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DISCIPLINA Economia II PROFESSOR Cleydner Marques CURSO ADMINISTRAÇÃO FEAC 2º PERÍODO 2011.1 ALUNO UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL CONTABILIDADE NACIONAL RENDA E PRODUTO O objetivo fundamental da macroeconomia é determinar os fatores que influenciam o nível total da renda e do produto do sistema econômico. Mas por que os economistas, sobretudo neste século, se preocupam em medir a produção realizada pelo sistema econômico? A resposta pode ser dividida em duas partes. Primeiramente, devemos nos lembrar que o problema fundamental da economia é a escassez de recursos. Por essa razão, eles devem ser empregados de forma adequada, para que se consiga a maior quantidade possível de bens e de serviços. O que nos remete à questão da eficiência do sistema produtivo. Essa eficiência, que consiste na maior produção possível a partir de uma certa quantidade de fatores da produção, precisa ser constantemente avaliada. Daí a necessidade de se ter registros da atividade económica, considerada em seu conjunto, que permitam esse tipo de análise. A segunda parte da resposta nos remete a um fato histórico. Quase todas as pessoas já ouviram falar da grande crise econômica de 1929, que consistiu na redução das atividades econômicas,- ocasionando, entre outros problemas, o desemprego. Tivemos, também, as duas grandes guerras mundiais, que envolveram diversos países e tiveram grande repercussão na economia. A partir dessa época, e com a presença mais acentuada do Estado como regulador das atividades econômicas, os economistas passaram a sentir a necessidade de criar meios que lhes permitissem medir e avaliar as atividades econômicas desenvolvidas pela sociedade. Surgiu, então, a contabilidade social ou nacional, que nos dá, em termos quantitativos, o desempenho global de uma economia. A contabilidade nacional se insere na moderna macroeconomia, que nos fornece os meios para a análise do conjunto da economia de uma sociedade. Entretanto, outra pergunta poderia ser feita: como medir a produção realizada pelo sistema econômico? Observe que a produção é contínua no tempo e os bens e serviços são produzidos e consumidos, sendo necessário produzi-los novamente, pois grande parte das necessidades humanas exigem um consumo contínuo, como é o caso da alimentação, que precisa ser satisfeita diariamente. Em primeiro lugar, foi preciso estabelecer um período de tempo para que se medisse o total de bens e de serviços produzidos. Atualmente, esse período é de um ano e corresponde ao ano civil, que vai de janeiro a dezembro. Em seguida, foi preciso estabelecer uma unidade de medida comum, pois os bens e serviços têm unidades de medida diferentes: o petróleo é medido em barris; a carne, em arrobas; a energia elétrica, em quilowats e assim por diante. A maneira encontrada para que se pudesse somar, ou agregar, a totalidade de bens e de serviços produzidos foi medi-los em termos monetários, ou seja, pelo seu

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DISCIPLINA Economia IIPROFESSOR Cleydner Marques

CURSO ADMINISTRAÇÃO FEAC 2º PERÍODO 2011.1ALUNO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL

CONTABILIDADE NACIONAL

RENDA E PRODUTO

O objetivo fundamental da macroeconomia é determinar os fatores que influenciam o nível total da renda e do produto do sistema econômico. Mas por que os economistas, sobretudo neste século, se preocupam em medir a produção realizada pelo sistema econômico?

A resposta pode ser dividida em duas partes. Primeiramente, devemos nos lembrar que o problema fundamental da economia é a escassez de recursos. Por essa razão, eles devem ser empregados de forma adequada, para que se consiga a maior quantidade possível de bens e de serviços. O que nos remete à questão da eficiência do sistema produtivo. Essa eficiência, que consiste na maior produção possível a partir de uma certa quantidade de fatores da produção, precisa ser constantemente avaliada. Daí a necessidade de se ter registros da atividade económica, considerada em seu conjunto, que permitam esse tipo de análise.

A segunda parte da resposta nos remete a um fato histórico. Quase todas as pessoas já ouviram falar da grande crise econômica de 1929, que consistiu na redução das atividades econômicas,- ocasionando, entre outros problemas, o desemprego. Tivemos, também, as duas grandes guerras mundiais, que envolveram diversos países e tiveram grande repercussão na economia. A partir dessa época, e com a presença mais acentuada do Estado como regulador das atividades econômicas, os economistas passaram a sentir a necessidade de criar meios que lhes permitissem medir e avaliar as atividades econômicas desenvolvidas pela sociedade. Surgiu, então, a contabilidade social ou nacional, que nos dá, em termos quantitativos, o desempenho global de uma economia. A contabilidade nacional se insere na moderna macroeconomia, que nos fornece os meios para a análise do conjunto da economia de uma sociedade.

Entretanto, outra pergunta poderia ser feita: como medir a produção realizada pelo sistema econômico? Observe que a produção é contínua no tempo e os bens e serviços são produzidos e consumidos, sendo necessário produzi-los novamente, pois grande parte das necessidades humanas exigem um consumo contínuo, como é o caso da alimentação, que precisa ser satisfeita diariamente.

Em primeiro lugar, foi preciso estabelecer um período de tempo para que se medisse o total de bens e de serviços produzidos. Atualmente, esse período é de um ano e corresponde ao ano civil, que vai de janeiro a dezembro. Em seguida, foi preciso estabelecer uma unidade de medida comum, pois os bens e serviços têm unidades de medida diferentes: o petróleo é medido em barris; a carne, em arrobas; a energia elétrica, em quilowats e assim por diante. A maneira encontrada para que se pudesse somar, ou agregar, a totalidade de bens e de serviços produzidos foi medi-los em termos monetários, ou seja, pelo seu preço. Isto porque todos os bens e serviços podem ser expressos em dinheiro, que é o preço que alcançam no mercado multiplicado pela quantidade produzida.

Uma vez estabelecido o período que servirá de base para medir a produção, bem como a unidade de medida em que será expressa essa grandeza, resta o último problema, referente à ótica segundo a qual será medida a produção econômica. Basicamente, há duas óticas sob as quais a atividade econômica pode ser examinada e medida.

A primeira é a ótica do produto, mas para ser entendida é necessário ver, antes, o conceito de produto. O produto de uma economia é a soma dos valores monetários dos bens ê dos serviços voltados para o consumo final e produzidos em um determinado período

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de tempo. Assim, ao se medir a atividade econômica a partir da ótica do produto, considera-se o preço e a quantidade produzida dos bens e dos serviços, mas apenas daqueles voltados para o consumo final. Num automóvel, por exemplo, são empregados inúmeros bens e serviços, como chapas de aço, pneus, serviços de pintura etc. Entretanto, eles não são computados no cálculo do produto da economia, pois são bens e serviços intermediários. Apenas o número de automóveis produzidos multiplicado pelo seu preço é que vai entrar nesse cálculo, para evitar o problema da dupla contagem, pois o preço dos bens e serviços intermediários já estão incluídos no preço final do automóvel.

A segunda ótica sob a qual se pode medir a atividade econômica é a da renda. Conforme vimos na primeira parte, a renda de uma economia é a soma da remuneração paga aos fatores da produção paga aos fatores da produção durante o processo produtivo. Assim, para se obter a renda de um país num determinado período, somam-se os salários, os aluguéis, os juros e os lucros, que são os pagamentos feitos aos fatores produtivos durante o período considerado.

Como foi visto acima, o produto de uma economia é expresso em termos monetários, multiplicando-se a quantidade de bens e de serviços pelos respectivos preços. A partir daí, podemos considerar o produto como sendo o total das vendas num determinado período de tempo mais os estoques avaliados a preço de mercado. Ora, as vendas correspondem à receita dos empresários — agentes econômicos do país que organizam os fatores da produção. Com a receita obtida através da venda de seus produtos, os empresários remuneram os fatores da produção empregados: salários para os trabalhadores, juros para o capital, aluguéis para os proprietários e lucros para eles próprios, pois o lucro é a remu-neração do empresário. Assim, podemos dizer que as receitas, ou o produto da economia, se esgotam na remuneração dos fatores produtivos. Chamando o total de pagamentos feitos aos fatores de produção de renda, chegamos a uma identidade fundamental na teoria macroeconômica: a renda_é igual ao produto.

Observe-se, entretanto, que estamos considerando um sistema econômico bastante simples, constituído apenas de empresas e consumidores. Não existe, aqui, o setor público, ou seja, o governo, que recolhe impostos e taxas, nem o resto do mundo, de onde importamos e para onde exportamos bens e serviços. Portanto, a identidade renda igual a produto só é válida para um sistema econômico simples , constituído de empresas e consumidores. Além disso, há a condição de que as pessoas gastem toda sua renda na aquisição de bens e de serviços, ou seja, não façam poupança.

Vamos considerar outro sistema econômico simples, formado por empresas e famílias. Suponhamos que a quantidade de bens e de serviços produzidos pelas empresas, multiplicada pelos seus respectivos preços, seja igual a 10 bilhões de reais. Esse valor é o produto desse sistema econômico. Entretanto, para obter esse produto, os empresários gastaram 5 bilhões de reais em salários e ordenados pagos ao fator trabalho, 3 bilhões de reais em aluguel, 1 bilhão de reais pagos sob a forma de juros aos donos do capital, que o emprestaram aos empresários cobrando esses juros, e, finalmente, 1 bilhão de reais de lucro, que é a remuneração dos empresários, o pagamento pelo seu trabalho.

Com esse exemplo simples, podemos demonstrar que o produto de uma economia — o valor monetário dos bens e serviços produzidos — é igual à remuneração dos fatores de produção, ou seja, à renda:

Produto Renda AlimentosVestuárioHabitaçãoEducaçãoTransportesetc.

10 bilhões

Salários, ordenadosAluguéisJurosLucros

10 bilhões

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Portanto, daqui por diante, podemos empregar os dois termos (produto ou renda) para designar o resultado da atividade econômica de uma sociedade.

Agora, já podemos estabelecer o conceito e o objetivo da contabilidade nacional. A contabilidade nacional é um métododjejriensuração e interpretação da atividade econômica. Seu objetivo é medir a produção que se realiza num sistema econômico num determinado período de tempo.

RESUMO

Contabilidade nacional: é um método de mensuração e interpretação da atividade econômica realizada durante um determinado período de tempo.

Produto: é a soma dos valores monetários de todos os bens e serviços finais produzidos por um país num determinado período de tempo.

Renda: é a soma das remunerações feitas aos fatores da produção empregados no processo produtivo durante um determinado período de tempo, ou seja, é o total dos salários, aluguéis, juros e lucros.

AVALIAÇÃO

1.Por que é necessário medir-se a atividade econômica de uma sociedade?2.Qual o período de tempo atualmente estabelecido para se medir a atividade econômica?3.Qual a medida utilizada para se medir o total de bens e de serviços produzidos por uma

economia? Justifique sua resposta.4.Estabeleça os conceitos de:

a.produto;b.renda.

5. Explique a identidade "renda igual ao produto", na teoria macroeconômica6. Estabeleça o conceito e o objetivo da contabilidade nacional.

OS PRINCIPAIS AGREGADOS MACROECONÓMICOS

A contabilidade nacional mede a atividade econômica a partir de sua expressão mais genérica — o produto da economia —, para, em seguida, e a partir dele, introduzir novos conceitos e assim se observar a atividade econômica. Esses conceitos são chamados de agregados e recebem essa denominação pelo fato de não serem simplesmente uma soma de parcelas que se expressam da mesma forma e na mesma unidade de medida, mas sim uma soma de coisas diferentes (bens e serviços) cujo volume físico, conforme vimos, é expresso nas mais diferentes unidades de medida. No entanto, esses bens e serviços podem ser adicionados quando são traduzidos numa unidade comum de medida, ou seja, a moeda.

Para que se possa definir convenientemente os agregados, é preciso relaxar as hipóteses feitas sobre o sistema econômico no item 4.3., pois desse modo poderemos falar de uma economia que tem correspondência no mundo real. Portanto, o sistema econômico de que trataremos mantém relações com outros sistemas, isto é, com o resto do mundo, através da exportação e da importação de bens e de serviços. Além disso, nesse sistema, a presença do setor público, do governo, é bastante importante. Com relação às empresas e aos proprietários dos fatores de produção, não é mais necessário que eles gastem toda sua renda em bens e serviços de consumo (essa parte da renda que não é consumida recebe o nome de poupança). Conseqüentemente, se toda a renda não é consumida, uma parte da produção das empresas não será vendida, o que possibilitará a formação de estoques nessa economia.

Vejamos mais detalhadamente em que consiste cada um dos chamados agregados macroeconômicos:

PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)

O primeiro agregado é o Produto Interno Bruto (PIB), que corresponde ao conceito de produto da economia, ou seja, à soma dos valores monetários dos bens e dos serviços

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finais, produzidos a partir dos fatores de produção que estão dentro das fronteiras geográficas do país. É importante considerar, aqui, a interferência do Estado na economia. 0 Estado participa de um sistema econômico através dos governos federal, estadual e municipal, desempenhando o papel de dois agentes económicos: o de consumidor e o de produtor.

Como consumidor de bens e de serviços, o Estado adquire tudo aquilo que é necessário ao funcionamento das repartições públicas, como material de escritório e veículos, contratando empresas para construções de edifícios e estradas etc. Como produtor, ele fornece à população os chamados serviços públicos, como os de transporte, correios e telégrafos, assistência médica através da previdência social, educação etc. Para desempenhar o papel de produtor, o Estado necessita de dinheiro, que é conseguido mediante a tributação — os impostos — que incide sobre determinadas atividades econômicas.

Alguns impostos, apesar de incidirem sobre a produção, são pagos pelos consumidores, pois são adicionados ao preço final do produto pelos fabricantes. Esse tipo de imposto, que é transferido do produtor para o consumidor, denomina-se imposto indireto. Por outro lado, o se-tor público muitas vezes tem interesse em que determinados produtos tenham um preço mais baixo para o consumidor final e concede às empresas que os produzem os chamados subsídios, que são estímulos que visam diminuir o custo de produção de um bem ou de um serviço.

Considerando a presença do Estado nas atividades econômicas, há duas maneiras de se medir o Produto Interno Bruto de uma economia:

• Produto Interno Bruto a preços de mercado: é a soma dos valores monetários dos bens e serviços produzidos, computando-se os impostos indiretos e subtraindo-se os subsídios.

• Produto Interno Bruto a custo de fatores: é a soma dos valores monetários dos bens e serviços produzidos, subtraindo-se os impostos indiretos e somando-se os subsídios.

Como vimos, a presença do governo num sistema econômico tem a possibilidade de modificá-lo, através do seu efeito sobre o preço dos bens e dos serviços e sobre a remuneração dos fatores de produção. Portanto, os conceitos de produto bruto a preços de mercado e de produto bruto a custo de fatores são úteis na medida em que é necessário avaliar quantitativamente a presença do governo no sistema econômico.

Como exemplo, imaginemos um país onde haja as quatro entidades: os consumidores, as empresas, o governo e o resto do mundo. Consideremos que no período de 1 ano esse país tenha apresentado um Produto Interno Bruto a preços de mercado (PIB p.m.) de 250 bilhões. Os impostos indiretos, no mesmo período, somaram 50 bilhões e os subsídios, 40 bilhões. A partir desses dados, podemos obter o Produto Interno Bruto a custo de fatores (PIB c.f.), que é igual a 240 bilhões. Em resumo:

250 bilhões (Produto Interno Bruto a preços de mercado) - 50 bilhões (impostos indiretos) - + 40 bilhões (subsídios)

_______________________________________________________240 bilhões (Produto Interno Bruto a custo de fatores)

PRODUTO INTERNO LÍQUIDO (PIL)

Durante o processo produtivo, as máquinas, equipamentos e instalações vão se desgastando, se depreciando, e precisam ser reparados ou substituídos com certa regularidade, para não diminuir a capacidade produtiva de um sistema econômico. A parcela do produto que se destina à reposição ou reparos dos equipamentos denomina-se depreciação. Se subtrairmos do Produto Interno Bruto a custo de fatores a parcela correspondente à depreciação, obteremos o Produto Interno Líquido (PIL) a custo de fatores, ou Renda Interna.

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Continuando com o exemplo anterior, se as máquinas e equipamentos do país apresentarem uma depreciação de 50 bilhões, o Produto Interno Líquido a custo de fatores (PIL c.f.) será de 190 bilhões. Assim:

240 bilhões (Produto Interno Bruto a custo de fatores) - 50 bilhões (depreciação)

__________________________________________________________________190 bilhões (Produto Interno Líquido a custo de fatores ou Renda Líquida)

PRODUTO NACIONAL LÍQUIDO (PNL)

Atualmente, existe uma grande integração entre os diversos países. Do ponto de vista econômico, essa integração se dá através do deslocamento de fatores de produção de um país para outro. O caso mais significativo é o do fator capital. Quando uma grande empresa abre uma filial em outro país, ela está deslocando parte de seu capital para esse país, pois estará adquirindo instalações, equipamentos etc. No entanto, a renda gerada por esse investimento em outro país acaba retornando, pelo menos em parte, ao país de origem, onde estão os proprietários do capital de produção. Em última análise, e do ponto de vista que interessa à contabilidade nacional, a integração econômica entre os países se dá atra-vés da transferência de renda de um país para outro.

Voltando ao estudo dos nossos agregados econômicos, se subtrairmos do Produto Interno Líquido a custo de fatores a renda enviada ao exterior e somarmos a renda recebida do exterior, teremos o Produto Nacional Líquido a custo de fatores (PNL c.f.) ou Renda Nacional Líquida a custo de fatores (RNL c.f.), também denominada Renda Na-cional (RN).

Considerando, ainda, o exemplo anterior, suponhamos que o país tenha enviado para o exterior a quantia de 20 bilhões, a título de remuneração dos fatores de produção estrangeiros, e recebido 15 bilhões como remuneração de fatores de produção que se encontram no exterior, mas são propriedade de seus cidadãos. Com esse envio e recebimento de renda, o Produto Nacional Líquido a custo de fatores (PNL c.f.) é de 185 bilhões. Assim:

190 bilhões (Produto Interno Bruto a custo de fatores) - 20 bilhões (renda enviada ao exterior) - + 15 bilhões (renda recebida do exterior)

____________________________________________________________________

185 bilhões (Produto Nacional Líquido a custo de fatores, ou Renda Nacional Líquida a custo de fatores, ou, simplesmente, Renda Nacional (RN))

RENDA PESSOAL (RP)

Consideremos, mais uma vez, a intervenção do Estado na economia. Se subtrairmos da Renda Nacional os lucros retidos pelas empresas, os impostos diretos das empresas (imposto de renda) e as contribuições feitas à previdência social e somarmos as transferências do governo, ou seja, as despesas do governo com inativos, pensionistas, salário-família e outros benefícios pagos pela previdência social mais os juros pagos, teremos a Renda Pessoal (RP). A Renda Pessoal é o agregado macroeconômico destinado aos consumidores residentes no país.

Considerando, mais uma vez, o país do exemplo anterior, suponhamos que o governo arrecada 70 bilhões como imposto de renda das empresas e contribuições feitas à previdência social e transfere, para as pessoas, 50 bilhões como benefícios pagos pela previdência social e 5 bilhões de juros. Teremos, então, uma Renda Pessoal de 170 bilhões. Assim:

185 bilhões (Produto Nacional Líquido a custo de fatores)

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- 70 bilhões (imposto de renda das empresas e contribuições à previdência social) + 50 bilhões (benefícios pagos pela previdência social)

+ 5 bilhões (juros pagos pelo governo)___________________________________________________________________

170 bilhões (Renda Pessoal)

RENDA PESSOAL DISPONÍVEL (RPD)

Se subtrairmos da renda pessoal os impostos diretos pagos pelas pessoas, ou seja, o imposto de renda, chegaremos ao conceito de Renda Pessoal Disponível (RPD), que é a quantia que permanece em poder das pessoas para ser consumida ou poupada.

Finalizando o exemplo, imaginemos que as pessoas tenham pago o equivalente a 30 bilhões de imposto de renda. Teríamos, então, nesse país, uma Renda Pessoal Disponível de 140 bilhões, obtida da seguinte maneira:

170 bilhões (Renda Pessoal) - 30 bilhões (imposto de renda pago pelas pessoas)________________________________________________140 bilhões (Renda Pessoal Disponível

Vimos que a produção realizada por um sistema econômico é destinada à satisfação das necessidades das pessoas. Esse sistema econômico não permanece estável no decorrer do tempo. Ele se modifica, cresce e atravessa crises, tudo isso com conseqüências sobre as pessoas que o integram.

Um dos campos de interesse dos economistas, e também.do governo, é o nível de bem-estar dos habitantes de um país. Esse nível de bem-estar, apesar de ser um conceito subjetivo, pode ser aproximado através da quantidade de bens e de serviços disponíveis, por período de tempo, para as pessoas. Se a quantidade de bens e serviços disponíveis aumen-tou, de um ano para outro, mais do que o aumento da população, pode-se dizer que aumentou o bem-estar das pessoas desse país. Isso aconteceria se o aumento do produto tivesse sido distribuído igualmente entre as pessoas.

As observações acima nos permitem estabelecer algumas das virtudes e limitações dos agregados macroeconômicos. Os agregados servem para o estudo e acompanhamento da evolução do sistema econômico no decorrer do tempo. Através dos seus vários conceitos, é possível avaliar o papel do governo, do setor externo e das empresas na economia. Pode-se, ainda, ter uma idéia aproximada do progresso do país, ao se observar as taxas de crescimento do produto.

Dissemos idéia aproximada, e aqui está uma limitação da contabilidade nacional como instrumento de análise. Ela não nos diz de que forma o produto é distribuído entre os habitantes do país. Assim, uma economia pode apresentar taxas de crescimento substanciais de seu produto, o que não quer dizer que o crescimento seja igualmente distribuído entre as pessoas. Nesse caso, fica difícil dizer alguma coisa a respeito do nível de bem-estar, pois o bem-estar de algumas pessoas aumentou, mas o de outras não.

De qualquer forma, a contabilidade nacional tem se mostrado útil para analisar o funcionamento do sistema econômico como um todo, pois fornece ao governo elementos que permitem dirigir as medidas de política econômica para os objetivos estabelecidos.

RESUMO

•Produto Interno Bruto: é a soma dos valores monetários dos bens e serviços finais.•Produto Interno Bruto a preços de mercado: é a soma dos valores monetários dos bens

e serviços finais, computando-se os impostos indiretos e subtraindo-se os subsídios.•Produto Interno Bruto a custo de fatores: é a soma dos valores monetários dos bens e

serviços finais, subtraindo-se os impostos indiretos e somando-se os subsídios.•Produto Interno Líquido: é o Produto Bruto a custo de fatores menos a parcela

correspondente à depreciação.•Produto Nacional Líquido: é o Produto Interno Líquido a custo de fatores menos a renda

enviada ao exterior, mais a renda recebida do exterior. Também denominado Renda Nacio-nal Líquida.

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•Renda Pessoal: é a Renda Nacional menos os lucros retidos pelas empresas, os impostos diretos das empresas (imposto de renda) e as contribuições feitas à previdência social, mais as transferências do governo, ou seja, as despesas com inativos, pensionistas, salário-família e outros benefícios pagos pela previdência social mais os juros pagos.•Renda Pessoal Disponível: é a Renda Pessoal menos os impostos diretos pagos pelas pes-

soas, ou seja, o imposto de renda.

AVALIAÇÃO

1. Relacione as siglas aos conceitos dados a seguir: PIB p.m. - PIB c.f. - PIL - PNL - RP - RPD

a. Renda Nacional Líquida menos os lucros retidos, os impostos diretos das empresas e as contribuições à Previdência, mais as transferências do governo.

b. É a soma dos valores monetários dos bens e serviços finais, computando-se os impostos indiretos e subtraindo-se os subsídios.

c. É igual ao Produto Bruto a custo de fatores menos a parcela de depreciação.d. É a soma dos valores monetários dos bens e serviços finais, subtraindo-se os

impostos indiretos e somando-se os subsídios.e. É igual à Renda Pessoal menos os impostos diretos pagos pelas pessoas.f. É igual ao Produto Interno Líquido menos a renda enviada ao exterior, mais a

renda recebida do exterior.

JORNAL DE BRASÍLIA

CONTAS EXTERNAS APRESENTAM MELHORA

Apesar do resultado ruim em outubro, o acumulado do ano, o déficit das contas externas é o menor desde março de 1997.

O déficit das contas externas do pais, acumulado nos últimos doze meses completados em outubro, registrou o menor resultado desde março de 1997. Os dados divulgados pelo Banco Central mostram que o déficit acumulado em doze meses cai de US$

28,34 bilhões ou 4,7% do PIB, registrados em setembro, para US$ 25,52 bilhões, 4,36% do PIB. Em março de 1997, o déficit acumulado ficou de US$ 24,72 bilhões.

Em comparação com o mês de outubro de 1998, o déficit do mês passado mostrou uma redução de 55,77% , passando de US$ 5,2 bilhões para US$ 2,3 bilhões, em 1998. Os números de outubro, entretanto, não são tão favoráveis a sim quando comparados com desempenho mensal do último trimestre. Isso porque o governo teve que desembolsar US$ 2,4 bilhões, no mês passado, para honrar os seus compromissos da dívida externa.

Essa concentração de pagamentos é uma característica do mês de outubro, pois nessa época vencem dívidas elevadas decorrentes de empréstimos feitos juntos a organismos internacionais como o CLUBE DE PARIS e FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL, além de bônus lançados no mercado internacional. Em setembro, essas despesas foram de apenas de US$ 847 milhões.

O que compensou aumento nos gastos com juros no mês passado foi a balança comercial e as reduções nas despesas com viagens internacionais e remessas de lucros e dividendo. Segundo chefe do DEPARTAMENTO ECONÔMICO DO BANCO CENTRAL, Altamir Lopes, o desempenho dessas contas reafirma a trajetória de recuperação que vem sendo verificada desde o início do ano. A expectativas do Governo é encerrar o ano com um déficit inferior aos US$ 25,5 bilhões atuais.

O comércio internacional está longe de atingir os níveis esperados inicialmente pelo Governo com a desvalorização do câmbio. Mas, ainda sim, são melhores que os do ano passado. Em outubro, especificamente, a diferença entre exportações e importações foi negativa em US$ 154 milhões. No mesmo período de 1998, o déficit comercial chegou a 1,4 bilhão.

A balança comercial segundo especialista do mercado, é a principal alternativa do Governo para reduzir o déficit nas contas externas e diminuir a dependência do País de capital estrangeiro. A queda do preço das (commodities) exportadas pelo País e o aumento do petróleo lá fora, entretanto, são os principais obstáculos para que ela deslanche. A expectativa é de que esse cenário mude no ano que vem.

As remessas de lucros e dividendo, pelo segundo mês consecutivo, apresentaram resultados positivos, somando US$ 337 milhões.

Exercícios

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1. O que é o PIB e quais os cuidados que devemos ter na sua apuração! 2. Numa economia apresentou os seguintes dados:

PLIpm $ 6.500Impostos indiretos $750,00Subsídios $ 200,00Depreciação $ 350,00Renda líquida enviada ao exterior $ 120,00

Calcule o PNB a custo dos fatores.3. Qual a diferença entre uma economia fechada e uma aberta? Qual a diferença entre

o PIB e o PNB dessa econmia?4. sabendo-se que

PNLcf $ 200,00Renda líquida enviada ao exterior $ 50,00Impostos indiretos $ 80,00Subsídios $ 20,00Depreciação $ 80,00

Calcule o PIBpm.

DETERMINAÇÃO DA RENDA E DO NÍVEL DE ATIVIDADE

0 PRINCÍPIO DA DEMANDA EFETIVA

Agora vamos discutir quais são os fatores que determinam o nível de produto. Antes disso, que tal um pouco de história econômica?

Os economistas que viveram nos séculos XVIII e XIX acreditavam que a economia de um país, o nível do produto não sofreria grandes alterações, e todos os fatores produtivos estariam ocupados na produção dos bens e serviços que formam a renda. Essa situação ficou conhecida como pleno emprego. Se, de fato, a economia funcionasse sempre assim, não haveria os fenômenos da recessão e do desemprego.

Essa maneira de visualizar o funcionamento de um sistema econômico pode ser sintetizada através da conhecida Lei de Say. Atribuída ao economista francês Jean Baptiste Say, ela pode ser resumida da seguinte forma: a oferta cria sua própria procura,. Essa idéia pode ser mais bem compreendida através do sistema econômico representado na pági-na 38. Ali vimos que os fatores produtivos são contratados para a produção, e que sua remuneração vai se constituir na demanda pelos bens e serviços que eles próprios produziram. Com isso, o ato de produzir (contratar fatores produtivos) gera sua própria demanda (consumo dos proprietários dos fatores produtivos).

Entretanto, essa teoria não conseguia explicar as crises pelas quais passavam as economias. Foi preciso esperar até a década de 30 para que surgisse uma teoria que não enxergasse o sistema econômico de forma tão otimista quanto os clássicos. Essa teoria ficou conhecida como Princípio da Demanda Efetiva, e foi desenvolvida de forma simultânea e independente por dois economistas, um inglês, John Maynard Keynes, e um polonês, Michal Kalecki. Em resumo, a nova teoria invertia a Lei de Say. Enquanto esta dizia que a oferta determinava sua própria procura, e assim colocava a solução dos problemas económicos na produção, o princípio da demanda efetiva diz que a demanda determina o nível de produção.

Enquanto para Say, toda a renda distribuída no ato da produção se dirigiria ao mercado para adquirir bens e serviços, para Keynes e Kalecki, isso não aconteceria necessariamente, ou seja, poderiam ocorrer vazamentos no sistema, de tal forma que apenas uma parte da quantidade de dinheiro distribuída sob a forma de salários, lucros, juros e aluguéis seria empregada no consumo. Com isso, as empresas começariam a formar estoques indesejados,

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ou seja, parte de sua produção não seria vendida. Se essa situação permanecesse por um tempo razoável, os estoques indesejados aumentariam de tal forma que as empresas teriam de produzir menos. Com isso, haveria demissão de trabalhadores, reduziriam-se as compras de matérias-primas, e, no final do processo, essa economia estaria numa crise, com desem-prego, ou seja, seu produto teria diminuído e haveria trabalhadores desempregados.

Mas, o que seriam esses vazamentos que diminuiriam a demanda? Há vários vazamentos possíveis. Keynes dá bastante importância ao sistema financeiro. Se os bancos oferecem a possibilidade das pessoas aplicarem dinheiro e receberem uma grande remuneração, porque as taxas de juros estão bastante elevadas, é bem provável que uma parcela da renda não se dirija ao consumo, mas sim aos bancos. Com isso, a demanda diminuiria, e, mais adiante, a produção também. Esse é, em resumo, o Princípio da Demanda Efetiva. Mas, o que determina a demanda, e, portanto, o nível do produto?

UMA ECONOMIA ABERTA E COM GOVERNO

Agora chegamos ao esquema que retrata bem a realidade de um país. Além do governo, teremos relações comerciais e financeiras comos outros países do mundo. Chamaremos o conjunto desses países de setor externo. O setor externo também interfere no nosso esquema do lado da apropriação da renda e do lado da demanda. Para simplificar, vamos supor que a economia em questão mantém apenas relações comerciais com o setor externo. Essas relações se dão através das exportações, que serão representadas pela letra X, e pelas importações, letra M. Nas exportações, o país vende parte do seu produto para outros países, e, nas importações, acontece o contrário, ou seja, o país compra uma parte dos bens e serviços produzidos pelos outros países. A diferença entre as exportações e as importações, ou seja, (X - M), é chamada de saldo da balança comercial.

Se (X - M) = 0, a balança comercial está equilibrada, ou seja, as importações são iguais às exportações. Se (X - M) > 0, significa que há superavit na balança comercial, exportações maiores do que importações. Caso contrário, (X - M) < 0, haverá déficit, com as importações superando as exportações.

O nosso esquema agora ficará:

onde: Cw = consumo dos trabalhadores C, = consumo dos empresários I = investimento

G = gastos do governo X = exportações M = importações.

como das vezes anteriores:

e

Ou seja:

W + L + T + M = CW + CI + I + G + X

W + L + T + M = Cw + CI + l + G + X

L = CW = I + (G – T) + (X – M)

S = I + (G – T) + (X – M)

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Essa também é a igualdade fundamental da macroeconomia, só que modificada pela inclusão do setor externo. Agora o saldo da balança comercial também interfere no destino da poupança. Se, além de déficit do setor público, tivermos superavit na balança comercial, a parcela da poupança que se destinará ao investimento será menor ainda. Esse resultado parece contraditório. Para entender, basta adicionarmos a dívida externa, que é o que o país deve para os outros países por haver contraído empréstimos, financiamentos etc. Como a dívida externa deve ser paga, o país devedor precisa de um superavit comercial para obter recursos para quitar seus débitos. Então, o superavit é obtido apenas com o propósito de pagar os credores. Existe a entrada de recursos, mas em seguida há a saída.

Apresentamos um modelo razoavelmente completo que descreve o funcionamento de um sistema económico a partir do princípio da demanda efetiva. Pudemos verificar que nem sempre toda a renda gerada durante o processo de produção retorna ao mercado sob a forma de demanda. Uma parcela da renda, formada pelos lucros, pode não se constituir totalmente em demanda. Essa parcela é a poupança. Apenas quando transformada em investimento produtivo, ou seja, utilizada para aquisição de máquinas, equipamentos, ampliação de instalações, pode-se dizer que voltou ao sistema sob a forma de demanda. Quando isso não ocorre, surge a capacidade ociosa, que é o primeiro passo para a recessão. Identificamos também as fontes de demanda de um sistema económico. A primeira é o consumo dos trabalhadores e dos empresários. A segunda é o investimento. A terceira é formada pelos gastos do governo, e a última tem origem no setor externo, e se manifesta através das exportações.

Completando nosso exemplo numérico, vamos introduzir as relações comerciais do país com o resto do mundo. As exportações são no valor de 15 milhões, e as importações 10 milhões. Com isso:

W+L + T + M = C W + C I + I + G + X 60 + 40 + 10 + 10 < 60 + 16 + 24 + 20 + 15

Agora, o desequilíbrio dessa economia se agravou pelo superavit comercial que é de 5 milhões. Portanto:

S < I + (G - T) + (X - M) 24 < 24 + (20 - 10) + (15 - 10) 24 < 24 + 10 + 5

Portanto, a poupança agora precisa se desdobrar para cobrir o déficit público de 10 milhões e o superavit comercial de 5 milhões. Logo, os investimentos diminuirão para 9 milhões, para restabelecer o equilíbrio macroeconómico:

S = I + (G - T) + (X - M) 24 = 9 + (20 - 10) + (15 - 10) 24 = 9 + 10 + 5

RESUMO

• Lei de Say: a oferta cria sua própria demanda.• Princípio da demanda efetiva: o nível do produto é determinado pela demanda.• Agentes econômicos: trabalhadores, empresários, governo e resto do mundo.• Igualdade fundamental da macroeconomia:

Economia fechada e sem governo

S = I

Economia fechada e com governo

S = I + (G – T)

Economia fechada e com governo

S = I + (G – T) + (X – M)

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Components da demanda:

Trabalhadores: consumo - CW

Empresários: consumo – CI

Investimento – I

Governo: Gastos – G

Setor externo: Exportações – X

AVALIAÇÃO

1. O que é pleno emprego?2. O que é crise econômica?3. Explique a diferença entre a Lei de Say e o princípio da demanda efetiva.4. Quais são os elementos determinantes da demanda num sistema econômico aberto

com governo?5. Qual é o efeito sobre o nível de emprego de um aumento do déficit público e das

exportações?6. Qual é o significado da igualdade fundamental da macroeconomia?

MOEDA

Evolução da moeda

Escambo

A necessidade das trocas, nas economias, é decorrência da evolução dos costumes sociais, onde o indivíduo deixa de ser auto-suficiente na produção de bens de que necessita para sua sobrevivência. O pecuarista, por exemplo, necessita trocar a carne que produz por alimentos, roupas, móveis e outros bens e serviços que atendam a suas necessidades ou a seus desejos de consumo.

Como nos primórdios da civilização não existia o dinheiro como o conhecemos atualmente , a maneira de se obter um bem ou serviço de que se necessitava era por meio da troca direta, também conhecida por ESCAMBO. Acontecia mais ou menos assim: necessitando de um bem que não produzia, o indivíduo A procurava trocar seus excedentes com o indivíduo B, produtor do bem de que necessitava.

Essas trocas diretas apresentavam inconvenientes: nem sempre a mercadoria disponível para troca pelo individuo A era necessária ao indivíduo B. Este necessitava da mercadoria produzida pelo indivíduo C, e assim por diante. Assim, as trocas esbarravam na dificuldade de se encontrar uma contrapartida que tivesse exatamente a necessidade oposta, ou seja, a troca só se efetivaria se houvesse COINCIDÊNCIA DE DESEJOS.

Em um sistema como esse, o pecuarista levaria metade de seu tempo produzindo carne e a outra metade procurando alguém com quem pudesse fazer uma troca apropriada. Além disso, como equacionar o volume de comércio?

Admitamos que o pecuarista necessite de uma bicicleta e encontre um lojista interessado em carne. A bicicleta custa o equivalente a 50 quilos de carne, mas o lojista –só deseja 30 quilos. Nesse caso, o pecuarista teria duas saídas: desistir da bicicleta ou encontrar algum indivíduo que, tendo interesse nos 20 quilos remanescentes, dispudesse de um bem para troca que satisfizesse um outro desejo do lojista, completando o valor da bicicleta.

Como se percebe, trocas dessa natureza em economias complexas como as atuais jamais prosperariam. Nestas, não só os bens de consumo, mas os recursos econômicos também são vendidos e comprados com dinheiro, a exemplo do trabalhador que fornece seu trabalho em troca de dinheiro e, com esse, adquire os bens de que necessita.

Moeda-mercadoria

Dadas as dificuldades para realizar trocas diretas, a sociedade encontrou uma forma que contornasse o problema: a utilização de uma mercadoria como moeda. Surgiu, assim, a mercadoria com funções de dinheiro, reconhecida como MOEDA-MERCADORIA. Em uma

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economia que comercializava bens num sistema de mercado, a definição de uma mercadoria para servir de intermediária nas trocas facilita, sobremaneira, o desenvolvimento das transações.

Dependendo da região e do momento histórico, várias mercadorias desempenharam o papel de moeda: arroz, tecidos, trigo, peixe, seco, gado, sal etc. A propósito, a palavra pecuniário, em português, deriva de pecus que, em latim, quer dizer gado. Outra palavra que teve origem em uma moeda-mercadoria é a palavra salário, derivada de sal.

A moeda-mercadoria resolveu o problema da dificuldade de se realizarem trocas diretas. Os bens passaram a ser referenciados nesse tipo de moeda e assim as trocas podiam ser efetuadas de forma mais fácil. No entanto, tendo resolvido um problema, três outros estavam para ser resolvidos: as mercadorias que serviam de moeda em geral perecíveis, apresentavam problemas de divisibilidade, como no escambo, e traziam, ainda, problemas com a estocagem. A criatividade e a experimetação humanas deveriam ser exercitadas como forma de superar esses problemas.

Moeda-metálica

As necessidades e a criatividade humanas fizeram com que surgisse uma solução que resolvesse a questão da coincidência de desejos, verificada nas trocas diretas, além do problema da perecibilidade e da divisibilidade. É introduzido,então, a moeda metálica como intermediária das trocas.

Retomando o exemplo do pecuarista: ele vende 50 quilos de carne, recebe como pagamento moeda e a entrega ao lojista recebendo , em troca, a bicicleta desejada. O lojista, por sua vez, entregará parte dessa moeda em pagamento de seu fornecedor, utilizando o restante na troca por bens que satisfaçam suas necessidades. O ciclo continua por toda a economia.

Moeda-papel

A moeda de ouro utilizada em grande escala como intermediação de trocas, trazia dois grandes problemas para os indivíduos: o custo de transporte, dado seu volume, e o risco de assaltos.

O risco de assalto foi determinante na decisão de se manterem as moedas em casas de custódia (os ourives), em troca de certificados de depósito.

Progressivamente, esses certificados passaram a ser usados como moeda. O endosso dava a seus titulares o direito de retirar o ouro junto às casas de custódia.

Dessa forma, surgia a MOEDA-PAPEL, cuja característica é ser integralmente lastreada em metal precioso. Em outras palavras, o detentor do certificado podia, a qualquer momento, dirigir-se à casa de custódia e sacar o equivalente no metal que lhe servia de lastro. Essa ação de resgatar o papel em metal é conhecida como conversibilidade.

Papel-moeda ou moeda fiduciária

A experiência da custódia e da conversibilidade levou à percepção de que a reconversão dos recibos de custódia (moeda-papel) em metais preciosos não era solicitada por todos os seus detentores ao mesmo tempo. Além disso, novos depósitos eram sempre realizados. Assim, os custodiantes começaram, paulatinamente, a emitir certificados não lastreados. A confiança dos comerciantes e da comunidade nos fiéis e honrados custodiantes dos metais preciosos ensejou a criação do papel-moeda (ou moeda fiduciária). Junto com o papel-moeda nascia, também, a atividade bancária.

A emissão de certificados em montantes superiores ao estoque de metal precioso permitia que seus emissores realizassem operações lucrativas, como a aquisição de títulos e ações ou, ainda, a concessão de empréstimos que rendiam juros. Quando se adotou essa prática, os recibos passaram a ser fracionariamente conversíveis, situação que evoluiu com o tempo, chegando aos dias atuais, em que a moeda é de emissão privativa do Estado, onde não há conversibilidade.

Moeda escritural

À medida que a sociedade evolui, a forma de convivência e os relacionamentos comerciais vão-se modificando. Além do papel-moeda de emissão privativa do Estado, por meios dos bancos centrais, há o que chamamos de moeda bancária ou moeda escritural.

Os bancos comerciais podem criar moeda, assim como os ourives faziam quando emitiam mais certificados do que o ouro que mantinham em depósito é utilizada ao mesmo tempo. Em qualquer momento existem pessoas depositando e outras retirando, de tal forma que, balanceando essas operações, somente uma parcela do todo é movimentada.

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Ao contrário do que muitas vezes se pensa, o depósito é que é moeda, pois é uma promessa de pagar quando lhe for requerido. O cheque , por sua vez, é apenas o mecanismo de conversão do depósito em moeda manual, ou seja, nada mais é do que uma ordem de transferência de fundos.

Como só uma parcela dos depósitos é requerida em espécie , pois grande parte retorna aos bancos em forma de novos depósitos, o bando pode fazer promessas de pagar acima do que dispõe e,dessa forma , criar moeda ou meio de pagamento, apesar de não poder emitir a moeda que esteja em curso no país (função privativa do Banco Central).

Esta questão da moeda escritural, principalmente com relação à capacidade que os bancos apresentam de multiplica-las, será retomada adiante no tópico “Criação/Destruição de Moeda”.

Moeda virtual

A evolução das formas de moeda está vinculada ao aspecto intrínseco de que novas formas são adotadas por tornarem mais fáceis as transações entre os agentes econômicos. Desde seu surgimento até as modalidades hoje existentes, as transformações da moeda estiveram vinculadas aos aspecto da redução dos custos de transação. A moeda na forma digital (mecanismos de pagamento por via eletrônica) implica redução significativa nos custos de transação. Seu surgimento e desenvolvimento, no entanto, está mais ligado ao fato de que são vislumbradas oportunidades de negócios com o oferecimento por meio de cartões, internet etc.

As novas formas de moeda que, em alguns casos, vêm sendo chamadas de dinheiro virtual ou digital têm sua origem na criação dos cartões de crédito. O cartão expandiu o crédito e livrou o dinheiro da restrição temporal, permitindo que as pessoas o gastassem antes mesmo de tê-lo ganho ou recebido.

Os cartões de crédito evoluíram para os cartões de múltiplo uso, principalmente depois do advento das máquinas que permitem saques por meio de cartões e do desenvolvimento de sistemas de intercâmbio de informações, que permitem a instalação, em pontos comerciais, de terminais de transferência eletrônica de fundos (TEF). Essa última possibilidade fez com que o cartão deixasse de ser dinheiro, para se tornar seu substituto.

Essas novas formas de dinheiro eletrônico ganharam impulso com a criação da Internet, que permite a realização de compras via computador, debitando-se os respectivos custos em cartões de crédito ou diretamente na conta bancária dos usuários. Além disso, praticamente todos os serviços bancários já estão disponíveis na internet, além da possibilidade de podermos participar de leilões, de aquisição de ações etc.

Na internet o dinheiro não é algo tangível. É meramente um registro de que uma certa quantia foi registrada na conta de um consumidor (débito ou crédito) ou movimentada para a conta de um comerciante. Apresente, assim, toda característica de uma moeda virtual.

Com o desenvolvimento dos meios de comunicação e da transferência eletrônica de dados, transferência eletrônica de dados, há ainda campo aberto para a criatividade humana encontrar novas formas de intermediar as trocas na aquisição de bens e serviços. O que podemos perceber, também, é que a dificuldade de averiguar exatamente onde uma transação ocorre dificultará, ainda mais, a ação dos governos, tanto em definir políticas e fiscalizar essa nova forma de moeda, como em tributar as transações dessa forma originadas.

Instalado o conceito e vistas as possibilidades na utilização de cartão para saques e transferência de fundos, percebeu-se uma dificuldade. Esse cartão pressupunha a manutenção de uma conta corrente em um banco, ou a vinculação a um cartão de crédito, surgindo daí a concepção do chjamado smart card, ou cartão inteligente.

Este tipo de cartão tem um chip de computador embutido, que permite armazenar uma determinada quantia de dinheiro. Esse cartão pode ser inserido em uma máquina e o valor da compra é debitado sem necessidade de acesso eletrônico aos arquivos de um banco, ao contrário dos outros tipos de cartões. Os cartões utilizados nas praças de diversões dos Shopping Centers costumam ser do tipo smart card.

Enfim, as novas sistemáticas que permitem a intermediação das trocas são redutoras de custos para os usuários e , principalmente, para os beneficiários dos pagamentos. Imaginemos dois cenários distintos.

a) um grande supermercado em uma cidade como São Paulo realizando vendas exclusivamente por meio de dinheiro ou cheques;

b) o mesmo supermercado, nos dias atuais, cujo recebimento preponderante seja por meio de cartões de crédito ou transferências diretas.

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No primeiro caso, os custos de transação na contagem, guarda, movimentação dos recursos e movimentação dos recursos e segurança seriam muito mais elevados do que no segundo.

O gráfico mostra a relação entre a evolução da moeda e os custos de transação. O declínio dos custos no tempo traz benefícios para a sociedade. Assim, apesar de não representar uma substituição do conceito de moeda escritural ou bancária, o uso da moeda virtual (cartões inteligentes, magnéticos, de crédito etc.) em substituição ao cheque e ao papel moeda poderá estar consolidado em futuro próximo, como instrumento facilitador das trocas.

FUNÇÕES DA MOEDA

A moeda surgiu da necessidade de os indivíduos trocarem seus excedentes por outros bens de que necessitavam, principalmente na medida em que economias foram se especializando. Seu uso generalizado gerou consenso a respeito das funções que deve exercer. São elas:

Intermediária de troca

É a função por excelência da moeda. Qualquer sociedade com grande nível de especialização do trabalho e volume significativo de trocas seria inviável sem a existência da moeda. Relembremos, mais uma vez, o exemplo do pecuarista. Imagine a dificuldade que ele teria em comprar a bicicleta, sem a existência da moeda.

Unidade de conta ou medida de valor

A moeda serve para comparar o valor de mercadorias diversas (os diversos bens e serviços são expressos em quantidade de moeda, por meio dos preços). Além disso, a moeda resolve o problema de se somar coisas distintas. Como somaríamos um aparelho de TV e um aparelho de som? Com o sistema de preços (que embute a idéia de moeda), basta tornar os valores monetários do aparelho de som e da TV e soma-los. Teremos uma referência única, um valor que representa ambos os bens.

Reserva de valor

Um indivíduo que recebe moeda por alguma transação que tenha realizado ou, até mesmo, como prêmio, não precisa gastá-la imediatamente. Pode guardá-la para uso posterior. Isto significa que ela serve como reserva de valor. Para que bem cumpra esse papel, é necessário que tenha valor estável de forma que quem a possua tenha idéia precisa do quanto pode obter em troca. Se a economia estiver num processo inflacionário, o valor da moeda vai-se deteriorando, fazendo com que esta função não se cumpra. Você se lembra da economia brasileira antes do Plano Real? As pessoas não mantinham todas as suas reservas em aplicações financeiras? A idéia de reserva de valor, entretanto, só vale para o indivíduo pois, para a nação, a riqueza é medida não pela quantidade de moeda, mas, sim , pelos bens e serviços produzidos.

Criação/destruição de moeda

Escambo

Metais preciosos

Papel-moeda

Moeda-digital

Evolução das formas de moeda

Cus

tos

de tr

ansa

ção

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Iniciemos por uma idéia bastante simples. Suponhamos, num primeiro momento, que não exista banco em uma determinada economia e que o dinheiro à disposição da sociedade seja R$ 1.000,00. Em um segundo momento, suponhamos que um banco seja criado e que todo o dinheiro circulante na economia seja transferido para esse banco, na forma de depósito à vista e que lá seja mantido (o banco é um mero local para guardar o dinheiro). De acordo com esse raciocínio, a moeda disponível para o público foi transferida integralmente para o banco, onde passou a ser mantida na forma de depósito à vista.

A parcela de depósitos que os bancos recebem, mas não emprestam, é chamada RESERVA. Nesta situação hipotética, o banco aceita os depósitos, guarda a moeda como reserva e assim a mantém até que os depositantes a saquem no próprio banco ou por meio da emissão de cheques. Veja como ficaria o banco:

Ativo PassivoReservas: $ 1.000,00 Depósitos: $ 1.000,00

Com a introdução do banco, podemos perguntar: qual a oferta de moeda nessa economia? Como resposta, podemos recordar:

a) antes da constituição do banco havia R$ 1.000,00 à disposição da sociedade e mantida em suas próprias mãos (moeda manual);

b) toda a moeda disponível foi transferida para o banco recém criado, na forma de depósito à vista.

Uma unidade monetária depositada no banco reduziu a moeda manual em uma unidade monetária e aumentou os depósitos à vista nessa mesma quantidade.

Quantidade de moeda permaneceu inalterada. Isso nos permite concluir que , os bancos mantivessem reserva de 100% de seus depósitos à vista, o sistema bancário não irá influir sobre a oferta de moeda.

Relembremos que os ourives perceberam que apenas parte do ouro depositado era retirada para efetuar pagamentos, o que lhes permitia emitir certificados em valores superiores às suas reservas.

Da mesma forma, é altamente improvável que todos os depositantes saquem seus recursos ao mesmo tempo, o que permite aos bancos comerciais emprestarem parte dos depósitos à vista.

Dessa forma, os bancos passam a conceder empréstimos baseados nos depósitos captados. O cuidado que precisam ter é quanto à manutenção de reservas em quantidades que permitam honrar os saques diários. Se historicamente o volume de saques é de 20% dos saldos, esse será o percentual de reservas que os bancos terão que manter para atender aos clientes, que necessitam de moeda manual em suas transações. Esse percentual de retenção, que pode chamado de RAZÃO RESERVAS/DEPÓSITOS, indica que para R$ 1.000,00 de depósitos, o banco deve reter R$ 200,00 podendo emprestar os R$ 800,00 remanescentes.

Suponhamos que o tomador do empréstimo utilize os R$ 800,00 para pagamento de um bem ou serviço, cujo fornecedor detenha conta em outro banco. Suponhamos, também, que esse novo banco mantenha, nesse primeiro momento, os recursos em seu caixa. Como ficariam os balanços desses dois bancos? Vejamos o quadro abaixo.

BANCO UM

Ativo PassivoReservas: R$ 200,00 Depósitos: R$ 1.000,00Empréstimos: R$ 800,00

BANCO DOIS

Ativo PassivoReservas: R$ 800,00 Depósitos: R$ 800,00Empréstimos: R$ 800,00

Como podemos perceber pela análise dos balanços, os depósitos no sistema que, num primeiro momento, montavam R$ 1.000,00 passaram para R$ 1.800,00, após a

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concessão do empréstimo pelo Banco UM. Esse novo depósito surgiu da percepção do sistema bancário de que, como os saques não são simultâneos, parte dos depósitos podem ser emprestados, surgindo daí uma característica que o sistema de bancos comerciais possui, que é o da criação de moeda. Na economia, apenas essa categoria de bancos tem o poder de influenciar a oferta de moeda.

No entanto, é importante que notemos que, apesar de os bancos comerciais criarem MOEDA, eles não criam RIQUEZA.

Quando o banco empresta parte de suas reservas, proporciona aos tomadores dos empréstimos a possibilidade de realizar transações. Nesse ato, aumenta a oferta de moeda. Entretanto, os tomadores passam a ter uma divida junto ao banco, evidenciando que o empréstimo não os torna mais ricos, ou seja, a criação de moeda pelo sistema bancário aumenta a LIQUIDEZ da economia e não sua riqueza.

No exemplo, para um volume inicial de depósito de R$ 1.000,00, a economia passou a deter , após o empréstimo, R$ 1800,00 de depósitos à vista. Se os R$ 1.800,00 de depósitos à vista. Se os R$ 800,00 fossem mantidos em poder do público, em vez de depositados no sistema bancário, a economia passaria a contar R$ 1.000,00 em depósitos à vista em bancos e R$ 800,00 na forma de papel-moeda mantido em poder do público.

Concluindo, há uma criação de moeda quando houver aumento na soma de moeda manual com moeda escritural. Ocorrerá destruição de moeda quando houver diminuição nesse total (a compra de títulos do governo pela sociedade, por exemplo).

Segundo alguns autores, o fenômeno mais importante associado ao desenvolvimento da moeda escritural consiste na multiplicação de moeda por meio dos bancos comerciais. Esse processo é conhecido como MULTIPLICADOR BANCÁRIO.

MULTIPLICADOR BANCÁRIO

O processo de criação de moeda pelos bancos comerciais ocorre pela multiplicação dos depósitos a vista por eles recebidos (moeda escritural). A moeda originalmente injetada no sistema econômico pelo Banco Central tende a transformar-se em depósitos bancários e, posteriormente, em empréstimos normalmente retornam ao sistema bancário na forma de novos depósitos , que geram novos empréstimos, que geram novos depósitos e assim sucessivamente.

Vimos anteriormente que os bancos têm necessidade de manter certa quantidade de recursos, na forma de um percentual sobre os depósitos, de forma a honrar os saques diários. Esse encaixe é um limitador na capacidade de os bancos criarem moeda. Além disso, visando administrar a oferta de moeda na economia, principalmente quando se busca a redução dessa oferta de moeda na economia, principalmente quando se busca a redução dessa oferta, o Banco Central adota um mecanismo chamado DEPÓSITO COMPULSÓRIO. Por meio dos depósitos compulsórios, os bancos são obrigados a depositar no Banco Central uma percentagem de seus depósitos. O Banco Central atua, assim, como redutor da capacidade de os bancos criarem moeda.

Vamos ilustrar como se dá a capacidade de multiplicação de moeda nos bancos comerciais. Suponhamos que o Banco Central emita R$ 1.000,00 e os coloquem em circulação e que, por hipótese, o público deposite toda essa quantia em bancos. Suponhamos que o encaixe seja de 10% e que o depósito compulsório (percentual de retenção estipulado pelo Banco Central) seja, também, de 10% e que o depósito compulsório (percentual de retenção estipulado pelo Banco Central) seja, também de 10%.

Dessa forma, restaria, para empréstimo, 80% do saldo de depósitos captados. O processo depósito/empréstimos dar-se-ia de acordo com a seguinte tabela.

Etapas Depósitos à vista Encaixe (10%) Compulsório (10%)

Empréstimos concedidos (80%)

Primeira 1.000,00 100,00 100,00 800,00Segunda 800,00 80,00 80,00 640,00Terceira 640,00 64,00 64,00 512,00Quarta 512,00 51,20 51,20 409,60...

Final 5.000,00 Na tabela, o valor final dos depósitos à vista é obtido pela soma de uma progressão

geométrica onde o primeiro termo é R$ 1.000,00 e a razão, é 0,80. Do conteúdo subjacente, chamemos de r o percentual destinado à concessão de novos empréstimos , neste caso 80%. Dessa forma, o multiplicador bancário m pode ser obtido pela seguinte expressão:

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m =

Em nosso exemplo, r = 0,80. Portanto, m = 5, ou seja, os depósitos iniciais no valor de R$ 1.000,00 multiplicados por 5, resultam em 5.000,00, conforme apurado na tabela.

O termo (1 – r) equivale à soma dos percentuais retidos sob as formas de encaixe técnico e a título de depósitos compulsórios. Portanto, podemos simplificar a fórmula da seguinte maneira:

m =

ondem = multiplicador bancárioe = encaixe técnicod = compulsório

Se o governo tiver a intenção de reduzir a liquidez na economia, pode atuar sobre a capacidade de criação de moeda pelos bancos elevando o percentual de depósitos compulsórios.

Ao contrário, se o interesse for o de injetar recursos na economia, basta reduzir o percentual de depósitos compulsórios. Por exemplo, se os depósitos compulsórios forem de 40% e o encaixe técnico permanecer em 10%, o multiplicador m resultará igual a 2, significando que, ao final do processo, o volume de depósitos na economia será de R$ 2.000,00. Por outro lado, Se não houver compulsório (e = 0, 10 e c = 0,00), o multiplicador m será igual a 10, ou economia se elevará para R$ 10.000,00.

Concluindo, o fundamental do mecanismo do multiplicador bancário é que, para uma dada expansão inicial de depósitos, o sistema bancário seja capaz de efetuar uma expansão múltipla de moeda escritural.

MEIOS DE PAGAMENTO

O total de meios de pagamentos na economia corresponde ao total de papel-moeda emitido pelo governo em poder do público, mais o total de depósitos à vista nos bancos comerciais (dinheiro que os depositantes sacam a qualquer momento). A soma nos dá o conceito de M1:

M1 = papel-moeda em poder do público + depósitos à vista nas instituições financeiras bancárias.

Assim, o conceito M1 refere-se apenas ao papel-moeda em poder do público (PMPP) e aos depósitos à vista (DV) nos bancos comerciais, haveres monetários que têm liquidez imediata. O conceito mais amplo incorpora haveres não-monetários, que não têm liquidez imediata, como fundos de curto prazo , títulos da dívida pública fora a carteira do Banco Central e das instituições financeiras, depósitos de poupança e títulos privados, como discriminados a seguir:

M2 = M1 + aplicações em fundos de investimento + títulos públicos federais, estaduais e municipais em poder do público.

M3 = M2 + depósitos de poupança

M4 = M3 + depósitos a prazo + títulos privados

A classificação dos haveres financeiros em M1, M2, M3 e M4 certamente não esgota esse universo, haja vista que as duplicatas, as notas promissórias e outros ativos não-monetários de enorme importância para a circulação de bens e serviços não estão ai incluídos. Contudo , essa classificação é suficiente para que os formuladores de política econômica promovam os ajustes necessários na liquidez da economia.

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Dada a história inflacionária brasileira, vale ressaltar que, em períodos de inflação alta, ocorre um processo de migração dos ativos financeiros de M1 (moeda não-indexada) em direção aos outros ativos M2, M3 e M4 . A esse fenômeno dá-se o nome de desmonetização da ecpnomi. O processo inverso é denominado monetização.

BASE MONETÁRIA

A base monetária (BM) é dada pela soma entre os haveres papel-moeda emitido (PME) e o total das reservas bancárias (RB), a qual nada mais é do que o passivo monetário do Banco Central. Nesse conceito, é importante que percebemos que quando o Banco emite moeda, parte é retida pelo público, para fazer face às transações que pratica diariamente na economia (compra de bens e serviços), e parte é retida pelos bancos, na forma de reservas, que visam atender às necessidades dos clientes em seus saques diários. De forma abreviada, a base monetária é a soma da moeda corrente e das reservas bancárias.

O conceito de base monetária pode ser entendido a partir do seguinte raciocínio: se os bancos comerciais não criassem moeda, o total de meios de pagamento (M1) existente na economia seria igual a base monetária (BM). No entanto, como os bancos criam moeda por meio de multiplicação dos depósitos à vista, para que apuremos a base monetária torna-se necessário deduzirmos dos meios de pagamento (M1) a moeda criada pelos bancos comerciais (que se materializa na forma de empréstimos).

Sintetizando: a base monetária é igual ao papel moeda em poder do público, mais depósitos à vista nos bancos comerciais (M1) , menos os empréstimos concedidos pelos bancos comerciais com base nesses depósitos.

Abordamos até aqui a evolução da moeda e os principais pontos que cercam sua existência. No entanto, como estamos acostumados a ver nos jornais e na televisão, a moeda desempenha papel crucial na administração econômica do país. Essa realidade é melhor entendida quando virmos, no tópico “Política Econômica”, o que é como se processa a POLÍTICA MONETÁRIA , que vem a ser um conjunto de medidas que o governo adota, visando adequar os meios de pagamento disponíveis as necessidades da economia.

Todavia, não há como falar em moeda nas economias atuais, sem falarmos no órgão que a regula por meio da política monetária, o Banco Central, que é uma instituição financeira governamental que os funciona como “banco dos bancos”, além do banco do próprio governo.

Destina-se a assegurar a estabilidade da moeda e o controle do crédito em um país: tem o monopólio da emissão de papel-moeda, exerce a fiscalização e o controle dos demais bancos, além de exercer, também, a política cambial.

O debate que periodicamente assistimos na imprensa sobre a necessidade de termos um Banco Central independente diz respeito ao fato de que lê possa atuar efetivamente como um “guardião” da moeda, por meio da definição e execução de políticas de médio-longo prazos, independente de mudanças circunstanciais que ocorrem no curto prazo e que, às vezes , interferem na busca da estabilização da moeda.

DEMANDA POR MOEDA

Neste capítulo, examinaremos as razões que levam as pessoas a demandarem « reteremmoeda. A razão óbvia está no fato de que a moeda, como meio de troca, é a maneira mais eficaz de um indivíduo adquirir os bens e serviços de que necessita. Entretanto, como uma pessoa não gasta toda sua renda no momento em que a recebe, podemos perguntar por que esse indivíduo não aplica parte dela — a que não é consumida imediatamente — em títulos, que rendem juros. A resposta é dada a seguir, sob a forma das três razões fundamentais que levam as pessoas a demandarem e reterem moeda em seu poder.A primeira razão é o fato de os pagamentos e os recebimentos não serem perfeitamente sincronizados. A maior parte dos trabalhadores recebe seus salários no início do mês, mas gasta-os no decorrer do mesmo mês com as despesas comuns de uma família, como aluguel, condução, alimentação etc. Portanto, essa pessoa precisa reter moeda, ou dinheiro, em seu

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poder durante todo o mês. A essa razão para a retenção de moeda damos o nome de demanda da moeda para transações.

A segunda razão pela qual as pessoas procuram manter dinheiro em seu poder chama-se demanda de moeda para precaução. Isso significa que as pessoas previdentes sempre têm uma certa soma em seu poder reservada para um imprevisto, como problemas de saúde, uma batida de automóvel etc.

A terceira razão foi chamada por Lord Keynes de demanda de moeda para especulação ou demanda especulativa. Essa razão está associada ao fato de a moeda funcionar como reserva de valor. Se um indivíduo já separou de sua renda aquelas parcelas destinadas às transações e à precaução, o procedimento mais razoável seria aplicar o restante em títulos, que rendem juros, pois nada acontece com o dinheiro quando está simplesmente em casa ou depositado em um banco, em conta corrente. Entretanto, se a taxa de juros do mercado está baixa, essa pessoa prefere esperar um aumento para aplicar seu dinheiro e obter, assim, uma remuneração maior para ele. Nesse caso, é importante ressaltar que a moeda cumpre melhor seu papel de reserva de valor em economias onde não há inflação, ou quando ela é bem baixa. Altos índices inflacionários corroem o poder aquisitivo da moeda, reduzindo seu valor com o passar do tempo. Isso nos permite estabelecer uma relação inversa entre a taxa de juros do mercado e a demanda especulativa da moeda. Realmente, quanto maior a taxa de juros, menor a quantidade de moeda de-mandada e retida para especulação e vice-versa.

Suponhamos que o preço de um título seja R$ 100,00 e que ele possa ser resgatado, depois de 6 meses, por R$ 110,00. O rendimento desse título é 10%, valor obtido através da fórmula:

Entretanto, o investidor pode achar essa remuneração baixa e preferir manter moeda em seu poder, o que aumenta a demanda de moeda por especulação.

Se o preço desse título baixar para R$ 90,00, a remuneração passa a ser de 22%. Esse valor é calculado da seguinte maneira:

Agora, o investidor pode achar essa taxa de juros compensadora e comprar o título, diminuindo, desse modo, a demanda da moeda para especulação.

O que foi visto nos leva a concluir que a demanda por moeda tem um componente influenciado pela taxa de juros — a demanda especulativa — e um componente que não depende de juros — a demanda para transações e por precaução. Na figura a seguir, representamos a demanda por moeda, M„, em função da taxa de juros, i. No eixo horizontal, temos a demanda por moeda, M„, e no eixo vertical, a taxa de juros do mercado, O segmento OA, no eixo horizontal, é a soma da demanda por transações com a demanda por precaução, que não dependem da taxa de juros. A partir do ponto A a demanda é influenciada pela taxa de juros, correspondendo à demanda especulativa.

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Demanda por moeda

Para entendermos perfeitamente a demanda por moeda, basta lembrar que a taxa de juros é o preço da moeda, isto é, o preço do dinheiro no mercado financeiro. Assim, no mercado financeiro, onde se encontram a oferta e a demanda por dinheiro, o dinheiro se transforma numa mercadoria, cujo preço é a taxa de juros. Por exemplo: se a taxa de juros no mercado é 10% ao ano e uma pessoa emprega R$ 1.000,00 por um ano, no final desse período ela receberá R$ 1.100,00. Os R$ 100,00 acrescentados ao dinheiro inicialmente investido representam o preço dos R$ 1.000,00 naquele período de tempo.

Do que foi discutido, conclui-se que a demanda de moeda pode ser analisada a partir de dois elementos: um que depende da renda — a demanda por transação e por precaução—, e outro, que depende da taxa de juros — a demanda por especulação.

RESUMO

Demanda de moeda para transações: como os recebimentos e pagamentos não são sincronizados, as pessoas precisam reter moeda para pagar suas despesas.

Demanda de moeda por precaução: refere-se àquela parte da renda das pessoas retida para fazer frente a imprevistos.

Demanda de moeda para especulação: ocorre quando aquela parcela da renda das pessoas que poderia ser aplicada em títulos fica retida, pelo fato de a taxa de juros estar baixa e as pessoas aguardarem sua elevação para comprar títulos.

AVALIAÇÃO

1. Explique em que situação ocorre:a.a demanda de moeda para transações;b.a demanda de moeda para especulação;c. a demanda de moeda para precaução;d.a demanda de moeda influenciada pela taxa de juros.

2 Num determinado país, a taxa de juros é de 20% ao ano. Uma pessoa aplicou, em títulos,a quantia de R$ 5.000,00. Qual o preço desse dinheiro, no período considerado?

OFERTA DE MOEDA

Conforme vimos, a emissão ou oferta de moeda é atribuição exclusiva do governo, através das autoridades monetárias. Não depende, portanto, da taxa de juros, mas da política econômica do governo, que determina a quantidade de moeda emitida por período de tempo. No caso do Brasil, assim como em outros países, o período de tempo corresponde ao ano civil.Apesar de a emissão de moeda não depender da taxa de juros, existem critérios bem definidos que regulamentam a oferta monetária. Basicamente, a emissão de moeda é condicionada pelo crescimento do produto da economia. Se, num dado período, a emissão de moeda for superior ao crescimento do produto, ou seja, se houver excesso de liquidez*, podemos ter inflação, como veremos em detalhes mais adiante. Por outro lado, caso o aumento na oferta de moeda seja menor que o crescimento do produto, podemos ter, entre outras conseqüências, crise na economia, porque a falta de moeda na economia, fenômeno que recebe o nome de crise de liquidez ou falta de liquidez, dificulta as transações e prejudica o sistema econômico, ocasionando queda no produto.

A oferta de moeda é representada graficamente na figura seguinte, onde temos, no eixo horizontal, a oferta de moeda, M0, e, no eixo vertical, a taxa de juros, i.

M0

i

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Oferta de moeda

O segmento OB, no eixo horizontal, significa a quantidade de moeda emitida pelo governo. A oferta de moeda é vertical, demonstrando que não é alterada pelas variações na taxa de juros.

RESUMO

Oferta de moeda: é a quantidade de moeda que o governo resolve emitir, num determinado período, através das autoridades monetárias.

AVALIAÇÃO

1. Por que a oferta de moeda não é influenciada pela taxa de juros?

DETERMINAÇÃO DA TAXA DE JUROS DE EQUILÍBRIO

A taxa de juros de equilíbrio é determinada no mercado monetário, onde se encontram a oferta e a demanda de moeda. O processo é idêntico ao que determina o preço de uma mercadoria no mercado de bens e serviços, pois, como já vimos, a taxa de juros é o preço da moeda, isto é, do dinheiro. Portanto, a taxa de juros de equilíbrio é determinada no mercado pela oferta e pela demanda de moeda. Com base nessa taxa é que são realizadas as transações financeiras na economia. Mas vejamos como a taxa de juros é estabelecida.

Conforme estudamos anteriormente, a oferta de moeda é determinada pelo governo, e é com a quantidade por ele emitida que o sistema econômico vai trabalhar. Assim, se houver uma procura muito grande de moeda, como resultado do crescimento das atividades econômicas, por exemplo, ela se tornará escassa e as pessoas estarão dispostas a pagar um preço maior para poder adquiri-la. Esse é o princípio que explica o aumento da taxa de juros. Por outro lado, se a procura de moeda diminuir, por qualquer razão, ela se tornará abundante, fazendo com que seu preço, a taxa de juros, como vimos, diminua.

Na figura a seguir, representamos a oferta e a demanda de moeda. A oferta, M0, e a demanda, MD, no eixo horizontal, e a taxa de juros no eixo vertical. O ponto E, intersecção da oferta com a demanda de moeda, representa o ponto onde elas se igualam, ou estão em equilíbrio, e corresponde à taxa de juros i0, que é a taxa de juros de equilíbrio.

Taxa de juros de equilíbrio

M0;MD

B M00

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Naturalmente, da mesma forma que o preço das mercadorias, a taxa de juros sofre variações no decorrer do tempo, causadas por modificações na oferta ou na demanda de moeda. Em razão disso, fica clara a importância do governo no mercado monetário. Se as autoridades monetárias resolverem expandir os meios de pagamento, ou seja, a oferta de moeda, essa oferta se deslocará para a direita, de M0 para M'0, como na figura a seguir, ocasionando uma queda na taxa de juros, de i0 para i'0, pelo fato de haver mais dinheiro no mercado. O comportamento inverso do governo determinaria um aumento na taxa de juros, uma vez que a moeda se tornaria relativamente escassa.

Variação de taxa de juros de equilíbrio

Com isso, vimos o papel que o mercado monetário desempenha no sistema econômico. É no mercado monetário, onde se defrontam a oferta e a procura de moeda, que se determina a taxa de juros, ou o preço da moeda, elemento fundamental no sistema financeiro, que estudaremos a seguir.

AVALIAÇÃO

1. Explique o que você entendeu sobre taxa de juros de equilíbrio e a maneira como ela é estabelecida.

2. Qual o efeito na taxa de juros se uma resolução do governo diminuir a oferta de moeda? Explique e represente graficamente sua resposta.

3. Suponha que haja uma mudança no comportamento das pessoas, no sentido de diminuir a demanda de moeda para transações. Qual é o efeito dessa mudança sobre a taxa de juros? Explique e faça o gráfico

Sistema Financeiro Nacional O papel dos intermediários financeiros            No arranjo do sistema financeiro, as principais instituições estão constituídas sob a forma de banco múltiplo (banco universal), que oferece ampla gama de serviços bancários. Outras instituições apresentam certo grau de especialização, conforme exemplos a seguir:·        bancos comerciais, que captam principalmente depósitos à vista e depósitos de poupança e são tradicionais fornecedores de crédito para as pessoas físicas e jurídicas, especialmente capital de giro no caso das empresas; ·        bancos de investimento, que captam depósitos a prazo e são especializados em operações financeiras de médio e longo prazo;

MO;MDMDMO

i'O

iO

MD

i

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·        caixas econômicas, que também captam depósitos à vista e depósitos de poupança e atuam mais fortemente no crédito habitacional; ·        bancos cooperativos e cooperativas de crédito, voltados para a concessão de crédito e prestação de serviços bancários aos cooperados, quase sempre produtores rurais; ·        sociedades de crédito imobiliário e associações de poupança e empréstimo, também voltadas para o crédito habitacional; ·        sociedades de crédito e financiamento, direcionadas para o crédito ao consumidor; ·        empresas corretoras e distribuidoras, com atuação centrada nos mercados de câmbio, títulos públicos e privados, valores mobiliários, mercadorias e futuros.   No quadro a seguir é mostrada a estrutura do sistema financeiro brasileiro, com indicação da área de competência de cada órgão de supervisão:

Composição do SFN Orgãos

normativosEntidades

supervisorasOperadores

Conselho Monetário Nacional -

CMN

Banco Central do Brasil - Bacen

Instituições financeiras

captadoras de depósitos à

vista

Demais instituições financeiras

Bancos de Câmbio

Outros intermediários financeiros e administradores de recursos de

terceirosComissão de

Valores Mobiliários -

CVM

Bolsas de mercadorias e

futuros

Bolsas de valores

Conselho Nacional de

Seguros Privados -

CNSP

Superintendência de Seguros

Privados - SusepResseguradores

Sociedades seguradoras

Sociedades de

capitalização

Entidades abertas de previdência

complementar

Conselho Nacional de Previdência

Complementar - CNPC

Superintendência Nacional de Previdência

Complementar - PREVIC

Entidades fechadas de previdência complementar(fundos de pensão)

 O que é o CMN? O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão superior do Sistema Financeiro Nacional. Foi criado pela Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, e sofreu algumas alterações em sua composição ao longo dos anos.  

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O CMN tem a responsabilidade de formular a política da moeda e do crédito, objetivando a estabilidade da moeda e o desenvolvimento econômico e social do País. Sua composição atual é: - Ministro da Fazenda, como Presidente do Conselho - Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão - Presidente do Banco Central do Brasil   Os seus membros reúnem-se uma vez por mês para deliberarem sobre assuntos relacionados com as competências do CMN. Em casos extraordinários pode acontecer mais de uma reunião por mês. As matérias aprovadas são regulamentadas por meio de Resoluções, normativo de caráter público, sempre divulgado no Diário Oficial da União e na página de normativos do Banco Central do Brasil. De todas as reuniões são lavradas atas, cujo extrato é publicado no DOU. Confira os extratos publicados.   O Banco Central do Brasil é a Secretaria-Executiva do CMN e da Comoc. Compete ao Banco Central organizar e assessorar as sessões deliberativas (preparar, assessorar e dar suporte durante as reuniões, elaborar as atas e manter seu arquivo histórico).    COPOM – COMITÊ DE POLÍTICA MONETÁRIA

O Copom foi instituído em 20 de junho de 1996, com o objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e de definir a taxa de juros. A criação do Comitê buscou proporcionar maior transparência e ritual adequado ao processo decisório, a exemplo do que já era adotado pelo Federal Open Market Committee (FOMC) do Banco Central dos Estados Unidos e pelo Central Bank Council, do Banco Central da Alemanha. Em junho de 1998, o Banco da Inglaterra também instituiu o seu Monetary Policy Committee (MPC), assim como o Banco Central Europeu, desde a criação da moeda única em janeiro de 1999. Atualmente, uma vasta gama de autoridades monetárias em todo o mundo adota prática semelhante, facilitando o processo decisório, a transparência e a comunicação com o público em geral.

Desde 1996, o Regulamento do Copom sofreu uma série de alterações no que se refere ao seu objetivo, à periodicidade das reuniões, à composição, e às atribuições e competências de seus integrantes. Essas alterações visaram não apenas aperfeiçoar o processo decisório no âmbito do Comitê, como também refletiram as mudanças de regime monetário.

Destaca-se a adoção, pelo Decreto 3.088, em 21 de junho de 1999, da sistemática de "metas para a inflação" como diretriz de política monetária. Desde então, as decisões do Copom passaram a ter como objetivo cumprir as metas para a inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacional. Segundo o mesmo Decreto, se as metas não forem atingidas, cabe ao presidente do Banco Central divulgar, em Carta Aberta ao Ministro da Fazenda, os motivos do descumprimento, bem como as providências e prazo para o retorno da taxa de inflação aos limites estabelecidos.

Formalmente, os objetivos do Copom são "implementar a política monetária, definir a meta da Taxa Selic e seu eventual viés, e analisar o 'Relatório de Inflação'". A taxa de juros fixada na reunião do Copom é a meta para a Taxa Selic (taxa média dos financiamentos diários, com lastro em títulos federais, apurados no Sistema Especial de

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Liquidação e Custódia), a qual vigora por todo o período entre reuniões ordinárias do Comitê. Se for o caso, o Copom também pode definir o viés, que é a prerrogativa dada ao presidente do Banco Central para alterar, na direção do viés, a meta para a Taxa Selic a qualquer momento entre as reuniões ordinárias.

BNDES

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), empresa pública federal, é hoje o principal instrumento de financiamento de longo prazo para a realização de investimentos em todos os segmentos da economia, em uma política que inclui as dimensões social, regional e ambiental.

Desde a sua fundação, em 1952, o BNDES se destaca no apoio à agricultura, indústria, infraestrutura e comércio e serviços, oferecendo condições especiais para micro, pequenas e médias empresas. O Banco também vem implementando linhas de investimentos sociais, direcionados para educação e saúde, agricultura familiar, saneamento básico e transporte urbano.

O apoio do BNDES se dá por meio de financiamentos a projetos de investimentos, aquisição de equipamentos e exportação de bens e serviços. Além disso, o Banco atua no fortalecimento da estrutura de capital das empresas privadas e destina financiamentos não reembolsáveis a projetos que contribuam para o desenvolvimento social, cultural e tecnológico.

Em seu Planejamento Corporativo 2009/2014, o BNDES elegeu a inovação, o desenvolvimento local e regional e o desenvolvimento socioambiental como os aspectos mais importantes do fomento econômico no contexto atual, e que devem ser promovidos e enfatizados em todos os empreendimentos apoiados pelo Banco.

Assim, o BNDES reforça o compromisso histórico com o desenvolvimento de toda a sociedade brasileira, em alinhamento com os desafios mais urgentes da dinâmica social e econômica contemporânea.

Bancos múltiplos Os bancos múltiplos são instituições financeiras privadas ou públicas que realizam as operações ativas, passivas e acessórias das diversas instituições financeiras, por intermédio das seguintes carteiras: comercial, de investimento e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário, de arrendamento mercantil e de crédito, financiamento e investimento. Essas operações estão sujeitas às mesmas normas legais e regulamentares aplicáveis às instituições singulares correspondentes às suas carteiras. A carteira de desenvolvimento somente poderá ser operada por banco público. O banco múltiplo deve ser constituído com, no mínimo, duas carteiras, sendo uma delas, obrigatoriamente, comercial ou de investimento, e ser organizado sob a forma de sociedade anônima. As instituições com carteira comercial podem captar depósitos à vista. Na sua denominação social deve constar a expressão "Banco" (Resolução CMN 2.099, de 1994).

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Agências de fomento As agências de fomento têm como objeto social a concessão de financiamento de capital fixo e de giro associado a projetos na Unidade da Federação onde tenham sede. Devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima de capital fechado e estar sob o controle de Unidade da Federação, sendo que cada Unidade só pode constituir uma agência. Tais entidades têm status de instituição financeira, mas não podem captar recursos junto ao público, recorrer ao redesconto, ter conta de reserva no Banco Central, contratar depósitos interfinanceiros na qualidade de depositante ou de depositária e nem ter participação societária em outras instituições financeiras. De sua denominação social deve constar a expressão "Agência de Fomento" acrescida da indicação da Unidade da Federação Controladora. É vedada a sua transformação em qualquer outro tipo de instituição integrante do Sistema Financeiro Nacional. As agências de fomento devem constituir e manter, permanentemente, fundo de liquidez equivalente, no mínimo, a 10% do valor de suas obrigações, a ser integralmente aplicado em títulos públicos federais. (Resolução CMN 2.828, de 2001).

Banco Central

 O Banco Central do Brasil, autarquia federal integrante do Sistema Financeiro Nacional, foi criado em 31.12.64, com a promulgação da Lei nº 4.595.

Antes da criação do Banco Central, o papel de autoridade monetária era desempenhado pela Superintendência da Moeda e do Crédito - SUMOC, pelo Banco do Brasil - BB e pelo Tesouro Nacional.

Após a criação do Banco Central buscou-se dotar a instituição de mecanismos voltados para o desempenho do papel de "banco dos bancos". Em 1985 foi promovido o reordenamento financeiro governamental com a separação das contas e das funções do Banco Central, Banco do Brasil e Tesouro Nacional. Em 1986 foi extinta a conta movimento e o fornecimento de recursos do Banco Central ao Banco do Brasil passou a ser claramente identificado nos orçamentos das duas instituições, eliminando-se os suprimentos automáticos que prejudicavam a atuação do Banco Central.

O processo de reordenamento financeiro governamental se estendeu até 1988, quando as funções de autoridade monetária foram transferidas progressivamente do Banco do Brasil para o Banco Central, enquanto as atividades atípicas exercidas por esse último, como as relacionadas ao fomento e à administração da dívida pública federal, foram transferidas para o Tesouro Nacional.

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu dispositivos importantes para a atuação do Banco Central, dentre os quais destacam-se o exercício exclusivo da competência da União para emitir moeda e a exigência de aprovação prévia pelo Senado Federal, em votação secreta, após argüição pública, dos nomes indicados pelo Presidente da República para os cargos de presidente e diretores da instituição. Além disso, vedou ao Banco Central a concessão direta ou indireta de empréstimos ao Tesouro Nacional.

A Constituição de 1988 prevê ainda, em seu artigo 192, a elaboração de Lei Complementar do Sistema Financeiro Nacional, que deverá substituir a Lei 4.595/64 e redefinir as atribuições e  estrutura do Banco Central do Brasil.

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COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS - CVM

A Lei que criou a CVM (6385/76) e a Lei das Sociedades por Ações (6404/76) disciplinaram o funcionamento do mercado de valores mobiliários e a atuação de seus protagonistas, assim classificados, as companhias abertas, os intermediários financeiros e os investidores, além de outros cuja atividade gira em torno desse universo principal.

A CVM tem poderes para disciplinar, normatizar e fiscalizar a atuação dos diversos integrantes do mercado.Seu poder normatizador abrange todas as matérias referentes ao mercado de valores mobiliários. Cabe à CVM, entre outras, disciplinar as seguintes matérias:

registro de companhias abertas;

registro de distribuições de valores mobiliários;

credenciamento de auditores independentes e administradores de carteiras de valores mobiliários;

organização, funcionamento e operações das bolsas de valores;

negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários;

administração de carteiras e a custódia de valores mobiliários;

suspensão ou cancelamento de registros, credenciamentos ou autorizações;

suspensão de emissão, distribuição ou negociação de determinado valor mobiliário ou decretar recesso de bolsa de valores;

Bancos comerciais Os bancos comerciais são instituições financeiras privadas ou públicas que têm como objetivo principal proporcionar suprimento de recursos necessários para financiar, a curto e a médio prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços, as pessoas físicas e terceiros em geral. A captação de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é atividade típica do banco comercial, o qual pode também captar depósitos a prazo. Deve ser constituído sob a forma de sociedade anônima e na sua denominação social deve constar a expressão "Banco" (Resolução CMN 2.099, de 1994).

CAIXAS ECONÔMICAS As caixas econômicas são instituições autônomas, reguladas por conselhos administrativos, com a atribuição de organizar os serviços dos seus estabelecimentos para decidir não só sobre o patrimônio e os negócios, mas também sobre a formação e aplicação dos fundos de reserva. Essas decisões são fortemente direcionadas pelo papel social que as caixas econômicas têm, seguindo algumas diretrizes sociais estabelecidas pelo governo: financiamento de saneamento básico, financiamento de habitação de

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baixa renda etc. Atualmente, está funcionando apenas a Caixa Econômica Federal já que a Caixa Econômica do Estado de São Paulo transformou-se em banco.

Segundo Lei nº 4.595, de 31.12.1964, as caixas econômicas, no papel de instituições financeiras públicas, são consideradas órgãos auxiliares da execução da política creditícia do Governo Federal e estão sujeitas à orientação do Conselho Monetário Nacional.

As caixas econômicas desempenham atividades semelhantes às dos bancos comerciais, mas as Caixas não podem operar no mercado de câmbio, compra e venda de moeda estrangeira. Elas podem receber depósitos à vista e à prazo, operar com caderneta de poupança, emitir ou endossar cédulas e letras hipotecárias.

As caixas econômicas desempenham importante papel no Sistema Financeiro Habitacional pois não só possuem grande volume de depósitos em caderneta de poupança como administram os recursos do FGTS que devem ser parcialmente direcionados para saneamento básico e habitação de baixa renda.

Seus recursos são provenientes da captação, através da Carteira de Habitação, de depósitos destinados exclusivamente a aplicações no setor habitacional.

Além disso, as caixas econômicas se incluem entre as instituições financeiras que podem efetuar operações de arrendamento mercantil, contratadas como próprio vendedor dos bens (“lease back“).

Cooperativas de créditos As cooperativas de crédito observam, além da legislação e normas do sistema financeiro, a Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que define a política nacional de cooperativismo e institui o regime jurídico das sociedades cooperativas. Atuando tanto no setor rural quanto no urbano, as cooperativas de crédito podem se originar da associação de funcionários de uma mesma empresa ou grupo de empresas, de profissionais de determinado segmento, de empresários ou mesmo adotar a livre admissão de associados em uma área determinada de atuação, sob certas condições. Os eventuais lucros auferidos com suas operações - prestação de serviços e oferecimento de crédito aos cooperados - são repartidos entre os associados. As cooperativas de crédito devem adotar, obrigatoriamente, em sua denominação social, a expressão "Cooperativa", vedada a utilização da palavra "Banco". Devem possuir o número mínimo de vinte cooperados e adequar sua área de ação às possibilidades de reunião, controle, operações e prestações de serviços. Estão autorizadas a realizar operações de captação por meio de depósitos à vista e a prazo somente de associados, de empréstimos, repasses e refinanciamentos de outras entidades financeiras, e de doações. Podem conceder crédito, somente a associados, por meio de desconto de títulos, empréstimos, financiamentos, e realizar aplicação de recursos no mercado financeiro (Resolução CMN 3.106, de 2003).

BOLSA DE VALORES

Antes de falarmos sobre bolsas de valores convém conceituarmos as Bolsas de modo geral como sendo o local físico adequado à execução de ordens de compra e venda de

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qualquer coisa. Existem bolsas de café, algodão etc. Já as Bolsas de Valores concentram as operações...

Atribuições: As bolsas de valores são constituídas como associações civis, tendo por objeto social: a) Manter local ou sistema adequado à realização de operações de compra e venda de títulos e valores mobiliários, em mercado livre e aberto, especialmente organização e fiscalização pela própria bolsa, sociedades corretoras membros e pelas autoridades competentes; b) Dotar, permanentemente, o referido local ou sistema de todos os meios necessários à pronta e eficiente realização e visibilidade das operações; c) Estabelecer sistemas de negociação que propiciem continuidade de preços e liquidez no mercado de títulos e valores mobiliários; d) Criar mecanismos regulamentares operacionais que possibilitem o atendimento, pelas sociedades corretoras membros, de quaisquer ordens de compra e venda dos investidores, sem prejuízo de igual competência da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que pode, inclusive, estabelecer limites mínimos considerados razoáveis em relação ao valor monetário das referidas ordens; e) Efetuar registro das operações; f) Preservar elevados padrões éticos de negociação, estabelecendo, para esse fim, normas de comportamento para as sociedades corretoras e companhias abertas, fiscalizando sua observância e aplicando penalidades, no limite de sua competência, aos infratores; g) Divulgar as operações realizadas, com rapidez, amplitude e detalhes; h) Conceder, à sociedade corretora membro, crédito para assistência de liquidez, com vistas a resolver situação transitória, até o limite do valor de seu título patrimonial, mediante apresentação de garantias subsidiárias de pelo menos 120% (cento e vinte por cento) do valor do crédito; i) Exercer outras atividades expressamente autorizadas pela CVM.

BOLSA DE MERCADORIAS E DE FUTUROS

As bolsas de mercadorias e futuros são associações privadas civis, com objetivo de efetuar o registro, a compensação e a liquidação, física e financeira, das operações realizadas em pregão ou em sistema eletrônico. Para tanto, devem desenvolver, organizar e operacionalizar um mercado de derivativos livre e transparente, que proporcione aos agentes econômicos a oportunidade de efetuarem operações de hedging (proteção) ante flutuações de preço de commodities agropecuárias, índices, taxas de juro, moedas e metais, bem como de todo e qualquer instrumento ou variável macroeconômica cuja incerteza de preço no futuro possa influenciar negativamente suas atividades. Possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa e são fiscalizadas pela Comissão de Valores Mobiliários.

A BM&FBOVESPA é uma companhia de capital brasileiro formada, em 2008, a partir da integração das operações da Bolsa de Valores de São Paulo e da Bolsa de Mercadorias & Futuros.

É a principal instituição brasileira de intermediação para operações do mercado de capitais e a única bolsa de valores, mercadorias e futuros em operação no Brasil.

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SISTEMA ESPECIAL DE LIQUIDAÇÃO E CUSTÓDIA – SELIC

O Selic é o depositário central dos títulos emitidos pelo Tesouro Nacional e pelo Banco Central do Brasil e nessa condição processa, relativamente a esses títulos, a emissão, o resgate, o pagamento dos juros e a custódia. O sistema processa também a liquidação das operações definitivas e compromissadas registradas em seu ambiente, observando o modelo 1 de entrega contra pagamento. Todos os títulos são escriturais, isto é, emitidos exclusivamente na forma eletrônica. A liquidação da ponta financeira de cada operação é realizada por intermédio do STR, ao qual o Selic é interligado.

CENTRAL DE LIQUIDAÇÃO FINANCEIRA E DE CUSTÓDIA DE TÍTULOS – CETIP

A Cetip é depositária principalmente de títulos de renda fixa privados¹, títulos públicos estaduais e municipais e títulos representativos de dívidas de responsabilidade do Tesouro Nacional, de que são exemplos os relacionados com empresas estatais extintas, com o Fundo de Compensação de Variação Salarial - FCVS, com o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária - Proagro e com a dívida agrária (TDA). Na qualidade de depositária, a entidade processa a emissão, o resgate e a custódia dos títulos, bem como, quando é o caso, o pagamento dos juros e demais eventos a eles relacionados. Com poucas exceções, os títulos são emitidos escrituralmente, isto é, existem apenas sob a forma de registros eletrônicos (os títulos emitidos em papel são fisicamente custodiados por bancos autorizados). As operações de compra e venda são realizadas no mercado de balcão, incluindo aquelas processadas por intermédio do CetipNet (sistema eletrônico de negociação).