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FACULDADES INTEGRADAS DE CIÊNCIAS HUMANAS, SAÚDE E EDUCAÇÃO DE GUARULHOS CURSO DE PSICOLOGIA TAT TESTE DE APERCEPÇÃO TEMÁTICA Apostila para fins didáticos Disciplina: Técnicas de Exame e Aconselhamento Psicológico IV Docente Responsável: Érika Leonardo de Souza

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Page 1: Apostila+TAT+ +Resumida

FACULDADES INTEGRADAS DE CIÊNCIAS HUMANAS, SAÚDE E

EDUCAÇÃO DE GUARULHOS

CURSO DE PSICOLOGIA

TAT

TESTE DE APERCEPÇÃO TEMÁTICA

Apostila para fins didáticos

Disciplina: Técnicas de Exame e Aconselhamento Psicológico IV

Docente Responsável: Érika Leonardo de Souza

Guarulhos / 2006

Page 2: Apostila+TAT+ +Resumida

I - INTRODUÇÃO

Henry A. Murray e colaboradores elaboraram o TAT na Clínica Psicológica da

Universidade de Harvard, nos EUA. Foi apresentada em 1935 a primeira série de

pranchas e em 1945, foi publicada a terceira revisão, a que foi considerada a definitiva

e por nós hoje conhecida.

Quando o TAT foi elaborado, os autores aplicavam-no em sujeitos a partir de 4

anos de idade, no entanto isso não é realizado atualmente, sobretudo pelo surgimento

de teste aperceptivo temático infantil que é o CAT (Teste de Apercepção para

Crianças) nas formas Animal (CAT -A), Humano (CAT -H) e animal escala especial

(CAT-S), bem como o teste Symonds apropriado para adolescentes.

Em geral, TAT atualmente é amplamente aplicado em adultos e, às vezes em

pré-adolescentes ou adolescentes.

II - FUNDAMENTOS TEÓRICOS

Para criar o TAT, Murray partiu do princípio de que diferentes indivíduos, frente

a uma mesma situação vital, a experimentam cada um a seu modo, de acordo com

sua perspectiva pessoal. Essa forma pessoal de elaborar uma experiência revela a

atitude e a estrutura do indivíduo frente à realidade experimentada. Assim, expondo-se

o sujeito a uma série de situações sociais típicas e possibilitando-lhe a expressão de

sentimentos, imagens, idéias e lembranças vividas em cada uma destas

confrontações, é possível ter acesso à personalidade subjacente. Esse procedimento,

nas situações apresentadas, favorece a projeção do mundo interno do sujeito.

Partindo desse princípio, Murray, com sua assistente Christiana Morgan,

procedeu à escolha do material que viria a constituir o TAT: fotografias de pinturas em

museus, anúncios em revistas, fotos de filmes de cinema e de outras fontes, que

posteriormente foram redesenhados para apresentar um estilo uniforme. O produto

final são reproduções de situações dramáticas, de contornos imprecisos, impressão

difusa e tema inexplícito. Exposto a esse material, o indivíduo, sem perceber,

identifica-se com uma personagem por ele escolhida e, com total liberdade, comunica,

por meio de uma história completa, sua experiência perceptiva, mnêmica, imaginativa

e emocional. Dessa forma, podem-se conhecer quais situações e relações sugerem ao

indivíduo temor, desejos, dificuldades, assim como as necessidades e pressões

fundamentais na dinâmica subjacente de sua personalidade.

Em relação ao conceito de projeção, Murray comenta que o sujeito percebe o

ambiente e responde ao mesmo em função de seus próprios interesses, atitudes,

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Page 3: Apostila+TAT+ +Resumida

hábitos, estados afetivos, desejos etc. – em outras palavras, o indivíduo estrutura a

realidade de acordo com suas próprias características. No caso do TAT, em vez de

projeção, falamos em apercepção, ou seja, não uma mera percepção de um objeto,

mas toda uma interpretação de uma cena.

A percepção depende do campo de estímulos (fator externo) e das

necessidades do indivíduo (fator interno). Quando o campo de estímulos é mais

estruturado, predomina o fator externo na percepção; quando o campo de estímulos é

menos estruturado, predominam os fatores internos na percepção. Nos métodos

projetivos, os estímulos são pouco estruturados e as instruções permitem grande

liberdade de resposta.

Para a mente aberta e humanista de Murray, a teoria de Freud sobre as

pulsões inconscientes, sexuais e agressivas pecava por ser uma simplificação

excessiva da complexidade multifacetada da motivação humana. Murray admirava

Freud e sua obra, mas acreditava que sua primeira teoria libidinal era excessivamente

restrita e limitada. Desenvolveu então sua personologia, uma teoria basicamente

motivacional em que são centrais os conceitos de necessidade e pulsão.

Necessidade é um construto que representa uma força, na região cerebral,

que organiza a percepção, a apercepção, a intelectualização, a conação e a ação, de

modo a transformá-la em certa direção, ou seja, em uma situação satisfatória

existente. Em outras palavras, a necessidade gera um estado de tensão que conduzirá

a ação no sentido de chegar à satisfação, que por sua vez reduzirá a tensão inicial, ou

seja, restabelecerá o equilíbrio. A necessidade pode ser produzida por forças internas

ou externas e é sempre acompanhada por um sentimento ou emoção.

A presença de uma necessidade pode ser identificada:

1. efeito ou resultado final do comportamento.

2. padrão ou modo do comportamento envolvido.

3. atenção seletiva e resposta a uma determinada classe de objetos-estímulo.

4. expressão de uma determinada emoção ou afeto.

5. expressão de satisfação quando se obtém determinado efeito, ou de

desapontamento quando o resultado é negativo.

O autor elaborou uma lista das principais necessidades.

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Necessidade Definição

Afiliação Tornar-se íntimo a outrem, associar-se a outrem em assuntos comuns (afiliação

associativa).

Fazer amizades e mantê-las. Ligar-se afetivamente e permanecer leal a um amigo

(afiliação emocional).

Agressão Vencer a oposição pela força. Lutar, revidar à injúria. Atacar, injuriar, matar. Opor-se

pela força ou punir a outrem.

Altruísmo Promover as necessidades de pessoas desamparadas, como crianças ou pessoas

fracas, incapazes, fatigadas, inexperientes, enfermas, arruinadas, humilhadas,

abandonadas, aflitas e mentalmente perturbadas. Ajudar alguém que está em perigo.

Alimentar, ajudar, consolar, proteger, curar, confortar, cuidar

Apoio Ter suas necessidades satisfeitas pela ajuda simpática de pessoa amiga; ser

protegido (n.proteção), sustentado, cercado, amado, aconselhado, guiado, perdoado,

consolado. Permanecer ao lado de um devotado protetor. Ter um defensor

permanente

Aquisição Adquirir, comprar algum objeto. É aquisição social, quando o objeto adquirido é

ajustado socialmente; enquanto que, é associal quando o objeto é para um objetivo

desajustado socialmente, tal como para agredir

Autodefesa (física) Evitar a dor, o dano físico, a doença, a morte. Escapar de uma situação perigosa.

Tomar medida de autoprecaução.

(Autodefesa Psíquica): Evitar a humilhação. Fugir de situações embaraçosas ou depreciativas: escárnio,

ridículo, indiferença dos outros.

Reprimir a ação pelo medo do fracasso.

Autonomia Libertar-se, resolver a restrição, romper o confinamento. Resistir à coerção e à

restrição ou mesmo domínio. Romper com as convenções. Não se sentir obrigado a

cumprir ordens superiores. Ser independente e agir segundo o impulso. Não estar

comprometido.

Compreensão Perguntar e responder. Interessar-se por teorias. Especular, formular, analisar,

generalizar.

Conhecimento Saber os fatos aprofundar-se.

Contra-reação Dominar ou vencer o fracasso pelo esforço.

Desfazer a humilhação pela reação. Superar a fraqueza, reprimir o temor. Defender a

honra através de uma ação. Procurar obstáculos e dificuldades a vencer. Manter a

auto-estima e o orgulho em alto nível.

Defesa Defender-se do ataque, da crítica, da censura. Ocultar ou justificar um mal feito, um

fracasso, uma humilhação. Reinvidicar o ego.

Deferência Admirar e apoiar um superior. Louvar, honrar, elogiar. Imitar um modelo. Sujeitar-se,

avidamente, à influência de pessoa aliada. Conformar-se com os costumes.

Degradação Diminuir a auto-estima, desvalorizar-se.

Domínio Controlar o ambiente. Influenciar ou dirigir o comportamento alheio, através de

sugestão, sedução, persuasão ou ordem. Dissuadir, restringir ou proibir.

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Page 5: Apostila+TAT+ +Resumida

Entretenimento Agir por brincadeira, sem segundas intenções. Rir, contar anedotas. Procurar relaxar

a tensão. Participar de jogos, atividades desportivas, bailes, reuniões sociais.

Exibição Deixar uma impressão. Ser visto e ouvido. Provocar, fascinar, causar admiração,

divertir, impressionar, intrigar, seduzir

Excitação e Dissipação O fato de se estimular e posteriormente eliminar ou anular a excitação através da

redução da tensão, pode ser de ordem sexual.

Humilhação Submeter-se passivamente à força externa. Aceitar injúria, censura crítica, punição.

Render-se. Resignar-se ante a sorte. Admitir inferioridade, erro, fracasso, defeito.

Confessar e reparar. Censurar-se, diminuir-se ou mutilar-se. Desejar sofrimento,

punição, doença, infortúnio.

Oposição Rebelar-se às normas, valores ou ainda ao domínio.

Ordem Por as coisas em ordem. Promover a limpeza, o arranjo, a organização, o equilíbrio, a

precisão.

Passividade Sofrer ou receber uma ação ou impressão.

Realização Aumentar a auto-estima pelo uso bem sucedido dos seus talentos. Realizar algo

difícil.

Dirigir, manipular ou organizar objetos físicos, seres humanos ou idéias. Fazer isso

tão rápida e independentemente quanto possível. Vencer obstáculos e atingir um alto

padrão. Superar a si mesmo. Rivalizar com os outros, superá-los.

Reconhecimento Ato ou efeito de reconhecer-se; e ser reconhecido.

Rejeição Separar-se de uma influência negativa. Excluir, abandonar um objeto inferior ou

tornar-se indiferente a ele. Repelir ou desprezar um objeto.

Retenção Conservar posse duma coisa alheia ou pessoa.

Sensitividade ou

sensualidade:

Procurar impressões sensuais e sentir prazer nelas. Planejar e manter uma relação

erótica. Intercurso sexual.

Pressões são os determinantes do meio externo que podem facilitar ou impedir

a satisfação das necessidades, representando a forma como o sujeito vê ou interpreta

seu meio. A pressão está associada a pessoas ou objetos ou mesmo o ambiente que

se acham envolvidos, diretamente, nos esforços que o indivíduo faz para satisfazer

suas necessidades. "A pressão é um objeto é o que pode fazer ao sujeito ou para o

sujeito, ou seja, o poder que tem para afetar o bem estar do sujeito". Conhecemos

muito mais as possibilidades do indivíduo quando temos uma descrição não apenas

de seus motivos ou tendências, mas também a maneira pela qual ele vê ou interpreta

seu meio.

Ambiente é favorável quando ele facilita a obtenção da necessidade. É

desfavorável quando ele dificulta e neutro não está relacionado com a necessidade.

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Page 6: Apostila+TAT+ +Resumida

Murray organizou várias listas de pressões, para fins especiais. Exemplo disso

é a classificação contida na tabela a seguir, destinada a representar eventos ou

influências significativas da infância.

Na prática, essas pressões não apenas são vistas operando em determinadas

experiências do indivíduo, mas também, se lhes atribui uma função quantitativa para

indicar sua força ou importância na vida do mesmo indivíduo.

Pressão Tipo

Falta de Apoio (família) a) discordância cultural

b) discordância familiar

c) disciplina instável

d) separação dos pais

e) ausência de um dos pais

f) enfermidade de um dos pais

g) morte de um dos pais

h) inferioridade de um dos pais

i) dissemelhança () entre os pais

I) pobreza

l) lar desorientado

Perigo Físico: a) Desproteção física

b) através da água

c) abandono e escuridão

d) intempéries, relâmpagos

e) através do fogo

f) através de acidente

g) animal

Falta ou Perda: a) de alimentos

b) de recursos

c) de companhia

d) de mudança (monotonia)

Afiliação: a) associativa (amizades)

b) emocional

Agressão: a) emocional

b) verbal

c) física

d) social

e) associal

f) destruição de propriedade

g) mau trato de mais velhos (homem ou mulher)

h) mau trato de companheiros

i) desavença com companheiros

Dominação: a) coerção

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Page 7: Apostila+TAT+ +Resumida

b) restrição

c) indução, sedução

d) proibição

e) disciplina

f) orientação religiosa

Inferioridade: a) física

b) social

c) intelectual

Sexo: a) exibicionismo

b) sedução (homo/heterossexual)

Apoio, dar afeto

Criação, indulgência

Decepção, ou traição

Deferência, louvor, reconhecimento

Nascimento de irmão

Rejeição, desprezo

Retenção de objetos

Rival, competidor

III – MATERIAL DO TESTE

O conjunto completo é constituído por 31 pranchas que abrangem situações

humanas clássicas. Segundo as instruções originais, a cada sujeito devem ser

aplicados 20 estímulos, perfazendo o total de vinte histórias. O grau de realismo é

variável, sendo as 10 primeiras mais estruturadas e as 10 últimas menos estruturadas.

Cada prancha apresenta impressos no verso, apenas um número ou um número

seguido de uma ou mais letras. O número indica a ordem em que o estímulo deve ser

apresentado, na série, e as letras referem-se ao gênero e/ou idade aos qual o estímulo

se destina.

Tipo de Estímulo Convenção

Universal Apenas o número

Para mulheres Número seguido de F

Para homens Número seguido de H

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Page 8: Apostila+TAT+ +Resumida

Para crianças do sexo feminino (menina) Número seguido de M

Para crianças do sexo masculino (rapaz) Número seguido de R

Os quadros, impressos em branco e preto, representam situações de trabalho,

relações familiares, perigo e medo, atitudes sexuais, agressão e uma prancha em

branco que permite associações mais livres. O uso de figuras nas pranchas tem por

objetivo facilitar a produção do sujeito, que tem que encarar determinadas situações

típicas que nos interessa que sejam exploradas e permite padronizar a interpretação.

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Page 9: Apostila+TAT+ +Resumida

TEMAS EVOCADOS PELOS ESTÍMULOS

1) PRIMEIRA SÉRIE

PRANCHA 1

O MENINO E O VIOLINO

Um rapaz está contemplando um violino colocado sobre a mesa à sua frente.

A) Área que explora:

- Dever: submissão - rebeldia

- Aspirações, expectativas, ambições, frustrações, ideal do Ego, fantasias vocacionais.

- Atitude frente ao dever

- Imagem dos pais

B) Interpretação dos adultos:

Aparecem temas que expressam a opinião que o sujeito tem de suas atitudes e

a imagem dos pais.

C) Clichês:

Temas que manifestam atitude do sujeito frente ao dever e com freqüência as

suas aspirações:

1. Os pais, geralmente, impõem ao menino a praticar ou estudar o violino; referido

comumente pelos sujeitos como sendo dominados pelos pais. Diante dessa exigência

o menino reage com passividade, conformismo, oposição, rebeldia ou fuga à fantasia,

reação que corresponde, em geral à do sujeito em condições semelhantes da

realidade.

2. Outras histórias freqüentes se referem às aspirações, objetivos, dificuldades do

herói: ordinariamente pertinentes em sujeitos ambiciosos.

D) Distorções:

Interpreta o menino como sendo cego ou que está dormindo; em relação ao

violino ou o percebe mal, ou uma das cordas está solta; confusão do objeto

identificado como sendo um livro.

E) Omissões:

Não consegue ver o arco ou o violino, ou ambos.

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Page 10: Apostila+TAT+ +Resumida

F) Simbolizações:

1. O herói está preocupado porque uma corda está solta ou arrebentada, portanto

intocável: freqüente em sujeitos que tem sentimento de culpa devido à masturbação

ou que sofrem de ansiedade de castração.

2. O herói analisa ou pesquisa acerca do funcionamento e do mecanismo interno do

violino: sujeitos preocupados (ansiedade de castração) ou de curiosidade das

questões de ordem sexual.

PRANCHA 2

A ESTUDANTE NO CAMPO

Cena campestre: no primeiro plano está uma jovem com livros na mão; ao

fundo, um homem está trabalhando no campo e uma mulher mais idosa assiste.

A) Área que explora:

- Conflitos de adaptação intrafamiliares

- Conflito com a feminilidade e com as formas de vida: campesina X urbana; instintivo

X intelectual; virgindade X maternidade.

- Nível de aspiração

- Atitude frente aos pais

B) Interpretação dos adultos:

Aspirações pessoais do sujeito e de sua situação intrafamiliar.

C) Clichês:

Revelam as reações do herói (a jovem do primeiro plano ou o homem do

fundo) frente ao ambiente pouco cordial ou que não a (o) estimula, ou diante dos

problemas enraizados pelas dificuldades de relacionamento familiar. Denuncia como o

paciente vê seu ambiente, seu nível de aspiração e suas atitudes frente a seus pais.

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Page 11: Apostila+TAT+ +Resumida

PRANCHA 3 RH

RECLINADO (A) NO DIVÃ

No chão, encostado a um sofá, está agachado um rapaz com a cabeça

reclinada sobre o seu braço direito. Ao seu lado, no chão, há um revolver.

A) Área que explora:

Frustração, depressão, suicídio.

B) Interpretação dos adultos:

Principais frustrações do sujeito, fatores aos quais são atribuídas reações

frente aos mesmos.

C) Clichês:

Histórias que expressam depressão; rejeição e suicídio. O rapaz foi injustiçado

e o mesmo acaba tendo mal procedimento. Mais especificamente denunciam as

situações que o sujeito considera sendo frustradores de seus desejos, assim como

suas reações e seu estilo na resolução dos problemas.

D) Distorções:

1. O jovem é visto como moça, pelos sujeitos com fortes tendências femininas;

2. O revolver é visto como um brinquedo ou outra coisa menos hostil, pelos sujeitos

incapazes de expressar sua agressão de forma manifesta.

E) Omissão:

Do revolver

PRANCHA 3 MF

A JOVEM NA PORTA

Uma jovem está de pé e cabisbaixa cobrindo o rosto com a mão direita. Seu

braço esquerdo está estendido para frente, apoiando-se numa porta de madeira.

A) Área que explora:

Desespero culpa abandono, fracasso, violentado e perdido.

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B) Interpretação dos adultos:

Revelam os principais fatores causadores das frustrações e sua reação frente

aos mesmos.

C) Clichês:

Dá lugar à expressão de sentimento de desespero e culpa

PRANCHA 4

UMA MULHER ENLAÇA O HOMEM, RETENDO-O.

Uma mulher enlaça um homem, cujo rosto e corpo estão desviados dela, como

se ele tentasse afastá-la.

A) Área que explora:

- Abandono, ciúmes, infidelidade, competição.

- Conflitos matrimoniais

- Atitude frente ao próprio sexo e ao sexo oposto

B) Interpretação dos adultos:

- Conflitos vivenciados pelo sujeito na vida real e a forma como o encara e enfrenta.

C) Clichês:

Histórias de conflitos (discussão ou drama de um eterno triângulo amoroso) do

casal que está no primeiro plano. A figura seminua no fundo é a amante ou noiva do

homem. O homem deseja desvencilhar-se da mulher para realizar algum plano, mas

ela quer retê-lo. Traduzem as dificuldades do sujeito em sua vida matrimonial ou suas

atitudes frente às mulheres e o sexo.

D) Omissão: -

Da mulher semidespida.

PRANCHA 5

MULHER IDOSA À PORTA

Uma mulher de meia-idade está de pé no limiar de uma porta entreaberta,

olhando para dentro de um quarto.

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Page 13: Apostila+TAT+ +Resumida

A) Área que explora:

- Imagem da mãe ou esposa (protetora, vigilante, castradora).

- Ansiedades paranóides

B) Interpretação dos adultos:

Inter-relações mãe-filho

C) Clichês:

A mulher de idade mediana descobriu um ou mais indivíduos em atitudes que

prefere ignorar; ou inspeciona o quarto por uma ou mais razões. Revela as atitudes e

expectativas do sujeito frente a sua mãe (visto como superprotetora, proibindo ou

censurando), a sua esposa ou às situações frente às que sente curiosidade.

D) Distorções:

A mulher é vista como sendo homem; a mulher examinando a parte externa da

casa; dois quartos ao invés de um; o abajur como sendo uma cortina.

PRANCHA 6RH

O FILHO QUE VAI PARTIR

Uma mulher madura e gorda está, de pé, de costas para um jovem de elevada

estatura. Este olha para baixo, com uma expressão perplexa.

A) Área que explora:

- Atitude frente à figura materna

- Dependência X Independência

- Abandono, culpa

B) Interpretação dos adultos:

Comportamento frente à situação edipiana.

C) Clichês:

Filho solicita a sua mãe permissão para levar ao cabo um projeto largamente

planejado, abandonar seu local para ir trabalhar numa outra cidade; casar-se ou

alistar-se no exército. Seus desejos quase sempre estão em conflito com os da mãe.

Revela a atitude do sujeito frente à figura materna (sentimentos de culpa, dependência

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Page 14: Apostila+TAT+ +Resumida

x independência, superproteção) e os fatores que produzem e justificam seu

afastamento.

PRANCHA 6 MF

MULHER SURPREENDIDA

Uma mulher jovem, sentada na borda de um sofá, olha para trás, por cima do

ombro, para um homem mais velho, com um cachimbo na boca, que parece dirigir-lhe

a palavra.

A) Área que explora:

Expectativas, temores, pressão, suspeita, extorsão.

B) Interpretação dos adultos:

Comportamento frente à figura paterna.

PRANCHA 7RH

PAI E FILHO

Um homem grisalho está olhando para um jovem que contempla o espaço com

semblante carrancudo.

A) Área que explora:

- Atitude frente à figura paterna (adulto, autoridade).

- Submissão, rebeldia

- Necessidade de ser aconselhado, de ajuda, de apoio, orientação.

- Ameaça de homossexualidade

B) Interpretação dos adultos:

Comportamento intrafamiliar

C) Clichês:

O jovem recorre ao velho em busca de conselhos; ou ambos discutem um

problema de mútuo interesse. Reflete a atitude do sujeito frente ao pai; aos adultos e

à autoridade em geral (dependência, obediência, rejeição, desafio). Pode expressar

as tendências anti-sociais e a atitude do sujeito frente à terapia.

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Page 15: Apostila+TAT+ +Resumida

PRANCHA 7MF

MOÇA E BONECA

Mulher idosa sentada num sofá, próxima de uma menina, falando-lhe ou lendo-

lhe. A menina, que está com uma boneca no regaço olha para longe.

A) Área que explora:

- Imagem da mãe

- Atitude frente à maternidade.

B) Interpretação dos adultos:

Comportamento intrafamiliar

PRANCHA 8RH

A INTERVENÇÃO CIRÚRGICA

Um adolescente olha diretamente para fora do quadro. O cano de um rifle é

visível a um lado e, ao fundo, a cena nebulosa de uma operação cirúrgica, como a

imagem de uma divagação.

A) Área que explora:

- Direção da agressividade

- Imagem do pai

- Medo da morte

B) Interpretação dos adultos:

Nada em especial

C) Clichês:

Em geral o adolescente é o herói.

1. O cenário ao fundo representa sua fantasia ou desejo de ser médico, em cujo

caso se delata a ambição do sujeito.

2. Atirou contra a pessoa que está sobre a mesa e agora aguarda o resultado da

operação: história que expressa as tendências agressivas do sujeito em dadas

ocasiões dirigidas contra uma determinada pessoa.

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Page 16: Apostila+TAT+ +Resumida

D) Omissão:

Do rifle.

E) Simbolizações:

Se amputar a perna da pessoa que está à mesa, geralmente, reflete ansiedade

de castração.

PRANCHA 8 MF

MULHER PENSATIVA

Uma jovem está sentada com o queixo apoiado sobre a mão, seus olhos estão

distantes.

A) Área que explora:

Problemas atuais e fantasia

B) Interpretação dos adultos:

Relações com o grupo do próprio sexo nas áreas: profissional, familiar e sexual.

Conflitos atuais, tensões e esforço para solucioná-los.

PRANCHA 9RH

GRUPO DE VAGABUNDOS

Quatro homens de macacão estão deitados sobre o gramado, repousando.

A) Área que explora:

- Trabalho e ociosidade

- Relacionamento com o próprio grupo sexual

- Homossexualidade.

B) Interpretação dos adultos:

Relacionamento com o próprio grupo social nas esferas: familiar, profissional e

sexual.

C) Clichês:

Os homens estão descansando ou dormindo após uma dura jornada de trabalho

ou tomando um breve descanso antes de retornar ao trabalho.

As histórias de sujeitos mais esforçados concluem como retorno ao trabalho.

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Page 17: Apostila+TAT+ +Resumida

PRANCHA 9MF

DUAS MULHERES NA PRAIA

Uma jovem com uma revista e uma bolsa na mão, espia detrás de uma árvore

uma outra jovem trajada elegantemente, que corre ao longo de uma praia.

A) Área que explora:

- Competição feminina

- Rivalidade feminina

- Espionagem, culpa e perseguição.

B) Interpretação dos adultos:

Relações com o grupo do próprio sexo nas atividades profissionais, familiares

e sexuais.

PRANCHA 10

O ABRAÇO

A cabeça de uma mulher encostada no ombro de um homem.

A) Área que explora:

- Atitude frente à separação

- Conflito do casal

B) Interpretação dos adultos:

Conflitos amorosos e sexuais

C) Clichês:

O homem e a mulher expressam seu mútuo afeto. Indica em geral, a atitude do

sujeito frente à separação da pessoa amada, assim como seu grau de dependência à

figura paterna. Normalmente denuncia como o sujeito considera sua mulher ou as

relações entre seus pais.

D) Distorções:

A idade é confundida e sexo do homem e da mulher as sombras faciais são

interpretadas de diferentes maneiras.

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Page 18: Apostila+TAT+ +Resumida

2) SEGUNDA SÉRIE

PRANCHA 11

PAISAGEM PRIMITIVA DE PEDRAS

Uma estrada à beira de um profundo desfiladeiro entre elevadas escarpas. Na

estrada, aparecem figuras obscuras à distância. De um lado da vertente rochosa

assoma a longa cabeça e o pescoço de um dragão.

A) Área que explora:

- Ansiedade frente ao perigo

- Angústia frente aos instintos

B) Interpretação dos adultos:

- Fantasias e tendências sexuais e agressivas.

- Dificuldade de controle e respostas a situações perigosas.

C) Clichês:

Em geral, reflete a atitude do sujeito frente ao perigo e sua maneira de

experimentar a ansiedade. As figuras obscuras (homens ou animais) são vistas como

se estivessem sendo atacadas pelo dragão e normalmente descrevem suas técnicas

defensivas: indica o temor do sujeito à agressão e os meios desencadeados para

vencê-lo.

O personagem masculino pode ser um cientista ou um explorador das regiões

desconhecidas: revela sua curiosidade ou desejo de experimentar situações novas ou

perigosas.

D) Distorções

Esta prancha oferece a maior quantidade de possibilidades aos erros

perceptivos: o dragão é visto como um caminho; a cabeça do dragão como sua

margem; o fundo como uma cascata; as paredes do abismo como sendo o castelo; as

pedras como sendo cabeças humanas. A confusão do grupo de homens com o inseto

é comum e não constitui um indicador especial.

E) Omissão

Do dragão

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Page 19: Apostila+TAT+ +Resumida

F) Simbolizações:

O monstro geralmente constitui uma representação simbólica das exigências

instintivas que ameaçam seu interior. As histórias que se referem às dificuldades para

dominar o animal e aquelas em que o herói é perseguido pelos animais, podem refletir

dificuldades de se controlar ou se adaptar aos impulsos e tensões sexuais.

PRANCHA 12H

O HIPNOTIZADOR

Um jovem está deitado num sofá com os olhos fechados. Debruçado sobre ele,

a forma esguia de um homem idoso, a sua mão estendida para o rosto da figura

recostada.

A) Área que explora:

- Relação transferencial à situação de prova

- Ameaça ao homossexualismo

B) Interpretação dos adultos:

- Atitude frente aos adultos

- O papel de passividade e a atitude frente ao terapeuta.

- Tendência homossexual latente e experiências homossexuais ocultas.

C) Clichês:

O herói (em geral o homem que está deitado) está dormindo e o ancião veio

despertá-lo, ou é hipnotizado por este homem, ou está enfermo e o ancião veio

perguntar-lhe pela sua saúde. Geralmente revelam a atitude do examinando frente aos

homens adultos e seu ambiente, o papel da passividade em sua personalidade e, à

vezes, sua atitude frente à terapia.

D) Distorções:

Com respeito aos dedos das mãos, e em casos raros ao sexo de um dos dois

homens; o jovem pode ser visto como mulher pelos sujeitos com fortes componentes

femininos.

E) Simbolizações:

As histórias em que o jovem que está deitado está se submetendo ou pode ter

sido forçado a ser hipnotizado pelo homem maduro, geralmente denunciam tendências

homossexuais latentes ou experiências homossexuais encobertas.

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Page 20: Apostila+TAT+ +Resumida

PRANCHA 12 F

A CELESTINA

Retrato de uma mulher jovem. Ao fundo uma velha misteriosa, com xale sobre

a cabeça faz caretas.

A) Área que explora:

- Tentação instintiva e defensiva

- Relação mãe-filha

B) Interpretação dos adultos:

- Atitude da filha frente ao controle materno.

- Tendências ao controle das irmãs

C) Clichês:

Proporciona oportunidade de expressar a atitude frente à figura da mãe ou da

filha, e envelhecimento e o matrimônio.

D) Distorções:

Nos casos psicóticos raros, a jovem é vista como um homem.

PRANCHA 12RM

O BOTE ABANDONADO

Um barco a remo está parado à margem de um rio que corre entre o arvoredo

de uma floresta. Não há figuras humanas no quadro.

A) Área que explora:

Fantasias desiderativas (desejos)

PRANCHA 13 HF

MULHER SOBRE A CAMA

Um jovem de pé e com a cabeça inclinada, coberta por seu braço. Atrás dele, a

figura de uma mulher deitada numa cama.

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Page 21: Apostila+TAT+ +Resumida

A) Área que explora:

- Atitude frente ao relacionamento heterossexual (ansiedade).

- Sentimento de culpa

B) Interpretação dos adultos:

Tendências sexuais, relacionamento e conflitos no amor, e matrimônio e a vida

erótica.

C) Clichês:

Quase sempre traduzem a atitude do sujeito frente às mulheres e ao sexo, às

vezes frente aos sentimentos de culpa e a atitude frente ao alcoolismo. Histórias mais

freqüentes: temas sexuais.

1. Homem contempla ou manteve relações sexuais com a mulher (esposa, noiva ou

prostituta) na cama.

2. A mulher, esposa do herói, está morta ou enferma e se descrevem os sentimentos

do jovem, comumente representam a hostilidade, contra a esposa ou às mulheres

em geral.

D) Distorções:

Grande variedade, incluindo especulações acerca do fundo e dos objetos sobre

a mesa.

E) Omissões:

Da mulher que está sobre a cama.

PRANCHA 13R

UM MENINO ESTÁ SENTADO NA SOLEIRA

Um menino sentado na soleira da porta de uma cabana de madeira.

A) Área que explora:

- Carências, solidão, saudade, abandono e expectativas.

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Page 22: Apostila+TAT+ +Resumida

PRANCHA 13M

RAPARIGA SUBINDO AS ESCADAS

Uma jovem está subindo um lance de escada em espiral.

A) Área que explora:

- Carência, solidão e expectativas.

PRANCHA 14

HOMEM À JANELA

A silhueta de um homem (ou mulher) contra uma janela iluminada. O resto do

quadro é totalmente negro.

A) Área que explora:

- Homem adentro: fantasias, expectativas, evocação

- Homem afora: evasão, aventura sexual, roubo

- Choque ao negro

B) Interpretação dos adultos:

Denunciam os determinantes das ambições, preocupações, expectativas e

eventualmente, fantasias de suicídio.

C) Clichês:

Permite a expressão das frustrações, expectativas, ambições e preocupações,

inclusive suicidas.

D) Distorções:

O homem é visto como uma mulher, ou que está subindo em algum lugar.

PRANCHA 15

NO CEMITÉRIO

Um homem negro, de mãos unidas, está em pé entre sepulturas.

A) Área que explora:

- Morte, culpa e castigo.

- Choque ao negro

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Page 23: Apostila+TAT+ +Resumida

B) Interpretação dos adultos:

- Atitude e sentimentos do sujeito frente à morte e à perda de membros da família.

C) Clichês:

A figura delgada reza ante a tumba de um morto. Descreve seus sentimentos e

atitudes, passados e presentes frente à mesma. A pessoa morta geralmente

representa a pessoa a quem dirige ou experimenta uma forte agressividade.

D) Distorções:

O Homem é visto como sendo uma mulher. Em suas mãos retém uma lâmpada

ou um livro; os túmulos como sendo platéia de um teatro.

PRANCHA 16

PRANCHA EM BRANCO

A) Área que explora:

- Relação transferêncial à situação da prova.

- Ideal do EGO

B) Interpretação dos adultos:

Aspirações e possessões

C) Clichês:

Na maioria das vezes gira em torno dos problemas interiores de grande

importância, ou deixa manifestar a atitude frente ao examinador.

PRANCHA 17RH

O ACROBATA

Um homem nu está suspenso em uma corda. Está para galgar ou descer pela

corda.

A) Área que explora:

- Nível de aspiração

- Exibicionismo ou narcisismo

- Masturbação

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Page 24: Apostila+TAT+ +Resumida

B) Interpretação dos adultos:

- Vontade de triunfar, nível de aspiração e tendências exibicionistas.

- Problemas pessoais, relações interpessoais e atitudes frente às dificuldades do

mundo exterior.

C) Clichês:

Em geral não provoca nenhum tema significativo. O homem da corda é visto como:

1. Está demonstrando sua habilidade atlética ou física ante um público numeroso, o

qual revela o desejo de ser reconhecido, seu nível de aspiração ou as tendências

exibicionistas do sujeito.

2. Tema que pode expressar as situações ou problemas difíceis de resolver para o

sujeito ou as reações ante as emergências. Se este tema é repetitivo,

estereotipado, elaborado em excesso e seu teor afetivo e seu desenlace são

intensos, representa as expectativas e esperanças do sujeito em escapar-se das

suas dificuldades.

D) Distorções:

Quanto ao fundo, ao homem

E) Simbolizações:

O herói que sobe e desce pela corda: preocupação masturbatória.

PRANCHA 17MF

A PONTE

Uma ponte sobre a água. Uma figura feminina debruça-se do parapeito. Ao

fundo estão altos edifícios e pequenas figuras de homem.

A) Área que explora:

- Frustração, depressão

- Autocastigo, suicídio

24

Page 25: Apostila+TAT+ +Resumida

B) Interpretação dos adultos:

Frustrações e reações frente ao controle familiar. Sentimentos depressivos e

tendências ao autocastigo.

C) Clichês:

Com freqüência provoca:

1. Fortes sentimentos de dúvida e a tendência do sujeito a manter a esperança ou a

ceder (suicídio).

2. Atitudes frente à partida ou aparecimento de um objeto amado.

D) Distorções:

A ponte é vista como balcão da casa, a mulher como homem; perspectivas

equivocadas.

E) Omissões:

Da mulher ou do grupo de trabalhadores.

PRANCHA 18 RH

ATACADO PELAS COSTAS

Um homem é agarrado por detrás por três mãos. As figuras dos seus

antagonistas são invisíveis.

A) Área que explora:

- Ansiedade, culpa

- Idéias paranóides, ataque homossexual

B) Interpretação dos adultos:

Atitudes frente às condutas socialmente desaprovadas.

C) Clichês:

Histórias estereotipadas relacionadas a roubos, ou à bebida, que expressam

atitudes frente aos vícios (alcoolismo ou ingestão de drogas). Podem, assim mesmo,

expressar a ansiedade do paciente frente à agressão dirigida contra o terapeuta.

1. O herói tem bebido ou sofrido um acidente e as mãos pertencem às pessoas que o

ajudam.

25

Page 26: Apostila+TAT+ +Resumida

2. O herói está sendo atacado pelas costas, e as mãos pertencem aos seus

agressores.

D) Distorções:

Os dedos das mãos como correntes; da expressão facial, posição e estado da

pessoa do fundo.

E) Simbolizações:

Geralmente denunciam as tendências homossexuais latentes ou experiências

homossexuais encobertas do sujeito.

PRANCHA 18MF

MULHER QUE ESTRANGULA

Uma mulher aperta o pescoço de uma outra mulher, a quem parece estar

empurrando sobre o corrimão de uma escada.

A) Área que explora:

- Agressividade e apoio

B) Interpretação dos adultos:

Agressividade e relação com a figura materna e parentais do sexo feminino.

C) Clichês:

Estimula as atitudes agressivas. Expressam as relações com as figuras da

filha, irmã, mãe e figuras femininas em geral; os ciúmes, sentimentos de inferioridade

e reação frente a relações submissas.

D) Distorções:

Da conotação agressiva; da perspectiva, e raramente, do sexo dos personagens.

PRANCHA 19

CABANA COBERTA DE NEVE

Quadro fantasmagórico com formações de nuvens, pairando sobre uma

cabana coberta de neve.

A) Área que explora:

- Carência e conforto; vazio e plenitude; frustração e segurança.

B) Interpretação dos adultos:

Explora os sentimentos e desejos de segurança; como responde o sujeito

frente às barreiras que o interceptam.

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Page 27: Apostila+TAT+ +Resumida

C) Clichês:

Oferece dificuldade: os pacientes a consideram como fantasmagórica. A

cabana está cercada pela neve, mas seus habitantes estão acomodados. Descreve-se

o estado destes e como superam a situação, reflete o desejo de segurança do sujeito

e o modo como enfrenta as circunstâncias frustradoras de seu próprio meio.

D) Simbolizações:

A preocupação pelos "olhos" (as aberturas da cabana) pode denunciar os

sentimentos de culpa do paciente.

PRANCHA 20

SOZINHO DEBAIXO DA ILUMINAÇÃO

Figura de um homem ou mulher iluminada de modo tênue, apoiando-se num

candeeiro de rua, numa noite escura.

A) Área que explora:

- Preocupações, abandono, culpa, castigo.

B) Interpretação dos adultos:

Problemas íntimos, preocupações, tendências sexuais ou agressivas.

C) Clichês:

A figura medita sobre diversos problemas interiores, de relativa importância:

aguarda a noiva (ou o noivo), ou planeja o ataque a uma vítima. Revela os temas que

preocupam seus problemas, atitudes heterossexuais e as tendências agressivas do

sujeito.

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Page 28: Apostila+TAT+ +Resumida

IV – ADMINISTRAÇÃO (MURRAY, 2005, p. 21-23).

Preparação do Sujeito

A maioria dos sujeitos não precisa de nenhum preparo, além de algum motivo

razoável para se submeter ao teste. Mas, para os que forem muito limitados, pouco

responsivos, resistentes ou desconfiados, bem como aqueles que nunca passaram por

provas escolares ou testes psicológicos, é melhor que se comece com uma tarefa

menos exigente antes de ser submetido ao TAT. As crianças, geralmente, produzem

melhor depois de algumas sessões dedicadas à expressão de suas fantasias,

verbalizadas por meios de brinquedos e brincadeiras.

Ambiente de teste

O ambiente de cordialidade, o aspecto do consultório e de seu mobiliário,

assim como o sexo, a idade, as atitudes e a personalidade do psicólogo, são capazes

de afetar a liberdade, vivacidade e a direção da atividade imaginativa do sujeito. A

meta do psicólogo é conseguir maior quantidade de material, com a melhor qualidade

possível, conforme as condições circunstanciais. Dado que a execução depende

totalmente da boa vontade e criatividade momentâneas do sujeito, e também que a

criatividade é um processo delicado, fundamentalmente involuntário, que não pode ser

forçado, nem irá desabrochar num clima áspero, frio, intelectualmente arrogante ou de

algum modo não empático, é importante que o sujeito tenha bons motivos para sentir

que o ambiente é acolhedor e que capte que estão presentes a receptividade, a boa

vontade e o apreço por parte do psicólogo.

Instruções

I – Primeira sessão

O sujeito deve sentar-se numa cadeira confortável ou, então, reclinar-se num

divã. As instruções serão lidas para ele devagar, utilizando-se uma das seguintes

formas:

Forma A (aconselhável para adolescentes e adultos de grau médio de

inteligência e cultura): “Este é um teste de imaginação que é uma das formas da

inteligência. Vou mostrar-lhe algumas pranchas, uma de cada vez, e a sua tarefa será

inventar, para cada uma delas, uma história com o máximo de ação possível. Conte-

me o que levou ao fato mostrado na prancha, descreva o que está acontecendo no

momento, o que as personagens estão sentindo e pensando. Conte depois como

termina a história. Procure expressar seus pensamentos conforme eles forem

ocorrendo em sua mente. Você compreendeu? Como você tem cinqüenta minutos

28

Page 29: Apostila+TAT+ +Resumida

para as 10 pranchas, você pode utilizar cerca de 5 minutos para cada história. Aqui

está a primeira prancha”.

Forma B (aconselhável para crianças, adultos pouco inteligentes ou de

pouca instrução): “Este é um teste para contar histórias. Eu tenho aqui algumas

pranchas que vou lhe mostrar. Quero que você faça uma história para cada uma

delas. Conte o que aconteceu antes e o que está acontecendo agora. Fale o que as

pessoas estão sentindo e pensando e como termina a história. Você pode fazer o tipo

de história que quiser. Compreendeu? Bem, então aqui está a primeira prancha. Você

tem 5 minutos para fazer uma história. Faça o melhor que puder”.

As palavras exatas dessas instruções podem ser modificadas para se

adaptarem à idade, inteligência, personalidade e condições peculiares de cada sujeito.

Mas é melhor, de início, não dizer: “Está é uma oportunidade para você usar

livremente sua imaginação”, pois essa forma de instrução suscita, algumas vezes, no

sujeito, a suspeita de que o psicólogo pretende interpretar o conteúdo de suas

associações livres, como ocorre na psicanálise. Tal suspeita pode causar grave dano

à espontaneidade do pensamento do sujeito. Convém que ele acredite que o psicólogo

está interessado tão somente em sua aptidão criativa ou literária.

Terminada a primeira história (e desde que haja base para isso), o sujeito deve

ser discretamente elogiado. E, a menos que as tenha seguido com precisão, é preciso

relembrar-lhe as instruções. Assim, o examinador poderá dizer: “Certamente essa foi

uma história interessante, mas você esqueceu de dizer como o menino reagiu quando

sua mãe o repreendeu, deixando a narrativa no ar. Não houve de fato um verdadeiro

desfecho para a sua história. Você gastou nela três minutos e meio. As outras podem

ser um pouco mais compridas. Procure fazer o melhor que puder com esta segunda

prancha”.

De modo geral, é preferível que o psicólogo não diga mais nada no restante do

tempo, exceto (1) para informá-lo se estiver muito atrasado ou muito adiantado em

relação ao tempo previsto, por ser importante que o sujeito complete a série de dez

histórias e dedique mais ou menos a mesma quantidade de tempo a cada uma delas;

(2) para estimulá-la com um discreto elogio de vez em quando, pois essa pode ser a

melhor maneira de incentivar a imaginação; e (3) se o sujeito omitir algum detalhe

fundamental, as circunstâncias antecedentes ou o desfecho, lembrar-lhe com alguma

breve observação tal como: “o que levou a essa situação?” De modo algum deve o

psicólogo envolver-se em discussões com o sujeito.

29

Page 30: Apostila+TAT+ +Resumida

O psicólogo deve interromper uma história demasiado longa e inconsistente,

perguntando: “E como ela termina”, podendo dizer ao sujeito que o que importa é o

enredo e não uma grande quantidade de detalhes. Os sujeitos que ficam intensamente

absorvidos na descrição literal das pranchas devem ser alertados com tato de que

este constitui apenas um teste de imaginação. Se o sujeito fizer perguntas sobre

detalhes pouco claros, o psicólogo deve responder: “Podem ser o que você quiser”.

Não se deve permitir que o sujeito construa várias narrativas para uma mesma

prancha. Se perceber que está orientando nessa direção, convém dizer-lhe que deve

aplicar seus esforços numa única história mais longa.

As histórias devem ser registradas com detalhes, usando abreviações comuns

ou pessoais.

Ao marcarmos a segunda sessão, convém que o sujeito não saiba ou que não

seja levado a pensar que lhe serão solicitadas novas histórias. Ter essa expectativa

em mente pode levá-lo a se preparar mediante a busca de enredos lidos em livros ou

em filmes vistos por ele que, nessas condições, voltaria equipado com um material

mais impessoal do que o produzido quando obrigado a inventar as histórias no impulso

do momento.

II – Segunda sessão

É desejável que haja um intervalo de, pelo menos, um dia entre a primeira e a

segunda sessão. Nessa segunda parte, o procedimento é semelhante ao utilizado na

anterior, salvo num aspecto: a ênfase nas instruções sobre a completa liberdade da

imaginação.

A prancha 16 é dada com uma instrução especial: “Veja o que você pode ver

nesta prancha em branco. Imagine alguma cena aí e descreva-a em detalhe”. Se o

sujeito não conseguir, o examinador deve dizer: “Feche os olhos e imagine alguma

coisa”. Depois que o sujeito der uma descrição completa daquilo que imaginou, o

psicólogo deve dizer: “Agora me conte uma história sobre isso”.

O exame completo com o TAT compreende o uso das duas séries de

pranchas, em duas sessões, separadas por um intervalo de tempo mínimo de um

dia e um máximo de uma semana. Se não essa possibilidade, recomenda-se o

emprego das dez pranchas da segunda série, consideradas como estímulos mais

eficazes. Em determinados casos, o examinador pode escolher as pranchas mais

importantes para a abordagem dos problemas em foco. Sempre que possível,

30

Page 31: Apostila+TAT+ +Resumida

entretanto deve dar preferência ao exame completo. As pranchas são apresentadas

na ordem estabelecida pela numeração

Após a coleta das histórias procede-se ao inquérito, para a suplementação de

dados imprecisos, assim como para pesquisar a fonte de idéias.

V – Interpretação (MURRAY, 2005; SHENTOUB, 1951).

A – Herói principal (protagonista)

Murray centraliza a interpretação no herói principal como catalizador das

projeções do sujeito. Outros autores, porém como Piotrowsky, reconhecem haver

projeção em outros personagens, sobretudo projeções de impulsos não aceitos,

quanto mais inconscientes seriam os impulsos neles projetados.

Os traços do herói corresponderiam à imagem, real ou ideal, que o sujeito tem

de si. O herói seria o catalizador principal das projeções do sujeito, sobretudo segundo

a linha interpretativa de Murray.

Idade: Informa-nos se o sujeito se percebe como jovem, criança, homem

maduro ou velho.

Sexo: Informa-nos sobre a identificação do sujeito com o próprio sexo ou com o

sexo oposto.

Personalidade: As atitudes, sentimentos, conduta, traços, etc, traduzem-nos as

qualidades que o sujeito possui, crê ou deseja possuir.

Aparência física: Relaciona-se com os interesses do sujeito, sua imagem

corporal, seu ideal físico, sobretudo se trata de figuras ambíguas.

Multiplicidade de heróis:

Tal multiplicidade pode "resultar do deslocamento da identificação e revelar

importantes fases, ou aspectos contraditórios, ou uma dissociação mais ou menos

forte da personalidade do sujeito".

Identificação: Em geral, o herói principal é:

- O personagem em quem o narrador está mais interessado, cujo ponto de vista o

narrador adota.

- Quem mais se assemelha ao sujeito em termos objetivos e reais (regra não rígida).

- Pessoa que figura no quadro.

- Pessoa que desempenha papel principal.

31

Page 32: Apostila+TAT+ +Resumida

Entretanto, deve-se ter atenção aos seguintes pontos:

- Pode haver uma seqüência de protagonistas.

- Dois impulsos podem ser representados por dois protagonistas (o conflito seria então

mais intenso do que se os dois impulsos estivessem representados num só

protagonista).

- pode haver numerosos protagonistas parciais.

- o personagem principal pode ser simplesmente um elemento do meio ambiente do

sujeito e não alguém com quem ele se identifica, o protagonista estaria num

personagem secundário.

Caracterização: Identificando o herói principal, analisa-se nele:

- Dados pessoais, idade, sexo, profissão, etc.

- Características psíquicas, vocação, habilidades, interesses, adaptação.

- Tendências e traços caracterológicos: superioridade (capacidade, poder, fama),

inferioridade, masculinidade-feminilidade, ascendência, submissão, etc.

- Atitude frente à sociedade, autoridade, colegas e parentes.

- Características físicas.

Suas Necessidades

Caracterizar as necessidades do herói (ver lista)

Seus estados interiores e emoções

- Decepção, desilusão, depressão, aflição, melancolia, mágoa, desespero

(abatimento).

- Alegria, felicidade, excitação.

- Amor, desconfiança.

- Conflitos, passividade-atividade, dependência-independência, realidade- prazer,

medo, ansiedade, angústia, sentimentos de culpa.

- Mudança emocional.

32

Page 33: Apostila+TAT+ +Resumida

B. OUTROS PERSONAGENS

Faz-se igualmente sua caracterização. Comparam-se os homens e as

mulheres. Investigam-se os traços das mulheres de idade, bem como dos homens de

idade.

Seus atributos revelam como o sujeito visualiza as pessoas com as quais se

encontram emocionalmente ligado (pai, irmão, etc.) Pode haver, entretanto um

deslocamento, como por exemplo, no caso da polícia representar a figura paterna.

C. AMBIENTE/ PRESSÃO

Caracterizar o ambiente e as pressões (ver lista)

D - OMISSÃO/ DISTORÇÃO

Omissão: Não percepção e não inclusão na história de elementos significativos

manifestos na Prancha.

Distorção: Alteração perceptual dos elementos significativos manifestos na Prancha.

E - ELEMENTOS DE COMPORTAMENTO

Os sinais aqui reunidos correspondem à expressão, pela conduta, de certa

ansiedade e de mal estar provocadas pela prancha. Segundo o contexto clínico, elas

permitem prejulgar a natureza patológica das respostas.

Exclamações - Comentários

Toda observação verbal com relação às pranchas e toda expressão de alegria,

de desgosto, de admiração, de surpresa, etc. testemunham certa labilidade emocional

e impulsividade. Traduz o desejo do sujeito de "neutralizar" o objeto, entrando

imediatamente em sua intimidade, como também a necessidade de se identificar com

o objeto, de se projetar. Esta atitude que reflete certa perda de distância é seguida

freqüentemente pelas projeções diretas, referências pessoais, etc.

33

Page 34: Apostila+TAT+ +Resumida

Digressão

Toda observação "à margem" do teste, formulada durante a exibição das

pranchas. Ex.: "como faz calor aqui". Estas observações têm a mesma significação

que as exclamações, mas confirmam melhor a necessidade que o sujeito experimenta

de se subtrair à tarefa de fugir da ansiedade provocada pelo exame ou, por uma

determinada prancha.

Necessidade de fazer perguntas

Toda intervenção do examinador para solicitar a continuação das histórias

(mais), ou o final da mesma (F), ou então dos dois (mais, F). Podem-se encontrar duas

categorias de sujeitos aos quais é necessário fazer perguntas.

#

#

#

#

#

#

Sujeitos ansiosos que se põem eles mesmos as perguntas e tem desejos de confirmação para

continuar sua narração, e que se beneficiam com a intervenção do examinador.

Sujeitos que, malgrado às múltiplas perguntas, não chegam a sobrepujar sua incapacidade de

construir uma história. Suas defesas, quer de ordem neurótica ou psicóticas, são muito mais

estruturadas do que as do sujeito da primeira categoria.

Necessidade de aprovação

Toda expressão que tenha por finalidade atrair a atenção do examinador. Ex.:

"está bem feito? "A necessidade de aprovação se encontra nos sujeitos ansiosos e

que, além do mais, têm tendência a uma emotividade lábil. Um de seus mecanismos

de defesa consiste em procurar segurança por meio de uma série de reinvidicações

afetivas.

Ansiedade manifesta

Toda manifestação exteriorizada de temor, de mal estar (expressões verbais,

mímicas, posturais). A ansiedade manifesta pode se exprimir de várias maneiras e, tal

34

Page 35: Apostila+TAT+ +Resumida

como: a temperatura nos doentes, traduzir um simples "estado febril" ou se indício de

doenças de toda sorte.

O comportamento ansioso pode se traduzir, dentre outras por atitudes

posturais embaraçadas e gestos estereotipados como: mão na testa, dedos nos

cabelos, fumar nervosamente, pela careta, pela transpiração, pelas maneiras de olhar

a prancha, ou de ficar sentado, etc.

É importante observar, se esta ansiedade ocasiona uma perturbação na

elaboração do tema, ou se permanece de qualquer modo isolada, o que é indício de

uma estruturação muito mais caracteriológica.

Observações críticas

Toda observação destinada a desvalorizar as situações do exame, seu

interesse, o material usado, etc. Ex.: "não é bonito isso que o senhor está me

mostrando"; "parece que o senhor faz questão de escolher as pranchas mais feias";

"pra que serve tudo isto?".

Esta expressão manifesta agressividade e traduz uma estruturação do caráter

muito elaborado e é indicativo de adaptação defeituosa. Incluiremos ainda uma outra

forma de crítica: aquela que diz respeito aos personagens. Aqui a crítica é

acompanhada por referências pessoais e de uma projeção muito forte, portanto de

uma perda de distância em relação à prancha, que é vista como uma realidade

"horrível" Ex..: (pr..2) a pessoa da direita está grávida. Isto não me agrada... Este tipo

de respostas testemunha tendências paranóides pronunciadas.

Cinismo

Toda atitude insolente ou desdenhosa desafiando a situação incômoda. O

cinismo indica certo afastamento, e mesmo uma espécie de isolamento afetivo, e

mostra uma estruturação caracterial de defesa mais séria. É também uma das

manifestações do comportamento esquizofrênico, mas não se pode interpretá-lo neste

sentido, senão em um contexto clínico patológico particular.

Recusa

Rejeição à prancha e recusa a contar uma história. A recusa testemunha tanto

a agressividade como o bloqueio do sujeito; ou o sujeito manifesta conscientemente a

35

Page 36: Apostila+TAT+ +Resumida

agressividade e rompe toda relação; simplesmente recusando uma ou mais pranchas,

ou se limita ao silêncio, malgrado as instruções em conseqüência de um choque

profundo que bloqueou toda expressão.

Pode ser considerada como índice patológico engajado na própria estrutura da

personalidade, embora se encontre também nos sujeitos normais, e mais

particularmente nos psicossomáticos.

Não obediência às instruções

Ausência de um ou vários elementos da instrução: história onde falta qualquer

coisa: passado (P); solução (S); ação (A) e fim (F).

A obediência às instruções pode ser considerada, essencialmente como um

índice de adaptação à realidade. Neste sentido, material, examinador, situação de

exame e instruções formam um conjunto que o sujeito deve enfrentar e frente ao qual

deve adotar certa conduta.

Insistência no passado

Toda história que se desenrola quase exclusivamente no passado, em

detrimento do presente, que não é assinalado senão por alusões ou implicitamente.

Certos sujeitos sentem necessidade de demorar-se longamente sobre o passado,

sem, no entanto, perder de vista a situação da prancha à qual eles chegam finalmente.

As situações da imagem parecem despertar neles um eco longínquo, talvez vivido; a

prancha não lhes serve senão de pretexto para desenvolver um tema central sobre os

acontecimentos anteriores.

Outros sujeitos atêm-se igualmente ao passado, mas se perdem e se acham

muito desamparados assim que tenham de se reportar à situação representada na

prancha. Este tipo de reação não se encontra a não ser, praticamente, nos psicóticos.

F - ELEMENTOS DE LINGUAGEM

Estas poucas observações reunidas sob o título "Linguagem" estão longe de

abranger tudo o que se pode observar em relação ao sujeito no TAT.

Estilo falho ou frustrado

36

Page 37: Apostila+TAT+ +Resumida

Expressão verbal pobre, vocabulário restrito. O estilo pobre, ou falho, se

encontra fatalmente nos débeis, mas também nos sujeitos de inteligência normal e de

um nível cultural pouco elevado. Pode ser observado, igualmente, nos casos de

psicose orgânica e de problemas de origem psicossomáticas, com forte rebaixamento

de eficiência (nos hipertensos, por exemplo).

Estilo rebuscado

Todo o pedantismo ou afetação nas expressões verbais, como o emprego

repetido de um determinado tempo do verbo. é encontrado em nível "normal" nos

sujeitos com sentimento de inferioridade muito acentuados e que procuram compensar

e se afirmar desta maneira particular. No domínio patológico, é típico de

esquizofrênicos e paranóico.

Expressões surrealistas

Efeitos verbais que não levam em conta a lógica da língua. Ex.: "dois caminhos

(ou retas) que se encontra e gritam: "viva o Lula". As expressões surrealistas ou

poético-herméticas, sem procura voluntária de originalidade se encontram

essencialmente na esquizofrenia, e são acompanhados, freqüentemente de

neologismo.

Neologismo

Invenção de palavras novas. Os neologismos espontâneos fazem parte do

mesmo quadro clínico da esquizofrenia.

Perturbação no decurso do pensamento

Sintaxe perturbada, linguajar sem nexo, perda do fio do pensamento. Difluência.

Fluidez verbal

Linguajar inconsistente, verboso, dominado pelas associações de idéias

sucessivas. Vai interpretar como os precedentes, mas em um contexto diferente, se

apresenta como sinal de comportamento maníaco ou de deficiência intelectual. (Obs.

conjunto de idéias simplesmente jogadas).

37

Page 38: Apostila+TAT+ +Resumida

Estereotipias (histórias desprovidas de sentimentos)

Toda repetição de fórmulas desprovidas de conteúdo afetivo, é também a

recusa no engajamento de afetos.

Contradição entre o tema e expressão

Toda expressão verbal ou mímica do narrador é inadequada ao tema. Nos

sujeitos normais, indica um defeito de identificação super compensado, nos psicóticos

esta discordância é muito mais manifesta e é característica do quadro esquizofrênico.

Expressões "isto poderia ser"... Etc.

Toda expressão que permite ao sujeito não se comprometer com uma

afirmação direta, correspondem a uma tomada de distância mais ou menos grande,

que se encontra principalmente nos hesitantes com estrutura obsessiva. (ex.: "a rigor

poderia ser"; "pode-se esperar que").

Expressões "Percebe-se nitidamente que", etc.

Toda expressão que reforça o engajamento pessoal do sujeito com uma

afirmação direta Ex.: "É evidente que..."; "Não há dúvida que..." Estas expressões

categóricas correspondem a uma perda de distância, engajando o sujeito a uma

identificação e projeção direta.

G - RELAÇÕES INTERPESSOAIS

É evidente que um sujeito vive e se desenvolve criando ou mantendo sem

cessar relações, e que a menor dificuldade com referências a estas, traduz um

problema da personalidade do sujeito. Estes relacionamentos não se limitam àquilo

que se entende comumente sob esta designação, isto é, às relações de pessoa a

pessoa, mas implicam também nos relacionamentos que um sujeito mantém com um

objeto material sobre o qual ele transfere os seus sentimentos, e com ele próprio.

Sabemos também que cada sujeito conduz um diálogo interior com os

sentimentos que tem respeito ao objeto, diálogo consciente ou inconsciente.

38

Page 39: Apostila+TAT+ +Resumida

E o conjunto de todos estes relacionamentos com suas tonalidades e as suas

qualidades múltiplas que se transportam para os movimentos dos personagens e suas

relações nas histórias do TAT compreende-se, portanto, a importância que atribuímos

ao significado das "relações interpessoais".

Relações positivas (em suas diferentes combinações) um diálogo

satisfatório entre os personagens.

Existe, evidentemente, uma infinidade de modalidades de relações que se

podem classificar de "positivas". É difícil, às vezes, reconhecê-los como tais,

sobretudo quando os afetos não são explícitos. Dever-se-á mesmo, às vezes, recorrer

ao exame das soluções dos conflitos para compreender a qualidade das relações

interpessoais.

O examinador tem uma tendência a supor que as boas relações entre heróis da

história traduzem boa relação do sujeito com seu meio ambiente. E isto é verdade

para a maioria dos casos, mas não é uma regra absoluta. A explicação está no fato de

que as relações interpessoais parciais de um sujeito podem ser excelentes (no seu

trabalho, na vida social, etc.), sendo todas negativas no domínio da vida privada.

Uma outra razão de discordância entre as relações dos heróis e as relações

dos sujeitos é devida ao fato de que o narrador projeta nas histórias, a uma só vez,

aquilo que ele é, o que queria ser, aquilo que não quer ser, aquilo que ele não é, etc.

Novamente o contexto e o conjunto do protocolo que darão a chave da interpretação.

Relações negativas (em suas diferentes combinações) um diálogo não

satisfatório entre os personagens.

As relações são negativas quando existe uma ruptura do diálogo e quando

nenhum entendimento se estabelece entre os personagens. s dificuldades que se

encontram aqui são as mesmas que nos sinais precedentes. Nós a encontramos, por

exemplo, nas histórias de relações homossexuais negativas, quando o narrador, na

realidade, tem relações homossexuais parcialmente positivas. Pode ser mesmo que a

maior parte das relações homossexuais do sujeito seja positiva com exceção das

relações com a mãe (no caso de uma moça) ou com o pai (no caso de um rapaz).

Relações tensas

39

Page 40: Apostila+TAT+ +Resumida

Relações muito carregadas de afeto e que não dão aos personagens a

possibilidade de descargas positivas. Nós encontraremos esta tensão que invade a

personalidade em casos limites ou nas neuroses graves. As histórias são geralmente

sem final. O conflito é agudo e dramático.

Relações inconsistentes

Relações pouco vividas e às quais não se pode determinar o caráter. Traduz

certa ambigüidade de relacionamento, um defeito de identificação. Nos casos muito

pronunciados devemos pensar em neuroses graves ou psicoses.

Relações ausentes (seja totalmente, seja parcialmente entre os

personagens)

Falta de relações entre os personagens evocados ou não. Esta ausência é, em

todo caso, um sinal grave, traduzindo uma retração importante da libido. A ausência

total de relações nos fará pensar em uma estrutura psicótica; a ausência parcial

significará um mecanismo obsessivo.

Conflito intrapessoal tenso

Conflito entre o herói e ele mesmo. Os conflitos interpessoais evocados devem

ser distinguidos do conflito que se desenrola no interior do herói, isto é, intrapessoal.

Clinicamente estes conflitos são uma redução maciça dos conflitos interpessoais.

Traduzem, em todo caso, uma estrutura psicótica fortemente narcisista e devem ser

notados na medida em que substituem os conflitos interpessoais não evocados na

história.

H - SOLUÇÃO DO CONFLITO EVOCADO (desfecho da história)

A adaptação de um sujeito à vida será avaliada facilmente, a partir da

qualidade das soluções que ele dá aos conflitos evocados em suas histórias. é, em

suma, o índice global de adaptação mais seguro que nos oferece o TAT.

Isto não quer dizer que uma solução negativa implique necessariamente numa

inadaptação do sujeito a todos os domínios da vida. Mas a relação entre a solução

encontrada e o modo de adaptação do sujeito é sempre existente.

40

Page 41: Apostila+TAT+ +Resumida

a)

b)

Relações interpessoais positivas podem conduzir a soluções positivas:

teremos, então, um sujeito normalmente adaptado;

Relações interpessoais negativas podem conduzir a soluções positivas:

teremos "sujeitos complexados", mas conseguem vencer as suas próprias

dificuldades, graças, sem dúvida, a sistema de super compensação.

c)

d)

Em nossa experiência com o TAT, temos tido ocasião de encontrar relações

interpessoais positivas ligadas a soluções negativas. Ao se encontrar isto, o

caso deverá ser estudado;

Relações interpessoais negativas podem conduzir a soluções negativas ou

coexistir com elas. Isto assinala um grau importante de inadaptação do

sujeito ao mesmo tempo em que uma homogeneidade de suas relações.

Estas ligações simples entre relações interpessoais e soluções dos conflitos

não são mais freqüentes. Encontraremos mais freqüentemente, num mesmo

protocolo, índices positivos e negativos, o que é uma imagem fiel da vida. É o exame

aprofundado do protocolo inteiro que nos permite aproximar da personalidade

complexa do sujeito: a tônica deve ser colocada na "estrutura dinâmica" (assim, as

relações positivas e as soluções positivas, ambas tendo sido placadas, estão longe de

traduzir um modo de adaptação perfeita. Testemunha somente a possibilidade do

sujeito estabelecer e de "manter relações à distância", sem afetos e sem engajamento

pessoal.

Com um grau de adaptação decrescente nós podemos classificar as soluções

positivas da seguinte maneira:

Solução adaptada

Toda história onde o personagem resolve a situação conflitual em seu proveito

e de maneira socialmente integrada.

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Page 42: Apostila+TAT+ +Resumida

Compromisso viável

Toda tentativa no sentido de evitar a resolução do conflito aberto, encontrando-

se uma solução intermediária aceitável

Dependente de ajuda exterior

Adaptação às situações dadas, graças às circunstâncias ou às personagens

favoráveis do meio exterior.

Hipotética

Toda solução positiva do conflito sendo remetida para o futuro, sob condição.

Exemplo: "Eles se casarão um dia, se tudo correr bem".

Placada ou moralização

Todo clichê otimista e gratuito em lugar de solução de conflito. É muito difícil

catalogar essas soluções de maneira "objetiva". É evidente, sobretudo na clínica que

intervém escalas de valores pessoais, morais e sociais, que podem variar segundo as

diferentes tradições ou culturas. Mas a clínica terá a última palavra, sempre. Exemplo:

(Trata-se de determinar se a solução seguinte, dada pelo narrador, é adaptada ou

neurótica) "uma moça que queira deixar a mãe; esta tenta retê-la; a filha fica por ter

pena da mãe".

A despeito das tradições morais que consideram esta solução como desejável,

ela será qualificada pelo examinador como neurótica, tendo em vista o conhecimento

que hoje temos das conseqüências de uma tal solução de conflito.

Soluções múltiplas

Toda história comportando diversas soluções. As soluções múltiplas podem ser

homogêneas quanto a sua qualidade ou heterogêneas. Quando são heterogêneas e,

sobretudo, quando a última solução evocada é má, devemos concluir por uma

adaptação defeituosa. Se ao contrário, a última solução for positiva isto significa que

as defesas obsessivas são integradas apesar de tudo.

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Page 43: Apostila+TAT+ +Resumida

A multiplicidade de soluções, mesmo boas, testemunha o medo do sujeito em

engajar-se e se encontra mais freqüentemente nas estruturas obsessivas.

Solução autopunitiva ou de fracasso

Toda história que termina desfavorável ao herói principal. Esta espécie de

solução traduz necessariamente uma má adaptação. Mas traduz, além disso, uma

conduta de fracasso propriamente dita, que trás, na clínica psicanalítica, o nome de

"neurose de fracasso", estas respostas, muito infantis em geral, implicam numa

imaturidade afetiva.

Soluções por satisfação dos impulsos

Toda história na qual a solução é conseguida graças à satisfação de um desejo

ou uma tendência, sem se levar em conta as exigências sociais e do Superego. O

superego de um sujeito que dá tais soluções é impotente ante a força do Id. Se a esta

configuração se junta uma má integração do Ego, ou se encontramos várias respostas

deste gênero, estaremos tratando com estrutura psicótica. Mas se, ao contrário, a

função de integração do Ego é relativamente boa, estaremos em presença de uma

personalidade normal, com defesas psicóticas.

Solução discordante com relação ao tema

Todo final de história contradizendo a evolução do conflito. Isto é quase

incoerência, logo, por definição, psicótico.

Ausência de solução

O conflito evocado permanece aberto. A significação desta ausência não pode

ser explicada senão em função do contexto. Pode ser encontrada, tanto no protocolo

de um neurótico, como de um psicótico, o sujeito normal que se omitiu à solução, da-

la-á, em geral, sob demanda do examinador.

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Page 44: Apostila+TAT+ +Resumida

VI - AS PARTES DO RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E O TAT

1. Funcionamento cognitivo

A inteligência pode ser estimada a partir do vocabulário usado nas histórias.

A percepção da realidade pode ser avaliada verificando se o indivíduo percebe

ou não as figuras de modo adequado e se as histórias são ou não realistas. O

pensamento pode ser avaliado verificando se as histórias são organizadas ou não.

2. Afeto

Analisar as principais emoções atribuídas aos personagens e as situações que

despertam essas emoções. A adequação dos afetos às situações deve ser analisada.

3 Auto-imagem e auto-estima.

As características dos heróis expressam a auto-imagem do indivíduo. Os heróis

são competentes ou incompetentes para lidar com as situações? Como reagem ao

cometerem erros? Como são vistos pelos outros personagens?

4 Relacionamentos interpessoais.

As histórias do TAT são uma importante fonte de dados sobre os

relacionamentos interpessoais do sujeito. Além disso, considerar o modo de o sujeito

se relacionar com o examinador durante a testagem. As atitudes frente a diferentes

tipos de pessoas, tais como os pais, companheiros amorosos, amigos e colegas de

trabalho devem ser descritas. Relações com a figura materna costumam ser

expressas nas respostas às figuras 2, 5, 6BM e 7GF. Relações com a figura paterna

costumam ser expressas nas respostas às figuras 6GF e 7 BM. Relações com

pessoas da mesma idade, do mesmo sexo e do sexo oposto, costumam ser expressas

nas respostas às figuras 9BM, 9GF, 4 e 13 MF.

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Page 45: Apostila+TAT+ +Resumida

Psicologia USPPrint ISSN 0103-6564

 Psicol. USP vol.11 n.1  São Paulo  2000

A DESVINCULAÇÃO DO TAT DO CONCEITO DE "PROJEÇÃO"

E A AMPLIAÇÃO DE SEU USO

 

Vera Stela Telles1

Instituto de Psicologia – USP

 

 

Crítica à designação de "projetivo" referente aos fenômenos implicados no material do TAT. Procurou-se mostrar que tal designação levou historicamente o teste a ser amarrado às teorias psicanalíticas, sem que nada, nos fenômenos registrados, obrigasse a tal leitura. Ao contrário, a nosso ver, a maior parte da problemática de seu uso em pesquisa e da possibilidade de um consenso geral referente à sua interpretação, deve-se aos problemas inerentes à próprias teorias psicanalíticas. Sugerimos então sua desvinculação desse termo que o remete a um sistema teórico fechado que como tal, impede a verdadeira observação do material obtido pelo teste. Essa observação dos fenômenos permitiria a superação dos impasses e consequentemente a ampliação de seu uso, já que o consenso seria procurado no material, para além de qualquer postura teórica prévia do observador.

Descritores: Teste de Apercepção Temática. Projeção (Mecanismo de defesa). Teoria psicanalítica. Técnicas projetivas. Psicologia clínica. Cognição.

 

 

O problema dos assim chamados testes projetivos começa na própria definição de "projetivo." Esse conceito carrrega consigo o sentido subjacente de que o fenômeno, a ser pesquisado, de certo modo já é previamente "conhecido" - ele pertence e é circunscrito dentro de uma dimensão "projetiva" (qualquer que seja o sentido dado à palavra). Essa forma de nomear implica então em uma específica posição frente ao fenômeno. Aliás, é precisamente à imprecisão do termo projetivo que os autores atribuem os erros dos "métodos projetivos" (Cattell, 1951 & Rappaport, 1952, citados por Imbasciati & Ghilardi, 1994, p. 40). Também Shentoub (1990) na sua introdução

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Page 46: Apostila+TAT+ +Resumida

afirma: "Os testes ditos projetivos, seriam melhor nomeados de provas de personalidade, desde que eles procedessem de mecanismos que ultrapassam o quadro da projeção, mesmo na concepção mais ampla do termo ..." (p. 1, grifos nossos).

A história do TAT (Teste de Apercepção Temática) poderia ser concebida como uma démarche das mais complicadas, tentando resolver um impasse que, pensamos ter muito mais a ver com essa designação intempestiva do que com problemas suscitados pelos fenômenos psicológicos implicados na tarefa. As mais diferentes formas de avaliação e teorização do teste tentam, no fim, explicar a "projeção" (e o "inconsciente"); suas fundamentações teóricas deixam muito a desejar2 - tanto em relação à captação do fenômeno quanto ao consenso sobre sua explicação e sua metodologia. O problema é de tal magnitude que alguns autores põem em dúvida se existe algo neste teste compatível com a função de instrumento diagnóstico (Anderson, & Anderson, 1967). Quanto à sua utilização em pesquisas, o impasse parece insolúvel.

Voltando às suas origens (1935), apesar de Henry Murray ter recorrido à teoria psicanalítica clássica para descrever a estrutura de personalidade do indivíduo achava "... que somente a psicanálise não seria suficiente para fornecer esquemas facilmente utilizáveis na ... praxis da psicologia; quis então integrá-la num sistema teórico que sublinhasse os problemas de adaptação e as influências ambientais" ((Imbasciati & Ghilardi, 1994, pp. 15-16). Tenta assim (segundo os autores) integrar a clínica e a psicologia experimental. Sua linha teórica é basicamente fundamentada nas necessidades do sujeito e nas pressões ambientais. Necessidades que incluem uma força determinada pelos processos internos e, mais freqüentemente, devidos às interferências ambientais "organizadoras de toda atividade do indivíduo em vista de uma modificação de uma situação tida como insatisfatória" (Imbasciati & Ghilard, 1994, pp. 15-16).

A idéia que fundamenta essa posição é a de adaptação e centraliza-se na problemática de harmonizar o interior do sujeito e o exterior, representado pelo seu ambiente. Para descrever as alterações perceptivas introduzidas pelo sujeito, Murray usa o termo psicológico de apercepção (Imbasciati & Ghilard, 1994, p. 34).3

Os trabalhos da Gestalt estabelecendo as leis da percepção também preocupam-se em dar sentido às distorções perceptivas; nestas distorções a Gestalt localiza "um processo dinâmico devido às leis da "pregnância" e do conceito de transponibilidade."

As imagens percebidas no TAT seriam então "antes de mais nada uma gestalt, formada desde a memória que fornece a imagem composta real das figuras concretas que lhes correspondem, e das imagens – estímulos fornecidos pelo teste segundo uma organização perceptiva ótima" (Ancona, s. d., grifos nossos).

Essa configuração perceptiva não é um simples resultado de uma composição, mas a percepção é gestaltizada com os componentes afetivos que estão presentes no sujeito:

Estes últimos são responsáveis ... por um processo de distorção de tipo gestáltico que procura a organização mais simples possível; no nível desta gestalt superior, a organização se exprime como a manutenção do equilíbrio psíquico obtido com a exclusão subjetiva da dificuldade da realidade; o que perturba é evitado enquanto não é percebido, e o que não é percebido não existe.4 (Ancona, s.d., grifos nossos)

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Page 47: Apostila+TAT+ +Resumida

O eu aprende depressa o modo mais econômico de manter constante a própria organização deformando assim as percepções exteriores ..." por isso Bellak tem razão em dizer que "a organização da personalidade constitui um sistema de controles e de balanceamentos, de modo a absorver cada novo estímulo com o mínimo de mudanças" e Ancona acrescenta: "A percepção do mundo exterior torna-se por isso mesmo necessariamente projetiva" (Ancona, s.d., p. 8, grifos nossos).

Mais adiante o autor acrescenta:

... o modo mais correto de descrever essa situação é como fez Murray chamando apercepção. A apercepção é de fato uma distorção perceptiva porque através dela a nova experiência é assimilada e transformada segundo traços da experiência passada; e gera a projeção, segundo uma transferência de aprendizagem.5 (Ancona, s.d.)

Mais ainda; este modo de ver as coisas permite considerar os fatos de percepção como aqueles descritos pela psicanálise como "mecanismo de defesa," somente substituindo a noção de pregnância pela de defesa" – Há aqui uma contradição flagrante: o autor está explicando a aprendizagem; parece-nos, então, absurdo falar em mecanismo de defesa; mais ainda, o termo projeção aqui descrito (e o único que poderia ser relativo à produção do TAT) refere-se ao conceito "normal" de projeção, não àquele advindo de mecanismos de defesa. Desse modo a apercepção mencionada nada tem a ver com a projeção como mecanismo de defesa. Faz-se então uma passagem indevida entre dois termos iguais mas de sentidos completamente diferentes (sempre dentro da própria psicanálise). Como se verá mais adiante, o único "projetivo"- (segundo autores de orientação psicanalítica) - pertinente à produção do sujeito no TAT seria aquele que precisamente nada tem a ver com mecanismo de defesa. Portanto nada, a não ser a coincidência do nome, justifica que se identifiquem as alterações perceptivas ou aperceptivas, com os mecanismos de defesa descritos pela psicanálise. Essa concepção é improcedente mesmo dentro da avaliação orientada psicanaliticamente.

Além disso, é absurdo fazer a substituição do termo pregnância por defesa. Cremos que absolutamente não se trata de uma mera substituição de conceitos - cada qual provém e explicita um contexto teórico completamente diferente. O problema, a nosso ver, é muito mais profundo; a substituição de pregnância por mecanismo de defesa, apercepção por projeção, implica uma drástica mudança do referencial teórico, onde essas palavras têm um sentido preciso, designando fenômenos diferentes, envolvendo, portanto, universos teóricos específicos, implicando conseqüentemente mudanças de perspectivas fundamentais em relação à pesquisa e sentido dos fenômenos.6 Na história do TAT essa substituição de palavras permitiu que se fizesse uma ponte apressada e, a nosso ver, de todo instável – entre a proposta primitiva de Murray e as teorias psicanalíticas. Cremos que essa passagem acabou por afastar definitivamente o teste da possibilidade das pesquisas de psicologia em geral e determinou as dificuldades nas quais os autores até hoje debatem-se para resolver o problema.

A partir da identificação inoportuna desses conceitos, os escritos sobre o TAT têm de preocupar-se em definir o sentido de projeção (além de outros) pertinente à natureza do que é observado na produção do sujeito. Assim, por exemplo, Shentoub (citado por Brelet, 1986) analisa e critica longamente um artigo de Laplanche e Pontalis, (1963) sobre o sentido de projeção em Freud, tentando encontrar qual deles poderia ser usado para explicar a produção no TAT. Contra a decisão dos autores de priorizar o termo que

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Page 48: Apostila+TAT+ +Resumida

em Freud é explicitado como mecanismo de defesa (advindo da situação paranóide), ela cita Freud entendendo a projeção como um mecanismo "normal," que para ele explicaria a superstição, o anímismo e a mitologia (Brelet, 1986, pp. 71-72).

Além de Shentoub e Brelet secundando-a, temos já anteriormente Bellak em 1944, apontando esse sentido mais geral da palavra projeção em Freud: "um mecanismo perceptivo devido ao qual a percepção atual é recebida e estruturada em relação e dependência dos traços mnêmicos de todos os fatos até agora percebidos" (Imbasciati & Ghilardi, 1994, pp. 40-41). Franck (1939) descreve o fenômeno como o "... processo com o qual o sujeito organiza e estrutura a sua experiência vital e, especificamente, qualquer material não estruturado que perceba, projetando nele a sua experiência interior e a própria estrutura da sua personalidade ..." (grifos nossos).

Nessa teoria já existe o conceito de projeção que será depois desen-volvido e elaborado por Bellak" (Imbasciati & Tirelli, s.d., pp. 9-10, 18). Descrito assim, o conceito de projeção ganha tal amplitude que deixou de ter sentido na descrição e ainda menos na explicação do processo. Para usá-lo em psicologia com esta acepção, teria que fundamentar as razões de sua escolha. Como explicação da aprendizagem, por exemplo, por que priorizar esse enfoque em detrimento das descobertas da própria Gestalt e, mais modernamente, frente a posições como as da Psicologia Genética de Piaget (que explica o mesmo fenômeno em termos de assimilação e acomodação)?

O conceito de projeção envolve, na verdade, referências "subter-râneas" muito mais profundas e complexas que não poderiam ser ignoradas na escolha de um tal termo. É só superficialmente que ele "explica" a percepção e a apercepção do indivíduo. Dentro do próprio assinalamento de Freud (Imbasciati & Guilardi, 1994, p. 49)7 sobre a projeção "normal" está implícita a estrutura geral do indivíduo: – antes de mais nada sua forma sensório-perceptiva de informar a realidade à qual ele compartilha com congêneres de sua espécie (e portanto a própria definição do que é estímulo está assim problematizada, Uexküll, s.d.); toda problemática do aprendizado (que é questionada inclusive com relação às teorias psicanalíticas atuais) (Imbasciati, 1990); todo estudo da memória e da própria percepção (estudos modernos sobre senso-percepção, por exemplo), enfim toda relação entre "consciente" e "inconsciente" está em jogo (atualmente preocupa-se mais com a possibilidade da consciência do que com o próprio "inconsciente") (Searle, 1998).

Em poucas palavras, o conceito de projeção nessa ampla acepção, envolve, no limite, praticamente todos os problemas que a ciência psicológica tenta explicar. Ainda mais: fora do campo específico da psicologia, ela arrasta consigo toda problemática filosófica de teoria do conhecimento. Como vemos, ela é uma palavra no mínimo perigosa e pretensiosa no atual estágio da psicologia.

Uma vez estabelecida essa conexão com a psicanálise, a história do TAT será um verdadeiro roteiro de "correções" e "ajustes" que acompanha problemas e mudanças teóricas da psicanálise.8 Passa-se assim da explicação freudiana clássica para uma centrada na psicologia do ego; considera-se o teste de um ponto de vista de conteúdo depois passa-se a priorizar a forma, etc., até a escola francesa (centralizada nos estudos de Shentoub, de 1955 a 1971) (Shentoub, 1990, pp. 15-16). Esta resume o "drama," começando por considerações formais das histórias (modalidades do discurso, histórias banais, mecanismo de defesa etc.) seguindo-se uma focalização onde ao papel do eu e

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Page 49: Apostila+TAT+ +Resumida

das funções conscientes e inconscientes no ato de organização dos estímulos tem prioridade até que em 1967 chega-se à conclusão de que uma teoria do TAT deveria:

... referir-se não aos elementos esparços das teorias psicanalíticas, mas ao corpo metapsicológico freudiano, tomado em seu conjunto. Deve-se, então, levar em consideração tanto a Primeira como a Segunda tópica (inconscientemente, pré-consciente; id, ego e super-ego) e os três pontos de vista clássicos: dinâmico, econômico e tópico sem entretanto confundir situação psicanalítica e situação TAT, associações livres obtidas na cura e fantasias espontâneas dadas no TAT. (Shentoub, 1990, p. 16, grifos nossos)

Assim, a história das interpretações do TAT parece apontar continuamente para reconhecimentos da insuficiência das teorias psicana-líticas na abordagem dos fenômenos que ocorrem no TAT (critica-se que seja interpretado como sonho, põe-se em dúvida o que seja fantasia no TAT, se as pranchas comportam ou não a teoria do conteúdo latente e manifesto, etc.). Uma vez atado às teorias psicanalíticas o teste perdeu uma preciosa autonomia teórica que poderia proporcionar-lhe correlações altamente criativas dentro do estudo do comportamento em geral. A designação de projetivo obriga o pesquisador, de início, partir de um referencial teórico básico, do qual nem sempre tem consciência e que aplica sem antever as conseqüências. Toma-o como um apriori inquestionável (no mais das vezes por inconsciência de que se trata de uma teoria); apoia-se nele e dele conclui como se tivesse um fundamento verdadeiro, e não como uma possível interpretação dos dados.

Enquanto isso, aparecem trabalhos em outras áreas, como na neuro-fisiologia, no cognitivismo moderno, estudos de perceptologia precoce e o próprio - e antigo - estudo de Piaget sobre a constituição evolutiva da inteligência, etc., que deveriam, no mínimo, serem levados em conta numa teorização desse gênero. Infelizmente, fechada em seu sistema teórico, a psicanálise não pôde considerar descobertas que necessariamente deveriam levar a reformulações conceituais em seu campo de estudo. Quando chegam a tomar consciência das novidades (exemplo a senso-percepção precoce) que, se "levadas a sério," necessariamente determinariam reformulações teóricas, (por exemplo, em relação à teoria kleiniana) simplesmente englobam tais achados justapondo-os ao seu sistema teórico, (e até usando-os para "confirmar" seus pontos de vista), quando na verdade exigiriam revisões teóricas essenciais.9

Assim, os vários impasses e defeitos do TAT parecem advir mais de uma herança do enfoque psicanalítico do que serem realmente devidos aos fenômenos que o teste elicia. A possibilidade de sua utilização em pesquisa, a construção de uma teoria que seja fruto do próprio material do teste, a constituição de uma metodologia geral frente ao seu uso, não nos parece ser algo que remeta necessariamente para além das características dos fenômenos que se encontram presentes no teste. Sua problemática parece ter raízes em determinadas propostas teóricas prévias, elas próprias eivadas de contradições.

Gostaríamos, entretanto, de assinalar que essas observações críticas não se referem aos achados observacionais derivados da experiência clínica. Os clínicos experientes sabem usar bem o teste – apesar das teorias, diríamos; sua prática acaba por neutralizar os efeitos negativos e contraditórios das mesmas. O problema aparece em toda sua gravidade quando se trata de transmitir o que a experiência – mais do que as teorias – lhes ensinou. Alertar para uma crítica epistemológica, e sugerir a volta aos fenômenos, à

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observação seria, a nosso ver, ampliar o uso do teste, permitindo sua utilização em pesquisa por qualquer psicólogo, independentemente de suas posições teóricas prévias. Essa postura frente ao teste traria uma visão mais abrangente dos fenômenos implicados, e, eventualmente, uma fundamentação teórica mais pertinente.

Nossa postura frente ao TAT

Um tanto casualmente, devido ao público a que se dirigia nosso trabalho clínico - primeiro psiquiatras, depois alunos de psicologia - tivemos de abandonar uma avaliação do teste em termos psicanalíticos e nos concentrar em uma análise formal do texto do sujeito. Afim de evitar "projeções" de nossa parte, tentávamos avaliar sua produção sem qualquer conhecimento prévio da anamnese do indivíduo (era encarregada da supervisão, e só tinha acesso ao material do teste que os supervisionados traziam para discutirmos). Só conhecíamos o sexo e a idade dos sujeitos. Para nossa surpresa tal avaliação "selvagem" revelou-se capaz de permitir uma idéia bastante acurada do modo de funcionamento dos sujeitos e, muitas vezes, até conseguíamos prever as queixas e dados significativos de sua história de vida. Ficava muito claro, a partir do texto, o grau de possíveis desadaptações do indivíduo, a idéia que fazia de si próprio e sua relação mais ou menos objetiva com a realidade. A partir do recorte (Uexküll, s.d.) que fazia da prancha, podíamos fazer previsões sobre que áreas de sua vida estariam prejudicadas em seu funcionamento. Desde essa época (1970 – dentro da Psiquiatria do HC) até hoje (desde 1971 lecionando o teste no Instituto de Psicologia da USP) estamos tentando ampliar nossa observação dessa performance do sujeito, tendo oportunidade muitas vezes de acompanhar e comparar no trabalho de Psicoterapia, a validade dessas previsões.

Concomitantemente, nosso trabalho em psicoterapia fundamentada no referencial psicanalítico sofreu modificações. Insatisfações concernentes à prática e questionamentos teóricos vinham intensificando-se com a experiência. Amparada em alguns autores (psicanalistas inclusive), começamos a encarar nossa prática terapêutica de um modo bastante diverso. Através de suas críticas epistemológicas às teorias psicanalíticas eles ofereciam um modelo de possível superação dos impasses com que nos deparávamos em cada momento de nossa prática.10 Atualmente trabalhamos em psicoterapia sem recorrer às teorias psicanalíticas; baseando nossa prática na observação do paciente, tentamos, a partir da forma com a qual ele estrutura e dá sentido às suas experiências, encontrar características que nos ajudem a posicioná-lo frente a um momento do seu desenvolvimento cognitivo.11 Essa observação nos proporciona a estrutura - estruturadora que logicamente permitiria fazer aquele específico recorte de si e da realidade, e ter, conseqüentemente, os afetos e as ações pertinentes a ele. A partir da identificação dessa forma, tentamos rastrear em sua história (a maioria das vezes deduzida de seu comportamento) o sentido que ele pôde formar naquela etapa da vida e que atualmente, como memória alucinada (Ferrão) determina a construção de sentidos obsoletos. Quando essas significações precoces podem ser inferidas, elas são transformadas em representações (sentido piagetiano do termo) que a mente atual do paciente pode compreender; feita essa decodificação do alucinado em termos compreensíveis para a atualidade de sua mente, ele pode vir a perceber a não adequação daquele antigo sentido (que não é patológico a nosso ver, mas sim desadaptativo porque obedece a uma lógica superada).12

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Essa possibilidade crítica das teorias psicanalíticas e a prática terapêutica onde tínhamos oportunidade de verificar um novo modo de conceber teoricamente a "patologia" e a ação terapêutica, nos deu subsídios para melhor fundamentar o que chamávamos primitivamente de análise de texto das histórias do TAT.

Passamos então, com relação ao TAT, a centralizar basicamente nosso parâmetro de comparação na noção biológica de adaptação. Dentro desse quadro referencial lemos o TAT como um problema, uma tarefa que o indivíduo tem de dar conta. O tipo de instrução dada a ele, descritivamente, implica que se atenha à figura, e ao mesmo tempo construa subjetivamente uma hipótese que dê sentido à cena. Tal exigência vai obrigá-lo a observar e partir da realidade ao mesmo tempo que deve recorrer a si próprio, aos recursos que tenha (ou pensa ter); àquilo que ele de fato ou imaginariamente pensa ser, enfim da identidade através da qual realmente funciona, para estabelecer uma relação significativa entre os elementos figurativos da prancha. Assim sendo, consideramos os elementos da prancha, somados às instruções fornecidas ao sujeito como sendo a "realidade:" o dado "fixo" que limita o indivíduo a circunstâncias dadas (o externo) por um lado, enquanto por outro o libera e incentiva a construir a partir de sua subjetividade (o interno) um sentido para ela. Assim, a proposta requer que ele, como em qualquer situação de sua vida, funcione, resolva a tarefa dentro do quadro restrito da realidade (a figuratividade da prancha mais instruções) usando sua própria organização. Desse modo, seja o que for que ocorra na sua interioridade, teremos na sua solução do problema, observacionalmente falando, a explicitação do instrumental utilizado. A comparação entre a prancha "vista" (seus elementos) e a prancha realmente "contada" nos apresenta de imediato, pela simples observação, o modo pessoal desse indivíduo recortar a realidade, e, portanto, também imediatamente, a expectativa (real ou não) que possui sobre si próprio para dar conta do problema adaptativo (lembramos aqui que Piaget mostra em termos simplesmente cognitivos que a constituição do eu e do mundo são dialeticamente construídas; são elementos complementares, lógica e reciprocamente constitutivas, Piaget, 1975).

Acreditamos que esse modo simples de conceber a tarefa TAT abrange tudo o que o indivíduo é – suas estruturas gerais de comportamento, sua experiência, sua história, os sentidos alucinados que veio a construir durante seu desenvolvimento, sua relação, consigo e com o mundo externo, enfim sua própria identidade. E isso, independente de sabermos que mecanismos poderiam estar "por trás" dessa ou daquela escolha feita (a ciência ainda não pode nos oferecer as "causas últimas" dos mesmos). Todo seu "inconsciente" (tudo aquilo que ignora porque é com tal estrutura estruturadora que apreende, informa a experiência) está aí e à mostra nos seus resultados, não precisamos sair à cata do "inefável" (em ciência devemos construir teorias a partir do observado). Tal "inconsciente," por ser aquilo com que categoriza as suas experiências, não pode logicamente ser-lhe consciente (Kant diz que são exatamente as categorias de nossa sensibilidade). Dado a exigüidade de conhecimentos objetivamente fundamentados sobre o mental, cremos ser de extrema importância nos atermos ao observado, fazendo realmente uma ciência do comportamento, evitando assim teorias precoces que enganosamente oferecem pseudos saberes.

Dentro dessa perspectiva, vemos o sujeito aparecer nas suas histórias como uma organização total; ele está inteiro naquela específica forma de recortar a realidade – aliás, nem pode construir qualquer coisa com algo que não seja ele; e é por isso, e não por "projeção," que podemos inferir as características que intervieram e determinam seu

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processo de apreensão da realidade. Tais características serão a causa lógica, formal, daquele conseqüente recorde. Em suas histórias temos como dado de observação13 as causas formais que fundamentam e justificam logicamente o tipo de escolha que foi possível ao sujeito. A análise da pertinência ou não desse enfoque (segundo o que se espera de acordo com o desenvolvimento cognitivo do indivíduo) nos dá imediatamente as causas formais de suas possibilidades adaptativas.

Comparando-se, então, a prancha "vista," com a inferida de sua história temos imediatamente a visão de sua forma de "perceber" a realidade, se teve ou não de "transformá-la," se pôde ou não dar conta da tarefa dentro do enquadre proposto. Em outros termos, se pôde ou não, partindo do real – tal como as circunstâncias que a vida lhe apresenta- posicionar-se adaptativa e criativamente a ele.

Sua história nesse sentido é a "descrição" de "caminhos" que ele concebeu durante seu desenvolvimento para adaptar-se. Independentemente de como e porque construiu tais apriores, eles estão necessariamente presentes quando se pede ao sujeito para resolver o problema proposto pela prancha (entendida aqui, para além de seu conteúdo temático, como expressão de uma solução pessoal a um problema previamente dado). Por mais "conflitos" que surjam na sua história, o que temos de seguro e observável é que a história, antes de mais nada, é dele, é sua produção, e portanto, sua expressão. Todo problema do observador reside em poder ver o que de fato está lá.

Nesta perspectiva, as possíveis deformações introduzidas no real não vão ser concebidas como um ato "voluntariamente – inconsciente" que o indivíduo realizaria para não ver o que não deseja saber, mas como uma demonstração de que com aquela organização utilizada na apreensão desse real, a partir daquela particular estrutura estruturadora de suas experiências ele, na verdade, não pode ver de outro modo. Não seria então por motivos "afetivos" que o indivíduo deturparia o real, mas por motivos da especifica organização cognitiva (sentido que não pressupõe dicotomia entre afeto x cognição) que está funcionando naquela apreensão. É devido ao tipo de "enquadramento" da realidade que, como decorrência, vai aparecer determinada visão da mesma, seu sentido, e conseqüentemente um afeto e uma ação correspondentes. Por exemplo para nós, a modificação do estímulo da prancha (retirada de partes, introdução de personagens etc.) não estaria revelando rejeição do dado realístico – antes de mais nada estaria evidenciando que para aquele indivíduo é "natural" transformar o real (não o perceber como um dado independente dele). E isso não porque ele é "onipotente." Isto é uma descrição de seu comportamento que tem origem em outras causas;14 pode ser descrito como onipotente justamente porque está estruturando aquela realidade dentro de uma condição psíquica primitiva, onde ainda não havia sido solidamente diferenciada a realidade interna da externa. A causa lógica para isso ocorrer está em que tal sujeito funciona dentro de uma dimensão cognitiva onde as categorias que permitem diferenciar idéia de fato, interno de externo, não estão consolidadas. Para que a noção de realidade e a concomitante identidade correspondente do indivíduo sejam estabelecidas deve ocorrer uma evolução cognitiva onde justamente vão constituir-se tais diferenciações (para Piaget, por exemplo, elas seriam tempo, espaço, conservação de objeto e causalidade, Telles, 1997).

Essas idéias – que são apenas um início de uma pesquisa que pretende visualizar o problema de um outro ângulo - não têm a pretensão de criticar os achados observacionais que toda história do uso clínico do TAT colecionou, a partir de estudos

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obtidos da experiência. A nosso ver, qualquer que seja a postura teórica básica do observador, se ele realmente observa o fenômeno, suas conclusões diagnósticas deverão ser pertinentes, e nessa dimensão encontrar um consenso geral. (Isso naturalmente vale também para os achados observáveis da psicanálise). O que pretendemos aqui é chamar atenção para as teorias fechadas em sistemas prévios à observação do fenômeno e utilizadas para apreendê-los. Tais "fixações," casualmente ou não, apresentam uma "patologia" encontrada em material de sujeitos desadaptados, que não podem lidar com o novo criativamente. Quando as teorias impedem que conhecimentos novos sejam revolucionariamente incorporados, elas revelam-se obsoletas e impedidoras da continuidade da pesquisa do fenômeno. Por isso, achamos inadequado, mesmo descritivamente, pensar o TAT em termos de projeção.

Poderíamos perguntar aqui sobre a validade de pretendermos assinalar um modo diferente de visualizar e interpretar o material fornecido pelas histórias do TAT.

De um ponto de vista epistemológico, não há nada que obrigue tal material ser interpretado segundo uma teoria pronta, prévia, sobre o mental. Pessoalmente não encontramos em nenhum momento no material por nós consultado, uma fundamentação coerente com o objeto de estudo que justificasse atá-lo às teorias psicanalíticas. Tentamos explicitar a colocação, meramente afirmativa, da passagem para o conceito de projeção que levou o TAT ser considerado nessa vertente psicanalítica. Como decorrência, sua pesquisa acaba regularmente nos mesmos impasses das teorias psicanalíticas. Sua interpretação fica, então, atada a conceitos pertencentes a um sistema fechado que não podem, sob pena de romper essa "unidade," – serem modificados segundo exige a atualidade das pesquisas de ciências correlatas. Acreditamos que pela natureza dos fenômenos que intervêm na realização das histórias, o teste situa-se num lugar privilegiado tanto em termos de diagnóstico quanto como parte de um instrumental de pesquisa do comportamento humano. Mas para isso realmente efetivar-se, deveria haver uma liberdade real de interpretação de seus achados observacionais, dentro de teorias abertas, provisórias, que dessem lugar às reformulações contínuas exigidas pelas novas descobertas. Observamos na história do TAT a impossibilidade dele obter um mínimo de validação consensual15 que permitisse seu uso na pesquisa científica da mente, por pesquisadores pertencentes a qualquer linha teórica de pensamento. E note-se que ele faz parte da formação profissional do psicólogo! Uma vez ligado a uma interpretação psicanalítica, seu uso vê-se drasticamente limitado e circunscrito aos que elegeram as teorias psicanalíticas como referencial prévio de trabalho.

Se observarmos com atenção, veremos que, mesmo dentro do âmbito de diagnóstico, o aparente "consenso geral" só é compatível se considerarmos os fundamentos fornecidas pelas teorias psicanalíticas. Tal "consenso"16 não deriva do próprio material obtido através do teste. Aliás, a sua história mostra que mesmo entre pesquisadores que desconfiavam haver "algo mais" naquela experiência, diante do limite de saber imposto por nossa ignorância do fenômeno, preferiram trocar esse desconhecimento natural (e incentivador), por um pseudo-saber previamente "garantido" pelos sistemas teóricos da psicanálise.

Uma segunda razão – (mais condizente com nossa prática) – e não menos séria, diz respeito ao ensino do mesmo, na formação do psicólogo. Os testes fazem parte especifica do seu instrumental de trabalho. Nesse sentido, qualquer teste deve estar

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coerentemente alicerçado nas possibilidades de sua formação profissional. O psicólogo não pode esperar transformar-se em psicanalista para usar devidamente esse instrumento de avaliação diagnóstica. Apesar do aluno de psicologia dever ser informado sobre as teorias psicanalíticas, como de qualquer outra linha de pesquisa psicológica – ele não recebe "formação psicanalítica" no curso básico de sua preparação. E os testes serão o instrumental básico que ele terá para garantir-se, no início de sua vida profissional, contra a falta de experiência. Nesse sentido, achamos absurdo, – e epistemologicamente incorreto, – ligar um teste a uma específica linha teórica de explicação dos fenômenos (qualquer que seja), principalmente quando ela não encontra fundamentação na própria ciência psicológica. Ele deve estar baseado em conhecimentos que o campo da formação específica pode oferecer.

A pesquisa psicológica deve então ter como requisito básico, uma flexibilidade nos conceitos de que se vale para dar sentidos provisórios às suas descobertas. Justamente o que a designação de "projetivo" vai impedir. Como ter a liberdade de conceituar uma observação que não se encaixe na "projeção?"

Além desses problemas, temos um de formação: pensamos que os alunos atuais serão os futuros pesquisadores de nossa incipiente ciência. Eles têm de saber que pouco sabemos e, portanto, que todo conhecimento atual é provisório; neste sentido, devem ser alertados contra teorias "prontas", fechadas em sistemas, pois estas entravam e mesmo impedem a observação de tudo que o fenômeno tem a nos apresentar, sendo desse modo um empecilho ao desenvolvimento da ciência.

Assim pensamos que treiná-los no TAT, baseados antes de mais nada na análise do texto, significa treiná-los precisamente em observação – o que a nosso ver deveria ser a base de uma formação inicial na carreira de qualquer pesquisador, com mais razão ainda quando se trata do estudo de um objeto tão complexo como o fenômeno mental.

Em terceiro lugar, contra uma aparência de introdução de uma maior subjetividade na interpretação, essa proposta visa aumentar a objetividade na avaliação das histórias, na medida em que o referencial usado não remete a nada externo à sua constituição. Acreditamos ser um engano ingênuo pensar que a classificação prévia das respostas do sujeito, - freqüentemente usada na maioria das avaliações do teste, - garanta uma base mais objetiva de avaliação. Essa classificação prévia na verdade provém da decisão do avaliador, e portanto, na melhor das hipóteses, depende de sua prática clínica e conhecimentos aprofundados para discernir convenientemente sobre elas. Fica, portanto, na dependência do nível de experiência do avaliador a decisão sobre a objetividade de uma classificação - o que absolutamente não nos assegura que a técnica seja pertinente. Podemos facilmente estar diante de um TAT do observador mais do que do sujeito testado!

 

 

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Telles, V. S. (2000). Disconection of TAT from the "Projective" Concept and its Use Enlargement. Psicologia USP, 11 (1), 63-83.

Abstract: It criticises the "projective" designation, which refers itself to implicit phenomena on TAT material. It was intended to show that the "projective" led, in historical means, the test to be tied up to psychoanalytic theories, though nothing on those phenomena obliged this interpretation to be made. On the contrary, the largest part from the problematical of its research using and from the possibility of a general consensus, concerning its interpretation, are due to inherent problems of psychoanalysis theories themselves. We suggest, then, its disconnection from this term, which prevents a real remark of the material obtained by the test. The phenomena observation would allow the impasses overcoming and, consequently, the enlargement of its use, since consensus would be searched in the material, beyond any previous theoretical posture from the observer.

Index Terms: Thematic Apperception Test. Projection (Defense mechanism). Psychoanalytic theory. Projective techniques. Clinical psychology. Cognition.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Heibreder, E. (1969). Psicologias do século XX. Mestre Jou.

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Imbasciati, A. (1993). L'oggetto e le sue vicissitudini: Storia di un concetto e valore della teoria in psicoanalisi. Castrovillari: Teda.

Imbasciati, A., & Ghilardi, A. (1994). Manuale clinico del TAT: La diagnosi psicoanalitica. Firenze: Giunti.

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Searle, J. R. (1998). O mistério da consciência. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

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Stern, D. (1989). Le monde interpersonnel du nourrisson. Paris: Puf.

Telles, V. S. (1997). A leitura cognitiva da psicanálise: Problemas e transformações de conceitos. Psicologia USP, 8 (1), 157-182.        [ Lilacs ]        [ SciELO ]

Telles, V. S. (s.d.). O paradoxo da constituição de significações precoces antecedendo o pensar e sua solução estética. (Manuscrito não publicado)

Uexküll, J. V. (s.d.). Dos animais e dos homens. Lisboa: Ed. Livros do Brasil.

 

 

 

1 Endereço para correspondência: Instituto de Psicologia. Av. Prof. Mello Moraes, 1721, São Paulo, SP - CEP 05508-900. E-mail: [email protected]

2 Anzieu (1990), diz, comparando o TAT com o teste de Rorschach, o qual foi provido pelo seu autor de uma teoria, além do material e do método de aplicação: "Está aí sua força (do TAT) ao mesmo tempo que sua fraqueza: o material e a aplicação são modificáveis segundo a população estudada; a interpretação corre atrás de uma teoria que a fundamentaria; donde em contrapartida, uma grande adaptabilidade deste teste a conceituações diversas." (p. 7)

3 Descrevendo as fundamentações do TAT segundo Murray (1943, 1951, citado por Imbasciati & Guilardi, 1994, p. 34) diz: "... ele considerava que o sujeito, ao descrever o protagonista da história, se servisse de aspectos passados ou presentes da própria personalidade, baseando-se em recordações conscientes ou inconscientes de eventos reais ou imaginários que modelaram a sua personalidade. Se as necessidades expressas no TAT não coincidiam com o comportamento manifesto, podia-se recorrer a alguns conceitos psicanalíticos, como a regressão, a sublimação, a formação reativa e o recalque, para explicar o desacordo entre história e comportamento."

4 Cremos ter ficado por conta do autor essa correlação com o afetivo e "manutenção do equilíbrio psíquico" excluindo-se o que perturba para não perceber a dificuldade - O texto da Gestalt falando em organização perceptiva "ótima," e "mais simples" possível refere-se, especificamente, a leis de nossa organização perceptiva. (ver citações mais adiante).

5 Recorre-se aqui ao uso da palavra projeção que além de ser problemático como explicação da aprendizagem (seria quando muito descritiva), o é também quanto ao seu uso dentro da própria teoria psicanalítica - Esse termo aqui só se justifica (dentro das teorias psicanalíticas) se fosse referido não a mecanismos de defesa, mas à projeção

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descrita como "normal" em Freud, e que mereceu ser descartada (como veremos adiante) como não significativa na obra de Freud. (Laplanche & Pontalis, citados por Brelet, 1986).

6 Citando um exemplo de percepção visual: "... este fenômeno serve de exemplo do princípio de "complementação." Não somente há uma tendência para a "forma" em nossas reações, mas é tão intensa que quando a circunstância externa não está inteiramente "formada," a reação psicológica tende a completá-la. A "complementação" é um caso particular da "lei da pregnância," de acordo com a qual a experiência, quer seja espacial ou temporal, e seja qual for a região sensitiva, tende a assumir a melhor forma possível, de modo que as formas tendem a se tornar mais exatas e mais bem definidas - a tornarem-se o que elas são, de modo mais completo e típico." (Heibreder, 1969, p. 302) E mais adiante: "... Basicamente, existe a tendência para a experiência ser "formada," e para os componentes formarem grupos, para as figuras incompletas serem completadas e tornadas mais definidas e exatas; e para o campo total ser organizado - quase que se poderia dizer estratificado - em figura e fundo. É como se um processo estivesse em andamento em busca de um estado de equilíbrio e no qual a organização total é mais completa ..." (Heibreder, 1969, pp. 303-304) Como pode-se depreender facilmente destes textos, as "alterações" perceptivas para a Gestalt têm a ver com a nossa forma de organizar a experiência perceptiva (aliás os gestaltistas encontraram inclusive na biologia e mesmo na física exemplos dessa tendência. Köhler vai apontar as gestalten ocorrendo na resolução de problemas - o "insight" é "... uma padronização do campo perceptível de tal maneira que as relações importantes são óbvias..." (Heibreder, 1969, p. 307)

7 "A projeção, todavia não foi criada para defesa, ela se verifica também lá onde não existem conflitos. A projeção ao externo de percepções internas é um mecanismo primitivo que subjaz, por exemplo também nas nossas percepções sensoriais; a ela é atribuído normalmente uma parte relevante na configuração de nosso mundo interno. Em condições nas quais a natureza não é ainda suficientemente precisa, são projetadas em direção ao externo, do mesmo modo de percepções sensoriais, também percepções internas de processos emotivos e mentais; desse modo são utilizadas para configurar o mundo externo percepções que deveriam legitimamente permanecer no mundo interno." E os autores acrescentam "... Eis então como o animismo, o pensamento mágico e a onipotência das idéias dos primitivos, da criança e do neurótico são o efeito da projeção dos processos psíquicos primários sobre o mundo externo. De resto, também a criação artística, segundo a intuição de Freud, é uma projeção do artista na própria obra."

8 "... Examinando as contribuições da psicanálise para a compreensão das técnicas projetivas, nota-se fundamentalmente duas diferentes modalidades de enfoque que estão em relação com a evolução da teoria psicanalítica. A primeira privilegia a relação entre as pulsões do sujeito e as suas produções no teste, enquanto que a segunda analisa as relações entre as funções do ego e o comportamento no teste." (Imbasciati & Ghilardi, 1994, p. 33).

9 Por exemplo Stern (1989) "... dizendo que os conceitos psicanalíticos necessitam comprovação experimental." É interessante notar um viés epistemológico mesmo em autores que podem observar a teoria mais criticamente. Ele não chega a pensar que os conceitos já existentes podem ser modificados.

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10 Por exemplo Ferrão, L.M. (psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise) com sua clínica inovadora e sua sugestão de voltar à observação do paciente. Imbasciati, A - com livros como Affeto e rappresentazione (1991) e L'Oggetto e le sue vicissitudini (1993)- (psicanalista italiano, professor diretor da cátedra de psicologia junto à Faculdade de Medicina e Cirurgia de Brescia).

11 Sentido do termo segundo cognitivistas modernos (citados por Imbasciati) onde é totalmente abolida a dicotomia afeto x cognição.

12 Para melhor esclarecimento ver Telles (1997).

13 Dentro desse modo de encarar o fenômeno fica "resolvido" o problema da explicitação do objeto estudado - o fenômeno está aí - a problemática passa a ser centralizada na visão do observador. Não teríamos assim o objeto furtando-se ao conhecimento (não existiriam "mecanismo de defesa" escondendo o que ele é) mas com que olhar está sendo encarado pelo observador. E dentro desse parâmetro teríamos nas teorias prêvias o grande impedimento da visão do que está aí.

14 Em psicanálise é comum confundir-se descrição com explicação do fenômeno.

15 "... Não obstante a sua ampla aplicação clínica, o primeiro problema é constituído pela falta de um orgânico sistema de classificação das respostas em função interpretativo-diagnóstica. Não se chegou a ordenar segundo um critério unívoco e condiviso os dados recolhidos com os diversos sistemas de classificação utilizados a partir de Murray até hoje." (Imbasciati & Ghilardi, 1994, p. 9)

16 Shentoub na introdução explicita essa opinião: "Aqui, a técnica, ou mais exatamente certos princípios metodológicos, não são senão o instrumento que permaneceria letra morta se ele não se apoiasse sobre uma teoria da personalidade do qual procede e que permite então que os elementos dispersos recolhidos virem a ordenarem-se em um todo. A técnica não pode ser assimilada por aquele que não possue o conhecimento das teorias, mas tais provas constituem também o lugar privilegiado onde os conhecimentos teóricos - corpus- abstrato- encontram, sua ilustração e sua encarnação ..." (Parece soar tautológica uma tal afirmação). (Shentoub, 1990, p.1, grifos nossos)  

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MURRAY, Henry A. Teste de Apercepção Temática. Adaptação e padronização

brasileira de Maria Cecília Vilhena M. Silva. 3ª. Ed. Adaptado e ampliado. São Paulo:

Casa do Psicólogo, 2005.

TELLES, Vera Stela. A desvinculação do TAT do conceito de projeção e a ampliação

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SHENTOUB, V.; SHENTOUB, S. A. et al. Contribuition à la Recherche de validation du

T.A.T. Révue de la Psychologie Apliquée, v. 8, n. 4,p. 273-341, 1958.

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