apostila_profissionais_2012 - fundacentro

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  • APOSTILA DO CURSO SOBRE AVALIAO

    DA EXPOSIO OCUPACIONAL DOS TRABALHADORES NO SETOR DE

    FUNDIO E MEDIDAS DE CONTROLE Pblico-alvo: Profissionais da rea de Segurana e Sade no Trabalho preferencialmente que atuem nas empresas de fundies.

    Docente(s): Joo Apolinrio da Silva, Engenheiro Qumico e de Seg. do Trabalho Lnio Srvio Amaral, Engenheiro de Minas e de Seg. Trabalho Norma C. do Amaral, Tecnloga em Gesto Ambiental e Tcnica de Seg. Trab.

    Curitiba/PR

    27, 28 e 29 de novembro de 2012

  • 01 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    SUMRIO

    AVALIAO QUALITATIVA DE RISCOS AMBIENTAIS

    E PRIORIZAO DE AES........................................

    02

    EXPOSIO OCUPACIONAL AOS RISCOS FSICOS

    EM FUNDIES..........................................................

    48

    EXPOSIO OCUPACIONAL AOS RISCOS QUMICOS

    EM FUNDIES..........................................................

    74

    MEDIDAS DE CONTROLE........................................... 92

    SITES IMPORTANTES................................................. 110

  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 02

    AVALIAO QUALITATIVA DE RISCOS

    AMBIENTAIS E PRIORIZAES DE AES

    OBJETIVO: Apresentar e discutir estratgias e ferramentas

    para o processo de avaliao de riscos em locais

    de trabalho.

    DOCENTE: NORMA CONCEIO DO AMARAL

    Tecnloga em Gesto Ambiental

    FUNDACENTRO - So Paulo

    E-mail: [email protected]

    Texto base: Gilmar da Cunha Trivelato Pesquisador da FUNDACENTRO/MG

  • 03 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    SUMRIO

    1 INTRODUO 04

    1.1 Conceito de risco.................................................... 04

    1.2 Princpios bsicos da avaliao de risco...................... 05

    2 OBJETIVOS DO RECONHECIMENTO DE RISCOS................. 08

    3 ALTERNATIVAS METODOLGICAS PARA AVALIAO

    QUALITATIVA DE RISCOS E PRIORIZAO DE AES........

    09

    3.1 Estratgia proposta pela AIHA................................... 09

    3.2 Estratgia proposta pela norma BS 8800.................... 12

    4 PROPOSTA DE UMA ABORDAGEM DE AVALIAO

    QUALITATIVA DE RISCOS PARA ADEQUAO NR 9 E NR 7

    14

    4.1 Exigncias legais e aspectos gerais da proposta........... 14

    4.2 Principais etapas da proposta de reconhecimento e

    avaliao qualitativa de riscos........................................

    17

    4.3 Operacionalizao da proposta.................................. 26

    5 CONCLUSES.............................................................. 32

    6 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS...................................... 33

    ANEXO A Formulrio 1 Inspeo preliminar das condies de

    trabalho..............................................................

    34

    ANEXO B Formulrio 2 Caracterizao bsica da unidade...... 37

    ANEXO C Formulrio 3 Ficha de identificao e avaliao de riscos.................................................................

    40

    ANEXO D Formulrio 4 Proposta de soluo......................... 44

    ANEXO E Identificao e avaliao de outras No-Conformidade

    com as NRs.........................................................

    46

    Norma C. Amaral- Fundacentro/SP

  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 04 1. INTRODUO

    1.1 Conceito de risco

    Em ingls temos duas palavras - risk e hazard - que expressam conceitos diferentes mas que em portugus no encontramos termos equivalentes, sendo na maioria das vezes traduzidas como risco. Recentemente o termo hazard vem sendo traduzido em lnguas latinas como perigo, ou fator de risco ou mesmo situao de risco.

    Na maioria dos textos tcnicos brasileiros na rea de segurana e sade no trabalho, assim como na legislao, o termo risco tem sido usado tanto no sentido de hazard como de risk, o que tem resultado atualmente numa enorme confuso conceitual. Na nossa abordagem utilizaremos a denominao fator de risco ou situao de risco com o mesmo sentido que dado na literatura inglesa ao termo hazard e risco quele dado ao termo risk.

    Adotaremos a definio de RISCO como sendo a possibilidade de perda ou dano e a probabilidade de que tal perda ou dano ocorra (Covello e Merkhofer, 1993; BMA, 1987), ou ainda .

    uma medida da probabilidade e magnitude de conseqncias adversas, incluindo agravos (leso), doena ou perda econmica( KOLLURO, 1996)

    Por essa definio percebemos que o conceito de risco bi-dimensional e representa: (1) a possibilidade de um efeito adverso; (2) a incerteza da ocorrncia, distribuio no tempo ou magnitude do resultado adverso.

    A possibilidade de um efeito adverso somente existir se algum estiver exposto a um fator de risco, perigo ou uma situao risco - que tenha o potencial de causar tal efeito.

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  • 05 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controles

    Adotaremos a definio de fator de risco como sendo uma condio ou um conjunto de circunstncias que tem o potencial de causar um efeito adverso (BMA,1987). Esse efeito adverso pode ser : mortes, leses, doenas ou danos propriedade ou ao meio ambiente. Um fator de risco pode ser uma condio necessria para a manifestao do dano (ex. poeira respirvel de slica para ocorrncia de silicose), ou apenas contribuir para que isso ocorra (ex. falta de treinamento).

    Risco um conceito formal e no um observvel, enquanto fator de risco ou situao de risco um conceito concreto, e portanto observvel.

    Os fatores de risco, quanto sua natureza, podem ser classificados como:

    a) Ambiental

    Fsico ( alguma forma de energia - ex.: rudo, vibrao, radiaes ionizantes ).

    Qumico (substncias - ex.: poeiras, gases, nvoas, fumos, solues irritantes).

    Biolgico (microorganismos patognicos ex.: fungos, bactrias, vrus, protozorios).

    b) Situacional (instalaes, ferramentas, equipamentos, materiais e operaes)

    c) Humano ou comportamental (ao ou omisso ex.: aes gerenciais)

    1.2 Princpios bsicos da avaliao de riscos

    A partir dos conceitos expostos podemos afirmar que reconhecer os riscos significa identificar no ambiente de trabalho fatores ou situaes com potencial de dano, isto , identificar a possibilidade de dano. Avaliar o risco qualitativamente significa estimar a probabilidade e a gravidade do dano, o nvel de risco e julgar se o nvel de risco tolervel, apontando as opes de controle ou a necessidade de avaliaes aprofundadas para melhor caracterizar o risco.

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controles 06

    De outra forma podemos dizer que reconhecer e avaliar os riscos implica em responder s perguntas relacionadas abaixo.

    RECONHECIMENTO DOS RISCOS

    Que fator ou fatores de risco (agentes, situaes ou condies) esto presentes no ambiente de trabalho que apresentam o potencial de causar danos sade ou ameaar a integridade fsica dos trabalhadores? (IDENTIFICAO DOS FATORES DE RISCO)

    Quais so os danos ou efeitos adversos potenciais? (DANOS POTENCIAIS)

    Qual a populao exposta a esses fatores de risco? Quais so as condies de exposio? (CARACTERIZAO DAS EXPOSIES)

    Que medidas de controle existem para reduzir a exposio ou a probabilidade da ocorrncia desses efeitos adversos? Essas medidas so adequadas?

    (IDENTIFICAO DOS CONTROLES ATIVOS ou FATORES DE SEGURANA)

    ESTIMATIVA E AVALIAO DOS RISCOS Qual a probabilidade de que os danos ou efeitos adversos se

    materializem em um determinado perodo? Qual a magnitude ou gravidade do dano? Qual o nvel de risco? O risco aceitvel ou tolervel?

    A estimativa do grau ou nvel de risco resultado da combinao da estimativa da probabilidade da ocorrncia dos danos e a da estimativa da gravidade dos mesmos.

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  • 07 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controles

    A estimativa de risco pode ser resumida na expresso:

    Risco = Probabilidade X Gravidade do dano

    O grau de risco pode ser estimado qualitativamente a partir da atribuio de ndices para a probabilidade de ocorrncia do acidente ou exposio e de ndices relacionados com a magnitude e intensidade dos danos potenciais sade humana.

    No caso de acidentes de trabalho o ndice de probabilidade poder ser atribudo com base em julgamento profissional tendo-se em vista:

    a) a freqncia de acidentes ocorridos na empresa com comunicao formal (emisso de CAT).

    b) a freqncia de acidentes ou quase-acidentes ocorridos na empresa registrados formalmente ou no.

    c) a freqncia de acidentes ocorridos em situaes anlogas registrados na literatura tcnica ou boletins estatsticos.

    A probabilidade de ocorrncia de acidentes tambm poder ser estimada tendo-se em vista a medida preventiva existente e sua eficcia, avaliada pela sua adequao e manuteno em boas condies de funcionamento. Atribui-se um ndice menor para situaes de risco onde existirem medidas de controle adequadas e ndices altos quando as medidas preventivas estiverem ausentes ou reconhecidamente inadequadas.

    No caso de doenas, a probabilidade pode ser estimada pelo grau de exposio (no sentido de dose). Quanto maior a exposio, maior a probabilidade de ocorrncia do efeito adverso sade. A exposio pode ser estimada levando-se em conta os seguintes fatores:

    a) vias de exposio (no caso de agentes qumicos ou biolgicos): inalao, contato com a pele ou olhos e ingesto.

    b) intensidade da exposio;

    c) durao da exposio;

    d) freqncia da exposio.

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controles 08

    No caso de contaminantes ambientais (materiais ou energia) pode-se utilizar medies de carter exploratrio da emisso ou nvel de concentrao ou intensidade ambiental para uma estimativa qualitativa mais precisa.

    Para a estimativa da exposio a contaminantes atmosfricos e ao rudo recomenda-se no levar em conta a utilizao de equipamentos de proteo individual (protetor respiratrio ou auricular), uma vez que so os ltimos recursos na hierarquia das medidas de controle que podem ser adotados.

    O contato acidental de produtos qumicos com a pele e os olhos, ou ainda a ingesto, devem ser tratados em termos de probabilidade de ocorrncia desses eventos, isto , como acidentes ou exposies acidentais.

    Para estimar a gravidade do dano pode-se atribuir um ndice relacionado com o potencial do agente causar danos sade ou com a magnitude e intensidade das conseqncias do acidente. Efeitos leves e reversveis recebem ndices baixos e efeitos srios irreversveis ou fatais recebem ndices altos.

    A avaliao final do risco (grau de risco) significa chegar a um ndice que represente tanto a probabilidade como a gravidade do dano. Implica tambm em julgar se o risco estimado tolervel ou no. Tolervel nesse contexto significa que o risco foi reduzido ao nvel mais baixo razoavelmente praticvel (BS 8800).

    2. OBJETIVOS DO RECONHECIMENTO DE RISCOS

    O reconhecimento e avaliao qualitativa dos riscos dever atender no mnimo aos seguintes objetivos:

    fornecer elementos para elaborao de um programa de preveno no caso o PPRA, priorizando situaes onde so necessrias avaliaes aprofundadas (ex. quantificao das exposies) e a adoo de medidas de controle.

    fornecer dados para a elaborao do Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional (PCMSO), e neste caso deve-se elaborar uma matriz das funes (ou grupos homogneos de riscos) X fatores de risco.

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  • 09 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controles

    O levantamento pode ter fins mais especficos, como por exemplo, definir a estratgia de avaliao da exposio a um determinado fator de risco.

    3. ALTERNATIVAS METODOLGICAS PARA AVALIAO

    QUALITATIVA DE RISCOS E PRIORIZAO DE AES

    Existem vrias propostas metodolgicas para se efetuar o reconhecimento de riscos, seguida de avaliao preliminar de carter qualitativo. Destacamos duas abordagens que consideramos representativas.

    3.1. Estratgia proposta pela AIHA

    A American Industrial Hygiene Association (AIHA, 1991) prope uma estratgia que constitui o paradigma dominante em Higiene Ocupacional de estratgia para a avaliao das exposies a agentes estressores ambientais, principalmente para fins de se verificar a conformidade com padres tcnicos ou legais. O esquema bsico dessa estratgia est representado no diagrama da figura 1.

    O esquema bsico proposto pela AHIA pressupe uma caracterizao bsica: do ambiente e processo de trabalho, dos agentes estressores e da fora de trabalho. A partir dessa caracterizao busca-se definir grupos homogneos de risco (em funo dos objetivos da avaliao a ser feita e caractersticas do ambiente e processo de trabalho), seguida de uma avaliao qualitativa para fins de se priorizar quais exposies sero monitoradas.

    A avaliao qualitativa feita atravs da atribuio de ndices de uma escala de 0 a 4 para estimar a exposio (ver tabela 1) e ndices tambm de uma escala de 0 a 4 para estimar os efeitos dos agentes estressores (tabela 2). A prioridade de avaliao estabelecida a partir da combinao dos dois ndices, por julgamento profissional utilizando-se do grfico apresentado na figura 2.

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 10

    A prioridade estabelecida por esta metodologia representa na prtica uma avaliao do risco. Pode ser utilizada tambm para priorizao de adoo de medidas de controle quando elas no existem ou so reconhecidamente inadequadas. Na realidade, nessa abordagem da AIHA est pressuposto que no ambiente ou processo de trabalho j existe algum tipo de controle ativo, e a finalidade bsica da avaliao da exposio verificar se esse controle eficaz, comparando-se os valores obtidos com os limites de exposio estabelecidos tcnica ou legalmente.

    Incio

    CaracterizaoBsica

    AvaliaoQualitativado Risco ePriorizao

    Monitorizaoda

    Exposio

    Interpretao eTomada de

    deciso

    Necessi-ta

    maisdados

    Recomenda-es e

    relatrios

    Modificacontroles e

    procedimentos

    ReavaliaoInaceitvel

    Aceitvel

    Figura 1 - Esquema bsico para estratgia de avaliao de exposio proposto pela

    AIHA

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  • 11 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    Tabela 1 - Gradao qualitativa da exposio

    Categoria Descrio 0 No h exposio Nenhum contato com o agente ou contato

    improvvel.

    1 Exposio a nveis

    baixos Contatos infreqentes com o agente.

    2

    Exposio moderada

    Contato freqente com o agente a baixas

    concentraes ou infreqentes a altas

    concentraes.

    3 Exposio elevada

    Contato freqente com o agente a altas

    concentraes.

    4 Exposio

    elevadssima

    Contato freqente com o agente a concentraes

    elevadssimas.

    Tabela 2.- Gradao qualitativa dos efeitos

    Categoria Descrio

    0 Efeitos reversveis de pouca importncia ou no so

    conhecidos ou apenas suspeitos.

    1 Efeitos reversveis preocupantes.

    2 Efeitos reversveis severos e preocupantes.

    3 Efeitos irreversveis preocupantes

    4 Ameaa vida ou doena/leso incapacitante.

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 12

    ndi

    ce d

    o ef

    eito

    Baixo(1)

    0 1 2 3 4

    4

    3

    2

    1

    0

    ndice da probabilidade ou exposio

    Esquema Qualitativo de Graduao de Risco

    Muito alto(4)

    Alto(3)

    Moderado(2)

    Trivial(0)

    Figura 2

    3.2. Estratgia proposta pela norma BS 8800

    A norma britnica - BS 8800 SISTEMAS DE GESTO EM SEGURANA E SADE OCUPACIONAL, cogitada para se transformar na ISO 18000, prope as seguintes etapas para o processo de avaliao de riscos:

    Classificar as atividades de trabalho

    Identificar os fatores de risco ou perigos

    Determinar os riscos

    Decidir se os riscos so tolerveis

    Preparar plano de ao para controle dos riscos (se necessrio)

    Analisar criticamente a adequao do plano de ao

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  • 13 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    Para realizar o levantamento sugere a utilizao de um formulrio contendo os seguintes itens:

    Atividade de trabalho

    Perigos ou fatores de risco

    Controles ativos

    Pessoal sujeito a riscos (expostos)

    Probabilidade de dano

    Gravidade de dano

    Nveis de risco

    Ao a ser tomada aps a avaliao

    Detalhes administrativos (ex. Nome do avaliador, data, etc.)

    A estimativa do risco determinada a partir das estimativas da gravidade potencial do dano (GD) e da probabilidade de que o dano ocorra (PO), de acordo com a Tabela 3. A partir dessas categorias de riscos as aes so priorizadas.

    Tabela 3 - Estimativa dos nveis dos riscos segundo a BS 8800

    Levemente prejudicial

    Prejudicial Extremamente prejudicial

    Altamente

    improvvel

    RISCO TRIVIAL

    RISCO TOLERVEL

    RISCO MODERADO

    Improvvel

    RISCO TOLERVEL

    RISCO MODERADO

    RISCO SUBSTANCIAL

    Provvel

    RISCO

    MODERADO RISCO

    SUBSTANCIAL RISCO

    INTOLERVEL

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 14

    Todo o processo de avaliao qualitativo, sem a utilizao de instrumental, a no ser um bom par de olhos e habilidade de conversar com pessoas. Somente nos casos de situaes de risco moderado ou substancial podero ser necessrias avaliaes quantitativas das exposies a agentes ambientais para melhor estimativa do risco.

    4. PROPOSTA DE UMA ABORDAGEM DE AVALIAO QUALITATIVA

    DE RISCO PARA ADEQUAO NR 9 E NR 7.

    4.1. Exigncias legais e aspectos gerais da proposta

    De acordo com a NR 9 o reconhecimento de risco dever abranger os seguintes itens:

    A sua identificao.

    A determinao e localizao das possveis fontes geradoras.

    Identificao das possveis trajetrias e dos meios de propagao

    dos agentes no ambiente de trabalho.

    Identificao das funes e do nmero de trabalhadores expostos;

    A caracterizao das atividades e do tipo de exposio.

    A obteno de dados existentes na empresa, indicativos do possvel

    comprometimento da sade decorrente do trabalho.

    Os possveis danos sade relacionados aos riscos identificados,

    disponveis na literatura tcnica.

    A descrio das medidas de controle j existentes.

    No entanto, isto no significa que do ponto de vista metodolgico o reconhecimento de riscos deva ser realizado na ordem em que esto enumerados. necessrio definir um mtodo para obter os dados acima e sistematiz-los adequadamente.

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  • 15 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    Alm disso, se o levantamento incluir aspectos de segurana e fatores

    ergonmicos, os itens relacionados na NR 9 no necessariamente se

    aplicam a todos as situaes de risco.

    Sugerimos que o processo de avaliao de riscos no se limite

    aos riscos relacionados com a exposio a agentes qumicos,

    fsicos e biolgicos como prev a NR 09. No contexto do

    processo global de avaliao de riscos em uma empresa,

    recomendvel a utilizao dos mesmos procedimentos e

    critrios para avaliar riscos, a totalidade de situaes de risco

    e priorizar aes.

    Tomando por base as propostas j mencionadas, e as consideraes

    acima, propomos uma abordagem metodolgica para avaliao de riscos e

    priorizao de aes, que pode atender s exigncias da NR 9 e ser

    adequada nossa realidade, considerando as poucas empresas

    prestadoras de servios na rea de sade e segurana do trabalho, a falta

    de laboratrios com metodologias analticas adequadas e o elevado custo

    desses servios, para se estimar quantitativamente os riscos.

    O esquema geral adotado semelhante ao proposto pela AIHA e est

    representado na figura 3.

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 16

    Incio

    AvaliaoQualitativado Risco ePriorizao

    Monitorizaoda

    Exposio

    Interpretao eTomada de

    deciso

    Necessi-ta

    maisdados

    Recomenda-es e

    relatrios

    Modificacontroles e

    procedimentos

    Reavaliao

    Caracterizao Bsica

    Implantao de medidasde controle

    Inaceitvel

    Aceitvel

    Risco grave e bvio

    Figura 3 - O esquema indica as outras etapas alm do reconhecimento e avaliao

    qualitativa de riscos.

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  • 17 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    4.2. Principais etapas da proposta de reconhecimento e avaliao qualitativa de riscos

    As etapas bsicas de nossa proposta so:

    A - Caracterizao geral da empresa e conhecimento de seu funcionamento:

    Identificao, instalaes fsicas, plantas ou layout de equipamentos, atividades, nmero de funcionrios, funes existentes, operaes, processos, ciclo ou fluxograma produtivo, organizao e aes da empresa na rea.

    B - Levantamento de dados preliminares sobre sade e segurana que auxiliem na identificao e avaliao dos riscos:

    - treinamentos realizados e periodicidade.

    - dados disponveis na literatura sobre os riscos relativos aos processos existentes.

    - acidentes e doenas ocupacionais registrados na empresa. - levantamentos anteriores realizados. - dados sobre a percepo de riscos dos trabalhadores. - aes da fiscalizao. - aes existentes na rea de SST e avaliao da cultura da empresa nessa rea.

    C. Definio de uma estratgia para avaliao dos riscos

    Com base nos dados obtidos nas etapas A e B , define-se a estratgia mais adequada para o reconhecimento de riscos. Permite tambm estabelecer quais os setores devero ser investigados com maior profundidade e detalhamento, e quais setores envolvem riscos triviais ou tolerveis que podero ser considerados apenas se houver demanda concreta.

    Dependendo da dimenso da empresa e da complexidade dos processos e operaes, do arranjo fsico e da organizao do trabalho, define-se as unidades de anlise que podem ser: processos, operaes, setores ou postos de trabalho onde os funcionrios esto aproximadamente expostos s mesmas situaes de risco.

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 18

    Tais unidades de anlise no se equivalem necessariamente ao conceito de grupo homogneo de risco adotado pela AIHA. Trata-se de unidades de anlise que facilitem o gerenciamento posterior dos riscos e a atribuio de responsabilidades pelas aes a serem definidas.

    Na maioria dos casos as unidades de anlise mais recomendveis so setores que renem trabalhadores com atividades semelhantes ou correlatas e que tenham um nico responsvel na gerncia. Atividades que no so executadas em setores ou postos fixos podem constituir uma unidade de anlise (ex. manuteno no setor produtivo)

    D. Caracterizao dos riscos por unidade de anlise (ex. setor ou posto de trabalho)

    Para cada unidade deve-se buscar a: (anexo C)

    Caracterizao do ambiente e processo de trabalho, isto , a descrio fsica do posto ou setor e das atividades, tarefas, materiais usados, equipamentos existentes no local, bem como as condies ambientais gerais e instalaes.

    Caracterizao da fora de trabalho - enumerao e descrio de funes, organizao do trabalho, horrio e jornada.

    Outras observaes relevantes para avaliao dos riscos ou aes preventivas.

    E. Identificao e avaliao qualitativa dos riscos para cada atividade/tarefa ou aspecto considerado da unidade de anlise (setor, rea, posto de trabalho, funo, etc.)

    A identificao e avaliao qualitativa dever apontar para cada item (tarefa, atividade, ou aspecto do presente no posto de trabalho/setor- anexo D)

    As situaes de risco (agentes ou fatores de risco, com identificao das fontes, trajetrias de propagao de agentes, condies de exposio).

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  • 19 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    Medidas de controle existentes e o grau de adequao ou eficcia

    das mesmas (controles ativos).

    As conseqncias ou efeitos adversos potenciais para cada fator

    de risco (danos).

    Populao exposta (funo e nmero de expostos).

    A avaliao qualitativa dever indicar:

    Categoria ou ndice que corresponda gravidade do efeito.

    Categoria ou ndice de probabilidade do acidente ocorrer ou a gradao da exposio ao fator de risco (intensidade, durao e freqncia).

    O nvel do risco.

    Pode-se utilizar tanto os critrios estabelecidos pela norma BS 8800 como uma adaptao dos critrios propostos pela AIHA para priorizar a avaliao da exposio (no caso para estimar o nvel de risco).

    Se a opo for pelos critrios semelhantes aos usados pela AIHA, atribui-se ndices de 0 a 4 para a exposio (tabela 1) ou probabilidade de ocorrncia do dano (tabela 4 e 5), ndices 0 a 4 para a gravidade do dano no caso de acidentes (tabela 6)ou efeito sade (tabela 2 , da proposta da AIHA) .

    A diferena da proposta da AIHA que podemos acrescentar outros critrios mais especficos para estimar os efeitos de ao local de produtos qumicos por contato e efeitos de carcinogenicidade, mutagenicidade e toxicidade para a reproduo (tabela 7 e 8)

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 20

    Tabela 4 - Categorias de probabilidade de ocorrncia de acidentes

    NDICE CATEGORIA DESCRIO

    0 Insignificante Provavelmente no ocorrer.

    1 Baixa possvel que ocorra a longo prazo.

    2 Mdia possvel que ocorra a mdio prazo.

    3 Alta Provavelmente ir ocorrer a mdio

    prazo.

    4 Muito alta Provavelmente ir ocorrer em um

    curto espao de tempo.

    Tabela 5 - Categorias de probabilidade de ocorrncia de acidentes em funo da eficincia das medidas preventivas

    NDICE CATEGORIA

    PROBABILIDADE

    DESCRIO DA CONDIO DAS MEDIDAS

    PREVENTIVAS

    0 Insignificante Muito boa.

    1 Baixa Boa

    2 Mdia Apresenta pequenos desvios.

    3 Alta Apresenta desvios ou problemas

    4 Muito alta

    Medidas preventivas inadequadas ou

    inexistentes

    Norma C. Amaral- Fundacentro/SP

  • 21 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    Tabela 6 - Categorias relacionadas s conseqncias do acidente

    NDICE OU

    GRAU

    CATEGORIA CONSEQNCIA

    DESCRIO

    0 Inexistente O fato ocorrido no implicar em nenhum dano ou efeito adverso.

    1 Desprezvel ou Insignificante

    Provavelmente no afetar a segurana e a sade das pessoas, resultando em menos de um dia de trabalho perdido, entretanto uma no-conformidade com um critrio especfico.

    2 Marginal ou Moderado

    Pode causar uma leso ou doena ocupacional de efeitos reversveis de pouca importncia, resultando na perda de dias de trabalho ou danos propriedade irrelevantes.

    3 Crtico Pode causar leses severas, doenas ocupacionais severas ou danos significativos propriedade.

    4 Catastrfico Pode causar mortes ou perda das instalaes.

    Tabela 7 - Categorias de danos potenciais sade para agentes que atuam preponderantemente por contato

    NDICE CATEGORIA

    DESCRIO

    0 Mnimo No irritante de peles, olhos e mucosas.

    1 Leve Levemente irritante para peles, olhos e mucosas. Vapores e fumos irritantes em contato com a pele, olhos e membranas mucosas.

    2 Moderado Irritante para membranas mucosas, olhos, pele e sistema respiratrio superior.

    3 Srio Altamente irritante para membranas mucosas, olhos, pele, sistema respiratrio e digestivo.

    4 Severo Efeito custico e corrosivo severo sobre a pele, mucosa e olhos.

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 22

    Tabela 8 - Categorias de danos potenciais sade para agentes carcinognicos, teratognicos e mutagnicos

    NDICE CATEGORIA DESCRIO 0 Mnimo O agente no considerado um xenobitico. 1 Leve Sem evidncia de carcinogenicidade,

    teratogenicidade ou mutagenicidade. 2 Moderado Carcinognico, teratognico ou mutagnico

    confirmado somente para animais. 3 Srio Suspeito de ser carcinognico, teratognico ou

    mutagnico para seres humanos. 4 Severo Carcinognico, teratognico ou mutagnico

    confirmado para seres humanos.

    Dada a dificuldade para um profissional no-mdico de classificar em categorias os danos sade, uma outra possibilidade para atribuir um ndice ao potencial de dano sade de agentes qumicos utilizar o limite de exposio ocupacional (TLVs ) de acordo com a tabela 9, adaptada da ACGIH (1992).

    Tabela 9 - Categorias de danos potenciais sade

    Dano TLVs Limites de exposio propostos pela ACGIH

    Potencial Gases e Vapores Ppm

    Particulados (nvoa/poeira)

    mg/m3

    4 Severo 0-10 0-0,1

    3 Srio 11-100 0,11-1,0

    2 Moderado 101-500 1,1-10

    1 Leve acima de 500 acima de 10 Para a finalidade de se atribuir os ndices acima recomenda-se utilizar os valores de limites de exposio ocupacional propostos pela ACGIH atualizados, que so publicados anualmente (ACGIH, 1998)

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  • 23 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    F. Caracterizao de agentes e fatores de riscos

    Simultaneamente etapa anterior, feita a caracterizao para cada agente ou fator de risco considerado relevante (e registrada parte, como apoio), que inclui a relao dos perigos potenciais e dos padres recomendados cientificamente ou estabelecidos na legislao. Esta caracterizao pode auxiliar no processo de comunicao de riscos ou servir de apoio para atividades posteriores de reavaliao dos riscos.

    G. Estimativa do nvel de risco

    A estimativa do risco feita a partir dos ndices de probabilidade ou exposio e de efeitos ou danos potenciais consultando-se o grfico da figura 2 proposto pela AIHA. conveniente ressaltar que h mais de uma possibilidade de grau de risco para o mesmo conjunto de ndices. H uma margem, portanto para o julgamento profissional atribuir um valor maior ou menor de acordo com outros dados disponveis ou mesmo subjetivos.

    Os riscos esto classificados em cinco categorias, em funo do grau atribudo:

    Tabela 10 - Categorias de risco

    AIHA BS8800

    0 Insignificante

    ou trivial Trivial

    1 Baixo Tolervel

    2 Moderado Moderado

    3 Alto ou srio Substancial

    4 Muito alto ou

    Crtico Intolervel

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 24

    A tabela 11 apresenta uma interpretao qualitativa do significado dos nveis ou categorias de riscos.

    Tabela 11 - Interpretao do grau de risco:

    GRAU DE RISCO

    SIGNIFICADO

    0

    Fatores do ambiente ou elementos materiais que no constituem nenhum incmodo ou risco para a sade ou integridade fsica.

    1

    Fatores do ambiente ou elementos materiais que constituem um incmodo sem ser uma fonte de risco para a sade ou integridade fsica.

    2

    Fatores do ambiente ou elementos materiais que constituem um incmodo podendo ser de baixo risco para a sade ou integridade fsica.

    3

    Fatores do ambiente ou elementos materiais que constituem um risco para a sade e integridade fsica do trabalhador, cujos valores ou importncias esto notavelmente prximos dos limites regulamentares.

    4

    Fatores do ambiente ou elementos materiais que constituem um risco para a sade e integridade fsica do trabalhador, com uma probabilidade de acidente ou doena elevada.

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  • 25 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    H. Priorizaes de aes

    Tabela 12 Critrios para priorizao de aes (avaliaes quantitativas e medidas de controle)

    GRAU DE AVALIAO QUANTITATIVA MEDIDA DE PREVENO E

    CONTROLE RISCO NECESSIDADE PRIORIDADE NECESSIDADE PRIORIDADE

    0 Insignificante

    No necessria

    -

    No necessria.

    -

    1 Baixo

    Necessria para comprovar a eficcia

    das medidas de controle

    BAIXA

    Manter medidas

    existentes.

    BAIXA

    2 Moderado

    Necessria para avaliar a eficcia das medidas

    de controle

    MDIA

    Necessria.

    MDIA

    3 Alto ou srio

    Necessria para estimar exposio e verificar necessidade de novas medidas de controle. No necessria para decidir a adoo de medidas de controle

    ALTA

    -

    Necessria

    ALTA

    4 Muito alto ou

    crtico

    Necessria para registrar a exposio

    excessiva. No necessria para decidir a adoo de medidas de controle

    ALTA

    -

    Necessria, com adoo de

    alguma medida em carter imediato

    ALTA

    com ao imediata

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 26

    Para cada situao deve ser indicado a ao necessria de avaliao quantitativa ou implantao, manuteno ou melhoria de medidas de controle.

    I- Identificao e a avaliao de outras no-conformidades com as Normas Regulamentadoras

    Identificar outros aspectos legais que possam constituir passivo para a empresa, que devem ser considerados na elaborao do plano de ao e fazer a recomendao pertinente. recomendvel a utilizao de listas de verificao para a realizao desse levantamento. (anexo F)

    4.3. Operacionalizao da proposta

    Os seguintes aspectos devem ser considerados antes do incio do processo de avaliao de riscos e podem interferir significativamente nos resultados:

    Quem executar a avaliao de riscos? (equipe ou profissional da empresa , ou profissional externo contratado )

    Os executantes da avaliao de riscos possuem a formao adequada para essa tarefa?

    Os procedimentos e critrios esto claramente definidos e compreendidos pelos executantes?

    Como se dar a participao dos trabalhadores no processo?

    Qual o grau de liberdade para se efetuar o levantamento e disponibilidade de tempo?

    Qual a dimenso da empresa e complexidade do processo?

    Que aes j existem na empresa? H levantamentos anteriores realizados?

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  • 27 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    Qual a cultura dominante na empresa em matria de gesto de segurana e sade ocupacional?

    Os procedimentos bsicos so:

    A. Coleta inicial de informaes

    Solicitar empresa a disponibilizao de informaes sobre: (entre outras)

    Atividades desenvolvidas na empresa - principais e auxiliares;

    Plantas da empresa.

    Fluxogramas do processo.

    Lista de matrias primas e auxiliares, produtos intermedirios e

    finais. Se possvel onde so usados e a taxa de consumo.

    Fichas de Segurana de Produtos Qumicos; (quando disponveis)

    Mquinas e equipamentos existentes.

    Estatsticas de acidentes e doenas ocupacionais registrados;

    Mapas de riscos elaborados pela CIPA.

    Registros dos agentes de fiscalizao.

    Relatrios tcnicos de levantamentos de riscos realizados.

    Listagem dos funcionrios por funo e setor de atividade.

    Se o profissional for externo, por ocasio da coleta das informaes acima, recomenda-se fazer uma visita geral para conhecimento das instalaes da empresa (viso panormica).

    B. Pesquisa bibliogrfica

    Se o processo no for familiar ao tcnico, este deve estudar

    teoricamente o processo recorrendo a enciclopdias tcnicas.

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 28

    Levantamento, na literatura tcnica de SST, de informaes sobre

    os fatores de riscos potenciais relacionados ao processo ou local de

    trabalho (existem livros que relatam os riscos para cada tipo de

    processo, ex. Burgess, 1995; Cralley, Enciclopdia da OIT, ou em

    peridicos tcnicos).

    Conhecimentos disponveis na literatura sobre os efeitos nocivos dos agentes e fatores identificados.

    Conhecimentos disponveis na literatura sobre as propriedades fsico-qumicas e toxicolgicas de agentes qumicos.

    C. Entrevistas com diretores, gerentes ou encarregados tcnicos e do setor de pessoal

    Num primeiro momento deve-se buscar sensibilizar e esclarecer a direo da empresa e todos os envolvidos para o trabalho a ser realizado, explicando as etapas.

    Durante as entrevistas levantar dados para caracterizar o processo de trabalho, definir o fluxograma das operaes do ciclo produtivo, identificar as atividades auxiliares, localizar fisicamente todas as atividades e identificar os responsveis.

    Com o responsvel pelo setor de pessoal ou recursos humanos obter informaes sobre a organizao geral do trabalho. Com os gerentes e supervisores obter informaes sobre o processo produtivo.

    D. Definio da abordagem a ser adotada nas visitas s reas e anlise dos riscos

    Com base nos dados obtidos nas etapas A, B e C definir as unidades de anlise de riscos - postos de trabalho, setores, reas, funo ou grupo de funes, operaes ou tarefas - que sejam mais adequadas para cada caso, bem como uma abordagem para realizar as visitas ou inspees.

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  • 29 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    H trs possibilidades de abordagem para as inspees nos locais de trabalho:

    Abordagem geogrfica, isto , seguir atravs das instalaes rea por rea, setor por setor, examinando todos os aspectos ali presentes.

    Abordagem por assunto, que pode ser um setor, um posto de trabalho, uma operao, uma funo ou mesmo uma tarefa especfica.

    Seguir o processo, isto , seguir o fluxo da linha de produo.

    Pode-se ainda recorrer a uma combinao das trs abordagens, o que em termos prticos o que ocorre freqentemente.

    E. Inspees nos locais de trabalho

    Coletar todos os dados, observando ou entrevistando pessoas, em particular trabalhadores, para fazer a caracterizao do ambiente e processo de trabalho, da fora de trabalho, identificao e avaliao de todos os fatores de risco presentes.

    Para o levantamento em campo recomenda-se utilizar, como apoio, listas de verificaes.

    Durante as inspees recomenda-se observar e registrar os seguintes aspectos relativos variabilidade do processo:

    Ritmo de produo. Freqncia e durao de processos de trabalhos cclicos. Condies anormais de operaes.

    Em relao aos funcionrios, recomenda-se obter e registrar dados sobre:

    Atividades efetivamente executadas. Queixas e sintomas que possam ser atribudos s exposies. Percepo de riscos dos trabalhadores. Hbitos de higiene pessoal, prticas de limpeza. Revezamento ou rodzio entre os trabalhadores. Mobilidade dos trabalhadores em relao aos setores e postos de

    trabalho. Uso de equipamentos de proteo individual. Hbitos pessoais: tabagismo, alcoolismo, uso de drogas, etc.

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 30

    Este levantamento poder incluir outros fatores de risco que no sejam os ambientais. recomendvel tambm que o levantamento inclua a identificao de no-conformidades com todas as normas regulamentadoras na rea de Sade e Segurana do Trabalho.

    F. Organizar e sistematizar os dados

    Para cada posto de trabalho - ou outra unidade de anlise - sistematizar os dados para caracterizar os riscos, fazer a avaliao qualitativa de acordo com os procedimentos e critrios propostos e descritos no item 4.2.

    O formulrio que propomos para reconhecimento e avaliao qualitativa dos riscos contm os seguintes campos:

    Operao, tarefa ou item analisado (neste caso pode ser um aspecto fsico do ambiente, ex. piso, equipamento, instalao).

    Situao de risco - identificao dos agentes e fatores de risco e as condies de exposio. O agente tem que ser claramente identificado (ex. nvoa de cido crmico, gs amnia, radiao infravermelha) e no apontado de forma genrica (ex. produtos qumicos).

    Controles ativos - indicao das medidas de controle existentes - de engenharia ou coletivas, de carter administrativo ou uso de EPIs, bem como uma considerao sobre a eficincia dos mesmos.

    Danos (conseqncias ou efeitos)- natureza do dano que potencialmente pode ocorrer (quando for vrios, indicar apenas os mais significativos ou graves).

    Populao exposta (pessoal sujeito a riscos, quer seja diretamente ou indiretamente) - indicar a funo e o nmero de expostos

    Estimativa da probabilidade e gravidade do dano indicar categorias ou ndices de expressem a probabilidade da ocorrncia do evento perigoso ou o nvel de exposio e a gravidade do dano ( numa escala de 0 a 4).

    Estimativa do risco (Gradao ou Nveis de Risco).

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  • 31 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    Aps a avaliao, fazer a identificao das necessidades de avaliaes quantitativas e medidas de controle a serem mantidas ou implantadas, indicando as prioridades. Recomenda-se tambm fazer indicao, do ponto de vista estritamente tcnico, dos prazos necessrios para realizar as avaliaes quantitativas ou implantao das medidas de controle.

    Recomenda-se a validao consensual com o pessoal envolvido nas atividades avaliadas.

    G. Elaborar relatrio e apresentar empresa (e ao mdico coordenador do PCMSO, se ele no participou diretamente do processo).

    Os itens mnimos que devero constar de um bom relatrio so:

    Introduo - com indicao do escopo e objetivos do levantamento realizado.

    Caracterizao geral da empresa (identificao, endereo, principais atividades, organograma).

    Caracterizao do processo de produo, instalaes/arranjo fsico e processo de trabalho.

    Metodologia empregada estratgia, recursos e critrios utilizados na identificao e avaliao dos riscos. Importante destacar os dados j disponveis

    Resultados apresentao dos dados de identificao e avaliao de riscos por unidade de anlise (caracterizao dos riscos), bem como a identificao de no-conformidade com outras normas regulamentadoras. Os resultados podem ser resumidos em uma nica tabela, desatacando-se os principais problemas.

    Propostas de solues - identificao de necessidades de avaliaes quantitativas e medidas de controle (a serem introduzidas, mantidas ou melhoradas). Pode-se elaborar para cada problema identificado propostas de aes (ver sugesto de formulrio no anexo E).

    Concluses gerais. Referncias bibliogrficas. Anexos, que podero incluir: planta com layout de equipamentos,

    fluxogramas do processo produtivo, relao de material prima ou produtos perigosos; informaes detalhadas sobre os agentes e fatores de risco, etc.

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 32

    5. CONCLUSES

    As metodologias apresentadas, mostram claramente que o processo de

    reconhecimento de riscos, descrito na NR 9, no pode se limitar

    simplesmente identificao dos agentes ou fatores de risco e outros

    itens l relacionados. Deve ser um processo completo que envolva as

    seguintes aes:

    - Avaliao preliminar dos riscos identificados, de carter

    qualitativo, para fins de priorizao de aes.

    - Implantao de medidas de controle.

    - Avaliao da eficincia das medidas de controle.

    A metodologia proposta, adaptada de outras existentes, pode constituir

    uma ferramenta til no processo da Gesto da Segurana e da Sade do

    Trabalho, tendo como objetivo a implantao de medidas de controle

    (preveno).

    O processo de simplificar o reconhecimento de riscos e partir direto para a

    quantificao, visando, sobretudo a caracterizao do processo de

    insalubridade, no recomendado.

    A avaliao preliminar completa, priorizando-se aes em funo do risco,

    evita gastos excessivos ou desnecessrios com avaliaes quantitativas ou

    exames clnicos.

    Um risco no identificado, no ser avaliado e nem controlado, ele

    somente aparecer quando ocorrerem doenas ou mortes.

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  • 33 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    6. REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS

    [1] ACGIH, American Conference of Governmental Industrial Hygienists , Industrial Ventilation, A Manual of Recommended Practice, 21st ed., Committee on Industrial Ventilation, American Conference of Governmental Industrial Hygienists, Cincinnati, USA (1992).

    [2] ACGIH, American Conference of Governmental Industrial Hygienists , TLVs and BEIs - Threshold Limit Values for Chemical Substances and Physical Agents, Biological Exposure Indices, American Conference of Governmental Industrial Hygienists, Cincinnati, USA (1996).

    [7] AIHA, American Industrial Hygiene Association , A Strategy for Occupational Exposure Assessment, editado por Neil C. Hawkins et al., American Industrial Hygiene Association, Akron, USA (1991).

    [8] BMA, British Medical Association, The Nature of Risk, cap. 2, The British Medical Association Guide - Living with Risk, John Willey & Sons, Chichester, UK (1987).

    [9] BSI, British Standard Institute, BS 8800: Guide to Occupational Health and Safety Management Systems , London, UK (1996). [10] Burgess, W. A., Recognition of Health Hazards in Industry - A Review of Materials and Processes, 2nd ed., John Wiley & Sons, New York, USA (1995).

    [11] Covello, V. T. e M. W. Merkhofer, Risk Assessment Methods - Approaches for Assessing Health and Environmental Risks. Plenun Press, New York, USA (1993).

    [12].Ministre du Travail, de lEmploi et de la Formation Professionelle, Guide dEvaluation des Risques Professionnels, Imprimerie Nationale, Paris, Frana.

    [13] Menard, L. et al, Stratgie dEvaluation Exploratoire dun Milieu de Travail, srie Mthode de Laboratoires - tude Technique, Institut de Recherche en Sant et en Scurit du Travail du Qubec, Qubec, Canad (1987).

    [14] Trivelato, Gilmar da Cunha Apostila de Textos de Curso sobre PPRA Programa de Preveno de Riscos Ambientais, FUNDACENTRO, Centro Regional de Minas Gerais (1999).

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 34

    ANEXO A

    FORMULARIO 1 - INSPEO PRELIMINAR DAS CONDIES DE TRABALHO

    Setor de Trabalho: Unidade: Responsvel:

    Existe alguma situao ou condio entre as abaixo relacionadas que possa resultar em acidentes ou ser prejudicial?

    Assinale com "X" uma das seguintes opes:

    1. No: As situaes existentes no constituem problemas, ou constituem apenas situaes envolvendo riscos genricos no criados pelas atividades de trabalho ou riscos triviais (os possveis danos so leves e a probabilidade de que ocorram baixa).

    2. Sim: As situaes existentes constituem riscos significativos (riscos especificados e no triviais), que exigem a adoo de medidas corretivas ou preventivas, ou necessria uma investigao mais aprofundada para avaliar a extenso do problema.

    Aspectos considerados No Sim Locais de Trabalho: instalaes, arranjos fsicos, organizao e limpeza

    Operao de mquinas e equipamentos no protegidos adequadamente

    Operao de mquinas, instalaes ou manuseio de objetos com superfcies perigosas (quinas, cantos, lminas, etc.)

    Operao de ferramentas inadequadas ou defeituosas Possibilidade de contato com elementos muito quentes ou frios que resultem em queimaduras.

    Sistemas de armazenamento so inadequados ou inseguros Gases comprimidos e cilindros de gases

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  • 35 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    Aspectos considerados No Sim Instalaes eltricas e equipamentos eltricos danificados com possibilidade de choques.

    Instalaes ou equipamentos sob tenso, sujeito a risco de contato durante o trabalho.

    Perigo de incndio ou exploso (fontes de ignio prximas a materiais inflamveis ou combustveis, formao de atmosferas explosivas, material explosivo, etc.)

    Manuseio e armazenamento de produtos qumicos perigosos(corrosivos, inflamveis, explosivos, oxidantes, instveis, etc.)

    Contaminantes qumicos no ar gerados pelas atividades de trabalho: gases e vapores, poeiras fumos, nvoa e odores desagradveis.

    Manuseio de material biolgico com possibilidade de contato direto com materiais infectados ou como contaminante atmosfrico.

    Contaminantes biolgicos dispersos no ar (ex. Atividades que formam nvoa de material potencialmente infectados, microorganismos dispersos no ar).

    Rudo ambiental inadequado para a realizao de tarefas que exigem ateno.

    Rudo extremamente altos que podem resultar em perdas auditivas e outros danos.

    Clima e ventilao; temperatura ambiente, umidade, correntes de ar e condicionamento de ar inadequados.

    Calor excessivo: temperaturas extremamente altas ou fontes de calor radiante.

    Ambiente frio: trabalho em lugares com temperaturas extremamente baixas.

    Iluminao inadequada resultando em ofuscamento, reflexos incmodos, sombras e contrastes excessivos.

    Vibraes nas mos e brao transmitida por mquinas e equipamentos.

    Vibraes de corpo inteiro (trabalho sentado).

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 36

    Aspectos considerados No Sim

    Radiaes ionizantes: presena de raio X ou radioatividade

    (proteo inadequada)

    Radiao ultravioleta

    Radiao infravermelho

    Raios laser: possibilidade de contato

    Microondas

    Radiao ultra-snica (ex. trabalho banhos de limpeza com

    irradiao)

    Fontes de campos eletromagnticos

    Carga fsica: esforo fsico, posturas inadequadas,

    movimentos repetitivos, etc.

    Carga de trabalho mental (exigncias excessivas)

    Organizao insatisfatria de horrios ou turnos de trabalhos

    Fatores de organizao do trabalho causadores de estresse

    fsico ou psquico

    Funcionrios desinformados dos riscos no trabalho

    Funcionrios desinformados sobre as medidas de proteo

    Medidas em situao de emergncia inexistentes,

    inadequadas ou precrias

    Concluso:

    Data____/____/____ Responsvel tcnico: Assinatura do responsvel tcnico

    ________________________________________________

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  • 37 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    ANEXO B

    FORMULRIO 2: CARACTERIZAO BSICA DA UNIDADE

    POSTO DE TRABALHO OU SETOR (OU OUTRA UNIDADE DE ANLISE):

    CARACTERIZAO DO AMBIENTE E PROCESSO DE TRABALHO

    CARACTERIZAO DA FORA DE TRABALHO FUNES ORGANIZAO DO TRABALHO E DESCRIO DE TAREFAS OU ATIVIDADES HORRIO E JORNADA DE TRABALHO: OBSERVAES GERAIS RECONHECIMENTO E AVALIAO QUALITATIVA DE RISCOS - VER FICHA N AGENTES E FATORES DE RISCO RELEVANTES -. CARACTERIZAO DOS AGENTES E FATORES DE RISCO - VER ANEXO .....

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 38

    RELAO DE FUNCIONRIOS DO SETOR (FORMULRIO OPCIONAL) Nome Funo Horrio de

    trabalho Data de incio

    1. 2.

    Orientaes para o preenchimento do formulrio 2:

    Unidade:

    Indicar o nome do setor, rea ou posto de trabalho:

    Caractersticas do ambiente e do processo de trabalho

    a) Descrever de forma resumida o local de trabalho: localizao, instalaes gerais, ventilao, iluminao, rea e arranjo fsico (anexar layout se for relevante).

    b) Descrever as atividades e procedimentos de trabalho, tanto as principais como auxiliares (como limpeza e manuteno). Se for conveniente, anexar fluxograma do processo ou fazer referncia a procedimentos ou fazer referncia a procedimentos escritos (ex. Procedimentos do Sistema de Qualidade). Destacar tambm os aspectos relativos variabilidade do processo: ritmo de produo; freqncia de durao de processos de trabalho cclicos; condies anormais de operaes.

    c) Relacionar os equipamentos (apenas aqueles relevantes do ponto de vista de anlise de risco, isto , que podem constituir fontes de perigo) e medidas gerais de proteo coletiva (ex. capelas)

    d) Anexar relao produtos de qumicos usados usadas no processo, incluindo as preparaes feitas a partir deles e os resduos gerados contendo produtos qumicos (indicar quantidade aproximada e forma de descarte).

    e) Se for o caso, anexar relao dos principais materiais biolgicos manipulados no setor, indicando os provveis agentes infecciosos.

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  • 39 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    Caractersticas da fora de trabalho a) Funes, jornadas e horrios de trabalho:

    Relacionar:

    As funes existentes no setor como so denominados nos registros de trabalho (ex. carteira profissional) e colocar entre parnteses a denominao da funo real exercida pelo funcionrio no setor, se houver uma discrepncia entre a denominao formal e a atividade efetiva

    Nmeros de pessoas em cada funo.

    As jornadas de trabalho (ex. 6 ou 8 horas).

    Anexar a relao dos nomes de todos os funcionrios, e respectivas funes e data de incio das atividades no setor

    b) Organizao do trabalho e descrio das atividades por funo.

    Descrio de forma sucinta, de como as tarefas se distribuem entre o pessoal do setor e quais so as atividades reais tpicas de cada funo, com estimativa da durao e freqncia

    Destacar se h revezamento ou rodzio de pessoal na execuo das atividades e mobilidade dos trabalhadores em relao ao posto de trabalho e outros setores.

    c) Observao gerais.

    Registrar, dentre outras e se for relevante as seguintes observaes:

    Queixas e sintomas apresentados pelo pessoal do setor que possam ser atribudos s exposies.

    Percepo dos riscos dos funcionrios.

    Hbitos de higiene pessoal prticas de limpeza.

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 40

    ANEXO C

    FORMULRIO 3 - FICHA DE IDENTIFICAO E AVALIAO DE RISCOS

    POSTO DE TRABALHO/SETOR/REA AVALIADA: DATA AVALIAO: AVALIADOR(ES):

    ATIVIDADE

    DE

    TRABALHO

    PERIGO(S)

    OU

    FATOR(ES)

    DE RISCO

    DANO

    CONTROLES

    ATIVOS

    PESSOAL

    SUJEITO AO

    RISCO

    PD

    GD

    NVEIS

    DE

    RISCO

    AO

    NECESS-

    RIA

    PO = PROBABILIDADE DE OCORRNCIA GD = GRAVIDADE DO DANO

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  • 41 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    CONTINUAO DO FORMULRIO 3 ANEXO C

    (preenchimento dos campos)

    Atividade ou aspecto

    Nomear a atividade - etapa de um processo, operao, tarefa - que apresente riscos significativos ou outros aspectos do ambiente de trabalho que possam afetar o conjunto de atividade - instalaes, clima, organizao do trabalho por exemplo - que possam contribuir ou criar riscos ou situaes de desconforto significativo.

    Exemplos: Recebimentos de amostras, fracionamento e preparao de amostras, ou piso, ordem e limpeza do setor como um todo, iluminao geral

    Situaes de Risco (Perigo/ Fator de risco, etc.)

    Relacionar para cada atividade ou aspectos considerado os agentes/fontes geradoras, condies ou conjunto de circunstncias com o potencial de causar danos pessoais, materiais e ao meio - ambiente.

    A identificao dos perigosos ou fatores de risco no pode ser genrica, como por exemplo: poeiras, vapores de solventes, mas sim especifica; poeira de algodo; vapor de tolueno.

    Exemplos: Parte de mquina em movimento sem proteo: trabalho em lugares elevados com possibilidade de quedas, Rudo intenso e contnuo provavelmente superior a 85 dBA gerado pela perfuratriz em funcionamento, bactria (especificar se possvel) potencialmente presente no sangue ou sangue potencialmente infectado com...; Acetona inalao de vapores e contato direto com a pele/ respingos nos olhos; Esforos repetitivos das mos/braos; Gasolina (material facilmente inflamvel): lquido em galo e vapores que se espalham pelo ambiente.

    Norma C. do Amaral - Fundacentro/SP

  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 42

    Dano potencial

    Indicar tipo de leso, doena, desconforto e danos materiais ou ambientais que potencialmente podem ocorrer. Se para um mesmo agente ou fator de risco existem vrios danos possveis, indicar apenas aqueles considerados crticos ou significativos (em geral de maior gravidade)

    GD - Gravidade do dano

    Atribuir um ndice numa escala de 1 a 4, onde 1 significa um dano leve e 4 significa dano severo, extremamente prejudicial resultando em morte ou incapacidade fsica e mental irreversvel.

    Consultar tabelas especficas dependendo potencial de dano do agente ou da natureza do dano melhor estimativa da gravidade.

    Medidas de controle (fatores de segurana)

    Listar as medidas de controle existentes (controle ativos) quer sejam medidas de engenharia, prticas de trabalho, administrativas ou equipamento de proteo individual. Indicar as condies de uso e manuteno dos equipamentos de proteo coletiva e individual e consideraes sobre a eficincia dos mesmos.

    Tambm devem ser listados certos aspectos como prticas de trabalho e fatores ligados organizao do trabalho que foram implantados visando outros objetivos, mas que contribuem para a reduo do nvel de risco.

    Indicar tambm a ausncia ou inadequao de medidas de controle que so exigidas por fora de normas legais (no opcionais).

    Exposio

    Indicar das pessoas sujeitas aos riscos funes e nmeros de trabalhadores expostos: e tipo de exposio intensidade/ concentrao/carga; durao (incidental ou de pico, curta, jornada parcial e toda a jornada) e freqente (rara, infreqente, freqente)

    Ex.: ajudante geral (6): inalao de altas concentraes, de curta durao em toda a jornada.

    Norma C. do Amaral - Fundacentro/SP

  • 43 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    Probabilidade de ocorrncia

    Atribuir um ndice numa escala de 1 a 4, onde 1 significa que o dano altamente improvvel e 4 significa que a ocorrncia do dano altamente provvel ou quase certa.

    Utilizar tabelas especficas para melhor estimativa da probabilidade de ocorrncia do dano.

    Nvel de risco

    Determinar indicar o nvel de risco- trivial, tolervel, moderado, substancial ou intolervel a partir das estimativas da gravidade do dano e probabilidade de sua ocorrncia, utilizando matriz especfica.

    Ao necessria ou recomendada

    Indicar se so necessrias avaliaes adicionais e aprofundadas Avaliaes quantitativas da exposio ou contaminao geral (fatores ambientais); anlise ergonmica do posto de trabalho ou anlise de risco utilizao tcnicas mais sofisticadas (ex. inspeo de caldeiras, HAZOP),ou se necessrio manter, melhorar ou implantar algum tipo de medida de controle (especificar genericamente).

    Exemplo: Manter os controles existentes. Melhor as condies e taxa de uso dos EPIs. Adotar prticas de trabalho mais seguras, instalar sistemas de ventilao local exaustora.

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 44

    ANEXO D

    FORMULRIO 4 - PROPOSTA DE SOLUO

    Descrio do problema

    PROPOSTA DE INTERVENO que aes? onde devem

    ser aplicadas? Prazo Respon

    svel

    Medidas

    Tcnicas

    de Controle

    Adminis-trativas

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  • 45 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    CONTINUAO DO ANEXO D

    PROPOSTA DE INTERVENO

    que aes? onde devem

    ser aplicadas?

    Prazo Respon

    svel

    Vigilncia da sade

    Formao e

    informao

    Avaliao detalhada

    Investigao

    Acompanhamento

    Controle peridico

    Outras

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 46

    ANEXO E

    IDENTIFICAO E AVALIAO DE OUTRAS NO-CONFORMIDADE COM AS NRS

    CONTEDO VERIFICAES CONSEQNCIAS AO

    RECOMENDADA

    PRIORI-

    DADE

    Informaes sobre os riscos e avaliaes

    (NR1)

    Os riscos so comunicados aos funcionrios do

    setor produtivo de maneira informal. H necessidade de

    melhoria desse processo

    A no

    conscientizao dos

    riscos pode levar os

    funcionrios ao uso

    inadequado ou no

    utilizao dos

    equipamentos de

    proteo disponveis

    Melhorar a forma

    de comunicar os

    riscos aos

    funcionrios, em

    particular aqueles

    relativos ao

    manuseio de

    produtos

    qumicos

    perigosos

    Alta

    Equipamentos de proteo individual

    (EPIs)

    A empresa mantm o fornecimento e distribuio de

    equipamentos para todos os

    funcionrios do setor produtivo, mas sem norma

    explcita obrigando a utilizao desses equipamentos e

    treinamento sobre o manuseio e uso

    adequado. No usado com regularidade as

    luvas e culos de proteo para manuseio de

    produtos qumicos

    No utilizao dos

    EPIs pelos

    funcionrios

    Acidentes tpicos

    e multas Alta

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  • 47 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    CONTINUAO DO ANEXO E

    CONTEDO VERIFICAES CONSEQNCIAS AO

    RECOMENDADA PRIORI-

    DADE Instalaes e servios em eletricidade

    (NR10)

    A empresa deve ter disponvel laudo

    tcnico das instalaes eltricas

    Multas

    Providenciar laudo com profissional competente

    Mdia

    Vasos sob presso (NR13)

    A empresa no dispe da

    documentao devidamente

    atualizada relativas ao recipiente de ar

    comprimido (compressor):

    Livro de Registro de Segurana (item 13.6.4 e

    alnea b da NR13) Relatrios de

    inspeo dos recipientes de ar

    comprimido (compressores

    item 10.13.8 NR13)

    Multas Acidentes devido a

    ruptura do vaso

    Providenciar laudo com profissional competente

    Mdia

    Condies sanitrias e de

    conforto

    A empresa dispe de instalaes

    sanitrias, vestirios, refeitos, mantidos em condies precrias,

    no estando adequados ao que o recomendando na

    legislao

    Desconforto para os funcionrios

    Multas

    Melhorar as condies existentes

    Alta

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 48

    EXPOSIO OCUPACIONAL AOS RISCOS

    FSICOS EM FUNDIES

    OBJETIVO: Apresentar critrios e procedimentos para a avaliao

    da exposio ocupacional dos trabalhadores ao riscos

    fsicos, que impliquem riscos sade.

    DOCENTE: LNIO SRVIO AMARAL

    Engenheiro de Minas e de Seg. do Trabalho

    FUNDACENTRO Minas Gerais

    E-mail: [email protected]

  • 49 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    SUMRIO

    1 AGENTES FSICOS INTRODUO...................................... 50

    1.1 Agentes fsicos Rudo................................................. 50

    1.2 Agentes fsicos Calor.................................................. 50

    1.3 Agentes fsicos Radiaes no-ionizantes.................. 52

    2 RISCOS SADE DEVIDO AOS PRINCIPAIS AGENTES

    FSICOS............................................................................

    53

    3 AVALIAO AMBIENTAL..................................................... 58

    3.1 Estratgia de amostragem............................................ 59

    4 AVALIAO DE RUDO POR MEIO DE AUDIODOSIMETRIA... 59

    5 AVALIAO SOBRECARGA TRMICA CALOR..................... 62

    6 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.......................................... 71

    QUADRO 2 DA NR 15 - ANEXO 3 Limites de tolerncia para exposio ao calor, com perodo de descanso em outro local............

    67

    QUADRO 3 DA NR 15 - ANEXO 3 Taxa de metabolismo por tipo de atividade..............................................................................

    68

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 50

    1 AGENTES FSICOS INTRODUO

    1.1 Agentes fsicos Rudo

    Do ponto de vista da higiene ocupacional o rudo o fenmeno fsico vibratrio com caractersticas indefinidas de variaes de presso (no caso, ar) em funo da freqncia, isto , para uma dada freqncia podem existir, em forma aleatria atravs do tempo, variaes de diferentes presses.

    O agente fsico, de um modo geral, se constitui em um dos maiores riscos potenciais para a sade dos trabalhadores tanto nas instalaes industriais como em outras atividades laborais.

    Do ponto de vista da fsica, rudo , por definio, a variao de presso sonora sob a forma de ondas mecnicas, que representam oscilaes dos sistemas de materiais elsticos.

    Essas oscilaes com a massa de ar podem constituir-se em estmulos para o nosso organismo e que poder causar um efeito at mesmo desagradvel. Elas podem ser descritas como variaes da presso atmosfrica, originando vibraes ou turbulncias. Em resumo, define-se como som qualquer conjunto de vibraes ou ondas mecnicas que podem ser ouvidas.

    Rudo est presente em diversas atividades. O rudo excessivo pode provocar alm de surdez profissional condutiva ou neurosensorial, outros efeitos chamados no-auditivos, que deixaro a pessoa nervosa, irritada, sofrendo de insnia, tendo como consequncia dificuldades de comunicao e de socializao.

    1.2 Agentes fsicos Calor

    A pessoa que trabalha em ambientes onde a temperatura muito alta poder sofrer de fadiga, ocorrendo falhas na percepo e no raciocnio e srias perturbaes psicolgicas que podem produzir esgotamento fsico e prostraes. H, portanto, a necessidade de se conhecer como se processa a interao trmica do organismo humano com o meio ambiente, conhecer seus efeitos e determinar como quantificar e controlar essa interao.

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  • 51 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    Na medida em que h um aumento de calor ambiental, ocorre uma reao no organismo humano no sentido de promover um aumento da perda de calor. Inicialmente ocorrem reaes fisiolgicas para promover a perda de calor, mas essas reaes, por sua vez, provocam outras alteraes que, somadas, resultam num distrbio fisiolgico.

    Reaes do organismo Exposio do Calor

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 52

    Os principais mecanismos de defesa do organismo humano, quando submetido ao calor intenso, so a vasodilatao perifrica e a sudorese.

    Vasodilatao perifrica

    Quando a quantidade de calor que o corpo perde por conduo-conveco ou radiao menor que o calor ganho, a primeira ao corretiva que se processa no organismo a vasodilatao perifrica, que implica um maior fluxo de sangue na superfcie do corpo e um aumento da temperatura da pele. Essas alteraes resultam em um aumento da quantidade de calor perdido ou em uma reduo de calor ganho.

    O fluxo de sangue no organismo humano transporta calor do ncleo do corpo para a sua superfcie, onde ocorrem as trocas trmicas.

    Sudorese

    Outro mecanismo de defesa do organismo a sudorese. O nmero de glndulas sudorparas ativadas diretamente proporcional ao desequilbrio trmico existente.

    A quantidade de suor produzido pode, em curtos perodos, atingir at dois litros por hora, embora, em um perodo de vrias horas, no exceda a um litro por hora. Pela sudorese no ritmo de um litro por hora, um homem pode, teoricamente, perder 600 Kcal/hora para o meio ambiente.

    1.3 Agentes fsicos Radiaes No-Ionizantes

    Radiaes no-ionizantes, como o nome diz, so as que no produzem ionizaes, no possuem energia suficiente para produzir emisso de tomos ou de molculas, ou seja, so ondas eletromagnticas cuja energia insuficiente para ionizar a matria incidente.

    A figura a seguir mostra o espectro eletromagntico colocado em ordem crescente de energia, isto , em ordem crescente de freqncia (f) e decrescente de comprimento de onda (), na qual aparecem todas as radiaes no-ionizantes, desde a radiofreqncia at a radiao ultravioleta e uma parte das radiaes ionizantes.

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  • 53 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    Espectro eletromagntico

    2 RISCOS A SADE DEVIDO AOS PRINCIPAIS AGENTES FSICOS ENCONTRADOS EM FUNDIES

    Esta apostila traz apenas um resumo dos efeitos devido aos agentes citados. Maior nmero de informaes podem ser encontradas em literatura especializada.

    Rudo

    O rudo intenso pode causar perda de audio, modificar funes cardiovasculares, endcrinas, neurolgicas, e outras. Alm da possibilidade de perda temporria ou permanente da audio, pode causar dificuldades de comunicao, representando perigos de acidente.

    O rudo provoca dois tipos de efeitos: auditivos e no-auditivos.

    Os efeitos auditivos so muito conhecidos e podem ser classificados em:

    Deslocamento temporrio do limiar auditivo.

    Surdez profissional (condutiva ou neurossensorial).

    O ouvido est dividido em trs partes, a saber:

    ouvido externo, composto pela orelha e o canal auditivo;

    ouvido mdio, composto por tmpano e trs pequenos;

    ouvido interno, esse possui a forma de um caracol e no seu interior tem clulas muito pequenas. Estas so to pequenas e delicadas que rudos fortes podem destru-las.

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 54

    As clulas do ouvido interno, uma vez destrudas, no so mais recuperadas. Desta forma devemos ter um cuidado muito especial na proteo dos ouvidos. A figura abaixo ilustra esta diviso. Essa situao diferente da surdez ocasionada, em que h uma obstruo no uma destruio das clulas. Como exemplo, tem-se o resfriado, em que o ouvido volta s condies normais aps a melhora. Uma vez que essa obstruo, momentnea, deu-se no ouvido mdio, impede o som de chegar ao ouvido interno.

    O deslocamento temporrio do limiar auditivo, ou seja, a surdez temporria devido fadiga auditiva ocorre aps uma exposio prolongada a nveis altos de rudo, mas que se recupera no decorrer do tempo de descanso.

    O deslocamento permanente do limiar auditivo, tambm chamado de surdez profissional, pode ser de origem condutiva (ruptura de tmpano, ossculos ou outra estrutura de conduo) ou neurossensorial, quando ocorre a destruio dos rgos ciliados de Corti. A perda condutiva mostra um audiograma com perdas similares em todas as freqncias, enquanto a perda neurossensorial apresenta, nesse teste, a chamada gota acstica, que representa uma perda da capacidade auditiva muito grande, em torno da freqncia de 4.000 Hz (Hertz).

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  • 55 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    Os efeitos no-auditivos so os fisiolgicos e os psicolgicos, que se traduzem por: dor de cabea, irritabilidade, vertigens, cansao excessivo, insnia, dor no corao e zumbido na orelha. Esses efeitos foram pesquisados em inqurito de queixas dos trabalhadores expostos a nveis de 100 dB(A).

    O rudo intenso altera a condutividade eltrica do crebro, provocando queda na atividade motora, reduzindo, dessa forma, a capacidade de ateno e concentrao com a conseqente queda da produtividade.

    Calor

    O calor radiante e de conveco gerado na fundio durante a fuso e vazamento de metal, cria um ambiente quente para estas e outras operaes da fundio. O aquecimento dos moldes e machos so fontes adicionais de calor. Os trabalhadores dos fornos ou os que retiram a escria ou ainda aqueles que trabalham com ferro fundido, incluindo os forneiros e os vazadores, sofrem exposies mais severas. Metal Fundido e superfcies quentes que existem em operaes na fundio, criam um potencial de risco aos trabalhadores que podem acidentalmente entrar em contato com objetos quentes.

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 56

    Alm dos riscos de queimaduras diretas pelos objetos quentes, o calor ambiental aumenta a freqncia de acidentes em geral.

    Durante as duas primeiras semanas de exposio ao calor, a maior parte dos trabalhadores saudveis devem se aclimatizar ao trabalho, entretanto, a aclimatizao pode ser perdida rapidamente. Uma significativa reduo da aclimatizao ao calor pode ocorrer durante as frias ou alguns dias em ambiente frio.

    Os efeitos sade da exposio aguda ao calor variam desde uma erupo de pele e cibra dos msculos abdominais, ou das extremidades, at uma exausto devido ao calor, choque trmico e morte. A exposio crnica ao calor excessivo pode provocar sintomas comportamentais como: irritabilidade, perda de concentrao, aumento de ansiedade, distrbios digestivos e cardiovasculares.

    Se o aumento do fluxo de sangue na pele e a produo de suor forem insuficientes para promover a perda adequada de calor, ou se esses mecanismos deixarem de funcionar apropriadamente, uma fadiga fisiolgica poder ocorrer.

    Exausto do calor.

    Desidratao.

    Cibra do calor.

    Choque trmico.

    Exausto do calor

    decorrente de uma insuficincia do suprimento de sangue do crtex cerebral (invlucro do crebro), resultante da dilatao dos vasos sanguneos em resposta ao calor. Uma baixa presso arterial o evento crtico resultante, devido, em parte, a uma inadequada sada do sangue do corao e, em parte, a uma vasodilatao que abrange uma extensa rea do corpo.

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  • 57 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    Desidratao

    Em seu estgio inicial, a desidratao atua, principalmente, reduzindo o volume de sangue e promovendo a exausto do calor. Mas em casos extremos produz distrbios na funo celular, provocando at a deteriorao do organismo.

    Ineficincia muscular, reduo da secreo (especialmente das glndulas salivares), perda de apetite, dificuldade de engolir, acmulo de cido nos tecidos ocorrero com elevada incidncia. Uremia temporria, febre e morte tambm podem acontecer.

    Cibra do calor

    Ocorrem espasmos musculares seguidos de uma reduo do cloreto de sdio no sangue, atingindo concentraes inferiores a um certo nvel crtico. O alto ndice de perda desse cloreto facilitada pela intensa sudorese e falta de aclimatizao.

    Choque trmico

    Ocorre quando a temperatura do ncleo do corpo tal que pe em risco algum tecido vital que permanece em contnuo funcionamento. Deve-se a um distrbio no mecanismo termorregulador, que fica impossibilitado de manter um adequado equilbrio entre o indivduo e o meio.

    Sintomas e efeitos do calor no organismo

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 58

    Outros efeitos podero ocorrer, como:

    Desidratao: caso no ocorra a reposio hdrica.

    Queimaduras: erupo da pele, queda de rendimento no trabalho, aumento do nmero de acidentes e aumento da suscetibilidade a outras doenas.

    Radiaes

    As Radiaes Infravermelhas (I.V) e Ultravioletas (U.V) possuem riscos potenciais sade, especialmente pele e aos olhos. Essas radiaes podem causar inflamaes de crnea e conjuntiva, catarata e queimaduras de pele em geral. Outros problemas relacionados com a radiao U.V incluem interaes sinergticas com produtos qumicos fototxicos e aumento da susceptibilidade certas doenas de pele, incluindo um possvel cncer de pele.

    Radiao I.V do metal fundido pode produzir queimadura de pele e pode contribuir para uma hipertermia. Embora no haja evidncia de que a radiao I.V sozinha provoque cncer, ela pode estar envolvida na carcinognese induzida por outros agentes.

    3. AVALIAO AMBIENTAL

    A avaliao ambiental um diagnstico da situao produzida por um ou vrios agentes ambientais. Para o caso dos agentes fsicos, esse diagnstico baseado na anlise e interpretao dos dados obtidos atravs da observao do ambiente de trabalho, de entrevista com os trabalhadores, de levantamento da literatura tcnico-cientfica, de medies ambientais e comparaes com os critrios legais vigentes.

    Os dados obtidos durante a avaliao ambiental podem ser usados para localizar e avaliar fontes geradoras de agentes fsicos, prticas de trabalho inadequadas e para subsidiar o projeto de engenharia das medidas de controle destinado melhoria das condies de trabalho.

    A confiabilidade dos resultados depende da adequao de todos os procedimentos utilizados nas medies e na interpretao dos resultados, e para isso so aplicados procedimentos, mtodos e normas baseados em recomendaes internacionalmente reconhecidas.

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  • 59 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    3.1 - Estratgia de amostragem

    A estratgia de amostragem consiste de um planejamento cuidadoso que tem por objetivo medir a exposio real e potencial do trabalhador aos agentes fsicos presentes em seu local de trabalho.

    Esse planejamento envolve decises do que medir, onde medir, quanto tempo medir, quantas medies, que trabalhadores e operaes avaliar, entre outras. So considerados, tambm, quantidade e tipo de equipamentos de medies.

    Para uma avaliao ambiental na empresa pode-se basear nas orientaes gerais de amostragem recomendadas pelo Occupational Exposure Sampling Strategy Manual do NIOSH. (Leidel,1977)

    Conforme as caractersticas da empresa, tais como: layout, nmero de trabalhadores, nmero de operaes e atividades, pode-se optar pelo Grupo de Exposio Similar (GES).

    Segundo a Portaria 14, do Ministrio do Trabalho, de 20/12/95 Instruo Normativa 001, GES corresponde a um grupo de trabalhadores que experimentam exposio semelhante, de forma que o resultado fornecido pela avaliao da exposio de qualquer trabalhador desse grupo seja representativo da exposio dos demais trabalhadores.

    4 - AVALIAO DE RUDO POR MEIO DE AUDIODOSIMETRIA

    4.1 Definies

    Ciclo de Exposio: conjunto de situaes acsticas, ao qual submetido o trabalhador, em seqncia definida, visto que se repete de forma contnua no decorrer da jornada de trabalho.

    Nvel Equivalente - NE: o nvel ponderado sobre o perodo de medio, que pode ser considerado como o nvel de presso sonora contnuo, em regime permanente, que representaria a mesma energia acstica total que o rudo real / flutuante no mesmo perodo de tempo.

    Critrio considerado: trata-se da determinao da dose de rudo recebida pela pessoa exposta, e da verificao da adequao da exposio frente a este parmetro.

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 60

    4.2 Instrumental necessrio

    * Audiodosmetro * Calibrador compatvel * Planilhas Campo/relatrio - prancheta * Baterias * Calculadora

    4.3 Procedimento

    * verificar integridade eletromecnica do aparelho * verificar carga das baterias * calibrar antes e aferir aps a medio * verificar contato bateria/dosmetro

    4.4 Abordagem do ambiente de trabalho

    A caracterizao se far basicamente de maneira individual, PARA CADA FUNO, a partir da determinao dos ciclos de exposio ao rudo.

    IMPORTANTE: Havendo uma mesma funo com trabalhadores exercendo atividades diferentes e/ou em locais diferentes e/ou operando equipamentos diferentes, deve ser realizado o monitoramento de cada um desses casos. Nesses casos, uma dosimetria de um no representa a exposio de outro e uma dosimetria no pode ser somada a do outro.

    4.5 Medies

    I - Condies de rotina de trabalho (incluindo o rudo de fundo, caso existente)

    II - Condies operacionais normais do processo

    III - Condies usuais de exposio

    IV - Casos especiais de operao e/ou exposio podem e devem ser monitorados para fins de controle e apreciao da exposio. Entretanto esses dados no devem representar a exposio usual do trabalhador.

    V - Microfone situado 150 50 mm do ouvido, do lado onde for detectado maior nvel de presso sonora, utilizando para tanto, um medidor instantneo.

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  • 61 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    4.6 Tempo de medies com o dosmetro

    A amostragem deve cobrir toda a jornada de trabalho ou pores menores, desde que representativa, ou seja, cerca de dois teros da jornada.

    Em situaes especiais (aqueles que andam por todo o processo produtivo para exercer sua atividade funes como, por exemplo, mecnico de manuteno, eletricista, etc.) ser necessrio realizar mais de uma dosimetria ao longo da semana/ms, efetuando-se a soma dos resultados. Apenas dessa forma a dosimetria ser representativa da exposio dessa funo ver exerccio a seguir. EXERCCIOS DE DOSIMETRIA

    1) A audiodosimetria de um soldador resultou nos seguintes dados: D = 180% - Tempo de medio = 6 horas - Jornada de Trabalho=8 horas. Atividades: Soldagem eltrica na oficina de manuteno. Calcule o LEQ e a Dose da jornada de trabalho. Comentar se o L.T. foi ultrapassado.

    4.7 Invalidao das medies

    Aferio da calibrao variando fora da faixa tolerada (> 0,5 dB).

    Carga da bateria abaixo do mnimo (< 95%).

    Trabalhador sair da rotina.

    Situao de operao especial.

    Condio de exposio diferente da usual.

    4.8 Interpretao dos resultados

    DOSE = 1,0 (100%) / 8 horas 85 dB(A)

    N.P.S. > 115 dB (A) = risco grave e iminente, no importando o valor da dose.

    Dose > 1,0 (>100%) = indica que o L.T. foi excedido.

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  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 62

    4.9 Limites de tolerncia

    Os limites de tolerncia foram estabelecidos atravs da Portaria n 3214 de 08 de junho de 1978 do Ministrio do Trabalho em sua Norma Regulamentadora no. 15.

    Nvel de ao

    Na NR-9 - Programa de Preveno de Riscos Ambientais, considera-se nvel de ao o valor acima do qual devem ser iniciadas aes preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposies a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposio (*1).

    As aes devem incluir o monitoramento peridico da exposio, a informao aos trabalhadores e o controle mdico.

    Para a exposio ocupacional ao rudo, o nvel de ao equivale dose diria igual a 50%.

    (*1) O termo limite de exposio refere-se, de forma genrica, aos valores de limites de tolerncia previstos.

    4.10 Planilhas de campo e de relatrio

    Devero ser individuais, por funo avaliada, onde deve constar no mnimo:

    Setor/diviso, funo, atividade de trabalho, local/locais de trabalho, jornada diria de trabalho, data de avaliao, resultado da avaliao LEQ/DOSE, observaes sobre o processo de trabalho/mquinas e equipamentos visando a implantao/utilizao de proteo coletiva e individual, nome do trabalhador e horrios de almoo e sada.

    5 - AVALIAO SOBRECARGA TRMICA - CALOR

    Na avaliao do calor, devem-se levar em considerao todos os parmetros que influem na sobrecarga trmica a que esto submetidos os trabalhadores.

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  • 63 Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle

    Para tanto, necessrio quantificar cada um destes parmetros e consider-los de forma adequada, obtendo, assim, resultados finais que expressem as condies reais de exposio.

    Como sabido, existem cinco fatores que devem ser considerados na avaliao do calor:

    Temperatura do ar. Umidade relativa do ar. Velocidade do ar. Calor radiante. Tipo de atividade exercida pelo trabalhador.

    Combinando estes fatores adequadamente, determinam-se os ndices de conforto trmico e de sobrecarga trmica para cada local de trabalho.

    5.1 Tcnicas de medio

    Os quatro primeiros so fatores ambientais e podem ser quantificados atravs de aparelhagem especial, mas a quantificao do calor produzido pela atividade fsica do trabalhador bastante complexa e, portanto, na prtica, apenas estimada atravs de tabelas ou grficos.

    Temperatura do ar

    Deve ser medida com termmetro de mercrio comum, mas de funcionamento confivel, permitindo leituras at 1/10 de grau Celsius. A leitura feita quando o termmetro est estabilizado.

    Umidade do ar

    Na medio deste parmetro, utiliza-se o aparelho denominado psicrmetro, que basicamente constitudo de dois termmetros idnticos colocados paralelamente. Um deles possui o seu bulbo revestido de tecido que deve ser umedecido com gua destilada durante a medio. Aps a estabilizao, faremos duas leituras: a temperatura de bulbo seco e a temperatura de bulbo mido.

    A temperatura de bulbo seco, nada mais do que a temperatura do ar e, portanto, esta ltima pode ser obtida diretamente no psicrmetro.

    Lnio Srvio Amaral - Fundacentro/MG

  • Curso de Riscos Ocupacionais em Fundio e Medidas de Controle 64

    A circulao de ar pelos bulbos do termmetro fator importante e deve ser observada. Da no observncia deste detalhe resulta uma leitura incorreta, pois logo que o psicrmetro exposto ao calor, vapores de gua destilada so emitidos do bulbo mido para o ambiente, mantendo-se em equilbrio com a umidade do mesmo. Se no h movimentao adequada do ar, ocorre uma rpida saturao de vapor em torno do bulbo, invalidando a leitura.

    Os valores obtidos nos dois termmetros so colocados no grfico denominado carta psicromtrica, obtendo-se, desta forma, a umidade relativa do ar.

    Velocidade do ar

    A medio da velocidade do ar feita com aparelhos denominados anemmetros. Existe uma variedade muito grande de anemmetros, porm, os mais indicados para o levantamento de calor so anemmetros bastante sensveis a pequenos fluxos de ar, que podem fazer leituras contnuas da movimentao de ar no direcional.

    Calor radiante

    Este parmetro medido indiretamente atravs de um aparelho denominado termmetro de globo. composto de uma esfera oca de cobre com aproximadamente 15 cm de dimetro de 1 mm de espessura, pintada externamente de preto- fosco; e um termmetro cujo bulbo deve localizar-se no centro da esfera. Este aparelho deve ser montado no local da medio sem contato direto com o suporte, a fim de evitar perda de calor por conduo. A leitura obtida denominada temperatura de globo. A leitura correta obtida aps 30 minutos de estabilizao do aparelho

    Termmetro de globo

    Lnio Srvio Amaral - Fundacentro/MG

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    5.2 Tipo de atividade exercida pelo trabalhador

    A quantidade de calor produzida pelo organismo proporcional ao esforo fsico despendido pelo trabalhador. Devido grande dificuldade em efetuar sua avaliao, este parmetro deve ser estimado atravs de tabelas que estabelecem