogo pode facilitar as experiências despertando interesse em todas as situações

de ensino-aprendizagem e a criança sente e percebe isso. Através de atividades lúdicas a

criança tira um maior proveito não só no que é exigido pelo planejamento ou currículo escolar

como também nas relações que mantém fora da escola ou da família.

* E na escola o que você faz?3ª série A 3ª série B

Maria -Ah, eu estudo, eu brinco, eu corro,

ah......eu jogo.

Tadeu - Lição . É chato

Felipe - a gente aprende brincando também,

a professora é legal.

Cristina -

Roberta - Prestando atenção, e... fazendo a

lição direito.

Elisabete -

Page 172: APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO … · Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na minha busca de crescimento, me motivando sempre, principalmente meu marido Gerson,

Laura - Aqui, como escrever né. Pra mim

não ser analfabeta e depois não te um

currículu.

Gabriel -

Fabio - César -

Carlos - Ah, com a professora, a gente tem

caixa de jogos, a gente vai no parque toda

semana, se não vai repõe na outra semana,

é muito legal.

Carmem -

Rita - Ah, a professora faz muitas

brincadeiras e do mesmo jeito pega muito

no pé, a gente sabe coisas muito fáceis, mas

tem muita coisa a gente aprende muito com

a nossa professora e com a nossa escola.

Gustavo - Porque a professora tá aqui na

escola pra ensiná mais, e os pais, assim,

quando você tem alguma dúvida, você

pergunta.

Daniel - É você pegar um jogo e ter algumas

contas e algumas perguntas pra você

responder, aí você vai aprendendo.

Ana -

Fernanda - A gente aprende brincando, com

as caixas de jogos que a professora fez.

Pedro -

João - ...Ah...estudando...e... fazendo

brincadeiras com o que a gente estuda.

Clara -

Sergio - Davi -

Bárbara - No recreio, às vezes na sala de

aula, quando a gente vai brincar com a

caixa de jogos.

Henrique - Porque na escola tem bastante

professoras e na casa só tem a mãe.

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Com relação ao questionamento “E na escola o que você faz?” o lúdico aparece com

grande diferença entre as turmas trabalhadas com algumas colocações como: a gente aprende

brincando também, a professora é legal, Ah, com a professora, a gente tem caixa de jogos, a

gente vai no parque toda semana, se não vai repõe na outra semana, é muito legal, Ah, a

professora faz muitas brincadeiras e do mesmo jeito pega muito no pé, a gente sabe coisas

muito fáceis, mas tem muita coisa a gente aprende muito com a nossa professora e com a

nossa escola. Enquanto que muitas crianças que não tiveram acesso ao trabalho com os jogos

demonstram respostas como: Lição. É chato, Porque a professora tá aqui na escola pra

ensina.

A escola deve ser um ambiente que cria oportunidades para que a criança entenda que

é necessário adquirir conhecimento, mas que é também um local de ampliação de interação

com o objeto extraindo suas propriedades.

O sujeito, quando interage com o objeto, abstrai suas propriedades segundo

suas possibilidades de interpretação. Esta atividade condiciona a abertura de

novas possibilidades cada vez mais numerosas e seguidas de interpretações

mais ricas.(BRENELLI, 1996: p. 39)

De acordo com Brenelli a interação com o objeto gera no aluno compreensão,

segurança, participação ativa, estruturando as situações de forma organizada, coerente,

interpretando as possibilidades, preenchendo lacunas, buscando explicações, adaptando-se às

dificuldades servindo de base para novas aprendizagens.

3ª série A 3ª série B

* Como é que você brinca na classe?

Maria - Ah! A professora dá jogo pra gente,

ela dá um montão de coisa, ela canta,

Tadeu - ....Hum..... tudo é chato (deu risada).

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inventa música, assim, essas coisas.

Felipe - Ah, com os jogos, com folhinhas. Cristina -

Roberta - Na hora da entrada e na hora da

saída.

Elisabete -

Laura - Gabriel -

Fábio - César -

Carlos - Ah, um monte de jogo de matéria,

assim a gente aprende brincando.

Carmem - Não.

Rita - A professora, por exemplo, ela faz uns

jogos da memória de matemática,

português, pronome, ela faz jogo de bixiga

de numerais, ela é super legal, assim.

Gustavo -

Daniel - É você pegar um jogo e ter algumas

contas e algumas perguntas pra você

responder, aí você vai aprendendo.

Ana -

Fernanda - Ah, muitos jogos e jogos e jogos,

de várias matérias.

Pedro - No recreio.

João - Dá...tipo, jogo da memória, Clara - Ah, não tem muitas brincadeiras,

assim, só quando chove, a gente brinca

de...é...stop, jogo da velha, forca.

Sergio - Davi - Já, quando o recreio é na sala de

aula, aí eu brinco.

Bárbara - Ah, é uma caixa, tem jogos de

matemática, português, história, geografia,

tem bastante jogos sobre matérias.

Henrique -

3ª série A 3ª série B

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* Qual é a forma mais fácil de aprender?

Maria - Ah! Você tem que aprender se

divertindo, que nem a professora, ela ensina

pra gente dando jogo, divertindo a gente.

Tadeu - CD

Felipe - Cristina -

Roberta - Prestando atenção, e... fazendo a

lição direito.

Elisabete - Em casa.

* Por quê?

Porque assim é.........................a gente vê a

mesma lição toda hora e lê toda hora, e tem

os pais para ajudar a gente.

Laura - Brincando, conversando, falando

com a professora.

Gabriel - Porque....a fessora explica mais

fácil.

Fabio – Jogos. É, é mais fácil. César -

Carlos - Ah, porque se você aprender

brincando, você vai se interessar mais pela

matéria, se você aprender fazendo folha,

você não vai, assim, se intusiasmar com a

matéria.

Carmem - Na escola.

Rita – Com jogos. Aprendemos muito. É

muito interessante, porque assim você vai

treinando, e você vai aprendendo cada vez

mais.

Gustavo - Um pouco de brincadeiras.

Daniel - É você pegar um jogo e ter algumas

contas e algumas perguntas pra você

responder, aí você vai aprendendo.

Ana - ...Acho que é na minha casa.

Fernanda - A gente aprende brincando, com

as caixas de jogos que a professora fez.

Pedro -

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João - ...Ah...estudando...e... fazendo

brincadeiras com o que a gente estuda.

Clara -

Sergio - ... Brincando, por causa que

brincando não é a mesma coisa que você

ficar na sala fazendo lição, escrevendo,

porque brincando você se diverte e ainda dá

pra prestar mais atenção.

Davi -

Bárbara – Jogo. É muito legal fazer isso,

porque a professora falando às vezes fica

chato.

Henrique – Com a professora. Porque ela já

treinou bastante, já fez a faculdade

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Sobre o tema “brincar na escola” e “forma mais fácil de aprender” pode-se observar

uma diferença acentuada entre as duas turmas predominando o jogo como forma de

aprendizagem.

Os jogos, por exemplo, possibilitam ao professor observar o desempenho dos

alunos durante o desenvolvimento e possibilitam ao próprio aluno participar

do processo de avaliação, avaliando os companheiros e se auto-avaliando. A

auto-avaliação torna sua participação mais responsável, ajuda-o a assumir a

responsabilidade e a decidir quais os critérios mais importantes para si. No

início o aluno se perde devido ao fato de nunca ter trabalhado com esse

sistema, mas aos poucos ele mesmo vai percebendo que, dia a dia, se renova,

melhorando cada vez mais.

Os jogos, em si, não constituem instrumentos de avaliação, mas são

estratégias que oferecem ao professor e aos próprios alunos a possibilidade de

observar o rendimento da aprendizagem, as atitudes e a eficiência do próprio

trabalho.(ALMEIDA,2000: p.124)

Segundo o autor, o jogo é uma atividade rica em estimulação e desafios. Pode ser uma

situação ideal de aprendizagem por ser mais agradável aos olhos do aluno. Os alunos se

envolvem mais ampliando possibilidades de mudanças internalizando um melhor

aproveitamento das informações transmitidas pela professora não aliando brincar apenas ao

horário de recreio, como por exemplo: ..... quando o recreio é na sala de aula, aí eu brinco

ou Ah, não tem muitas brincadeiras, assim, só quando chove, a gente brinca de...é...stop,

jogo da velha, forca. Diferentemente a 3ª série A verbaliza: A professora, por exemplo, ela

faz uns jogos da memória de matemática, português, pronome, ela faz jogo de bixiga de

numerais, ela é super legal, assim; Ah, muitos jogos e jogos e jogos, de várias matérias. O

trabalho com os jogos pode se tornar não só mais agradável como mais eficiente.

* É importante brincar?

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3ª série A 3ª série B

Maria - É, assim, você aprende brincando,

você se diverte, você esquece de algum

problema brincando.

Tadeu - Para mim é.....

* Por quê?

Porque ajuda a gente desenvolver.

Felipe - Sim. Ah, porque a gente aprende e

tem educação.

Cristina -

Roberta – É. Porque... a gente faz a lição e

também depois tem que se divertir um

pouco.

Elisabete - Porque a gente conhece as

brincadeiras, a gente pode.....é...... se

ajuntar com os amigos, e...... pra gente

conversar, e fazer brincadeiras, assim....

Laura – Lógico. Por causa que a gente

precisa ta feliz pra poder fazer alguma coisa

se não a gente não tem ânimo, aí a gente

não faz nada.

Gabriel - ......mais ou menos.

* Por que mais ou menos?

Porque ..... o mais importante é aprender.

Fabio - É muito bom. César - Acho

Carlos – Claro. É. Aí ce... ce faz as coisas

com mais interesse.

Carmem - Não.

* Por que não é importante?

Porque ... é... brincar não aprende nada.

Rita - Porque a vida não é só feita de lição e

mais lição, você tem que se divertir também,

porque senão você vai ficar uma pessoa

muito introsada e não vai.... não vai adianta

nada.

Gustavo - A criança também aprende

brincando!

Daniel - Acho.Por quê? ... Ah,.....Porque

assim você pode aprender algumas coisas

estudando.

Ana - Eu acho que não.

Fernanda - Ah, eu sinto, feliz! Porque é... Pedro - Acho

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gostoso... é estudar brincando!

João - É... É porque...ah,...É só a gente ter

um pouquinho de criatividade e formar.

* Formar o quê?

A brincadeira, aí tipo... a brincadeira.

Clara - Ah, eu acho.

Sergio - É, por causa que a gente é criança,

e, também brincar ajuda na nossa

coordenação motora.

Davi - Não.

* Por quê?

Porque....não sei responder.

Bárbara - É muito legal fazer isso, porque a

professora falando às vezes fica chato.

Henrique - Não.

* Por que não é importante?

Porque a brincadeira só dá coisa errada,

mas estudá não, estudá é bom.

Abordando o tema motivação ao brincar percebe-se que as crianças em sua maioria

avaliam como sendo algo de grande importância, como verbalizam as crianças que

trabalharam com jogos: Lógico. Por causa que a gente precisa ta feliz pra poder fazer

alguma coisa se não a gente não tem ânimo, aí a gente não faz nada, Claro. É. Aí ce... ce faz

as coisas com mais interesse. Poucas crianças consideram como não sendo importante e

verbalizam isso assim : Porque a brincadeira só dá coisa errada, mas estudá não, estudá é

bom, Porque ... é... brincar não aprende nada.

Infelizmente, nossas crianças, na maioria das escolas, recebem

regras prontas, não significações. Elas devem aceitá-las para poder se

transformar num “bom adulto”. E o mesmo acontece com os professores.

As relações na escola estão congeladas e os conhecimentos ritualizados.

Existe um abismo entre o jogo metafórico e a aprendizagem mecanicista. A

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força da manipulação autoritária faz sombra à força da vida instintiva da

criança e à possibilidade de construção do conhecimento significativo.

No entanto, o jogo está presente na escola, quer o professor permita

quer não. Mas é um jogo de regras marcadas predeterminadas, em que a única

ação permitida à criança é a obediência, ou melhor, a submissão.(DIAS, 2001:

p. 54).

De acordo com Dias independente de a escola permitir ou não o jogo está presente na

vida das crianças por ser inerente a esta fase do desenvolvimento humano trazendo assim

benefícios à autonomia e não só obediência, buscando significações, tornando seu pensamento

ativo, facilitando sua relação com a realidade de maneira plena e rica, respeitando seu

processo de construção de pensamento.

Muitas vezes a transmissão dos conteúdos relacionados no planejamento anual está em

primeiro lugar no trabalho dos professores fazendo com que se esqueçam que seu objetivo

maior está em relação à absorção dos conteúdos de forma prazerosa e duradoura para no

futuro este adulto ter condições de se colocar diante da sociedade e defender seus interesses e

valores, adquirindo o verdadeiro papel de cidadão. Esse papel tem início sem dúvida na

convivência em grupo na escola.

Assim, sempre que existe a necessidade de transformar algo já instalado, praticado e

aceito pelo meio social, para qualquer mudança ou transformação é necessário que exista

além da vontade de alguns, a visão global de toda a situação para que a transformação ocorra

em benefício da maioria dos indivíduos. Grandes transformações de nossa sociedade podem

ocorrer pelo fomento maior da cidadania. Indica-se como a educação pode melhor isso

propiciar. E ainda, pode-se ter a escola como o ambiente propício por excelência para se

aprender os direitos e os deveres da cidadania. Segundo Manzini-Covre, 2001 pode-se

perceber a necessidade de uma construção coletiva, tendo que:

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...cidadania é o próprio direito à vida no sentido pleno. Trata-se de um

direito que precisa ser construído coletivamente, não só em termos do

atendimento às necessidades básicas, mas de acesso a todos os níveis de

existência, incluindo o mais abrangente, o papel do (s) homem (s) no

Universo. (p. 11)

É um direito a ser construído no coletivo porque não vivemos sozinhos, precisamos do

outro para viver de forma satisfatória. Diante disso temos necessidades não só de moradia,

alimentação, enfim as básicas de sobrevivência, mas também as ligadas ao social, nas quais

relacionomo-nos com os outros indivíduos de mesma classe social ou não, dividindo,

somando e partilhando experiências, através da troca, do contato com o outro e isso também

pode ser mais vivenciado através dos jogos.

Educar, ensinar pode ser uma tarefa árdua porque nem sempre existe o compromisso

de educar em seu sentido amplo, mas sim a transmissão de informações que não envolvem,

não interessam e não condizem com a realidade do educando em termos de condições físicas,

sociais, motivacionais e ainda, sem perspectiva de se colocar em prática no futuro. Deste

modo, o processo de ensino-aprendizagem fica comprometido e sem chances de inserir o

educando no mundo que o rodeia, pois ele pode achar que não terá condições de se igualar a

outros seres humanos em termos de desenvolver seu potencial para servir a sociedade como

um todo, na qual cada um tem que desempenhar um papel diferente. Como seria uma

sociedade só de doutores? Deve-se perceber que cada um tem sua importância diante do todo.

É necessário, é reconhecido e se reconhece como tal, um indivíduo importante e competente

para desenvolver o seu papel diante da sociedade.

É necessário ressaltar que freqüentar uma escola que não esteja apenas preocupada

com a quantidade de conteúdo, mas com a importância de envolver o sujeito aprendente nesse

processo. Para isso é necessário então que não se priorize o que os pais muitas vezes esperam

em relação à quantidade de informações a serem transmitidas, mas sim também com a

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qualidade delas para a sólida construção do conhecimento. Isso pode ser feito a partir de uma

transformação nas estratégias ou metodologias utilizadas pela maioria dos professores, a

sugestão é a utilização do lúdico para desenvolver os conteúdos estabelecidos no

planejamento escolar sem haver nenhum prejuízo na construção de conhecimento do aluno e

nem mesmo em seu desenvolvimento.

O planejamento escolar é fundamental para se atingir o ponto máximo das capacidades

e potencialidades do sujeito aprendente. Gostaria de destacar a Língua Portuguesa como

sendo de fundamental importância para que exista uma maior compreensão interpretativa de

todas as outras áreas. É com o conhecimento da língua que se conhece e utiliza que o sujeito

com o conhecimento adquirido em Língua Portuguesa vai dominar o significado dos símbolos

para a correta interpretação de fatos, acontecimentos, informações, enfim tudo que for

transmitido como sendo parte de um grande quebra-cabeça que só poderá ser montado

mediante o conhecimento. Aquele que detém o conhecimento tem o poder de transformar.

Portanto sem a devida valorização da Língua Portuguesa isso não acontece de forma

significativa e profunda, não gerando disposição, conhecimento e segurança para as

mudanças.

Há modos de aprender por palavras “boas”, pelo tom em que são ditas que toca o

desejo, toca o corpo emocional do aprendente, porque o que é passado não é só cognitivo, mas

está envolto em aspectos emocionais.(Manzini Covre, 2007). Isto é válido igualmente para

pensar o lúdico na forma de passar o conhecimento, pois o brincar é a forma espontânea da

criança de poder ser, o que assegura a incorporação do conhecimento.Sobre essa relação no

processo ensinar e aprender pelo lúdico parece-nos emblemático quando damos voz às

crianças: Quando a gente tem que aprender às vezes é chato prestar atenção o tempo todo,

então a gente erra e não aprende. Agora desse jeito é muito legal porque para eu poder me

divertir eu não posso esquecer nenhuma regra senão meu amigo passa na minha frente, a

gente nem percebe que está estudando, estou gostando desse jeito de aprender. São

manifestações de o que se aprendeu tem vida nessas crianças.

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9. 2. 2. - Levantamento das Categorias

Após as entrevistas e refletindo sobre todas as respostas dadas, estabelecemos algumas

categorias que a nosso ver constituem importantes indicadores da diferença do trabalho

desenvolvido pelas professoras.

Nas categorias, foi computado o número de vezes em que ocorreram as palavras

categorizadas em todas as entrevistas, considerando-se como relevantes uma diferença maior

do que quatro pontos.

CATEGORIAS 3ª A 3ª B PONTOS RELEVANTES

ENSINAR 02 -

APRENDER 27 10 Diferença de 17 pontos

ESTUDAR 05 02

BRINCAR NA ESCOLA 28 08 Diferença de 17 pontos

BRINCAR FORA DA ESCOLA - 09 Diferença de 09 pontos

DIVERTE 09 02 Diferença de 07 pontos

JOGO 16 02 Diferença de 14 pontos

MÚSICA 01 -

LEGAL / INTERESSANTE 08 - Diferença de 08 pontos

FOLHAS / LIÇÃO 05 07

RECREIO 03 02

ENTRADA / SAÍDA 01 -

CONVERSA 01 -

RESPEITO 01

FELIZ 02 -

PARQUE 01 -

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ENTUSIASMO 01 -

FÁCIL 03 03

CRIATIVIDADE 01 -

CHATA / NERVOSA / TRISTE - 06 Diferença de 06 pontos

LER E ESCREVER - 01

BAGUNÇA - 04 Diferença de 04 pontos

9.2.3. – Análise das Categorias

De acordo com esse levantamento e considerando uma diferença acima de quatro

pontos na comparação dos resultados das categorias, verificamos a ocorrência de alguns

pontos relevantes que chamam muito a atenção.

As vantagens apresentadas pela classe da 3ª série A (Grupo Experimental) puderam

ser notadas devido aos benefícios proporcionados pelos jogos, que implicam um melhor

desempenho em todo o desenvolvimento da criança, integrando-a melhor a seu grupo,

possibilitando a ela lidar melhor com suas próprias dificuldades e estimulando também maior

desejo e disposição para aprender.

Se comparar as entrevistas das duas turmas, teremos de considerar que existe uma

diferença bastante clara na facilidade de comunicação, maior desembaraço e segurança nas

crianças da 3ª série A; enquanto as crianças da 3ª série B (Grupo de Controle) mostraram-se

ansiosas, preocupadas com as respostas que estavam dando, deixando a impressão de que

estavam precisando de alguém para dirigir seus pensamentos e indicar se estavam no caminho

certo ou não.

O que chama a atenção foi que a classe da 3ª série A apresentou grande diferença entre

as categorias: brincar, aprender e jogo. Nessas categorias foi mostrada visível satisfação em

participar das atividades desenvolvidas na escola, e a classe da 3ª série B demonstrou maior

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incidência em algumas categorias, como “brincar fora da escola”, “triste” e “bagunça”. Como

é demonstrado a seguir de acordo com a fala das crianças::

• Ah! Você tem que aprender se divertindo, que nem a professora, ela ensina pra gente

dando jogo, divertindo a gente.

• Porque é legal a gente aprende brincando também, a professora é legal

• Por causa que a gente precisa ta feliz pra poder fazer alguma coisa se não a gente

não tem ânimo, aí a gente não faz nada.

• Ah, um monte de jogo da matéria, assim a gente aprende brincando

Se levarmos apenas essas categorias em consideração, percebemos que quando se

trabalha de forma mais próxima da criança, de forma interessante e prazerosa, podemos obter

sucesso não só em conteúdos que normalmente serão cobrados em avaliações, mas também

em termos de comunicação com o outro que é essencial ao ser humano para entender e se

fazer entender, para fazer parte do mundo que o rodeia, podendo expressar seus pensamentos

de forma adequada e coerente.

O mesmo não aconteceu com a 3ª série B. As crianças ao apontar essas categorias,

fizeram-no com desapontamento, uma vez que isso só acontece, via de regra, fora da escola,

independente do que sentem pela professora. Como é apresentado a seguir pela fala das

próprias crianças:

• Ah! Não tem muitas brincadeiras, assim só quando chove,...

• ...Brincar não aprende nada

• Só um pouco de brincadeira

• Tem alguns jogos também assim que você aprende a ler

Concluimos então que a escola não deve ser vista como um local desagradável onde só

o trabalho tem valor. Deve ser vista também como um local agradável onde se desenvolvem

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conteúdos, respeitando-se as potencialidades das crianças e levando em conta o que é inerente

a todas elas, almejando ao final um bem viver.

Infelizmente, nossas crianças, na maioria das escolas, recebem regras

prontas, não significações. Elas devem aceitá-las para poder se transformar

num “bom adulto”. E o mesmo acontece com os professores.

As relações na escola estão congeladas e os conhecimentos ritualizados.

Existe um abismo entre o jogo metafórico e a aprendizagem mecanicista. A

força da manipulação autoritária faz sombra à força da vida instintiva da

criança e à possibilidade de construção do conhecimento significativo.

No entanto, o jogo está presente na escola, quer o professor permita

quer não. Mas é um jogo de regras marcadas predeterminadas, em que a única

ação permitida à criança é a obediência, ou melhor, a submissão.(DIAS, 2001:

p. 54).

O jogo é importante para o desenvolvimento saudável da criança e diferentemente do

que é apresentado pela autora acreditamos ser importante para haver a construção de

conhecimento, é necessário que as crianças sejam ouvidas, que participem ativamente de todo

o processo ensino-aprendizagem para que se efetive a aquisição, apropriação e autoria de

pensamento. Isso pode ser refletido na forma de comunicação utilizada pelas crianças, na qual

a classe da 3ª série A expressa-se com muito mais clareza e coerência, portanto organizam

melhores as idéias.

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XI – CONCLUSÃO

Nesta pesquisa, pudemos observar que a criança sente-se mais feliz quando se percebe

integrante de um grupo coeso, amigo. Mais segura quando pode arriscar-se a participar das

atividades, sem a obrigação de acertar ou ganhar e capaz, quando através do jogo encontra

caminhos para executar ou receber ordens, não se preocupando em devolver ao professor

exatamente o que ele lhe transmitiu, muitas vezes sem entendimento pela falta de significado

ou pela falta da relação que este fato tem com seu ambiente.

Nossa preocupação sempre foi com uma Educação que proporcionasse a realização de

um trabalho através do lúdico, do brincar por ser inerente às crianças.

A escola deve ser vista como sendo um lugar agradável, que possa ampliar as

possibilidades do aluno, desenvolvendo habilidades, oportunizando participação, ao mesmo

tempo em que gera independência e principalmente confiança no professor, nos colegas de

classe e em si próprio. Através deste estudo, pudemos perceber que se constroem vínculos

afetivos tanto com o professor como com as outras crianças, nos quais surgem a solidariedade

e a partilha, estimulando e abrindo caminhos para melhor compreensão e participação nas

atividades.

Fomos percebendo que os jogos podem ser um agente transformador em todo o

processo de aprendizagem. Há um ganho qualitativo, havendo maior aprofundamento, com

maior controle da atenção dos alunos, mantendo-se um alto nível de motivação durante a

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apresentação dos conteúdos estabelecidos no currículo escolar. Dessa forma, a escola assume

importante papel, não só quanto à informação, mas também de formação, estabelecendo,

através da estimulação do ambiente, a interação, não só com as pessoas, mas também com os

conteúdos.

A criança, através dos jogos, sente-se integrante de todo o processo e

conseqüentemente desenvolve uma auto-imagem positiva, tendo prazer em participar, sem

sentir-se obrigada a vencer, uma vez que em um jogo há também perdedores. E ao perder,

cresce por aprender com seus erros. Portanto, cabe aos adultos não acentuarem a importância

de vencer, mas enfatizar que sempre haverá aquele que vence e aquele que perde e auxiliar a

criança a avaliar por que venceu e por que perdeu.

Os alunos que trabalharam com os jogos participaram a todo momento da avaliação

dos resultados alcançados e não só de seus resultados individuais, mas os de todas as crianças,

possibilitando assim uma maior compreensão e aprendizagem.

A partir das leituras, do contato que tivemos com as crianças, das análises e das

avaliações, dos questionários e das entrevistas, refletimos na validade desta pesquisa e na

viabilidade da proposta, questionando se realmente existe dentro do contexto escolar

possibilidade e condição para que os jogos sejam instrumentos para um trabalho educativo.

Escolher o método experimental teve como objetivo demonstrar de forma concreta que

a partir do momento que nós, professores, nos dispomos a buscar novos caminhos, traçar

procedimentos para alcançar os objetivos, temos de nos preocupar mais em pesquisar novas

formas de trabalho, visando a uma melhoria e não deixar apenas que as coisas aconteçam ou

fazer apenas o que sempre deu certo ou ainda ficar esperando que alguém tenha a coragem e a

audácia de buscar uma renovação nas técnicas de ensino utilizadas.

Os professores as vezes apresentam uma postura de conformismo diante da realidade,

aceitando ou repetindo a cada ano as mesmas técnicas, os mesmos trabalhos, as mesmas aulas

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sem inovarem, o que pode tornar suas aulas maçantes não só para os alunos, mas também para

eles próprios.

O ideal seria que os professores tivessem em sua práxis a pesquisa, pois assim não

perderiam de vista a fase de desenvolvimento de seus alunos, atendendo suas necessidades.

A experiência aqui relatada referente ao uso dos jogos no desenvolvimento dos

conteúdos especificados no currículo escolar demonstra sua viabilidade através dos resultados

obtidos pelo grupo experimental, no qual a principal variável é a interferência do próprio jogo

e suas particularidades, porque a idade das crianças dos grupos, a realidade sócio-econômica,

o planejamento, avaliações e conteúdos eram os mesmos.

Não podemos deixar de refletir no papel do professor, que é essencial na articulação

das estratégias ou escolha dos instrumentos que irá utilizar para que seu desempenho como

mediador de toda transmissão de conhecimento seja coerente com o que ele próprio acredita;

com seus valores, suas crenças, seus motivos e principalmente o que lhe é significativo.

A partir do momento em que o professor compreender o quanto seu trabalho irá

tornar-se mais agradável, com perspectiva muito maior de alcançar seus objetivos, buscará

formas mais adequadas de desenvolver conteúdos que não sejam apenas folhas ou exercícios

com diferentes formas de apresentação para a compreensão ou fixação de conteúdos.

Este trabalho vem demonstrar que o professor deve preocupar-se em adequar as

atividades às necessidades psicológicas de seus alunos. Deve buscar elementos que o levem a

pensar e repensar em seus alunos, o que realmente tem significado para eles em suas

necessidades. Assim, conseqüentemente, não exigirá que fiquem absolutamente quietos,

sentados um atrás do outro, gerando, muitas vezes, situações de enfrentamento, dificultando o

controle e a absorção dos conteúdos por parte dos alunos.

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É importante que o professor envolva-se e almeje uma aprendizagem com autonomia,

independência, e principalmente satisfação. Que ele inove suas estratégias para a obtenção de

melhores resultados, dando sentido a todas as informações transmitidas.

O professor deve perceber que, atualmente, vivemos em um mundo de cobranças, no

qual se sobressai aquele que melhor se adaptar e não é trabalhando com base na quantidade de

informações, em conhecimentos fragmentados que estaremos dando oportunidade de nosso

aluno adaptar-se a este mundo. Devemos ter claro que esse aluno só se adaptará, se sentir que

faz parte deste mundo e para isso, devemos trabalhar com o que está próximo dele, o que ele

tem condições de compreender naquele momento. Os jogos propiciam o entrosamento da

criança com as situações do cotidiano, não de uma forma obrigatória e distante, mas sim de

uma forma prazerosa, integradora, satisfatória, fazendo com que a criança sinta-se, acima de

tudo, capaz, feliz e passe a compreender a necessidade de entrar em contato com informações

e conhecimentos que lhe trarão benefícios.

Podemos dizer que esses benefícios são da ordem de crescimento intelectual, social,

psicológico, emocional, principalmente nos relacionamentos que terão uns com os outros e

com a professora que, na maioria das vezes, é vista como a “Doutor sabe tudo”, distante.

Favorecendo o relacionamento, estaremos facilitando o desenvolvimento

da personalidade da criança, instigando-a na busca de um saber contextualizado,

um saber necessário para a compreensão do mundo onde está inserida.

De acordo com o exposto o professor ao considerar as experiências de seus alunos,

pode conseguir através do uso de jogos, possibilidades maiores e mais profundas de

participação, compreendendo a situação como um todo, com mais recursos para tomada de

decisão em uma jogada. As crianças demonstrarão maior interesse e entendimento pelos

conteúdos apresentados.

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A professora pode perceber que ao transportar o lúdico para as atividades consegue

proporcionar um maior prazer na execução das mesmas.

Podemos dizer que o conhecimento é gerado pela ação, os jogos propiciam o

envolvimento da criança, possibilitando a construção do conhecimento através de interações

de fatores internos e externos.

Acreditamos que a aprendizagem seja um processo que deva envolver o aluno como

um todo, portanto o jogo é de grande importância nos processos interativos do ser humano

quanto à cognição e afetividade. Isso leva a uma ação educativa mais prazerosa, satisfatória,

porque o aluno participa de acordo com suas habilidades e interesses despertados pelo

professor que valorizará cada contribuição e participação de seus alunos, respeitando o

potencial que cada um tem na aquisição de conhecimento.

Enfim, o jogo é um grande integralizador, que só traz benefícios àquele que o utilizar.

Desperta a inventividade, a procura de novas respostas e comunicação, elementos que irão

favorecer o relacionamento de crianças com crianças e de crianças com o professor, tornando

assim a aprendizagem mais satisfatória e eficiente.

Conclui-se que os jogos conduzem à apropriação de conhecimento de forma a

potencializar o desenvolvimento da capacidade de atenção, organização, participação,

compreensão e outros aspectos tão importantes para o desenvolvimento pleno do aluno.

Terminamos com uma reflexão sobre o que escreveu Rubem Alves no livro Estórias

de quem gosta de ensinar:

Conheço um mundo de artifícios de psicologia e de didática para tornar

a aprendizagem mais eficiente. Aprendizagem mais eficiente: mais sucesso

na transformação do corpo infantil brincante no corpo adulto produtor. Mas

para saber se vale a pena seria necessário que comparássemos o riso das

crianças com o riso dos adultos e comparássemos o sono das crianças com o

sono dos adultos. Diz a psicanálise que o projeto inconsciente do ego, o

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impulso que vai empurrando a gente pela vida afora, esta infelicidade e

insatisfação indefinível que nos faz lutar para ver se, depois, num momento

do futuro, a gente volta a rir. Sim, diz a psicanálise que este projeto

inconsciente é a recuperação de uma experiência infantil de prazer.

Redescobrir a vida como brinquedo. Já pensaram no que isto implicaria? E´

difícil. Afinal de contas as escolas são instituições dedicadas à destruição das

crianças. Algumas, de forma brutal. Outras, de forma delicada. Mas em todas

elas se encontra o moto:

A criança que brinca é nada mais que um meio para o adulto que produz

(ALVES,1985: p.8).

O jogo não é só divertimento e passatempo, mas também

contextualizador da criança na realidade.

Célia Zanatta

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XI – REFERÊNCIAS

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Anexo AConteúdos e atividades trabalhadas através

Jogos da Investigação Inicial

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JOGO DA MEMÓRIA

COLETIVO

• Jogo com 18 pares

O jogo é composto por 18 cartas com palavras escritas que são os coletivos e 18 cartas

com o substantivo correspondente e espaço para as crianças fazerem o desenho respectivo.

Esse jogo é para ser utilizado por duplas ou grupos de mais crianças.

As cartas deverão ser embaralhadas e viradas para baixo; assim cada criança em sua

vez deverá virar duas cartas, buscando formar pares. Conseguindo; pega-as para si, caso

contrário, vira-as novamente e passa a vez para o próximo jogador.

• Ganha quem fizer o maior número de pares.

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BINGO

SONS DE “X”

• Distribuir uma cartela para cada criança.

• Cada criança deverá preencher a cartela distribuindo como quiser três vezes cada som

do “X” e depois selecionar por escolha própria mais três e completar a cartela.

• Sons – CH / Z / S / SS / CS /

• A professora irá sortear as palavras e as crianças deverão marcar em sua cartela o som

do “X” correspondente a essa palavra.

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• Ganha quem preencher uma coluna, fileira ou cartela toda de acordo com o que a

professora combinar.

Exemplo de palavras:

EXERCÍCIO, CRUCIFIXO, XÍCARA, EXPLICAÇÃO, EXIGIR, EXECUTAR...

JOGO DA FOCA

SUBSTANTIVO SIMPLES E COMPOSTO

● Um jogo para três crianças.

● Cada uma escolhe uma cor de ficha.

● Fazer dois ou um para ver quem começa.

● A criança vai para a casinha número um, sorteia uma frase e diz se o substantivo

destacado é simples ou composto.

● Se estiver certo vai para a casinha número dois, se errar ou não souber, fica parado ou

volta para o início.

● Ganha o jogo quem chegar primeiro ao topo.

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Anexo BJogos desenvolvidos para desenvolvimento do

currículo escolar

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LÍNGUA PORTUGUESA

ARTIGOS DEFINIDOS E INDEFINIDOS

01 -Jogos de percurso:

• Jogo da tartaruga – Figura 1

• Jogo do sapo – Figura 2

• Jogo do caranguejo – Figura 3

• Vamos atravessar o lago - Figura 4

• Jogo da corrida maluca – Figura 5

Será fornecido um jogo para cada criança e uma ficha colorida para ser deslocada nas

casas de acordo com os acertos.

A professora diz uma palavra ou desenho que será sorteado, pedindo para a criança usar o

artigo corretamente:

- Que artigo definido (ou indefinido) pode ser usado com:

EX: ______bolas

______montanha

Em caso de acerto, andar uma casa, caso contrário, fica no lugar ou volta para o inicio.

Ganha a criança que chegar primeiro ao final do percurso.

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02 -Jogos de percurso:

Separar a classe em grupos de 4 crianças. Cada criança deverá ter uma ficha de cor

diferente das demais crianças de seu grupo.

Sortear uma frase que deverá ser completada com os artigos. Se a criança acertar,

vai para a casa adiante. Caso contrário, fica no lugar ou volta ao início.

Observação – No jogo da corrida maluca respeitar a ordem das casas.(ex: volte

duas casas)

EX: Era_____terra quente e _____bichos sofriam.

_____ beija-flor pousou sobre_____flor.

Ganha a criança que terminar o percurso primeiro.

03 - Corrida da bexiga

A professora deverá distribuir entre as crianças bexigas preparadas previamente,

colocando cartõezinhos com artigos definidos e indefinidos dentro.

Depois fazer duas ou três fileiras com as crianças sentadas no chão. Ao sinal da

professora, a primeira criança corre até um local estipulado anteriormente, enche a bexiga até

estourar, pega o cartãozinho de dentro da bexiga e diz uma frase, utilizando o artigo que

estava lá dentro e em seguida volta correndo para o final da fileira a que pertence. A segunda

criança corre ao local, faz a mesma coisa e assim sucessivamente até que todos tenham

participado.

Ganha a fileira que acabar primeiro.

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04 – Bingo dos artigos

Será dada a cada criança uma cartela de bingo.

Ex:

Cada criança distribuirá os artigos existentes nos lugares que escolher e colocará nos

outros espaços mais quatro da sua livre escolha.

Conforme a professora sortear palavras ou frases, as crianças marcarão os espaços

com os artigos que combinam.

Ganha quem primeiro fizer uma seqüência horizontal ou vertical ou ainda encher toda

a cartela de acordo com a regra combinada no início do jogo com todos os participantes.

Exemplo de palavras: caixa, pente, almofada, relógio, pipas,...

Exemplo de frases:

– _______ capa da menina está molhada.

– Ana viu_______ desenho de __________ galinha no mural.

– João viu________ pássaro.

– Maria é_________ menina bonita.

– Disputa entre equipes

A professora deverá dividir a classe em duas equipes. Cada equipe deverá preparar

perguntas ou montar frases para a outra completar. A regra é que só poderá ser utilizado o

artigo definido ou indefinido.

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Será dado um ponto à equipe que elaborar corretamente a pergunta e à equipe que

responder com acerto. Depois as equipes trocam de tarefa.

Antes de iniciar o jogo, combinar com as duas equipes a quantidade de pontos que se

deve juntar para serem os vencedores.

06 – Corrida do artigo

A professora deverá dividir a classe em duas fileiras, nas quais as crianças deverão

ficar em pé em um local já combinado. Deverá haver várias frases com lacunas.

Ao sinal da professora, a primeira criança corre até o local combinado, pega uma frase

e a completa com um artigo, depois corre para o final da fileira a que pertence.

A segunda criança da fileira faz a mesma coisa e assim sucessivamente, ganhando a

fileira onde todas as crianças participarem e terminarem em primeiro lugar e corretamente.

Exemplo de frases a serem utilizadas:

________canetinha veio em ___________bolsa.

Era___________ terra quente e _________bichos sofriam.

_________ menina ama __________ pássaro.

___________ são de ____________ professor.

07 – Jogo da memória

A professora deverá distribuir para todos os alunos dezoito fichas com os artigos

escritos e dezoito fichas com desenhos.

As fichas deverão estar todas viradas para baixo e embaralhadas.

As crianças, uma de cada vez, deverão ir virando duas cartas por vez e ir montando os

pares, ou seja, uma ficha com desenho e outra com o artigo (de gênero) correspondente.

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Esse jogo poderá ser em dupla ou individual, o tempo deverá ser marcado pela

professora ou a regra poderá ser: quem terminar primeiro encontrando todos os pares, será o

vencedor.

08 – Jogo do palito

A professora deverá dividir a classe em quatro grupos que deverão sentar-se em

círculo no chão. Irá distribuir um palito colorido para cada grupo e escreverá quatro frases

com lacunas na lousa, ou seja, uma frase para cada grupo. Para cada rodada, um conjunto

novo de quatro frases.

Ao sinal da professora, o aluno que estiver com o palito deverá completar a frase com

artigos e passar rapidamente ao colega da direita, este ao seguinte, e assim sucessivamente.

Novamente a professora dá o sinal, a criança que estiver com o palito na mão deverá

completar a frase escrita na lousa para seu grupo, utilizando os artigos.

Observação – a regra é que o palito deverá ser segurado com as duas mãos ao passar e

receber.

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Ganha um ponto o grupo que completar a frase corretamente. O jogo poderá continuar

até o grupo alcançar o número de pontos determinados antes do inicio do jogo.

Exemplo de frases a serem utilizadas:

- Dei_______flores para __________ professora

- _______roupas servem para___________homem.

- _________caixa de bombom está cheia.

- __________ abacaxi é__________fruta azeda.

09 – Jogo da trilha

Serão distribuídas folhas com o jogo de trilha. Cada criança deverá colocar nos

espaços os artigos definidos ou indefinidos de forma aleatória.

A professora sorteará palavras. As crianças deverão marcar o artigo que corresponde a

cada palavra sorteada.

O primeiro aluno que fizer a trilha, que poderá ser na horizontal, vertical ou na

diagonal será o vencedor.

O jogo poderá ser continuado e ir formando várias trilhas onde a professora poderá ir

classificando, primeiro colocado, segundo...

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Figura 6

Exemplo de palavras a serem utilizadas: lápis, cachorrinho, pipoca, senhoras, lixo,

mala, viagens...

10 – Jogo do desenho 1

Distribuir folhas contendo desenhos, uma ficha colorida e um dado.

A criança deverá jogar o dado, andar para a casinha com sua ficha de acordo com a

quantidade e formar uma frase utilizando o artigo correspondente. Se a criança formar a frase

devidamente, fica na casinha que chegou, caso contrário, volta ao início do jogo ou à casa que

estava anteriormente.

Ganha quem chegar ao final em primeiro lugar.

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Figura 7

11 – Jogo do desenho 2

Seguir as mesmas orientações do exercício anterior.

Variante – a criança poderá apenas utilizar artigos definidos ou indefinidos

determinados antes do inicio do jogo pela professora.

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Figura 8

ADJETIVO

01 – Sorteio de adjetivo

A professora deverá dividir a classe em duas equipes, sortear uma palavra ou desenho,

as crianças deverão em silêncio levantar o braço, quem levantar primeiro deve dizer um

adjetivo para o substantivo que foi sorteado. Se a criança acertar, sua equipe marca um ponto.

Ganha a equipe que alcançar o maior número de pontos.

Exemplo de palavras a serem utilizadas:

Sorvete, macaco, sol, autorama, boneca, lixo...

02 – Meu colega é...

A classe deverá ser dividida em três equipes e depois a professora entregará uma tira

de papel para cada criança em que escreverá uma qualidade e um defeito de um colega que

escolher.

Todas as tiras deverão ser recolhidas e embaralhadas. Uma criança por vez pega uma

tira qualquer,lê o que está escrito e tenta adivinhar a que colega se referem as qualidades e os

defeitos.

A criança que conseguir acertar marca um ponto para sua equipe.

Vence a equipe que juntar o maior número de pontos.

03 – Anúncio na TV

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A classe deverá ser dividida em equipes. Cada criança receberá uma televisão (de

papel com o centro vazado) que colocará ou à frente de seu rosto e escolherá um objeto ou

desenho para o qual deverá criar cinco adjetivos para fazer anúncio na TV.

EX. Atenção, atenção. Olhem esse produto. Vejam como é...(dizer os adjetivos

escolhidos, como bonito, alto, simpático, etc...)

Ganha um ponto a cada anúncio criativo apresentado por uma criança de cada equipe.

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Figura 9

04 – Dominó de adjetivos com palavras e desenhos.

A professora fornecerá a cada duas crianças um jogo de dominó com 24 peças com

desenhos e adjetivos. Deverá ser jogado como um jogo de dominó comum.

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05 – Caça adjetivos

A professora entregará para cada criança uma folha com um quadro com as letras

todas embaralhadas, para procurar adjetivos das palavras: chuva, criança e chocolate. As

crianças devem colorir cada palavra ou adjetivo com uma cor de lápis diferente.

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06 – Jogo da memória.

Serão entregues para cada duas crianças 18 fichas com desenho e a palavra

correspondente. Em outras 18 fichas, adjetivos das fichas anteriores. As crianças deverão

procurar os pares.

As fichas deverão estar todas embaralhadas viradas com os desenhos e palavras para

baixo.

Cada criança, uma de cada vez, deverá virar duas cartas, uma com o desenho e a outra

com seu respectivo adjetivo. Acertando, guarda para a contagem final. Caso contrário, deve

virá-la novamente para a próxima criança.

Ganha a criança que juntar o maior número de pares.

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07 -Jogos de percurso.

A professora distribuirá um jogo de percurso a sua escolha ou das crianças.

A professora sorteará uma palavra ou desenho e uma criança deverá dizer três adjetivos

correspondentes.

Acertando, andará uma casa. Caso contrário, fica parada ou volta para o início. Outra

criança deverá dizer outros três, até esgotarem-se os adjetivos. A professora sorteará outra

palavra ou desenho para dar continuidade ao jogo.

Ganha a criança que chegar ao final primeiro.

Exemplos de palavras ou desenhos a serem utilizados:

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Avião, bala, lixo, aquarela, camelo...

08 – Competição de adjetivos

A professora divide a classe em duas ou três fileiras, coloca no alto da lousa duas ou

três palavras (uma para cada equipe).

Ao sinal, a primeira criança de cada fileira deve ir à lousa escrever um adjetivo da

palavra de sua equipe, quando chegar ao seu lugar é a segunda criança que vai até a lousa

escrever adjetivos diferentes, e assim sucessivamente.

Ganha a fileira que fizer mais rápido o maior número de adjetivos.

09 – Jogo de competição

A classe será dividida em duas equipes. Uma equipe diz uma palavra e a outra tem de

dar três adjetivos. Não vale demorar em responder, senão a equipe perde um ponto.

As equipes vão trocando de tarefa até ao sinal dado pela professora.

Ganha a equipe que alcançar o maior número de pontos.

10 – Jogo da bexiga

A professora deverá preparar previamente bexigas com cartões dentro com palavras.

Divide a classe em 2 ou 3 fileiras; onde as crianças devem permanecer sentadas no chão. Ao

sinal da professora, a primeira criança corre até o local anteriormente combinado, enche a

bexiga até estourar, pega a palavra que estava dentro e diz um adjetivo correspondente. Volta

correndo para o final da fileira a que pertence, a segunda criança da fileira faz a mesma coisa

e assim sucessivamente.

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Ganha a fileira cujas crianças participarem em menor tempo.

11 – Formar adjetivos

Cada criança receberá uma folha com letras soltas em uma nuvem, devendo procurar

com as letras formar adjetivos.

Ganha quem fizer o maior número de adjetivos num menor tempo, ou no tempo

determinado pela professora.

12 – Descubra o adjetivo

A professora deverá prender com uma fita adesiva nas costas de cada criança um

adjetivo, feito pela própria criança em ¼ de papel sulfite.

Depois cada participante ou criança receberá uma folha de papel e um lápis para

anotar o maior número de adjetivos (que estão nas costas dos colegas) e ao mesmo tempo

fazer o máximo para que nenhum participante leia o que está em suas costas.

Ganha quem anotar o maior número de adjetivos.

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13 – Alfabeto do adjetivo

Na sala de aula os alunos ficam sentados na carteira. Cada aluno representa uma letra

do alfabeto ou a inicial de seu nome. O professor explica que escolherá um aluno e este

deverá dizer um adjetivo com sua inicial.

A professora dividirá a classe em duas equipes. As crianças deverão permanecer

sentadas em seus lugares ou em um círculo no chão, cada um irá representar uma letra do

alfabeto ou a inicial de seu nome.

Um aluno por vez de cada equipe deverá dizer um ou mais adjetivos com sua letra ou

inicial de seu nome, marcando um ponto.

Ganha a equipe que marcar o maior número de pontos.

14 - Jogo do desenho 1 - Figura 7

- Jogo do desenho 2 - Figura 8

Cada criança receberá o jogo do desenho 1 ou 2 escolhido pela professora ou pelos

alunos. O aluno deve jogar o dado, andar com a ficha colorida e quando chegar na casa

correspondente dar um adjetivo para o desenho. Acertando, fica nesta casa. Caso contrário,

volta para a anterior ou para o início.

Ganha o jogo quem primeiro chegar ao final.

ESCRITA DOS NUMERAIS

01 – Dominó

Será distribuído um jogo de dominó com 24 peças com o símbolo de numerais e a

escrita por extenso para cada grupo de crianças determinado pela professora.

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O jogo deve ser feito como o jogo de dominó tradicional.

02 – Jogo da memória

Cada criança receberá 18 fichas com o símbolo dos numerais e 18 fichas da escrita por

extenso, desses mesmos numerais.

As fichas deverão ficar voltadas para baixo e embaralhadas.

Cada criança deverá virar duas cartas para tentar montar pares; se não forem

correspondentes deverá virá-las novamente.

Ganha a criança que conseguir maior número de pares no final.

03 – Competição

A professora divide a classe em duas equipes: uma será chamada de equipe A e a outra

equipe B.

Uma criança de uma equipe escreve em um papel um numeral e a outra equipe

representada por outra criança tem de ler e escrevê-lo por extenso na lousa.Vale também o

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contrário, ou seja, escrever por extenso e a outra equipe deve utilizar o símbolo

correspondente.

Acertando, ganha um ponto e passa a vez para a outra equipe fazer a pergunta.

Ganha o jogo a equipe que juntar o maior número de pontos.

04 – Jogo da forca

A professora deverá dividir a classe em duas equipes e fazer o jogo da forca

(tradicional) com a escrita por extenso dos numerais.

Se a equipe acertar antes de ser “enforcada”, ganha um ponto.

Ganha a equipe que alcançar o maior número de pontos.

05 – Escrita de numerais

A professora deverá dividir a classe em duas equipes e dizer um número, uma criança

de cada equipe vai até a lousa e escreve por extenso. Ganha um ponto a equipe que escrever

corretamente.

Ao final conta-se quantos pontos tem cada equipe e ganha a que somar mais pontos.

06 – Descubra o Numeral

A professora deverá prender uma ficha nas costas de cada criança com um numeral

escrito por ela própria em ¼ de papel sulfite. Cada participante ou criança receberá uma folha

de papel e um lápis onde deverá escrever o maior número de numerais por extenso que

copiará das costas das outras crianças e ao mesmo tempo deve esconder suas costas para que

dificulte a leitura pelas outras crianças.

Ganha quem conseguir fazer um maior número de anotações.

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07 – Jogos de percurso:

A professora escolhe o jogo que vai ser utilizado pelas crianças.

A professora sorteará ou colocará na lousa a escrita por extenso de alguns numerais e uma

criança deve dizer qual o símbolo. Se houver acerto, deverá andar uma casa, caso contrário

deverá parar ou voltar para o início.

Ganha a criança que chegar em primeiro lugar ao final do percurso.

08 – Bexiga dos numerais

A professora deverá preparar as bexigas anteriormente colocando em cada uma um

cartãozinho com a escrita por extenso de numerais.

Separa a classe em duas ou três fileiras. A primeira criança de cada fileira corre até o

lugar combinado, enche a bexiga até estourar, lê o cartão de dentro da bexiga, executa a

ordem e volta correndo para o final de sua fileira.

A segunda criança de sua fileira faz a mesma coisa e assim sucessivamente.

Ganha a fileira em que todas as crianças participarem.

PRONOME DO CASO RETO

01 – Jogo de percurso:

Poderá ser utilizado qualquer jogo de percurso.

A professora deverá sortear frases para serem completadas com os pronomes do caso

reto.

No acerto, andar uma casa. Caso contrário, ficar parado ou voltar para o início.

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A criança que chegar primeiro ao final do percurso ganha o jogo.

Exemplo de frases a serem utilizadas:

- __________jogamos bola

- ___________chegou.

- Ontem__________foi ao cinema.

- _________como verdura.

02 – Jogo do palito

As crianças sentadas em círculo passando um palito colorido. Ao sinal da professora, a

criança com o palito ficará em pé e responderá à pergunta:

“Qual o pronome que deverá ser usado?”.

EX. _____sou bonito e _____são legais.

_____ é bonita.

Quem errar sai da brincadeira. Quem conseguir chegar ao final será o ganhador.

03 – Separando Palavras

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Equipes de mais ou menos cinco crianças receberão vários cartões com palavras que

devem separar de acordo com a seguinte divisão – artigos / adjetivos e pronomes.

Ganha quem separar corretamente em menos tempo.

Exemplo de palavras a serem utilizadas:

Bonito, eu, gelado, uma, tu, o, grande, etc...

04 – Bingo dos pronomes

A professora dará para cada criança uma cartela de bingo. Exemplo:

As crianças deverão escrever os pronomes de forma aleatória.

A professora dirá uma frase, onde haja pronomes e as crianças deverão identifica-los,

marcando-os nas cartelas.

Ganha o jogo a criança que preencher a cartela parcialmente ou completa, de acordo

com o que for combinado antes do início.

Exemplo de frases a serem utilizadas:

Ela é namorada do Paulo.

Tu cantas rock?

Nós fomos passear.

Amanhã eu irei ao parque.

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05 – Caracol dos pronomes

Será fornecido um jogo, um dado e uma ficha para cada criança.

Após jogar o dado, a criança andará de acordo com o número sorteado e dirá uma

frase, utilizando o pronome da casa que caiu.

Acertando, a criança fica no lugar sorteado. Caso contrário, volta para o início ou casa

anterior.

Ganha a criança que chegar ao final em primeiro lugar.

06 – Dado dos pronomes

A classe deverá ser dividida em grupos. Cada grupo terá de formar uma frase com o

pronome, após jogar o dado.

A cada acerto, o grupo marcará um ponto.

Ganha o grupo que tiver maior número de pontos.

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07 – Bexiga dos pronomes

Preparar previamente bexigas com cartões escritos com os pronomes. A professora

dividirá a classe em duas ou três fileiras com as crianças sentadas no chão. Ao sinal da

professora, a primeira criança das fileiras corre em direção a um ponto combinado, antes de

iniciar o jogo, enche sua bexiga até estourar, pega o pronome que estava dentro e forma uma

frase.

Volta correndo ao final da fila, a segunda criança deverá fazer o mesmo e assim

sucessivamente.

Ganha a fileira que terminar primeiro.

08 – Escutar uma música

A professora coloca uma música para as crianças ouvirem com atenção; em seguida,

coloca novamente a mesma música para as crianças anotarem o maior número de palavras,

distribuindo-as depois em três colunas - artigo - adjetivos - pronomes.

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Ao terminarem, receberão a letra da música para conferirem. Para cada acerto marcar

um ponto.

O vencedor será a criança que alcançar o maior número de pontos.

ORTOGRAFIA:

SC – XC

GU – QU

Trema

Com as fichas de palavras, trabalhar separadamente cada grupo de ortografia.

01 – Jogo de percurso:

A professora poderá escolher qualquer jogo de percurso para utilizar nessa atividade.

Será feito um sorteio de fichas com palavras ou desenhos com a ortografia a ser

trabalhada ou treinada. A criança determinada pela professora, ou grupo deverá dizer como é

a escrita correta.

Acertando, a criança deverá andar uma casa com sua ficha colorida. Caso contrário,

permanece parada.

Será vencedora a criança que chegar ao final em primeiro lugar.

Exemplo de palavras a serem utilizadas:

Excesso, banqueiro, guaraná, liquidificador, etc...

02 – Jogo do palito

A professora deverá dividir a classe em grupos e entregar um palito colorido para cada

um.

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As crianças sentadas em círculo deverão passar o palito colorido para a criança que

está sentada a sua direita, ao sinal da professora e assim sucessivamente. A um novo sinal a

criança que estiver com o palito ficará em pé e responderá sobre a grafia correta da palavra

que a professora indicar.

Se a criança acertar, marca um ponto para seu grupo.

Ganha o grupo que acumular o maior número de pontos.

Exemplo de palavras a serem utilizadas:

Acrescentar, queimadura, sangue, tranqüilizar, etc....

03 – Competição

A professora deverá dividir a classe em duas equipes.

Cada equipe deverá escolher e organizar palavras com a ortografia escolhida; para

perguntar para a equipe adversária.

Acertando, a equipe questionada marcará um ponto.

Será vencedora a equipe que alcançar o maior número de pontos.

04 – Jogo da forca

Dividir a classe em duas equipes e fazer o jogo da forca tradicional com a grafia

correta das palavras escolhidas pela professora com o objetivo de treinar a ortografia.

Se a equipe acertar antes de ser enforcada, ganha um ponto.

Ganha o jogo a equipe que marcar mais pontos.

Exemplo de palavras a serem utilizadas:

Crescer, cheguei, periquito, seqüência, etc....

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05 – Descubra a Palavra

A professora distribuirá algumas fichas com palavras com a ortografia a ser treinada.

Cada criança deverá escolher uma palavra que será fixada em suas costas.

Com papel e lápis na mão, as crianças deverão caminhar e tentar anotar o maior

número de palavras das costas das outras crianças, mas ao mesmo tempo tentar impedir a

leitura da palavra que está em suas costas.

Ganha quem conseguir escrever o maior número de palavras corretamente em um

tempo que será determinado pela professora.

06 – Treinando Ortografia

A professora deverá dividir a classe em duas equipes, dizer uma palavra que deverá

ser escrita por uma criança de cada equipe na lousa. Ganha um ponto se a escrita estiver

correta.

Ganha a equipe que acumular o maior número de pontos.

07 – Bingo da ortografia

A professora antes de iniciar a brincadeira distribui uma cartela de bingo para cada

criança.

EX:

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Cada criança deverá preencher sua cartela com grupos de letras estipuladas pela

professora de forma aleatória, para treinar a ortografia. Ex - SC / XC / GU / QU. Depois de

sorteada a palavra, cada criança deverá marcar em sua cartela o grupo de letras.

Ganha a criança que preencher primeiro toda a cartela.

Exemplo de palavras a serem utilizadas: Consciência, freguês, querosene, pingüim,

saguão, etc...

MATEMÁTICA

OPERAÇÕES

01 – Pirâmide das operações.

Cada dupla de crianças recebe uma folha com uma pirâmide com espaços em branco.

A professora escolhe que tipo de operação vai trabalhar e determina a operação com as

crianças. Depois, coloca algumas contas na lousa e a dupla de escolhe o lugar para colocá-las

em sua pirâmide. Com o auxílio de um dado, é só jogar, andar até a casa correspondente,

resolver a conta que deverá ser corrigida pelo seu adversário. Se estiver correta fica em seu

novo lugar, caso contrário volta ao antigo.

Ganha quem chegar primeiro ao topo.

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Exemplo de operações a serem utilizadas:

321 x 9 =

129 – 93 =

729 + 803 =

1664: 32 =

02 – Jogo de Percurso

A professora ou as próprias crianças poderão escolher qual o jogo de percurso a ser

utilizado

A professora coloca um número qualquer na lousa e determina qual será a operação (+

/ - / x /-:-), a criança joga dois dados e um será utilizado para a unidade e o outro para a

dezena, e deverá fazer o cálculo com o número colocado na lousa. Acertando, marcará um

ponto, andando uma casa. Caso contrário, fica no lugar.

Ganha quem chegar ao final antes de seu adversário.

OBS:- A professora poderá dividir a classe em duas equipes para trabalhar com toda a

classe.

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Nomenclatura

03 - Caça Nomenclatura

Cada criança receberá uma folha em que deverá executar a ordem, procurando as

palavras no quadro de letras misturadas, colorindo da cor determinada.

Vence a criança que conseguir encontrar todas as palavras em primeiro lugar.

04 - Descobrir a palavra I

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Cada criança receberá uma folha com charada matemática das operações, para se

descobrir a palavra. Através do resultado das contas, procurar a sílaba e ir montando a

palavra.

Vence a criança que descobrir todas as palavras em menor tempo.

05 – Descobrir a palavra II

Cada criança receberá uma folha com charada matemática das operações; para se

descobrir a palavra escolhida. Através do resultado das contas, procurar a sílaba e ir montando

a palavra.

Ganha a criança que descobrir todas as palavras em menor tempo.

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06- Dados das operações

A professora divide a classe em duas equipes, um participante de cada equipe vai à

frente, joga o dado e faz a conta com os números determinados pela professora na lousa.

A cada acerto a equipe ganhará um ponto.

A equipe vencedora será a que alcançar maior número de pontos.

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07 - Roleta das operações

Será montada uma roleta com três círculos sobrepostos: dois deles conterão numerais e

no outro, haverá sinais para executar as operações.

As crianças devem girar a roleta e fazer a conta com os numerais e sinal que a flecha

indicar em seu caderno.A cada acerto, marca-se um ponto.

Page 238: APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO … · Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na minha busca de crescimento, me motivando sempre, principalmente meu marido Gerson,

Ganha quem conseguir alcançar maior número de pontos.DESAFIOS MATEMÁTICOS

08 – Jogo de percurso

A professora distribuirá o jogo de percurso escolhido pela classe e a ficha colorida

para dar seqüência à atividade.

A professora faz um sorteio de desafios, a cada acerto andar uma casa. Caso contrário,

ficar onde está.

Ganha a criança que chegar ao final em primeiro lugar.

Exemplo de desafios matemáticos a serem utilizados:

- Lúcia comprou 193 bolinhas de gude de André e 426 de Beto. Depois deu à

sua irmã 128. Com quantas bolinhas de gude ficou?

- Um fazendeiro vendeu 493 bois dos 987 que tinha. Com quantos ficou?

- Maria tinha 154 pombos. Fugiram 57 e depois foram colocados 85 no viveiro.

- Quantos pombos ficaram no viveiro?

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09- Bingo

A classe será dividida em duas equipes para a professora sortear algumas operações e

deixar as crianças resolvê-las. A criança deverá copiá-las como quiser em sua cartela de

bingo.

EX:

Depois a professora copiará em pedaços de papéis o resultado dessas contas para o

sorteio. A lousa será apagada e o jogo iniciado. A professora dará o resultado sorteado e a

criança buscará qual a operação correspondente em sua cartela de bingo.

Ganha a criança que encher uma coluna ou cartela inteira como combinado com a

professora.

10 – Competição de Operações Matemáticas

Dividir a classe em duas equipes, passar na lousa operações com o mesmo grau de

dificuldade, em seguida uma criança de cada equipe fará o cálculo. Marca um ponto a equipe

que acertar a conta. Ir trocando de criança até todos da equipe participarem. Ganha a equipe

que terminar primeiro, executando as operações correspondentes.

11 – Sorteio matemático

Dividir a classe em duas equipes e sortear desafios ou contas. Uma criança de cada

equipe vai à frente e resolve o que foi sorteado, as outras crianças ficarão olhando para

fazerem a correção.

Para cada acerto, ganha-se um ponto.

Ganha a equipe que fizer mais pontos após o tempo determinado pela professora

Exemplo de desafios matemáticos a serem utilizados:

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- Um feirante comprou 385 tomates e 329 cebolas. Quantos produtos ele

comprou?

- Tia Zefa fez 142 brigadeiros. As crianças comeram 59. Quantos sobraram?

- Tenho 194 balas para dividir para 12 crianças. Quantas vão sobrar?

Exemplo de contas a serem utilizadas:

- 523 x 14 =

- 321 + 102 =

- 300 – 198 =

- 144: 12 =

12 – Jogo dos símbolos

Joga-se o dado, quando cair na casa no quadrado, sorteia-se um desafio

matemático.

Cada criança receberá um jogo, um dado e uma ficha colorida. Ao jogar o

dado, andar na casa correspondente, sortear um desafio matemático, e seguir a ordem da casa

em que está.

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Exemplo de desafios a serem utilizados:

- Vó Maria fez 94 brigadeiros, 293 docinhos de coco e 234 beijinhos. Já vendeu

329 doces. Quantos doces faltam vender?

- Em uma adega havia 520 litros de vinho. Foram consumidos 183 na festa da

cidade. Quantos litros sobraram?

- Em um sítio há 123 galinhas, 94 patos e 13 perus. Quantos são ao todo?

Ganha a criança que chegar ao final em primeiro lugar.

13 – Jogo da roleta

A classe será dividida em duas equipes. Joga-se a roleta com o auxílio de um clips, o

número que cair deverá ser multiplicado, dividido, somado ou subtraído pelo número que a

professora colocar na lousa. A cada acerto a equipe marcará um ponto.

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Ganha a equipe que no final tiver o maior número de pontos.

SISTEMA MONETÁRIO

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1 -Jogo da memória do sistema monetário

Cada criança receberá 18 fichas com o sistema monetário em símbolos e 18 fichas da

quantia correspondente escrita por extenso.

Todas as cartas deverão ficar viradas para baixo e embaralhadas. A criança deve

desvirar duas cartas com o objetivo de formar pares. Se não conseguir, vira as cartas

novamente e tenta outra vez.

Ganha a criança que tiver o maior número de pares no tempo determinado pela

professora. Esse jogo pode ser feito também em dupla ou em grupo.

2 – Dominó de sistema monetário

Cada grupo de duas ou três crianças receberá um jogo de dominó contendo 24 peças.

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Joga-se como o jogo tradicional, no qual as peças contêm a quantia em símbolo

monetário e a quantia por extenso.

Ganha a criança que conseguir terminar em primeiro lugar as peças que tem em mãos.

3 – Vamos ás compras

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Cada criança receberá um jogo, um dado e dinheiro de papel.

Será entregue para cada criança:

- 5 notas de $ 100,00

- 5 notas de $ 50,00

- 5 notas de $ 10,00

- 5 notas de $ 5,00

- 5 notas de $ 1,00

Joga-se o dado, a criança anda até a casa correspondente. Ela terá de comprar o

produto e assim por diante.

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Ganha o jogo a criança que tiver mais dinheiro em mãos, depois de comprar todos os

produtos e chegar ao final.