applica: uma soluÇÃo viÁvel para o conhecimento...
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APPLICA: UMA SOLUÇÃO VIÁVEL PARA O CONHECIMENTO EM
INVESTIMENTOS?
Bruna Finotelli de Lima
Izabela Pereira Viannay Belloni
Projeto de Graduação apresentado ao Curso
de Engenharia de Produção da Escola
Politécnica, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como parte dos requisitos necessários
à obtenção do título de Engenheiro.
Orientadora: Thereza Christina Nogueira de
Aquino
Rio de Janeiro
Julho de 2018
iii
Lima, Bruna Finotelli de; Belloni, Izabela Pereira Viannay
Applica: uma Solução Viável para o Conhecimento em
Investimentos?/ Bruna Finotelli de Lima; Izabela Pereira
Viannay Belloni – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica,
2018.
xiii, 105 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadora: Thereza Christina Nogueira de Aquino
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso
de Engenharia de Produção, 2018.
Referências Bibliográficas: p. 88-93.
1. Educação Financeira. 2. Aplicativo. 3. Modelo de
Negócio. 4. Análise de Viabilidade. 5. Pesquisa de Mercado.
I. Aquino, Thereza. II. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia de Produção.
III. Applica: uma Solução Viável para o Conhecimento em
Investimentos?
iv
AGRADECIMENTOS
Gostaríamos de agradecer, em primeiro lugar, a Deus por nos guiar durante nossa
trajetória e sempre nos colocar no caminho certo.
Agradecemos também à nossa família, em especial aos nossos pais, Márcia, Robson, Ilza
e Afonso, e irmãos, Gabriela e Guilherme, por todo apoio e compreensão. Sem vocês,
nada seria possível!
Ao Tales, que em todos os momentos nos incentivou, acreditou em nós e nos apoiou.
Aos nossos amigos de infância, que sempre nos acompanharam em nossos desafios e
torceram pelo nosso sucesso.
Aos nossos amigos feitos ao longo da nossa jornada de graduação, que dividiram conosco
cada angústia e vitória.
Aos nossos "amigos pets", que nos deram todo carinho do mundo.
À nossa professora e orientadora Thereza Aquino, que sempre se mostrou disposta a nos
ajudar e nos atendeu com toda atenção, paciência e dedicação.
Aos nossos professores que mais nos inspiraram, Adriano Proença, Roberto Ivo e
Raimundo Rocha.
v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.
APPLICA: UMA SOLUÇÃO VIÁVEL PARA O CONHECIMENTO EM
INVESTIMENTOS?
Bruna Finotelli de Lima
Izabela Pereira Viannay Belloni
Julho/2018
Orientadora: Thereza Christina Nogueira de Aquino
Curso: Engenharia de Produção
O presente projeto de graduação objetiva compreender o nível de conhecimento dos
universitários na área de investimentos e elaborar um modelo de negócio voltado para
este público alvo. A partir de uma revisão bibliográfica sobre educação financeira e os
diferentes produtos financeiros disponíveis para a população brasileira, é introduzido o
panorama deste setor encontrado pelos universitários. Em seguida, são apresentadas duas
pesquisas exploratórias: a primeira realizada em um banco comercial, na qual se buscou
obter informações sobre a procura dos universitários por produtos de investimento; e a
segunda realizada através de um formulário, no qual universitários responderam questões
relativas ao seu nível de conhecimento na área de investimentos e ao interesse dos
mesmos em aprender mais sobre o assunto. Após a análise, é proposto um modelo de
negócio voltado para o público alvo estudado, baseado em ferramentas de análise
estratégica, e realizado um estudo de viabilidade.
Palavras-chave: educação financeira, universitários, investimentos, plano de negócio,
aplicativo.
vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Industrial Engineer.
APPLICA: A VIABLE SOLUTION FOR KNOWLEDGE OF INVESTMENTS?
Bruna Finotelli de Lima
Izabela Pereira Viannay Belloni
July/2018
Advisor: Thereza Christina Nogueira de Aquino
Course: Industrial Engineering
This project aims to understand the depth of undergraduate students’ knowledge in the
investment area and to propose a business plan for this target audience. From a
bibliographic review of financial education and the different financial products offered to
Brazilian people, a contextualization of the panorama faced by undergraduate students in
this sector is introduced. Next, two exploratory researches are presented: the first was
conducted in a commercial bank, in which it was sought to understand the demand of
undergraduates for investment products; and the second in which undergraduate students
answered questions regarding their knowledge in the investment area and whether they
have interest in learning more on the subject. After the researches, a business plan
targeting undergraduate students is proposed, based on strategic analysis tools, and a
viability study is conducted.
Keywords: financial education, undergraduates, investment, business plan, mobile
application.
vii
SUMÁRIO
ÍNDICE DE GRÁFICOS ............................................................................................................ x
ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................................. xii
ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................. xiii
1. Introdução ............................................................................................................................ 1
1.1. Motivação ..................................................................................................................... 1
1.2. Objetivo ........................................................................................................................ 1
1.3. Hipóteses ...................................................................................................................... 1
1.4. Metodologia da Pesquisa ............................................................................................ 2
1.5. Contribuição Científica ............................................................................................... 2
1.6. Limitações .................................................................................................................... 2
1.7. Descrição das Partes.................................................................................................... 2
2. Educação Financeira ........................................................................................................... 4
2.1. Definição e Benefícios .................................................................................................. 4
2.2. Situação no Brasil ...................................................................................................... 11
2.3. Comparação com Outros Países .............................................................................. 18
3. Panorama do Sistema Financeiro Nacional .................................................................... 22
3.1. Estrutura do SFN ...................................................................................................... 22
3.2. Os Quatro Segmentos do Mercado Financeiro ....................................................... 24
3.2.1. Mercado Cambial .............................................................................................. 25
3.2.2. Mercado de Capitais ......................................................................................... 26
3.2.3. Mercado de Crédito .......................................................................................... 26
3.2.4. Mercado Monetário ........................................................................................... 27
3.3. Produtos Financeiros de Investimento .................................................................... 28
3.3.1. Renda Fixa ......................................................................................................... 28
3.3.1.1. Caderneta de Poupança ............................................................................ 28
3.3.1.2. Títulos Públicos de Renda Fixa ................................................................ 29
3.3.1.2.1. Letras do Tesouro Nacional – LTN ...................................................... 30
3.3.1.2.2. Letras Financeiras do Tesouro – LFT .................................................. 31
3.3.1.2.3. Notas do Tesouro Nacional – NTN ....................................................... 31
3.3.1.3. Títulos Privados de Renda Fixa ............................................................... 32
3.3.1.3.1. Certificados de Depósito Bancário (CDB) ............................................ 32
3.3.1.3.2. Letras de Crédito .................................................................................... 33
3.3.1.3.3. Letras de Câmbio ................................................................................... 33
3.3.1.3.4. Letra Financeira ..................................................................................... 34
viii
3.3.1.3.5. Debêntures .............................................................................................. 34
3.3.1.4. Fundo Garantidor de Crédito (FGC) ...................................................... 35
3.3.2. Renda Variável .................................................................................................. 36
3.3.2.1. Ações ........................................................................................................... 37
3.3.2.2. Opções Sobre Ações................................................................................... 38
3.3.2.3. Depositary Receipts .................................................................................... 38
3.3.2.4. Brazilian Depositary Receipts .................................................................... 39
3.3.2.5. Fundos de Investimento ............................................................................ 39
4. Pesquisa de Mercado ......................................................................................................... 42
4.1. Hipóteses .................................................................................................................... 42
4.1.1. Hipótese A – Os universitários não têm muito conhecimento na área de
investimentos ..................................................................................................................... 42
4.1.2. Hipótese B – Os universitários tem interesse em aumentar seu conhecimento
na área de investimentos ................................................................................................... 42
4.2. Diagnósticos ............................................................................................................... 42
4.2.1. Diagnóstico da Hipótese A ................................................................................ 45
4.2.2. Diagnóstico da Hipótese B ................................................................................ 48
5. Modelo de Negócio ............................................................................................................ 52
5.1. Contextualização ....................................................................................................... 52
5.1.1. Segmento de Clientes ........................................................................................ 52
5.1.2. Proposta de Valor .............................................................................................. 52
5.1.3. Relacionamento com Clientes........................................................................... 52
5.1.4. Canais de Venda ................................................................................................ 53
5.1.5. Fontes de Receita ............................................................................................... 53
5.1.6. Parceiros Chave ................................................................................................. 53
5.1.7. Atividades Chave ............................................................................................... 53
5.1.8. Recursos Chave ................................................................................................. 54
5.1.9. Estrutura de Custos .......................................................................................... 54
5.2. Caracterização do Negócio ....................................................................................... 54
5.2.1. Desenvolvimento do Aplicativo ........................................................................ 56
5.2.2. Funcionalidades do Aplicativo ......................................................................... 58
5.2.3. Design do Aplicativo .......................................................................................... 59
5.2.4. Canvas ................................................................................................................ 60
5.2.4.1. Segmento de Clientes................................................................................. 60
5.2.4.2. Proposta de Valor ...................................................................................... 61
5.2.4.3. Relacionamento com Cliente .................................................................... 62
ix
5.2.4.4. Canais de Venda ........................................................................................ 62
5.2.4.5. Fontes de Receita ....................................................................................... 62
5.2.4.6. Parceiros Chave ......................................................................................... 66
5.2.4.7. Atividades Chave ....................................................................................... 67
5.2.4.8. Recursos Chave ......................................................................................... 67
5.2.4.9. Estrutura de Custos................................................................................... 70
5.2.5. Limitações .......................................................................................................... 71
5.2.6. Análise Setorial .................................................................................................. 71
5.2.6.1. As Cinco Forças de Porter ........................................................................ 72
5.2.6.2. Análise SWOT ........................................................................................... 76
6. Estudo de Viabilidade ....................................................................................................... 80
6.1. Definição das Premissas ............................................................................................ 80
6.2. TIR, VPL, e Payback ................................................................................................. 83
7. Conclusão ........................................................................................................................... 86
8. Revisão Bibliográfica ........................................................................................................ 88
9. Anexos ................................................................................................................................ 94
9.1. Questionário da Pesquisa de Mercado .................................................................... 94
9.2. Classificação de Fundos ............................................................................................ 98
9.3. Modelo Canvas .......................................................................................................... 99
9.4. Projeção dos Resultados do Aplicativo .................................................................. 100
APÊNDICE A – Estrutura do Sistema Financeiro Nacional .................................................... 101
x
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Se surgisse uma despesa inesperada, você teria condições de pagá-la sem pedir
dinheiro emprestado? ...................................................................................................... 12
Gráfico 2: Se você perdesse a sua principal fonte de renda hoje, por quanto tempo
conseguiria cobrir o seu custo de vida sem pegar um empréstimo? ............................... 12
Gráfico 3: Comprometimento da renda com dívidas mensais ........................................ 13
Gráfico 4: O que você fez para pagar as contas, cobrir todas as despesas? ................... 14
Gráfico 5: Uso de produtos financeiros .......................................................................... 15
Gráfico 6: Formas de escolha do produto financeiro utilizado ...................................... 15
Gráfico 7: Grau de acerto - variáveis de conhecimento ................................................. 16
Gráfico 8: Autoavaliação do nível de conhecimento sobre finanças.............................. 16
Gráfico 9: Planejamento para a aposentadoria ............................................................... 17
Gráfico 10: Parcela da população que poupa pensando na aposentadoria. .................... 19
Gráfico 11: Parcela da população que poupa através de instituições financeiras .......... 19
Gráfico 12: Parcela da população que poupou qualquer montante nos últimos 12 meses
........................................................................................................................................ 20
Gráfico 13: Rentabilidade da poupança descontada a inflação IPCA de janeiro a agosto.
........................................................................................................................................ 29
Gráfico 14: Idade dos respondentes – 312 respostas ...................................................... 43
Gráfico 15: Gênero dos respondentes - 312 respostas .................................................... 43
Gráfico 16: Faculdade dos respondentes - 312 respostas ............................................... 44
Gráfico 17: Área do curso dos respondentes - 312 respostas ......................................... 44
Gráfico 18: Período dos respondentes - 312 respostas ................................................... 44
Gráfico 19: Situação financeira dos universitários - 312 respostas ................................ 45
Gráfico 20: Faixa de renda dos universitários - 312 respostas ....................................... 45
Gráfico 21: Situação dos universitários em relação a investimentos - 179 respostas .... 46
Gráfico 22: Situação dos universitários de Ciências Exatas em relação a investimentos -
139 respostas .................................................................................................................. 46
Gráfico 23: Situação dos universitários de outras áreas em relação a investimentos - 40
respostas ......................................................................................................................... 46
Gráfico 24: Produtos da carteira de investimentos dos universitários - 100 respostas .. 47
Gráfico 25: Tamanho da carteira de investimentos dos universitários - 100 respostas .. 47
Gráfico 26: Há quanto tempo os universitários investem - 100 respostas...................... 48
xi
Gráfico 27: Parcela da renda investida pelos universitários - 100 respostas .................. 48
Gráfico 28: Interesse dos universitários em um serviço ou aplicativo que os ajudasse a
investir - 100 respostas ................................................................................................... 49
Gráfico 29: Interesse dos universitários que tem apenas um produto na carteira em um
serviço ou aplicativo que os ajudasse a investir - 38 respostas ...................................... 49
Gráfico 30: Interesse dos universitários que tem mais de um produto na carteira em um
serviço ou aplicativo que os ajudasse a investir – 62 respostas ..................................... 49
Gráfico 31: Vontade de investir dos universitários que tem renda e não investem - 79
respostas ......................................................................................................................... 50
Gráfico 32: Vontade de investir dos universitários que não tem renda - 133 respostas . 50
Gráfico 33: Fatores que impedem os universitários de investir - 207 respostas ............ 50
Gráfico 34: Interesse dos universitários que gostariam de investir em um serviço ou
aplicativo que os ajudasse com os fatores impeditivos - 207 respostas ......................... 51
Gráfico 35: Disposição dos universitários a pagar por um serviço ou aplicativo que os
ajudasse a investir ........................................................................................................... 63
Gráfico 36: Preço que os universitários estariam dispostos a pagar para adquirir esse
serviço (pagamento único).............................................................................................. 64
Gráfico 37: Preço que os universitários estariam dispostos a pagar por uma assinatura
desse serviço ou aplicativo (pagamento mensal) ............................................................ 64
xii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Caracterização dos Mercados Financeiros ..................................................... 25
Tabela 2: Correspondência da nova nomenclatura dos títulos públicos de renda fixa ... 32
Tabela 3: Produtos que possuem cobertura do FGC. ..................................................... 36
Tabela 4: Expectativas na compra de opções ................................................................. 38
Tabela 5: Comparação entre plataformas de criação de app. ......................................... 57
Tabela 6: Legenda da tabela 5 ........................................................................................ 57
Tabela 7: Acessibilidade dos tipos de conta ................................................................... 63
Tabela 8: Funções incorporadas pelas sócias. ................................................................ 70
Tabela 9: Premissas de receita. ....................................................................................... 80
Tabela 10: Premissas de custos e despesas. .................................................................... 80
Tabela 11: Premissas temporais. .................................................................................... 81
Tabela 12: Premissas de impostos. ................................................................................. 81
Tabela 13: Premissas de câmbio e taxa de desconto. ..................................................... 81
Tabela 14: Resultados da análise de viabilidade. ........................................................... 83
Tabela 15: Preço da conta x número inicial de usuários. ............................................... 84
Tabela 16: Valor gasto com marketing para adquirir um usuário x número inicial de
usuários ........................................................................................................................... 84
Tabela 17: Preço da conta x taxa de conversão de usuários. .......................................... 85
Tabela 18: Custo mensal com a plataforma de aplicativos x número inicial de usuários.
........................................................................................................................................ 85
xiii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Estrutura do Sistema Financeiro Nacional ...................................................... 24
Figura 2: Intermediação Financeira ................................................................................ 27
Figura 3: Design do "applica", representado pelas telas de cadastro, de menu da conta
premium, de menu da conta padrão e da seção de cards, respectivamente. ................... 60
Figura 4: Segmentação de mercado ................................................................................ 60
Figura 5: Exemplos de anúncio em banner, intersticial e em vídeo, respectivamente. . 65
Figura 6: Organograma de uma empresa criadora de aplicativo. ................................... 69
Figura 7: Organograma enxuto. ...................................................................................... 70
Figura 8: Análise das cinco forças de Porter. ................................................................. 75
Figura 9: Análise SWOT. ............................................................................................... 77
Figura 10: Classificação de Fundos ................................................................................ 98
Figura 11: Canvas para o "applica" ................................................................................ 99
1
1. Introdução
1.1. Motivação
Desde crianças, as pessoas são educadas para se tornarem adultos independentes e
capazes de interagir e atuar na sociedade. Durante toda a sua formação, são passados
princípios e conhecimentos em diversas áreas, seja em instituições de ensino ou em suas
casas, com o intuito de prepará-los para a vida, desde as ações mais básicas como se
comunicar, até aprendizados mais específicos adquiridos nas faculdades para a formação
profissional.
Entretanto, não há da mesma forma uma preparação para a gestão das finanças pessoais.
Com exceção daqueles que se profissionalizam na área, as pessoas crescem, começam a
ganhar dinheiro e não sabem como administrá-lo. Este conhecimento é tão essencial que
quem não o possui pode ter sua vida transformada, sua saúde afetada e até ficar em uma
situação insustentável de sobrevivência.
Além disso, o Brasil é um país de baixa renda, com uma educação básica precária, e cuja
população possui alta propensão a consumir, resultando em um país de baixo nível de
poupança. Características estas que influenciam negativamente a difusão do
conhecimento dos diferentes temas relacionados à gestão das finanças pessoais.
As autoras do presente projeto, enquanto universitárias prestes a entrar no mercado de
trabalho, perceberam a carência desse tema em suas formações e identificaram uma
oportunidade de negócio em tal ambiente.
1.2. Objetivo
O objetivo do presente trabalho é a criação de um modelo de negócio inserido no contexto
de educação financeira visando à melhoria do conhecimento em produtos de
investimentos para auxiliar os que possuem pouco ou nenhum entendimento na área.
Além disso, será realizada uma análise de viabilidade financeira, com o intuito de
determinar se o negócio proposto é ou não economicamente viável.
1.3. Hipóteses
As hipóteses responsáveis por direcionar o desenvolvimento deste trabalho foram as
seguintes:
A. Os universitários não tem muito conhecimento na área de investimentos.
2
B. Os universitários tem interesse em aumentar seu conhecimento na área de
investimentos.
Universitários, para o presente trabalho, são os estudantes de todos os períodos das áreas
de Ciências Exatas, Humanas, Biológicas e da Saúde e Sociais Aplicadas.
1.4. Metodologia da Pesquisa
Foram realizadas, na elaboração deste projeto, três pesquisas aplicadas, de caráter
exploratório e com o uso do método indutivo. A primeira delas foi uma revisão
bibliográfica para auxiliar no entendimento dos conceitos de educação financeira e
produtos do mercado financeiro no Brasil.
Em seguida, foi feita uma pesquisa de levantamento quantitativa. Esta consistiu na
disponibilização online de um questionário com o intuito de coletar dados para uma
análise do perfil investidor dos universitários. Foram obtidas 312 respostas de
universitários, e o questionário utilizado encontra-se no anexo 9.1.
Por último, foi feita uma revisão bibliográfica sobre o conceito de um modelo de negócio
e das ferramentas estratégicas Forças de Porter e análise SWOT.
1.5. Contribuição Científica
O presente trabalho contribui para a disseminação do conhecimento em investimentos
visto que o modelo de negócio proposto tem como funcionalidade principal a
disponibilização de conteúdos que eduquem financeiramente a população brasileira, o
que pode colaborar para o aumento da taxa de poupança e desenvolvimento do país.
1.6. Limitações
Os fatores que limitaram o desenvolvimento deste trabalho foram: o ambiente de
divulgação da pesquisa de levantamento quantitativa que, por concentrar muitos alunos
dos cursos da área de exatas, pode ter tendenciado os resultados; e a baixa disponibilidade
de materiais sobre o modelo de negócio de um aplicativo.
1.7. Descrição das Partes
3
O estudo inicia com uma descrição de educação financeira e dos diferentes temas
abordados por essa área de conhecimento e são apresentados dados referentes a esse
assunto no Brasil e no mundo.
Introduz-se no Capítulo 3 a estrutura do Sistema Financeiro Nacional, abordando os
diversos agentes que o integram, os diferentes segmentos de mercado presentes, assim
como os produtos oferecidos aos investidores e suas características.
O Capítulo 4 apresenta os resultados da pesquisa de mercado realizada, juntamente das
análises e conclusões obtidas acerca das hipóteses propostas.
No Capítulo 5, após uma revisão bibliográfica do modelo Canvas, o mesmo é elaborado
para o modelo de negócio proposto. Em seguida, é apresentada uma análise do mercado
no qual o empreendimento está inserido, através das ferramentas estratégicas Forças de
Porter e SWOT.
Após a definição do modelo de negócio, será avaliada, no Capítulo 6, a viabilidade
econômica do projeto proposto. Através da projeção dos resultados do empreendimento
para o período de cinco anos, são apresentados alguns indicadores que possibilitam
avaliar se o mesmo é ou não financeiramente viável.
Finalmente, no Capítulo 7, é apresentada a conclusão do presente trabalho e são sugeridos
estudos futuros.
Ao fim do projeto constam as referências bibliográficas e os anexos.
4
2. Educação Financeira
Segundo o relatório de avanço das estratégias nacionais de educação financeira, elaborado
pela OECD em conjunto com o ministro da fazenda russo no G201 (2013), um fraco
entendimento das questões financeiras pessoais impacta não apenas o bem-estar
individual da pessoa, já que pode gerar um baixo nível de poupança da mesma, mas
também a estabilidade econômica do país no longo prazo.
Assim, devido à importância mundial do tema, este capítulo abordará a educação
financeira e seus aspectos.
2.1. Definição e Benefícios
Educação financeira é o meio de melhorar a compreensão da sociedade em relação aos
conceitos de produtos financeiros (BANCO CENTRAL DO BRASIL – BACEN, 2018).
Além de contribuir para aumentar a qualidade de vida das pessoas, já que as mune de
competências necessárias para serem conscientes e responsáveis com suas finanças, pode,
segundo o Santander, estimular o empreendedorismo e a geração de empregos
promovendo o desenvolvimento econômico.
De acordo com o Caderno de Educação Financeira – Gestão de Finanças Pessoais
(BACEN, 2013), esse bem-estar que a educação financeira traz para a população está
relacionado ao fato da mesma possibilitar o equilíbrio das finanças pessoais, a escolha
mais acertada dos produtos financeiros apropriados para cada pessoa, reduzir riscos
como, por exemplo, fraudes, e também na preparação para possíveis imprevistos e para a
aposentadoria.
Mais um importante papel que a educação financeira tem é incentivar a competição e o
monitoramento do mercado já que as pessoas, tendo um maior entendimento no assunto,
demandam produtos mais específicos e exigem mais transparência das instituições.
Ser educado financeiramente significa entender de vários temas reconhecidos pela
Estratégia Nacional para Educação Financeira (ENEF), criada em 2010 pelo Governo
Federal: planejamento, crédito, consumo, previdência, seguros, poupança, investimento
e direitos e deveres. A gestão financeira, que engloba todos esses temas, trata-se do que
é feito com o dinheiro ao longo do tempo. Quem possui capital tem duas opções: consumir
1 Grupo composto por ministros da fazenda e presidentes do banco central das 19 maiores economias
mundiais e da União Europeia.
5
ou investir. No caso do objeto de desejo de consumo valer mais do que o capital em mãos,
pode-se adquirir um crédito para antecipar o consumo, esta antecipação está associada ao
pagamento de juros. Pode-se também, como alternativa neste mesmo caso, investir o
dinheiro que se tem e receber rendimentos por postergar o consumo. Tal escolha é
chamada de troca intertemporal (BACEN, 2013).
Pode-se dizer que o planejamento é a base de uma boa gestão de capital, sendo o principal
tema abordado pela educação financeira. Sem ele, torna-se muito mais difícil alcançar um
objetivo de consumo, se preparar para o futuro e manter a vida financeiramente
equilibrada. A ferramenta utilizada para fazer planos é o orçamento. Nele, todas as
receitas, despesas e todos os investimentos previstos para um período de tempo definido
são registrados, assim como tudo que é realizado. Além das vantagens já citadas, o
orçamento pode ajudar as pessoas a terem uma boa visão da situação financeira real em
que se encontram, priorizarem e escolherem seus projetos e objetivos, identificarem e
entenderem seus hábitos de consumo, preverem riscos, se prepararem para imprevistos e
consumirem de forma contínua, não tendo picos de despesas.
O maior objetivo ao fazer um orçamento é alcançar e manter um orçamento superavitário,
o que ocorre quando as receitas são maiores que as despesas, e evitar um orçamento
deficitário (receitas inferiores às despesas) ou neutro (receitas e despesas iguais).
Sobre o crédito, este é uma fonte adicional de recursos que vem de terceiros como bancos,
financeiras, cooperativas de crédito, entre outros. Neste serviço, o risco é um dos fatores
mais importantes (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CEF, 2018). Ele está relacionado
à capacidade de pagamento do tomador e é determinante para a definição dos juros a
serem pagos para aquele que concede o crédito.
Há várias modalidades de crédito:
Cartão de crédito: paga-se uma anuidade para ter um cartão de crédito. Os gastos
realizados com este produto são consolidados em uma fatura mensal e os juros
por não pagar o valor integral no prazo são muito altos (CEF, 2018).
Cheque especial: é um empréstimo oferecido pelo banco de forma automática
quando o saldo da conta corrente fica negativo. Os juros pagos por este
empréstimo também são bem altos (CEF, 2018).
6
Compra parcelada: é a divisão do valor do produto comprado em parcelas que
podem ou não estar associadas ao pagamento de juros. Este sistema de venda é
chamado de crediário, onde a loja é a credora do financiamento.
Empréstimo: assim como o cheque especial, também é oferecido pelo banco
entretanto não ocorre de maneira automática. Neste caso, deve haver a solicitação
do cliente e qualquer correntista2 pode tomar um empréstimo.
Crédito consignado: é um empréstimo cujas parcelas são pagas indiretamente.
Elas são descontadas direto na folha de pagamento ou no benefício previdenciário
do contratante (BACEN, 2018). O credor, por ter a garantia de receber o que
emprestou, cobra juros mais baixos (FEBRABAN, 2018).
Penhor: neste tipo de empréstimo, um bem de valor do tomador de crédito é
utilizado como garantia para o pagamento da dívida e, caso a mesma não seja
quitada, este bem vai a leilão (CEF, 2018).
Financiamento: empréstimo de longo prazo, geralmente usado para comprar
imóveis ou automóveis (CEF, 2018).
Leasing: também chamado de arrendamento mercantil, é um contrato em que o
bem a ser comprado é adquirido pelo arrendador (banco ou sociedade de
arrendamento mercantil) e o arrendatário, que paga uma prestação para o
arrendador, usufrui deste bem. Pode ocorrer ou não a compra do bem pelo
arrendatário (BACEN, 2018).
Conforme o BACEN afirma em seu Caderno de Educação Financeira (2013), adquirir um
crédito tem suas vantagens, a antecipação do consumo quando precisa-se comprar um
produto ou contratar um serviço mas não se tem os recursos no momento, a possibilidade
de aproveitar as oportunidades e a ajuda em situações de emergência são algumas delas.
Porém, há também desvantagens em escolher esse produto, uma é o pagamento de juros.
Esse custo faz com que a compra do produto ou contratação do serviço em questão acabe
saindo mais caro já que, pagando à vista, ele não existiria.
Outras desvantagens são o limite de consumo futuro e o risco de endividamento
excessivo. O primeiro ocorre em função da troca intertemporal explicada anteriormente.
2 Cliente que possui conta corrente.
7
Ao assumir uma dívida no presente, o dinheiro disponível para o futuro fica limitado pois
a dívida precisa ser quitada. Já o segundo se dá por conta do uso inadequado do crédito,
quando a pessoa assume uma ou mais dívidas que não será capaz de pagar. Por isso, é
muito importante saber o Custo Efetivo Total (CET) que considera tarifas, impostos e
outros encargos além dos juros. O CET é quanto o crédito de fato custa, facilitando
comparações entre as modalidades.
Estar endividado excessivamente é diferente de estar endividado. O endividamento
excessivo é o estado crítico no qual a pessoa possui dívidas as quais não consegue pagar.
Estar apenas endividado é todo cenário que a pessoa possui uma dívida, independente da
proporção dela e da capacidade de pagamento do endividado. Algumas possíveis origens
das dívidas são: despesas sazonais, marketing sedutor, orçamento deficitário, redução de
renda sem redução de despesas, despesas emergenciais, pouco conhecimento financeiro
e divórcio, onde os gastos antes eram divididos e agora não são mais.
O consumo está ligado a um dilema entre o que se deseja e o que os recursos financeiros
permitem. Segundo o BACEN (2013), há três tipos de gastos, os necessários, relacionados
às necessidades básicas das pessoas, os supérfluos, ligados aos desejos, e os desperdícios,
que não estão relacionados nem às necessidades nem aos desejos e não geram bem-estar.
O consumo planejado visa evitar desperdícios e gastos desnecessários e maximizar os
recursos disponíveis.
O planejamento da previdência tem um espaço importante na educação financeira pois
reflete claramente o “pensar no futuro” tão reforçado pela área. Diante da expectativa de
vida no mundo, que aumentou 5 anos entre 2000 e 2015 e chegou a 71,4 anos, sendo este
o maior crescimento desde a década de 60 (NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL – ONUBR,
2016), diante também do custo de vida que, na terceira idade, é maior principalmente com
remédios e planos de saúde, e do desejo comum de realizar vontades e sonhos na
aposentadoria, é necessário poupar desde cedo.
No Brasil, o Sistema Previdenciário Nacional (SPN) é dividido em previdência social e
previdência privada. De acordo com o BACEN (2013), a previdência social é composta
por planos obrigatórios tanto para servidores públicos quanto para um trabalhador de uma
empresa privada o qual é inscrito no Regime Geral da Previdência Social (RGPS),
administrado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), incluindo também
trabalhadores domésticos e autônomos.
8
A previdência privada é composta por planos complementares que, como o nome já diz,
servem de complemento para os obrigatórios já que estes nem sempre são suficientes para
garantir uma boa aposentadoria. As pessoas tem a escolha de adotar ou não tais planos,
que podem ser de previdência complementar fechada ou aberta. Na fechada, os planos
são oferecidos por empresas privadas ou associações, que patrocinam Entidades Fechadas
de Previdência Complementar (EFPCs), aos seus funcionários. Estas entidades são
fiscalizadas pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc).
No caso da previdência complementar aberta, os planos são instituídos pelas Entidades
Abertas de Previdência Complementar (EAPCs), constituídas sob a forma de Sociedade
Anônima, e são comercializados por bancos, corretores, seguradoras e outras instituições.
O órgão que fiscaliza as EAPCs é a Superintendência de Seguros Privados (Susep).
Um caminho diferente que pode ser seguido é o de fazer investimentos os quais não são
específicos para a previdência mas que são uma forma de poupar, fazer o dinheiro render
e se preparar para a aposentadoria.
Quanto aos seguros, eles servem para ressarcir as pessoas no caso de acidentes e eventos
indesejados, evitando que as mesmas tenham prejuízos ou indenizando-as. As
seguradoras minimizam o custo de reparação das perdas para cada pessoa por meio do
mutualismo, ao segurar várias pessoas contra riscos similares (SUSEP, 2018).
Outro tema da educação financeira muito importante de ser abordado é a poupança, não
como produto de investimento (caderneta de poupança), mas como a diferença entre as
receitas e as despesas, o que se guarda para o futuro. Os benefícios de poupar são os
mesmos de se planejar e realizar um orçamento pois todos esses conceitos estão
conectados.
Um destino para a poupança acumulada pode ser o investimento. Este é um serviço
financeiro que tem uma liquidez, um risco e uma rentabilidade. Esses três fatores são
determinantes na escolha do investimento a fazer. A rentabilidade é a causa para investir.
Procura-se, ao aplicar o dinheiro guardado, um investimento que gere os maiores
rendimentos possíveis. O risco é proporcional à rentabilidade, quanto maior o retorno,
maior a probabilidade de se ter prejuízos. Por isso, há pessoas que optam por
investimentos com rendimentos menores, pois estes são mais seguros. O terceiro fator é
a liquidez, que indica a facilidade, de acordo com tempo e preço, do investimento ser
transformado em dinheiro.
9
A rentabilidade é definida com base nos objetivos do investimento, o risco com base no
perfil de investidor da pessoa, e a liquidez com base no prazo de aplicação desejado.
O perfil de risco do investidor diz respeito ao grau de tolerância deste investidor em
relação aos riscos intrínsecos aos diferentes produtos financeiros disponíveis no mercado.
Geralmente, é realizada por instituições financeiras, que buscam propor para cada cliente
uma carteira de investimentos compatível com o nível de risco tolerado por cada um.
Visa adequar os investimentos da pessoa aos seus objetivos, situação financeira e
conhecimento sobre os diversos produtos e classes de ativos. Leva os fatores citados
acima, objetivo do investimento e necessidade de liquidez, em consideração, assim como
a própria tolerância a risco, renda e custos atuais e esperados para os próximos meses,
familiaridade com produtos financeiros, período esperado de trabalho até a aposentadoria,
entre outros.
Assim, os clientes respondem perguntas sobre os fatores mencionados anteriormente, e
são enquadrados, em geral, em um dos três perfis de investimento apresentados a seguir:
Conservador: investidor que possui baixa tolerância a riso, buscando, assim, a
preservação de seu capital. Além disso, geralmente possui alta necessidade de
liquidez no curto prazo. Desse modo, a recomendação preferível é de alocação em
ativos de renda fixa.
Moderado: neste perfil, a pessoa busca retornos acima dos obtidos em ativos mais
seguros, como os de renda fixa, sendo tolerante, de maneira moderada, a riscos.
Possui menor necessidade de liquidez no curto prazo, sendo recomendada uma
alocação mista, com aproximadamente 70% de seu patrimônio alocado em renda
fixa, enquanto o restante é alocado em multimercado.
Arrojado: também chamado de agressivo, o investidor arrojado busca alta
rentabilidade em sua alocação, sendo altamente tolerante a riscos. Além disso,
possui baixa ou nenhuma necessidade de liquidez no curto prazo. Assim, a carteira
recomendada é composta da seguinte forma: 50% dos ativos alocados em renda
fixa; 35% alocado em multimercado; e 15% destinado à renda variável.
Realizada a classificação do cliente, a instituição financeira propõe uma carteira de
investimento, e a decisão de seguir ou não a sugestão fica a critério do cliente.
10
A carteira de um investidor não precisa ter apenas um investimento, seu portfólio pode
ser diversificado, o que é até vantajoso já que divide o risco. Há diversos tipos de produtos
financeiros de investimentos, eles são divididos em Renda Fixa e Renda Variável. Cada
produto, assim como o mercado no qual está inserido, será apresentado no capítulo 3.
Os produtos classificados na categoria de renda fixa recebem essa denominação por terem
suas condições de rentabilidade acordadas e determinadas entre as partes no momento da
aplicação financeira.
Porém, apesar de possuírem certa previsibilidade, fator que representa o maior atrativo
dessa classe de ativos, não é possível garantir que os preços de mercado dos títulos de
renda fixa sejam constantes, já que a rentabilidade destes títulos pode oscilar de acordo
com a variação das taxas de juros do mercado. Assim, deve-se ressaltar que estes títulos
também possuem riscos. Os títulos de renda fixa podem ser divididos entre títulos
públicos e títulos privados.
Em comparação com os produtos de renda variável, pode-se afirmar que possuem menor
risco e, consequentemente, menor retorno.
Instrumentos classificados como renda variável são aqueles cujos rendimentos não são
conhecidos, ou não podem ser previamente calculados, pois são relacionados a eventos
futuros.
Além disso, são produtos que costumam apresentar maior oscilação em seus preços e
rendimentos, fazendo com que sejam mais recomendados para investidores com maior
tolerância a risco.
É válido ressaltar que a decisão de um investimento não é imutável, pode ser preciso
mudar as aplicações já que tal decisão depende dos contextos político e econômico atuais.
Para finalizar toda a abrangência da educação financeira, não se pode deixar de abordar
os direitos e deveres da sociedade. Com um mercado de serviços financeiros com tanta
variedade e complexidade, é essencial que todos conheçam e exerçam seus direitos e
deveres. Alguns deles são:
“os serviços financeiros estão sujeitos à aplicação do Código de Defesa do
Consumidor” (ESTRATÉGIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA –
ENEF, 2018);
11
“existe uma conta corrente com isenção de tarifas para serviços essenciais e que
permite até quatro saques por mês e consultas via internet de forma ilimitada”
(ENEF, 2018);
“ao contratar um produto ou serviço financeiro você é responsável pela veracidade
e atualização das informações que fornece e pelo bom uso do que contratou”
(ENEF, 2018).
É necessário que as pessoas se inteirem do assunto para garantir a melhor e mais correta
atuação nesse mercado, seja como consumidor ou como ofertante dos serviços e produtos
financeiros.
2.2. Situação no Brasil
O Brasil é um país que possui um programa nacional focado para a educação financeira
cujo nome é Estratégia Nacional para Educação Financeira (ENEF). Segundo a própria
ENEF (2018), o programa foi criado em 2010 por sete órgãos e entidades governamentais
e quatro organizações da sociedade civil, que juntos compõem o Comitê Nacional de
Educação Financeira (CONEF). Tem como escopo a função de estabelecer políticas sobre
educação e inclusão financeira e proteção ao consumidor (Organisation for Economic
Co-operation and Development – OECD, 2013) e fornecer assim como apoiar ações que
ajudem a população a tomar decisões financeiras mais conscientes e autônomas.
Suas atividades são voltadas para cada público: criança, jovem e adulto, e divididas em
programas transversais e programas setoriais. Os transversais incluem ações que abordam
diversos temas da educação financeira e não são de responsabilidade de nenhum órgão
ou entidade específicos, podem ser patrocinados por qualquer instituição. Os atuais
programas transversais da ENEF são:
Programa Educação Financeira nas Escolas
Programa Educação Financeira de Adultos
Semana Nacional de Educação Financeira
Quanto aos programas setoriais, incluem ações desenvolvidas pelos membros do CONEF
de acordo com as funções e objetivos de cada instituição.
Atualmente, o CONEF é responsável pela direção, supervisão e pelo fomento da ENEF e
está focado na estratégia. Há também o Grupo de Apoio Pedagógico (GAP) que assessora
o CONEF em relação aos aspectos pedagógicos da educação financeira e previdência. A
12
coordenação da ENEF fica a cargo da Associação de Educação Financeira do Brasil
(AEF-Brasil).
Segundo um estudo sobre educação, proteção e inclusão financeira da Série Cidadania
Financeira (BACEN, 2017), feito com dados de uma pesquisa aplicada em 2015, 56%
dos brasileiros não fazem orçamento familiar. Este dado mostra que a maior parte das
pessoas não tem o hábito de planejar. Isso impacta a capacidade de se preparar para
imprevistos refletida nos gráficos a seguir:
Gráfico 1: Se surgisse uma despesa
inesperada, você teria condições de
pagá-la sem pedir dinheiro emprestado?
Fonte: BACEN (2017).
Gráfico 2: Se você perdesse a sua
principal fonte de renda hoje, por
quanto tempo conseguiria cobrir o seu
custo de vida sem pegar um
empréstimo?
Fonte: BACEN (2017).
A grande maioria das pessoas (70%) não conseguiria pagar uma despesa inesperada sem
um empréstimo e 39% não seria capaz de manter seu custo de vida por mais de um mês
caso perdesse sua principal fonte de renda.
Em relação a dívidas, 73% possui alguma parcela da sua renda comprometida com dívidas
mensais, sendo esta parcela superior a 50% para 18% da população (gráfico 3).
30%
70%
Sim
Não
15,5%
23,5%
33,6%
13,1%
14,3%
Menos de 1
semana
De 1 semana
a 1 mês
De 1 a 3
meses
De 4 a 6
meses
Mais de 6
meses
13
Gráfico 3: Comprometimento da renda com dívidas mensais
Fonte: BACEN (2017).
No último ano, metade dos brasileiros sentiu que suas despesas superaram as receitas
alguma vez e precisou tomar alguma atitude para pagar todas as contas. Somando todos
os tipos de crédito que apareceram nas respostas, esta alternativa torna-se a mais relevante
entre as atitudes dos brasileiros com 38% (gráfico 4).
13%
14%
12%
9%7%
18%
27%
Até 10%
De 11% a 20%
De 21% a 30%
De 31% a 40%
De 41% a 50%
Mais de 50%
Minha renda não está comprometidacom esse tipo de dívida
14
Gráfico 4: O que você fez para pagar as contas, cobrir todas as despesas?
Fonte: BACEN (2017).
O cartão de crédito é o produto financeiro mais utilizado pelo Brasil e, apesar da conta
poupança aparecer em terceiro lugar neste ranking (gráfico 5), constatou-se que grande
parcela das pessoas que possuem essa conta a utilizam como conta corrente e não como
reserva financeira.
0%
0%
1%
2%
2%
2%
3%
3%
3%
5%
7%
12%
18%
19%
21%
35%
Pegou dinheiro de um agiota
Resgatou dinheiro de algum investimento ou…
Usei recursos fora dos limites autorizados no…
Vendeu/ penhorou algum bem que tinha
Pegou empréstimo com empregador/ pegou…
Outros
Tomou um empréstimo mais barato que a sua…
Usou o cheque especial
Usou cartão de crédito para fazer saque ou…
Pagou o mínimo da fatura do cartão
Fez um empréstimo pessoal em um banco ou…
Tirou dinheiro da poupança
Pediu dinheiro emprestado a amigos ou parentes
Atrasei ou deixei de pagar algumas contas
Tentou ganhar mais dinheiro (ex.: fazendo…
Cortou despesas
15
Gráfico 5: Uso de produtos financeiros
Fonte: BACEN (2017).
Além disso, para escolher seus produtos financeiros, grande parte da população brasileira
não pesquisa outras opções para fazer comparações e decidir pelo produto mais adequado
para si (gráfico 6). As pessoas também não tem o hábito de buscar especialistas para
ajudarem em suas escolhas, apenas 2,5% procura recomendação de um consultor
financeiro. O alto custo deste serviço pode ser um dos motivos.
Gráfico 6: Formas de escolha do produto financeiro utilizado
Fonte: BACEN (2017).
Quando se trata do conhecimento em conceitos de finanças básicas, os brasileiros tem
dificuldade naqueles que usam matemática financeira e até o entendimento sobre inflação,
apesar do histórico do Brasil, é baixo (gráfico 7).
1,9
2,3
4,3
5,5
6,2
6,7
20,3
23,4
45,0
Previdência Privada
Financiamento de casa
Crédito consignado
Financiamento de carro
Empréstimo pessoal
Cheque especial
Conta Poupança
Carnês de lojas
Cartão de crédito
31%
16%
38%
15%
Analisei informações de
diferentes empresas antes de
tomar uma decisão
Analisei várias opções de uma
única empresa
Não analisei nenhuma outra opção
Pesquisei, mas não havia outras
opções
16
Gráfico 7: Grau de acerto - variáveis de conhecimento
Fonte: BACEN (2017).
O baixo conhecimento sobre finanças se confirma quando, na autoavaliação, 72% dos
brasileiros julgam-se conhecedores medianos, fracos ou muito fracos no assunto (gráfico
8).
Gráfico 8: Autoavaliação do nível de conhecimento sobre finanças
Fonte: BACEN (2017).
Quanto à preparação para a aposentadoria, quase 50% se prepara apenas com os planos
obrigatórios da previdência social enquanto quase 25% não contribui para a sua
18%
27%
30%
50%
58%
65%
77%
78%
84%
89%
90%
92%
92%
Juros compostos - duplo acerto
Taxa de inflação brasileira
Juros compostos
Cálculo de juros e principal
Definição de inflação
Valor do dinheiro no tempo
Diversificação
Juros pagos em empréstimo
Risco Retorno
Divisão
Realização de orçamento
Juros no cartão
Direito do consumidor
2%
9%
25%
38%
23%
3%
Não sabe/NR
Muito fraco
Fraco
Mediano
Bom
Muito bom
17
aposentadoria, dizendo depender da família, e apenas 14,5% busca complementar a
previdência (gráfico 9).
Gráfico 9: Planejamento para a aposentadoria3
Fonte: BACEN (2017).
O brasileiro não planeja e esta dificuldade pode se dar devido a três motivos: a busca pelo
prazer imediato, pouca formação financeira e a memória inflacionária. A hiperinflação
que durou até 1994 influencia o consumo do brasileiro até hoje. Na época, o melhor era
gastar imediatamente já que os preços aumentavam de forma muito rápida (BACEN,
2013). Hoje em dia, apesar do cenário ser outro, as pessoas continuam com dificuldades
para planejar.
Diante de todos os dados apresentados, fica claro que o nível de maturidade do Brasil na
educação financeira é muito baixo. As pessoas não se interessam nem buscam melhorar
seu entendimento na área e o tema ainda é bem ausente. Não há grande preocupação da
sociedade, não há investimento das empresas na área pois não enxergam a importância
de seus funcionários serem educados financeiramente, não há matérias nas escolas que
abordem esses conteúdos, além da educação financeira não ser um assunto muito
discutido entre familiares e amigos.
3 A soma das respostas não é igual a 100% devido à exclusão dos entrevistados que se recusaram ou não
souberam responder.
0,3%
0,5%
0,9%
1,4%
2,5%
3,9%
5,0%
9,7%
15,2%
48,9%
Invisto em imóveis e em outros valores
Investimentos financeiros para venda futura
Investimentos financeiros para renda futura
Invisto em bens para gerar renda futura
Fundo de pensão da empresa onde trabalho
Sim, possuo um plano de previdência privada
Outras formas
Depende de seus filhos /outros membros
Depende do seu cônjuge/ companheiro
Sim, apenas contribuindo com o INSS
18
Além disso, pode-se concluir que, apesar do país ter em curso uma estratégia nacional de
educação financeira, essa estratégia não parece ser efetiva em seu objetivo, visto que, de
acordo com os dados expostos anteriormente, o Brasil possui um baixo nível de
maturidade no tema.
2.3. Comparação com Outros Países
Assim como o Brasil, outros países possuem programas voltados para a difusão da
educação financeira entre seus cidadãos.
Criada em 2008, a Rede Internacional de Educação Financeira (International Network of
Financial Education – INFE) da OECD busca promover e facilitar a cooperação
internacional entre governos e outros agentes interessados em solucionar problemas
relacionados à educação financeira de maneira global. Possui mais de 240
instituições associadas, incluindo bancos centrais e ministérios da fazenda e da educação,
de mais de 100 países (INFE, 2018).
No relatório sobre o estado das estratégias nacionais para educação financeira (GRIFONI;
MESSY, 2012), são identificados os países que possuem uma estratégia desenvolvida e
implementada e os que já consideram ou desenvolveram uma estratégia para educação
financeira, porém que ainda não foi colocada em prática.
O Brasil figura entre o primeiro grupo, através da ENEF. Outros países que já executam
suas estratégias são: Austrália, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Gana, Holanda,
Índia, Irlanda, Japão, Malásia, Nova Zelândia, Portugal, Reino Unido e República
Tcheca.
A partir de dados obtidos por Demirgüç-Kunt et al. (2018), os gráficos 10, 11 e 12
apresentam comparações entre o Brasil e países integrantes do BRICS4 e do Mercado
Comum do Sul (MERCOSUL), além dos países que também possuem uma estratégia
nacional de educação financeira em prática, em relação aos seguintes aspectos: parcela
da população que poupa pensando na aposentadoria; percentual da população que poupa
através de instituições financeiras; e parcela da população que poupou qualquer valor nos
últimos 12 meses.
4 BRICS é um acrônimo utilizado para representar os seguintes países: Brasil, Rússia, Índia, China e África
do Sul. Juntos, formam um grupo que atua nas esferas política e econômico-financeira de cada país membro,
cooperativamente.
19
Foram analisados 180 países, ranqueados em relação uns aos outros e também em relação
à média mundial de cada aspecto analisado.
Gráfico 10: Parcela da população que poupa pensando na aposentadoria.
Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do World Bank (2018).
Gráfico 11: Parcela da população que poupa através de instituições financeiras
Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do World Bank (2018).
60%57%
54%51%
43%43%42%41%41%40%
32%
26%
22%21%
15%14%12%11%11%10%
8% 7%
69%64%64%62%62%
59%
51%48%45%
38%35%
32%31%27%
22%20%
16%14%14%12%7% 6%
20
Gráfico 12: Parcela da população que poupou qualquer montante nos últimos 12 meses
Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do World Bank (2018).
Percebe-se, a partir dos gráficos apresentados, que o Brasil figura sempre abaixo da média
mundial das variáveis observadas. Além disso, o país aparece sempre em posições
inferiores às dos outros integrantes do grupo que já possuem uma estratégia nacional de
educação financeira em prática.
Em relação aos países que compõem o BRICS e o MERCOSUL, o Brasil possui índices
inferiores a todos os integrantes do primeiro grupo em relação à poupança nos últimos 12
meses, ficando à frente, em relação aos membros fundadores do MERCOSUL, apenas da
Argentina e do Paraguai. Esse índice demonstra o baixo nível de poupança da população
brasileira, que ocupa a 134ª posição entre 181 países.
Pode-se concluir também que apenas uma pequena parcela da população poupa dinheiro
visando à aposentadoria. Nessa análise, o país brasileiro aparece à frente apenas da África
do Sul, em relação ao BRICS, e de Argentina e Paraguai, ao comparar com os membros
do MERCOSUL.
86%
79%79%79%78%74%
72%68%67%67%
63%59%
55%51%50%48%
37%36%34%32%
30%27%
21
Desse modo, chega-se à constatação de que, apesar de possuir a ENEF, o Brasil ainda
possui indicadores de que sua população não possui conhecimento suficiente sobre o
tema, indicando que novas ações devem ser tomadas para reverter o quadro atual.
22
3. Panorama do Sistema Financeiro Nacional
Todos os produtos financeiros de investimento estão inseridos no Sistema Financeiro
Nacional (SFN), que permite, dentro das melhores condições possíveis, a realização dos
fluxos de fundos entre tomadores e poupadores de recursos na economia (NETO, 2012).
Por meio do SFN, torna-se possível a relação entre os agentes deficitários de recurso, ou
seja, aqueles que possuem recursos em montante inferior ao montante utilizado em
consumo e investimentos, e os agentes superavitários, que são aqueles com reservas
monetárias em excesso. Sendo assim, o SFN promove a alocação de recursos através da
intermediação financeira5, promovendo maior dinamismo e níveis de produção e de
consumo na economia.
3.1. Estrutura do SFN
De acordo com Neto (2012), o SFN foi estruturado e regulado pela Lei de Reforma
Bancária6 (1964), Lei do Mercado de Capitais7 (1965) e, mais recentemente, pela a
Resolução dos Bancos Múltiplos8 (1988). É constituído por todas as instituições
financeiras, públicas ou privadas, existentes no país.
Instituições financeiras são caracterizadas da seguinte maneira:
Consideram-se Instituições Financeiras, para os efeitos da legislação
em vigor, as pessoas jurídicas públicas e privadas, que tenham como
atividade principal ou acessória a coleta, a intermediação ou a aplicação
de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou
estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros (Lei nº
4.595, 1964, artigo 17).
Assim, as instituições financeiras são divididas entre as bancárias e as não bancárias. As
instituições financeiras bancárias são aquelas autorizadas a criar moeda, através do efeito
5 A intermediação financeira tem por finalidade levantar recursos no mercado financeiro visando sua
transferência para diversos agentes do mercado. Os intermediários financeiros (bancos, companhias de
seguro etc.) contribuem para a realocação de recursos na economia, canalizando fundos de agentes
superavitários, classificados como “poupadores”, para aqueles com carência de caixa (NETO, 2012). 6 Lei nº 4.595/64, que reconfigurou o SFN ao criar os agentes normativos e determinar a área de
competência de cada um (ANDREZO, LIMA, 2009). 7 Lei nº 4.728/65, criada para disciplinar o mercado de capitais e estabelecer medidas para o seu
crescimento. 8 Resolução nº 1.524, de 21/09/1988, que permitiu a criação dos bancos múltiplos e definiu que estes
devem possuir, no mínimo, duas carteiras, sendo uma delas obrigatoriamente comercial ou de
investimento.
23
multiplicador de crédito9 a partir do recebimento de depósitos a vista. Os bancos
comerciais e múltiplos são os representantes, em maior parte, dessas instituições.
As instituições financeiras não bancárias, por outro lado, são impossibilitadas de produzir
moeda, pois não são legalmente autorizadas a receber depósitos a vista. Sendo assim, elas
trabalham com ativos não monetários, como letras de câmbio, certificados de depósitos
bancários, ações etc., e fazem parte desta classe todas as instituições financeiras existentes
no mercado financeiro, com exceção dos bancos comerciais e múltiplos, como bancos de
investimento, sociedades corretoras, sociedades financeiras etc.
Outra divisão possível, proposta por Freire Jr (2015), é entre dois grandes grupos: os
intermediários financeiros e as instituições auxiliares.
Os intermediários financeiros são aqueles que emitem seus próprios passivos, captando
poupança diretamente do público por sua própria iniciativa e responsabilidade para,
posteriormente, aplicar esses recursos junto às empresas, através de empréstimos e
financiamentos. Fazem parte deste grupo os bancos comerciais, de investimento, de
desenvolvimento, as caixas econômicas, as sociedades de crédito imobiliário (SCI) e as
associações de poupança e empréstimo (APE), entre outras.
As instituições auxiliares, por outro lado, são responsáveis por promover o encontro entre
poupadores e investidores, facilitando a relação entre os dois agentes. Algumas
instituições que integram este grupo são as bolsas de valores, cujo objetivo é, em última
instância, proporcionar liquidez aos títulos emitidos por empresas, através da estruturação
e institucionalização do mercado secundário para esses haveres.
A estrutura do SFN pode ser dividida em dois grandes braços: o subsistema normativo e
o de intermediação financeira, conforme ilustrado na figura 1.
9 O efeito multiplicador de crédito ocorre devido ao fato dos bancos realizarem operações de empréstimo
usando os valores depositados em conta corrente por seus clientes, ampliando, assim, a base monetária.
24
Figura 1: Estrutura do Sistema Financeiro Nacional
Fonte: Neto (2012).
O papel de cada agente integrante dessa estrutura, assim como os tipos de instituição
compreendidos por cada um é apresentado no apêndice A.
3.2. Os Quatro Segmentos do Mercado Financeiro
De acordo com Neto (2012), o mercado financeiro é comumente dividido em quatro
subgrupos ou mercados: cambial, de capitais, de crédito e monetário.
25
Tabela 1: Caracterização dos Mercados Financeiros
Caracterização dos Mercados Financeiros
Mercados Atuação Prazos
Cambial Conversão de moedas A vista e curto prazo
Capitais Investimentos, financiamentos
e outras operações Médio e longo prazos
Crédito Crédito para consumo e
capital de giro de empresas Curto e médio prazos
Monetário Controle da liquidez da
economia
Curtíssimo e curto
prazos
Fonte: Elaboração própria.
Apesar de serem diferentes, possuem algumas similaridades, e a taxa de juros, referência
comum para as diversas negociações financeiras, é considerada a moeda de troca desses
mercados.
A seguir, cada mercado mencionado acima será definido em maiores detalhes.
3.2.1. Mercado Cambial
O mercado cambial é o segmento financeiro no qual ocorrem operações de compra e
venda de moedas internacionais conversíveis, ou seja, no qual se verificam conversões de
moeda nacional em estrangeiras e vice-versa. Desse modo, engloba todos os agentes que
possuem interesse em realizar transações com o exterior, como operadores de comércio
internacional, instituições financeiras, investidores e bancos centrais, com necessidades
de realizar exportações e importações, pagamento de dividendos, juros e principal de
dívidas, royalties e recebimentos de capitais e outros valores.
Esse mercado é regulamentado e fiscalizado pelo BACEN, que visa principalmente ao
controle das reservas cambiais da economia e à preservação do valor da moeda nacional
em comparação com as moedas estrangeiras.
Diversos fatores influenciam na taxa de câmbio: o nível de reservas monetárias que o país
deseja manter; a liquidez da economia; a taxa de inflação doméstica e a de outros países;
e a política interna de juros, entre outros.
26
3.2.2. Mercado de Capitais
Um dos mais importantes mercados para o desenvolvimento econômico e dentro do
mercado financeiro, o mercado de capitais é responsável por conectar os agentes
poupadores, também chamados de investidores, aos agentes carentes de recursos de longo
prazo, ou seja, deficitários em investimento.
Assim, esse mercado objetiva promover o financiamento, por meio de diversos produtos
de médio e de longo prazo, para capital de giro e capital fixo, suprindo as necessidades
de investimento dos agentes econômicos. É constituído pelas instituições financeiras não
bancárias, instituições que compõem o SPBE e diversas instituições auxiliares.
Também são oferecidos nesse mercado financiamentos com prazos indeterminados, como
as operações que envolvem emissão e subscrição de ações.
Os principais papéis negociados no mercado de capitais são: ações; opções sobre ações;
depositary receipts; brazilian depositary receipts; debêntures; letras de câmbio;
certificados e recibos de depósito bancário; caderneta de poupança; letras hipotecárias;
letras imobiliárias; warrants; título conversível; e letras financeiras. Devido à
importância da definição destes papeis para o presente trabalho, eles possuem um tópico
exclusivo, e serão então definidos.
3.2.3. Mercado de Crédito
O mercado de crédito objetiva atender às necessidades de caixa de curto e médio prazo
dos diferentes agentes econômicos, através da concessão de crédito para pessoas físicas
ou de empréstimos e financiamentos para empresas. Os agentes que realizam essas
operações são tipicamente instituições financeiras bancárias, englobando os bancos
comerciais e os múltiplos.
No processo de intermediação financeira, característico do mercado de crédito, a
instituição financeira capta os recursos do agente poupador, assumindo a obrigação de
devolver ao agente o principal acrescido de juros. Realizada a captação dos recursos, o
banco fornecerá empréstimos e financiamentos a agentes deficitários, com o objetivo de
receber no futuro o principal acrescido de juros.
27
Figura 2: Intermediação Financeira
Fonte: Neto (2012).
Como as taxas cobradas pelas instituições financeiras nas operações ativas são, em sua
maioria, maiores que as taxas pagas pelas mesmas nas operações passivas, os bancos
recebem essa diferença entre as taxas, conhecida como spread bancário.
Os créditos concedidos pelos bancos podem ser disponibilizados por meio de recursos
livres ou recursos direcionados. O crédito direcionado, conforme definição do BACEN,
é destinado a determinados setores ou atividades, realizados com recursos regulados em
lei ou normativo. Esses recursos devem atender condições de taxas, volumes e prazo
preestabelecidas pelo BACEN, e são voltados, em maior parte, aos setores rural, de
infraestrutura e habitacional.
Os créditos com recursos livres, por outro lado, são concedidos com taxas de juros
estabelecidas livremente entre os agentes envolvidos na operação. Esse tipo de crédito
corresponde à maior parte das operações ativas dos bancos.
3.2.4. Mercado Monetário
O mercado monetário tem como sua principal função controlar a liquidez monetária da
economia, através de operações de compra e venda de títulos públicos. A taxa de juros é
o parâmetro usado como referência para os papeis negociados neste mercado, que são
caracterizados por prazos de resgate reduzidos e por uma alta liquidez.
Os papeis negociados nesse mercado são os títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, que
possuem a finalidade de financiar a dívida pública, títulos públicos emitidos por
municípios e estados, certificados de depósito interfinanceiros10 (CDI), exclusivamente
10 Os Certificados de Depósito Interfinanceiros (CDIs) são títulos emitidos por instituições financeiras com
circulação restrita no mercado interfinanceiro. Normalmente, o prazo das operações no mercado
interfinanceiro é de um dia, refletindo o custo da troca de reservas dos bancos por um dia (NETO, 2012).
28
entre instituições financeiras, além dos certificados de depósito bancário (CDB) e
debêntures.
As negociações realizadas no mercado monetário são controladas e custodiadas por dois
sistemas especiais: o Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic); e a Central de
Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados (Cetip).
O Selic foi criado em 1979, pelo Bacen em conjunto com a Associação Nacional das
Instituições do Mercado Aberto (Andima), visando operar títulos públicos emitidos pelo
BACEN e pelo Tesouro Nacional. O objetivo do Selic é controlar e liquidar
financeiramente as operações de compra e venda de títulos públicos e manter a custódia
física e escritural, proporcionando maior segurança para as operações de compra e venda
de títulos.
A taxa Selic é a taxa apurada diariamente após o encerramento das operações. Ela é
calculada através da média ponderada das taxas de todas as operações diárias de
financiamento ocorridas no mercado monetário, lastreadas em títulos públicos Federais.
A Cetip, foi criada em 1986. Possui função semelhante à função do Selic, porém voltado
para títulos privados ou títulos públicos em poder do setor privado. Os mercados
atendidos por ela são regulados pelo BACEN e pela CVM.
3.3. Produtos Financeiros de Investimento
3.3.1. Renda Fixa
3.3.1.1. Caderneta de Poupança
A caderneta de poupança, aplicação mais popular do Brasil, foi criada em 1861 para
proteger o dinheiro da inflação e garantir o poder de compra (TORRES, 2017).
É um investimento isento de Imposto de Renda para pessoas físicas, de baixíssimo risco,
de liquidez imediata, sendo possível efetuar saques diariamente, além de permitir a
aplicação de valores muito baixos.
O valor aplicado é acrescido de juros mensalmente, e sua rentabilidade é associada à taxa
Selic. Nos casos em que a taxa Selic for superior a 8,5% ao ano, a rentabilidade da
poupança é dada pela Taxa Referencial11 (TR). Caso a taxa Selic seja inferior a 8,5% ao
ano, a rentabilidade da caderneta de poupança será a soma da TR com 70% da meta da
11 Taxa calculada e divulgada diariamente pelo Banco Central.
29
taxa Selic ao ano, mensalizada, vigente na data de início do período de rendimento
(BANCO CENTRAL).
Assim, no caso de uma queda da taxa Selic, o rendimento da poupança também
apresentará uma queda. Caso não ocorra também uma queda na inflação, a rentabilidade
da poupança pode, inclusive, atingir um valor inferior ao da inflação, não representando
ganho real12 para o investidor.
Gráfico 13: Rentabilidade da poupança descontada a inflação IPCA de janeiro a agosto.
Fonte: Economatica (2017).
O dia no qual foi realizada a aplicação na poupança é considerado como sendo a data de
aniversário da mesma, e os rendimentos da aplicação serão calculados mensalmente, e
creditados na conta do aplicador, sempre nesta data. Caso o investidor saque algum valor
durante o mês, a rentabilidade será calculada apenas sobre o montante que permaneceu
aplicado na caderneta. A remuneração é calculada sobre o menor saldo mantido no
período (NETO, 2012).
O maior risco é o de insolvência do banco emissor. No entanto, para reduzir esse risco, o
investidor possui uma garantia até determinado montante investido, oferecida pelo Fundo
Garantidor de Crédito (FGC), como será visto posteriormente.
3.3.1.2. Títulos Públicos de Renda Fixa
12 Ganho real corresponde à rentabilidade obtida excluindo-se a contribuição da inflação.
11,4%
2,2%
5,4%
8,1%
3,6%
1,0%0,5%
1,0%0,6%
0,1%
2,4%
3,8%
2,5%
0,4%
1,9%1,3%
0,6%1,2%
0,6%0,6%
-1,7%
0,1%
3,2%
30
Os títulos públicos são papeis disponibilizados no mercado como opções de investimento
e têm como finalidade a captação de recursos para os governos federal, estadual e
municipal, com o objetivo de suprir as necessidades de recursos de custeio e investimento
destas três esferas governamentais. Enquanto os títulos federais possuem maior liquidez
e aceitação no mercado, os títulos emitidos pelos governos estadual e municipal possuem
baixa liquidez, tendo menor circulação no mercado.
As vendas desses títulos podem ser realizadas de três formas diferentes: oferta pública
com realização de leilões; oferta pública sem realização de leilões, com venda direta pelo
Tesouro; ou emissões destinadas a atender a necessidades específicas previstas em lei
(NETO, 2012).
Os cidadãos brasileiros detentores do Cadastro de Pessoa Física (CPF) podem investir
diretamente e sem custos de intermediação em títulos públicos através do programa
Tesouro Direto. Esse programa foi criado em 2002, a partir de uma parceria entre o
Tesouro Nacional e a antiga BM&FBovespa, e aumentou o acesso de pessoas físicas aos
títulos públicos, pois passou a permitir aplicações com apenas R$30,00.
Esses títulos são considerados de baixíssimo risco, assumindo apenas o risco conjuntural.
Podem ter a rentabilidade prefixada, pós-fixada ou atrelada a algum índice de preços da
economia. Caso o comprador mantenha o título até a data de vencimento, ele auferirá
retorno exatamente igual à rentabilidade definida no momento da aplicação. Por outro
lado, se o título for negociado antes da maturidade, o detentor estará sujeito aos preços de
mercado vigentes no momento da venda, podendo resultar em uma rentabilidade diferente
da taxa definida na compra do título.
A seguir, serão apresentados os principais títulos ofertados da dívida pública brasileira
pelo Tesouro Direto, com suas respectivas características.
3.3.1.2.1. Letras do Tesouro Nacional – LTN
Correspondem a títulos prefixados com pagamento único, ao final do período de
aplicação, ou seja, não possuem cupom13. O valor a ser recebido corresponde ao valor
investido acrescido da rentabilidade auferida durante o período de investimento. Desse
modo, é mais indicado para pessoas que não precisem receber os rendimentos durante o
período considerado. Caso o comprador deseje vender seu título antes do prazo de
13 O cupom representa um pagamento intermediário de juros.
31
vencimento, o Tesouro Nacional pagará o valor de mercado, podendo alterar a
rentabilidade do título em relação à original, para mais ou para menos.
3.3.1.2.2. Letras Financeiras do Tesouro – LFT
LFTs são títulos pós-fixados, com rendimentos calculados a partir da média da taxa Selic.
Seu valor de mercado possui baixa volatilidade, reduzindo a chance de perdas no caso de
venda antes do vencimento. Por isso, é bastante indicado para investidores que não sabem
ao certo se terão necessidade de resgatar o investimento antes da maturidade. Assim como
a LTN, o pagamento ocorre de maneira única, ao final do período de investimento, e a
compra antes do vencimento será realizada pelo Tesouro Nacional, pelo preço de
mercado.
3.3.1.2.3. Notas do Tesouro Nacional – NTN
São divididas em três tipos:
NTN-F: são títulos prefixados, que possuem pagamento de cupons semestrais, ou
seja, a rentabilidade contratada é antecipada através de pagamento de juros a cada
seis meses. Em cada um desses pagamentos, há incidência de imposto de renda
(IR), de acordo com uma tabela regressiva (TESOURO NACIONAL). Por esse
motivo, caso o investidor deseje reinvestir os juros recebidos semestralmente, é
mais vantajoso investir em um título sem pagamento de cupom, pois assim o IR
incide sobre um montante que não sofreu reduções ao longo do período de
investimento. No caso da venda antecipada, o Tesouro comprará o título pelo
preço de mercado.
NTN-B: são títulos pós-fixados, pois seu rendimento é composto de uma taxa de
juros prefixada e do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Assim como
na NTN-F, possui o pagamento de juros semestrais, sobre os quais ocorre a
incidência do IR de acordo com a tabela regressiva. Se mantido até a data de
vencimento, o título será resgatado pelo valor investido atualizado pela inflação
somado ao último pagamento de juros semestrais. Entretanto, caso seja vendido
antecipadamente, será comprado pelo Tesouro Nacional pelo preço de mercado.
NTN-B Principal: sua rentabilidade possui as mesmas características do
rendimento da NTN-B. Entretanto, seu pagamento ocorre de maneira única, ao
32
final do período de investimento, sendo mais recomendado para os investidores
que não tenham a intenção de complementar sua renda atual com os rendimentos
deste título. No caso de venda antecipada, será comprado pelo Tesouro Nacional
pelo seu valor de mercado.
É válido ressaltar que, em 2015, o Tesouro Nacional, objetivando facilitar a compreensão
de cada título pelos investidores, realizou uma mudança na nomenclatura dos títulos. A
correspondência entre o nome antigo e o atual de cada título é apresentada na tabela a
seguir.
Tabela 2: Correspondência da nova nomenclatura dos títulos públicos de renda fixa
Títulos Prefixados
LTN Tesouro Prefixado
NTN-F Tesouro Prefixado com Juros Semestrais
Títulos Pós-Fixados
LFT Tesouro Selic
NTN-B Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais
NTN-B Principal Tesouro IPCA+
Fonte: Elaboração própria.
3.3.1.3. Títulos Privados de Renda Fixa
Os títulos privados de renda fixa visam, assim como os públicos, à captação de recursos.
Neste caso, entretanto, esses títulos são emitidos por bancos, instituições financeiras ou
empresas privadas, em busca de financiar seus investimentos ou operações, por exemplo.
Assim, o investidor detentor de um título privado será credor da instituição emissora,
recebendo o pagamento de juros durante o período de investimento acordado entre as
partes.
A seguir, serão definidos os principais títulos privados de renda fixa disponíveis no
mercado, conforme Neto (2012).
3.3.1.3.1. Certificados de Depósito Bancário (CDB)
O Certificado de Depósito Bancário (CDB) é uma obrigação de pagamento futura de um
capital aplicado em depósito a prazo fixo em bancos comerciais, múltiplos e de
investimento e desenvolvimento. Funciona como um empréstimo fornecido ao banco,
pelo investidor, para que a instituição financeira obtenha recursos e possibilite a oferta de
33
crédito aos seus clientes. Os prazos e a liquidez de cada papel variarão de acordo com
cada instituição ofertante, e eles podem ser negociados antes da maturidade.
Dois tipos diferentes de CDBs são disponibilizados ao mercado: os prefixados, em que o
investidor sabe quanto será pago pelo título em seu vencimento; e os pós-fixados, caso
em que a rentabilidade dos papeis está relacionada a algum índice de preços, sendo o CDI
o índice mais usado neste caso.
Os CDBs possuem a garantia do FGC, até determinado montante investido.
3.3.1.3.2. Letras de Crédito
As letras de crédito são papeis privados de renda fixa isentos de IR para pessoas físicas,
e com resgate geralmente a partir de 90 dias, dependendo dos termos da emissão. Podem
ter suas rentabilidades prefixadas ou pós-fixadas, variando de acordo com cada emissão.
Foram criados pelo Governo Federal objetivando ampliar os recursos disponíveis aos
financiamentos e empréstimos.
Assim como na caderneta de poupança e nos CDBs, os investidores de letras de crédito
possuem garantia do FGC até determinado montante investido.
Existem dois tipos de letras de crédito disponíveis no mercado:
Letra de Crédito Imobiliário (LCI): segundo a Lei nº 10.931 (2004), instituições
autorizadas pelo BACEN podem emitir Letra de Crédito Imobiliário (LCI),
lastreada por créditos imobiliários garantidos por hipoteca ou por alienação
fiduciária de coisa imóvel, concedendo aos seus tomadores o direito de crédito
pelo valor nominal, juros e, se for o caso, atualização monetária estipulados.
Letra de Crédito do Agronegócio (LCA): de acordo com a Lei nº 11.076 (2004),
as LCAs são títulos emitidos exclusivamente por instituições financeiras. Ligados
a direitos creditórios originados em negócios realizados entre produtores rurais,
ou suas cooperativas, e terceiros, inclusive financiamentos ou empréstimos,
relacionados com a produção, comercialização, o beneficiamento ou a
industrialização de seus produtos ou insumos agropecuários ou de máquinas e
implementos utilizados na atividade agropecuária.
3.3.1.3.3. Letras de Câmbio
34
As letras de câmbio envolvem a participação de três agentes: o emitente ou devedor; o
beneficiário ou investidor; e o aceitante ou financeira.
Esses títulos são emitidos pelos financiados do contrato de crédito, e são aceitos pelas
instituições financeiras participantes da operação. Após o aceite, são oferecidas aos
investidores no mercado, que serão os detentores da letra.
Assim como os títulos privados de renda fixa apresentados até o momento, as letras de
câmbio também possuem a proteção do FGC.
3.3.1.3.4. Letra Financeira
Letras financeiras são títulos de longo prazo emitidos por instituições financeiras com o
objetivo de alongar o perfil de captação dos bancos, oferecendo maior possibilidade de
ampliação do crédito na economia.
São papeis emitidos por bancos comerciais, bancos múltiplos, bancos de investimento,
financeiras, caixas econômicas e sociedades imobiliárias. Possuem prazo mínimo de
emissão de dois anos, e não é possível realizar o resgate antes do prazo de vencimento
estipulado na operação. Além disso, demanda um investimento inicial mínimo alto, no
valor de R$150.000,00.
Esses títulos podem ser prefixados ou pós-fixados, e podem ou não realizar pagamentos
de juros semestrais. Diferente dos outros títulos apresentados nessa seção, as letras
financeiras não possuem a proteção do FGC.
3.3.1.3.5. Debêntures
Debêntures podem ser definidas como sendo títulos de longo prazo emitidos por
companhias de capital aberto e destinados, geralmente, ao financiamento de projetos de
investimentos, para capital de giro ou capital fixo, ou para alongamento do perfil de
endividamento da empresa. As operações que envolvem esses títulos são normatizadas
pela CVM e registradas tanto na CVM quanto no Sistema Nacional de Debêntures
(Cetip/SND), e são negociadas na bolsa de valores e no mercado de balcão.
As debêntures possuem definidas, em seus contratos, garantias oferecidas aos
compradores do papel para o caso em que a empresa emissora não cumpra com suas
obrigações perante os debenturistas. Essas garantias variam de acordo com cada emissão,
e podem ser: a) reais, em que todos os ativos da empresa emissora são oferecidos como
35
garantia aos detentores da debênture; b) flutuantes, quando os debenturistas possuem
prioridade em relação aos bens da empresa emissora, porém esta não é impedida de
negociar seus bens; c) quirografárias, nas quais os investidores das debêntures não
possuem preferência em relação aos bens da empresa, concorrendo em iguais condições
com os demais credores que não possuem qualquer preferência; d) ou subordinadas, caso
em que os debenturistas têm privilégios para reembolso do montante investido apenas em
relação aos acionistas.
Em relação à remuneração, as debêntures podem ter uma taxa de juros prefixada, flutuante
ou real acrescida de um índice de preços da economia. Além disso, algumas emissões
oferecem ao investidor participação nos lucros da empresa.
Além das remunerações citadas acima, há ainda algumas debêntures que possuem
cláusula de conversibilidade, gerando uma debênture conversível em ações. Ou seja, ao
final do período de investimento estipulado, o investidor pode escolher se deseja resgatar
sua debênture em dinheiro ou no equivalente ao valor em ações preferenciais da empresa.
Há também as debêntures permutáveis, as quais podem ser resgatas em ações de outra
empresa que não a emissora dos papeis, porém geralmente do mesmo conglomerado.
Em relação aos pagamentos de juros das debêntures, estes podem ser feitos
periodicamente ou de maneira única, ao final do período de maturidade dos títulos.
A emissão de debêntures pode ser privada ou pública. O primeiro caso ocorre quando já
existem investidores para os títulos, geralmente institucionais. Já no último caso, as
debêntures são ofertadas ao público em geral, através do mercado primário14.
Além da companhia emissora e do investidor, as operações com debêntures envolvem
ainda a participação do agente fiduciário. Esse agente é responsável por defender os
direitos dos debenturistas frente à empresa emitente, zelando pelo cumprimento da
escritura da emissão e gerando relatórios de desempenho da empresa investida, entre
outras atividades.
3.3.1.4. Fundo Garantidor de Crédito (FGC)
Criado em 1995, o Fundo Garantidor de Crédito, comumente conhecido como FGC, é
uma associação civil de direito privado, sem fins lucrativos, que possui o objetivo de
14 Mercado primário é o mercado no qual são disponibilizadas novas ações de determinada empresa.
36
administrar mecanismos de proteção aos investidores em títulos de crédito emitidos por
instituições financeiras na eventualidade de sofrerem intervenção ou terem liquidação
extrajudicial ou falência decretadas.
Assim, o FGC oferece, aos detentores de produtos cobertos pelo fundo, cobertura de
crédito contra a mesma instituição ou todas as instituições do mesmo conglomerado
financeiro no valor máximo de R$250.000,00 por investidor.
A tabela 3 explicita os produtos, entre os que foram apresentados anteriormente, que
possuem cobertura do FG.
Tabela 3: Produtos que possuem cobertura do FGC.
Produtos Cobertos pelo FGC
Poupança
Letras de Câmbio
LCI
LCA
CDB
Fonte: Elaboração própria.
As instituições associadas ao FGC são: bancos múltiplos; bancos comerciais; bancos de
investimento; bancos de desenvolvimento; Caixa Econômica Federal; sociedades de
crédito, financiamento e investimento; sociedades de crédito imobiliário; companhias
hipotecárias; e associações de poupança e empréstimo.
O fundo é mantido por contribuições mensais efetuadas pelas instituições associadas, e
viabilizadas pela cobrança de um percentual sobre o montante dos saldos das contas
enquadradas na garantia.
3.3.2. Renda Variável
Instrumentos classificados como renda variável são aqueles cujos rendimentos não são
conhecidos, ou não podem ser previamente calculados, pois são relacionados a eventos
futuros.
Além disso, são produtos que costumam apresentar maior oscilação em seus preços e
rendimentos, fazendo com que sejam mais recomendados para investidores com maior
tolerância a risco.
A seguir serão explicitados os principais instrumentos de renda variável disponíveis no
mercado.
37
3.3.2.1. Ações
Uma ação pode ser definida como sendo a menor fração do capital social de uma empresa.
São negociadas na B3, e representam um investimento de alta liquidez.
As ações podem ser emitidas com ou sem valor nominal15. No caso das ações com valor
nominal, todas as ações de uma mesma companhia terão o mesmo valor nominal, não
podendo haver emissão de ações com valores diferentes.
Além de serem classificadas em relação ao valor na emissão, as ações também são
classificadas quanto aos direitos e vantagens que representam aos seus titulares, em três
diferentes tipos: ordinárias; preferenciais; e de fruição.
As ações ordinárias possuem como principal característica o direito a voto, fazendo com
que o detentor deste papel participe nas decisões da empresa, desempenhando papel de
acionista da empresa. Entretanto, os acionistas ordinários não possuem preferência em
relação ao recebimento de dividendos, recebendo, usualmente, o dividendo previsto em
Lei, ou no estatuto da companhia.
Os acionistas preferenciais, como o próprio nome já sugere, possuem preferência no
recebimento de dividendos e, portanto, recebem seus pagamentos antes dos acionistas
ordinários. Também usufruem de preferência no reembolso do capital em caso de
liquidação da sociedade. Em contrapartida, os investidores não possuem direito a voto e,
portanto, não são considerados acionistas da empresa. Entretanto, caso a empresa não
distribua, por três anos consecutivos, os dividendos mínimos de direito dos acionistas
preferenciais, estes podem adquirir o direito ao voto, até que o pagamento seja realizado.
Existem ainda outros dois tipos de ações: as ações de fruição, que possibilitam a empresa
distribuir aos acionistas montantes, expressos em ações, que lhes caberiam na hipótese de
dissolução da empresa; e as ações escriturais, mantidas em contas de depósito, em nome
de seus titulares, em uma instituição designada e sem emissão de certificados (NETO,
2012).
15 Valor nominal de uma ação é considerado o valor estabelecido para cada ação no momento de sua
emissão.
38
3.3.2.2. Opções Sobre Ações
As opções sobre ações proporcionam ao seu detentor o direito, e não a obrigação, de
venda ou compra, dependendo da emissão, de ações por um preço previamente estipulado
e válido por um determinado período.
Negociadas na bolsa de valores, possuem um valor pago pela opção no momento da
compra, chamado de prêmio, e o resultado da operação é calculado pela diferença entre
o preço de exercício da opção16 e o preço de mercado da ação na realização da opção
acrescido do prêmio pago.
As opções de compra, também conhecidas como call, são compradas quando o investidor
acredita em uma valorização futura da ação no mercado a vista, fazendo com que o preço
de exercício seja inferior ao preço do mercado a vista. Caso a opção não seja exercida, o
investidor perderá o prêmio pago.
De modo contrário, uma opção de venda, ou put, é comprada quando a expectativa para
determinada ação é de desvalorização. Desse modo, o investidor tem o direito de vender
o papel pelo preço de exercício predeterminado, e comprá-lo no mercado a um preço
inferior, realizando um ganho nesta operação. Do mesmo modo que a opção de compra,
o valor do prêmio pago não será recuperado, caso a opção de venda não seja exercida.
Desse modo, ao comprar uma opção, o investidor estará alavancado, ou seja, está
despendendo, inicialmente, uma quantia bastante inferior em comparação ao caso de
compra da ação. Essa representa uma das maiores vantagens desse tipo de investimento.
Tabela 4: Expectativas na compra de opções
Opção Expectativas
Compra Preço de exercício < Preço de mercado
Venda Preço de exercício > Preço de mercado
Fonte: Elaboração própria.
3.3.2.3. Depositary Receipts
Os Depositary Receipts, ou DRs, são títulos negociáveis no mercado e lastreados na
existência de ações de uma companhia brasileira presente em outro país. O banco
16 Preço de exercício da opção corresponde ao preço futuro, de compra ou de venda, predeterminado no
momento da compra da opção para o lote de ações.
39
custodiante é responsável pela custódia das ações que lastreiam a operação, mantendo a
guarda dos títulos, enquanto o banco emissor é responsável pela emissão do DR.
Os DRs lançados nos Estados Unidos são chamados de ADRs, enquanto os lançados em
outros países são conhecidos por IDRs ou GDRs.
3.3.2.4. Brazilian Depositary Receipts
Também chamados de BDRs, os Brazilian Depoisiary Receipts são recibos de depósitos
representativos de valores mobiliários emitidos por companhias abertas, sediadas no
exterior, e negociados no Brasil (NETO, 2012).
3.3.2.5. Fundos de Investimento
Um fundo de investimento é um conjunto de recursos monetários, formado por depósitos
de um grande número de investidores, chamados de cotistas, destinado à aplicação
coletiva em carteira de títulos e valores mobiliários (NETO, 2012). Oferecem vantagens
da concentração de capital, especialmente para investidores com baixo volume
disponível, como condições mais favoráveis de investimento, além de benefícios relativos
à administração do capital investido, não sendo necessário que os cotistas dominem
técnicas de análise ou possuam grandes informações sobre o mercado de capitais.
A CVM atua como o órgão responsável por aprovar e supervisionar o funcionamento dos
fundos.
Todas as informações relativas ao fundo, como os tipos de ativos que farão parte da
carteira, limites máximos e mínimos de investimento em cada tipo, estratégias de
investimento, entre outras, assim como suas regras básicas de funcionamento, estarão
disponíveis aos investidores no regulamento do fundo. Qualquer alteração no
regulamento do fundo deve ser aprovada pela assembleia geral de cotistas.
O patrimônio líquido do fundo é dividido em cotas, que representam frações ideais deste
patrimônio. As cotas são escriturais e nominativas, e possuem um único valor, calculado
pela seguinte fórmula:
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑡𝑎 = 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑜𝑡𝑎𝑠
40
Além da presença do cotista, os fundos de investimento dependem da participação de
outros cinco agentes, cada qual com sua respectiva função, para seu funcionamento. São
eles:
Gestor: realiza a seleção dos ativos que deverão compor a carteira do fundo, tendo
em vista a política de investimento estabelecida no regulamento. Fica responsável
por decidir quando, quanto e o que será comprado ou vendido, de cada tipo de
ativo. Para exercer sua função, deve ser credenciado pela CVM.
Administrador: é o responsável legal pelo funcionamento do fundo, controlando
todos os prestadores de serviço. Também realiza a comunicação com os cotistas.
Nos casos em que a gestão da carteira do fundo não é terceirizada, essa função
também é assumida pelo administrador. Necessita de credenciamento pela CVM.
Agente Custodiante: entidade responsável por custodiar os ativos do fundo,
realizando o registro, a liquidação e o exercício dos direitos e obrigações do fundo.
Distribuidor: responsável pela venda de cotas do fundo, função que pode ser
exercida pelo próprio administrador, caso seja determinado no regulamento.
Auditor: empresa de auditoria independente, cuja função é fiscalizar os
demonstrativos e balanços do fundo, anualmente.
Os cotistas são cobrados pelos fundos de investimentos, basicamente, através de duas
taxas: a taxa de administração e a taxa de performance.
A taxa de administração corresponde a um percentual cobrado sobre o valor total
investido no fundo. Já a taxa de performance, equivale a um percentual que será cobrado
sobre os rendimentos do fundo que excederem o benchmark17 estabelecido no
regulamento do fundo. Enquanto a taxa de administração é sempre cobrada, a taxa de
performance costuma ser cobrada apenas nos fundos que possuem gestão ativa18.
O modelo 2/20 é o mais utilizado no mercado. Nesse modelo, a taxa de administração é
de 2%, enquanto a taxa de performance equivale a 20%, incidente sobre o excedente ao
benchmark.
17 A média de determinado índice ou parâmetro de um setor é chamada de benchmark. 18 Um fundo com gestão ativa visa obter rendimentos superiores ao benchmark definido no regulamento do
fundo. Já o fundo com gestão passiva, busca apenas acompanhar o benchmark determinado no regulamento
do fundo.
41
Os fundos de investimento podem ter diferentes estratégias de alocação de recursos, sendo
classificados, de acordo com a AMBIMA, em:
Fundos de Investimento em Renda Fixa: são definidos como “fundos que buscam
retorno por meio de investimentos em ativos de renda [...], admitindo-se
estratégias que impliquem risco de juros e de índice de preços”. Admitem
investimento em ativos de renda fixa emitidos no exterior, e são excluídas
estratégias que impliquem em exposição à renda variável.
Fundos de Investimento em Ações: fundos que possuem, no mínimo, 67% do
patrimônio líquido do fundo em ações a vista, bônus ou recibos de subscrição,
certificados de depósito de ações, cotas de fundos de ações, cotas dos fundos de
índice de ações e Brazilian Receipts.
Fundos de Investimento Multimercado: são fundos que não possuem
compromisso de concentrar seus ativos em uma classe específica de produtos,
envolvendo, assim, diferentes fatores de risco.
Fundos de Investimento Cambiais: correspondem a fundos que investem, pelo
menos, 80% de seu patrimônio em ativos relacionados diretamente ou
sintetizados, via derivativos, à moeda estrangeira, independente do risco de
crédito destes ativos.
Além dessas quatro classificações, consideradas de primeiro nível, a ANBIMA classifica
cada tipo em outros dois níveis de detalhamento. Tendo em vista que foge do objetivo
desse trabalho a discussão em pormenores dos diferentes níveis de classificação de cada
fundo, uma tabela contendo esta classificação é apresentada no anexo 9.2.
42
4. Pesquisa de Mercado
Devido à importância do tema educação financeira na vida das pessoas e de uma nação,
buscou-se analisar a participação dos universitários, inseridos em um país com uma
poupança interna carente, no setor de investimentos. Tentou-se obter maior compreensão
do nível de entendimento e de possíveis conhecimentos não obtidos por eles ao longo dos
anos.
Para isso, uma pesquisa de mercado foi realizada com universitários, buscando obter
maior propriedade acerca das necessidades dessa parcela da população no que diz respeito
a investimentos.
4.1. Hipóteses
4.1.1. Hipótese A – Os universitários não têm muito conhecimento na área
de investimentos
Entendia-se que, dada a baixa presença de conteúdos relacionados à educação financeira
ao longo de toda formação dos universitários, tanto na escola quanto na faculdade para
alguns cursos, eles não teriam consciência financeira a ponto de investirem parte ou toda
sua renda.
4.1.2. Hipótese B – Os universitários tem interesse em aumentar seu
conhecimento na área de investimentos
Considerando que, quando se trata de capital, é de comum agrado entender e saber como
gerenciá-lo da melhor maneira e como obter rendimentos sobre ele, já que isto é
geralmente visto como algo positivo entendia-se que os universitários se interessariam
em conhecer mais a área de investimentos.
4.2. Diagnósticos
Para avaliar ambas as hipóteses, foi realizada uma pesquisa quantitativa com
universitários por meio de um formulário disponibilizado online. O objetivo desta
pesquisa foi obter dados que auxiliassem nos diagnósticos das hipóteses levantadas e
direcionassem a definição e estruturação de um modelo de negócio.
Foram obtidas 312 respostas. A amostra foi composta por homens e mulheres de diversas
idades conforme os dados demográficos apresentados a seguir:
43
Gráfico 14: Idade dos respondentes –
312 respostas
Fonte: Elaboração própria.
Gráfico 15: Gênero dos respondentes -
312 respostas
Fonte: Elaboração própria.
Entre os respondentes, estão universitários de todos os períodos das áreas de Ciências
Exatas, Humanas, Biológicas e da Saúde e Sociais Aplicadas. Todos estudantes de uma
das seguintes faculdades: UFRJ, PUC, Unigranrio, IBMR, UFF, UERJ, IBMEC,
UNIRIO, Veiga de Almeida, Estácio, FGV, UNESP e Unig. As oito últimas, devido ao
baixo percentual, todas com apenas 1 resposta, foram consolidadas no grupo “Outras” a
critério de análise.
É importante ressaltar que, como as autoras do presente projeto são graduandas em
Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o
questionário foi fortemente divulgado nesta rede, a maior parte dos respondentes são da
área de Exatas nesta universidade. Sendo assim, a pesquisa possui uma tendência em seus
resultados.
2%
57%
35%
6%
Menor que 18
Entre 18 e 22
Entre 23 e 27
Maior que 27
60%
40% Masculino
Feminino
44
Gráfico 16: Faculdade dos respondentes
- 312 respostas
Fonte: Elaboração própria.
Gráfico 17: Área do curso dos
respondentes - 312 respostas
Fonte: Elaboração própria.
Gráfico 18: Período dos respondentes - 312 respostas
Fonte: Elaboração própria.
Para finalizar o mapeamento do perfil dos universitários que participaram da pesquisa,
foram levantados dados em relação à renda dos mesmos. 57% dos 312 respondentes
possuem fonte de renda mensal (gráfico 19), sendo esta superior a R$1.000,00 para 65%
deles (gráfico 20).
78%
14%
2%2%
1%
3%
UFRJ
PUC
UNIGRANRIO
IBMR
UFF
Outras 81%
12%
4%
3%Ciências Exatas
Ciências
Humanas
Ciências
Biológicas e da
Saúde
Ciências Sociais
Aplicadas
51
9
23
12
3125
39
2330
69
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º ou
superior
45
Gráfico 19: Situação financeira dos
universitários - 312 respostas
Fonte: Elaboração própria.
Gráfico 20: Faixa de renda dos
universitários - 312 respostas
Fonte: Elaboração própria.
4.2.1. Diagnóstico da Hipótese A
Para avaliar a hipótese de que os universitários não têm muito conhecimento na área de
investimentos, buscou-se, através da pesquisa realizada com os universitários, levantar
dados sobre os investimentos que os universitários fazem em relação aos produtos, há
quanto tempo investem e qual parcela da renda investem.
Constatou-se que, dos que afirmaram possuir fonte de renda, pouco mais da metade já
investe atualmente (gráfico 21). Entretanto, como já foi alertado anteriormente, há grande
chance deste resultado ter sido influenciado em função da área do curso da amostra
utilizada. Para garantir o melhor e mais correto entendimento destes dados, foi feita uma
comparação desta análise entre universitários que cursam Ciências Exatas e universitários
de outras áreas, apesar deste último grupo não ser uma amostra significativa, o que
impede as conclusões de tal análise serem consideradas como verdadeiras.
57%
43%
Tem fonte de
renda
Não tem fonte
de renda
12%
23%
25%
12%
10%
7%
11%
Menor ou igual a
R$500Entre R$501 e
R$1.000Entre R$1.001 e
R$1.500Entre R$1.501 e
R$2.000Entre R$2.001 e
R$2.500Entre R$2.501 e
R$3.000
46
Gráfico 21: Situação dos universitários em relação a investimentos - 179 respostas
Fonte: Elaboração própria.
Gráfico 22: Situação dos universitários
de Ciências Exatas em relação a
investimentos - 139 respostas
Fonte: Elaboração própria.
Gráfico 23: Situação dos universitários
de outras áreas em relação a
investimentos - 40 respostas
Fonte: Elaboração própria.
Diante desta comparação, identifica-se uma diferença de comportamento dos
universitários em relação a investimentos de acordo com a área do curso. Como esperava-
se, os estudantes de Ciências Exatas investem mais que estudantes de outros cursos. Isso
é explicado quando a grade de matérias dos cursos de Exatas é comparada com a grade
dos outros cursos. A primeira inclui algumas disciplinas ligadas à economia e finanças,
que dão uma consciência maior sobre o assunto, as quais não aparecem na segunda.
Quanto aos produtos financeiros, muitos estão presentes nas carteiras de investimento dos
universitários, sendo os vencedores no ranking (gráfico 24) o Tesouro Direto, a Poupança
e os Títulos Privados, nessa ordem.
56%
44%
Já investe
Não investe
62%
38%Já investe
Não investe
35%
65%
Já investe
Não investe
47
Gráfico 24: Produtos da carteira de investimentos dos universitários - 100 respostas
Fonte: Elaboração própria.
Pode-se dizer também que a carteira da maioria dos universitários que investem é
diversificada, incluindo mais de 1 produto (gráfico 25).
Gráfico 25: Tamanho da carteira de investimentos dos universitários - 100 respostas
Fonte: Elaboração própria.
Em relação ao tempo que os universitários investem, os resultados foram bem
equilibrados, mas o que chama atenção é que 30% alega que faz investimentos há mais
de 2 anos (gráfico 26). Outro resultado que surpreendeu foi a parcela de respondentes que
diz investir mais da metade da sua renda, esse número chegou a quase 30% (gráfico 27).
1
1
1
4
4
4
21
32
46
51
57
Opções Binárias
FOREX
Câmbio
Criptomoedas
Derivativos
Debênture
Ações
Fundos
Títulos Privados (LCI, LCA, CDB)
Poupança
Tesouro Direto
38%
62%1 produto
Mais de 1 produto
48
Gráfico 26: Há quanto tempo os
universitários investem - 100 respostas
Fonte: Elaboração própria.
Gráfico 27: Parcela da renda investida
pelos universitários - 100 respostas
Fonte: Elaboração própria.
Com base nas análises significativas apresentadas, conclui-se que a maioria dos
universitários investe pelo menos parte da sua renda. Destes, a maior parcela possui uma
carteira diversificada, o que mostra um certo conhecimento e entendimento dos produtos
e do mercado. Tal informação e o fato de grande parte dos respondentes afirmar que
investe há mais de 2 anos podem indicar no mínimo alguma experiência na área. E, além
disso, observou-se que boa parte investe mais de 50% da renda que possui, evidenciando
um perfil poupador.
Sendo assim, sugere-se que a hipótese A é falsa, devido aos resultados obtidos na pesquisa
de mercado realizada. Os universitários tem sim conhecimento na área de investimentos.
4.2.2. Diagnóstico da Hipótese B
Para avaliar a hipótese de que os universitários tem interesse em aumentar seu
conhecimento na área de investimentos, buscou-se saber se os universitários que investem
teriam interesse em um serviço ou aplicativo que os ajudasse a investir.
O resultado demonstrou que 92% dos universitários que se dizem investidores teriam
interesse em um serviço ou aplicativo desse tipo (gráfico 28).
18%
27%
25%
30%
Menos de 6
meses
Entre 6 meses
e 1 ano
Entre 1 ano e 2
anos
Mais de 2 anos
5%
10%
15%
11%
12%8%
12%
27%
Até 5%
Entre 5% e 10%
Entre 10% e 15%
Entre 15% e 20%
Entre 20% e 30%
Entre 30% e 40%
Entre 40% e 50%
Mais que 50%
49
Gráfico 28: Interesse dos universitários em um serviço ou aplicativo que os ajudasse a
investir - 100 respostas
Fonte: Elaboração própria.
Apesar das amostras se tornarem pequenas demais para serem significativas, foi feita esta
análise para aqueles que possuem apenas 1 produto na carteira e aqueles que possuem
mais de 1 produto separadamente. Assim, foi visto que o percentual de universitários que
teriam interesse aumenta para os que não diversificam (gráfico 29), chegando a quase
100%, e diminui para os que diversificam (gráfico 30). Isso dá um indício de que a
demanda por este serviço ou aplicativo seria ainda maior entre os que não tem muito
conhecimento na área de investimentos.
Gráfico 29: Interesse dos universitários
que tem apenas um produto na carteira
em um serviço ou aplicativo que os
ajudasse a investir - 38 respostas
Fonte: Elaboração própria.
Gráfico 30: Interesse dos universitários
que tem mais de um produto na carteira
em um serviço ou aplicativo que os
ajudasse a investir – 62 respostas
Fonte: Elaboração própria.
Sobre os que não investem, desejou-se entender os motivos e se existe a vontade de
investir. Neste grupo, há os que possuem renda e os que não possuem e, para ambos os
casos, a vontade de investir mostrou predominar (gráficos 31 e 32).
92%
8%
Teria interesse
Não teria interesse
97%
3%
Teria interesse Não teria interesse
89%
11%
Teria interesse Não teria interesse
50
Gráfico 31: Vontade de investir dos
universitários que tem renda e não
investem - 79 respostas
Fonte: Elaboração própria
Gráfico 32: Vontade de investir dos
universitários que não tem renda - 133
respostas
Fonte: Elaboração própria
A falta de conhecimento foi o fator impeditivo mais apontado pelos universitários que
gostariam de investir (gráfico 33). 69% deles disseram ser essa uma das causas de não
investirem.
Gráfico 33: Fatores que impedem os universitários de investir - 207 respostas
Fonte: Elaboração própria.
Neste público, o interesse por um serviço ou aplicativo que os ajudasse com esses fatores
impeditivos também foi alto (gráfico 34).
95%
5%
Gostaria de
investirNão gostaria
de investir
99%
1%
Gostaria de
investirNão gostaria
de investir
31
62
95
108
142
Alta necessidade de ter o dinheiro em
mãos
Medo de perder o dinheiro
Falta de tempo para dedicar ao assunto
Baixa renda
Falta de conhecimento
51
Gráfico 34: Interesse dos universitários que gostariam de investir em um serviço ou
aplicativo que os ajudasse com os fatores impeditivos - 207 respostas
Fonte: Elaboração própria.
Visto que o interesse por tal serviço ou aplicativo é alto em todos os públicos e a falta de
conhecimento é o maior problema a ser enfrentado por quem quer investir, sugere-se que
a hipótese B é correta, os universitários tem interesse em aumentar seu conhecimento na
área de investimentos.
91%
9%
Teria interesse
Não teria interesse
52
5. Modelo de Negócio
Neste capítulo, será apresentada uma breve contextualização acerca do processo de
elaboração de um modelo de negócios. Em seguida, um empreendimento é proposto com
base na pesquisa de mercado realizada e, também, a partir do uso de ferramentas de
análises setoriais.
5.1. Contextualização
Segundo Osterwalder e Pigneur (2010), um modelo de negócio tem o objetivo de definir
como uma organização cria, entrega e captura valor. Ele deve ser de fácil descrição e
entendimento por todos os envolvidos em sua concepção, sendo simples e intuitivo,
porém sem simplificar demais as complexidades da empresa.
O método de modelo de negócio descreve como uma empresa obtém lucro através de
nove componentes: segmento de clientes; proposta de valor; relacionamento com clientes;
canais de venda; fontes de receita; parceiros chave; atividades chave; recursos chave; e
estrutura de custos, que serão definidos a seguir. Juntos, esses componentes formam uma
ferramenta visual muito utilizada, chamada de Canvas.
5.1.1. Segmento de Clientes
Nesse componente, são definidos os diferentes grupos de pessoas ou organizações que a
empresa busca alcançar e servir. Assim, a organização deve decidir quais segmentos serão
ignorados e quais serão atendidos, sendo possível construir um modelo de negócio
baseado em um sólido entendimento das necessidades específicas de seus consumidores.
5.1.2. Proposta de Valor
Após definir o segmento de clientes, a organização deve definir o pacote de produtos e
serviços ofertados que geram valor para este segmento. É esse componente que define o
motivo pelo qual os consumidores escolhem uma empresa em detrimento de outra. Assim,
a proposta de valor pode ser definida como o grupo de benefícios que determinada
organização oferece aos seus clientes.
5.1.3. Relacionamento com Clientes
Outro componente definido no modelo de negócios é o relacionamento com clientes, onde
são descritos os meios pelos quais a empresa irá se comunicar com o seu segmento de
consumidores. Essa comunicação pode variar, em diferentes graus, entre pessoal e
53
automatizada, e tem como direcionadores as seguintes motivações: aquisição de
consumidores; retenção de consumidores e aumento de vendas.
5.1.4. Canais de Venda
O componente de canais de venda descreve como a empresa se comunica e alcança seu
segmento de clientes para oferecer sua proposta de valor. Aqui são definidos a
comunicação, a distribuição e os canais de venda, determinando a interface da empresa
com seus consumidores. Engloba as diferentes fases de comunicação com o cliente,
como: conhecimento da existência da empresa pelo cliente; avaliação da proposta de valor
oferecida pela organização; compra de produtos ou serviços; entrega da proposta de valor
aos clientes; e suporte ao consumidor após a venda.
5.1.5. Fontes de Receita
Nesse item, são definidas as fontes de receita que cada segmento de clientes gera para a
empresa. Cada fonte de receita pode ter um mecanismo de precificação próprio,
dependendo das características do segmento ao qual ela atende. Deve ser levado em
consideração o quanto os clientes estão dispostos a pagar pelo produto ou serviço
ofertado.
5.1.6. Parceiros Chave
Nesse item, é definida a rede de fornecedores e parceiros que contribui para o
funcionamento do modelo de negócio. Corresponde a um pilar de extrema importância
para a empresa, responsável por otimizar operações e reduzir riscos.
5.1.7. Atividades Chave
As atividades chave são aquelas necessárias para que a empresa consiga entregar sua
proposta de valor e executar seu modelo de negócio. São as ações mais importantes que
a organização precisa executar para que sua operação seja bem sucedida. São
responsáveis pela criação e proposta de valor da empresa, pelo alcance dos mercados,
pela manutenção do relacionamento com clientes e pela geração das receitas. Podem
variar, dependendo do tipo de negócio.
54
5.1.8. Recursos Chave
Esse componente define os principais recursos e ativos necessários para o correto
funcionamento do modelo de negócios desenvolvido. Também são responsáveis pela
criação e proposta de valor da empresa, pelo alcance dos mercados, pela manutenção do
relacionamento com clientes e pela geração das receitas, assim como as atividades chave.
Podem ser físicos, financeiros, intelectuais ou humanos. Em relação à propriedade,
podem pertencer à empresa ou serem alugadas. Além disso, diferentes recursos são
demandados dependendo do modelo de negócio de cada organização.
5.1.9. Estrutura de Custos
A estrutura de custos descreve todos os custos incorridos pela empresa para a operação
do seu modelo de negócio. Geralmente é o último componente definido no modelo de
negócio, já que todos os custos podem ser mais facilmente identificados e calculados após
a definição dos itens anteriores.
Os custos podem ser divididos entre fixos e variáveis, e duas principais estruturas de
custos podem ser adotadas por organizações: direcionada por custos; ou direcionada por
valor. A escolha dependerá do modelo de negócio de cada empresa.
5.2. Caracterização do Negócio
Inicialmente, tinha-se a ideia de que o modelo de negócio ideal seria uma consultoria
financeira voltada para universitários. Acreditava-se que esse público alvo possuía pouco
ou nenhum conhecimento na área de investimentos, mas que gostaria de investir sua renda
para obter rendimentos maiores do que os obtidos na poupança ou, em alguns casos, em
nenhum investimento.
Entretanto, após analisar as respostas obtidas através da pesquisa de mercado realizada,
foi possível constatar que, entre as pessoas que têm interesse em um serviço que as auxilie
em investimentos, apenas 35% estaria disposto a pagar por este serviço. Assim, uma
consultoria financeira excluiria mais da metade da amostra de seu público alvo.
Outro fator relevante em relação à consultoria financeira é relativo à norma que rege esta
atividade, a Instrução CVM 592 de 2017. Nela, é definido como consultoria de valores
mobiliários “a prestação dos serviços de orientação, recomendação e aconselhamento, de
forma profissional, independente e individualizada, sobre investimentos no mercado de
55
valores mobiliários, cuja adoção e implementação sejam exclusivas do cliente” (ICVM
592, 2017). Desse modo, fica determinado que, para exercer a atividade descrita, tanto na
forma de pessoa física quanto jurídica, é necessário que os consultores sejam
credenciados na CVM, determinação que impediria a abertura imediata da consultoria
financeira.
Outra conclusão obtida pela pesquisa de mercado com os universitários é que um dos três
principais fatores impeditivos para que estes invistam é a falta de tempo. Assim, por ser
um meio de fácil acesso em qualquer lugar que possua conexão com internet, um
aplicativo atuaria nessa barreira, reduzindo o tempo gasto na busca por informações sobre
investimentos.
Além disso, acredita-se que o baixo grau de senioridade das sócias fundadoras poderia
não inspirar a confiança necessária nos clientes para que estes designassem suas decisões
de investimento à consultoria.
Assim, pelos motivos expostos anteriormente, o modelo de consultoria financeira foi
descartado, e decidiu-se pela criação de um aplicativo móvel de educação financeira
focado no tema de investimentos, voltado para universitários. Entretanto, para confirmar
essa decisão, foi feita uma pesquisa sobre o uso de aplicativos móveis e smartphones no
Brasil.
Na 29ª Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas
Empresas, realizada pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), foi
constatado que o Brasil já superou a marca de um smartphone por habitante, contando
com 220 milhões de celulares inteligentes ativos. Além disso, a pesquisa afirma que o
Brasil está acima da média global de uso de dispositivos como computadores, celulares e
televisores por habitantes, apesar de estar bastante atrás dos Estados Unidos (LIMA,
2018).
Em relação aos hábitos dos jovens nos celulares, a edição de 2016 do Estudo dos Hábitos
e Comportamento dos Usuários de Redes Sociais no Brasil, realizado pela consultoria
E.Life, afirma que os jovens de até 19 anos acessam mais a internet por smartphones e
notebooks, enquanto os adultos com mais de 40 anos preferem utilizar tablets ou
televisões inteligentes. Além disso, o estudo mostra que 76% das pessoas leem notícias
pelo celular, indicando que este meio tenha substituído o jornal impresso, já que o
56
consumo de notícias pelos leitores acontece na forma online, através de portais de
notícias.
Desse modo, após os dados obtidos e expostos anteriormente, foi possível confirmar a
opção pelo aplicativo móvel de educação financeira na área de investimentos para
universitários.
De acordo com Warkertin, Sugumaran e Bapna (2001), comércio eletrônico pode ser
definido como a troca eletrônica de informação, bens, serviços ou pagamentos através de
redes de telecomunicação. Atividades do e-commerce envolvem o estabelecimento e a
manutenção de um relacionamento entre a organização e seus fornecedores, clientes,
parceiros, reguladores e outros agentes relacionados.
Essas atividades podem ser de quatro tipos: business-to-customer, ou seja, de negócios
para clientes; de negócios para negócios, usualmente chamado de business-to-business;
de clientes para clientes, ou customer-to-customer; ou dentro de uma mesma empresa.
Desse modo, um aplicativo móvel de educação financeira na área de investimentos pode
ser classificado, de modo geral, como um tipo de comércio eletrônico, no qual há uma
troca de informações. Além disso, é classificado como um negócio do tipo business-to-
consumer, já que o usuário do aplicativo é o consumidor final, representado pelos
universitários.
De maneira mais específica, um aplicativo móvel ou aplicação móvel podem ser definidos
como sistemas desenvolvidos para serem instalados em um dispositivo eletrônico móvel,
como tablets e smartphones, através de uma loja online, como Google Play, App Store ou
Windows Phone Store (STONE, 2018). Alguns aplicativos disponíveis podem ser
baixados de forma gratuita, enquanto outros exigem um pagamento.
5.2.1. Desenvolvimento do Aplicativo
Devido à falta de conhecimento das autoras deste trabalho na área de desenvolvimento de
softwares e aplicativos móveis, e à ausência de algum sócio que possua este
conhecimento, a solução encontrada foi a utilização de ferramentas online através das
quais é possível criar aplicativos.
Através dessas ferramentas, o usuário determina as características e funcionalidades do
app e, de acordo com a complexidade envolvida, é determinado o preço para o
desenvolvimento do aplicativo.
57
Para decidir qual plataforma desenvolvedora utilizar, buscou-se comparar, em relação ao
preço e às características oferecidas, as seguintes plataformas: App Machine; Shoutem;
Swiftic; e a brasileira Fábrica de Aplicativos.
Tabela 5: Comparação entre plataformas de criação de app.
Ferramenta Características Preço
App Machine
iPhone App
$49,00 / mês
(aproximadamente
R$189,00 / mês)
Android App
HTML5 App
Notificações Push
Analytics
Atualizações Automáticas
Preview do Aplicativo
Opções Avançadas de Design
Shoutem
iPhone App $49,00 / mês
(aproximadamente
R$189,00 / mês)
Android App
HTML5 App
Notificações Push
Swiftic
iPhone App
$48,00 / mês
(aproximadamente
R$185,00 / mês)
Android App
HTML5 App
Notificações Push
Analytics
Atualizações Automáticas
Venda de produtos
Fábrica de Aplicativos
iPhone App
R$ 26,00 /mês
Android App
HTML5 App
Notificações Push
Analytics
Fonte: Elaboração própria.
Tabela 6: Legenda da tabela 5
Características presentes apenas no Swiftic.
Características presentes apenas no App Machine.
Características presentes no App Machine, Swiftic e Fábrica de Aplicativos.
Características presentes em todas as plataformas analisadas.
Fonte: Elaboração própria.
Cada uma das características exibidas na Tabela 5 será definida a seguir:
iPhone App: aplicativo compatível com o sistema operacional do smartphone
iPhone.
58
Android App: aplicativo compatível com o sistema operacional Android.
HTML5 App: aplicativo compatível com o sistema HTML5.
Notificações Push: notificação que aparece na tela do smartphone, transmitindo
uma mensagem do aplicativo para o usuário.
Analytics: análises dos dados obtidos a partir do acesso dos usuários.
Venda de Produtos: funcionalidade de venda diretamente pelo aplicativo.
Preview do Aplicativo: versão prévia do aplicativo, antes do mesmo ser
disponibilizado nas lojas para download.
Opções Avançadas de Design: mais opções de detalhes e design.
Atualizações Automáticas: realização de atualizações operacionais e de sistema
automáticas no aplicativo.
Para o aplicativo proposto, as funcionalidades imprescindíveis são: a) compatibilidade
com os sistemas operacionais do iPhone e Android, para que possa ser adquirido por
clientes com diferentes aparelhos celulares; analytics, para que seja possível gerar
melhorias no aplicativo a partir dos dados de uso obtidos; b) opções avançadas de design,
já que o visual do aplicativo será um diferencial em relação a outras empresas e será
essencial para atrair usuários; e c) notificações push, para que o usuário seja
frequentemente lembrado do aplicativo.
Assim, percebe-se que a opção que atende todas as funcionalidades desejadas para o
aplicativo é a plataforma App Machine. Através dela, será possível também realizar testes
com o app antes de disponibilizá-lo nas lojas, reduzindo, assim, o risco de que os usuários
baixem e encontrem erros no funcionamento.
5.2.2. Funcionalidades do Aplicativo
O aplicativo proposto neste trabalho terá as seguintes funcionalidades:
Seção de cards explicativos: notas explicativas resumidas, abordando temas
como: produtos financeiros disponíveis; agentes do mercado financeiro;
performance de fundos de investimento e produtos financeiros; entre outros,
relacionados a investimentos e mercado financeiro.
Seção de resenhas: textos mais elaborados e profundos, abordando temas como:
produtos financeiros disponíveis; agentes do mercado financeiro; performance de
fundos de investimento e produtos financeiros; entre outros, relacionados a
59
investimentos e mercado financeiro e outros assuntos exclusivos, que não serão
abordados na seção de quadros explicativos.
Seção de análise do perfil de risco do investidor: questionário elaborado para
indicar em qual perfil de investidor o usuário se encaixa, com base nas respostas
dadas por ele, e sugerir a composição de carteira de investimento mais adequada
ao seu perfil.
Quiz de avaliação do conhecimento: quiz com perguntas de rápida resposta, para
que o usuário do aplicativo possa avaliar seu conhecimento em cada um dos temas
abordados. Dessa maneira, o usuário poderá avaliar se o conteúdo oferecido foi
suficiente para que ele possa tomar uma decisão em relação a qual produto
escolher, sendo feita a seguinte pergunta: “Você considera que o conteúdo
oferecido foi suficiente para que você realize uma decisão de investimento sem
auxílio de terceiros?”. Assim, será possível também obter um feedback do usuário
sobre quais temas estão satisfatórios e quais demandam reformulação.
Simulador: a partir de informações fornecidas pelo usuário como o valor que ele
deseja investir e o prazo que ele tem para resgatar o dinheiro, a ferramenta de
simulação apresentará estimativas do rendimento dos produtos de investimento
com base nas taxas de rentabilidade mencionadas nos conteúdos já disponíveis no
aplicativo. Além disso, o simulador explicitará a parcela da rentabilidade
correspondente às diferentes taxas cobradas pelas instituições financeiras, assim
como aos impostos pagos pelo usuário sobre seus rendimentos.
Apesar de todas as funcionalidades descritas anteriormente estarem disponíveis no
aplicativo, o acesso a cada uma delas será determinado pelo tipo de conta possuído pelo
usuário. Os produtos disponíveis para cada tipo de conta serão descritos no item 5.2.4.5.
5.2.3. Design do Aplicativo
O nome escolhido para o aplicativo é “applica”. A palavra é uma junção da sigla app,
comumente utilizada para referir-se a aplicativos, com o verbo aplicar, muito presente no
vocabulário de investidores.
O design do aplicativo é exemplificado na figura 3, onde encontram-se algumas telas.
60
Figura 3: Design do "applica", representado pelas telas de cadastro, de menu da conta
premium, de menu da conta padrão e da seção de cards, respectivamente.
Fonte: Elaboração própria.
5.2.4. Canvas
Neste item, serão definidos os nove componentes do modelo de negócio proposto. O
modelo Canvas preenchido encontra-se no anexo 9.3.
5.2.4.1. Segmento de Clientes
Para definir o público-alvo, foi realizada uma segmentação de mercado que o divide em
mercado potencial, disponível, disponível qualificado e mercado-alvo (figura 4).
Figura 4: Segmentação de mercado
Fonte: Elaboração própria.
61
O mercado potencial inclui as pessoas que podem ter algum interesse no produto. No caso
do aplicativo “applica”, todas as pessoas que tem vontade de investir ou se interessam
pela área de investimentos estão nesse mercado.
O disponível abrange a pessoas do mercado potencial que detém renda suficiente para
adquirir o produto. Como o uso do aplicativo será restrito a smartphones, entram, neste
segmento, todos que tem vontade de investir ou se interessam pela área de investimentos
e tem condições de possuir um smartphone.
O mercado disponível qualificado é a parcela do disponível que está qualificada a adquirir
o produto. Visto que todo usuário precisa fazer uma conta com um endereço de e-mail
para acessar o conteúdo do “applica”, este segmento limita-se a todos que tem vontade de
investir ou se interessam pela área de investimentos, tem condições de possuir um
smartphone e tem um endereço de e-mail ainda não cadastrado no banco de dados do
aplicativo.
Por fim, mercado-alvo é o que a empresa decide atender, direcionando seus produtos e
campanhas às pessoas que se encontram neste grupo. Para o “applica”, este mercado
engloba todos os universitários que atendem aos critérios do disponível qualificado já que
a pesquisa de mercado realizada foi focada para este grupo e será utilizada como base
para importantes definições do modelo de negócio como, por exemplo, o preço do
aplicativo.
5.2.4.2. Proposta de Valor
O aplicativo propõe-se a transferir conhecimento sobre investimentos e mercado
financeiro para os universitários interessados no assunto.
Desse modo, os jovens possuirão a capacidade e o conhecimento necessários para a
realização de bons investimentos, reduzindo outros dois fatores que inibem os jovens de
investir: medo de investir, devido ao risco inerente, e falta de conhecimento, fator mais
votado entre os cinco apresentados no questionário. Poderão, assim, realizar uma gestão
financeira mais eficiente e rentável.
Para que seja possível cumprir a proposta de valor definida, o aplicativo móvel oferecerá
os produtos descritos anteriormente em 5.2.2.
62
5.2.4.3. Relacionamento com Cliente
O relacionamento com clientes será feito pelo próprio aplicativo, através da interação do
usuário com o mesmo.
Além disso, será disponibilizado aos usuários um endereço de e-mail para contato com a
empresa, possibilitando que os clientes relatem quaisquer problemas relativos ao
funcionamento do aplicativo, entre outras dúvidas que possam surgir.
5.2.4.4. Canais de Venda
O download do aplicativo será realizado através das lojas de aplicativos móveis para
smartphones App Store, da Apple e Google Play, utilizada no sistema Android.
5.2.4.5. Fontes de Receita
De acordo com Ehrenhard et al. (2016), há diferentes modos pelos quais um aplicativo
móvel gera receita: pelo pagamento para adquirir o aplicativo; através das opções de
compra integradas ao aplicativo; pela exibição de anúncios; com cobrança de taxas pelo
uso do serviço; ou pelo chamado modelo freemium.
O modelo freemium é uma junção do modelo gratuito com o modelo no qual o usuário
deve pagar para acessar determinadas funcionalidades do aplicativo. Desse modo, o app19
consegue atrair os usuários buscam o serviço oferecido de maneira gratuita, e também os
clientes que estão dispostos a pagar determinado valor para que possam acessar mais
conteúdos.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de Cambridge, 80% dos
aplicativos gratuitos oferecidos na plataforma Android utilizam anúncios como o
principal meio de se gerar receita, indicando que o modelo de inclusão de propagandas
representa a opção mais viável para disponibilizar um app no qual não ocorra cobrança
do usuário pelo serviço (DUARTE, 2013).
Assim, para decidir entre os modelos de receita citados anteriormente, analisaram-se as
respostas obtidas na pesquisa de mercado referentes ao preço que os universitários
estariam dispostos a pagar por um aplicativo ou serviço que os auxiliasse a investir.
19 Uma abreviação muito utilizada para aplicativos móveis.
63
Pode-se perceber, a partir do gráfico exposto a seguir, que entre todos os universitários
que demonstraram interesse no aplicativo, incluindo aqueles que já investem e os que
ainda não o fazem, apenas 35% estão dispostos a pagar pelo serviço oferecido.
Gráfico 35: Disposição dos universitários a pagar por um serviço ou aplicativo que os
ajudasse a investir
Fonte: Elaboração própria.
Após essa análise, decidiu-se escolher um modelo híbrido de receita, unindo o modelo de
exibição de anúncios e o modelo freemium, sendo determinado, no momento de
cadastramento do usuário, se este terá uma conta gratuita ou uma conta paga. Acredita-se
que, com essa escolha, será possível atrair os dois públicos, além de possibilitar que, ao
longo do tempo, os usuários da versão gratuita sejam convertidos em usuários premium.
Para os usuários de contas gratuitas, chamadas de contas padrão, haverá a exibição de
anúncios, além de conteúdos mais restritos. No caso dos universitários que possuam uma
conta premium, serão disponibilizados conteúdos exclusivos, além de serem retirados os
anúncios. A tabela 7 contém a relação entre os produtos acessíveis a cada um dos dois
tipos de conta disponíveis.
Tabela 7: Acessibilidade dos tipos de conta
Produtos Conta Padrão Conta Premium
Cards explicativos Incluso Incluso
Resenhas Não incluso Incluso
Análise do perfil de investidor Incluso Incluso
Quiz de avaliação Incluso Incluso
Simulador Incluso* Incluso
Fonte: Elaboração própria.
35%
65%
Estaria disposto a
pagar
Não estaria disposto a
pagar
64
*Incluso, porém com limite de 3 simulações por mês.
Para determinar o preço cobrado na conta premium, uma nova análise foi realizada, com
base nas respostas da pesquisa conduzida com os universitários.
Foram feitas duas perguntas aos entrevistados em relação ao valor que estariam dispostos
a pagar pelo aplicativo. Primeiro, questionou-se quanto eles estariam dispostos a pagar
para adquirir o serviço oferecido, caso o pagamento fosse feito uma única vez, ou seja, o
usuário pagaria um valor para adquirir determinado material, sendo necessário um novo
pagamento a cada novo material desejado.
Gráfico 36: Preço que os universitários estariam dispostos a pagar para adquirir esse
serviço (pagamento único)
Fonte: Elaboração própria.
Em seguida, foi perguntado o quanto os potenciais usuários estariam dispostos a pagar,
mensalmente, para ter acesso a todo o conteúdo oferecido pelo aplicativo, em um modelo
semelhante ao de uma assinatura.
Gráfico 37: Preço que os universitários estariam dispostos a pagar por uma assinatura
desse serviço ou aplicativo (pagamento mensal)
Fonte: Elaboração própria.
9%
25%
8%
11%10%
10%
9%
18% Até R$5,00
Entre R$5,01 e R$10,00
Entre R$10,01 e R$15,00
Entre R$15,01 e R$20,00
Entre R$20,01 e R$30,00
Entre R$30,01 e R$40,00
Entre R$40,01 e R$50,00
Mais que R$50,01
39%
22%
19%
11%
5%
1%1% 2%
Até R$5,00
Entre R$5,01 e R$10,00
Entre R$10,01 e R$15,00
Entre R$15,01 e R$20,00
Entre R$20,01 e R$30,00
Entre R$30,01 e R$40,00
Entre R$40,01 e R$50,00
Mais que R$50,01
65
Vale observar que, enquanto 25% dos entrevistados que estão dispostos a pagar pelo
aplicativo afirmam pagar até R$10,00 por conteúdo, aproximadamente a mesma parcela,
22%, afirma pagar até R$10,00 mensalmente, para ter acesso a todo o material disponível.
Devido à maior previsibilidade de receita ocasionada pelo modelo de pagamento mensal,
decidiu-se pelo modelo de cobrança mensal para as contas premium, no valor de R$5,00,
já que aproximadamente 40% dos entrevistados afirmaram pagar até R$5,00 mensais.
Em relação às receitas geradas a partir da exibição de anúncios no aplicativo, tomou-se
como base a plataforma gratuita do Google chamada AdMob.
De acordo com Ehrenhard et al. (2016), o uso de plataformas compartilhadas possibilita
aos empreendedores uma redução nos custos relacionados à Tecnologia da Informação.
Muitas plataformas são usadas gratuitamente, pois o objetivo de seus criadores é
aumentar o número de usuários e, assim, criar valor para a plataforma.
Através da AdMob, o proprietário do aplicativo escolhe primeiro o formato de anúncio
que será exibido em seu app entre três opções: a) banners, que são exibidos na parte
superior ou inferior da tela do aplicativo e são expandidos após o clique o usuário; b)
intersticiais, que correspondem aos anúncios de página inteira exibidos no aplicativo em
intervalos determinados ou em pontos de transição, como ao final de uma fase de um
jogo; e c) anúncios em vídeo, que oferecem ao usuário a opção de pular a exibição após
cinco segundos.
Figura 5: Exemplos de anúncio em banner, intersticial e em vídeo, respectivamente.
66
Fonte: AdMob.
Feita a seleção do formato, a próxima escolha é em relação ao conteúdo do anúncio
exibido no aplicativo. A plataforma oferece o uso de filtros de categoria para determinar
os assuntos que podem ser abordados nos anúncios, além de decidir quando e onde as
propagandas serão exibidas.
De acordo com Yang (2018), a receita gerada pela exibição das propagandas no aplicativo
é calculada com base no conceito de Receita Por mil Impressões (RPI), tradução do termo
Revenue per 1000 Impressions. Cada visualização do anúncio feita pelos usuários é
considerada uma impressão.
O valor pago por cada conjunto de mil impressões não é um valor fixo predeterminado
pelo Google, pois ele variará de acordo com o montante que os anunciantes estão
dispostos a pagar pela oferta dos anúncios, da quantidade de cliques que a propaganda
obterá, do tipo de anúncio, entre outros fatores.
Entretanto, os preços de uma RPM variam na faixa de U$1,50 a U$7,50. Assim, caso o
aplicativo tenha uma RPM no valor de U$6,00 e possua 10.000 acessos em uma semana,
isso corresponderá a uma receita de $60,00, já que o valor da RPM é para um conjunto
de mil visualizações do anúncio.
Portanto, o tipo de anúncio escolhido é o banner, pois acredita-se que este possua maior
frequência de exibição, gerando um número maior de impressões.
Além disso, decidiu-se pela restrição do conteúdo das propagandas exibidas no app ao
assunto de finanças, para que os usuários não sejam abordados por anúncios de assuntos
muito divergentes e se sintam incomodados. A AdMob possui 44 categorias de anúncios
relacionados a esse tema em sua lista de assuntos disponíveis.
5.2.4.6. Parceiros Chave
Os principais parceiros chave no modelo de negócio proposto são as universidades, as
redes sociais, as plataformas desenvolvedoras de aplicativos móveis e as empresas
Google e Apple.
As universidades terão o importante papel de divulgação do aplicativo, através de
participação em eventos dos diferentes cursos, palestras sobre educação e gestão
67
financeira, ou outros eventos que explicitem aos universitários a proposta de valor
oferecida pelo app.
Assim como as universidades, o papel desempenhado pelas redes sociais também é de
divulgação do app. Páginas do aplicativo serão criadas nas redes sociais mais utilizadas
pelos brasileiros, como Facebook, Twitter e Instagram, para que seja possível atrair mais
usuários.
Os desenvolvedores de aplicativos, representados por plataformas online, serão
responsáveis não apenas pela criação do app, com design e funcionalidades específicos,
mas também pelo registro dos usuários e de suas atividades no aplicativo. São
responsáveis, portanto, pela criação e manutenção do app.
As empresas Google e Apple atuam como parceiras do aplicativo, pois são as
responsáveis pelas lojas nas quais será disponibilizado o app.
5.2.4.7. Atividades Chave
As atividades chave da empresa podem ser divididas em dois grupos: atividades
operacionais e atividades de divulgação.
Para garantir o funcionamento do aplicativo e a entrega da proposta de valor, as atividades
de criação de conteúdo, tanto de cards e resenhas, quanto do quiz, análise do perfil de
investidor e simulador, são de extrema importância, correspondendo às atividades
operacionais. O contato com usuários, visando sanar todas as dúvidas que estes possam
ter, também integra esse grupo de atividades, assim como o envio de notificações aos
clientes quando estes estiverem acessando pouco o app ou quando novos conteúdos forem
adicionados.
As atividades de divulgação do aplicativo, dado o estágio incipiente no qual a empresa se
encontra, também são extremamente importantes. Elas são as responsáveis por difundir o
uso do aplicativo nas universidades, impulsionando os downloads e cadastramentos de
usuários e, consequentemente, a receita da empresa. Consistem em participação em
eventos nas faculdades, palestras sobre a importância da gestão financeira, entre outras
atividades em universidades, além de divulgação através de redes sociais.
5.2.4.8. Recursos Chave
68
De acordo com Koerbel (2018), diferentes profissionais integram a equipe responsável
pelo desenvolvimento do aplicativo. São eles:
Designer: profissional responsável por elaborar o desenho das interfaces do
aplicativo, primando pela usabilidade, elemento fundamental para o sucesso do
aplicativo.
Web designer: responsável por aplicar o desenho desenvolvido pelo designer
usando as tecnologias necessárias.
Analista de sistemas: este profissional deve possuir total entendimento das
necessidades do aplicativo para, então, especificar por escrito o que precisa ser
executado no projeto. Geralmente, possui conhecimento em desenvolvimento de
software, podendo auxiliar também na programação.
Arquiteto de software: responsável por definir a arquitetura técnica que melhor se
encaixa no projeto. Também costuma participar da fase de programação, ficando
responsável pelas partes mais complexas do desenvolvimento.
Desenvolvedor ou programador: a partir das especificações do projeto fornecidas
pelo analista de sistemas e da definição da arquitetura técnica definida pelo
arquiteto de software, o programador desenvolve o código do aplicativo. O código
fonte realiza a conexão entre o banco de dados e a camada visual, responsável
pela leitura, gravação e exposição das informações. A função desempenhada pelo
desenvolvedor representa, aproximadamente, 50% do esforço total de um projeto
de desenvolvimento de aplicativo móvel.
Analista de banco de dados: responsável por definir a arquitetura do banco de
dados e auxiliar na criação de comandos utilizados para tratar e manipular os
dados. Essa função, entretanto, pode ser exercida pelo analista de sistemas ou pelo
arquiteto de software em empresas menores, já que o volume de dados a serem
tratados é relativamente baixo, não havendo necessidade de dedicar um
profissional exclusivamente para essa função.
Analista de testes: responsável pela etapa de validação do app, na qual é conferido
se o código desenvolvido desempenha todas as funções especificadas pelo analista
de sistemas, e se não há nenhum erro no uso do aplicativo. Assim como o analista
de dados, essa função também pode ser exercida pelo próprio analista de sistemas,
no caso de empresas menores.
69
Além desses profissionais, é necessário um gerente de projetos, responsável pela
supervisão do desenvolvimento do aplicativo, garantindo que os prazos definidos serão
respeitados e cumpridos, e um gerente financeiro, encarregado de realizar a gestão
financeira da empresa.
Figura 6: Organograma de uma empresa criadora de aplicativo.
Fonte: Elaboração própria.
Entretanto, devido ao estágio embrionário no qual se encontra o aplicativo proposto,
algumas funções descritas anteriormente serão incorporadas pelas sócias fundadoras,
enquanto outras serão terceirizadas.
O desenvolvimento do código do aplicativo, função desempenhada pelo programador,
será terceirizada, sendo utilizado um site de desenvolvimento de apps. A plataforma de
desenvolvimento também exercerá as funções do arquiteto de software e do web designer.
Assim, esses três cargos deixarão de existir.
Os outros cargos serão incorporados pelas duas sócias, além de outras duas funções: a
elaboração de conteúdo e as ações de marketing.
Dessa forma, a estrutura da empresa ficará mais enxuta, reduzindo os custos fixos nesta
fase inicial de criação e desenvolvimento do aplicativo. Os cargos serão divididos entre
as duas sócias da seguinte maneira:
Diretora de operações: analista de sistemas, analista de banco de dados, analista
de testes e gerente de projetos.
Diretora financeira: criador de conteúdo, analista de marketing e gerente
financeiro.
O designer é a pessoa encarregada por planejar e criar a interface do aplicativo,
determinando como será a interação da empresa com o cliente. Fica sob sua
70
responsabilidade a garantia de dinamismo e usabilidade ao app, além do apelo visual,
fatores determinantes no grau de satisfação do usuário com o serviço oferecido.
Desse modo, a função do designer será desempenhada pelas duas sócias, conjuntamente,
buscando garantir as melhores características possíveis ao aplicativo e, assim, uma maior
retenção de usuários.
Figura 7: Organograma enxuto.
Fonte: Elaboração própria.
Tabela 8: Funções incorporadas pelas sócias.
Cargo Funções Incorporadas
Diretora de
Operações
Analista de Sistemas
Analista de Banco de Dados
Analista de Testes
Gerente de Projetos
Diretora
Financeira
Criador de Conteúdo
Analista de Marketing
Gerente Financeiro
Fonte: Elaboração própria.
5.2.4.9. Estrutura de Custos
Diretora de Operações
Diretora Financeira
71
Devido à estrutura enxuta adota pela empresa, os gastos relativos ao capital humano são
representados apenas pela remuneração das sócias, visto que elas desempenharão os
papéis necessários ao funcionamento da empresa. Além disso, não haverá gasto com
aluguel, pois as mesmas trabalharão no modelo home office20.
O custo fixo relativo à plataforma App Machine, no plano selecionado, corresponde à
U$49,00 por mês, aproximadamente R$190,12, totalizando um custo anual de
R$2.281,44.
Em relação às taxas cobradas pelas lojas de aplicativos nas quais será disponibilizado o
aplicativo, a Apple Store cobra o valor de U$99,00, aproximadamente R$384,00, por ano,
enquanto a Google Play cobra uma taxa de U$25,00, aproximadamente R$97,00, uma
única vez.
Além disso, será disponibilizado um valor mensal inicial de R$100,00 para as ações de
marketing através de anúncios patrocinados em redes sociais.
5.2.5. Limitações
É importante ressaltar que, apesar de disponibilizar conteúdos relacionados a
investimentos e diferentes produtos financeiros, o aplicativo proposto não desempenha as
funções de venda nem de distribuição de produtos, nem representa qualquer instituição
financeira.
Além disso, as previsões feitas na funcionalidade de Simulações são apenas estimativas
da empresa em relação às performances de produtos e índices no futuro, não possuindo a
intenção de transmitir qualquer certeza em relação aos rendimentos analisados.
Por fim, a avaliação de perfil do investidor não configura uma recomendação de
composição de portfólio, mas apenas uma sugestão de como o usuário deve distribuir suas
reservas entre os diferentes tipos de produtos.
5.2.6. Análise Setorial
Para finalizar o capítulo de modelo de negócio, será apresentada uma análise do setor,
elaborada a partir de duas ferramentas de análise estratégica: as cinco forças de Porter e
a análise SWOT.
20 O modelo home office é aquele em que as pessoas trabalham em suas próprias casas, reduzindo o custo
fixo gasto com aluguel e toda a estrutura requerida por um escritório.
72
5.2.6.1. As Cinco Forças de Porter
Publicada por Michael Porter em 1980, no seu livro intitulado “Estratégia Competitiva”,
o então chamado Modelo das Cinco Forças, conhecido por todos como Modelo das Cinco
Forças de Porter, é utilizado para realizar análises setoriais de oferta e demanda em
mercados individuais.
De acordo com Ghemawat (2012), por possuir foco nas “cinco forças” de negócios e não
de políticas públicas, enfatizar o aumento da concorrência visando criar valor ao invés da
simples competição entre rivais existentes e por sua facilidade de aplicação, o modelo é
amplamente utilizado.
Nesse modelo, a rivalidade entre concorrentes é apenas uma das forças, sendo elas:
Ameaça dos Concorrentes: diz respeito à perda ou anulação, ocasionada pela
concorrência, do valor oferecido por uma empresa. Número e tamanho dos
concorrentes, custos fixos elevados, crescimento lento da indústria, representam
alguns dos fatores que determinam a intensidade dessa ameaça, entre outros.
Ameaça de Novos Entrantes: o conceito base para avaliar a intensidade da ameaça
de novos entrantes é o de barreira de entrada. Barreiras de entrada existem sempre
que é difícil ou economicamente inviável para uma empresa de fora do setor
ocupar a mesma posição das empresas já estabelecidas no setor. Podem ser
referentes a questões legais ou governamentais, mas as mais comuns são a escala
e o investimento necessários para que seja possível atuar em determinada indústria
de maneira lucrativa.
Ameaça dos Substitutos: essa força diz respeito ao grau de facilidade com o qual
um produto ou serviço oferecido por uma empresa pode ser substituído por outro
produto ou serviço diferente, oferecendo os mesmos benefícios procurados pelo
consumidor. Considera-se como produto ou serviço diferente qualquer forma de
realizar funções semelhantes para o cliente, por mais que não possua similaridade
física.
Poder de Barganha do Comprador: diz respeito ao poder que os consumidores têm
de pressionar as margens setoriais, forçando os ofertantes a reduzirem o preço ou
aumentarem a qualidade e eficiência dos bens e serviços ofertados. O número de
compradores, o volume de compra de cada um deles em relação à oferta e o grau
73
de assimetria de informações são aspectos que influenciam na determinação da
força dos compradores.
Poder de Barganha do Fornecedor: bastante similar ao poder de barganha do
comprador, reflete o poder que o fornecedor possui sobre os preços
disponibilizados por ele ao ofertante do bem ou serviço. Leva em consideração,
principalmente, o grau de concentração dos fornecedores em relação aos
concorrentes e o nível de diferenciação dos insumos fornecidos.
O setor de atuação considerado para o aplicativo aqui proposto é o setor de serviços de
informação, mais especificamente o de exibição de conteúdo sobre investimentos e
assuntos correlatos de maneira online, permitindo também a interação do usuário. Nele,
encontram-se blogs, sites e aplicativos, além de quaisquer outros meios digitais pelos
quais uma pessoa possa adquirir conhecimento específico na área de finanças pessoais.
O setor analisado demanda custos fixos baixos, visto que estes são representados,
praticamente em sua totalidade, apenas pelo custo incorrido na criação de um site, blog
ou aplicativo e em algumas licenças para disponibilizar o download nas lojas online, no
caso dos aplicativos.
Em relação ao número de concorrentes, há diversas opções de aplicativos e sites nos quais
são publicadas análises do setor ou de determinados ativos. De acordo com o blog
Focalise (2017), há muitas opções, como: o app Investing, líder mundial para o
acompanhamento financeiro de diversos produtos; o Tesouro Direto, aplicativo que traz
análises de séries históricas e das rentabilidades esperadas para os títulos do Tesouro
Direto; o site e app do InfoMoney, que publica notícias relevantes do mercado financeiro;
a empresa Empiricus que, através de seu site e lista de mailing, publica e envia ideias com
sugestões de investimento aos seus assinantes (EMPIRICUS); o Portal do Investidor da
CVM, que aborda diferentes temas relacionados a investimentos através de infográficos,
apresentações e outros formatos; entre outros.
Percebe-se, portanto, que o setor é bastante pulverizado, e possui custo fixo baixo. Assim,
pode-se concluir que a rivalidade entre os concorrentes é acirrada, sendo necessário
oferecer algum diferencial para se destacar nesse setor, que será abordado no item 5.2.6.2.
Além de baixo custo fixo, o investimento necessário para entrar no setor de informação
através de meios digitais também é baixo, visto que não requer uma equipe grande, espaço
74
exclusivo nem investimentos em ativos imobilizados, não possuindo, portanto, fortes
barreiras de entrada.
Além disso, é possível obter ganhos de escala, já que a maior parte dos aplicativos e sites
possui acesso ilimitado, sendo possível, com o mesmo investimento, alcançar mais
usuários.
Desse modo, a ameaça de novos entrantes é grande, visto que não há barreiras de entrada
e há grandes ganhos de escala através do aumento da base de usuários.
Livros sobre investimentos e mercado financeiro, assim como cursos presenciais sobre
estes temas, são considerados os produtos substitutos aos meios digitais de informação
nesses assuntos. Tanto os livros quanto os cursos, na grande maioria, exigem do cliente
um pagamento, além de representarem meios físicos, no caso dos livros, ou demandarem
a presença do consumidor no local de aula, no caso dos cursos.
Assim, devido à maior praticidade e rapidez para adquirir conhecimento e, geralmente,
ao menor custo gerado ao cliente, características dos meios digitais, a ameaça de produtos
substitutos pode ser considerada baixa.
Os dados da pesquisa de mercado realizada com jovens universitários mostram que, dos
312 entrevistados, 281 deles, aproximadamente 90%, possuem interesse em serviços que
transmitam conhecimento sobre finanças pessoais, apenas 35% estão dispostos a pagar
por este serviço.
Assim, fica claro que os consumidores têm o poder de influenciar fortemente a política
de preços adotada pelos diferentes meios digitais que oferecem esse tipo de conteúdo,
possuindo grande poder de barganha. Uma evidência é o fato de a grande maioria de sites
e aplicativos disponibilizar seus conteúdos de maneira gratuita ou por valores muito
baixos.
As ferramentas de criação de aplicativos, assim como as empresas que possuem lojas
onde os apps são disponibilizados, são consideradas os fornecedores dos meios digitais.
Em relação às ferramentas de criação, devido a grande oferta das mesmas e ao baixo grau
de diferenciação entre elas, já que todas costumam ofertar as mesmas funcionalidades por
preços similares, pode-se considerar que possuem baixo poder de barganha.
75
As lojas de aplicativo são, basicamente, a Google Play e a App Store, já que, de acordo
com a consultoria de inteligência de mercado IDC (2018), mais de 99% dos smartphones
no mundo utilizam o sistema operacional de uma delas: o sistema Android, do Google,
ou o sistema iOS, da Apple. Assim, considera-se que elas possuem alto poder de
barganha, visto que para que um aplicativo tenha uma grande base de usuários, ele deverá
ser disponibilizado em ao menos uma dessas duas lojas.
Apesar do poder de barganha das empresas que produzem aplicativos ser baixo, acredita-
se que o poder de barganha das empresas provedoras de lojas de aplicativos possui um
peso maior, já que a disponibilização do app nas lojas é essencial para que o mesmo seja
adquirido pelos usuários. Assim, considera-se que o poder de barganha dos fornecedores
é alto.
Pode-se concluir, portanto, que uma empresa que atue no setor analisado enfrenta uma
competição acirrada entre seus concorrentes existentes, além de grande ameaça
representada pelos novos entrantes, em vista da baixa força ou inexistência de barreiras
de entradas. Além disso, os consumidores possuem grande poder de barganha, sendo eles
os principais determinantes da política de preços das empresas desse setor.
Figura 8: Análise das cinco forças de Porter.
Fonte: Elaboração própria.
76
Desse modo, uma organização integrante desse setor deve dar atenção especial às
necessidades dos consumidores, visando oferecer um produto com algum diferencial em
relação aos seus concorrentes, e estar sempre atenta às possíveis inovações trazidas por
novos entrantes.
5.2.6.2. Análise SWOT
A sigla SWOT significa Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças (Strengths,
Weakmesses, Opportunities e Threats, em inglês). É uma ferramenta que busca analisar
as forças e fraquezas internas de determinada empresa, e as oportunidades e ameaças
externas oferecidas a ela pelo seu setor de atuação.
Essa ferramenta foi desenvolvida na década de 1960, por professores da Harvard Business
School, a partir de discussões sobre estratégias de negócio.
Através dessa análise, as forças e fraquezas do ambiente interno são analisadas dentro das
ameaças e oportunidades oferecidas pelo ambiente externo, possibilitando o
desenvolvimento de planos de ação em diferentes cenários possíveis, criando as seguintes
estratégias:
Estratégia de sobrevivência: análise das fraquezas nos cenários de ameaça.
Estratégia de manutenção: análise das forças nos cenários de ameaça.
Estratégia de crescimento: análise das fraquezas nos cenários de oportunidade.
Estratégia de desenvolvimento: análise das forças nos cenários de oportunidade.
77
Figura 9: Análise SWOT.
Fonte: Elaboração própria.
A seguir, são listadas as forças e fraquezas do aplicativo proposto, assim como as
possíveis oportunidades e ameaças oferecidas pelo setor.
Forças
o Avaliação do conteúdo em forma de quiz, algo não oferecido por outros
aplicativos e sites analisados.
o Consolidação de diferentes tipos de conteúdo e ferramentas em uma única
plataforma.
o Opção de escolha entre contas gratuitas e contas premium, atendendo
todos os públicos.
o Aplicativo de fácil usabilidade e prático.
o Uso de uma ferramenta de criação de aplicativo, reduzindo o custo fixo de
folha salarial da empresa.
Fraquezas:
o Baixo grau de senioridade das sócias fundadoras, devido à recente
graduação.
Fraquezas Forças
Am
eaça
sESTRATÉGIA DE
SOBREVIVÊNCIA
ESTRATÉGIA DE
MANUTENÇÃOO
port
unid
ades
ESTRATÉGIA DE
CRESCIMENTO
ESTRATÉGIA DE
DESENVOLVIMENTOAM
BIE
NTE
EXT
ERN
O
Pred
omin
ânci
a de
AMBIENTE INTERNO
Predominância de
78
o Uso de uma ferramenta de criação de aplicativo, ficando limitado às
funcionalidades e opções de design por ela oferecidas.
o Dependência da internet para acesso ao conteúdo do aplicativo.
o Disponibilidade apenas em smartphones, já que não possui um site para
acesso em computadores ou notebooks.
Oportunidades:
o Grande interesse dos jovens universitários em um serviço ou app que
aumente o conhecimento deles em investimentos e assuntos relacionados
a este.
o Possibilidade de parceria com uma das maiores universidades do Rio de
Janeiro, onde o app pode ser divulgado para o público alvo desejado.
o Possível queda da taxa de juros e estabilização econômica do país, criando
a necessidade de investir em produtos mais sofisticados que ofereçam
maiores retornos.
Ameaças:
o Iniciativa do MEC de adicionar o ensino de educação financeira na grade
curricular básica, fazendo com que os jovens adquiram o conhecimento
oferecido pelo app já nas escolas.
o Setor com baixas ou inexistentes barreiras de entrada e competição
acirrada.
o Baixa qualidade da conexão com a internet, impossibilitando o usuário de
acessar o conteúdo do aplicativo.
A partir das forças, fraquezas, ameaças e oportunidades expostas anteriormente, foram
elaboradas as seguintes estratégias a serem implantadas no médio e longo prazo:
Estratégia de sobrevivência: desenvolver, futuramente, a possibilidade de baixar
o conteúdo desejado no próprio aplicativo, para que o usuário possa acessá-lo em
momentos nos quais não possua acesso à internet.
Estratégia de manutenção: desenvolver quiz cada vez mais interativos e
dinâmicos, mantendo a diferenciação do aplicativo em relação aos concorrentes e
novos entrantes.
Estratégia de crescimento: criar um site com as mesmas funcionalidades
oferecidas pelo app, para que os jovens interessados possam acessá-lo em outros
aparelhos além do smartphone, aumentando o alcance de usuários.
79
Estratégia de desenvolvimento: realizar palestras sobre os conteúdos abordados
no aplicativo em universidades, aumentando o conhecimento do “applica” pelos
alunos.
Assim, pode-se concluir, a partir das análises realizadas, que o setor avaliado é um setor
arriscado, tendo em vista que possui muitos concorrentes, baixas barreiras de entrada e
grande possibilidade de economias de escala.
Entretanto, acredita-se que o quiz e o simulador serão dois grandes diferenciais, pois,
além de possibilitar uma maior fixação do conhecimento por parte do usuário e a
comparação entre diferentes produtos, permitirá também a comparação entre diferentes
instituições financeiras, já que o simulador explicitará as taxas cobradas por cada uma.
80
6. Estudo de Viabilidade
Após definir e caracterizar o aplicativo, será apresentado o estudo de viabilidade, através
do qual será possível avaliar a viabilidade econômica do negócio proposto. A partir dessa
análise, será possível tomar a decisão de executar o projeto de criação do aplicativo ou
não.
6.1. Definição das Premissas
Para que seja possível analisar a viabilidade econômica do aplicativo, faz-se necessário
definir as premissas apresentadas nas tabelas 9, 10, 11, 12 e 13 detalhadas em seguida.
Tabela 9: Premissas de receita.
Preço unitário da conta premium R$/mês 5,00
Parcela dos usuários entrantes em conta padrão % 75,00%
Parcela dos usuários entrantes em conta premium % 25,00%
Número inicial de usuários quantidade/mês 240
Número inicial de usuários premium quantidade/mês 180
Número inicial de usuários padrão quantidade/mês 60
Taxa de conversão de clientes padrão em clientes
premium % ao mês 15,00%
Valor gasto com marketing para adquirir um usuário R$/usuário 1,72
Número de impressões por usuário quantidade/mês 16
RPM R$/mil impressões 4,00
Taxa de crescimento do RPM % ao mês 3,00%
Fonte: Elaboração própria.
Tabela 10: Premissas de custos e despesas.
Plataforma de aplicativos U$/mês 49,00
Plataforma de aplicativos R$/mês 190,12
Marketing R$/mês 100,00
Taxa de aumento do Marketing % ao ano sobre valor mensal
absoluto 10,00%
Reserva para contingência % sobre a receita total 10,00%
Remuneração das sócias % sobre o lucro bruto 65,00%
Licença para disponibilização - Google
Play U$ 25,00
Licença para disponibilização - Google
Play R$ 97,00
Licença para disponibilização - App Store U$/ano 99,00
Licença para disponibilização - App Store R$/ano 384,12
Fonte: Elaboração própria.
81
Tabela 11: Premissas temporais.
Início do desenvolvimento do aplicativo data ago-18
Tempo até a disponibilização do aplicativo meses 6
Data de disponibilização do aplicativo data fev-19
Fonte: Elaboração própria.
Tabela 12: Premissas de impostos.
PIS % 0,65%
COFINS % 3,00%
ISS % 5,00%
Base para IR e CSLL % sobre a receita 32,00%
IR % 15,00%
CSLL % 9,00%
Fonte: Elaboração própria.
Tabela 13: Premissas de câmbio e taxa de desconto.
Câmbio R$ 3,88
Taxa de desconto % 35,00%
Fonte: Elaboração própria.
Preço do aplicativo para usuários premium: será cobrado o valor de R$5,00 por
mês, já que, de acordo com a pesquisa de mercado realizada, este é o valor que a
maior parte dos entrevistados estaria disposta a pagar.
Número inicial de usuários: o número inicial de usuários foi determinado com
base na pesquisa de mercado realizada. Nela, 281 entrevistados afirmaram ter
interesse em um aplicativo que os ajudasse a aumentar o conhecimento sobre
investimentos. Entretanto, foi considerada uma margem de erro de 15%. Assim,
o número inicial de usuários será de 240.
Número de usuários premium: será aplicada a taxa de 25% sobre o número inicial
de usuários. Apesar de ter sido obtido na pesquisa o percentual de 35% para
pessoas dispostas a pagar pelo app, acredita-se que essas pessoas irão,
inicialmente, se cadastrar como usuários padrão para, depois, migrar para a conta
premium.
Essa taxa será, portanto, aplicada também nos meses seguintes, sobre o número
de novos usuários, para calcular quantos ingressarão nas contas premium.
Número de usuários padrão: será aplicada a taxa de 75% sobre o número inicial
de usuários. Essa taxa será aplicada nos meses seguintes, sobre o número de novos
usuários, para calcular quantos ingressarão nas contas padrão.
82
Valor gasto com marketing para adquirir um usuário: para calcular a taxa de
crescimento do número de usuários, buscou-se calcular qual seria o alcance das
ações de marketing promovidas pela empresa para, em seguida, aplicar a taxa de
90% de conversão em usuário, obtida a partir da pesquisa de mercado.
Foram consideradas apenas as ações de publicidade realizadas através de redes
sociais e de distribuição de material físico, como flyers, já que não havia dados
suficientes para estimar o alcance obtido com palestras em universidades.
De acordo com Burney (2018), cada US1,00 utilizado em anúncios patrocinados
por redes sociais gera 0,72 iteração com usuários. Utilizando R$75,00 da verba
destinada à marketing com anúncios patrocinados, aproximadamente U$19,33, o
alcance atingido será de 14 pessoas.
Além disso, do total de flyers distribuído, espera-se que 50% represente o alcance
real, dado que a outra parcela não lerá o flyer. Com o orçamento de R$25,00, é
possível produzir 100 unidades de flyers. Assim, o alcance dessa ação será de 50
pessoas.
Desse modo, dedicando R$100,00 às ações de marketing, será obtido um alcance
total de 64 pessoas, resultando na geração de 58 novos usuários.
Chega-se, portanto, à conclusão de que é necessário um gasto em marketing no
valor de R$1,72 para aumentar o número de usuários em uma unidade.
Taxa de conversão de clientes padrão em clientes premium: estima-se que, a partir
do segundo mês de funcionamento do aplicativo, haverá uma conversão de
usuários padrão em usuários premium, de maneira orgânica, na taxa de 15%.
Número de impressões por semana por usuário: cada usuário acessará o aplicativo
duas vezes por semana e o tempo gasto em cada acesso corresponderá a duas
impressões. Assim, cada usuário contribuirá com quatro impressões por semana,
totalizando 16 impressões por mês.
Valor pago pelas impressões: por ser um aplicativo novo, com baixa capilaridade,
estimou-se o valor de U$1,50 para o RPM.
Taxa de crescimento do valor pago pelas impressões: utilizou-se uma taxa de
aumento do valor pago pelas impressões de 3% ao mês.
Valor pago para a plataforma de criação de aplicativos: valor mensal de U$49,00,
pago à empresa escolhida.
Remuneração das sócias: equivalente à taxa de 65% sobre o lucro bruto.
83
Licença de uso na Google Play: valor de U$25,00, pago uma única vez para
disponibilizar o aplicativo na loja Google Play.
Licença de uso da Apple App Store: valor de U$99,00, pago anualmente para
disponibilizar o aplicativo na loja App Store.
Montante inicial destinado às ações de marketing: valor mensal de R$100,00,
destinado às diferentes ações de marketing, durante o primeiro ano.
Taxa de crescimento no montante destinado às ações de marketing: será utilizada
uma taxa de crescimento anual de 10%, a ser aplicada no montante mensal
destinado às ações de marketing.
Reserva de contingência: o percentual de 10% sobre as receitas foi utilizado como
contingência.
Impostos: foi utilizado o método do Lucro Presumido.
Taxa de desconto: foi utilizado o valor de 35%, já que os investidores de start-
ups, categoria que engloba os aplicativos, esperam um retorno entre 31% e 40%
(VENTURE GIANTS, 2018).
6.2. TIR, VPL, e Payback
Definidas as premissas, foi elaborada uma projeção, para o período de cinco anos, dos
resultados obtidos, para que fosse possível calcular os seguintes indicadores: TIR, VPL,
e payback.
A tabela 14 apresenta os valores obtidos para os indicadores propostos.
Tabela 14: Resultados da análise de viabilidade.
TIR 50,94%
VPL à taxa de desconto de 35% R$ 1.870,99
Payback 1 ano e 9 meses
Fonte: Elaboração própria.
Assim, considerando o cenário base obtido a partir das premissas apresentadas nas tabelas
9, 10, 11, 12 e 13, pode-se concluir que o projeto é economicamente viável, já que possui
um VPL positivo e sua TIR é superior à taxa de retorno requerida por investidores do
setor de aplicativos e startups. Em relação ao payback, o tempo necessário para recuperar
o investimento realizado é de um ano e nove meses, o que indica que o valor investido
possui o caráter de iliquidez durante esse período.
84
Para que seja possível avaliar o impacto ocasionado por mudanças nas principais
premissas utilizadas, foram elaboradas tabelas de análise de sensibilidade da TIR em
relação a mudanças nos valores utilizados no cenário base.
Tabela 15: Preço da conta x número inicial de usuários.
Preço da Conta Premium
50,94% 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00
Nú
mer
o
Inic
ial
de
Usu
ári
os
220 16,71% 25,81% 34,30% 42,30% 49,93%
230 17,03% 26,17% 34,70% 42,76% 50,43%
240 17,35% 26,53% 35,11% 43,21% 50,94%
250 17,67% 26,90% 35,51% 43,66% 51,44%
260 18,00% 27,26% 35,92% 44,12% 51,94%
Fonte: Elaboração própria.
A tabela 15 mostra que uma redução de 50 centavos no preço cobrado pelo aplicativo nas
contas premium reduz a TIR em 7,73 pontos percentuais, enquanto um aumento de 10
usuários corresponde a um aumento de 0,50 pontos percentuais. Assim, percebe-se que o
impacto da redução do preço do app é bastante superior ao do aumento da base inicial de
usuários.
Tabela 16: Valor gasto com marketing para adquirir um usuário x número inicial de
usuários
Valor Gasto com Marketing para Adquirir
um Usuário
50,94% 1,52 1,62 1,72 1,82 1,92
Nú
mer
o
Inic
ial
de
Usu
ári
os
220 59,17% 54,35% 49,93% 45,86% 42,07%
230 59,66% 54,85% 50,43% 46,36% 42,58%
240 60,16% 55,35% 50,94% 46,86% 43,08%
250 60,66% 55,85% 51,44% 47,37% 43,59%
260 61,16% 56,35% 51,94% 47,87% 44,10%
Fonte: Elaboração própria.
Em relação à tabela 16, constata-se que uma mudança de 10 centavos no valor gasto em
ações de marketing para atrair um novo usuário resulta em uma alteração de 4,07 pontos
percentuais na TIR, sendo, também, superior ao impacto da mudança no número inicial
de usuários.
85
Tabela 17: Preço da conta x taxa de conversão de usuários.
Custo Mensal com a Plataforma de
Aplicativos
50,94% 29 39 49 59 69
Nú
mer
o
Inic
ial
de
Usu
ári
os
220 77,65% 61,90% 49,93% 40,36% 32,40%
230 78,38% 62,48% 50,43% 40,79% 32,79%
240 79,11% 63,08% 50,94% 41,23% 33,18%
250 79,84% 63,67% 51,44% 41,67% 33,57%
260 80,58% 64,27% 51,94% 42,11% 33,97%
Fonte: Elaboração própria.
Ao analisar a tabela 17, é possível perceber uma variação de 9,71 pontos percentuais na
TIR devido a uma variação de U$10,00 no valor pago à plataforma de criação do
aplicativo. Assim, caso haja um aumento no custo relativo à ferramenta de criação nesse
montante, seria necessário praticamente dobrar o número inicial de usuários para voltar a
atingir a TIR original.
Tabela 18: Custo mensal com a plataforma de aplicativos x número inicial de usuários.
Preço da Conta Premium
50,94% 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00
Taxa d
e
Con
ver
são d
e
Usu
ári
os
10,00% 11,41% 20,13% 28,25% 35,90% 43,19%
12,50% 14,42% 23,38% 31,72% 39,60% 47,11%
15,00% 17,35% 26,53% 35,11% 43,21% 50,94%
17,50% 20,20% 29,61% 38,41% 46,73% 54,68%
20,00% 22,98% 32,62% 41,64% 50,19% 58,36%
Fonte: Elaboração própria.
Na tabela 18, fica evidente que uma alteração no preço da conta premium no valor de 50
centavos resulta em mudança de 7,29 pontos percentuais na TIR, enquanto o impacto
menor de 2,93 pontos percentuais é gerado a partir de uma variação de 2,5 pontos
percentuais na taxa de conversão de usuários
Desse modo, pode-se concluir que, entre as variáveis avaliadas nas análises de
sensibilidades, a que possui maior impacto na TIR é o valor mensal cobrado pela
plataforma de aplicativos, seguida do preço cobrado nas contas premium, o que faz com
que essas duas variáveis possam influenciar significativamente o retorno obtido pelo app.
86
7. Conclusão
Devido a um cenário brasileiro onde a educação financeira não recebe a devida
importância e a maior parte da população não tem um perfil poupador, não se preocupa
em fazer um planejamento orçamentário e é movida pelo consumo, buscou-se criar um
modelo de negócio que suprisse esta carência e, assim, auxiliasse no aumento do nível de
conhecimento do país no tema, contribuindo para o desenvolvimento do mesmo.
Para verificar a existência dessa necessidade, foi feita uma pesquisa de mercado focada
nos universitários, visto que estes são, em sua maioria, um público que já passou por
considerável parte da sua formação e está começando a ter uma fonte de renda própria.
Esta pesquisa, além de comprovar o interesse dos universitários em um serviço ou produto
voltado para a área de investimentos, ainda mostrou que a grande maioria já investe
atualmente.
Confrontando a situação do país e a demanda do mercado, o modelo de negócio foi
estruturado para um aplicativo voltado para educação financeira com foco no
conhecimento em investimentos. Dado que há diversos players se propondo a entregar o
mesmo e que o setor é arriscado, o “applica”, nome criado para o aplicativo, foi pensado
para ter, como diferencial, a facilidade e praticidade de encontrar tudo que é necessário
para ser um conhecedor da área em um só lugar, alem de proporcionar aos usuários o
conhecimento sobre as diferentes taxas cobradas pelas instituições financeiras, que
podem reduzir significativamente o rendimento obtido pelo investidor.
O “applica” oferece seções de conteúdo para o usuário adquirir conhecimento que podem
ser rápidas e dinâmicas, como os cards, e densas e detalhadas, como as resenhas. Entre
os produtos, estão também a análise de perfil do investidor, para indicar ao usuário o
perfil dele, e o simulador, o qual o auxilia na comparação do rendimento dos produtos e
no conhecimento, por parte do investidor, dos diferentes valores pagos por ele devido a
taxas cobradas pelos bancos e impostos sobre os rendimentos obtidos. Por fim, há o quiz,
outro diferencial do “applica” já que não se encontrou atuantes no mercado
disponibilizando um modo de avaliação do aprendizado.
O projeto, apesar das limitações de materiais disponíveis sobre o modelo de negócio de
um aplicativo, principalmente no que se refere à estrutura de custos e receitas, foi avaliado
com as metodologias financeiras tradicionais e se mostrou ser viável.
87
Diante disso, sugere-se para futuros estudos a estruturação e análise de novos modelos de
negócio direcionados para a educação financeira, visto que o “applica” concentra-se na
parte de investimentos e a população brasileira carece também de outros temas como a
realização do orçamento pessoal ou familiar, o planejamento previdenciário e a gestão de
dívidas.
Propõe-se também o aprofundamento da pesquisa de mercado feita no presente projeto,
ampliando a mesma a nível nacional, com o intuito de comprovar para o Brasil o que foi
confirmado para os universitários das faculdades participantes.
88
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93
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YANG, H., 2018. Novidade! Admob do Google: gere mais receita com seus aplicativos.
Disponível em: <https://blog.fabricadeaplicativos.com.br/fabrica/admob-google-app/>.
Acesso em: 26 jun. 2018.
94
9. Anexos
9.1. Questionário da Pesquisa de Mercado
Para todos:
Q1. Qual é a sua idade? (Resposta Única – RU)
a. Menor que 18
b. Entre 18 e 22
c. Entre 23 e 27
d. Maior que 27
Q2. Qual é o seu sexo? (RU)
a. Feminino
b. Masculino
Q3. Em qual faculdade você estuda? (RU)
a. UFRJ
b. PUC
c. UNIGRANRIO
d. IBMR
e. UFF
f. UERJ
g. IBMEC
h. UNIRIO
i. Veiga de Almeida
j. Estácio
k. FGV
l. UNESP
m. Unig
Q4. Seu curso é de qual área? (RU)
a. Ciências Exatas
b. Ciências Humanas
c. Ciências Biológicas e da Saúde
d. Ciências Sociais Aplicadas
Q5. Qual é o seu período? (RU)
a. 1º
b. 2º
c. 3º
d. 4º
e. 5º
f. 6º
g. 7º
h. 8º
i. 9º
95
j. 10º ou superior
Q6. Você tem alguma fonte de renda (estágio, trabalho, monitoria, etc)? (RU)
a. Sim
b. Não
Para quem respondeu “Sim” na Q6:
Q7. Qual é a sua faixa de renda? (RU)
a. Menor ou igual a R$500
b. Entre R$501 e R$1.000
c. Entre R$1.001 e R$1.500
d. Entre R$1.501 e R$2.000
e. Entre R$2.001 e R$2.500
f. Entre R$2.501 e R$3.000
g. Maior ou igual a R$3.001
Q8. Você investe o seu dinheiro? (RU)
a. Sim
b. Não
Para quem respondeu “Sim” na Q8:
Q9. Qual investimento você faz? (Resposta Múltipla – RM)
a. Tesouro Direto
b. Poupança
c. Títulos Privados (LCI, LCA, CDB)
d. Fundos
e. Ações
f. Debênture
g. Derivativos
h. Criptomoedas
i. Câmbio
j. FOREX
k. Opções Binárias
Q10. Há quanto tempo você investe? (RU)
a. Menos de 6 meses
b. Entre 6 meses e 1 ano
c. Entre 1 ano e 2 anos
d. Mais de 2 anos
Q11. Qual parcela da sua renda você investe? (RU)
a. Até 5%
b. Entre 5% e 10%
c. Entre 10% e 15%
d. Entre 15% e 20%
96
e. Entre 20% e 30%
f. Entre 30% e 40%
g. Entre 40% e 50%
h. Mais que 50%
Q12. Você teria interesse em um serviço ou aplicativo que lhe ajudasse a investir? (RU)
a. Sim
b. Não
Para quem respondeu “Não” na Q6:
Q13. Se você tivesse alguma renda, teria interesse em investir? (RU)
a. Sim
b. Não
Para quem respondeu “Não” na Q8:
Q14. Você gostaria de investir? (RU)
a. Sim
b. Não
Para quem respondeu “Sim” na Q13 ou Q14:
Q15. O que te impede de investir atualmente? (RM)
a. Falta de conhecimento
b. Baixa renda
c. Falta de tempo para dedicar ao assunto
d. Medo de perder o dinheiro
e. Alta necessidade de ter o dinheiro em mãos
Q16. Você teria interesse em um serviço ou aplicativo que lhe auxiliasse neste fator
impeditivo? (RU)
a. Sim
b. Não
Para quem respondeu “Sim” na Q12 ou Q16:
Q17. Você estaria disposto a pagar por esse serviço ou aplicativo? (RU)
a. Sim
b. Não
Para quem respondeu “Sim” na Q17:
Q18. Quanto você pagaria para adquirir esse serviço ou aplicativo (pagamento único)?*
(RU)
*Considere o cenário em que você pagará para adquirir determinado conteúdo do
serviço/aplicativo.
a. Até R$5,00
97
b. Entre R$5,01 e R$10,00
c. Entre R$10,01 e R$15,00
d. Entre R$15,01 e R$20,00
e. Entre R$20,01 e R$30,00
f. Entre R$30,01 e R$40,00
g. Entre R$40,01 e R$50,00
h. Mais que R$50,01
Q19. Quanto você pagaria para fazer a assinatura desse serviço ou aplicativo (pagamento
mensal)?* (RU)
*Considere o cenário em que você pagará mensalmente para se tornar um assinante do
conteúdo do serviço/aplicativo.
a. Até R$5,00
b. Entre R$5,01 e R$10,00
c. Entre R$10,01 e R$15,00
d. Entre R$15,01 e R$20,00
e. Entre R$20,01 e R$30,00
f. Entre R$30,01 e R$40,00
g. Entre R$40,01 e R$50,00
h. Mais que R$50,01
Para quem respondeu “Não” na Q13 ou Q14:
Q20. Por que não gostaria de investir? (Resposta Aberta)
Para quem respondeu “Não” na Q12, Q16 ou Q17:
Formulário é encerrado.
100
9.4. Projeção dos Resultados do Aplicativo
ano 1 ano 2 ano 3 ano 4 ano 5 ano 6 ano 7
Ano 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024
Receitas 0 10.749 29.066 49.895 74.812 105.664 55.167
Receita com contas premium
0 10.281 27.332 45.653 65.805 87.902 43.665
Receita com exibição de anúncios
0 467 1.734 4.242 9.007 17.761 11.501
Impostos sobre a Receita 0 -930 -2.514 -4.316 -6.471 -9.140 -4.772
PIS 0 -70 -189 -324 -486 -687 -359
COFINS 0 -322 -872 -1.497 -2.244 -3.170 -1.655
ISS 0 -537 -1.453 -2.495 -3.741 -5.283 -2.758
Lucro Bruto 0 9.819 26.552 45.579 68.341 96.524 50.395
Custos e Despesas -2.781 -11.252 -24.026 -38.656 -56.150 -77.706 -39.452
Plataformas de aplicativos
-2.281 -2.100 -2.124 -2.159 -2.206 -2.206 0
Marketing -500 -1.252 -1.380 -1.517 -1.669 -1.821 -808
Licenças 0 -443 -358 -364 -371 -371 -371
Contingência 0 -1.075 -2.907 -4.989 -7.481 -10.566 -5.517
Remuneração das sócias
0 -6.382 -17.259 -29.626 -44.422 -62.740 -32.757
LAJIR -2.781 -1.433 2.526 6.923 12.192 18.818 10.942
Despesas Financeiras 0 0 0 10 126 270 155
LAIR -2.781 -1.433 2.526 6.933 12.318 19.088 11.097
IR e CSLL 0 -825 -2.232 -3.832 -5.746 -8.115 -4.237
IR 0 -516 -1.395 -2.395 -3.591 -5.072 -2.648
CSLL 0 -310 -837 -1.437 -2.155 -3.043 -1.589
Lucro Líquido -2.781 -2.259 293 3.101 6.572 10.973 6.860
101
APÊNDICE A – Estrutura do Sistema Financeiro Nacional
O SFN é dividido em dois subsistemas: o normativo e o de intermediação.
1. Subsistema Normativo
De acordo com Neto (2012), neste subsistema encontram-se as instituições responsáveis
por determinar as diretrizes de atuação das instituições financeiras atuantes no mercado
financeiro, além de fiscalizar e regular as atividades deste mercado. Elas serão definidas
a seguir.
Conselho Monetário Nacional (CMN): como órgão normativo, é responsável pela
fixação das diretrizes da política monetária creditícia e cambial do país (FREIRE
JR, 2015), objetivando atender aos interesses econômicos e sociais do país. Dessa
forma, não desempenha nenhuma atividade executiva. É composto por três
representantes: o Ministro da Fazenda, que desempenha o papel de presidente do
CMN, o Ministro de Planejamento e o Presidente do Banco Central.
Banco Central do Brasil (BACEN): é o principal poder executivo das políticas
traçadas pelo CMN e órgão fiscalizador do SFN, sendo sua responsabilidade
cumprir e fazer cumprir as disposições que regulam o funcionamento do sistema
e as normas expedidas pelo CMN. Além disso, é também: a instituição emissora
de moeda, coordenando a distribuição do dinheiro emitido pela Casa da Moeda
aos bancos; responsável pelo financiamento do Tesouro Nacional via emissão de
títulos; entre outras atribuições.
Comissão de Valores Mobiliários (CVM): é uma autarquia vinculada ao
Ministério da Fazenda, que atua como órgão normativo do sistema financeiro
voltado pra o desenvolvimento, a fiscalização e a disciplina do mercado de valores
mobiliários não emitidos pelo sistema financeiro e pelo Tesouro Nacional,
composto, principalmente, de ações, debêntures e outros títulos emitidos pelas
sociedades anônimas e autorizados pelo CMN. Objetiva o desenvolvimento e
fortalecimento do mercado acionário.
Banco do Brasil (BB): é uma sociedade anônima de capital misto, cujo controle
acionário é exercido pela União. O BB atuou na emissão de moeda no país como
autoridade monetária até janeiro de 1986, quando o CMN decidiu revogar esse
102
privilégio do BB. Atualmente, o banco assume três papeis: Agente Financeiro do
Governo Federal, na execução de sua política creditícia e financeira, atuando sob
supervisão do CMN; Banco Comercial, exercendo as funções típicas de bancos
comerciais; e Banco de Investimento e Desenvolvimento, ao operar com créditos
de médio e longo prazo.
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES): é a empresa
pública federal responsável pela política de investimentos e financiamentos de
longo prazo do Governo Federal. Atualmente, é vinculado ao Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O objetivo principal do BNDES
é o de reequipar e fomentar, por meio de várias linhas de crédito voltadas para os
setores industrial e social, as empresas consideradas de interesse ao
desenvolvimento do país.
Caixa Econômica Federal (CEF): é uma instituição financeira autônoma e com
objetivo social, podendo ser classificada como órgão auxiliar do Governo Federal
na execução de sua política creditícia. A CEF realiza atividades comuns a bancos
comerciais e múltiplos, como captação de depósitos a vista, cadernetas de
poupança, entre outros. Além disso, atua como o principal agente do Sistema
Financeiro de Habitação, responsável pelo financiamento da casa própria,
principalmente no segmento de baixa renda, e integra o Sistema Brasileiro de
Poupança e Empréstimo.
Secretaria do Tesouro Nacional (STN): criada em 1986, através do Decreto nº
92.452, tem como objetivo o aprimoramento das Finanças Públicas do Brasil,
tendo como atividade principal a realização da administração e do controle das
receitas e despesas públicas. A partir de 1993, passou a ficar sob responsabilidade
da STN o controle e a gestão de toda a dívida pública federal interna e externa,
mobiliária ou contratual.
2. Subsistema de Intermediação Financeira
Ainda segundo Neto (2012), neste subsistema encontram-se as instituições, bancárias e
não bancárias, que atuam em operações de intermediação financeira. O autor dividiu o
subsistema em cinco grupos de instituições, que serão descritos a seguir.
103
Instituições financeiras bancárias: compreendem os bancos comerciais21, bancos
múltiplos22 e caixas econômicas.
Instituições financeiras não bancárias: nesta categoria entram as instituições que
não possuem a capacidade de emitir moeda ou meios de pagamento. São elas:
o Bancos de investimento: instituições responsáveis por fornecer crédito de
médio e longo prazo para agentes carentes de capital de giro e capital fixo.
o Bancos de desenvolvimento: como visto anteriormente, são instituições
públicas que buscam promover o desenvolvimento econômico e social da
região na qual estão inseridos.
o Sociedades de crédito, financiamento e investimento: também chamadas
de instituições financeiras, têm como objetivo principal o financiamento
de bens duráveis às pessoas físicas por meio do crédito direto ao
consumidor (CDC).
o Sociedades de arrendamento mercantil: são responsáveis por realizar
operações de arrendamento mercantil, comumente chamadas de leasing,
de bens nacionais, adquiridos de terceiros e destinados ao uso de empresas
arrendatárias.
o Cooperativas de crédito: correspondem às instituições que oferecem
créditos e prestam alguns serviços financeiros a seus associados. Como
essas cooperativas captam depósitos a vista unicamente de seus
associados, são classificadas como instituições financeiras não
monetárias, apesar de possuírem capacidade de criação de moeda
escritural.
21 Bancos comerciais são instituições financeiras constituídas obrigatoriamente sob a forma de sociedades
anônimas, responsáveis por executar operações de crédito caracteristicamente de curto prazo, atendendo,
dessa maneira, às necessidades de recursos para capital de giro das empresas (NETO, 2012). A captação de
depósitos a vista é a atividade básica dos bancos comerciais e uma das suas maiores fontes de recursos,
possibilitando a criação de moeda por estas instituições, fazendo com que sejam classificadas como
instituições financeiras monetárias. Outras importantes fontes de recursos dos bancos comerciais são as
operações de redesconto bancário e assistência financeira e operações de câmbio. Podem ser classificados,
de acordo com o volume de negócios movimentado, em bancos de varejo ou bancos de negócios. O primeiro
grupo opera sob uma mesma denominação social com diversas modalidades e tipos de produtos financeiros,
enquanto o segundo é voltado preferencialmente para operações financeiras de maior porte e complexidade. 22 Bancos múltiplos foram criados a partir da evolução dos bancos comerciais e do crescimento do mercado,
devido à tentativa de aproveitar sinergias existentes entre as operações de intermediação e dos bancos
comerciais. Assim, o banco múltiplo reúne as atividades (carteiras) de quatro instituições: banco comercial,
banco de investimento e desenvolvimento, sociedade de crédito, financiamento e investimento e sociedade
de crédito imobiliário. Para ser caracterizado como banco múltiplo, a instituição deve operar pelo menos
duas das carteiras apresentadas, uma delas necessariamente de banco comercial ou de banco de
investimento (NETO, 2012).
104
o Sociedades de crédito imobiliário: visam o financiamento de operações
imobiliárias envolvendo, principalmente, a compra e a venda de bens
imóveis. Essas sociedades arrecadam recursos através de letras
imobiliárias e cadernetas de poupança.
o Associações de Poupança e Empréstimo (APEs): instituições que também
atuam na área habitacional, por meio de financiamentos imobiliários.
Fazem parte do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e
atuam de forma restrita a determinada região. São sociedades civis sem
fins lucrativos, sendo de propriedade comum de seus associados.
Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE): é composto pelas
seguintes instituições: Caixa Econômica Federal, sociedades de crédito
imobiliário, associações de poupança e empréstimo e bancos múltiplos com
carteira de crédito imobiliário. A captação de recursos é feita principalmente pelas
cadernetas de poupança e pelos fundos provenientes do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS).
Instituições auxiliares: são aquelas que colocam agentes poupadores em contato
com investidores, facilitando a troca entre eles.
o Bolsas de valores: são organizações que mantêm um local onde são
negociados títulos e valores mobiliários de pessoas jurídicas públicas e
privadas. A principal função das bolsas de valores é proporcionar liquidez
aos títulos negociados, atuando através de pregões contínuos. As bolsas
atuam com diferentes tipos de mercado: a vista23; a termo, opções e
futuro24; balcão25; e as caixas de liquidação26.
o Sociedades corretoras: são instituições que efetuam, com exclusividade, a
intermediação financeira nos pregões das bolsas de valores, operando com
compra, venda e distribuição de títulos e valores mobiliários.
23 No mercado a vista, são realizadas operações com liquidação financeira instantânea, ou com prazo
máximo bastante curto. 24 Nos mercados a termo, de opções e de futuros, as operações têm liquidação processada em prazos
maiores, com particularidades de funcionamento próprias para cada um dos três mercados. 25 O chamado mercado de balcão se refere às operações realizadas com diferentes tipos de papeis, não sendo
necessário o registro na bolsa. 26 As caixas de liquidação, também chamadas de clearings, atuam nos pregões e têm por função básica
registrar, liquidar e compensar as várias operações processadas no âmbito das bolsas de valores (NETO,
2012). Podem ser independentes ou atuar como empresas controladas das bolsas de valores.
105
o Sociedades distribuidoras: apesar de possuírem objetivos muito
semelhantes aos das sociedades corretoras, possuem atividade mais
restrita, pois não têm acesso às bolsas de valores e de mercadorias.
o Agentes autônomos de investimento: pessoas físicas credenciadas pelas
instituições financeiras intermediadoras para atuarem, sem vínculo
empregatício e em caráter individual, na colocação de títulos e valores
mobiliários e outros serviços financeiros no mercado, operando em troca
do recebimento de uma comissão.
o Clube de investimento: é composto de investidores (pessoas físicas) que
objetivam construir uma carteira diversificada de títulos e valores
mobiliários, através da aplicação de recursos financeiros próprios. As
quotas do clube possuem mesmo valor e determinam a participação de
cada investidor no clube, além de representar o direito a voto dos
integrantes nas assembleias.
Instituições não financeiras: fazem parte deste grupo as empresas comerciais de
factoring e as companhias seguradoras.
o Sociedades de fomento comercial (factoring): empresas comerciais que
atuam por meio de compra de duplicatas cheques, etc. Operam de maneira
semelhante aos descontos bancários, porém neste modelo, o risco do título
negociado passa a ser de exclusiva competência da empresa de factoring,
excluindo a empresa-cliente das responsabilidades de recebimento. Para
que esse sistema seja possível, as empresas de factoring cobram juros de
seus clientes.
o Companhias seguradoras: por aplicarem parte de suas reservas no mercado
de capitais, as companhias seguradoras são consideradas no SFN.