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SUM`RIO Noçıes de Direito Administrativo Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes e organização ........................................... 3/5 natureza, fins e princípios .......................................................................... 3/5 Organização administrativa da União administração direta e indireta ................................................................ 10/17 Agentes públicos: espécies e classificação ............................................................................... 11 poderes, deveres e prerrogativas ................................................................. 5 cargo, emprego e função públicos .............................................................. 11 regime jurídico único: provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição .............. 40 direitos e vantagens .............................................................................. 44 regime disciplinar ................................................................................... 51 responsabilidade civil, criminal e administrativa .................................... 55 Poderes administrativos: poder hierárquico ........................................................................................ 35 poder disciplinar .......................................................................................... 35 poder regulamentar ...................................................................................... 35 poder de polícia ........................................................................................... 38 uso e abuso do poder ................................................................................... 8 Serviços Públicos conceito, classificação, regulamentação e controle ..................................... 70 forma, meios e requisitos ............................................................................ 72 delegação: concessão, permissão, autorização ........................................................ 73 Controle e responsabilização da administração: controle administrativo ........................................................................... 14/67 controle judicial ...................................................................................... 14/67 controle legislativo ................................................................................. 14/67 responsabilidade civil do Estado ................................................................. 70 Lei nº 8.112, de 11/12/90, publicada no DO de 12/12/90 e posteriores atualizações (regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União) ........... 39 Lei nº 4.878, de 3/12/65, publicada no DO de 6/12/65 (dispõe sobre as peculiaridades do regime jurídico dos funcionários públicos civis da União e do Distrito Federal, ocupantes de cargos de atividade policial) .......... 80 Lei nº 8.429, de 2/6/92, publicada no DO de 3/6/92 (dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função da administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências) .................... 76 Lei nº 9.654, de 2/6/98, publicada no DO de 3/6/98 (Cria a carreira de Policial Rodoviário Federal e dá outras providências) .................................................. 81 Decreto nº 1.655 de 3/10/95, publicado no DO de 4/10/95 (Define a competência da Polícia Rodoviária Federal, e dá outras providências) ................................. 75

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SUMÁRIO

Noções de Direito Administrativo

Estado, governo e administração pública:conceitos, elementos, poderes e organização ........................................... 3/5natureza, fins e princípios .......................................................................... 3/5

Organização administrativa da Uniãoadministração direta e indireta ................................................................ 10/17

Agentes públicos:espécies e classificação ...............................................................................11poderes, deveres e prerrogativas ................................................................. 5cargo, emprego e função públicos ..............................................................11regime jurídico único:

provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição ..............40direitos e vantagens ..............................................................................44regime disciplinar...................................................................................51responsabilidade civil, criminal e administrativa ....................................55

Poderes administrativos:poder hierárquico ........................................................................................35poder disciplinar ..........................................................................................35poder regulamentar ......................................................................................35poder de polícia ...........................................................................................38uso e abuso do poder ................................................................................... 8

Serviços Públicosconceito, classificação, regulamentação e controle .....................................70forma, meios e requisitos ............................................................................72delegação:

concessão, permissão, autorização........................................................73Controle e responsabilização da administração:

controle administrativo........................................................................... 14/67controle judicial ...................................................................................... 14/67controle legislativo ................................................................................. 14/67responsabilidade civil do Estado.................................................................70

Lei nº 8.112, de 11/12/90, publicada no DO de 12/12/90 e posterioresatualizações (regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União) ...........39Lei nº 4.878, de 3/12/65, publicada no DO de 6/12/65 (dispõe sobre aspeculiaridades do regime jurídico dos funcionários públicos civis daUnião e do Distrito Federal, ocupantes de cargos de atividade policial) ..........80Lei nº 8.429, de 2/6/92, publicada no DO de 3/6/92 (dispõe sobre assanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimentoilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função da administraçãopública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências) ....................76Lei nº 9.654, de 2/6/98, publicada no DO de 3/6/98 (Cria a carreira de PolicialRodoviário Federal e dá outras providências) ..................................................81Decreto nº 1.655 de 3/10/95, publicado no DO de 4/10/95 (Define a competênciada Polícia Rodoviária Federal, e dá outras providências) .................................75

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVOJ. Wilson Granjeiro

GOVERNO, ESTADO E ADMINISTRAÇÃOPÚBLICA

CONCEITO DE ESTADO

O conceito de Estado varia segundo o ângulo em queé considerado:

I - corporação territorial dotada de um poder de man-do originário;

II - comunidade de homens, fixada sobre um territó-rio com poder de mando, ação e coerção;

III - pessoa jurídica territorial soberana;IV - pessoa jurídica de direito público interno;V - entidade política, ou seja, pode elaborar as suas

próprias leis.

GOVERNO

É o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais. É ocomplexo de funções estatais básicas. É a condução políti-ca dos negócios públicos. Na verdade, o Governo ora seidentifica com os Poderes e órgãos supremos do Estado,ora se apresenta nas funções originárias desses Poderes eórgãos como manifestação da Soberania. A constante, po-rém, do Governo é a sua expressão política de comando,de iniciativa, de fixação de objetivos do Estado e de manu-tenção da ordem jurídica vigente. O Governo atua median-te atos de Soberania ou, pelo menos, de autonomia políticana condução dos negócios públicos.

Elementos do Estado

O Estado é constituído de três elementos origináriose indissociáveis: Povo, Território e Governo soberano.Povo é o componente humano do Estado; Território, asua base física; Governo soberano, o elemento condutordo Estado, que detém e exerce o poder absoluto de auto-determinação e auto-organização emanado do Povo. Nãohá nem pode haver Estado independente sem Soberania,isto é, sem esse poder absoluto, indivisível e incontrastávelde organizar-se e de conduzir-se segundo a vontade livrede seu Povo e de fazer cumprir as suas decisões, inclusi-ve, pela força, se necessário. A vontade estatal apresenta-se e se manifesta através dos denominados Poderes deEstado.

Poderes de Estado

Os Poderes de Estado, na clássica tripartição deMontesquieu, até hoje adotada nos Estados de Direito,são o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, indepen-dentes e harmônicos entre si e com suas funções recipro-camente indelegáveis (CF, art. 2º).

Esses Poderes são imanentes e estruturais do Estado(diversamente dos poderes administrativos, que sãoincidentais e instrumentais da Administração), a cada umdeles correspondendo uma função que lhe é atribuída comprecipuidade. Assim, a função precípua do PoderLegislativo é a elaboração da lei (função normativa); a fun-

ção precípua do Poder Executivo é a conversão da lei emato individual e concreto (função administrativa); a funçãoprecípua do Poder Judiciário é a aplicação coativa da leiaos litigantes (função judicial). Referimo-nos à funçãoprecípua de cada Poder de Estado porque, embora o idealfosse a privatividade de cada função para cada Poder, narealidade isso não ocorre, uma vez que todos os Poderestêm necessidade de praticar atos administrativos, ainda querestritos à sua organização e ao seu funcionamento, e, emcaráter excepcional, admitido pela Constituição, desempe-nham funções e praticam atos que, a rigor, seriam de outroPoder. O que há, portanto, não é a separação de Poderescom divisão absoluta de funções, mas, sim, a distribuiçãodas três funções estatais precípuas entre órgãos indepen-dentes, mas harmônicos e coordenados no seu funciona-mento, mesmo porque o poder estatal é uno e indivisível.

Aliás, já se observou que Montesquieu nunca empre-gou em sua obra política as expressões “separação dePoderes” ou “divisão de Poderes”, referindo-se unicamen-te à necessidade do “equilíbrio entre os Poderes”, em queum Poder limita o outro, como sugerira o próprio autorno original. Seus apressados seguidores é que lhe detur-param o pensamento e passaram a falar em “divisão” e“separação de Poderes”, como se estes fossem estanquese incomunicáveis em todas as suas manifestações, quan-do, na verdade, isto não ocorre, porque o Governo é aresultante da interação dos três Poderes de Estado –Legislativo, Executivo e Judiciário – como a Administra-ção o é de todos os órgãos desses Poderes.

ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

• Entidades componentes do Estado FederalA organização político-administrativa do Brasil com-

preende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-nicípios.

Estas entidades são autônomas, cabendo à União exer-cer a soberania do Estado brasileiro no contexto interno eà República Federativa do Brasil, pessoa jurídica de di-reito público externo, o exercício de soberania no planointernacional.

• Competência da União, dos Estados, do DistritoFederal e dos Municípios

A União, pessoa jurídica de direito público interno,exerce os poderes que objetivam a garantia da soberaniae defesa nacionais; a manutenção de relações com paísesestrangeiros, a participação em organismos internacionaise a promoção do desenvolvimento econômico-social dopaís, bem como a garantia da cidadania e dos direitosindividuais dos cidadãos.

Destacam-se, ainda, dentre outras atribuições de ca-ráter administrativo da União, as seguintes:

– declarar guerra e celebrar a paz;– assegurar a defesa nacional;– elaborar e executar planos nacionais e regionais

de desenvolvimento econômico e social;– organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministé-

rio Público e a Defensoria Pública do Distrito Fe-

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deral e dos Territórios, bem como as Polícias Ci-vil e Militar e o Corpo de Bombeiros do DistritoFederal;

– manter o serviço postal e o Correio Aéreo Nacio-nal;

– organizar, manter e executar a inspeção do traba-lho;

– emitir moeda.Cabe à União, privativamente, legislar sobre maté-

rias específicas das quais destacam-se as seguintes:– direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,

agrário e trabalho;– população indígena;– águas, energia (inclusive nuclear), informática, te-

lecomunicações e radiodifusão; comércio exteriore interestadual;

– nacionalidade, cidadania, naturalização e direitosreferentes aos estrangeiros;

– seguridade social;– diretrizes e bases da educação nacional;– normas gerais de licitação e contratação para a

Administração Pública nas diversas esferas degoverno e empresas sob seu controle;

– serviço postal;– desapropriação.A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-

pios possuem competências comuns, que são exercidasde modo a que cada unidade restrinja-se a um determina-do espaço de atuação.

Dentre estas competências destacam-se as seguintes:– conservação do patrimônio público;– saúde e assistência públicas;– proteção dos bens de valor histórico, das paisa-

gens naturais notáveis e dos sítios arqueológicos;– acesso à educação, à cultura e à ciência;– proteção ao meio ambiente e controle da poluição;– combate às causas da pobreza e da marginalização,

promovendo a integração dos setores desfavore-cidos.

O art. 24 da Constituição Federal possibilita à União,aos Estados e ao Distrito Federal legislarem de formaconcorrente em matérias específicas.

Neste âmbito, a União limita-se a estabelecer normasgerais. Os Estados e o Distrito Federal exercem compe-tências legislativas complementares, atendendo, cada um,às suas peculiaridades.

Nos termos das competências concorrentes, os Esta-dos e o Distrito Federal adaptam-se à legislação federalvigente.

Cabe à União, aos Estados e ao Distrito Federal le-gislar, de forma concorrente, sobre:

– Direito Tributário, Financeiro, Penitenciário, Eco-nômico e Urbanístico;

– orçamento;– produção e consumo;– florestas, caça, pesca, fauna, conservação da na-

tureza, proteção do meio ambiente e controle dapoluição;

– proteção do patrimônio histórico, cultural, artísti-co e paisagístico;

– educação, cultura, ensino e desporto;– previdência social, proteção e defesa à saúde;– proteção à infância e à juventude.

Aos Municípios, compete legislar sobre assuntosde interesse local e ainda suplementar a legislação federale estadual, no que couber.

Ao Distrito Federal, são atribuídas as mesmas com-petências reservadas aos Estados e Municípios.

DIREITO ADMINISTRATIVO

CONCEITOS

Segundo Hely Lopes Meirelles: “Conjunto harmôni-co de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agen-tes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta,direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado”.

José Cretella Júnior entende por Direito Administra-tivo “o ramo do Direito Público interno que regula a ati-vidade e as relações jurídicas das pessoas públicas e ainstituição de meios e órgãos relativos à ação dessas pes-soas”.

Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o Direito Admi-nistrativo é “o ramo do Direito Público que tem por obje-to os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativasque integram a Administração Pública, a atividade jurídi-ca não contenciosa que exerce e os bens de que se utilizapara a consecução de seus fins, de natureza política”.

Diógenes Gasparini vê o Direito Administrativo comouma “sistematização de normas doutrinárias de direito,conjunto harmônico de princípios jurídicos” destinadas aordenar a estrutura e o pessoal (órgãos e agentes) e osatos e atividades da Administração Pública, praticadas oudesempenhadas enquanto Poder Público.

Para nós, Direito Administrativo é “o complexo deposições jurídicas e princípios que disciplinam as rela-ções da Administração Pública (órgãos e entidades) e seusagentes públicos na busca do bem comum”.

OBJETO

Para Hely Lopes Meirelles, a caracterização e a deli-mitação do objeto do Direito Administrativo estão nasatividades públicas tendentes a realizar concreta, direta eimediatamente os fins desejados pelo Estado.

José Cretella Júnior diz que o Direito Administrativotem como objeto a administração, isto é, “os serviços públi-cos são o objeto do Direito Administrativo”.

FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO

Segundo o saudoso Hely Lopes Meirelles, o DireitoAdministrativo possui quatro fontes: a lei, a doutrina, ajurisprudência e os costumes, sendo a Lei a principal, for-mal e primordial.

I - A lei, em sentido amplo, é a fonte primária doDireito Administrativo, abrangendo esta expressão des-de a Constituição até os regulamentos executivos. E com-preende-se que assim seja, porque tais atos, impondo oseu poder normativo aos indivíduos e ao próprio Estado,estabelecem relações de administração de interesse dire-to e imediato do Direito Administrativo.

II - A doutrina, formando o sistema teórico de princí-pios aplicáveis ao Direito Positivo, é elemento construtivoda Ciência Jurídica à qual pertence a disciplina em causa. Adoutrina é que distingue as regras que convêm ao Direito

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Público e ao Direito Privado, e mais particularmente a cadaum dos sub-ramos do saber jurídico. Ela influi não só naelaboração da lei, como nas decisões contenciosas e nãocontenciosas, ordenando, assim, o próprio Direito Adminis-trativo.

III - A jurisprudência, traduzindo a reiteração dosjulgamentos num mesmo sentido, influencia poderosa-mente a construção do Direito, e especialmente a do Di-reito Administrativo, que se ressente de sistematizaçãodoutrinária e de codificação legal. A jurisprudência temum caráter mais prático, mais objetivo que a doutrina e alei, mas nem por isso se aparta de princípios teóricos que,por sua persistência nos julgados, acabam por penetrar eintegrar a própria Ciência Jurídica. Outra característicada jurisprudência é o seu nacionalismo. Enquanto a dou-trina tende a universalizar-se, a jurisprudência tende anacionalizar-se, pela contínua adaptação da lei e dos prin-cípios teóricos ao caso concreto. Sendo o Direito Admi-nistrativo menos geral que os demais ramos jurídicos,preocupa-se diretamente com a Administração de cadaEstado, e por isso mesmo encontra, muitas vezes, maisafinidade com a jurisprudência pátria que com a doutrinaestrangeira. A jurisprudência, entretanto, não obriga quera Administração, quer o Judiciário, porque não vigoraentre nós o princípio norte-americano do stare decises,segundo o qual a decisão judicial superior vincula as ins-tâncias inferiores para os casos idênticos.

IV - O costume, em razão da deficiência da legisla-ção, a prática administrativa vem suprindo o texto escri-to, e sedimentada na consciência dos administradores eadministrados, a praxe burocrática passa a suprir a lei, ouatua como elemento reformativo da doutrina.

Ao lado da lei, a principal fonte de qualquer direito,os autores enumeram outros:

• a analogia, a eqüidade, os princípios gerais do di-reito, os tratados internacionais, a instrução e a cir-cular.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CONCEITOS

É o conjunto de entes (órgãos e entidades) cons-tituídos pelo Poder Público (Estado) para a conse-cução do bem comum.

É o conjunto de órgãos, entidades e funções ins-tituídos para a consecução dos objetivos do Gover-no, quais sejam: a satisfação dos interesses públicosem geral e a prosperidade social.

NATUREZA

É a de um encargo de defesa, conservação e apri-moramento dos bens, serviços e interesses da coletivida-de. Como tal, impõe-se ao administrador público a obri-gação de cumprir fielmente os preceitos do Direito e damoral administrativa que regem a sua atuação. Ao serinvestido em função ou cargo público, todo agente dopoder assume para com a coletividade o compromissode bem servi-la, porque outro não é o desejo do povo,como legítimo destinatário dos bens, serviços e interes-ses administrados pelo Estado.

FINS

O bem comum da coletividade administrada. Todaatividade do administrador público deve ser orientadapara esse objetivo. Se dele o administrador se afasta oudesvia, trai o mandato de que está investido, porque acomunidade não institui a Administração senão comomeio de atingir o bem-estar social. Ilícito e imoral serátodo ato administrativo que não for praticado no interes-se da coletividade.

O fim, e não a vontade do administrador, dominatodas as formas de administração.

Os fins da Administração consubstanciam-se, por-tanto, na defesa do interesse público, assim entendidasaquelas aspirações ou vantagens licitamente almejadaspor toda a comunidade administrada, ou por uma parteexpressiva de seus membros. O ato ou contrato adminis-trativo realizado sem interesse público configura desviode finalidade.

PODERES E DEVERES DO ADMINISTRADOR PÚ-BLICO

Examinados nos tópicos anteriores – os princípiosbásicos da Administração – vejamos, agora, os poderese deveres do administrador público, ou seja, os encargosdaqueles que gerem bens e interesses da comunidade.Esses gestores da coisa pública, investidos de competên-cia decisória, passam a ser autoridades, com poderes edeveres específicos do cargo ou da função e, conseqüen-temente, com responsabilidades próprias de suas atribui-ções.

Os poderes e deveres do administrador público sãoos expressos em lei, os impostos pela moral administra-tiva e os exigidos pelo interesse da coletividade. Foradessa generalidade não se poderá indicar o que é poder eo que é dever do gestor público, porque, estando sujeitoao ordenamento jurídico geral e às leis administrativasespeciais, só essas normas poderão catalogar, para cadaentidade, órgão, cargo, função, serviço ou atividade pú-blica os poderes e deveres de quem os exerce.

Cada agente administrativo é investido da necessá-ria parcela de Poder Público para o desempenho de suasatribuições. Esse poder há de ser usado, normalmente,como atributo do cargo ou da função, e não como privi-légio da pessoa que o exerce. É esse poder que emprestaautoridade ao agente público quando recebe da lei com-petência decisória e força para impor suas decisões aosadministrados. Por isso mesmo, o agente, quando despi-do da função ou fora do exercício do cargo, não podeusar da autoridade pública, nem invocá-la ao talante deseu capricho para superpor-se aos demais cidadãos. Talconduta caracterizaria abuso de poder e, conforme o caso,tipificaria o crime de abuso de autoridade, definido epunido pela Lei nº 4.898, de 9/12/65.

O uso da autoridade só é lícito quando visa a obstar aque um indivíduo prejudique direitos alheios, ou “obstar aque um indivíduo se escuse a cooperar pela manutenção dasociedade”. Isto porque os Estados de Direito e Democráti-co, como o nosso, não reconhecem privilégios pessoais; sóadmitem prerrogativas funcionais. Daí o nivelador princí-pio do art. 5º, caput, da CF, que estabelece a igualdade detodos perante a lei. Ora, se o agente do poder não está no

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exercício de suas funções, deixa de ser autoridade, igualan-do-se aos demais cidadãos.

O poder administrativo, portanto, é atribuído à auto-ridade para remover os interesses particulares que seopõem ao interesse público. Nessas condições, o poderde agir se converte no dever de agir. Assim, se no Direi-to Privado o poder de agir é uma faculdade, no DireitoPúblico é uma imposição, um dever para o agente que odetém, pois não se admite a omissão da autoridade dian-te de situações que exigem sua atuação. Eis por que aAdministração responde civilmente pelas omissões oucomissões lesivas de seus agentes.

Poder-Dever de Agir

O poder tem para o agente público o significado dedever para com a comunidade e para com os indivíduos,no sentido de que quem o detém está sempre na obriga-ção de exercitá-lo.

Se para o particular o poder de agir é uma faculdade,para o administrador público é uma obrigação de atuar,desde que se apresente o ensejo de exercitá-lo em bene-fício da comunidade. É que o Direito Público ajunta aopoder do administrador o dever de administrar.

Dever de Eficiência

Dever de eficiência é o que se impõe a todo agentepúblico de realizar suas atribuições com presteza, per-feição e rendimento funcional.

A eficiência funcional é, pois, considerada em senti-do amplo, abrangendo não só a produtividade doexercente do cargo ou da função, como a perfeição dotrabalho e sua adequação técnica aos fins pela Adminis-tração, para que se avaliem os resultados, confrontam-seos desempenhos e se aperfeiçoe o pessoal através de se-leção e treinamento. Assim, a verificação da eficiênciaatinge os aspectos quantitativos e qualitativos do servi-ço, para aquilatar seu rendimento efetivo, seu custooperacional e sua real utilidade para os administrados epara a Administração. Tal controle desenvolve-se, por-tanto, na tríplice linha administrativa, econômica e téc-nica.

Realmente, não cabe à Administração decidir porcritério leigo quando há critério técnico solucionando oassunto. O que pode haver é opção da Administraçãopor uma alternativa técnica quando várias lhe são apre-sentadas como aptas para solucionar o caso em exame.Assim, o princípio da eficiência, de alto significado parao serviço público em geral, deve ser aplicado em todosos níveis da Administração brasileira.

Dever de Probidade

O dever de probidade está constitucionalmente inte-grado na conduta do administrador público como ele-mento necessário à legitimidade de seus atos. Este con-ceito está presente na Constituição da República, quepune a improbidade na Administração com sanções po-líticas, administrativas e penais, nos seguintes termos:“Os atos de improbidade administrativa importarão asuspensão dos direitos políticos, a perda da função pú-blica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao

Erário, na forma e gradação prevista em lei, sem prejuí-zo da ação penal cabível” (art. 37, § 4º).

Dever de Prestar Contas

O dever de prestar contas é decorrência natural daadministração como encargo de gestão de bens e interes-ses alheios.

A prestação de contas não se refere apenas aos di-nheiros públicos, à gestão financeira, mas a todos os atosde governo e de administração.

ABUSO DO PODER: EXCESSO DE PODER E DESVIODE FINALIDADE (LEI Nº 4.898, DE 9 DE DEZEMBRODE 1965)

Uso e Abuso do Poder

Nos estados de direito como o nosso, a Administra-ção Pública deve obediência à lei em todas as suas mani-festações. Até mesmo nas chamadas atividades discricio-nárias o administrador público fica sujeito às prescriçõeslegais quanto à competência, finalidade e forma, só semovendo com liberdade na estreita faixa da conveniên-cia e oportunidade administrativas.

O poder administrativo concedido à autoridade públi-ca tem limites certos e forma legal de utilização. Não é car-ta branca para arbítrios, violências, perseguições ou favori-tismos governamentais. Qualquer ato de autoridade, paraser irrepreensível, deve conformar-se com a lei, com a mo-ral da instituição e com o interesse público. Sem esses re-quisitos, o ato administrativo expõe-se à nulidade.

Uso do Poder

O uso do poder é prerrogativa da autoridade. Mas opoder há de ser usado normalmente, sem abuso. Usarnormalmente o poder é empregá-lo segundo as normaslegais, a moral da instituição, a finalidade do ato e asexigências do interesse público. Abusar do poder éempregá-lo fora da lei, sem utilidade pública.

O poder é confiado ao administrador público para serusado em benefício da coletividade administrada, mas usa-do nos justos limites que o bem-estar social exigir. A utili-zação desproporcional do poder, o emprego arbitrário daforça, a violência contra o administrado constituem formasabusivas do uso do poder estatal, não toleradas pelo Direitoe nulificadoras dos atos que as encerram.

O uso do poder é lícito: o abuso, sempre ilícito. Daípor que todo ato abusivo é nulo, por excesso ou desviode poder.

Abuso do Poder

O abuso do poder ocorre quando a autoridade,embora competente para praticar o ato, ultrapassaos limites de suas atribuições ou se desvia das finali-dades administrativas.

O abuso do poder, como todo ilícito, reveste as for-mas mais diversas. Ora se apresenta ostensivo como atruculência, às vezes dissimulado como o estelionato, e,não raro, encoberto na aparência ilusória dos atos legais.

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Em qualquer desses aspectos – flagrante ou disfarçado –o abuso do poder é sempre uma ilegalidade invalidadorado ato que o contém.

A teoria do abuso do poder foi inteiramente inspira-da na moral e a sua penetração no domínio jurídico obe-deceu a propósito determinado. Trata-se, com efeito, dedesarmar o pretenso titular de um direito subjetivo e, porconseguinte, de encarar de modo diverso direitos objeti-vamente iguais, pronunciando uma espécie de juízo decaducidade contra o direito que tiver sido imoralmenteexercido. O problema não é, pois, de responsabilidadecivil, mas de moralidade no exercício dos direitos. Trans-plantando-se esses conceitos para o campo do DireitoAdministrativo, se o poder foi conferido ao administra-dor público para realizar determinado fim, por determi-nados motivos e por determinados meios, toda ação quese apartar dessa conduta, contrariando ou ladeando odesejo da lei, padece do vício de desvio de poder ou definalidade e, como todo ato abusivo ou arbitrário, é ile-gítima.

O ato administrativo – vinculado ou discricionário –há de ser praticado com observância formal e ideológicada lei. Exato na forma e inexato no conteúdo, nos moti-vos ou nos fins, é sempre inválido. O discricionarismoda Administração não vai ao ponto de encobrir arbitrarie-dade, capricho, má-fé ou imoralidade administrativa. Daía justa advertência de Hauriou de que “a Administraçãodeve agir sempre de boa-fé, porque isto faz parte da suamoralidade”.

O abuso do poder tanto pode revestir a formacomissiva como a omissiva, porque ambas são capazesde afrontar a lei e causar lesão a direito individual doadministrado. “A inércia da autoridade administrativa –observou Caio Tácito – deixando de executar determi-nada prestação de serviços a que por lei está obrigada,lesa o patrimônio jurídico individual. É forma omissivade abuso do poder, quer o ato seja doloso ou culposo”.

Entre nós, o abuso do poder tem merecido sistemáticorepúdio da doutrina e da jurisprudência, e, para seu comba-te, o constituinte armou-nos com o remédio heróico domandado de segurança, cabível contra ato de qualquer au-toridade (CF, art. 5º, LXIX, e Lei nº 1.533/51), e assegu-rou a toda pessoa o direito de representação contra abusosde autoridades (art. 5º, XXXIV, a), complementando essesistema de proteção contra os excessos de poder com a Leinº 4.898, de 9/12/65, que pune criminalmente esses mes-mos abusos de autoridade.

O gênero abuso do poder ou abuso de autoridadereparte-se em duas espécies bem caracterizadas: o ex-cesso de poder e o desvio de finalidade.

Há, ainda, uma terceira forma de abuso de poder queé a omissão.

• Excesso de poder

O excesso de poder ocorre quando a autoridade,embora competente para praticar o ato, vai além dopermitido e exorbita no uso de suas faculdades ad-ministrativas.

Excede, portanto, sua competência legal e, com isso,invalida o ato, porque ninguém pode agir em nome daAdministração fora do que a lei lhe permite. O excesso de

poder torna o ato arbitrário, ilícito e nulo. É uma forma deabuso de poder que retira a legitimidade da conduta doadministrador público, colocando-o na ilegalidade e atémesmo no crime de abuso de autoridade quando incidenas previsões penais da Lei nº 4.898, de 9/12/65, que visaa melhor preservar as liberdades individuais já assegura-das na Constituição (art. 5º).

Essa conduta abusiva, através do excesso de poder,tanto se caracteriza pelo descumprimento frontal da lei,quando a autoridade age claramente além de sua compe-tência, como, também, quando ela contorna dissimulada-mente as limitações da lei, para arrogar-se poderes quenão lhe são atribuídos legalmente. Em qualquer dos ca-sos há excesso de poder, exercido com culpa ou dolo,mas sempre com violação da regra de competência, o queé o bastante para invalidar o ato assim praticado.

• Desvio de finalidade

O desvio de finalidade ou de poder verifica-se quan-do a autoridade, embora atuando nos limites de suacompetência, pratica o ato por motivos ou com fins di-versos dos objetivados pela lei ou exigidos pelo inte-resse público.

O desvio de finalidade ou de poder é, assim, a vio-lação ideológica da lei, ou, por outras palavras, a viola-ção moral da lei, colimando o administrador públicofins não queridos pelo legislador, ou utilizando moti-vos e meios imorais para a prática de um ato adminis-trativo aparentemente legal. Tais desvios ocorrem, porexemplo, quando a autoridade pública decreta umadesapropriação alegando utilidade pública, mas vi-sando, na realidade, a satisfazer interesse pessoalpróprio ou a favorecer algum particular com a sub-seqüente transferência do bem expropriado; ouquando outorga uma permissão sem interesse cole-tivo; ou, ainda, quando classifica um concorrente porfavoritismo, sem atender aos fins objetivados pela li-citação.

O ato praticado com desvio de finalidade – comotodo ato ilícito ou imoral – ou é consumado às escondi-das ou se apresenta disfarçado sob o capuz da legalidadee do interesse público. Diante disto, há de ser surpreen-dido e identificado por indícios e circunstâncias que re-velem a distorção do fim legal substituído habilidosa-mente por um fim ilegal ou imoral, não desejado pelolegislador. A propósito, já decidiu o STF que: “Indíciosvários e concordantes são prova”. Dentre os elementosindiciários do desvio de finalidade, está a falta de moti-vo ou a discordância dos motivos com o ato praticado.Tudo isso dificulta a prova do desvio de poder ou definalidade, mas não a torna impossível se recorrermosaos antecedentes do ato e à sua destinação presente efutura por quem o praticou.

A Lei Regulamentar da Ação Popular (Lei nº 4.717,de 29/6/65) já consigna o desvio de finalidade como ví-cio nulificador do ato administrativo lesivo do patrimôniopúblico e o considera caracterizado quando “o agentepratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explí-cita ou implicitamente, na regra de competência” (art. 2º, e,e parágrafo único). Com essa conceituação legal, o des-

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vio de finalidade entrou definitivamente para nosso Di-reito Positivo como causa de nulidade dos atos da Admi-nistração.

ÓRGÃOS PÚBLICOS

São centros de competências instituídos para o de-sempenho de funções estatais, através de seus agentes.

Os órgãos integram a estrutura do Estado e das de-mais pessoas jurídicas como partes desses corpos vi-vos, dotados de vontade e capazes de exercer direitos econtrair obrigações para a consecução de seus finsinstitucionais. Por isso mesmo, os órgãos não têm per-sonalidade jurídica nem vontade própria. Como partesdas entidades que integram, os órgãos são meros ins-trumentos de ação dessas pessoas jurídicas, preorde-nados ao desempenho das funções que lhes forem atribuí-das pelas normas de sua constituição e funcionamento.Para a eficiente realização de suas funções, cada órgão éinvestido de determinada competência, redistribuída en-tre seus cargos, com a correspondente parcela de podernecessária ao exercício funcional de seus agentes.

Classificação dos Órgãos Públicos

Realizando atividades governamentais e administra-tivas, os órgãos públicos classificam-se:

• Quanto à Posição Estatal

a) IndependentesSão os originários da Constituição e representati-

vos dos Poderes de Estado – Legislativo, Executivo eJudiciário – colocados no ápice da pirâmide governa-mental, sem qualquer subordinação hierárquica ou fun-cional, e só sujeitos aos controles constitucionais de umPoder pelo outro. Por isso, são também chamados ór-gãos primários do Estado. Esses órgãos detêm e exer-cem precipuamente as funções políticas, judiciais equase-judiciais outorgadas diretamente pela Constitui-ção, para serem desempenhadas pessoalmente por seusmembros (agentes políticos, distintos de seus servi-dores, que são agentes administrativos), segundo nor-mas especiais e regimentais.

Nessa categoria, encontram-se as CorporaçõesLegislativas (Congresso Nacional, Câmara dos Depu-tados, Senado Federal, Assembléias Legislativas, Câma-ras de Vereadores), as Chefias do Executivo (Presidên-cia da República, Governadorias dos Estados e do Dis-trito Federal, Prefeituras Municipais), os Tribunais Judi-ciários e os Juízes singulares (Supremo Tribunal Federal,Tribunais Superiores Federais, Tribunais Regionais Fe-derais, Tribunais de Justiça e de Alçada dos Estados-membros, Tribunais do Júri e Varas das Justiças Comume Especial). De-se incluir, ainda, nesta classe o Ministé-rio Público Federal e estadual e os Tribunais de Contasda União, dos Estados-membros e Municípios, os quaissão órgãos funcionalmente independentes e seus mem-bros integram a categoria dos agentes políticos, incon-fundíveis com os servidores das respectivas instituições.

b) AutônomosSão os localizados na cúpula da Administração, ime-

diatamente abaixo dos órgãos independentes e diretamen-te subordinados a seus chefes. Têm ampla autonomiaadministrativa, financeira e técnica, caracterizando-secomo órgãos diretivos, com funções precípuas de plane-jamento, supervisão, coordenação e controle das ativi-dades que constituem sua área de competência. Partici-pam das decisões governamentais e executam com auto-nomia as suas funções específicas, mas segundo diretri-zes dos órgãos independentes, que expressam as opçõespolíticas do governo.

São órgãos autônomos os Ministérios, as Secretariasde Estado e de Município, a Consultoria-Geral da Repúbli-ca e todos os demais órgãos subordinados diretamente aosChefes de Poderes, aos quais prestam assistência e auxílioimediatos. Seus dirigentes, em regra, não são funcionários,mas, sim, agentes políticos nomeados em comissão.

c) SuperioresSão os que detêm poder de direção, controle, deci-

são e comando dos assuntos de sua competência espe-cífica, mas sempre sujeitos à subordinação e ao contro-le hierárquico de uma chefia mais alta. Não gozam deautonomia administrativa nem financeira, que são atri-butos dos órgãos independentes e dos autônomos a quepertencem. Sua liberdade funcional restringe-se ao pla-nejamento e soluções técnicas, dentro da sua área decompetência, com responsabilidade pela execução, ge-ralmente a cargo de seus órgãos subalternos.

Nessa categoria, estão as primeiras repartições dosórgãos independentes e dos autônomos, com variadasdenominações, tais como Gabinetes, Secretarias-Gerais,Inspetorias-Gerais, Procuradorias Administrativas e Ju-diciais, Coordenadorias, Departamentos e Divisões. Onome dado ao órgão é irrelevante; o que importa paracaracterizá-lo como superior é a preeminência hierárquicana área de suas atribuições. Assim, num Ministério ounuma Secretaria de Estado, poderão existir tantos órgãossuperiores quantas forem as áreas em que o órgão autôno-mo se repartir para o melhor desempenho de suas atribui-ções.

d) SubalternosSão todos aqueles que se acham hierarquizados a ór-

gãos mais elevados, com reduzido poder decisório e pre-dominância de atribuições de execução. Destinam-se àrealização de serviços de rotina, tarefas de formalizaçãode atos administrativos, cumprimento de decisões superio-res e primeiras soluções em casos individuais, tais comoos que, nas repartições públicas, executam as atividades-meio e atendem ao público, prestando-lhe informações eencaminhando seus requerimentos, como são as portariase seções de expediente.

• Quanto à Estrutura

a) Órgãos simples ou unitáriosSão os constituídos por um só centro de competên-

cia. Essa unitariedade tem levado alguns autores a iden-tificar o órgão simples com o cargo de seu agente e como próprio agente, o que é um erro; o órgão é a unidade deação; o cargo é o lugar reservado ao agente; e o agente éa pessoa física que exercita as funções do órgão.

O que tipifica o órgão como simples ou unitário é a

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inexistência de outro órgão incrustado na sua estrutura,para realizar desconcentradamente sua função principalou para auxiliar seu desempenho. O número de seus car-gos e agentes não influi na unidade orgânica se esta émantida num único centro de competência, como ocorrenuma portaria, que é o órgão simples ou unitário, comdiversos cargos e agentes.

b) Órgãos compostosSão os que reúnem na sua estrutura outros órgãos

menores, com função principal idêntica (atividade-fimrealizada de maneira desconcentrada) ou com funçõesauxiliares diversificadas (atividades-meio atribuídas a vá-rios órgãos menores). Assim, uma Secretaria de Educa-ção – órgão composto – tem na sua estrutura muitas uni-dades escolares – órgãos menores com atividades-fim idên-ticas – e órgãos de pessoal, de material, de transporte, etc.– órgãos menores com atividades-meio diversificadas –que auxiliam a realização do ensino, mas todos eles inte-grados e hierarquizados ao órgão maior.

No órgão composto, o maior e de mais alta hierar-quia envolve os menores e inferiores, formando com elesum sistema orgânico, onde as funções são desconcen-tradas (e não descentralizadas), isto é, distribuídas a vá-rios centros de competência, que passam a realizá-las commais presteza e especialização, mas sempre sob a supervi-são do órgão mais alto e fiscalização das chefias imedia-tas, que têm o poder de avocação e de revisão dos atos dasunidades menores, salvo nos órgãos independentes.

• Quanto à Atuação Funcional

a) Órgãos singulares ou unipessoaisSão os que atuam e decidem através de um único

agente, que é seu chefe e representante. Esses órgãospodem ter muitos outros agentes auxiliares, como nor-malmente os têm, mas o que caracteriza sua singularida-de ou unipessoalidade é o desempenho de sua funçãoprecípua por um só agente investido como seu titular.São exemplos desses órgãos a Presidência da República,as Governadorias dos Estados, as Prefeituras Municipais,que concentram as funções executivas das respectivasentidades estatais, enfeixam-nas num só cargo de chefiasuprema e atribuem seu exercício a um único titular.

A formação e manifestação de vontade desses ór-gãos, ou seja, sua atuação funcional, não exigem forma-lidades nem procedimentos especiais, bastando a auten-ticação do chefe para que se torne eficaz nos limites desua competência legal.

b) Órgãos colegiados ou pluripessoaisSão todos aqueles que atuam e decidem pela mani-

festação conjunta e majoritária da vontade de seus mem-bros. Nos órgãos colegiados, não prevalece a vontadeindividual de seu Chefe ou Presidente, nem a de seusintegrantes isoladamente: o que se impõe e vale juridica-mente é a decisão da maioria, expressa na forma legal,regimental ou estatutária.

AGENTES PÚBLICOS

São todas as pessoas físicas incumbidas, definitivaou transitoriamente, do exercício de alguma função es-

tatal. Os agentes normalmente desempenham funçõesdo órgão, distribuídas entre os cargos de que são titula-res, mas, excepcionalmente, podem exercer funções semcargo.

a) Os cargos são os lugares criados no órgão paraserem providos por agentes que exercerão as suas fun-ções na forma legal. O cargo é lotado no órgão e o agen-te é investido no cargo. Por aí se vê que o cargo integra oórgão, ao passo que o agente, como ser humano, unica-mente titulariza o cargo para servir ao órgão.

b) As funções são os encargos atribuídos aos órgãos,cargos e agentes. Toda função é atribuída e delimitada pornorma legal. Essa atribuição e delimitação funcionais con-figuram a competência do órgão, do cargo e do agente, ouseja, a natureza da função e o limite de poder para o seudesempenho. Daí por que, quando o agente ultrapassa esselimite, atua com abuso ou excesso de poder.

Categorias ou Espécies

• Agentes Políticos

São os componentes do governo nos seus primeirosescalões, investidos em cargos, funções, mandatos ou co-missões; por nomeação; eleição, designação ou delega-ção, para o exercício de atribuições constitucionais e per-cebem como retribuição pecuniária subsídio. Esses agen-tes atuam com plena liberdade funcional, desempenhan-do suas atribuições com prerrogativas e responsabilida-des próprias, estabelecidas na Constituição e em leis espe-ciais. Não são servidores públicos, nem se sujeitam ao re-gime jurídico estatutário. Têm normas específicas para suaescolha, investidura, conduta e processo por crimes funcio-nais e de responsabilidades, que lhes são privativos.

Nessa categoria, encontram-se os Chefes de Exe-cutivo (Presidente da República, Governadores e Prefei-tos) e seus auxiliares imediatos (Ministros e Secretáriosde Estado e de Município); os membros das CorporaçõesLegislativas (Senadores, Deputados e Vereadores); osmembros do Poder Judiciário (Magistrados em geral);os membros do Ministério Público (Procuradores daRepública e da Justiça, Promotores e Curadores Públi-cos); os membros dos Tribunais de Contas (Ministros eConselheiros); os representantes diplomáticos e demaisautoridades que atuem com independência funcional nodesempenho de atribuições governamentais, judiciais ouquase-judiciais, estranhas ao quadro do servidor públi-co.

• Servidores Públicos

São todos aqueles que se vinculam ao Estado ou às suasentidades por relações profissionais, sujeitos à hierarquia fun-cional e ao regime jurídico da entidade e que servem ao pú-blico. São investidos em cargo ou emprego e com retribui-ção pecuniária, em regra por nomeação e, excepcionalmen-te, por contrato de trabalho.

Esses agentes ficam em tudo e por tudo sujeitos aoregime da entidade a que servem e às normas específicasdo órgão em que trabalham, e, para efeitos criminais,são considerados funcionários públicos, nos expressostermos do art. 327 do Código Penal.

Compreendem as seguintes espécies:

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a) servidores titulares de cargos públicos, (art. 37, II,CF e art. 2º da Lei nº 8.112/90). Servidor é a pessoa legal-mente investida em cargo público;

b) os contratados “por tempo determinado para aten-der à necessidade temporária de excepcional interesse pú-blico”, (art. 37, IX, CF), sob o vínculo empregatício, nasautarquias e fundações de direito público da União, dosEstados, do Distrito Federal e dos Municípios, assim comono Poder Legislativo e no Poder Judiciário na esfera ad-ministrativa (Lei nº 8.745/99 e Lei nº 9.949/99).

c) os contratados sob o regime de emprego (Leinº 9.962/99);

d) os empregados públicos, aqueles legalmente inves-tidos em emprego público (celetistas – DL nº 5.452/43);

e) os comissionados:– os ocupantes de cargo de livre nomeação e livre

exoneração. Aqueles nomeados em português e exone-rados em latim ad nutum (art. 37, V, CF).

• Agentes Honoríficos

São cidadãos convocados, designados ou nomeadospara prestar, transitoriamente, determinados serviços aoEstado, em razão de sua condição cívica, de suahonorabilidade ou de sua notória capacidade profissio-nal, mas sem qualquer vínculo empregatício ou estatutárioe, normalmente, sem remuneração. Tais serviços consti-tuem o chamado múnus público, ou serviços públicosrelevantes, de que são exemplos a função de jurado, demesário eleitoral, de comissário de menores, de presi-dente ou membro de comissão de estudo ou de julga-mento e outros dessa natureza.

Os agentes honoríficos não são servidores públicos,mas, momentaneamente, exercem uma função públicae, enquanto a desempenham, sujeitam-se à hierarquia edisciplina do órgão a que estão servindo, podendo per-ceber um pro labore e contar o período de trabalho comode serviço público. Sobre esses agentes eventuais doPoder Público não incidem as proibições constitucionaisde acumulação de cargos, funções ou empregos (art. 37,XVI e XVII), porque sua vinculação com o Estado é sem-pre transitória e a título de colaboração cívica, sem cará-ter empregatício. Somente para fins penais é que essesagentes são equiparados a funcionários públicos quantoaos crimes relacionados com o exercício da função, nosexpressos termos do art. 327 do Código Penal.

• Agentes Delegados

São particulares que recebem a incumbência da exe-cução de determinada atividade, obra ou serviço públicoe o realizam em nome próprio, por sua conta e risco, massegundo as normas do Estado e sob a permanente fisca-lização do delegante. Esses agentes não são servidorespúblicos, nem honoríficos, nem representantes do Esta-do; todavia, constituem uma categoria à parte de colabo-radores do Poder Público. Nessa categoria, encontram-se os concessionários e permissionários de obras e servi-ços públicos, os serventuários de ofícios ou cartórios não-estatizados, os leiloeiros, os tradutores e intérpretes pú-blicos, as demais pessoas que recebem delegação para aprática de alguma atividade estatal ou serviço de interes-se coletivo.

• Agentes Credenciados

São os que recebem a incumbência da Administra-ção para representá-la em determinado ato ou praticarcerta atividade específica, mediante remuneração do Po-der Público credenciante.

A Administração Pública Federal compreende a Ad-ministração direta e a Administração indireta.

Funcionário público, como dissemos, são aquelesagentes públicos que respondem por ilícitos penais (cri-mes funcionais e contravenções).

ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVADO ESTADO BRASILEIRO

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA (CENTRALIZAÇÃO)

A Administração direta é composta pelos órgãos in-tegrantes da Presidência da República e pelos Ministérios(Lei nº 9.649, de 27/5/98).

A Presidência da República é constituída, essencial-mente, pela Casa Civil, pela Secretaria Geral, pela Se-cretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégi-ca, pelo Gabinete Pessoal e pelo Gabinete de SegurançaInstitucional.

Integram a Presidência da República como órgãos deassessoramento imediato ao Presidente da República:

I - o Conselho de Governo;II - o Conselho de Desenvolvimento Econômico e So-

cial;III - o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e

Nutricional;IV - o Conselho Nacional de Política Energética;V - o Conselho Nacional de Integração de Políticas de

Transporte;VI - o Advogado-Geral da União;VII - a Assessoria Especial do Presidente da Repúbli-

ca;VIII - a Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidên-

cia da República;IX - o Porta-Voz da Presidência da República.Junto à Presidência da República funcionarão, como

órgãos de consulta do Presidente da República:I - o Conselho da República;II - o Conselho de Defesa Nacional.Integram ainda a Presidência da República:I - a Controladoria-Geral da União;II - a Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvi-

mento Econômico e Social;III - a Secretaria Especial de Políticas para as Mulhe-

res;IV - a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca;V - a Secretaria Especial dos Direitos Humanos.Os Ministérios são os seguintes:I - da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;II - da Assistência e Promoção Social;III - das Cidades;IV - da Ciência e Tecnologia;V - das Comunicações;VI - da Cultura;

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VII - da Defesa;VIII - do Desenvolvimento Agrário;IX - do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exte-

rior;X - da Educação;XI - do Esporte;XII - da Fazenda;XIII - da Integração Nacional;XIV - da Justiça;XV - do Meio Ambiente;XVI - de Minas e Energia;XVII - do Planejamento, Orçamento e Gestão;XVIII - da Previdência Social;XIX - das Relações Exteriores;XX - da Saúde;XXI - do Trabalho e Emprego;XXII - dos Transportes.XXIII - do Turismo.São Ministros de Estado os titulares dos Ministérios,

o Chefe da Casa Civil, o Chefe do Gabinete de SegurançaInstitucional, o Chefe da Secretaria de Comunicação deGoverno e Gestão Estratégica e o Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, o Advogado-Geralda União e o Controlador-Geral da União.

Os assuntos que constituem área de competência decada Ministério são os seguintes:

I - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-cimento:

a) política agrícola, abrangendo produção e comer-cialização, abastecimento, armazenagem e garantia depreços mínimos;

b) produção e fomento agropecuário, inclusive dasatividades de heveicultura;

c) mercado, comercialização e abastecimento agrope-cuário, inclusive estoques reguladores e estratégicos;

d) informação agrícola;e) defesa sanitária animal e vegetal;f) fiscalização dos insumos utilizados nas atividades

agropecuárias e da prestação de serviços no setor;g) classificação e inspeção de produtos e derivados

animais e vegetais, inclusive em ações de apoio às ativi-dades exercidas pelo Ministério da Fazenda, relativamenteao comércio exterior;

h) proteção, conservação e manejo do solo, voltadosao processo produtivo agrícola e pecuário;

i) pesquisa tecnológica em agricultura e pecuária;j) meteorologia e climatologia;1) cooperativismo e associativismo rural;m) energização rural, agroenergia, inclusive eletrifi-

cação rural;n) assistência técnica e extensão rural;o) política relativa ao café, açúcar e álcool;p) planejamento e exercício da ação governamental

nas atividades do setor agroindustrial canavieiro.

II - Ministério da Assistência e Promoção Social:a) política nacional de assistência social;b) normatização, orientação, supervisão e avaliação

da execução da política de assistência social;c) orientação, acompanhamento, avaliação e super-

visão de planos, programas e projetos relativos à área daassistência social;

d) articulação, coordenação e avaliação dos progra-mas sociais do governo federal;

e) gestão do Fundo Nacional de Assistência Social;f) aprovação dos orçamentos gerais do Serviço So-

cial da Indústria (SESI), do Serviço Social do Comércio(SESC) e do Serviço Social do Transporte (SEST).

III - Ministério das Cidades:a) política de desenvolvimento urbano;b) políticas setoriais de habitação, saneamento

ambiental, transporte urbano e trânsito;c) promoção, em articulação com as diversas esferas

de governo, com o setor privado e organizações não-go-vernamentais, de ações e programas de urbanização, dehabitação, de saneamento básico e ambiental, transporteurbano, trânsito e desenvolvimento urbano;

d) política de subsídio à habitação popular, sanea-mento e transporte urbano;

e) planejamento, regulação, normatização e gestãoda aplicação de recursos em políticas de desenvolvimen-to urbano, urbanização, habitação, saneamento básico eambiental, transporte urbano e trânsito;

f) participação na formulação das diretrizes geraispara conservação dos sistemas urbanos de água, bem as-sim para a adoção de bacias hidrográficas como unidadesbásicas do planejamento e gestão do saneamento.

IV - Ministério da Ciência e Tecnologia:a) política nacional de pesquisa científica e tecno-

lógica;b) planejamento, coordenação, supervisão e controle

das atividades da ciência e tecnologia;c) política de desenvolvimento de informática e

automação;d) política nacional de biossegurança;e) política espacial;f) política nuclear;g) controle da exportação de bens e serviços sensí-

veis.

V - Ministério das Comunicações:a) política nacional de telecomunicações, inclusive

radiodifusão;b) regulamentação, outorga e fiscalização de serviços

de telecomunicações;c) controle e administração do uso do espectro de

radiofreqüências;d) serviços postais.

VI - Ministério da Cultura:a) política nacional de cultura;b) proteção do patrimônio histórico e cultural;c) aprovar a delimitação das terras dos remanescen-

tes das comunidades dos quilombos, bem como determi-nar as suas demarcações, que serão homologadas mediantedecreto.

VII - Ministério da Defesa:a) política de defesa nacional;b) política e estratégia militares;c) doutrina e planejamento de emprego das Forças

Armadas;d) projetos especiais de interesse da defesa nacional;e) inteligência estratégica e operacional no interesse

da defesa;

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f) operações militares das Forças Armadas;g) relacionamento internacional das Forças Armadas;h) orçamento de defesa;i) legislação militar;j) política de mobilização nacional;1) política de ciência e tecnologia nas Forças Arma-

das;m) política de comunicação social nas Forças Arma-

das;n) política de remuneração dos militares e pensionis-

tas;o) política nacional de exportação de material de

emprego militar, bem como fomento às atividades de pes-quisa e desenvolvimento, produção e exportação emáreas de interesse da defesa e controle da exportação dematerial bélico de natureza convencional;

p) atuação das Forças Armadas, quando couber, nagarantia da lei e da ordem, visando a preservação da or-dem pública e da incolumidade das pessoas e do patri-mônio, bem como sua cooperação com o desenvolvimentonacional e a defesa civil e ao apoio ao combate a delitostransfronteiriços e ambientais;

q) logística militar;r) serviço militar;s) assistência à saúde, social e religiosa das Forças

Armadas;t) constituição, organização, efetivos, adestramento

e aprestamento das forças navais, terrestres e aéreas;u) política marítima nacional;v) segurança da navegação aérea e do tráfego aquaviá-

rio e salvaguarda da vida humana no mar;x) política aeronáutica nacional e atuação política

nacional de desenvolvimento das atividades aeroes-paciais;

z) infra-estrutura aeroespacial, aeronáutica e aeropor-tuária.

VIII - Ministério do Desenvolvimento Agrário:a) reforma agrária;b) promoção do desenvolvimento sustentável do seg-

mento rural constituído pelos agricultores familiares.

IX - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Co-mércio Exterior:

a) política de desenvolvimento da indústria, do comér-cio e dos serviços;

b) propriedade intelectual e transferência de tecno-logia;

c) metrologia, normalização e qualidade industrial;d) políticas de comércio exterior;e) regulamentação e execução dos programas e ativi-

dades relativas ao comércio exterior;f) aplicação dos mecanismos de defesa comercial;g) participação em negociações internacionais relati-

vas ao comércio exterior;h) formulação da política de apoio à microempresa,

empresa de pequeno porte e artesanato;i) execução das atividades de registro do comércio.

X - Ministério da Educação:a) política nacional de educação;b) educação infantil;c) educação em geral, compreendendo ensino funda-

mental, ensino médio, ensino superior, educação de jo-vens e adultos, educação profissional, educação especiale educação a distância, exceto ensino militar;

d) avaliação, informação e pesquisa educacional;e) pesquisa e extensão universitária;f) magistério.

XI - Ministério do Esporte:a) política nacional de desenvolvimento da prática

dos esportes;b) intercâmbio com organismos públicos e privados,

nacionais, internacionais e estrangeiros, voltados à pro-moção do esporte;

c) estímulo às iniciativas públicas e privadas de in-centivo às atividades esportivas;

d) planejamento, coordenação, supervisão e avalia-ção dos planos e programas de incentivo aos esportes ede ações de democratização da prática esportiva e inclu-são social por intermédio do esporte.

XII - Ministério da Fazenda:a) moeda, crédito, instituições financeiras, capitali-

zação, poupança popular, seguros privados e previdênciaprivada aberta;

b) política, administração, fiscalização e arrecadaçãotributária e aduaneira;

c) administração financeira, controle interno, audito-ria e contabilidade públicas;

d) administração das dívidas públicas interna e ex-terna;

e) negociações econômicas e financeiras com gover-nos, organismos multilaterais e agências governamentais;

f) preços em geral e tarifas públicas e administradas;g) fiscalização e controle do comércio exterior;h) realização de estudos e pesquisas para acompa-

nhamento da conjuntura econômica;i) autorizar, ressalvadas as competências do Conse-

lho Monetário Nacional:1. a distribuição gratuita de prêmios a título de pro-

paganda quando efetuada mediante sorteio, vale-brinde,concurso ou operação assemelhada;

2. as operações de consórcio, fundo mútuo e outrasformas associativas assemelhadas, que objetivem a aqui-sição de bens de qualquer natureza;

3. a venda ou promessa de venda de mercadorias avarejo, mediante oferta pública e com recebimento ante-cipado, parcial ou total, do respectivo preço;

4. a venda ou promessa de venda de direitos, inclusi-ve cotas de propriedade de entidades civis, tais como hos-pital, motel, clube, hotel, centro de recreação ou aloja-mento e organização de serviços de qualquer naturezacom ou sem rateio de despesas de manutenção, medianteoferta pública e com pagamento antecipado do preço;

5. a venda ou promessa de venda de terrenos loteadosa prestações mediante sorteio;

6. qualquer outra modalidade de captação antecipa-da de poupança popular, mediante promessa de con-traprestação em bens, direitos ou serviços de qualquernatureza;

7. exploração de loterias, inclusive os “Sweepstakes”e outras modalidades de loterias realizadas por entidadespromotoras de corridas de cavalos.

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XIII - Ministério da Integração Nacional:a) formulação e condução da política de desenvolvimen-

to nacional integrada;b) formulação dos planos e programas regionais de

desenvolvimento;c) estabelecimento de estratégias de integração das

economias regionais;d) estabelecimento das diretrizes e prioridades

na aplicação dos recursos dos programas de financia-mento de que trata a alínea c do inciso I do art. 159 daConstituição Federal;

e) estabelecimento das diretrizes e prioridades naaplicação dos recursos do Fundo de Desenvolvimento daAmazônia e do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste;

f) estabelecimento de normas para cumprimento dosprogramas de financiamento dos fundos constitucionaise das programações orçamentárias dos fundos de investi-mentos regionais;

g) acompanhamento e avaliação dos programas inte-grados de desenvolvimento nacional;

h) defesa civil;i) obras contra as secas e de infra-estrutura hídrica;j) formulação e condução da política nacional de

irrigação;1) ordenação territorial;m) obras públicas em faixas de fronteiras.

XIV - Ministério da Justiça:a) defesa da ordem jurídica, dos direitos políticos e

das garantias constitucionais;b) política judiciária;c) direitos dos índios;d) entorpecentes, segurança pública, Polícias Federal,

Rodoviária e Ferroviária Federal e do Distrito Federal;e) defesa da ordem econômica nacional e dos direi-

tos do consumidor;f) planejamento, coordenação e administração da

política penitenciária nacional;g) nacionalidade, imigração e estrangeiros;h) ouvidoria-geral dos índios e do consumidor;i) ouvidoria das polícias federais;j) assistência jurídica, judicial e extrajudicial, inte-

gral e gratuita, aos necessitados, assim considerados em lei;l) defesa dos bens e dos próprios da União e das entida-

des integrantes da Administração Pública Federal indireta;m) articular, integrar e propor as ações do Governo

nos aspectos relacionados com as atividades de repressãoao uso indevido, do tráfico ilícito e da produção não au-torizada de substâncias entorpecentes e drogas que cau-sem dependência física ou psíquica.

XV - Ministério do Meio Ambiente:a) política nacional do meio ambiente e dos recursos

hídricos;b) política de preservação, conservação e utilização

sustentável de ecossistemas, e biodiversidade e florestas;c) proposição de estratégias, mecanismos e instru-

mentos econômicos e sociais para a melhoria da qualida-de ambiental e do uso sustentável dos recursos naturais;

d) políticas para integração do meio ambiente e pro-dução;

e) políticas e programas ambientais para a AmazôniaLegal;

f) zoneamento ecológico-econômico.

XVI - Ministério de Minas e Energia:a) geologia, recursos minerais e energéticos;b) aproveitamento da energia hidráulica;c) mineração e metalurgia;d) petróleo, combustível e energia elétrica, inclusive

nuclear.

XVII - Ministério do Planejamento, Orçamento eGestão:

a) participação na formulação do planejamento es-tratégico nacional;

b) avaliação dos impactos socioeconômicos das po-líticas e programas do Governo Federal e elaboração deestudos especiais para a reformulação de políticas;

c) realização de estudos e pesquisas para acompa-nhamento da conjuntura socioeconômica e gestão dos sis-temas cartográficos e estatísticos nacionais;

d) elaboração, acompanhamento e avaliação do pla-no plurianual de investimentos e dos orçamentos anuais;

e) viabilização de novas fontes de recursos para osplanos de governo;

f) formulação de diretrizes, coordenação das negocia-ções, acompanhamento e avaliação dos financiamentosexternos de projetos públicos com organismos multilate-rais e agências governamentais;

g) coordenação e gestão dos sistemas de planejamentoe orçamento federal, de pessoal civil, de organização emodernização administrativa, de administração de recur-sos da informação e informática e de serviços gerais;

h) formulação de diretrizes e controle da gestão dasempresas estatais;

i) acompanhamento do desempenho fiscal do setorpúblico;

j) administração patrimonial;1) política e diretrizes para modernização do Estado.

XVIII - Ministério da Previdência Social:a) previdência social;b) previdência complementar.

XIX - Ministério das Relações Exteriores:a) política internacional;b) relações diplomáticas e serviços consulares;c) participação nas negociações comerciais, econô-

micas, técnicas e culturais, com governos e entidades es-trangeiras;

d) programas de cooperação internacional;e) apoio a delegações, comitivas e representações

brasileiras em agências e organismos internacionais emultilaterais.

XX - Ministério da Saúde:a) política nacional de saúde;b) coordenação e fiscalização do Sistema Único de

Saúde;c) saúde ambiental e ações de promoção, proteção e

recuperação da saúde individual e coletiva, inclusive ados trabalhadores e dos índios;

d) informações de saúde;e) insumos críticos para a saúde;f) ação preventiva em geral, vigilância e controle sa-

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nitário de fronteiras e de portos marítimos, fluviais e aé-reos;

g) vigilância de saúde, especialmente drogas, medica-mentos e alimentos;

h) pesquisa científica e tecnologia na área de saúde.

XXI - Ministério do Trabalho e Emprego:a) política e diretrizes para a geração de emprego e

renda e de apoio ao trabalhador;b) política e diretrizes para a modernização das rela-

ções de trabalho;c) fiscalização do trabalho, inclusive do trabalho por-

tuário, bem como aplicação das sanções previstas em nor-mas legais ou coletivas;

d) política salarial;e) formação e desenvolvimento profissional;f) segurança e saúde no trabalho;g) política de imigração.

XXII - Ministério dos Transportes:a) política nacional de transportes ferroviário, rodo-

viário e aquaviário;b) marinha mercante, portos e vias navegáveis;c) participação na coordenação dos transportes

aeroviários.

XXIII - Ministério do Turismo:a) política nacional de desenvolvimento do turismo;b) promoção e divulgação do turismo nacional, no

País e no exterior;c) estímulo às iniciativas públicas e privadas de in-

centivo às atividades turísticas;d) planejamento, coordenação, supervisão e avalia-

ção dos planos e programas de incentivo ao turismo.

O CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚ-BLICA FEDERAL

A fiscalização contábil, financeira, orçamentária,operacional e patrimonial dos órgãos e entidades da Ad-ministração Pública Federal é exercida pelo CongressoNacional, mediante Controle Externo e Controle Internode cada Poder.

O controle exercido pelo Poder Legislativo realiza-semediante constituição de Comissões Parlamentares de In-quérito – CPI e pelo Tribunal de Contas da União – TCU.

O Tribunal de Contas da União é responsável pela apre-ciação de contas, prestada pelo Presidente da República edemais responsáveis, por bens, valores e dinheiros públicosdos órgãos e entidades da Administração Pública Federal.

No Poder Executivo, a atividade de Controle Internoé efetuada, principalmente, pelo Sistema de Controle In-terno, com o apoio dos demais sistemas de atividadesauxiliares nele existentes.

A Procuradoria Geral da República também exercefunções de controle.

SISTEMAS DE CONTROLE

Os órgãos centrais dos Sistemas de Controle do Po-der Executivo encontram-se localizados no Ministério daFazenda e no Ministério do Planejamento, Orçamento eGestão e na Advocacia-Geral da União. Cada sistema

possui órgãos setoriais nos Ministérios e Secretarias daPresidência da República e órgãos seccionais nasAutarquias e Fundações Públicas.

Nos Ministérios Civis, a Secretaria Executiva exerceo papel de órgão setorial dos Sistemas de Pessoal Civil –SIPEC, de Organização e Modernização Administrativa– SOMAD, de Administração dos Recursos de Informa-ção e Informática – SISP, de Serviços Gerais – SISG e dePlanejamento e Orçamento, por intermédio das Subse-cretarias de Assuntos Administrativos e de Planejamentoe Orçamento a ele subordinados.

Estão subordinados ao Ministério da Fazenda os ór-gãos centrais do Sistema de Controle Interno e de Pro-gramação Financeira.

Ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges-tão subordinam-se os órgãos centrais do Sistema de Pes-soal Civil – SIPEC, do Sistema de Serviços Gerais – SISGe do Sistema de Administração dos Recursos de Informa-ção e Informática do Setor Público – SISP.

Conceito de Sistema

É um conjunto de partes interdependentes que inte-ragem entre si para a consecução de uma mesma finali-dade.

Na Administração Pública Federal, existem sistemasque servem de suporte ao funcionamento das atividadesfinalísticas dos órgãos e entidades.

Características

São as seguintes as principais características dos sis-temas de suporte, já institucionalizados na Administra-ção Pública Federal:

– são especializados em um conjunto de atividadesda mesma natureza;

– são supridores de recursos para o funcionamentoda APF;

– possuem órgãos normativos e órgãos executores;– atuam no sentido horizontal, ou seja, permeiam to-

das as instituições públicas;– existe uma atividade de retroalimentação entre seus

componentes.

Forma de Atuação dos SistemasOs órgãos integrantes dos sistemas atuam da seguin-

te forma:

a) Funções do órgão centralO órgão central é responsável pela formulação das

diretrizes relativas à sua área de atuação, pela elaboraçãodas normas de funcionamento do sistema, pela supervi-são, coordenação e acompanhamento e avaliação daimplementação das diretrizes e aplicação das normas.

b) Funções dos órgãos setoriais e seccionaisOs órgãos setoriais e seccionais planejam, acompa-

nham, executam e avaliam as atividades inerentes a suaárea específica.

SISTEMAS DO PODER EXECUTIVOOs principais sistemas de suporte às atividades

finalísticas, do Poder Executivo Federal são:– Sistema de Controle Interno – SCI;– Sistema de Planejamento e Orçamento – SPO;

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– Sistema de Organização e Modernização Adminis-trativa – SOMAD;

– Sistema de Administração dos Recursos de Infor-mação e Informática do Setor Público – SISP;

– Sistema de Serviços Gerais – SISG;– Sistema de Pessoal Civil – SIPEC;– Sistema de Contabilidade Federal – SICON.

a) Sistema de Controle Interno

FinalidadeO Sistema de Controle Interno do Poder Executivo

Federal tem as seguintes finalidades:– avaliar o cumprimento das metas previstas no pla-

no plurianual, a execução dos programas de governo edos orçamentos da União;

– comprovar a legalidade e avaliar os resultados,quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, fi-nanceira e patrimonial nos órgãos e nas entidades da Ad-ministração Pública Federal, bem como da aplicação derecursos públicos por entidades de direito privado;

– exercer o controle das operações de crédito, avais egarantias, bem como dos direitos e haveres da União;

– apoiar o controle externo no exercício de sua mis-são institucional.

EstruturaEste sistema constitui-se de um órgão central, órgãos

setoriais, unidades seccionais e regionais.O órgão central é a Secretaria Federal de Controle*,

que atua através das seguintes unidades organizacionais:• do Conselho Consultivo de Controle Interno;• da Secretaria do Tesouro Nacional.As unidades seccionais de Controle Interno integram

a Secretaria Federal de Controle e são as Secretarias deControle Interno dos Ministérios Civis, exceto no Minis-tério das Relações Exteriores.

As unidades regionais integram, também, a Secreta-ria Federal de Controle e são as Delegacias Federais deControle dos Estados.

Faz parte ainda da Secretaria Federal de Controle aCorregedoria-Geral do Sistema de Controle Interno.

As áreas de programação financeira dos órgãos daAdministração direta são subordinadas tecnicamente àSecretaria do Tesouro Nacional.

Os órgãos setoriais subordinam-se, tecnicamente, àSecretaria Federal de Controle e à Secretaria do TesouroNacional.

b) Sistema de Planejamento e de Orçamento

FinalidadesO Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal

tem por finalidade:– formular o planejamento estratégico nacional;– formular planos nacionais, setoriais e regionais de

desenvolvimento econômico e social;– formular o plano plurianual, as diretrizes orçamen-

tárias e os orçamentos anuais;– gerenciar o processo de planejamento e orçamento

federal;

* O Decreto nº 4.177, de 28/3/2002, transfere para a estrutura da CorregedoriaGeral da União a Secretaria Federal de Controle Interno e a Comissão de

Coordenação de Controle Interno.

– promover a articulação com os Estados, o DistritoFederal e os Municípios, visando a compatibilização denormas e tarefas afins aos diversos Sistemas, nos planosfederal, estadual, distrital e municipal.

Organização e CompetênciasO Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal

compreende as atividades de elaboração, acompanhamen-to e avaliação de planos, programas e orçamentos, e derealização de estudos e pesquisas socioeconômicas.

Integram o Sistema de Planejamento e de OrçamentoFederal:

– o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,como órgão central;

– órgãos setoriais;– órgãos específicos.Os órgãos setoriais são as unidades de planejamento

e orçamento dos Ministérios, da Advocacia-Geral daUnião, da Vice-Presidência e da Casa Civil da Presidên-cia da República.

Os órgãos específicos são aqueles vinculados ou su-bordinados ao órgão central do Sistema, cuja missão estávoltada para as atividades de planejamento e orçamento.

Os órgãos setoriais e específicos ficam sujeitos à orien-tação normativa e à supervisão técnica do órgão central doSistema, sem prejuízo da subordinação ao órgão em cujaestrutura administrativa estiverem integrados.

As unidades de planejamento e orçamento das enti-dades vinculadas ou subordinadas aos Ministérios e ór-gãos setoriais ficam sujeitas à orientação normativa e àsupervisão técnica do órgão central e também, no quecouber, do respectivo órgão setorial.

O órgão setorial da Casa Civil da Presidência da Re-pública tem como área de atuação todos os órgãos inte-grantes da Presidência da República, ressalvados outrosdeterminados em legislação específica.

c) Sistema de Organização e Modernização Admi-nistrativa – SOMAD

FinalidadesSão finalidades deste sistema:– definição das competências dos órgãos e entida-

des;– organização e desenvolvimento institucional dos

órgãos da Administração Pública;– racionalização de métodos e procedimentos admi-

nistrativos;– fusão, extinção e transformação de órgãos e enti-

dades;– reforma administrativa, modernização e ordena-

mento institucional.

EstruturaO órgão central do sistema é o Ministério do Planeja-

mento, Orçamento e Gestão por intermédio da Secretariade Estado da Administração e de Patrimônio.

Os órgãos setoriais são as Secretarias Executivas dosMinistérios Civis por intermédio das Subsecretarias deAssuntos Administrativos e das unidades que atuam naárea de organização e modernização dos órgãos da Presi-dência e dos Ministérios Militares.

Os órgãos seccionais são as unidades que atuam nas

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áreas de organização e modernização administrativa dasFundações e Autarquias.

d) Sistema de Administração dos Recursos de Infor-mação e Informática – SISP

FinalidadePlanejamento, coordenação, organização e supervi-

são dos recursos de informação e informática.

EstruturaO órgão central do sistema é o Ministério do Planeja-

mento, Orçamento e Gestão, que atua por intermédio daSecretaria de Recursos Logísticos e do Departamento deInformação e Informática.

Os órgãos setoriais são as Secretarias Executivas dosMinistérios Civis por intermédio das Subsecretarias deAssuntos Administrativos e das Unidades de Informáticados Ministérios Militares e órgãos da Presidência.

São órgãos seccionais as áreas de informática dasautarquias e fundações.

e) Sistema de Serviços Gerais – SISG

FinalidadePlanejamento, coordenação, organização e supervi-

são das atividades de:– administração de edifícios públicos;– material;– transporte;– comunicações administrativas;– licitações e contratos.

EstruturaO órgão central é o Ministério do Planejamento, Or-

çamento e Gestão por intermédio da Secretaria de Estadoda Administração e do Patrimônio.

Os órgãos setoriais são as Secretarias Executivas dosMinistérios Civis por intermédio das Subsecretarias deAssuntos Administrativos e das Unidades de ServiçosGerais dos Ministérios Militares e dos órgãos da Presi-dência.

Os órgãos seccionais são as unidades responsáveispelas atividades de serviços gerais nas autarquias e fun-dações.

f) Sistema Pessoal Civil – SIPEC

FinalidadePlanejamento, coordenação, organização e supervisão

das atividades de:– remuneração;– carreira;– seguridade social;– cadastro;– auditoria pessoal;– desenvolvimento e capacitação de pessoal;– seleção e recrutamento.

EstruturaO órgão central é o Ministério do Planejamento, Or-

çamento e Gestão da Secretaria da Administração e doPatrimônio.

Os órgãos setoriais são as Secretarias Executivas dos

Ministérios Civis, por intermédio das Subsecretarias deAssuntos Administrativos das áreas de pessoal civil.

g) Sistema de Contabilidade Federal – SICON

FinalidadeO Sistema de Contabilidade Federal visa a eviden-

ciar a situação orçamentária, financeira e patrimonial daUnião.

O Sistema de Contabilidade Federal tem por finali-dade registrar os atos e fatos relacionados com a admi-nistração orçamentária, financeira e patrimonial da Uniãoe evidenciar:

– as operações realizadas pelos órgãos ou entidadesgovernamentais e os seus efeitos sobre a estruturado patrimônio da União;

– os recursos dos orçamentos vigentes, as alteraçõesdecorrentes de créditos adicionais, as receitas previstae arrecadada, a despesa empenhada, liquidada e pagaà conta desses recursos e as respectivas disponibilida-des;

– perante a Fazenda Pública, a situação de todosquantos, de qualquer modo, arrecadem receitas,efetuem despesas, administrem ou guardem bensa ela pertencentes ou confiados;

– a situação patrimonial do ente público e suas va-riações;

– os custos dos programas e das unidades da Adminis-tração Pública Federal;

– a aplicação dos recursos da União, por unidade daFederação beneficiada;

– a renúncia de receitas de órgãos e entidades federais.As operações de que resultem débitos e créditos de

natureza financeira não compreendidas na execução or-çamentária serão, também, objeto de registro, individua-lização e controle contábil.

O Sistema de Contabilidade Federal compreende asatividades de registro, de tratamento e de controle dasoperações relativas à administração orçamentária, finan-ceira e patrimonial da União, com vistas à elaboração dedemonstrações contábeis.

Integram o Sistema de Contabilidade Federal:– a Secretaria do Tesouro Nacional, como órgão

central;– órgãos setoriais.

EstruturaOs órgãos setoriais são as unidades de gestão interna

dos Ministérios, da Advocacia-Geral da União e da CasaCivil da Presidência da República.

O órgão de gestão interna da Casa Civil exercerá tam-bém as atividades de órgão setorial contábil de todos osórgãos integrantes da Presidência da República, da Vice-Presidência da República, além de outros determinadosem legislação específica.

Os órgãos setoriais ficam sujeitos à orientaçãonormativa e à supervisão técnica do órgão central do Sis-tema, sem prejuízo da subordinação ao órgão em cujaestrutura administrativa estiverem integrados.

Compete às unidades responsáveis pelas atividadesdo Sistema de Contabilidade Federal:

– manter e aprimorar o Plano de Contas Único daUnião;

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– estabelecer normas e procedimentos para o ade-quado registro contábil dos atos e dos fatos da ges-tão orçamentária, financeira e patrimonial nos ór-gãos e nas entidades da Administração PúblicaFederal;

– com base em apurações de atos e fatos inquinadosde ilegais ou irregulares, efetuar os registros perti-nentes e adotar as providências necessárias àresponsabilização do agente, comunicando o fatoà autoridade a quem o responsável esteja subordi-nado e ao órgão ou unidade do Sistema de Con-trole Interno;

– instituir, manter e aprimorar sistemas de informa-ção que permitam realizar a contabilização dos atose fatos de gestão orçamentária, financeira epatrimonial da União e gerar informações geren-ciais necessárias à tomada de decisão e à supervi-são ministerial;

– realizar tomadas de contas dos ordenadores dedespesa e demais responsáveis por bens e valorespúblicos e de todo aquele que der causa a perda,extravio ou outra irregularidade que resulte danoao erário;

– elaborar os Balanços Gerais da União;– consolidar os balanços da União, dos Estados, do Dis-

trito Federal e dos Municípios, com vistas à elabora-ção do Balanço do Setor Público Nacional;

– promover a integração com os demais Poderes eesferas de governo em assuntos de contabilidade.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA (DESCENTRA-LIZAÇÃO)

Espécies e Atributos

As pessoas jurídicas que integram a Administraçãoindireta da União – autarquias, fundações públicas, em-presas públicas e sociedades de economia mista – apre-sentam três pontos em comum: autonomia, personalida-de jurídica e patrimônio próprio. A autarquia, pessoa ju-rídica de direito público, realiza um serviço destacado daAdministração direta, exercendo, assim, atividades típi-cas da Administração Pública; a fundação pública, tam-bém pessoa jurídica de direito público, realiza atividadesapenas de interesse público; a empresa pública, pessoajurídica de direito privado, revestindo qualquer das for-mas admitidas em Direito, com capital exclusivo da União,tem por finalidade a exploração de atividade econômicapor força de contingência ou de conveniência adminis-trativa; a sociedade de economia mista, pessoa jurídicade direito privado, constituída sob a forma de sociedadeanônima e sob o controle majoritário da União ou de ou-tra entidade da Administração indireta, tem também porobjetivo a exploração de atividade econômica.

A vinculação das entidades da Administração indire-ta aos Ministérios traduz-se pela supervisão ministerial,que tem por objetivos principais a verificação dos resul-tados, a harmonização de suas atividades com a política ea programação do Governo, a eficiência de sua gestão e amanutenção de sua autonomia administrativa, operacionale financeira, através dos meios de controle.

• Administração Indireta

É composta por entidades que possuem personalida-de jurídica própria, e são responsáveis pela execução deatividades de Governo que necessitam ser desenvolvidasde forma descentralizada.

As entidades da Administração indireta vinculam-seao Ministério em cuja área de competência enquadra-sesua principal atividade e classificam-se em Autarquias,Fundações Públicas, Empresas Públicas e Sociedades deEconomia Mista.

a) AutarquiasEntidade criada por lei específica, com personalida-

de jurídica de direito público, patrimônio e receitas pró-prios, para executar atividades típicas da AdministraçãoPública de natureza administrativa, que requeiram, paraseu melhor funcionamento, gestão administrativa e finan-ceira descentralizada.

Exs.: INSS – Instituto Nacional do Seguro Social.BACEN – Banco Central do Brasil.

b) Fundação públicaEntidade dotada de personalidade jurídica de direito

público ou de direito privado, sem fins lucrativos, criadaem virtude de lei autorizativa e registro em órgão compe-tente ou por lei específica, para o desenvolvimento deatividades que não exijam execução por órgãos ou enti-dades de direito público, com autonomia administrativa,patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos dedireção, e funcionamento custeado por recursos da Uniãoe de outras fontes. Caberá a Lei Complementar dizer asua área de atuação (art. 37, XIX, CF).

Exs.: IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Apli-cada.

ENAP – Fundação Escola Nacional de Administra-ção Pública.

c) Empresa públicaEntidade dotada de personalidade jurídica de direito

privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo doGoverno, criada para exploração de atividade econômicaque o Governo seja levado a exercer por força de contin-gência ou conveniência administrativa, podendo revestir-se de qualquer das formas societárias admitidas em direito.

Exs.: ECT – Empresa Brasileira de Correios e Te-légrafos.

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesqui-sa Agropecuária.

d) Sociedade de economia mistaEntidade dotada de personalidade jurídica de direito

privado, instituída mediante lei autorizadora e registro emórgão próprio para exploração de atividade econômica,sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com di-reito a voto pertençam, em sua maioria absoluta, à União(se Federal) ou a entidade da Administração indireta.

Exs.: PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A.BB – Banco do Brasil S.A.

Características Comuns às Entidades da Adminis-tração Indireta:

I - são pessoas administrativas (não legislam);

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II - possuem autonomia administrativa e financeira,mas não política;

III - possuem patrimônio e personalidade próprios;IV - sujeitam-se à licitação (Lei nº 8.666/93);V - vinculadas aos órgãos da Administração direta;VI - produzem atos de administração e atos adminis-

trativos;VII - a elas se aplica a vedação constitucional para

acumulação de cargos públicos (art. 37, XVII, da Consti-tuição Federal);

VIII - o ingresso em seus quadros dar-se-á por con-curso público (art. 37, II da Constituição Federal);

IX - seus atos gozam de presunção de veracidade,auto-executoriedade e imperatividade;

X - o seu pessoal é agente público.

• Características ou Atributos Comuns àsAutarquias e Fundações:

I - possuem personalidade jurídica de direito públi-co, sendo que as Fundações poderão ser criadas com per-sonalidade jurídica de direito privado;

II - criadas sem fins lucrativos;III - seu pessoal é servidor público regido pela Lei

nº 8.112/90, quando federais;IV - gozam de imunidade de impostos e outros privi-

légios como impenhorabilidade de seus bens;V - têm suas causas julgadas pela Justiça Federal, exceto

as de acidente de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e àJustiça do Trabalho (Vide arts. 109 e 144 da CF).

Exs.:EMBRATURUSP especiaisBACEN

AUTARQUIASCNENCVMINSS

FNSIBGE

FUNDAÇÕES IPEAFUNAIFIOCRUZ

A principal diferença entre as autarquias e fun-dações está na finalidade. Enquanto as autarquias rea-lizam atividades típicas de Estado (administrativas),as fundações desempenham atividades atípicas deEstado: assistência social, recreativa e educativa (ca-ráter social), pesquisa e estudos técnicos (IBGE,IPEA, etc.).

Características ou Atributos Comuns àsEmpresas Públicas e às Sociedades de Economia Mista:(Empresas Estatais)

I - possuem personalidade jurídica de direito privado;II - são empresas estatais ou governamentais;III - podem ter lucro (superávit);IV - podem explorar atividades de natureza ecôno-

mica e até industrial;

V - seu pessoal é empregado público, regido pelaCLT;

VI - suas causas trabalhistas são julgadas pela justiçado trabalho;

VII - as exploradoras de atividades econômicas po-dem vir a falir.

A principal diferença entre elas está na formação docapital social. Enquanto nas sociedades de economiamista a maioria absoluta, no mínimo, do capital votante(50% + uma ação ordinária) pertence ao Poder Público;nas empresas públicas é de 100% a participação do Es-tado na formação do capital.

Obs.: As sociedades de economia mista são criadas so-mente sob a forma de S.A., regidas por Estatuto So-cial, sendo que se prestadoras de serviços não sesujeitam à falência, podendo seus bens serem pe-nhorados e executados e a Controladora responde-rá, subsidiariamente, pela Controlada.Exs.:

ECTCEF

EMPRESAS EMBRAPAPÚBLICAS CASA DA MOEDA DO BRASIL

SERPRORADIOBRÁS

BANCO DO BRASILSOCIEDADES DE

BANCOS ESTADUAISECONOMIA MISTA

PETROBRAS

ORGANIZAÇÕES SOCIAIS (LEI Nº 9.637, DE 15/5/98)

São entidades paraestatais dotadas de personalidadejurídica de direito privado, sem fins lucrativos, cujos ati-vidades estatutárias sejam dirigidas ao ensino, à pesqui-sa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à prote-ção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde.

Organização Social (OS) é uma qualificação, um tí-tulo, que a Administração outorga a uma entidade priva-da, sem fins lucrativos, para que ela possa receber deter-minados benefícios do Poder Público (dotaçõesorçamentárias, isenções fiscais, etc.) para a realizaçãode atividades necessariamente de interesse coletivo.

O objetivo da criação das Organizações Sociais foiencontrar instrumento que permitisse a transferência paraelas de certas atividades exercidas pelo Poder Público eque melhor seriam pelo setor privado. Trata-se, na ver-dade, de uma forma de parceria, com a valorização doterceiro setor, ou seja, serviço de interesse público, masque não necessite ser prestado pelos órgãos e entidadesgovernamentais.

As pessoas qualificadas como organizações sociaisdevem portanto, observar três fundamentos principais:

1º) devem ter personalidade jurídica de direito pri-vado;

2º) não podem ter fins lucrativos; e3º) devem destinar-se ao ensino, à cultura, à saúde, à

pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e àpreservação do meio ambiente.

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O instrumento que permitirá a qualificação pelo Po-der Público das entidades em Organizações Sociais é oContrato de Gestão para o fim de formar a parcerianecessária ao fomento das atividades já mencionadas.

O Projeto Organizações Sociais, no âmbito do Pro-grama Nacional de Publicização (PNP), tem como obje-tivo permitir a publicização de atividades no setor de pres-tação de serviços não-exclusivos, baseado no pressupos-to de que esses serviços ganharão em qualidade: serãootimizados mediante menor utilização de recursos, comênfase nos resultados, de forma mais flexível e orienta-dos para o cliente-cidadão mediante controle social.

As atividades estatais publicizáveis, aquelas não-exclusivas de Estado, correspondem aos setores onde oEstado atua simultaneamente com outras organizaçõesprivadas, tais como educação, saúde, cultura e proteçãoambiental.

Organizações Sociais (OS) são um modelo de orga-nização pública não-estatal destinado a absorver ativida-des publicizáveis mediante qualificação específica.Trata-se de uma forma de propriedade pública não-esta-tal, constituída pelas associações civis sem fins lucrati-vos, que não são propriedade de nenhum indivíduo ougrupo e estão orientadas diretamente para o atendimentodo interesse público.

As OS são um modelo de parceria entre o Estado e asociedade. O Estado continuará a fomentar as atividadespublicizadas e exercerá sobre elas um controle estratégi-co: demandará resultados necessários ao atingimento dosobjetivos das políticas públicas. O contrato de gestão é oinstrumento que regulará as ações das OS.

As OS tornam mais fácil e direto o controle social,por meio da participação nos conselhos de administraçãodos diversos segmentos representativos da sociedade ci-vil, ao mesmo tempo que favorece seu financiamento viacompra de serviços e doações por parte da sociedade. Nãoobstante, gozam de uma autonomia administrativa muitomaior do que aquela possíveè dentro do aparelho do Es-tado. Em compensação, seus dirigentes são chamados aassumir uma responsabilidade maior, em conjunto com asociedade, na gestão da instituição e na melhoria da efi-ciência e da qualidade dos serviços, atendendo melhor ocidadão-cliente a um custo menor.

As Organizações Sociais constituem uma inovaçãoinstitucional, embora não representem uma nova figurajurídica, inserindo-se no marco legal vigente sob a formade associações civis sem fins lucrativos. Estarão, portan-to, fora da Administração Pública, como pessoas jurídi-cas de direito privado. A novidade será, de fato, a suaqualificação, mediante decreto, como Organização Social,em cada caso.

Qualificada como Organização Social, a entidadeestará habilitada a receber recursos financeiros e a admi-nistrar bens e equipamentos do Estado. Em contrapartida,ela se obrigará a celebrar um contrato de gestão, por meiodo qual serão acordadas metas de desempenho que asse-gurem a qualidade e a efetividade dos serviços prestadosao público.

Na sua implantação e durante o seu pleno funciona-mento, o novo modelo poderá ser avaliado com rigor etransparência, porque o Congresso Nacional terá ativaparticipação em todo o processo. Assim, a qualificaçãodessas entidades, na maior parte dos casos, deverá ocor-

rer concomitantemente à extinção de congênere, inte-grante da Administração Pública. Incumbirá ao Congres-so Nacional decidir pela extinção da entidade, sendo quea Organização Social qualificada para absorver suas ati-vidades adotará a denominação e os símbolos da entida-de extinta. Além disso, anualmente, as dotações desti-nadas à execução dos contratos de gestão entre o Estadoe cada instituição deverão estar expressamente previs-tas na Lei Orçamentária e ser aprovadas pelo Congres-so.

Na condição de entidades de direito privado, as Orga-nizações Sociais tenderão a assimilar características degestão cada vez mais próximas das praticadas no setor pri-vado, o que deverá representar, entre outras vantagens: acontratação de pessoal nas condições de mercado; a ado-ção de normas próprias para compras e contratos; e amplaflexibilidade na execução do seu orçamento.

Não é correto, contudo, entender o modelo propos-to para as Organizações Sociais como um simples con-vênio de transferência de recursos. Os contratos evinculações mútuas serão mais profundos e permanen-tes, porque as dotações destinadas a essas instituiçõesintegrarão o Orçamento da União, cabendo às mesmasum papel central na implementação das políticas sociaisdo Estado.

Por outro lado, a desvinculação administrativa emrelação ao Estado não deve ser confundida com umaprivatização de entidades da administração pública. AsOrganizações Sociais não serão negócio privado, masinstituições públicas que atuam fora da AdministraçãoPública para melhor se aproximarem das suas clientelas,aprimorando seus serviços e utilizando com mais respon-sabilidade e economicidade os recursos públicos.

O Estado não deixará de controlar a aplicação dosrecursos que estará transferindo a essas instituições, maso fará por meio de um instrumento inovador e mais efi-caz: o controle por resultados, estabelecidos em contra-to de gestão. Além disso, a direção superior dessas ins-tituições será exercida por um conselho de administra-ção, com participação de representantes do Estado e dasociedade. Para evitar a oligarquização do controle so-bre essas entidades, os mandatos dos representantes dasociedade estarão submetidos a regras que limitam arecondução e obrigam à renovação periódica dos con-selhos.

A implantação das Organizações Sociais ensejaráverdadeira revolução na gestão da prestação de serviçosna área social. A disseminação do formato proposto –entidades públicas não-estatais – concorrerá para um novomodelo, onde o Estado tenderá à redução de sua dimen-são enquanto máquina administrativa, alcançando, entre-tanto, maior eficácia na sua atuação.

Vantagens das Organizações Sociais

O modelo institucional das Organizações Sociaisapresenta vantagens claras sobre outras formas de orga-nizações estatais atualmente responsáveis pela execuçãode atividades não-exclusivas.

Do ponto de vista da gestão de recursos, as Organiza-ções Sociais não estão sujeitas às normas que regulam a ges-tão de recursos humanos, orçamento e finanças, compras econtratos na Administração Pública. Com isso, há um signi-

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ficativo ganho de agilidade e qualidade na seleção,contratação, manutenção e desligamento de funcionários,que, enquanto celetistas, estão sujeitos a plano de cargose salários e regulamento próprio de cada Organização So-cial, ao passo que as organizações estatais estão sujeitasàs normas do Regime Jurídico Único dos Servidores Pú-blicos, a concurso público, ao SIAPE e à tabela salarialdo setor público.

Verifica-se também nas Organizações Sociais um ex-pressivo ganho de agilidade e qualidade nas aquisições debens e serviços, uma vez que seu regulamento de comprase contratos não se sujeita ao disposto na Lei nº 8.666/93 eao SIASG. Esse ganho de agilidade reflete-se, sobretudo,na conservação do patrimônio público cedido à Organiza-ção Social ou patrimônio porventura adquirido com recur-sos próprios.

Do ponto de vista da gestão orçamentária e financei-ra as vantagens do modelo Organizações Sociais são sig-nificativas: os recursos consignados no Orçamento Geralda União para execução do contrato de gestão com asOrganizações Sociais constituem receita própria da Or-ganização Social, cuja alocação e execução não se sujei-tam aos ditames da execução orçamentária, financeira econtábil governamentais operados no âmbito do SIAFI esua legislação pertinente; sujeitam-se a regulamento eprocessos próprios.

No que se refere à gestão organizacional em geral, avantagem evidente do modelo Organizações Sociais é oestabelecimento de mecanismos de controle finalísticos,ao invés de meramente processualísticos, como no casoda Administração Pública. A avaliação da gestão de umaOrganização Social dar-se-á mediante a avaliação do cum-primento das metas estabelecidas no contrato de gestão,ao passo que nas entidades estatais o que predomina é ocontrole dos meios, sujeitos a auditorias e inspeções dasCISETs e do TCU.

Exemplos de OS: – Associação das Pioneiras Sociais– Fundação Roquete Pinto– Laboratório de Luz Síncroton

AGÊNCIAS REGULADORAS

Como o processo de privatização instituído pelo Go-verno Federal (Lei nº 9.635, de 15/5/98) com o objetivoestratégico de, entre outros fins, reduzir o déficit público esanear as finanças governamentais, para tanto transferindoà iniciativa privada atividades que o Estado exercia, houvea necessidade de instituir entidades reguladoras com a fun-ção principal de controlar, em toda a sua extensão, as pres-tações dos serviços públicos e o exercício de atividades eco-nômicas.

Agências Reguladoras são pessoas jurídicas de di-reito público interno, criadas por lei específica sob a for-ma de autarquia especial, integrante de Administraçãoindireta, para desempenharem atividades típicas de Es-tado. Integra o 2º setor (serviços exclusivos), junto comas agências executivas.

Foram criadas, então, as Agências Reguladoras:ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica;ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações; eANP – Agência Nacional do Petróleo.

Agências Executivas (Lei nº 9.649, de 27/5/98, arts.51 e 52)

A denominação Agência Executiva é uma qualifi-cação a ser concedida, por decreto presidencial específi-co, a autarquias e fundações públicas, responsáveis poratividades e serviços exclusivos do Estado. O ProjetoAgências Executivas, portanto, não institui uma nova fi-gura jurídica na Administração Pública, nem promovequalquer alteração nas relações de trabalho dos servido-res das instituições que venham a ser qualificadas.

É também importante ressaltar que a inserção de umainstituição no Projeto se dá por adesão, ou seja, os órgãos eentidades responsáveis por atividades exclusivas do Esta-do candidatam-se à qualificação, se assim o desejar a pró-pria instituição e, obviamente, seu Ministério supervisor.

Não basta, entretanto, a manifestação da vontade dasinstituições e respectivos Ministérios. Conforme estabe-lecido na Lei nº 9.649, de 27 de maio de 1998, a qualificaçãode uma instituição como Agência Executiva exige, comopré-requisitos básicos, que a instituição candidata tenha:a) um plano estratégico de reestruturação e desenvolvi-mento institucional em andamento e b) um Contrato deGestão, firmado com o Ministério supervisor.

Do primeiro pré-requisito – plano estratégico – de-vem resultar, entre outras, ações de aprimoramento daqualidade da gestão da instituição, com vistas à melhoriados resultados decorrentes de sua atuação, do atendimen-to aos seus clientes e usuários e da utilização dos recur-sos públicos.

O Contrato de Gestão, por sua vez, estabelecerá ob-jetivos estratégicos e metas a serem atingidos pela insti-tuição, em determinado período de tempo, assim comoos indicadores que permitirão mensurar seu desempenhona consecução dos compromissos pactuados no contrato.

Além dos pré-requisitos anteriormente expostos, um ou-tro aspecto distingue as autarquias e fundações qualifica-das como Agências Executivas das demais: o grau de au-tonomia de gestão que se pretende conceder às institui-ções qualificadas.

Com a ampliação de sua autonomia de gestão,busca-se oferecer às instituições qualificadas como Agên-cias Executivas melhores condições de adaptação às alte-rações no cenário em que atuam – inclusive com relaçãoàs demandas e expectativas de seus clientes e usuários –e de aproveitamento de situações e circunstâncias favo-ráveis ao melhor gerenciamento dos recursos públicos,sempre com vistas ao cumprimento de sua missão.

A concessão de autonomias, entretanto, está subor-dinada à assinatura do Contrato de Gestão com o Minis-tério supervisor, no qual se firmarão, de comum acordo,compromissos de resultados.

Ex.: INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia,Normalização e Qualidade Industrial).

O Contrato de Gestão como um Compromissode Resultados

O contrato de gestão é um compromisso institucional,firmado entre o Estado, por intermédio de seus ministé-rios, e uma entidade pública estatal, a ser qualificada comoAgência Executiva, ou uma entidade não-estatal, qualifi-cada como Organização Social.

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Seu propósito é contribuir ou reforçar o atingimentode objetivos de políticas públicas, mediante o desenvol-vimento de um programa de melhoria da gestão, com vis-tas a atingir uma superior qualidade do produto ou servi-ço prestado ao cidadão. Um contrato de gestão especificametas (e respectivos indicadores), obrigações, responsa-bilidades, recursos, condicionantes, mecanismos de ava-liação e penalidades.

Por parte do Poder Público contratante, o contrato degestão é um instrumento de implementação, supervisão eavaliação de políticas públicas, de forma descentraliza-da, racionalizada e autonomizada, na medida em que vin-cula recursos ao atingimento de finalidades públicas.

Por outro lado, no âmbito interno das organizações (es-tatais ou não-estatais) contratadas, o contrato de gestão secoloca como um instrumento de gestão estratégica, na me-dida em que direciona a ação organizacional, assim como amelhoria da gestão, aos cidadãos/clientes beneficiários dedeterminadas políticas públicas.

O contrato de gestão, enquanto instrumento-chaveque regula o relacionamento entre ministérios e entida-des (estatais ou não-estatais) executoras de atividades sobsua supervisão, destina-se, principalmente, a:

– clarificar o foco da instituição, interna e externa-mente;

– oferecer uma base para se proceder à comparaçãoentre o atual desempenho da instituição e o desempenhodesejado;

– definir níveis de responsabilidade e responsabili-zação;

– possibilitar o controle social, por resultados e porcomparação com outras instituições.

O contrato de gestão, assim como a conclusão dasavaliações do desempenho da instituição, deverá ser tor-nado público, a fim de se consolidar como o instrumentode acompanhamento e avaliação do desempenho da ins-tituição, tanto por parte do ministério supervisor, do Legis-lativo e do Judiciário, quanto da sociedade.

Como instrumento de acompanhamento, o contratode gestão permitirá a definição e a adoção de estratégiasde ação que se mostrem necessárias para oferecer à insti-tuição melhores condições para o atingimento dos objeti-vos e metas acordados. Além disso, o acompanhamentodo desempenho institucional pelo contrato de gestão per-mitirá que se redefinam os objetivos e metas pactuados,caso as circunstâncias em que atua a instituição soframalterações que justifiquem uma redefinição. Por outrolado, o contrato também se prestará à avaliação do de-sempenho dos gestores da instituição.

• Conteúdo BásicoO contrato de gestão deve ser um documento flexí-

vel e dinâmico. Flexível, porque seus elementos bási-cos devem comportar ajustes decorrentes de situaçõespeculiares. Dinâmico, porque deve espelhar a realida-de, estando, portanto, sujeito a mudanças na medida emque se modificarem os objetivos ou o contexto das polí-ticas públicas para as quais está orientado.

São as seguintes as partes básicas de um contrato degestão:

a) disposições estratégicas: objetivos da políticapública à qual se refere, missão, objetivos estratégicos emetas institucionais com seus respectivos planos de ação;

b) indicadores de desempenho: forma de represen-tação quantificável, e também de natureza qualitativa,para mensuração do atingimento das metas propostas,tendo como base um determinado padrão de excelência,adotado ou convencionado, para julgamento da adequa-ção do nível de realização de cada meta programada,considerando o horizonte de tempo da avaliação;

c) definição de meios e condições para execuçãodas metas pactuadas: tais como recursos (orçamentários,patrimônio, pessoal etc.), níveis de autonomia, flexibi-lidades;

d) sistemática de avaliação: tri ou quadrimestralmenteo ministério supervisor e a instituição deverão programarreuniões de acompanhamento e avaliação, para a verifi-cação objetiva do grau de atingimento das metas, combase nos seus indicadores. Os resultados alcançados de-verão ser objeto de análise, pelo ministério supervisor,que norteará as correções necessárias de rumo, para pos-sibilitar a plena eficácia do instrumento. Durante esseacompanhamento, é importante a avaliação da eficáciade seus indicadores, podendo, em comum acordo com oministério supervisor, alterá-los por meio de aditivos aocontrato, caso se mostrem inadequados à aferição que sepretende realizar. Os relatórios parciais e final deverãoser encaminhados ao ministério supervisor, para parecertécnico, o qual será encaminhado ao MPOG.

ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSEPÚBLICO � OSCIP

A Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999, dispõe sobrea qualificação de pessoas jurídicas de direito privado semfins lucrativos como Organizações da Sociedade Civil deInteresse Público (OSCIP), e institui e disciplina o Termode Parceria.

Para obter a qualificação de Organizações daSociedade Civil de Interesse Público/OSCIP, uma enti-dade deve atender aos requisitos dos arts. 1º, 2º, 3º, 4º e5º da Lei nº 9.790/99, ou seja:

• ser pessoa jurídica de direito privado sem finslucrativos;

• atender aos objetivos sociais e às normasestatutárias previstas na Lei;

• apresentar cópias autenticadas dos documentosexigidos.

De acordo com o art. 16 do Código Civil, as organi-zações do Terceiro Setor podem assumir a forma jurídicade sociedades civis ou associações civis ou, ainda,fundações de direito privado.

É considerada sem fins lucrativos, conforme § 1º doart. 1º da Lei nº 9.790/99:

“(...) a pessoa jurídica de direito privado que nãodistribui, entre os seus sócios ou associados,conselheiros, diretores, empregados ou doadores,eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos,dividendos, bonificações, participações ou parcelasdo seu patrimônio, auferidos mediante o exercício desuas atividades, e que os aplica integralmente naconsecução do respectivo objeto social”.

As OSCIPs devem estar voltadas para oalcance de objetivos sociais que tenham pelo menos

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uma das seguintes finalidades, conforme art. 3º da Leinº 9.790/99:

I - promoção da assistência social (o que inclui,de acordo com o art. 30 da Lei Orgânica daAssistência Social/LOAS, Lei nº 8.742/93, a proteçãoà família, à maternidade, à infância, à adolescência,à velhice ou às pessoas portadoras de deficiência oua promoção gratuita de assistência à saúde ou àeducação ou ainda a integração ao mercado detrabalho);

II - promoção gratuita da educação, obser-vando-se a forma complementar de participação (oDecreto nº 3.100/99, art. 6º, define a promoçãogratuita da educação e da saúde como os serviçosprestados com recursos próprios, excluídas quaisquerformas de cobranças, arrecadações compulsórias econdicionamentos a doações ou contrapartidas);

III - promoção gratuita da saúde, observando-sea forma complementar de participação;

IV - promoção da cultura, defesa e conservaçãodo patrimônio histórico e artístico;

V - promoção da segurança alimentar enutricional;

VI - defesa, preservação e conservação do meioambiente e promoção do desenvolvimento susten-tável;

VII - promoção do voluntariado;VIII - promoção de direitos estabelecidos, cons-

trução de novos direitos e assessoria jurídica gratuitade interesse suplementar;

IX - promoção da ética, da paz, da cidadania,dos direitos humanos, da democracia e de outrosvalores universais;

X - promoção do desenvolvimento econômico esocial e combate à pobreza;

XI - experimentação, não-lucrativa, de novosmodelos socioeducativos e de sistemas alternativos deprodução, comércio, emprego e crédito;

XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento detecnologias alternativas, produção e divulgação deinformações e conhecimentos técnicos e científicosque digam respeito às atividades supramencionadas.

TERMO DE PARCERIA

A qualificação como OSCIP não significa necessaria-mente que a entidade irá firmar Termo de Parceria comórgãos governamentais e, portanto, receber recursospúblicos para a realização de projetos.

Para firmar o Termo de Parceria, o órgão estatal temque manifestar interesse em promover a parceria comOSCIPs. Além disso, o órgão estatal indicará as áreas nasquais deseja firmar parcerias e os requisitos técnicos eoperacionais para isso, podendo realizar concursos paraa seleção de projetos.

A própria OSCIP também pode propor a parceria,apresentando seu projeto ao órgão estatal. Nesse caso, oórgão governamental irá avaliar a relevância pública doprojeto e sua conveniência em relação a seus programase políticas públicas, tanto quanto os benefícios para opúblico-alvo.

De qualquer modo, a decisão final sobre a efetivação

de um Termo de Parceria cabe ao Estado, que deveráatestar previamente o regular funcionamento da OSCIP(Decreto nº 3.100/99, art. 9º).

CONCURSO DE PROJETOS

O órgão estatal pode escolher a OSCIP com a qualirá celebrar um Termo de Parceria por meio de concursode projetos (Decreto nº 3.100/99, arts. 23 a 31), que é aforma de seleção mais democrática, transparente eeficiente.

O edital do concurso deve conter informações sobreprazos, condições, forma de apresentação das propostas,critérios de seleção e julgamento e valores a seremdesembolsados.

O julgamento é feito por uma comissão designadapelo órgão estatal, que avalia o conjunto das propostasdas OSCIPs. Não são aceitos como critérios de julgamentoquaisquer aspectos – jurídicos, administrativos, técnicosou operacionais – que não tenham sido estipulados noedital do concurso (Decreto nº 3.100/99, arts. 23 a 31).

De acordo com o art. 4º da Lei nº 9.790/99, o estatutode uma OSCIP deve dizer claramente que a entidade:

I - observa os princípios constitucionais dalegalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade,economicidade e eficiência;

II - adota práticas de gestão administrativa quecoíbem a obtenção, de forma individual ou coletiva,de benefícios ou vantagens pessoais, em decorrênciada participação nos processos decisórios;

III - possui um conselho fiscal ou órgão equi-valente, dotado de competência para opinar sobre osrelatórios de desempenho financeiro e contábil e sobreas operações patrimoniais realizadas, emitindopareceres para os organismos superiores da entidade;

IV - prevê, em caso de dissolução da entidade,que seu patrimônio líquido será transferido a outrapessoa jurídica qualificada como OSCIP, preferen-cialmente que tenha o mesmo objeto social;

V - prevê, na hipótese de perda da qualificaçãode OSCIP, que a parcela do seu patrimônio que houversido formada com recursos públicos será transferidaa outra pessoa jurídica qualificada como OSCIP, pre-ferencialmente que tenha o mesmo objeto social.

A nova Lei nº 9.790/99 tem como objetivos especí-ficos:

I - qualificar as organizações do Terceiro Setorpor meio de critérios simples e transparentes, criandouma nova qualificação, qual seja, Organização daSociedade Civil de Interesse Público/ OSCIP. Estanova qualificação inclui as formas recentes de atuaçãodas organizações da sociedade civil e exclui aquelasque não são de interesse público, que se voltam paraum círculo restrito de sócios ou que estão (ou deve-riam estar) abrigadas em outra legislação;

II - incentivar a parceria entre as OSCIPs e oEstado, por meio do Termo de Parceria, um novoinstrumento jurídico criado para promover o fomentoe a gestão das relações de parceria, permitindo anegociação de objetivos e metas e também o

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monitoramento e a avaliação dos resultadosalcançados;

III - implementar mecanismos adequados decontrole social e responsabilização das organizaçõescom o objetivo de garantir que os recursos de origemestatal administrados pelas OSCIPs sejam, de fato,destinados a fins públicos.

A Lei nº 9.790/99 foi regulamentada pelo Decretonº 3.100, de 30 de junho de 1999. Os procedimentos paraa obtenção da qualificação das entidades comoOrganizações da Sociedade Civil de Interesse Públicoforam disciplinados pelo Ministério da Justiça por meioda Portaria nº 361, de 27 de julho de 1999.

A Lei nº 9.790/99 foi elaborada com o principalobjetivo de fortalecer o Terceiro Setor, que constitui hojeuma orientação estratégica em virtude da sua capacidadede gerar projetos, assumir responsabilidades, empreenderiniciativas e mobilizar pessoas e recursos necessários aodesenvolvimento social do País. Nele estão incluídasorganizações que se dedicam à prestação de serviços nasáreas de saúde, educação e assistência social, à defesados direitos de grupos específicos da população, aotrabalho voluntário, à proteção ao meio ambiente, àconcessão de microcrédito, dentre outras.

A entidade que deseja se qualificar como OSCIP devefazer uma solicitação formal ao Ministério da Justiça, naCoordenação de Outorga e Títulos da Secretaria Nacionalde Justiça, anexando ao pedido cópias autenticadas emcartório de todos os documentos relacionados a seguir.

1. Estatuto registrado em Cartório.2. Ata de eleição de sua atual diretoria.3. Balanço patrimonial.4. Demonstração do resultado do exercício.5. Declaração de Isenção do Imposto de Renda

(Declaração de Informações Econômico-fiscais da PessoaJurídica – DIPJ), acompanhada do recibo de entrega,referente ao ano-calendário anterior.

6. Inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes/Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CGC/CNPJ).

Em relação às exigências do estatuto – A ata de eleiçãoda diretoria da entidade, assim como os demaisdocumentos, deve ser xerocopiada e autenticada emcartório antes de ser enviada ao Ministério da Justi-ça.

É importante destacar que a qualificação como OSCIPintroduzida pela nova Lei nº 9.790/99 não substitui aDeclaração de Utilidade Pública Federal, fornecida peloMinistério da Justiça, e o Certificado de Fins Filantrópicos,fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social/CNAS. A legislação que rege essas qualificações conti-nuará vigorando concomitantemente à Lei nº 9.790/99.

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO

LegalidadeSignifica que o administrador público está, em

toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamen-tos da lei e às exigências do bem comum, e deles não sepode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inváli-do e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e cri-minal, conforme o caso.

Na Administração Pública, não há liberdade nemvontade pessoal. Enquanto na administração particularé lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administra-ção Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza oupermite. A lei para o particular significa “pode fazer as-sim”; para o administrador público, significa “deve fa-zer assim”.

Exceções ao princípio de legalidade:Medida Provisória; Atos de Gestão, aqueles em que

o Poder Público comparece em condições de igualdadecom o particular, fazendo tudo que a lei não proíbe.

MoralidadeO agente administrativo, como ser humano dotado

da capacidade de atuar, deve, necessariamente, distin-guir o bem do mal, o honesto do desonesto. E, ao atuar,não poderá desprezar o elemento ético de sua conduta.Assim, não terá que decidir somente entre o legal e oilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconve-niente, o oportuno e o inoportuno, mas também entre ohonesto e o desonesto.

A moral administrativa é imposta ao agente públicopara sua conduta interna, segundo as exigências da insti-tuição a que serve e a finalidade de sua ação: o bem co-mum.

A moralidade administrativa está intimamente ligadaao conceito do “bom administrador” que “é aquele que, usan-do de sua competência legal, se determina não só pelos pre-ceitos vigentes, mas também pela moral comum”. Há deconhecer, assim, as fronteiras do lícito e do ilícito, do justoe do injusto nos seus efeitos.

ImpessoalidadeNada mais é que o clássico princípio da finalidade, o

qual impõe ao administrador público que só pratique oato para o seu fim legal. E o fim legal é unicamente aque-le que a norma de Direito indica, expressa ou virtualmen-te, como objetivo do ato, de forma impessoal.

E a finalidade terá sempre um objetivo certo einafastável de qualquer ato administrativo: o interessepúblico. Todo ato que se apartar desse objetivo sujeitar-se-á à invalidação por desvio de finalidade, que a nossalei da ação popular conceituou como o “fim diverso da-quele previsto, explícita ou implicitamente, na regra decompetência” do agente.

Desde que o princípio da finalidade exige que o atoseja praticado sempre com finalidade pública, o admi-nistrador fica impedido de buscar outro objetivo ou depraticá-lo no interesse próprio ou de terceiros.

Dispositivo Constitucional:

Art. 37. ..............................................................§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras,

serviços e campanhas dos órgãos públicos deveráter caráter educativo, informativo ou de orientaçãosocial, dela não podendo constar nomes, símbolosou imagens que caracterizem promoção pessoal deautoridades ou servidores públicos.

PublicidadeÉ a divulgação oficial do ato para conhecimento pú-

blico e início de seus efeitos externos. Daí por que as leis,atos e contratos administrativos, que produzem conse-

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qüências jurídicas fora dos órgãos que os emitem, exigempublicidade para adquirirem validade universal, isto é,perante as partes e terceiros.

A publicidade não é elemento formativo do ato; érequisito de eficácia e moralidade. Por isso mesmo, osatos irregulares não se convalidam com a publicação, nemos regulares a dispensam para sua exeqüibilidade, quan-do a lei ou o regulamento a exige.

Em princípio, todo ato administrativo deve ser publi-cado, porque pública é a Administração que o realiza, sóse admitindo sigilo nos casos de segurança nacional, in-vestigações policiais ou interesse superior da Adminis-tração a ser preservado em processo previamente decla-rado sigiloso.

EficiênciaÉ o mais moderno princípio de Administração Públi-

ca que já não se contenta em que os seus agentes desem-penhem suas atividades apenas com legalidade emoralidade (ética); exigindo resultados positivos para oServiço Público e satisfatório atendimento das necessi-dades da comunidade, de seus membros.

Eficiência consiste em realizar as atribuições de umafunção pública com competência, presteza, perfeição erendimento funcional, buscando, com isso, superar asexpectativas do cidadão-cliente.

A Reforma Administrativa Federal (Emenda Consti-tucional nº 19/98), ao consagrar o princípio da eficiênciaadministrativa, recomenda a demissão ou dispensa doservidor público comprovadamente ineficiente e desidiosono exercício da função pública.

FinalidadeÀ Administração Pública é permitido praticar tão-

somente, atos voltados para o interesse público. Veda-se, com isso, a edição de atos destituídos desse fim oupré-ordenados para satisfazer interesses privados, aexemplo da desapropriação de bens para doá-los a parti-cular ou como medida de mera perseguição política. É oque se denomina desvio de finalidade quando o ato de-satende ao fim precípuo da lei. Assim, o ato que favore-ce ou persegue interesses particulares é nulo por desvio definalidade ou de poder, conforme prescreve o art. 2º, pará-grafo único, e, da Lei Federal nº 4.717/65, Lei da AçãoPopular.

ContinuidadeOs serviços públicos essenciais não podem parar,

porque as demandas sociais não param. Não se admite aparalisação dos serviços de segurança pública, de dis-tribuição de justiça, de saúde, funerários, etc. Por essarazão, não se concebe a greve nos serviços dessa natu-reza e em segurança da comunidade. A Constituição daRepública, no art. 37, VII, dispõe que o direito de greveserá exercido nos termos e nos limites definidos em leiespecífica. Para os militares, a greve está proibida, con-forme prescreve o art. 42, IV, CF. Assim, se para osservidores públicos civis o exercício do direito de grevedepende de regulamentação, o mesmo não é necessárioem relação aos servidores militares, dada a clara vedaçãoque, a esse respeito, lhes impôs a Constituição Federal.

IndisponibilidadeOs bens, direitos, interesse e serviços públicos não

se acham à livre disposição dos órgãos públicos, a quemapenas cabe curá-los, ou do agente público, mero gestorda coisa pública. Aqueles e este não são seus senhoresou seus donos, cabendo-lhes por isso tão-só o dever deguardá-los e aprimorá-los para a finalidade a que estãovinculados. O detentor dessa disponibilidade é o Esta-do. Por essa razão, há necessidade de lei e licitaçãopara alienar bens públicos ou outorga de concessão deserviço público, para relevar a prescrição.

AutotutelaA Administração Pública está obrigada a rever os seus

atos e contratos em relação ao mérito e à legalidade. Cabe-lhe, assim, retirar do ordenamento jurídico os atos incon-venientes e inoportunos e os ilegais. Os primeiros por meioda revogação e os últimos mediante anulação.

O art. 53 da Lei nº 9.784/99 estabelece, in verbis: “aAdministração deve anular seus próprios atos, quandoeivados de vício de legalidade, e pode revogá-los pormotivo de conveniência ou oportunidade, respeitadosos direitos adquiridos”.

Supremacia do Interesse PúblicoNo confronto entre os interesses públicos e parti-

culares há de prevalecer o interesse público.A aplicabilidade desse princípio, não significa o to-

tal desrespeito ao interesse privado, já que a Administra-ção deve obediência ao direito adquirido, à coisa julgadae ao ato jurídico perfeito, consoante prescreve a Consti-tuição Federal (art. 5º, XXXVI).

IgualdadeA Constituição Federal, no art. 5º, estabelece que,

sem distinção de qualquer natureza, todos são iguais pe-rante a lei. É o princípio da igualdade ou isonomia. As-sim, todos os iguais em face da lei também o são perantea Administração Pública. Todos, portanto, têm o direitode receber da Administração Pública o mesmo tratamen-to, se iguais. Se iguais nada pode discriminá-los. Impõe-seaos iguais, por esse princípio, um tratamento impessoal,igualitário ou isonômico. É princípio que norteia, sob penade ilegalidade, não só a Administração Pública direta comoa indireta. O concurso público e a licitação são exemplosde procedimentos que consagram este princípio.

MotivaçãoMotivar significa justificar a decisão oferecendo as

causas e os preceitos legais que autorizam a prática dos atosadministrativos. Segundo o art. 50 da Lei nº 9.784/99 “osatos administrativos deverão ser motivados, com indica-ção dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:

I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;II – imponham ou agravem deveres, encargos ou san-

ções;III – decidam processos administrativos de concurso ou

seleção pública;IV – dispensem ou declarem a inexigibilidade de pro-

cesso licitatório;V – decidam recursos administrativos;VI – decorram de reexame de ofício;VII – deixem de aplicar jurisprudência firmada so-

bre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propos-tas e relatórios oficiais;

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VIII – importem anulação, revogação, suspensão ouconvalidação de administração”.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ADMINISTRAÇÃOPÚBLICA FEDERAL

A Reforma Administrativa de 1967 (Decreto-Lei nº 200)estabeleceu os princípios fundamentais, com a preocupa-ção maior de diminuir o tamanho da máquina estatal,simplificar os procedimentos administrativos e, conse-qüentemente, reduzir as despesas causadoras do déficitpúblico.

São princípios fundamentais da Administração Pú-blica federal: planejamento, coordenação, descen-tralização, delegação de competência e controle.

PlanejamentoA finalidade precípua da Administração é a promo-

ção do bem-estar social, que a Constituição traduz na ela-boração e execução de “planos nacionais e regionais deordenação do território e de desenvolvimento econômicoe social”.

Bem-estar social é o bem comum da coletividade,expresso na satisfação de suas necessidades fundamen-tais.

Desenvolvimento é prosperidade. Prosperidade eco-nômica e social; prosperidade material e espiritual; pros-peridade individual e coletiva; prosperidade do Estado ede seus membros; prosperidade global, enfim. Diante des-sa realidade, podemos conceituar o desenvolvimento na-cional como o permanente aprimoramento dos meios es-senciais à sobrevivência dos indivíduos e do Estado, vi-sando ao bem-estar de todos e ao conforto de cada um nacomunidade em que vivemos. Assim, o desenvolvimentonacional é obtido pelo aperfeiçoamento ininterrupto daordem social, econômica e jurídica; pela melhoria da edu-cação; pelo aumento da riqueza pública e particular; pelapreservação dos direitos e garantias individuais; pelo apri-moramento das instituições; pela manutenção da ordeminterna e pela afirmação da soberania nacional. Todavia,esses objetivos não podem ser deixados ao acaso e, parasua consecução, necessitam da tranqüilidade que advémda segurança interna e externa.

Planejamento é o estudo e o estabelecimento das di-retrizes e metas que deverão orientar a ação governamen-tal, através de um plano geral de Governo, de programasglobais, setoriais e regionais de duração plurianual, doorçamento-programa anual e da programação financeirade desembolso, que são seus instrumentos básicos. Naelaboração do plano geral, bem como na coordenação,revisão e consolidação dos programas setoriais e regio-nais, de competência dos Ministros de Estado nas respec-tivas áreas de atuação, o Presidente da República é asses-sorado pelo Conselho de Governo. Toda a atividade daAdministração federal deve ajustar-se à programaçãoaprovada pelo Presidente da República e ao orçamento-programa, vedando-se a assunção de compromissos fi-nanceiros em discordância com a programação de desem-bolso.

Segurança nacional, atualmente denominada defesanacional pela Constituição de 1988 (art. 21, III) é a situa-ção de garantia individual, social e institucional que oEstado assegura a toda a Nação para a perene tranqüili-

dade de seu povo, pleno exercício dos direitos e realiza-ção dos objetivos nacionais, dentro da ordem jurídica vi-gente.

Os assuntos relacionados com a defesa nacional com-petem aos Conselhos da República e de Defesa Nacional(Constituição Federal, arts. 89 a 91).

CoordenaçãoO princípio da coordenação visa a entrosar as ativi-

dades da Administração, de modo a evitar a duplicidadede atuação, a dispersão de recursos, a divergência de so-luções e outros males característicos da burocracia. Coor-denar é, portanto, harmonizar todas as atividades da Admi-nistração, submetendo-se ao que foi planejado e poupando-a de desperdícios, em qualquer de suas modalidades.

Da aplicação permanente, a coordenação impõe-se atodos os níveis da Administração, através das chefias in-dividuais, de reuniões de que participem as chefias su-bordinadas e de comissões de coordenação em cada níveladministrativo. Na Administração superior a coordena-ção é, agora, da competência da Secretaria Geral da Pre-sidência da República, nos termos do art. 3º, II do Decre-to nº 99.180, de 15/3/90.

Como corolário do princípio da coordenação, nenhumassunto poderá ser submetido à decisão presidencial oude qualquer outra autoridade administrativa competentesem ter sido previamente coordenado, isto é, sem ter pas-sado pelo crivo de todos os setores nele interessados, atra-vés de consultas e entendimentos que propiciem soluçõesintegrais e em sincronia com a política geral e setorial doGoverno.

A fim de evitar a duplicação de esforços e de investi-mentos na mesma área geográfica, admite-se a coordena-ção até mesmo com órgãos das Administrações estaduale municipal que exerçam atividades idênticas às dos fe-derais, desde que seja inviável a delegação de atribuiçõesàqueles órgãos. Com isso, além de economizar recursosmateriais e humanos, faculta-se aos Estados e Municí-pios a integração nos planos governamentais, deles hau-rindo benefícios de interesse local.

Em outras disposições do Estatuto da Reforma, pre-vêem-se medidas especiais de coordenação nos camposda Ciência e da Tecnologia, da Política Nacional de Saú-de, do Abastecimento Nacional, dos Transportes e dasComunicações, abrangendo as atividades de todos os in-teressados nesses setores, inclusive particulares.

DescentralizaçãoDescentralizar, em sentido comum, é afastar do cen-

tro; descentralizar, em sentido jurídico-administrativo, éatribuir a outrem poderes da Administração. O detentordos poderes da Administração é o Estado, pessoa única,embora constituída dos vários órgãos que integram suaestrutura. Despersonalizados, esses órgãos não agem emnome próprio, mas no do Estado, de que são instrumen-tos indispensáveis ao exercício de suas funções e ativida-des típicas. A descentralização administrativa pressupõe,portanto, a existência de uma pessoa, distinta da do Esta-do, a qual, investida dos necessários poderes de Admi-nistração, exercita atividade pública ou de utilidade pú-blica. O ente descentralizado age por outorga do serviçoou atividade, ou por delegação de sua execução, mas sem-pre em nome próprio.

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Diversa da descentralização é a desconcentraçãoadministrativa, que significa repartição de funçõesentre os vários órgãos (despersonalizados) de umamesma Administração, sem quebra de hierarquia. Nadescentralização a execução de atividades ou a prestaçãode serviços pelo Estado é indireta e mediata; nadesconcentração é direta e imediata.

Ao lado da descentralização e da desconcentraçãoocorrem também, como técnicas de descongestionamentoadministrativo, a delegação (de execução de serviço oude competência) e a execução indireta, as quais, confor-me suas características, ora se aproximam da descen-tralização, ora da desconcentração. Todavia, delas dife-rem principalmente porque são efetivadas através de atosadministrativos, mediante previsão legal, enquanto adescentralização e a desconcentração realizam-se, nor-malmente, por lei.

Feitas essas considerações, verifica-se que o legisla-dor da Reforma Administrativa, após enquadrar na Ad-ministração indireta alguns entes descentralizados, dei-xando de lado, porém, os concessionários de serviços pú-blicos e as entidades paraestatais conhecidas por funda-ções governamentais e serviços sociais autônomos, pro-põe, sob o nome genérico de descentralização, tomado otermo na sua acepção vulgar, um amplo descongestio-namento da Administração federal, através da descon-centração administrativa, da delegação de execução deserviço e da execução indireta.

A desconcentração administrativa opera desde logopela distinção entre os níveis de direção e execução. Nonível de direção, situam-se os serviços que, em cada ór-gão da Administração, integram sua estrutura central dedireção, competindo-lhe primordialmente as atividadesrelacionadas com o planejamento, a supervisão, a coor-denação e o controle, bem como o estabelecimento denormas, critérios, programas e princípios a serem obser-vados pelos órgãos enquadrados no nível de execução. Aesses últimos cabem as tarefas de mera rotina, inclusiveas de formalização de atos administrativos e, em regra,de decisão de casos individuais, principalmente quandolocalizados na periferia da Administração e em maiorcontato com os fatos e com os administrados. Como bemobserva Nazaré Teixeira Dias, a desconcentração admi-nistrativa traduz “a orientação geral da Reforma no senti-do de prestigiar a ação dos órgãos de periferia, facilitarseu funcionamento e repor a estrutura central de direçãosuperior no plano que lhe cabe, liberando-a da massa depapéis, impeditiva de sua atividade de cúpula”.

A delegação da prestação de serviço público ou deutilidade pública pode ser feita a particular – pessoa físi-ca ou jurídica – que tenha condições para bem realizá-lo,sempre através de licitação, sob regime de concessão oupermissão. Esses serviços também podem ser executadospor pessoa administrativa, mediante convênio ou consór-cio. Os signatários dos convênios ficam sujeitos ao podernormativo, fiscalizador e controlador dos órgãos federaiscompetentes, dependendo a liberação dos recursos do fielcumprimento dos programas e das cláusulas do ajuste.

A execução indireta das obras e serviços da Admi-nistração, mediante contratos com particulares, pessoasfísicas ou jurídicas, tem por finalidade aliviá-la das tare-fas executivas, garantindo, assim, a melhor realização dassuas atividades específicas (planejamento, coordenação,

supervisão e controle), bem como evitar o desmesuradocrescimento da máquina administrativa. É estimulada eaconselhada sempre que, na área de atuação do órgão in-teressado, a iniciativa privada esteja suficientemente de-senvolvida e capacitada para executar o objeto do contra-to, precedido de licitação, salvo nos casos de dispensaprevistos em lei ou inexigibilidade por impossibilidadede competição entre contratantes.

Delegação de CompetênciaA delegação de competência, princípio autônomo,

forma de aplicação do “princípio da descentralização”, étambém simples técnica de descongestionamento da Ad-ministração, como se viu acima.

Pela delegação de competência, o Presidente da Re-pública, os Ministros de Estado e, em geral, as autorida-des da Administração transferem atribuições decisórias aseus subordinados, mediante ato próprio que indique coma necessária clareza e conveniente precisão a autoridadedelegante, a delegada e o objeto da delegação. O princí-pio visa a assegurar maior rapidez e objetividade às deci-sões, situando-as na proximidade dos fatos, pessoas ouproblemas a atender.

Considerando que os agentes públicos devem exer-cer pessoalmente suas atribuições, a delegação de com-petência depende de norma que a autorize, expressa ouimplicitamente. As atribuições constitucionais do Presi-dente da República, por exemplo, só podem ser delega-das nos casos expressamente previstos na Constituição.

A delegação de competência tem caráter facultativoe transitório, apoiando-se em razões de oportunidade econveniência e na capacidade de o delegado exercer acontento as atribuições conferidas, de modo que odelegante po-de sempre retomar a competência e atribuí-la a outrem ou exercê-la pessoalmente.

Observamos, finalmente, que só é delegável a com-petência para a prática de atos e decisões administrativas,não o sendo para o exercício de atos de natureza políticacomo são a proposta orçamentária, a sanção e o veto. Tam-bém não se transfere por delegação o poder de tributar.

ControleO controle das atividades administrativas no âmbito

interno da Administração é, ao lado do comando, da coor-denação e da correção, um dos meios pelos quais se exer-cita o poder hierárquico. Assim, o órgão superior contro-la o inferior, fiscalizando o cumprimento da lei e das ins-truções e a execução de suas atribuições, bem como osatos e o rendimento de cada servidor. Todavia, o princí-pio do controle estabelecido na Lei da Reforma Adminis-trativa tem significado mais amplo, uma vez que se cons-titui num dos três instrumentos da supervisão ministerial,a que estão sujeitos todos os órgãos da Administraçãofederal, inclusive os entes descentralizados, normalmentenão submetidos ao poder hierárquico das autoridadesda Administração direta. Esse controle, que, quanto àsentidades da Administração indireta, visa, em especial,à consecução de seus objetivos e à eficiência de sua ges-tão, é exercido de vários modos, como adiante se verápodendo chegar até a intervenção, ou seja, ao controletotal.

No âmbito da Administração direta, prevêem-se, es-pecialmente, os controles de execução e observância de

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normas específicas, de observância de normas genéricase de aplicação dos dinheiros públicos e guarda de bens daUnião.

Em cada órgão, o controle da execução dos progra-mas que lhe concernem e o da observância das normasque disciplinam suas atividades específicas são feitospela chefia competente. Já, o controle do atendimentodas normas gerais reguladoras do exercício das ativida-des auxiliares, organizadas sob a forma de sistemas (pes-soal, orçamento, estatística, administração financeira,contabilidade e auditoria e serviços gerais, além de ou-tros, comuns a todos os órgãos da Administração, que, ajuízo do Poder Executivo, necessitem de coordenaçãocentral), é realizado pelos órgãos próprios de cada siste-ma. Finalmente, o controle da aplicação dos dinheirospúblicos e da guarda dos bens da União compete ao ór-gão próprio do sistema de contabilidade e auditoria, que,em cada Ministério, é a respectiva Secretaria de Contro-le Interno.

Estabelecidas as formas de controle das atividadesadministrativas, devem ser suprimidos todos os controlesmeramente formais, como determina, acertadamente, oDecreto-Lei nº 200/67, que prevê também a supressãodaqueles cujo custo seja evidentemente superior ao riscodecorrente da inexistência de controle específico.

A Administração federal é constituída na forma deuma pirâmide, cujos componentes são mantidos no devi-do lugar pelo poder hierárquico e em cujo ápice coloca-se o Presidente da República; ficando logo abaixo osMinistros de Estado, seus auxiliares diretos.

Assim, o Presidente da República é o chefe supremo,exercendo o poder hierárquico em toda sua plenitude, porisso que o Estatuto da Reforma lhe confere expressamen-te o poder de, por motivo de relevante interesse público,avocar e decidir qualquer assunto na esfera da Adminis-tração federal, o que faz dele o controlador máximo dasatividades administrativas.

Os Ministros de Estado detêm o poder-dever de su-pervisão sobre todos os órgãos da Administração diretaou indireta enquadrados em suas respectivas áreas de com-petência, ressalvados aqueles sob a supervisão direta eimediata do Presidente da República:

a) o Conselho de Governo;b) o Advogado-Geral da União;c) a Secretaria de Comunicação;d) Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano;e) o Gabinete da Presidência da República; ef) a Corregedoria Geral da União.Junto à Presidência da República funcionarão, como

órgãos de consulta do Presidente da República:a) o Conselho da República;b) o Conselho de Defesa Nacional.

AS TRÊS ESPÉCIES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Considere os seguintes conceitos constantes do Pla-no Diretor da Reforma do Aparelho do Estado:

Administração Pública Patrimonialista – Nopatrimonialismo, o aparelho do Estado funciona como umaextensão do poder do soberano, e os seus auxiliares, servi-dores, possuem status de nobreza real. Os cargos são consi-derados prebendas. A res publica não é diferenciada dasres principis. Em conseqüência, a corrupção e o nepotismo

são inerentes a esse tipo de administração. No momento emque o capitalismo e a democracia se tornam dominantes, omercado e a sociedade civil passam a se distinguir do Esta-do. Neste novo momento histó-rico, a administração patri-monialista torna-se uma excrescência inaceitável.

Administração Pública Burocrática – Surge na se-gunda metade do século XIX, na época do Estado liberal,como forma de combater a corrupção e o nepotismopatrimonialista. Constituem princípios orientadores do seudesenvolvimento a profissionalização, a idéia de carrei-ra, a hierarquia funcional, a impessoalidade, o formalismo,em síntese, o poder racional-legal. Os controles admi-nistrativos, visando evitar a corrupção e o nepotismo, sãosempre a priori. Parte-se de uma desconfiança prévia nosadministradores públicos e nos cidadãos que a eles diri-gem demandas. Por isso, são sempre necessários controlesrígidos dos processos, como por exemplo, na admissão depessoal, nas compras e no atendimento a demandas.

Por outro lado, o controle – a garantia do poder doEstado – transforma-se na própria razão de ser do funcio-nário. Em conseqüência, o Estado volta-se para si mes-mo, perdendo a noção de sua missão básica, que é servirà sociedade. A qualidade fundamental da AdministraçãoPública burocrática é a efetividade no controle dos abu-sos; seu defeito, a ineficiência, a auto-referência, a inca-pacidade de voltar-se para o serviço aos cidadãos vistoscomo clientes. Este defeito, entretanto, não se reveloudeterminante na época do surgimento da AdministraçãoPública Burocrática, porque os serviços do Estado erammuito reduzidos. O Estado limitava-se a manter a ordeme administrar a justiça, a garantir os contratos e a proprie-dade.

Administração Pública Gerencial – Emerge na se-gunda metade do século XX, como resposta, de um lado,à expansão das funções econômicas e sociais do Estado,e, de outro, ao desenvolvimento tecnológico e à globali-zação da economia mundial, uma vez que ambos deixaramà mostra os problemas associados à adoção do modeloanterior. A eficiência da Administração Pública – a neces-sidade de reduzir custos e aumentar a qualidade dos ser-viços, tendo o cidadão como beneficiário – torna-se, en-tão, essencial. A reforma do aparelho do Estado passa aser orientada predominantemente pelos valores da efi-ciência e qualidade na prestação de serviços públicos epelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas orga-nizações.

A Administração Pública Gerencial constitui umavanço e, até certo ponto, um rompimento com a Admi-nistração Pública Burocrática. Isto não significa, entre-tanto, que negue todos os seus princípios. Pelo contrário,a Administração Pública Gerencial está apoiada na ante-rior, da qual conserva, embora flexibilizando, alguns dosseus princípios fundamentais, como a admissão segundorígidos critérios de mérito, a existência de um sistemaestruturado e universal de remuneração, as carreiras, aavaliação constante de desempenho, o treinamento siste-mático. A diferença fundamental está na forma de con-trole, que deixa de basear-se nos processos para concen-trar-se nos resultados, e não na rigorosa profissionalizaçãoda Administração Pública, que continua um princípio fun-damental.

Na Administração Pública Gerencial, a estratégiavolta-se:

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1 - para a definição precisa dos objetivos que o admi-nistrador público deverá atingir em sua unidade;

2 - para a garantia de autonomia do administrador nagestão dos recursos humanos, materiais e financeiros quelhe forem colocados à disposição para que possa atingiros objetivos contratados; e

3 - para o controle ou cobrança a posteriori dos re-sultados. Adicionalmente, pratica-se a competição admi-nistrada no interior do próprio Estado, quando há a possi-bilidade de estabelecer concorrência entre unidades in-ternas. No plano da estrutura organizacional, a descentrali-zação e a redução dos níveis hierárquicos tornam-se es-senciais. Em suma, afirma-se que a Administração Públicadeve ser permeável à maior participação dos agentes pri-vados e/ou das organizações da sociedade civil e deslo-car a ênfase dos procedimentos (meios) para os resulta-dos (fins).

A Administração Pública Gerencial inspira-se na ad-ministração de empresas, mas não pode ser confundidacom esta última. Enquanto a receita das empresas depen-de dos pagamentos que os clientes fazem livremente nacompra de seus produtos e serviços, a receita do Estadoderiva de impostos, ou seja, de contribuições obrigató-rias, sem contrapartida direta. Enquanto o mercado con-trola a administração das empresas, a sociedade – por meiode políticos eleitos – controla a Administração Pública.Enquanto a administração de empresas está voltada parao lucro privado, para a maximização dos interesses dosacionistas, esperando-se que, através do mercado, o inte-resse coletivo seja atendido, a Administração PúblicaGerencial está explícita e diretamente voltada para o in-teresse público.

Neste último ponto, como em muitos outros (profis-sionalismo, impessoalidade, etc.), a Administração Pú-blica Gerencial não se diferencia da Administração Pú-blica Burocrática. Na burocracia pública clássica existeuma noção muito clara e forte do interesse público. Adiferença, porém, está no entendimento do significadodo interesse público, que não pode ser confundido com ointeresse do próprio Estado. Para a Administração Públi-ca Burocrática, o interesse público é freqüentemente iden-tificado com a afirmação do poder do Estado. Ao atua-rem sob este princípio, os administradores públicos ter-minam por direcionar uma parte substancial das ativida-des e dos recursos do Estado para o atendimento das ne-cessidades da própria burocracia, identificada com o po-der do Estado. O conteúdo das políticas públicas é rele-gado a um segundo plano. A Administração PúblicaGerencial nega essa visão do interesse público, relacio-nando-o com o interesse da coletividade e não com o doaparato do Estado.

A Administração Pública Gerencial vê o cidadãocomo contribuinte de impostos e como cliente dos seusserviços. Os resultados da ação do Estado são considera-dos bons não porque os processos administrativos estãosob controle e são seguros, como quer a AdministraçãoPública Burocrática, mas porque as necessidades do ci-dadão-cliente estão sendo atendidas.

O paradigma gerencial contemporâneo, fundamen-tado nos princípios da confiança e da descentralizaçãoda decisão, exige formas flexíveis de gestão, horizonta-lização de estruturas, descentralização de funções, in-centivos à criatividade. Contrapõe-se à ideologia do

formalismo e do rigor técnico da burocracia tradicional.À avaliação sistemática, à recompensa pelo desempenho eà capacitação permanente, que já eram características daboa administração burocrática, acrescentam-se os princípi-os da orientação para o cidadão-cliente, do controle porresultados e da competição admi-nistrada.

No presente momento, uma visão realista da recons-trução do aparelho do Estado em bases gerenciais develevar em conta a necessidade de equacionar as assimetriasdecorrentes da persistência de aspectos patrimonialistasna administração contemporânea, bem como dos exces-sos formais e anacronismos do modelo burocrático tradi-cional. Para isso, é fundamental ter clara a dinâmica daadministração racional-legal ou burocrática. Não se tratasimplesmente de descartá-la, mas, sim, de considerar osaspectos em que está superada, e as características queainda se mantêm válidas como formas de garantirefetividade à Administração Pública.

O modelo gerencial tornou-se realidade no mundodesenvolvido quando, através da definição clara de obje-tivos para cada unidade da administração, da descentra-lização, da mudança de estruturas organizacionais e daadoção de valores e de comportamentos modernos nointerior do Estado, se revelou mais capaz de promover oaumento da qualidade e da eficiência dos serviços sociaisoferecidos pelo setor público. A reforma do aparelho doEstado no Brasil significará, fundamentalmente, a intro-dução na Administração Pública da cultura e das técnicasgerenciais modernas.

Os Setores do Estado

Para tornar a Administração Pública eficaz, fazendocom que seu foco de atenção seja coerente com uma açãovoltada para o cidadão, é preciso começar pelo estabele-cimento de um modelo conceitual que categorize os di-versos segmentos da ação do Estado.

No aparelho do Estado, é possível distinguir quatrosetores:

Núcleo Estratégico – setor que define as leis e aspolíticas públicas e cobra o seu cumprimento; é o setoronde as decisões estratégicas são tomadas; correspondeaos poderes Legislativo e Judiciário, ao Ministério Públi-co e, no Poder Executivo, ao Presidente da República,aos ministros e aos seus auxiliares e assessores diretos,responsáveis pelo planejamento e pela formulação daspolíticas públicas.

Atividades Exclusivas – setor em que são prestadosserviços que só o Estado pode realizar. São serviços emque se exerce o poder extroverso do Estado – o poder deregulamentar, fiscalizar e fomentar; como exemplo, te-mos a cobrança e fiscalização de impostos, a polícia, aprevidência social básica, a fiscalização do cumprimentode normas sanitárias, o serviço de trânsito, o controle domeio ambiente, o subsídio à educação básica, o serviçode emissão de passaporte, etc.

Serviços não-Exclusivos – setor onde o Estado atuasimultaneamente com outras organizações públicas não-estatais e privadas; as instituições desse setor não pos-suem o poder de Estado; este, entretanto, está presente

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porque os serviços envolvem direitos humanos funda-mentais, como os da educação e da saúde, ou porquepossuem “economias externas” relevantes, na medidaque produzem ganhos que não podem ser apropriadospor esses serviços através do mercado; as economiasproduzidas imediatamente se espalham para o resto dasociedade, não podendo ser transformadas em lucros;são exemplos deste setor as universidades, os hospitais,os centros de pesquisa e os museus.

Produção de Bens e Serviços para o Mercado –setor que corresponde à área de atuação das empresas; écaracterizado pelas atividades econômicas voltadas parao lucro que ainda permanecem no aparelho do Estado,como, por exemplo, os do setor de infra-estrutura; estãono Estado seja porque faltou capital ao setor privadopara realizar o investimento, seja porque são atividadesnaturalmente monopolistas, nas quais o controle via mer-cado não é possível, tornando-se necessária, no caso deprivatização, de regulamentação rígida.

Setores do Estado e tipos de gestão

Cada um desses quatro setores referidos apresentacaracterísticas peculiares, tanto no que se refere às suasprioridades, quanto aos princípios administrativos ado-tados.

No núcleo estratégico, o fundamental é que as deci-sões sejam as melhores e, em seguida, que sejam cum-pridas. O que importa saber é, primeiro, se as decisõesque estão sendo tomadas pelo Governo atendem eficaz-mente ao interesse nacional, se correspondem aos obje-tivos mais gerais aos quais a sociedade brasileira estávoltada ou não. Segundo, se, uma vez tomadas as deci-sões, estas são de fato cumpridas. Neste setor, o maisadequado é um misto de Administração Pública Buro-crática e Gerencial.

No campo das atividades exclusivas do Estado, dosserviços não-exclusivos e da produção de bens e servi-ços, o que importa é atender aos cidadãos com boa quali-dade a um custo baixo. E fazer mais com menos. Nestessetores a administração deve ser necessariamente geren-cial.

Setores do Estado e formas de propriedade

Ainda que se considerem apenas duas formas de pro-priedade – a estatal e a privada, existe no capitalismo con-temporâneo uma terceira forma intermediária de proprie-dade, extremamente relevante: a propriedade pública não-estatal, constituída pelas organizações sem fins lucrati-vos, que não são propriedade de nenhum indivíduo ougrupo e estão orientadas diretamente para o atendimentodo interesse público. O tipo de propriedade mais indica-do variará de acordo com o setor do aparelho do Estado.

No núcleo estratégico, a propriedade tem que ser ne-cessariamente estatal. Nas atividades exclusivas de Esta-do, onde o poder extroverso é exercido, a propriedadetambém só pode ser estatal.

Já para o setor não-exclusivo ou competitivo do Esta-do, a propriedade ideal é a pública não-estatal. Não é esta-tal porque aí não se exerce o poder de Estado. Não é priva-da, porque se trata de um tipo de serviço por definição sub-sidiado.

No setor de produção de bens e serviços para o mer-cado, a propriedade privada é a regra. A propriedade es-tatal só se justifica quando não existem capitais privadosdisponíveis ou então quando existe um monopólio natu-ral. Mesmo neste caso, a gestão privada tenderá a ser amais adequada, desde que acompanhada por um segurosistema de regulação.

TEÓRIA GERAL DO ATO ADMINISTRATIVO

CONCEITOS

Segundo Hely Lopes Meirelles: “Ato administrati-vo é toda manifestação unilateral de vontade da Admi-nistração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha porfim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar,extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aosadministrados ou a si própria”.

J. Cretella Junior apresenta uma definição partindodo conceito de ato jurídico. Segundo ele, ato administra-tivo é “a manifestação de vontade do Estado, por seusrepresentantes, no exercício regular de suas funções, oupor qualquer pessoa que detenha, nas mãos, fração depoder reconhecido pelo Estado, que tem por finalidadeimediata criar, reconhecer, modificar, resguardar ou ex-tinguir situações jurídicas subjetivas, em matéria admi-nistrativa”.

Para Celso Antonio Bandeira de Mello é a “declara-ção do Estado (ou de quem lhe faça as vezes – como, porexemplo, um concessionário de serviço público) no exer-cício de prerrogativas públicas, manifestada mediante pro-vidências jurídicas complementares da lei, a título de lhedar cumprimento, e sujeitos a controle de legitimidadepor órgão jurisdicional”.

Tal conceito abrange os atos gerais e abstratos, comoos regulamentos e instruções, e atos convencionais, comoos contratos administrativos.

Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, ato admi-nistrativo é “a declaração do Estado ou de quem o repre-sente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com obser-vância da lei, sob regime jurídico de direito público e su-jeita a controle pelo Poder Judiciário”.

A distinção deste último conceito dos demais é quenele só se incluem os atos que produzem efeitos imediatos,excluindo do conceito o regulamento, que, quanto ao con-teúdo, se aproxima mais da lei, afastando, também, os atosnão produtores de efeitos jurídicos diretos, como os atosmateriais e os enunciativos.

Traços Característicos do Ato Administrativo:I - posição de supremacia da Administração;II - sua finalidade pública (bem comum);III - vontade unilateral da Administração.

REQUISITOS (ELEMENTOS OU PRESSUPOSTOS) DEVALIDADE

Na doutrina de Hely Lopes Meirelles, são cinco osrequisitos necessários à validade dos atos administrati-vos, 3 vinculados (Competência, Finalidade e Forma) e 2discricionários (Motivo e Objeto).

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Competência

Nada mais é do que a delimitação das atribuiçõescometidas ao agente que pratica o ato. É intransferível,não se prorroga, podendo, entretanto, ser avocada ou de-legada, se existir autorização legal.

Em relação à competência, aplicam-se, pois, asseguintes regras:

I - decorre sempre da lei;II - é inderrogável, seja pela vontade da Adminis-

tração, seja por acordo com terceiros;III - pode ser objeto de delegação de avocação,

desde que não se trate de competência exclusiva conferidapor lei.

Agente competente é diferente de agente capaz,aquele pressupõe a existência deste – todavia, capacida-de não quer dizer competência, já que este “não é paraquem quer, mas, sim, para quem pode”.

O ato praticado por agente incompetente é inváli-do por lhe faltar um elemento básico de sua perfeição,qual seja o poder jurídico para manifestar a vontade daAdministração.

Finalidade

É o resultado que a Administração pretende atin-gir com a prática do ato e efeito mediato, enquanto o ob-jeto é imediato.

Não se confunde com o motivo porque este ante-cede a prática do ato, enquanto a finalidade sucede a suaprática, já que é algo que a Administração quer alcançarcom sua edição.

Há duas concepções de finalidade: uma, em senti-do amplo, que corresponde à consecução de um resulta-do de interesse público (bem comum) outra, em sentidoestrito, é o resultado específico que cada ato deve produ-zir, conforme definido em lei.

É o legislador que define a finalidade do ato, nãoexistindo liberdade de opção para o administrador.

Infringida a finalidade do ato ou a finalidade pú-blica, o ato será ilegal, por desvio de poder (ex.: desapro-priação para perseguir inimigo político).

Forma Legal ou Forma Própria

No Direito Administrativo, o aspecto formal doato tem muito mais relevância que no Direito Privado, jáque a observância à forma e ao procedimento constituigarantia jurídica para o administrador e para a Adminis-tração. É pela forma que se torna possível o controle doato administrativo.

Apenas a título de esclarecimento, advirta-se que,na concepção restrita da forma, considera-se cada ato iso-ladamente e, na concepção ampla, considera-se o ato den-tro de um procedimento (sucessão de atos administrati-vos da decisão final).

A observância à forma não significa, entretanto,que a Administração esteja sujeita a formas rígidas e sa-cramentais. O que se exige é que a forma seja adotadacomo regra, para que tudo seja passível de verificação.Normalmente, as formas são mais rigorosas quando es-tão em jogo direito dos administrados (ex.: concursospúblicos, licitações e processos disciplinares).

Até mesmo o silêncio significa forma de manifesta-ção de vontade, quando a lei o prevê.

Forma é o elemento exteriorizador do ato admi-nistrativo, o modo pelo qual o mesmo se apresenta.

Motivo ou Causa

É a situação fática ou jurídica cuja ocorrência autori-za ou determina a prática do ato. Não deve ser confundi-do com motivação do ato que é a exposição dos motivos,isto é, a demonstração de que os pressupostos de fato real-mente existiram.

Segundo a Teoria dos Motivos Determinantes, o ad-ministrador fica vinculado aos motivos declinados para aprática do ato, sujeitando-se à demonstração de sua ocor-rência, mesmo que não estivesse obrigado a explicitá-los.

Quando o motivo não for exigido para a perfeição doato, fica o agente com a faculdade discricionária depraticá-lo sem motivação, mas se o tiver, vincula-se aosmotivos expostos passando a valer o ato se todos os mo-tivos alegados forem verdadeiros.

Teoria dos Motivos Determinantes

Tal teoria relaciona-se com o motivo do ato adminis-trativo.

Segundo tal teoria, a validade do ato se vincula aosmotivos indicados como seu fundamento, de tal modoque, se inexistentes ou falsos, implicam em sua nulidade.

Por outras palavras, quando a Administração motivao ato, mesmo que a lei não exija a motivação, ficará elavinculada ao motivo declinado e o ato só será válido seos motivos forem verdadeiros.

Ex.: exoneração ad nutum sob alegação de falta deverba. Se, logo após a exoneração, nomear-se outro fun-cionário para o mesmo cargo, o ato será nulo por vícioquanto ao motivo.

Objeto ou Conteúdo

É o efeito imediato que ato administrativo produz,enuncia, prescreve ou dispõe.

Assim como o ato jurídico, requer objeto lícito, pos-sível, certo e moral.

Visa a criar, a modificar ou a comprovar situaçõesjurídicas concernentes a pessoas, coisas ou atividadessujeitas à ação do Poder Público. Por ele a Administraçãomanifesta seu poder e sua vontade, ou atesta simplesmentesituações preexistentes.

ATRIBUTOS (OU CARACTERÍSTICAS)

Os atos administrativos, como manifestação do Po-der Público, possuem atributos que os diferenciam dosatos privados e lhes conferem características peculiares.

São atributos do ato administrativo: presunção de le-gitimidade, imperatividade e auto-executoriedade.

Presunção de Legitimidade

Esta característica do ato administrativo decorre doprincípio da legalidade que informa toda atividade daAdministração Pública.

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Além disso, as exigências de celeridade e segurançadas atividades administrativas justificam a presunção dalegitimidade, com vistas a dar à atuação da Administra-ção todas as condições de tornar o ato operante eexeqüível, livre de contestações por parte das pessoas aeles sujeitas.

A presunção de legitimidade autoriza a imediata exe-cução ou operatividade do ato administrativo, cabendoao interessado, que o impugnar, a prova de tal assertiva,não tendo ela, porém, o condão de suspender a eficáciaque do ato deriva.

Somente através do procedimento judicial ou na hi-pótese de revisão no âmbito da Administração, poderá oato administrativo deixar de gerar seus efeitos.

Aliás, os efeitos decorrentes do ato nascem com asua formação, ao cabo de todo o iter estabelecido nasnormas regulamentares, depois de cumpridas as formali-dades intrínsecas e extrínsecas.

Ao final do procedimento estabelecido em lei, o atoadquire a eficácia, podendo, no entanto, não ser aindaexeqüível, em virtude da existência de condiçãosuspensiva, como a homologação, o visto, a aprovação.

Somente após cumprida a condição, adquirirá o ato aexeqüibilidade, tornando-se operante e válido.

A eficácia é, tão-somente, a aptidão para atuar, ao passoque a exeqüibilidade é a disponibilidade do ato para produ-zir imediatamente os seus efeitos finais.

A perfeição do ato se subordina à coexistência daeficácia e exeqüibilidade, requisitos obrigatórios.

Perfeição = Eficácia + Exeqüibilidade

Imperatividade

A imperatividade é um atributo próprio dos atos ad-ministrativos normativos, ordinatórios, punitivos queimpõe a coercibilidade para o seu cumprimento ou exe-cução.

O descumprimento do ato sujeita o particular à forçaimpositiva própria do Poder Público, ou seja, à execuçãoforçada pela Administração ou pelo Judiciário.

A imperatividade independe de o seu destinatárioreputar válido ou inválido o ato, posto que somente apósobter o pronunciamento da Administração ou do Judiciá-rio é que poderá furtar-se à obediência da determinaçãoadministrativa.

Auto-Executoriedade

Consiste na possibilidade de a própria Administra-ção executar seus próprios atos, impondo aos particula-res, de forma coativa, o fiel cumprimento das determina-ções neles consubstanciadas.

Este atributo é mais específico, próprio, se exteriorizacom maior freqüência nos atos decorrentes do poder depolícia, em que se determina a interdição de atividades,demolição de prédios, apreensão e destruição de produ-tos deteriorados.

Tais atos, evidentemente, reclamam uma atuação efi-caz e pronta da Administração, não podendo, por isso, asua execução ficar à mercê da manifestação ou da autori-zação de outro poder ou de outros órgãos.

A auto-executoriedade, no entanto, sofre limitações,

eis que não se aplica às penalidades de natureza pecuniária,como as multas decorrentes de infrações a obrigações tri-butárias.

Também a utilização deste atributo administrativo ficaa depender de a decisão que se pretenda executar ter sidoprecedida de notificação, acompanhada do respectivo autocircunstanciado, através dos quais se comprove a legali-dade de atuação do Poder Público.

O administrado, porém, não poderá se opor à exe-cução do ato, alegando violação de normas ou procedi-mentos indispensáveis à validade da atuação administra-tiva. Eventual irresignação deverá ser endereçada ao Po-der Judiciário, através de procedimentos próprios e, obti-da a liminar, ficará o ato com sua execução sobrestadaaté final julgamento da lide.

CLASSIFICAÇÃO

Os atos administrativos são classificados, quanto aosseus destinatários, em atos gerais e individuais; quanto aoseu alcance, em atos internos e externos; quanto ao seuobjeto, em atos de império e de gestão e de expediente;quanto ao seu regramento, em atos vinculados e discri-cionários.

Quanto aos Destinatários

• Atos GeraisSão os que possuem caráter geral, abstratos, impes-

soais, com finalidade normativa alcançando a todosquantos se encontrem na situação de fato abrangida porseus preceitos.

Tais atos se assemelham às leis, revogáveis a qual-quer tempo, não ensejando a possibilidade de ser invali-dados por mandado de segurança, através do Poder Judi-ciário, salvo se de suas normas houver ato de execuçãoviolador de direito líquido e certo.

Os atos gerais se sobrepõem aos individuais, aindaque emanados da mesma autoridade.

Os efeitos externos de tais atos só se materializamcom a sua publicação no órgão de divulgação da pessoajurídica que os editou, salvo nas prefeituras que não ospossua, hipótese em que a publicidade será alcançada coma sua afixação em local acessível ao público.

• Atos IndividuaisSão os que se dirigem a destinatários certos e deter-

minados, criando uma situação jurídica particular.Tais atos podem alcançar diversas pessoas, sendo que

normalmente criam direitos subjetivos, circunstância queimpede a administração de revogá-los, conforme resultaextreme de dúvida do verbete nº 473, da Súmula do STF.

Entretanto, a Administração pode anular atos indi-viduais quando verificada a ocorrência de ilegalidadena sua formação, uma vez que o ato nulo não gera direi-tos.

Quando de efeitos externos, tais atos entram em vi-gor a partir de sua publicação, podendo a publicidade li-mitar-se ao âmbito da Administração, quando se tratar deatos de efeitos internos ou restrito a seus destinatários.

Exemplos de atos individuais: decreto de desapro-priação, decreto de nomeação.

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Quanto ao Alcance

• Atos InternosO ato administrativo interno é aquele cuja eficácia se

limita e se restringe ao recesso das repartições adminis-trativas e, por isso mesmo, incide, normalmente, sobreórgãos e agentes da Administração.

O ato interno pode ser geral ou especial, normativo,ordinatório, punitivo e de outras espécies, conforme asexigências do serviço público.

Sua publicidade fica restrita à repartição, prescindin-do, desta forma, de publicação em órgão oficial, bastan-do a cientificação direta dos interessados.

Normalmente, não geram direitos subjetivos, por issoque, via de regra, são insuscetíveis de correição atravésde mandado de segurança.

• Atos ExternosSão todos aqueles que atingem administrados, contratan-

tes, e, em casos especiais, os próprios servidores públicos.A característica de tais atos é que a publicidade se

constitui em elementos essenciais e indispensáveis à suavalidade, por isso que só produzem efeitos após a publi-cação no órgão oficial.

Quanto ao Objeto

• Atos de ImpérioSão aqueles em que a Administração se vale de sua

supremacia para impor aos administrados e aos destina-tários, em geral, o seu cumprimento obrigatório.

Tais atos podem ser gerais ou especiais, internos ouexternos, mas sempre unilaterais, expressando a vontadeonipotente do Estado e o seu poder de coerção.

Exemplos de atos de império: a desapropriação e ainterdição de atividades.

• Atos de GestãoSão os que a Administração pratica sem valer-se da

supremacia do Poder Público.Tais atos, em regra, são de natureza privada, em que

as partes – administração e administrados – se posicionamem um mesmo patamar, de forma que inexiste superiori-dade entre eles.

Exemplo: contrato de locação; aquisição de imóvel.Eventual procedimento administrativo que anteceda

a prática do ato não lhe retira esta característica, postoque na sua executoriedade a Administração exteriorizasua vontade obedecendo aos ditames do Direito Privado.

• Atos de ExpedienteSão os atos que se destinam a impulsionar os proces-

sos administrativos, com vistas à decisão da autoridadesuperior, da qual emana a vontade da Administração.

A prática de tais atos está deferida a servidores su-balternos, sem poder decisório, os quais apenas fazemtramitar os papéis no âmbito da repartição, sem seremvinculantes ou possuírem forma especial.

Quanto ao Regramento

• Atos Discricionários e Vinculados (Discriciona-riedade e Vinculação)

No desempenho de suas funções, a Administração

dispõe de certos poderes que lhe asseguram a supremaciasobre o particular, para que possa perseguir seus fins.

O principal postulado de toda atividade administrati-va, como veremos mais adiante, é o princípio da legali-dade, que limita os poderes do Estado, de forma a impe-dir os abusos e arbitrariedades. São os chamados poderesregrados ou vinculados.

• Atos Vinculados ou RegradosSão aqueles nos quais a Administração age nos estri-

tos limites da lei, simplesmente porque a lei não deixouopções. Ela estabeleceu os requisitos da prática do ato,sem dar ao administrador a liberdade de optar por outraforma de agir. Por isto é que se diz que, diante do podervinculado, surge para o administrador um direito subjeti-vo de exigir da autoridade a edição do ato.

Em outros casos, bastante freqüentes, o regramentonão atinge (nem pode atingir) todas as situações que aatuação administrativa pretende. Nestes casos, a lei deixacerta margem de liberdade de decisão diante do caso con-creto, podendo o administrador optar por várias soluçõespossíveis, perfeitamente válidas e lícitas. É o chamadopoder discricionário.

Atos discricionários são aqueles em que o poder deatuação administrativa, conferido pela lei, permite ao ad-ministrador optar por uma ou outra solução, segundo cri-térios de oportunidade, conveniência, justiça e eqüidade.Mesmo nestes casos, a atuação do administrador não élivre, porque ele se vincula, obrigatoriamente, à compe-tência, finalidade e forma (elementos vinculados).

Daí porque discricionariedade não deve ser confun-dida com arbitrariedade (esta ultrapassa os limites da lei).

Sob o ponto de vista prático, a discricionariedade jus-tifica-se, quer para evitar o automatismo, quer para suprira impossibilidade de o legislador prever todas as situa-ções possíveis que o administrador terá de enfrentar. Adinâmica do interesse público exige a maleabilidade deatuação.

A discricionariedade é previamente legitimada pelolegislador.

Segundo a professora Di Pietro, normalmente, adiscricionariedade existe:

a) quando a lei expressamente a confere à Adminis-tração, como ocorre no caso de remoção ex officio doservidor;

b) quando a lei é omissa, já que não pode prever to-das as situações supervenientes à promulgação, autori-zando à autoridade agir com certa liberdade;

c) quando a lei prevê determinada competência, masnão estabelece a conduta a ser anotada (ex.: poder de po-lícia).

Se a lei nada estabelece a respeito, a Administraçãoescolhe o momento que lhe pareça mais adequado paraatingir a consecução de determinado fim.

Em relação aos elementos do ato administrativo, ad-virta-se:

– o sujeito é sempre vinculado; só pode praticar o atoaquele que tiver competência;

– no que diz respeito à finalidade, também prevalece avinculação e não-discricionariedade. Ressalva sejafeita no caso da finalidade em sentido amplo, cor-respondente ao interesse público. Neste caso, pode-se dizer que a finalidade é discricionária, pois ela se

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refere a conceitos vagos e imprecisos. No sentidoestrito, a finalidade é sempre vinculada;

– no que tange à forma, os atos são geralmente vin-culados porque a lei previamente a define. Even-tualmente, a lei prevê mais de uma forma possívelpara praticar o mesmo ato;

– no motivo e no conteúdo do ato é que localiza,comumente, a discricionariedade.

O motivo será vinculado quando a lei, ao descrevê-lo, usar expressões precisas, que não dão margem a qual-quer tipo de interpretação. Ex.: aposentadoria do servi-dor com 35 anos de contribuição ou 70 anos de idade.

Será discricionário o motivo quando a lei não o defi-nir, deixando-o a critério da Administração (ex.: exone-ração do servidor nomeado para cargo em comissão); ouquando a lei define o motivo, porém, com noções vagas,imprecisas, deixando a apreciação a critério da conveniên-cia e oportunidade do Administrador (ex.: punição doservidor por falta grave ou procedimento irregular).

O mesmo se diga em relação ao conteúdo.Costuma-se dizer que o ato vinculado é analisado

apenas sob o aspecto da legalidade e que o ato discricio-nário deve ser analisado sob o aspecto da legalidade e domérito administrativo, que diz respeito à conveniênciadiante do interesse público.

Segundo Seabra Fagundes, “o mérito se relaciona in-trínseco, à sua valorização sob critérios comparativos”.Em suma, é o aspecto relativo à conveniência e oportuni-dade.

Quanto à Formação

• Atos SimplesSão aqueles que decorrem da declaração de vontade

de um único órgão, seja ele singular ou colegiado. Ex.:licença de habilitação para dirigir automóveis ou a deli-beração de um conselho.

• Atos ComplexosSão os que resultam da manifestação de dois ou mais

órgãos (independentes), cuja vontade se funde para for-mar um ato único. As vontades são homogêneas e se unempara formar um só ato. Ex.: a nomeação de um ministrodo STF.

• Ato CompostoPor seu turno, resulta da manifestação da vontade de

dois ou mais órgãos, sendo a vontade de um instrumentalem relação à de outro, que edita o ato principal. Se no atocomplexo, fundem-se vontades num só ato, no ato com-posto, há dois atos, um principal e outro acessório.

Atos que dependem de autorização, aprovação, pro-posta, parecer, laudo técnico, homologação, etc., são,geralmente, compostos.

Ex.: uma autorização que dependa do visto de umaautoridade superior.

Quanto ao Conteúdo

• ConstitutivoÉ o que cria uma situação jurídica individual para

seus destinatários, em relação à Administração. Ex: no-meação de funcionário.

• Ato ExtintivoPõe termo a situações jurídicas individuais. Exs.: cas-

sação de autorização, encampação de serviço de utilida-de pública.

• Ato DeclaratórioVisa a preservar direitos, reconhecer situações

preexistentes, ou mesmo possibilitar seu exercício. Exs.:expedição de certidão, apostila de título de nomeação.

• Ato AlienativoÉ o que opera a transferência de bens ou direitos de

um titular a outro. Em geral reclama autorizaçãolegislativa. Ex.: venda de imóvel da Administração a par-ticular.

• Ato ModificativoÉ o que tem por fim alterar situações preexistentes,

sem suprimir direitos ou obrigações. Ex.: mudança dehorário, de percurso ou de local de reunião.

• Ato AbdicativoÉ aquele cujo titular abre mão de um direito. É

irretratável e incondicional. Ex.: a renúncia.

Quanto à Eficácia

• Ato VálidoÉ aquele que provém de autoridade competente para

praticá-lo e contém todos os requisitos necessários à suaeficácia.

• Ato NuloÉ o que nasce afetado de vício insanável por ausên-

cia ou defeito substancial em seus elementos constitutivosou no procedimento formativo.

A nulidade pode ser explícita – a lei comina expres-samente, indicando os vícios que lhe dão origem – e vir-tual, que decorre da infringência de princípios específi-cos de direito público, reconhecidos por interpretação dasnormas concernentes ao ato.

A nulidade tem efeito ex tunc, ou seja, alcança o atodesde o seu nascimento, ressalvados, entretanto, direitosde terceiros de boa-fé.

O ato anulável (aquele com vício sanável e que nãocausou prejuízos a terceiros ou ao erário) admite aconvalidação.

• Ato InexistenteÉ o que possui, apenas, a aparência de ato adminis-

trativo, mas não o é. Normalmente é praticado comusurpação de função pública ou assiste no campo do im-possível jurídico, na esfera dos comportamentos que oDireito normalmente inadmite, isto é, dos crimes.

Ex.: instrução baixada por autoridade policial paraque subordinados torturem presos.

ESPÉCIES

Quanto à espécie, os atos administrativos se dividemem: normativos, ordinatórios, negociais, enunciativos epunitivos.

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Atos Normativos

São os decretos, regimentos, resoluções, deliberaçõese regulamentos. Contêm um comando geral do Executivo,visando à completa aplicação da lei. Seu objeto é explicara lei.

Decreto: ato administrativo de competência exclusi-va dos Chefes do Poder Executivo, destinados a proversituações gerais e individuais, abstratamente previstas demodo expresso, explícito ou implícito pela Administração.

Decreto regulamentar ou de execução é o que explicaa lei, facilitando sua execução, aclarando seus mandatos eorientando sua aplicação.

Regulamento: ato administrativo posto em vigênciapor decreto, para explicar os mandamentos da lei.

Regimento: ato administrativo de atuação interna,dado que se destina a reger o funcionamento de órgãoscolegiados ou de corporações legislativas.

Resolução: ato administrativo normativo expedido pe-las altas autoridades do Executivo (não pode ser expedidapelo Chefe do Executivo, que só pode expedir decretos) oupelos presidentes dos Tribunais, órgãos legislativos ecolegiados administrativos para disciplinar matéria de suacompetência específica.

São inferiores aos regulamentos e regimentos. Existe re-solução individual.

Ordinatórios

Visam a disciplinar o funcionamento da Administra-ção e a conduta funcional de seus agentes.

Exs.: instruções, circulares, portarias, ordens de servi-ços, ofícios, despachos, etc.

Negociais

São aqueles que contêm uma manifestação de vonta-de do Poder Público coincidente com a pretensão do par-ticular.

Exs.: licenças, autorizações, aprovações, admissões,homologações, vistos, etc.

Enunciativos

São aqueles atos em que a Administração se limita acertificar ou atestar um fato ou emitir opinião sobre deter-minado assunto.

Exs.: certidões, atestados e pareceres.

Punitivos

Contêm uma sanção imposta pela Administração àque-les agentes que infringem disposições disciplinares dosserviços públicos.

Exs.: multas, interdições, embargos de obras, interdi-ções de atividades, suspensão, etc.

INVALIDAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS (OUMODOS DE DESFAZIMENTO)

Revogação

Segundo Di Pietro, “é o ato administrativo pelo qual aAdministração extingue um ato válido, por razões de opor-tunidade e conveniência”.

A revogação não retroage, já que o ato foi editado emconformidade com a lei, seus efeitos se produzem a partir

da própria revogação – são ex nunc. Isso significa que arevogação respeita os efeitos já produzidos pelo ato, por-que o ato é válido. Enquanto a anulação pode ser feitapelo Judiciário ou pela própria Administração, a revoga-ção é privativa da Administração, não sendo lícito ao Ju-diciário conhecer da oportunidade e conveniência. Issonão significa que a revogação deva ser feita fora dos limi-tes da lei.

– Não podem ser revogados os atos vinculados, por-que nesses casos não há oportunidade econveniência a apreciar.

– Não podem ser revogados os atos que exauriramseus efeitos. Ex.: se a Administração concedeu afas-tamento, por dois meses, à funcionária, a revoga-ção será impossível.

– A revogação não pode atingir meros atos adminis-trativos, como certidões, atestados, votos, cujosefeitos decorrem da lei.

– Também não podem ser revogados os atos que ge-ram direitos adquiridos, conforme está expresso naSúmula nº 473, do STF.

– Também não são passíveis de revogação atos queintegram um procedimento, pois, a cada novo atoocorre a preclusão com relação ao anterior.

Anulação

É o “desfazimento do ato administrativo por razões deilegalidade” (Di Pietro).

Como a desconformidade com a lei atinge o ato emsuas origens, a anulação produz efeitos retroativos à dataem que foi emitido (efeito ex tunc).

Pode a anulação ser feita pela própria AdministraçãoPública, com base no seu poder de autotutela sobre ospróprios atos. Nesse sentido, vejam as seguintes Súmulasdo STF:

346. A Administração Pública pode declarar a nuli-dade de seus próprios atos.

473. A Administração pode anular seus próprios atos,quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porquedeles não se originam direitos, ou revogá-las, por moti-vo de conveniência ou oportunidade, respeitados os di-reitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, aapreciação judicial.

Também o Judiciário pode anular o ato, mediante pro-vocação do interessado, que pode utilizar-se quer de açõesordinárias, quer de remédios constitucionais de controlejudicial da Administração Pública (mandado de segurança,habeas data, mandado de injunção, ação popular).

A anulação, feita pela própria Administração,independe da provocação do interessado, já que ela tem opoder-dever de zelar pela inobservância do princípio dalegalidade.

Discute-se, na doutrina, se a Administração está obri-gada a anular o ato ou apenas a faculdade de fazê-lo.

A Administração tem, em regra, o dever de anular osatos ilegais, mas pode deixar de fazê-lo, em determinadascircunstâncias, quando o prejuízo resultante da anulaçãopuder ser maior do que o decorrente da manutenção doato ilegal. O interesse público é que norteará a decisão.

Convalidação

A convalidação – ou aperfeiçoamento ou sanatória –é o processo de que se vale a Administração para aprovei-tar atos administrativos com vícios superáveis, de forma aconfirmá-los no todo ou em parte. É admissível o instituto

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da convalidação dos atos administrativos anuláveis, aque-les que apresentam defeitos sanáveis e no qual se eviden-cie e não acarreta em lesão ao interesse público nem pre-juízos a terceiros.*

O instituto da convalidação tem a mesma premissapela qual se demarca a diferença entre vícios sanáveis einsanáveis, existente no direito privado. A grande vanta-gem em sua aceitação no Direito Administrativo é a depoder aproveitar-se atos administrativos que tenham ví-cios sanáveis, o que freqüentemente produz efeitos práti-cos no exercício da função administrativa. Por essa razão,o ato que convalida tem efeitos ex tunc, uma vez queretroage, em seus efeitos, ao momento em que foi pratica-do o ato originário.

Não se convalidam atos:1 - nulos, aqueles com vícios insanáveis;2 - que causaram prejuízos ao erário ou a terceiros;3 - com vícios de finalidade;4 - com vícios de matéria (competência exclusiva).A convalidação será feita pela própria Administra-

ção. Requer motivação e produz efeitos ex tunc.

PODERES ADMINISTRATIVOS

A Administração dispõe de poderes administrativosdistintos dos Poderes políticos (Executivo, Legislativo eJudiciário) para o desempenho de suas funções. Trata-sede poderes ditos instrumentais, pois consubstanciam fer-ramentas de trabalho do Estado.

De acordo com a maior ou menor margem de liberdadeque a lei atribua ao administrador para a prática do atoadministrativo, classificam-se os poderes administrativosem discricionário e vinculado.

Poder Vinculado ou Regrado

É o conferido à Administração para a prática de atocom todos os elementos, pressupostos e requisitosprocedimentais descritos na norma. O administrador ageinteiramente vinculado ao enunciado legal sob pena denulidade do ato.

Poder Discricionário

É o que a lei defere ao administrador para a prática deum ato, segundo seu próprio juízo quanto à conveniênciae oportunidade do mesmo, ou com a possibilidade de op-ção no tocante ao conteúdo. Trata-se de um poder previs-to para o melhor atendimento ao interesse público, pois olegislador não consegue tipificar e regular todas as possí-veis situações com que pode se deparar o administradorem seu dia-a-dia, no desempenho das tarefas administrati-vas.

Competência, finalidade e forma sempre serão pressu-postos ou elementos vinculados do ato. A discricionarie-dade recai sobre o motivo e o objeto.

A valoração dos motivos e a escolha do objetoconsubstanciam o mérito do ato administrativo.

A discricionariedade não pode ser confundida com aarbitrariedade, pois comporta atuação nos limites do per-missivo legal, informada pelos princípios que regem aAdministração. Trata-se de poder sempre relativo (juristantum), porque a competência, a finalidade e a forma sãovinculadas ao enunciado legal.

* Lei nº 9.784, de 29/1/99.

Poder Hierárquico

É o poder de distribuir funções a diversos órgãosadministrativos, com escalonamento pelos diferentes ní-veis de planejamento, coordenação, controle e execução.Por ele se estabelecem as relações de subordinação entreos servidores impondo-lhes o dever de obediência aossuperiores. A estes incumbem o controle e a correção dosatos administrativos dos seus subordinados.

No poder hierárquico, estão ínsitas as faculdades dedar ordens e de fiscalizar, bem assim as de delegar e avocaras atribuições e de rever os atos dos que se encontram emníveis inferiores da escala hierárquica.

Delegação é a atribuição a outrem de funções origina-riamente cometidas ao que delega. Em sentido contrário,situa-se a avocação, que consiste no chamamento a si deatribuições originariamente cometidas a um subordinado.

Pela revisão, os superiores apreciam os atos de seussubordinados, para mantê-los ou invalidá-los.

Poder Disciplinar

É uma faculdade punitiva interna por meio da qual aautoridade administrativa pune as infrações funcionaisdos servidores e de todos que estiverem sujeitos à disci-plina dos órgãos e serviços da Administração.

Poder Regulamentar

É o poder atribuído aos Chefes do Executivo para aexpedição de decretos para a fiel execução da lei. São oschamados decretos regulamentares.

A doutrina diverge, diante do texto constitucional emvigor (art. 84, IV e VI), se ainda são admissíveis os decre-tos autônomos, que regulamentem matéria ainda não dis-ciplinada por lei. Hely Lopes Meirelles entende que setrata de faculdade implícita no poder de chefia da Admi-nistração, para suprir as omissões do legislador.

Não obstante a lição do saudoso mestre Hely LopesMeirelles sobre os poderes administrativos, a doutrina maisatualizada e a jurisprudência predominante repulsam a expe-dição de decreto autônomo como ato normativo regulamen-tador de matéria ainda não disciplinada por lei, em virtude daafronta literal ao art. 84, inciso IV, da Carta Magna, que reza:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidenteda República:

..........................................................................IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as

leis, bem como expedir decretos e regulamentos parasua fiel execução;

Maria Sylvia Zanella di Pietro refuta o decreto autô-nomo do conceito de poder regulamentar dizendo:

Hely Lopes Meirelles (1996: 112) inclui no con-ceito de poder regulamentar a faculdade de ‘expedirdecretos autônomos sobre matéria de sua competên-cia ainda não disciplinada por lei’.

Preferimos excluir do conceito essa referência por-que, não sendo complementar à lei, não se pode dizerque o decreto autônomo ou independente se baseie nopoder regulamentar, já que este supõe a existência deuma lei a ser regulamentada. Seria, pois, o decreto au-tônomo manifestação do poder normativo do PoderExecutivo e não do poder regulamentar. (Direito Admi-nistrativo. 8ª ed. São Paulo: Ed. Atlas, 1997. p. 74-75)

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Celso Antônio Bandeira de Mello define regulamen-to e estipula sua extensão, expurgando qualquer modali-dade de ato normativo tendente a substituir a lei. Cite-se:

... pode-se conceituar o regulamento em nossoDireito como ato geral e (de regra) abstrato, de com-petência privativa do Chefe do Poder Executivo, ex-pedido com a estrita, finalidade de produzir as dis-posições operacionais uniformizadoras necessáriasà execução de lei cuja aplicação demande atuaçãoda Administração Pública.

É que os dispositivos constitucionais caracteriza-dores do princípio da legalidade no Brasil impõemao regulamento o caráter que se lhe assinalou, qualseja, o de ato estritamente subordinado, isto é, mera-mente subalterno e, ademais, dependente de lei. Daíque, entre nós, só podem existir regulamentos co-nhecidos no Direito alienígenas como “regulamen-tos executivos”. Daí que, em nosso sistema, de di-reito, a função do regulamento é muito modesta.

(...)Em suma: é livre de qualquer dúvida ou entredú-

vida que, entre nós, por força dos arts. 5º, II, 84, IV, e37 da Constituição, só por lei se regula liberdade epropriedade: só por lei impõem obrigações de fazerou não fazer. Vale dizer: restrição alguma à liberda-de ou à propriedade pode ser imposta se não estiverpreviamente delineada configurada e estabelecidaem alguma lei, e só para cumprir dispositivos legaisé que o Executivo pode expedir decretos e regula-mentos. (Curso de Direito Administrativo. 7 ed. SãoPaulo: Malheiros Editores, 1995, p. 184-189).

Diógenes Gasparini também rechaça de seu conceitode regulamento o decreto autônomo ou qualquer outrotipo de ato normativo independente, por entender incom-patível com a previsão constitucional. Transcreve-se:

O ato que se origina do exercício da atribuição re-gulamentar chama-se regulamento. Pode, em nossoordenamento, ser definido como o ato administrativonormativo, editado privativamente pelo Chefe doPoder Executivo, segundo uma relação de compati-bilidade com a lei para desenvolvê-la. Por essa defi-nição vê-se que o Direito Positivo brasileiro só admiteo regulamento de execução, isto é, os regulamentosdestinados à fiel execução da lei, consoante prescreveo inc. IV do art. 84 da Constituição Federal.

Não bastasse isso, diga-se que nos termos do incisoII do art. 5º da Lei Maior, “ninguém será obrigado a fazerou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.Assim, se o regulamento não é lei no sentido formal, nãopode criar direito novo, como os regulamentos autôno-mos criam. Ademais, cabe ao Congresso Nacional, nostermos do art. 48 da Constituição Federal, dispor sobretodas as matérias de competência da União. Sendo as-sim, não há lugar, espaço jurídico, para o regulamentoautônomo ou independente. (Direito Administrativo. 3ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 1993. p. 112).

A Suprema Corte brasileira e o Superior Tribunal deJustiça, em consonância com a doutrina retro citada, jáexplanaram seu entendimento sobre a expedição do decre-to autônomo, entendimento esse que nos reportamos:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONA-LIDADE. MEDIDA LIMINAR. DECRETO 1.719/95.

TELECOMUNICAÇÕES: CONCESSÃO OU PERMIS-SÃO PARA A EXPLORAÇÃO. DECRETO AUTÔ-NOMO: POSSIBILIDADE DE CONTROLE CONCEN-TRADO. OFENSA AO ARTIGO 84-IV DA CF/88.LIMINAR DEFERIDA.

A ponderabilidade da tese do requerente é segu-ra. Decretos existem para assegurar a fiel, execuçãodas leis (artigo 84-IV da CF/88). A Emenda Constitu-cional nº 8, de 1995 – que alterou o inciso XI e alíneaa do inciso XII do artigo 21 da CF – é expressa aodizer que compete à União explorar, diretamente oumediante autorização, concessão ou permissão, osserviços de telecomunicações, nos termos da lei. Nãohavendo lei anterior que possa ser regulamentada,qualquer disposição sobre o assunto tende a ser ado-tado em lei formal. O decreto seria nulo, não porilegalidade, mas por inconstitucionalidade, já quesupriu a lei onde a Constituição a exige. A Leinº 9.295/96 não sana a deficiência do ato impugnado,já que ela é posterior ao decreto. Pela ótica da maioria,concorre, por igual, o requisito do perigo na demora.Medida liminar deferida.

(STF, Tribunal Pleno, ADIMC-1435/DF, Rel. Min.Francisco Rezek, julg. 7/11/96, DJ 6/8/99, p. 5)

TRIBUTÁRIO. AITP. DECRETO Nº 1.035/93: LI-MITES.

I - Como no ordenamento jurídico brasileiro nãoexiste o “decreto autônomo”, mas tão-somente o decre-to para a “fiel execução da lei”, padece de ilegalidade oDecreto nº 1.035/93, que atuou ultra vires em relação àlei regulamentada (Lei nº 8.030/93). O art. 3º do regula-mento, na verdade, criou novos sujeitos passivos para aobrigação tributária, uma vez que equiparou, sem poder,os operadores portuários aos “importadores, exporta-dores ou consignatários das mercadorias”.

II - Afronta ao princípio da legalidade (CTN, art.97, III).

III - Recurso não conhecido.(STJ, 2ª Turma, RESP 156858/PR (1997/0085963-0),

Rel. Min. Adhemar Maciel, julg. 20/10/98, DJ 19/4/99,p. 110)

Conclui-se, portanto, que o decreto autônomo nãopode fazer parte do conceito de “Poder Regulamentar”.

Poder de Polícia

“É a faculdade de que dispõe a Administração Pú-blica para condicionar e restringir o uso e gozo de bens,atividades e direitos individuais, em benefício da coleti-vidade ou do próprio Estado.” (Hely Lopes Meirelles)

Não se confunde com a polícia judiciária e a políciade manutenção da ordem pública, pois estas atuam so-bre pessoas.

O Código Tibutário Nacional conceitua o Poder dePolícia em seu art. 78, in verbis:

Art. 78. Considera-se poder de polícia a ativida-de da Administração Pública que, limitando ou disci-plinando direito, interesse ou liberdade, regula a prá-tica de ato ou abstenção de fato, em razão de interes-se público concernente à segurança, à higiene, à or-dem, aos costumes, à disciplina da produção e domercado, ao exercício de atividades econômicas de-pendentes de concessão ou autorização do Poder Pú-blico, à tranqüilidade pública ou ao respeito à pro-priedade e aos direitos individuais ou coletivos.

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Atributos do Poder de Polícia

Os atributos específicos do Poder de Polícia são adiscricionariedade, a auto-executoriedade e a coercibilidade.

• Discricionariedade – consiste na possibilidade dalivre escolha pela Administração sobre a conveniência eoportunidade do exercício do poder de polícia.

Entretanto, o ato emanado em razão desse poder passa aser vinculado, se a norma legal que o rege estabelecer o modode sua realização e exteriorização (forma própria ou legal).

• Auto-executoriedade – é a faculdade de a Adminis-tração decidir e executar diretamente sua decisão por seuspróprios meios, sem intervenção do Judiciário. No usodesse poder, a Administração impõe diretamente as medi-das ou sanções de polícia administrativa necessárias àcontenção da atividade anti-social que ela visa a obstar.Se o particular se sentir agravado em seus direitos, sim,poderá reclamar, pela via adequada, ao Judiciário, que in-tervirá oportunamente para a correção de eventual ilegali-dade administrativa ou fixação da indenização que for ca-bível. A auto-executoriedade autoriza a prática do ato depolícia administrativa pela própria Administração, inde-pendentemente de mandado judicial. Assim, por exemplo,quando a Prefeitura encontra uma edificação irregular ouoferecendo perigo à coletividade, ela embarga diretamen-te a obra e promove sua demolição, se for o caso, pordeterminação própria, sem necessidade de ordem judicialpara essa interdição e demolição.

Não se deve confundir a auto-executoriedade dassanções de polícia com punição sumária e sem defesa. AAdministração só pode aplicar sanção sumariamente esem defesa (principalmente as de interdição de atividade,apreensão ou destruição de coisas) nos casos urgentes queponham em risco a segurança ou a saúde pública, ou quandose tratar de infração instantânea surpreendida na suaflagrância, aquela ou esta comprovada pelo respectivo autode infração, lavrado regularmente; nos demais casos exige-se o processo administrativo correspondente, com plenitudede defesa ao acusado, para validade da sanção imposta.

Excluem-se da auto-executoriedade as multas, ain-da que decorrentes do poder de polícia, que só po-dem ser executadas por via judicial, como as demaisprestações pecuniárias devidas pelos administrado-res à Administração.

• Coercibilidade – é a imposição coativa das medidasadotadas pela Administração. Todo ato de polícia é impe-rativo (obrigatório para seu destinatário, admitindo até oemprego da força pública para seu cumprimento, quandoresistido pelo administrado. Não há ato de polícia faculta-tivo para o particular, pois todos eles admitem a coerçãoestatal para torná-los efetivos, e essa coerção tambémindepende de autorização judicial.

Condições de Validade

As condições de validade do ato de polícia são acompetência, a finalidade e a forma, acrescidas daproporcionalidade da sanção e da legalidade dos meiosempregados pela Administração.

A proporcionalidade entre a restrição imposta pela Ad-ministração e o benefício social que se tem em vista, sim,constitui requisito específico para validade do ato de polícia,como, também, a correspondência entre a infração cometida

e a sanção aplicada, quando se tratar de medida punitiva. OPoder de Polícia autoriza limitações, restrições, condiciona-mentos; nunca supressão total do direito individual ou dapropriedade particular, o que só poderá ser feito através dedesapropriação. A desproporcionalidade do ato de políciaou seu excesso equivale a abuso de poder e, como tal, tipificailegalidade nulificadora da sanção.

A legalidade dos meios empregados pela Administra-ção é o último requisito para a validade do ato de polícia. Naescolha do modo de efetivar as medidas de polícia não secompreende o poder de utilizar meios ilegais para sua conse-cução, embora lícito e legal o fim pretendido.

REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS

LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990

(Atualizada pelas Leis nos 8.270/91, 8.429/92,8.647/93, 8.688/93, 8.730/93, 8.745/93, 9.515/97 e

9.527/97 e EC nos 19 e 20/98)

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES (ARTS. 1º A 4º)

A Lei nº 8.112, de 11/12/90, decretada pelo CongressoNacional e sancionada pelo Presidente da República, veioinstituir o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civisdos Poderes da União e ex-territórios, das autarquias(inclusive as em regime especial), das fundações públi-cas federais e extensivo aos serventuários da justiça (re-munerados com recursos da União, no que couber).

A nova disciplina legal abrange não só os estatu-tários (antes regidos pelo antigo Estatuto dos Funcionári-os Públicos Civis da União, Lei nº 1.711, de 28/10/52) comotambém os chamados celetistas (contratados sob o regi-me da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprova-da pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º/5/43), exceto os contra-tados por prazo determinado. Ficando estabelecido que,quanto a estes, seus contratos não mais seriam prorroga-dos após o vencimento do prazo de prorrogação.

Na vigência do novo diploma, os empregos ocupadospelos servidores incluídos no regime instituído por esta Lei,ficam transformados em cargos, na data de sua publicação.

As funções de confiança também foram transforma-das em cargos em comissão, até a implantação dos planosde cargos, quando exercidas por não-integrantes de tabe-las permanentes de órgãos e entidades.

As universidades e instituições de pesquisas cientí-fica e tecnológica federais poderão prover seus cargoscom professores, técnicos e cientistas estrangeiros(Lei nº 9.515, de 20/11/97).

O Regime Jurídico, previsto pela Constituição de1988, excluiu, portanto, os empregados públicos: ostrabalhadores das empresas públicas (CEF/ECT) e osdas sociedades de economia mista (BB/Petrobras). Es-tes poderão ter outro tipo de regime, mas deverão ob-servar as normas constitucionais relativas à investiduraem cargo ou emprego por concurso público, e, tam-bém, a vedação ao acúmulo de cargos, empregos oufunções públicas (art. 37, II, XVI e XVII).

As Definições de Servidor e Funcionário PúblicoNos termos da lei, “Servidor é a pessoa legalmente

investida em cargo público” (Lei nº 8.112/90, art. 2º).Considera-se Funcionário Público, para os efeitos

penais, quem, embora transitoriamente ou sem remunera-

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ção, exerce cargo, emprego ou função pública (CódigoPenal, art. 327).

Cargo Público “é o conjunto de atribuições e respon-sabilidades previstas na estrutura organizacional que de-vem ser cometidas a um servidor” (Lei nº 8.112/90, art. 3º).

O cargo público só pode ser criado por lei, com núme-ro certo, vencimento e designação próprios.

O agrupamento de cargos da mesma profissão recebeo nome de classe.

Ao agrupamento de classes da mesma profissão ouatividade, com escalonamento hierárquico, dá-se a deno-minação de Carreira (ou série de classe).

Quadro é o conjunto de carreiras, cargos isolados efunções gratificadas de um mesmo serviço ou Poder. Podeser permanente ou provisório.

Lotação é o número de servidores que devem traba-lhar em cada seção (repartição) do serviço público.

Criação, Transformação e Extinção de Cargos

A Constituição Federal (art. 48, inc. X) dispõe quecabe ao Congresso Nacional dispor sobre a criação, trans-formação e extinção dos cargos e funções públicas. Ou-tros dispositivos disciplinam a matéria, vejamos:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidenteda República:

(...)XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais,

na forma da lei;(...)Art. 96, II, b – a criação e a extinção de cargos e

a remuneração dos seus serviços auxiliares e dosJuízos que lhes forem vinculados, bem como a fixaçãodo subsídio de seus membros e dos juízes, inclusivedos tribunais inferiores, onde houver, ressaldo o dis-posto no art. 48, XV.

Arts. 51, IV, e 52, XIII – Os cargos dos serviçosauxiliares do Senado e da Câmara podem ser criadosou extintos por resolução de cada uma dessas casas.

Hely Lopes Meirelles entende, entretanto, que essamatéria deve ser tratada por lei e não por resolução comoensinam outros doutrinadores (ex.: Bandeira de Mello).

A criação de cargos do Executivo e do Judiciário e afixação dos respectivos vencimentos é feita por lei.

Quanto à iniciativa dessas leis, é importante distin-guir: será privativa do Chefe do Executivo para os cargosda administração direta e autárquica desse Poder (art. 61,§ 1º, I, a). Será, também, dos Tribunais, privativamente,para os cargos de respectiva organização judiciária.

Os cargos públicos, quanto ao provimento, podem ser:a) efetivos – de carreira ou isolados;b) em comissão (em confiança);c) vitalício – Magistrados, Ministros dos Tribunais de

Contas e Membros do Ministério Público, disciplinados emoutros diplomas legais, conforme a previsão constitucional;

d) interino* – em substituição (art. 38 da Lei nº 8.112/90);e) temporário – por prazo determinado e para atender

à necessidade de excepcional interesse público, obser-vados os prazos máximos e improrrogáveis da Lei nº8.745, de 9 de dezembro de 1993.

Com o advento da Emenda Constitucional nº 19/98 asfunções de confiança serão exercidas exclusivamente porservidores de carreira.

* O funcionário interino substituto é livremente demissível, menos antes de ces-sar a causa da substituição. (Súmula nº 24 di STF)

DO PROVIMENTO (ARTS. 5º A 32)

Provimento – é o ato de designação de uma pessoapara o preenchimento de um cargo público.

Como já mencionamos, o cargo pode ser:Efetivo – o que se destina a ser preenchido em caráter

definitivo. Esta efetividade é alcançada com a nomeação,porém, a estabilidade adquire-se após 3 (três)* anos deefetivo exercício (art. 41, caput, da Constituição Federal).

Comissionado – é o que se destina a ser preenchidopor um ocupante transitório, da estrita confiança da auto-ridade que o nomeou. É de livre nomeação e exoneração.Diz-se que a nomeação é feita em português e a exonera-ção em latim (ad nutum).

É importante frisar que, durante o Estágio Probatório**,de 36 meses *, onde serão observados e avaliados os fato-res Responsabilidade, Assiduidade, Produtividade, Capa-cidade de Iniciativa e Disciplina, o ocupante de cargo efe-tivo não é exonerável ad nutum. Sua “demissão” somenteocorrerá após regular apuração de sua inadequação aoexercício do cargo. É isto que estabelece a Súmula nº 21 doSTF: “Funcionário em estágio probatório não pode serexonerado nem demitido sem inquérito ou sem as formali-dades legais de apuração de sua incapacidade”.

– A avaliação de desempenho passa a ser exigida comorequisito para aquisição de estabilidade do servidor.*

Ao inabilitado, em estágio probatório, a lei estabelece:a) se já era estável – fica assegurada a recondução ao

cargo anterior;b) se não estável – será o servidor exonerado ex officio

(ou de ofício) mediante, como dissemos, a regular apura-ção de sua inaptidão para o exercício do cargo.

A lei não assegura ao servidor de primeira investidura(não estável):

a) recondução;b) licença para desempenho de mandato classista;c) reintegração.A estabilidade no cargo não equivale à inamo-

vibilidade. A Administração, ex officio (por dever do car-go), pode transferir ou remover o servidor efetivo, pormotivo de interesse público.

A demissão do servidor estável pode ocorrer em vir-tude de sentença judicial transitada em julgado ou medi-ante processo administrativo disciplinar, em que lhe sejaassegurada a ampla defesa e o contraditório (Súmula nº20 do STF).

Se a demissão do servidor estável for invalidada porsentença judicial ou decisão administrativa, ele será rein-tegrado. Com o eventual ocupante de seu cargo, podemocorrer 3 (três) hipóteses:

1ª) recondução ao cargo de origem, sem qualquer in-denização;

2ª) aproveitamento em outro cargo de vencimento eatribuições compatíveis; e

3ª) disponibilidade remunerada, até que seja adequa-damente aproveitado em outro cargo (obrigatoriamentede atribuições e vencimentos compatíveis com o anterior-mente ocupado).

* O Estágio Probatório não protege o funcionário contra extinção do cargo.(Súmula nº 22 do STF)

** Emenda Constitucional nº 19/98.

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O servidor ficará ainda em disponibilidade remu-nerada quando extinto o cargo ou declarada suadesnecessidade.

O provimento pode ser:1. Originário ou inicial – o que se faz através de

nomeação para cargos de provimento efetivo ou em co-missão.

A nomeação é a única forma de provimento inicial.

2. Derivados – os que derivam de um vínculo anteri-or entre o provido e o serviço público.

As formas de provimento por derivação são:

2.1 Horizontal (sem elevação funcional):a) Transferência (Revogada);b) Readaptação – é a passagem do servidor de seu

cargo para outro mais compatível com a limitação quetenha sofrido em sua capacidade física ou mental, aferidaem inspeção médica. Deverá ser feita em cargo de atri-buições e vencimentos afins, respeitada a habilitaçãoexigida. Se for julgado incapaz para o serviço público, oreadaptado será aposentado com provento integral ou pro-porcional, dependendo do caso.*

São, pois, condições necessárias para que ocorra areadaptação:

1ª) que as atribuições e responsabilidades sejam com-patíveis com a limitação do readaptando;

2ª) que a limitação física ou mental seja avaliada econstituída por inspeção médica;

3ª) respeito à habilitação exigida para o exercício donovo cargo; e

4ª) seja efetivada em cargo de atribuições afins.

2.2 Vertical (com elevação funcional):a) Promoção é a passagem de uma classe para outra

no âmbito da mesma carreira;b) Ascensão (Revogada).

2.3 Reingresso – compreende o retorno ao serviçoativo de servidor que dele estava desligado. São modali-dades:

a) Reintegração – é a reinvestidura do servidor está-vel no cargo que anteriormente ocupara, ou no cargo queresultou sua transformação, quando sua demissão for in-validada por decisão administrativa ou judicial, com ressar-cimento de todas as vantagens. Se o cargo tiver sido extin-to, o servidor ficará em disponibilidade remunerada.

Se o cargo estiver preenchido, o seu ocupante será exo-nerado ex officio, ou, se ocuparava outro cargo, a este, seráreconduzido, sem direito a indenização.

b) Recondução – é o retorno do servidor estável aocargo anteriormente ocupado, em decorrência da inabili-tação em estágio probatório, relativo a outro cargo, ou dareintegração do anterior ocupante. Se o cargo de origemestiver provido, o servidor será aproveitado em outro car-go, com atribuições e vantagens compatíveis com o ante-riormente ocupado.

* Enquanto pendente, o pedido de readaptação fundado em desvio funcional,não gera direitos para o servidor, relativamente ao cargo pleiteado. (Súmula nº566 do STF)

Se o servidor federal, submetido a estágio probatório emnovo cargo público, desiste de exercer a nova função, tem eleo direito a ser reconduzido ao cargo ocupado anteriormenteno serviço público. Com esse entendimento, o STF deferiumandado de segurança para assegurar ao impetrante arecondução do servidor estável na hipótese de desistênciavoluntária deste em continuar o estágio probatório, por setratar de motivo menos danoso do que sua aprovação (MS22.933-DF, rel. Min. Octavio Gallotti, 26/6/98).

c) Aproveitamento* – é a investidura do servidor emdisponibilidade em cargo de atribuições e vencimentos com-patíveis com o anteriormente ocupado. O órgão central doSistema de Pessoal Civil é o incumbido de determinar o apro-veitamento imediato do servidor em disponibilidade em vagaque ocorrer em órgãos e entidades da Administração PúblicaFederal.

O aproveitamento dar-se-á obrigatoriamente em cargode natureza e padrão de vencimentos correspondentes aoque ocupava, não podendo ser feito em cargo de padrãosuperior.

Se o servidor não entrar em exercício no prazo legal,seu aproveitamento será tornado sem efeito e a disponi-bilidade cassada, salvo doença comprovada por juntamédica oficial.

d) Reversão – é o retorno à atividade de servidor apo-sentado: por invalidez, quando junta médica oficial declararinsubsistentes os motivos da aposentadoria; no interesseda administração, desde que:

– tenha solicitado a reversão;– a aposentadoria tenha sido voluntária;– estável quando na atividade;– a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos ante-

riores à solicitação;– haja cargo vago.A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resul-

tante de sua transformação, sendo que o tempo em que oservidor estiver em exercício será considerado para conces-são da aposentadoria.

No caso de invalidez, encontrando-se provido o cargo,o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até aocorrência de vaga.

O servidor que retornar à atividade por interesse da ad-ministração perceberá, em substituição aos proventos daaposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer,inclusive com as vantagens de natureza pessoal que perce-bia anteriormente à aposentadoria.

Terá os proventos calculados com base nas regras atu-ais se permanecer pelo menos cinco anos no cargo.

“Reclassificação posterior à aposentadoria não apro-veita ao servidor aposentado” (Súmula nº 38 do STF).

Não poderá reverter o aposentado que já tiver completa-do 70 (setenta) anos de idade.

Em síntese: a reintegração é do demitido; arecondução é do inabilitado em estágio probatório deoutro cargo ou da reintegração do anterior ocupante; oaproveitamento é do disponível, e a reversão do aposen-tado.

* À falta de lei, funcionário em disponibilidade não pode exigir, judicialmente,o seu aproveitamento, que fica subordinado ao critério de conveniência daAdministração. Diz a Súmula nº 39 do STF.

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Do Concurso Público

A prévia habilitação em concurso público de pro-vas ou de provas e títulos é imprescindível para a no-meação para cargo de carreira ou cargo isolado, de pro-vimento efetivo, obedecidos a ordem de classificação eo prazo de validade do concurso.

Dispõe a lei que o concurso público terá validadede até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogada por umavez, por igual período. Aqui é repetida a norma consti-tucional (art. 37, III). Conclusões podem ser extraídasdessa norma:

a) o prazo máximo de validade de um concurso pú-blico, já incluída a prorrogação, será de 4 (quatro) anos;

b) o prazo de validade inicial do concurso público,sem a prorrogação, poderá ser menor do que dois anos,pois a lei fala em “até 2 (dois) anos”;

c) a prorrogação do prazo de validade de um con-curso público é uma faculdade, não um dever do poderpúblico;

A fixação do prazo será feita no edital do concurso,salvo se a lei já o determinar.

Outra questão que pode ser colocada é a do signi-ficado da expressão “prorrogação por igual período”.Por igual período deve ser entendido “o prazo igual aoque haja sido estabelecido para a validade do con-curso”.

d) haverá prorrogação do prazo de validade de con-curso se prevista no edital;

e) não há prazo mínimo de validade do concursopúblico.

Atenção!Embora o Estatuto proíba a abertura de novo

concurso, se o anterior ainda é válido e restam can-didatos aprovados a serem aproveitados, a Consti-tuição permite a abertura de novo concurso, embo-ra seja válido o concurso anterior, porém ficará obri-gada a observar a prioridade dos concursados apro-vados no certame anterior para só depois admitiros novos aprovados.

Há entendimentos de que existem dois prazos:no primeiro biênio 2 (dois) anos não se pode reali-zar outro concurso; já no segundo biênio (prazoimprorrogável) a administração poderá realizar umnovo concurso. O que não se pode é ficar com otexto taxativo da lei: “Não se abrirá novo concursoenquanto houver candidato aprovado em concur-so anterior com prazo de validade não expirado”(art. 12, § 2º) em desconsideração à alusão que faza lei maior (art. 37, inciso IV): “Durante o prazoimprorrogável previsto no edital de convocação,aquele aprovado em concurso público de provasou de provas e títulos será convocado com priori-dade sobre novos concursados para assumir cargoou emprego, na carreira”.

• A Aprovação no Concurso e a Expectativa de Nome-ação

O aprovado em concurso público, em princípio, não temdireito à nomeação, pois o Poder Público pode escolher a opor-tunidade da nomeação que melhor atenda às suas conveniên-cias. Se o instrumento convocatório fixou prazo para o provi-mento dos cargos, aí existe o direito à nomeação, observada aordem de classificação.

O aprovado tem o direito de não ser preterido na no-meação, ou, mais ainda, tem o direito de ser nomeado,quando for preterido, isto é, quando o cargo for providopor candidato de classificação inferior a sua. A esse res-peito, dispõe a Súmula nº 15, do STF: “Dentro do prazode validade do concurso, o candidato aprovado tem di-reito à nomeação, quando o cargo for preenchido semobservância da classificação”.

Funcionário nomeado por concurso tem direito a pos-se (Súmula nº 16 do STF). Já a nomeação de funcionáriosem concurso pode ser desfeita antes da posse (Súmulanº 17 do STF).

• Concurso Público: Direito à ConvocaçãoCom base no art. 37, IV, da CF (“durante o prazo

improrrogável previsto no edital de convocação, aqueleaprovado em concurso público de provas ou de provas etítulos será convocado com prioridade sobre novosconcursados, para assumir cargo ou emprego, na carrei-ra;”), a Turma deu provimento a recurso ordinário emmandado de segurança para assegurar a candidatos sele-cionados na primeira fase do concurso público para ocargo de fiscal do trabalho (Edital nº 1/94) – que não es-tavam classificados dentro do limite das vagas existentes– a prioridade na convocação para a segunda fase (pro-grama de formação) sobre eventuais aprovados em novoconcurso público. Considerou-se que o Edital nº 1/94determinara o provimento dos cargos quanto às vagasexistentes ou que viessem a ocorrer no prazo de validadedo concurso, ficando, em conseqüência, a autoridadecoatora impedida de nomear candidatos aprovados emposterior concurso de fiscal do trabalho enquanto não seconcluir o competitório em que os impetrantes foram apro-vados na primeira fase, o que somente ocorrerá com aconvocação à segunda etapa. Precedente citado: RMS23.040-DF (DJU de 17/12/99).

RMS 23.538-DF, rel. Min. Sepúlveda Pertence,22/2/2000.

Requisitos básicos para a investidura em cargopúblico

Os requisitos para a investidura em cargo públicoestão elencados no art. 5º da Lei nº 8.112/90. São eles:

a) a nacionalidade brasileira – aqui a lei não poderáestabelecer distinção entre brasileiros natos ounaturalizados. A Constituição disciplina, contudo, no art.12, § 3º, que são cargos privativos de brasileiros natos:Presidente e Vice-Presidente da República, Presidente daCâmara ou do Senado Federal, Ministro do Supremo Tri-bunal Federal, oficial das Forças Armadas e integrantes daCarreira Diplomática, membros do Conselho de Defesa eMinistro de Defesa;

b) o gozo dos direitos políticos;c) quitação com as obrigações militares e eleitorais;

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d) nível de escolaridade exigido para o exercício docargo;

e) idade mínima de 18 (dezoito) anos;*f) aptidão física e mental;g) outros, conforme a natureza do cargo (idade máxi-

ma, sexo, altura mínima, estado civil, etc.).Estrangeiros poderão ser contratados para cargos de

cientistas, pesquisadores e professores universitários.

Tutela aos deficientes

A lei assegura aos portadores de deficiência odireito à inscrição em concurso público para pro-vimento de cargo compatível com a deficiência deque é portador. Serão reservadas para essas pesso-as até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidasno concurso. No Distrito Federal é lei: 20% (vin-te por cento) das vagas serão reservadas para porta-dores de deficiência física (Lei nº 160, de 2/8/91;Decreto nº 13.897, de 14/4/92).

• Estágio Probatório1 – O estágio probatório tem por objetivo avaliar a

aptidão e a capacidade do servidor, para desempenho dasatribuições do cargo de provimento efetivo, para o qualfoi nomeado mediante aprovação em concurso público.

1.1 – O estágio probatório terá a duração de 36 (trinta eseis)** meses e somente decorrido este período o servidor, sehabilitado, será confirmado no cargo.

2 – O estágio probatório somente poderá ser realiza-do no cargo para o qual o servidor foi nomeado.

3 – O órgão ou entidade deve criar as condições, de for-ma a facilitar o desenvolvimento das atribuições do servidor.

4 – O servidor em estágio probatório deve ser acom-panhado, orientado e avaliado, periodicamente, em suasatribuições pela chefia imediata.

5 – A avaliação de desempenho do servidor em está-gio probatório terá por base o acompanhamento diário comapurações periódicas (avaliações parciais) e avaliação fi-nal que consistirá da consolidação das avaliações parciais.

6 – A homologação da avaliação final do servidorem estágio probatório deverá ser feita por comissão de-signadas para este fim, observadas além dos fatores enu-merados no art. 20 da Lei nº 8.112/90, outras habilidadese características necessárias ao desempenho do cargo.

7 – O servidor em estágio probatório faz jus aos be-nefícios e vantagens concedidos aos demais servidoresda Administração Pública Federal direta, autárquica efundacional regidos pela Lei nº 8.112/90, com exceçãodaqueles que a lei, expressamente, restringe aos servido-res estáveis.

8 – Ao servidor, em estágio probatório, poderá serconcedida licença para tratamento da própria saúde e apo-sentadoria por invalidez a qualquer tempo, uma vez quea lei estatutária não exige carência para este fim.

9 – O servidor em estágio probatório não poderá afas-tar-se do exercício do cargo efetivo, exceto nos casosexcepcionais previstos em normas específicas cuja deter-minação seja compulsória.

* Não é admissível, por ato administrativo, restringir, em razão de idade, inscri-ção em concurso para cargo público (Súmula nº 14 do STF).

** Há entendimento do MPOG e MPU que o estágio probatório permanece de 24meses e a estabilidade será alcançada após 3 anos.

10 – O servidor que durante o estágio probatório foraprovado em outro concurso público não poderá aprovei-tar o tempo anteriormente prestado naquele estágio paraesta nova situação.

11 – O tempo de serviço de servidor que já adquiriuestabilidade no serviço público e que se encontra subme-tido a estágio probatório em razão de um novo provimen-to não poderá ser computado para efeito de progressão epromoção do novo cargo.

12 – Será declarado vago o cargo de servidor estávelque for aprovado em concurso público e nomeado, emdecorrência de ter sido empossado em outro cargoinacumulável (Lei nº 8.112/90, art. 37, VIII).

13 – No ato de nomeação de outro servidor para pre-encher a vaga, decorrente do provimento de que trata oitem 14, deverá ser indicada a ocorrência, com a respecti-va data.

14 – Não há necessidade de edição de portaria decla-rando a vaga do cargo, uma vez que no ato da vacânciaserá indicado o respectivo motivo.

15 – Até que sejam implantados os Planos de Carrei-ra no Serviço Público Federal, os órgãos e entidades po-derão expedir normas para a avaliação de desempenhono cargo, em suas áreas de competência, durante o está-gio probatório.*

• Nomeação, Posse e ExercícioJá vimos que a nomeação é a única forma originária

de provimento de cargo público. Trata-se de provimentoinicial e autônomo.

Entretanto, a relação entre o Estado e o servidor nãose aperfeiçoa com a nomeação. Para que se complete ovínculo empregatício, é necessário que o nomeado tomeposse e entre em exercício.

Posse é “o ato de aceitação do cargo e um compro-misso de bem servir”. Do termo de posse, assinado pelonomeado, constam suas atribuições, deveres, responsabi-lidades e direitos relativos ao cargo ocupado, bem comouma declaração expressa de que o nomeado não acumulacargos públicos vedados pela Constituição, não praticaatos de gestão ou de comércio (não é sócio-gerente oudirigente de sociedade comercial ou civil). No ato de pos-se, o servidor declara os seus bens. O prazo para a posseé de trinta dias, contados da publicação do ato de provi-mento. A posse pode se verificar por procuração espe-cífica.

Exercício é o efetivo desempenho das atribuições docargo. A partir da data da posse, o servidor dispõe dequinze dias improrrogáveis para entrar em exercício. Sócom o exercício, o servidor adquire direito às vantagensdo cargo e à contraprestação pecuniária.

Notas importantes:1) Se o servidor nomeado não tomar posse no prazo

legal, será tornado sem efeito o ato de provimento.2) Se o servidor empossado não entrar em exercício

no prazo de quinze dias, contados da data da posse, seráexonerado de ofício.

* Instrução Normativa nº 10, de 14/9/94 (DOU de 15/9/94).

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3) Também é de trinta dias o prazo para entrar em exer-cício em outra localidade, do servidor transferido, removi-do, redistribuído, requisitado ou cedido. Nesse prazo, já seinclui o tempo de deslocamento para a nova sede.

4) A duração máxima semanal do trabalho do ocupan-te de cargo de provimento efetivo é de quarenta horas,salvo quando a lei estabelecer duração diversa, observa-dos os limites mínimos e máximos de 6 e 8 horas diárias,respectivamente (Lei nº 8.270/91 e Decreto nº 1.590, de 10/8/95, que regulamenta a jornada de trabalho).

4.1) Do exercente de cargo em comissão, chefia eassessoramento superiores, exige-se regime de dedicaçãointegral.

5) A posse e o exercício de servidor em cargo, em-prego ou função da administração direta ou indireta fi-cam condicionados à apresentação, pelo interessado, dedeclaração dos bens e valores que integram o respectivopatrimônio, bem como os do cônjuge, companheiro, fi-lhos ou outras pessoas que vivam sob a sua dependênciaeconômica, excluído apenas os objetos e utensílios de usodoméstico (art. 13 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992,regulamentada pelo Decreto nº 978, de 10/1/93).

6) A Lei nº 8.730, de 10/11/93, estabelece aobrigatoriedade da declaração de bens e rendas no momen-to da posse, final de exercício financeiro, no término da ges-tão ou mandato e nas hipóteses de exoneração, renúncia ouafastamento definitivo, por parte das autoridades e servido-res públicos adiante indicados:

I - Presidente da República;II - Vice-Presidente da República;III - Ministros de Estado;IV - membros do Congresso Nacional;V - membros da Magistratura Federal;VI - membros do Ministério Público da União; eVII - todos quanto exerçam cargos eletivos, empregos ou

funções de confiança, na administração direta, indireta,fundacional, de qualquer dos poderes da União.

DA VACÂNCIA (ARTS. 33 A 35)

Vacância do cargo público

Vacância é a abertura de um cargo público dantes ocupa-do. O art. 33 da Lei nº 8.112/90 dispõe sobre os casos devacância do cargo público, que pode decorrer de:

– Exoneração – é a dispensa do servidor a seu pedi-do ou de ofício, nos casos em que pode ser dispensado.Não tem caráter sancionador (punitivo). Não constituipenalidade. Ocorrerá a exoneração de ofício quando oservidor não for aprovado no estágio probatório ou quan-do, após a posse, não entrar em exercício no prazo legal.

No caso de ocupante de cargo em comissão, a exo-neração ocorrerá a pedido, ou por deliberação espontâ-nea da administração, a juízo da autoridade competente.

Exoneração por excesso de gasto com pessoalA despesa total com pessoal, em cada período de apu-

ração e em cada ente da Federação, não poderá excederos percentuais da receita corrente líquida, a seguir discri-minados:

I – União: 50% (cinqüenta por cento);II – Estados: 60% (sessenta por cento);III – Municípios: 60% (sessenta por cento).

Na verificação do atendimento dos limites definidosneste artigo, não serão computadas as despesas:

I – de indenização por demissão de servidores ouempregados;

II – relativas a incentivos à demissão voluntária;III – derivadas da aplicação do disposto no inciso II

do § 6º do art. 57 da Constituição;IV – decorrentes de decisão judicial e da competên-

cia de período anterior ao da apuração a que se refere o§ 2º do art. 18;

V – com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados doAmapá e Roraima, custeadas com recursos transferidos pelaUnião na forma dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Cons-tituição e do art. 31 da Emenda Constitucional nº 19;

VI – com inativos, ainda que por intermédio de fun-do específico, custeadas por recursos provenientes:

a) da arrecadação de contribuições dos segurados;b) da compensação financeira de que trata o § 9º do

art. 201 da Constituição;c) das demais receitas diretamente arrecadadas por

fundo vinculado a tal finalidade, inclusive o produto daalienação de bens, direitos e ativos, bem como seu supe-rávit financeiro.

A repartição dos limites globais não poderá excederos seguintes percentuais:

I – na esfera federal:a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para

o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União;b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cen-

to) para o Executivo;d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério

Público da União.II – na esfera estadual:a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o

Tribunal de Contas do Estado;b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;d) 2%(dois por cento) para o Ministério Público dos

Estados.III – na esfera municipal:a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o

Tribunal de Contas do Município, quando houver;b) 54% (cinqüenta e quatro por cento) para o Exe-

cutivo.

– Demissão – é a dispensa do servidor, a título depenalidade funcional. Nenhum servidor, quer estável, querem estágio probatório, pode ser punido com a pena máxi-ma de dispensa do serviço, sem comprovação da faltaque deu causa à punição.

Ressaltamos que o desligamento do servidor, a pe-dido ou por deliberação da Administração, é ato do Po-der Público, não do servidor. A este somente competesolicitar a exoneração. Não pode abandonar o cargo,pois tal conduta é crime, previsto no art. 323 do CódigoPenal — “Abandono de Função” (na realidade, a ex-pressão mais adequada seria “abandono de cargo”).

Dispõe ainda o art. 92, I, do Código Penal, que o juizpode, motivadamente, na sentença, declarar a perda decargo, função pública ou mandato eletivo, nos crimes pra-

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ticados com abuso de poder ou violação de dever para com aAdministração Pública, quando aplicada pena privativa deliberdade por tempo igual ou superior a um ano ou quandofor aplicada pena privativa de liberdade por tempo superiora quatro anos nos demais casos. Trata-se de efeito extrapenalda condenação, que não é automático. Depende de sermotivadamente declarado na sentença. Mesmo que ocorra areabilitação penal, é vedada a reintegração do servidor nasituação anterior.

A violação de dever para com a administração diz res-peito ao dever inerente ao cargo ou função. Do mesmo modo,o abuso de poder é o do inerente ao cargo ou função.

Constitui abandono de cargo, punível com a pena dedemissão, a ausência intencional ao serviço, sem justacausa, por mais de 30 (trinta) dias consecutivos.

A falta ao serviço, sem justa causa, por 60 (sessenta)dias, intercaladamente, no período de 12 (doze) meses,constitui inassiduidade habitual, também punível com apena de demissão.

– Promoção– Ascensão (Revogada.)– Transferência (Revogada.)– Readaptação– Recondução– Aposentadoria– Posse em outro cargo inacumulável (ou declara-

ção de vacância)– Falecimento

Formas de Deslocamento:

I - Remoção“É o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofí-

cio, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudançade sede” (art. 36).

Modalidades:1ª) de ofício, no interesse da Administração;2ª) a pedido, a critério da Administração;3ª) a pedido, para outra localidade, independentemen-

te do interesse da Administração:a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também

servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderesda União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-pios, que foi deslocado no interesse da Administração;

b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, compa-nheiro ou dependente que viva às suas expensas e constedo seu assentamento funcional, condicionada à comprova-ção por junta médica oficial;

c) em virtude de processo seletivo promovido, na hi-pótese em que o número de interessados for superior aonúmero de vagas, de acordo com normas preestabelecidaspelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados.

II - RedistribuiçãoÉ o deslocamento de cargo de provimento efetivo,

ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal,para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com pré-via apreciação do órgão central do Sipec, observados osseguintes preceitos:

I - interesse da administração;II - equivalência de vencimentos;III - manutenção da essência das atribuições do cargo;

IV- vinculação entre os graus de responsabilidade ecomplexidade das atividades;

V- mesmo nível de escolaridade, especialidade ou ha-bilitação profissional;

VI- compatibilidade entre as atribuições do cargo eas finalidades institucionais do órgão ou entidade.

A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamentode lotação e da força de trabalho às necessidades dos ser-viços, inclusive nos casos de reorganização, extinção oucriação de órgão ou entidade.

A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará medi-ante ato conjunto entre o órgão central do Sipec e os órgãose entidades da Administração Pública Federal envolvidos.

Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou en-tidade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade noórgão ou entidade, o servidor estável que não for redistribuídoserá colocado em disponibilidade até seu aproveitamento.

O servidor que não for redistribuído ou colocado emdisponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade doórgão central do Sipec, e ter exercício provisório, em outroórgão ou entidade, até seu adequado aproveitamento.

– O que a lei prevê sobre a Substituição?

A Lei nº 8.112/90 prevê, em seu art. 38, a indicaçãode substitutos para os servidores investidos em cargo oufunção de direção ou chefia, ou ocupantes de cargos denatureza especial, terão substitutos indicados no regimentointerno ou, no caso de omissão, previamente designadospelo dirigente máximo do órgão ou entidade.

Nos casos de afastamento ou impedimentos regula-mentares do titular, os substitutos assumirão automáticae acumulativamente suas funções, fazendo jus à distri-buição correspondente aos dias de efetiva substituição,que exceder a 30 dias consecutivos.

Se for extinto um órgão ou entidade, os servido-res estáveis que não puderem ser redistribuídos serãocolocados em disponibilidade, até seu aproveitamento.

III - SubstituiçãoOs servidores investidos em cargo ou função de dire-

ção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Espe-cial terão substitutos indicados no regimento interno ou,no caso de omissão, previamente designados pelo diri-gente máximo do órgão ou entidade.

O substituto assumirá automática e cumulativamente,sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo oufunção de direção ou chefia nos afastamentos ou impedi-mentos legais ou regulamentares do titular, hipótese emque deverá optar pela remuneração de um deles durante orespectivo período.

O substituto fará jus a gratificação pelo exercício docargo ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natu-reza Especial, nos casos de afastamentos ou impedimentoslegais do titular, superiores a trinta dias consecutivos, deafastamento ou impedimentos legais do titular.

NOTA:As figuras Readaptação, Promoção e Recondução

acarretam simultaneamente provimento e vacância decargos públicos.

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DOS DIREITOS E VANTAGENS (ARTS. 40 A 115)

Vencimento básico* em sentido estrito é a retribui-ção pecuniária pelo exercício de cargo público, com va-lor fixado em lei.

Remuneração* tem um significado mais abrangente,pois compreende “vencimentos, acrescidos das vantagenspecuniárias de caráter individual, estabelecidas em lei”.

SubsídioÉ a retribuição pecuniária paga aos agentes políticos,

como Presidente da República, Ministro e Secretário deEstado, membros do MP, do TC e magistrados em geral.

A lei proíbe a fixação de vencimentos em importân-cia inferior ao salário mínimo. A relação entre a maior e amenor remuneração dos servidores públicos não poderáexceder o fator correspondente a vinte e cinco vírgulaseiscentos e quarenta e um. (Lei nº 9.624, de 2/4/98)

Assim, genericamente considerados, os ocupantes decargos com atribuições iguais ou assemelhadas são trata-dos igualmente pela lei. Pode, entretanto, haver diferen-ças específicas de funções, de condições de trabalho, de ha-bilitação profissional, de tempo de serviço, dentre outras,que desigualem os servidores genericamente iguais, semofensa ao princípio isonômico. Por isso, cada funcionárioou classe de funcionário pode exercer as mesmas funçõesem condições pessoais ou de serviços diferentes, fazendo,assim, jus a remunerações distintas. A lei ressalva expressa-mente do tratamento igualitário as vantagens de caráter in-dividual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.

Em observância à norma constitucional, é asseguradaa irredutibilidade dos vencimentos do cargo efetivo, acres-cido das vantagens de caráter permanente (art. 41, § 3º, daLei nº 8.112).

A Constituição (art. 37, XIII) veda a vinculação ou equi-paração de vencimentos para efeito de remuneração de pes-soal do serviço público, ressalvado o teto estabelecido noinciso XI do mesmo artigo e o que trata o § 1º do art. 39.

O inciso XII do art. 37 da Constituição dispõe que“os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e doPoder Judiciário não poderão ser superiores aos pagospelo Poder Executivo”.

Os descontos em folha de pagamento** são usualmenteefetivados pela Administração, para retenção de contribui-ções previdenciárias, de imposto de renda e de valores pa-gos indevidamente aos funcionários. Somente podem serealizar por imposição legal ou por mandado judicial.

As reposições e indenizações ao erário serão previa-mente comunicadas ao servidor e descontadas em parcelasmensais em valores atualizados até 30 de junho de 1994.

Foi estabelecido que os descontos seriam previamentecomunicados ao servidor, em valores atualizados até 30/6/94,sendo que agora as indenizações e as reposições não pode-rão ser inferiores a 10% da remuneração ou provento.

A reposição será feita em uma única parcela quandoconstatado pagamento indevido no mês anterior ao doprocessamento da folha.

Em razão da natureza alimentar dos vencimentos, nãopodem eles sofrer arresto, seqüestro ou penhora. Apenasas prestações alimentícias resultantes de decisão judicialserão descontadas em folha.

* Lei nº 8.852, de 4 de fevereiro de 1994.** Sobre os descontos de consignações, em folha de pagamento, dispõe os De-

cretos nos 1.903, de 10/5/96, e 1.927, de 13/6/96.

Poderão, entretanto, ser regulamentadas formas deconsignação em folha de pagamento em favor de tercei-ros, mediante autorização do servidor e a critério da Ad-ministração, com reposição de custos.

Serão descontados dos vencimentos dos servidoresos valores relativos aos dias em que faltar ao serviço semjustificativa, bem assim à parcela da remuneração diáriaproporcional aos atrasos, ausências e saídas antecipadas.

No caso de ser convertida em multa a pena de suspensão,está prevista a perda da metade da remuneração (arts. 44,e 130, § 2º, da Lei nº 8.112/90).

Das Vantagens

Além dos vencimentos, os servidores podem receberoutras parcelas pecuniárias, que são as vantagens, variá-veis quanto à natureza e efeitos, concedidas a título defi-nitivo ou transitório.

As vantagens previstas na Lei nº 8.112 são as indeni-zações, as gratificações e os adicionais.

As indenizações visam a compensar o servidor peloacréscimo de despesas decorrentes de situações especiaisdo serviço. Assumem, assim, caráter eventual e não seincorporam ao vencimento ou provento, para qualquerefeito. Compreendem as ajudas de custo, as diárias e aindenização de transporte.

A ajuda de custo* se destina a compensar o servidordas despesas de instalação, quando, no interesse do servi-ço, passa a ter exercício em nova sede, mudando seu do-micílio em caráter permanente.

As despesas de transporte do servidor e sua família,bagagem e bens pessoais também correrão, nesses casos,por conta da Administração.

A ajuda de custo não pode exceder o valor correspon-dente a três meses de remuneração do servidor. Se este nãose apresentar na nova sede, no prazo de trinta dias, semjusta causa, devolverá a ajuda de custo recebida, no prazode cinco dias.

Se o servidor falecer na nova sede, asseguram-se asua família ajuda de custo e transporte, para a localidadede origem. O prazo para o deferimento dessa vantagem éde até um ano, contado do óbito.

As diárias são vantagens deferidas ao servidor que,em caráter eventual ou transitório, se afasta da sede a ser-viço, indo para localidade diversa. Destina-se a cobrir suasdespesas com pousada, alimentação e locomoção urba-na. É concedida uma diária por dia de afastamento. Se odeslocamento não exigir pernoite fora da sede, será devi-da a diária pela metade.

Não faz jus a diárias o servidor que, permanentemente,se deslocar de sua sede, por exigência do cargo, pois sóos afastamentos de caráter eventual ou transitório ensejamo benefício.

Se o servidor recebe adiantadamente as diárias e nãose afasta da sede, por qualquer motivo, deverá devolveros valores recebidos no prazo de cinco dias. Se o afasta-mento durar tempo menor do que o previsto, restituirá,no mesmo prazo, as diárias recebidas em excesso.

* O Decreto nº 1.445, de 5/4/95, alterado pelo Decreto nº 1.637, de 15/9/95, dis-põem sobre a concessão de ajuda de custo e transporte e de mobiliário e bagagem,aos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas.

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A indenização de transporte se destina a compensaras despesas realizadas pelo servidor que utilizar meio pró-prio de locomoção, para a execução de serviços externos,próprios do cargo. Seu valor corresponderá a 11,5% domaior vencimento básico do serviço público federal civil(Decreto nº 1.238, de 12/9/94, e IN nº 10, de 7/6/96).

Além das indenizações, a lei prevê como vantagensas gratificações e os adicionais, que podem ou não seincorporar aos vencimentos, conforme dispuser a lei.

Há dois tipos de gratificação: a deferida pelo exercí-cio de função de direção, chefia ou assessoramento e anatalina.

Adicionais

Os adicionais são vantagens que, dependendo de sua na-tureza, podem ou não ser incorporados à remuneração. Emprincípio, são acumuláveis, desde que compatíveis entre si eque não importem repetição de um mesmo benefício já con-cedido. Desde que o motivo gerador de uma vantagem ocor-ra, serão concedidos.

Os adicionais podem ser concedidos tendo em vistaapenas o tempo de serviço, ou condicionam-se a determi-nados requisitos, relativos ao modo e à forma de presta-ção do serviço. Por isso, são considerados vantagensmodais ou condicionais, pois a sua concessão dependenão só do exercício do cargo, mas também da ocorrênciade certas situações ou do preenchimento de certas condi-ções. Quando cessa a situação ou desaparece o fato quelhes dá causa, termina o pagamento dessas vantagens.

• Adicional por Tempo de Serviço*O adicional por tempo de serviço é devido à razão de

cinco por cento a cada cinco anos de serviço público efe-tivo prestado à União, às autarquias e às fundações públi-cas federais, observado o limite máximo de 35% inciden-te, exclusivamente, sobre o vencimento básico do cargoefetivo, ainda que investido o servidor em função ou car-go de confiança.

O servidor fará jus ao adicional a partir do mês emque completar o qüinqüênio.

• Adicional de Insalubridade, de Periculosidade ede Atividade Penosa**

Não podem se acumular os adicionais de insalubri-dade e periculosidade. O servidor que fizer jus a ambos,deverá optar por um deles.

A Lei nº 8.112/90 prevê o estabelecimento por legis-lação específica, das situações que ensejam o deferimen-to desses adicionais.

Na legislação trabalhista, a tipificação da insalubri-dade depende, para cada caso, de que o Ministério doTrabalho considere as condições de trabalho acima doslimites toleráveis para a saúde. O adicional é deferido empercentual variado (5, 10 e 20), conforme sejam os grausmínimo, médio e máximo de insalubridade, calculadosobre o vencimento.

* A Medida Provisória nº 1.815, de 5/3/99, publicada no DOU de 8/3/99, re-vogou este dispositivo. No entanto, aqueles servidores que fizerem jus a essavantagem até 8/3/99 terão seu direito preservado.

** A Emenda Constitucional nº 19/98 suprime o adicional de remuneração paraas atividades penosas, insalubres ou perigosas dos ocupantes de cargos públi-cos. Este direito social do trabalhador comum era extensivo aos servidorespela redação originária da Constituição de 1988. Agora é vantagem pessoal.

A Lei nº 8.112 fala em “contato permanente” comsubstâncias nocivas. A jurisprudência trabalhista tendia àconcessão do adicional, mesmo que o contato com agen-tes nocivos não abrangesse toda a jornada. Sob a regên-cia de norma mais expressa, a exegese deverá pender parao sentido mais estrito.

A Lei nº 8.270/92 regulou a matéria atinente ao adi-cional de insalubridade em radiologia e radioatividadepara o servidor público.

• Adicional de PericulosidadeOs inflamáveis, explosivos e a eletricidade são as

fontes reconhecidas como produtoras de periculosidade,em condições de risco acentuado. A Lei nº 8.112/90 si-lencia a respeito da tipificação legal das condições queensejarão o deferimento dessa vantagem.

Não há direito adquirido à percepção dos adicionaisem questão, se forem eliminadas as causas e condiçõesperigosas ou insalubres.

Na esfera do Direito do Trabalho, o uso de aparelhosprotetores contra a insalubridade, aprovados pelo órgãocompetente, exclui a percepção do adicional respectivo.

A Lei nº 8.112 não se estende sobre a matéria. O adi-cional de periculosidade incide sobre o vencimento, emum percentual de 10%.

Os efeitos pecuniários decorrentes de trabalho emcondições de periculosidade ou insalubridade são devi-dos a partir da data do reconhecimento da atividade comotal, pelo órgão competente.

O exercício de atividades insalubres, perigosas e pe-nosas sujeita os servidores a controle permanente. Osoperadores de raio X e substâncias radioativas serão sub-metidos a exames de seis em seis meses.

O conceito de atividade penosa, nos termos da lei,refere-se a atividades exercidas em zonas de fronteirasou outras localidades cujas condições de vida justifiquema percepção do respectivo adicional. Os termos, condi-ções e limites para sua concessão serão fixados em regu-lamento próprio.

• Adicional por serviço extraordinárioA Lei nº 8.112/90 só disciplina seu percentual: 50%

(cinqüenta por cento) sobre a hora normal, sem acrésci-mo. É estabelecido o limite máximo de duas horas porjornada de trabalho, para o atendimento a situações ex-cepcionais e temporárias. Obedecidos, ainda, os limitesde 44 horas mensais e noventa horas anuais (Decreto nº948, de 5 de outubro de 1993). Não está previsto o regi-me de compensação, adotado na legislação trabalhista.

• Adicional NoturnoServiço noturno é o realizado entre as 22 horas de

um dia e as 5 horas do dia seguinte. O acréscimo do paga-mento da hora noturna é de 25% (vinte e cinco por cento)em relação à hora normal.

A duração da hora noturna é de 52 minutos e 30 se-gundos.

Se for prestado serviço extraordinário, o adicionalnoturno incide sobre o valor já previsto para a hora extra-ordinária.

• Adicional de FériasÉ pago ao servidor por ocasião das férias, no valor de

1/3 da remuneração desse período. A vantagem pelo exer-

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cício de função de direção, chefia e assessoramento seráconsiderada no cálculo desse adicional, que é concedidoautomaticamente, independentemente de solicitação.

Das Férias

Com a finalidade de uniformizar os procedimentosrelativos às férias dos servidores públicos federais dosórgãos e entidades integrantes do Sistema de Pessoal Ci-vil da Administração Pública Federal, recomendou-se quefossem observadas as seguintes orientações:

• Concessão de Férias1. Para a concessão de férias compreende-se cada

exercício como o ano civil.2. Somente para o primeiro período de férias serão

exigidos 12 meses de efetivo exercício no cargo para oqual foi nomeado, quer seja este efetivo ou em comissão.

3. O exercício correspondente ao primeiro períodode férias do servidor nomeado será aquele em que o perío-do de efetivo exercício de doze meses for completado.

Exemplo:3.1 o servidor foi nomeado para ocupar cargo efeti-

vo ou em comissão e entrou em exercício em 2/2/94.Em 1º/2/95, completou o interstício exigido para o primeiroperíodo de férias referentes ao exercício de 1995.

3.2 Aos servidores amparados pela Lei nº 8.878, de1º de maio de 1994, considera-se a data do retorno.

4. O gozo das férias deverá ter início dentro do exer-cício, ressalvada a hipótese da acumulação por necessi-dade do serviço.

5. As férias de servidor que se afastar para participarde eventos constantes da programação de treinamentoregularmente instituído, poderão ser usufruídas quandodo seu retorno, ou durante o curso, desde que haja previ-são na respectiva programação de treinamento.

6. O período das férias do servidor deverá constar daProgramação Anual de Férias, previamente elaborada,observado o interesse do serviço.

6.1 A critério da chefia imediata, as férias poderãoser reprogramadas e comunicadas à área de RecursosHumanos, em tempo hábil.

7. O servidor que opera eventualmente com Raios Xou substâncias radioativas não está amparado pelo art. 79da Lei nº 8.112/90, vez que a Lei somente alcança aqueleque opera direta e permanentemente os citados aparelhosou substâncias.

7.1 O servidor amparado pelo mencionado art. 79 teráque gozar as férias de 20 dias consecutivos por semestrede atividade profissional, ou seja, de 6 em 6 meses.

8. Por falta de amparo legal, as férias que não foramusufruídas durante o exercício, por motivo de afastamen-to do servidor para tratamento da própria saúde, não po-derão ser usufruídas no exercício seguinte.

• Acumulação e Parcelamento de Férias9. Quando comprovada a necessidade do serviço, as

férias do servidor poderão ser acumuladas com as do exer-cício seguinte, não podendo ultrapassar dois períodos.Neste caso, mediante solicitação da chefia imediata doservidor, na qual deverá constar o novo período de usu-fruto, competirá à área de Recursos Humanos do órgãopublicar em Boletim Interno a ocorrência e promover aalteração da programação anual de férias.

10. As férias poderão ser parceladas em até três eta-pas, desde que assim requeridas pelo servidor, e no inte-resse da Administração Pública.

Em caso de parcelamento, o servidor receberá o adi-cional de 1/3, quando da utilização do primeiro período(Lei nº 9.527, de 10/12/97).

• Interrupção de Férias11. O gozo das férias não pode ser interrompido,

salvo quando o motivo da solicitação se enquadrar nassituações previstas no art. 80 da Lei nº 8.112/90.

11.1 Os dias correspondentes ao período de interrup-ção de férias serão gozados imediatamente após o térmi-no do impedimento, não cabendo nenhum pagamentoadicional.

12. Durante o período em que o servidor estiverusufruindo férias, ocorrendo casos de afastamentos pre-vistos no art. 97 e art. 208, da Lei nº 8.112/90, estes nãoservirão de fundamento para a ininterrupção das mesmas.

13. Nesta hipótese, poderá apenas completar o perío-do do afastamento quando este coincidir com o términodas férias, se for o caso.

14. O servidor que estiver em pleno gozo de fériasnão terá as mesmas interrompidas para a concessão delicença, a qualquer título, podendo, quando for o caso,os dias que ultrapassarem o período de férias serem con-siderados.

• Indenização de férias15. O servidor exonerado do cargo efetivo ou em

comissão faz jus ao pagamento de indenização relativa aoperíodo de férias completo e não usufruído corresponden-te à remuneração do mês da exoneração, mais gratificaçãonatalina proporcional. Se contar com período incompleto,deverá ser calculado na proporção de 1/12 (um doze avos)por mês trabalhado ou fração superior a quatorze dias, so-bre a remuneração do mês da exoneração.

Exemplo:– o servidor nomeado em 17/10/94 e exonerado

do cargo em 2/3/95 tem direito a 4/12 (quatro dozeavos) da remuneração das férias, tendo como base omês em que foi publicada a exoneração.16. O servidor exonerado do cargo efetivo ou em

comissão que tiver gozado férias relativas ao mesmo exer-cício em que ocorreu a exoneração, não receberá nenhu-ma indenização a título de férias e não sofrerá descontodo que foi recebido a esse título.

17. O servidor que não tiver usufruído férias dentrodo exercício em que ocorreu a vacância do cargo anterior-mente ocupado, receberá as parcelas correspondentes aque se refere o item 16 e terá que cumprir os 12 mesesexigidos para o primeiro período de férias no novo cargo.

• Férias de Servidor Mantido em Cargo emComissão após Aposentadoria no Cargo Efetivo

18. O servidor ocupante de cargo efetivo e em co-missão que se aposentado mantiver, ininterruptamente, atitularidade do cargo em comissão gozará as férias devi-das referentes aos exercícios, calculadas com base ape-nas na remuneração do cargo em comissão.

• Outros Esclarecimentos19. Quando ocorrer reajuste de vencimento no perío-

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do das férias do servidor, que tenha usufruído parte destaem um mês e o restante no mês seguinte, o mesmo rece-berá o pagamento proporcional aos dias do mês em queocorreu o reajuste, em relação ao adicional de férias de(1/3 constitucional), uma vez que o cálculo deve ser feitocom base na remuneração do período de férias.

20. Em relação ao servidor cedido para órgão e enti-dade que também processa sua folha de pagamento peloSiape, a programação das férias e a inclusão das mesmasno Módulo de Férias do Siape será de responsabilidadedo órgão cessionário, devendo obedecer as rotinas do Sis-tema.

A duração das férias é de 30 (trinta) dias consecutivos,por ano de exercício, podendo ser acumulados até o máxi-mo de dois períodos, em caso de necessidade de serviço.

Para o primeiro período aquisitivo, são exigidos dozemeses de exercício. É vedado o desconto em férias dasfaltas ao serviço.

O pagamento da remuneração de férias deve ser feitoaté dois dias antes do início do respectivo período.

As férias do operador de raios X e substâncias radio-ativas serão de vinte dias consecutivos para cada seismeses de atividade, proibido o acúmulo e a conversãoem abono pecuniário.

A interrupção das férias somente pode ocorrerpor motivo de calamidade pública, comoção interna,convocação para o Júri, serviço militar, eleitoral, oupor motivo de superior interesse público.

Obs.: Doença não interrompe férias, podendoconceder-se licença para tratamento de saúde apósseu término (Orientação Normativa nº 81 da SAF).

Licenças

As licenças previstas em lei são:I - por motivo de doença de pessoa da família;II - por motivo de afastamento do cônjuge ou com-

panheiro;III - para o serviço militar;IV - para atividade política;V - para capacitação;VI - para trato de interesses particulares;VII - para desempenho de mandato classista.

O prazo máximo para o gozo de licença da mesmaespécie é de 24 meses, exceto por motivo de afastamentodo cônjuge ou companheiro, serviço militar, atividadepolítica e desempenho de mandato classista e para tratode interesses particulares.

Se for concedida uma licença dentro de sessentadias do término de outra da mesma espécie, será elaconsiderada prorrogação.

• Licença por Motivo de Doença em Pessoa daFamília

Para os efeitos da concessão dessa licença, é consi-derada pessoa da família:

– cônjuge ou companheiro;– pais (padrasto ou madrasta);– filhos ou enteados.

A doença deverá ser comprovada por junta médicaoficial e o servidor deverá provar, ainda, que sua assis-tência direta ao doente é indispensável e que não podeser prestada simultaneamente com o exercício do cargo.

Durante o período dessa licença, é vedado aoservidor o exercício de atividade remunerada.

Será concedida a licença, sem prejuízo da remunera-ção do cargo efetivo, até trinta dias, podendo ser prorro-gada por até mais trinta dias, mediante parecer de juntamédica oficial. Excedendo-se esses prazos, não caberáremuneração, por até 90 (noventa) dias.

• Licença por Motivo de Afastamento de Cônjugeou Companheiro

É concedida ao servidor, para que acompanhe côn-juge ou companheiro, que foi deslocado para outroponto de território nacional, para o exterior, ou para oexercício de mandato eletivo dos Poderes Legislativoe Executivo.

O prazo é indeterminado e a licença será sem remu-neração. Entretanto, a lei prevê a possibilidade de ser oservidor lotado, provisoriamente, em repartição da Ad-ministração direta, autárquica ou fundacional, desde que,para o exercício de atividade compatível com seu cargo.

A licença e a lotação provisória poderão ser deferidasquando o cônjuge ou companheiro, deslocado para outroponto do território nacional, para o exterior ou para oexercício de mandato eletivo, desempenha suas ativida-des no setor público ou privado (Orientação Normativanº 78 da SAF).

• Licença para Serviço MilitarÉ concedida por prazo indeterminado, perdurando

durante a prestação desse serviço. Concluído, terá o ser-vidor o prazo de trinta dias, sem remuneração, parareassumir o exercício do cargo.

• Licença para Atividade PolíticaO servidor faz jus a essa licença, sem remuneração,

desde sua escolha em convenção partidária, para a dispu-ta de cargo eletivo, até a véspera do registro de sua candi-datura perante a Justiça Eleitoral.

Será concedida, com remuneração, desde a data doregistro da candidatura até o 10º dia seguinte à eleição,somente pelo período de 3 (três) meses.

É obrigatório o licenciamento do servidor exercentede cargo de Direção, Chefia, Assessoramento, Arrecada-ção e Fiscalização, desde que o dia seguinte ao do regis-tro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o10º dia seguinte ao pleito, se for candidato a cargo eletivona localidade em que exerce suas funções. Trata-se demedida que visa a preservar a moralidade administrativa.

• Licença para CapacitaçãoApós cada qüinqüênio de efetivo exercício, o servi-

dor poderá, no interesse da administração, afastar-se doexercício do cargo efetivo, com a respectiva remunera-ção, por até três meses, para participar de curso decapacitação profissional.

Os períodos de licença não são acumuláveis.

• Licença para Trato de Interesses ParticularesA critério da Administração, poderá ser concedida ao

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servidor ocupante de cargo efetivo licença para o trato deassuntos particulares, pelo prazo de até três anos conse-cutivos, sem remuneração.

A licença poderá ser interrompida, a qualquer tem-po, a pedido do servidor ou no interesse do serviço.

• Licença para Desempenho de Mandato ClassistaÉ assegurado ao servidor o direito a licença sem remu-

neração para o desempenho de mandato em confederação,federação, associação de classe de âmbito nacional, sindica-to representativo da categoria ou entidade fiscalizadora daprofissão, observados os seguintes limites:

I - para entidades com até 5.000 associados, um ser-vidor;

II - para entidades com 5.001 a 30.000 associados,dois servidores;

III - para entidades com mais de 30.000 associados,três servidores.

Somente poderão ser licenciados servidores eleitospara cargos de direção ou representação nas referidasentidades, desde que cadastradas no Ministério da Admi-nistração Federal e Reforma do Estado.

A licença terá duração igual à do mandato, podendoser prorrogada, no caso de reeleição, e por uma única vez.

Dos Afastamentos

A Lei nº 8.112/90 prevê, também, algumas modali-dades de afastamento do servidor do órgão em que estálotado, para finalidades diversas, como a de serviço emoutro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Esta-dos ou do Distrito Federal e dos Municípios, para o exer-cício de cargo em comissão ou função de confiança, e emcasos que forem previstos em lei específica.

O servidor em estágio probatório somente poderáafastar-se do exercício do cargo efetivo para ocupar car-go em comissão de natureza especial ou de direção echefia de níveis DAS-6, DAS-5, DAS-4 ou equiva-lentes (MP nº 1.480-21, de 29 de agosto de 1996).

No caso de cessão do servidor para exercício decargo em comissão de órgãos ou entidades dos Esta-dos, Distrito Federal, ou dos Municípios, o ônus daremuneração será do órgão ou entidade cessionária,mantido o ônus para o cedente nos demais casos.

O Decreto nº 925, de 10 de setembro de 1993, dispõesobre a cessão de servidores de órgãos e entidades daAdministração Pública Federal.

A lei prevê, ainda, outras modalidades de afastamento.

• Do Afastamento para Exercício de MandatoEletivo

Quando for investido em mandato eletivo federal,estadual ou distrital, o servidor ficará afastado do cargo.

Também ficará afastado do cargo, se investido nomandato de Prefeito, mas, nesse caso, terá a faculdade deoptar pela sua remuneração.

No caso de investidura do servidor no cargo de vere-ador, a lei prevê duas hipóteses:

a) se houver compatibilidade de horário, perceberáas vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneraçãodo cargo eletivo. Assim, exercerá as duas funções e fará

jus às respectivas remunerações. Trata-se, pois, de umahipótese de acumulação obrigatória.

b) se não houver compatibilidade de horário, o servi-dor será afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pelasua remuneração.

O tempo de afastamento do servidor para o de-sempenho de mandato eletivo federal, estadual, mu-nicipal ou do Distrito Federal é considerado como deefetivo exercício, exceto para promoção por mereci-mento.

No caso de afastamento do cargo, o servidor contri-buirá para a seguridade social como se estivesse em exer-cício.

Enquanto investido em mandato eletivo ou classista,o servidor não poderá ser removido ou redistribuído deofício para localidade diversa daquela onde exerce o man-dato.

• Do Afastamento para Estudo ou Missão no Ex-terior

Para que o servidor possa se ausentar do País, paraestudo ou missão oficial, necessitará, no âmbito dos res-pectivos Poderes, de autorização do Presidente da Repúbli-ca, do Presidente dos órgãos do Poder Legislativo e doPresidente do Supremo Tribunal Federal.

O prazo máximo de afastamento é de 4 (quatro) anos.Finda a missão ou estudo, somente poderá ser permitidonovo afastamento após o decurso de igual período.

Ao servidor que tiver se afastado para estudo ou mis-são no exterior não será concedida exoneração ou licençapara tratar de interesse particular, antes de decorrido pe-ríodo igual ao do afastamento, salvo se ressarcir a despe-sa havida com seu afastamento. Essa disposição (art. 95,§ 3º) não se aplica aos servidores da carreira diplomática.

Sobre os afastamentos do País de servidores civis daAdministração Pública Federal, dispõe o Decreto nº 1.387,de 7 de fevereiro de 1995.

Das Concessões Especiais

São consideradas faltas justificadas ao serviço, porconcessão legal:

I - por um dia, para doação de sangue;II - por dois dias, para se alistar como eleitor;III - por oito dias consecutivos, em razão de:a) casamento;b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, ma-

drasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda oututela e irmãos.

É de se observar que a lista constante da alínea b nãocoincide com a relação de parentes cujo tratamento desaúde pode ensejar a licença do servidor (art. 83).

Ao servidor estudante será concedido horário especial,sem prejuízo do exercício do cargo, quando seu horárioescolar e o de trabalho na repartição não forem compatí-veis. Para que não haja prejuízo no exercício do cargo, seráexigida a compensação de horário na repartição, respeitada,evidentemente, a duração semanal do trabalho.

Se o servidor estudante for transferido, terá assegura-da, na localidade da nova residência ou na mais próxima,matrícula para si, seu cônjuge ou companheiro, seus filhos

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e enteados que vivam na sua companhia, bem como para osmenores que estejam sob sua guarda com autorização judi-cial, em estabelecimento de ensino congênere, em qualquerépoca e independentemente de vaga.

As ausências de serviço, afastamento do cargo e os pe-ríodos de licença do servidor, bem assim o tempo prestado aoutros órgãos ou entes públicos são considerados para a con-tagem do tempo de serviço, com efeitos variados.

São considerados como de efetivo exercício, excetopara promoção por merecimento, o afastamento para de-sempenho de mandato eletivo federal estadual municipalou do Distrito Federal, e a licença para desempenho demandato classista.

Do Tempo de serviço

São considerados como tempo de serviço apenas paraefeito de aposentadoria e disponibilidade:

I - o tempo de serviço público prestado aos Estados,Municípios e Distrito Federal;

II - a licença para tratamento de saúde de pessoa dafamília do servidor, com remuneração;

III - a licença para atividade política, a partir da datado registro da candidatura até o 10º dia seguinte ao daeleição;

IV - o tempo correspondente ao desempenho de man-dato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, an-terior ao ingresso no serviço público federal;

V - o tempo de serviço em atividade privada, vin-culada à Previdência Social;

VI - o tempo de serviço relativo a Tiro-de-Guerra.Verifica-se que não será considerado, na contagem do

tempo de serviço, o tempo de licença do servidor para tra-tamento de saúde de pessoa de sua família que exceder osprazos para os quais a lei prevê o pagamento da remunera-ção. A lei (art. 103, II) somente prevê a contagem paraefeito de aposentadoria e disponibilidade do período delicença, a esse título, com remuneração.

Além das ausências ao serviço previstas nas conces-sões especiais são considerados como de efetivo exercí-cio os afastamentos em virtude de:

I - férias;II - exercício de cargo em comissão ou equivalente,

em órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Esta-dos, Municípios e Distrito Federal;

III - exercício de cargo ou função de governo ou Ad-ministração, em qualquer parte do território nacional, pornomeação do Presidente da República;

IV - participação em programa de treinamento regu-larmente instituído;

V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual,municipal ou do Distrito Federal, exceto para promoçãopor merecimento;

VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;VII - missão ou estudo no exterior, quando autoriza-

do o afastamento;VIII - licença:a) à gestante, à adotante e à paternidade;b) para tratamento da própria saúde, até dois anos;c) para o desempenho de mandato classista, exceto

para efeito de promoção por merecimento;d) por motivo de acidente em serviço ou doença pro-

fissional;

e) para capacitação;f) por convocação para o serviço militar;IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18;X - participação em competição desportiva nacional

ou convocação para integrar representação desportivanacional, no País ou no exterior, conforme disposto emlei específica;

XI - o tempo de serviço prestado em virtude decontratação por prazo determinado para atender ànecessidade de excepcional interesse público serácontado para todos os efeitos (assim determina oart. 16 da Lei nº 8.745/93).

Direito de Petição

O direito de petição da lei vem regulamentar precei-to constitucional que, em estrita obediência ao poder hie-rárquico, deve ser encaminhado à autoridade competentepor intermédio da autoridade a que o servidor estiver ime-diatamente subordinado.

O requerimento, instrumento adequado à forma-lização da petição, deve se apresentar com os seguinteselementos:

• configuração do direito de petição;• a quem será dirigido o pedido;• exposição do conteúdo pedido (ou situação de fato);• fundamentação do pedido;• anexos (declarações, certidões, etc.).

O servidor deve atentar para os prazos de pres-crição do direito de requerer em defesa de interesseslegítimos: cinco anos ou cento e vinte dias, depen-dendo do fato.

DO REGIME DISCIPLINAR (ARTS. 116 A 142)

Regime Disciplinar

• Deveres do ServidorPara tentar explicar a peculiar posição do servidor

perante o Estado e a natureza da relação existente, é ne-cessário extrapolar a noção de relação empregatícia, e,sendo o ordenamento jurídico insuficiente para clarear aessência dessa peculiaridade, faz-se mister recorrer aoordenamento ético.

Portanto, é mais adequado dizer deveres do servidor pú-blico em lugar de obrigações, pois assim evidencia o caráterpreponderantemente ético fundamentado em tal relação.

Os estatutos dos servidores públicos civis, nas diver-sas esferas de governo, impõem uma série de deveres aseus agentes. Ao tratarem do tema, os autores não siste-matizam, apenas enumeram os diferentes deveres: leal-dade, obediência, dever de conduta ética, sigilo funcio-nal, assiduidade, pontualidade, urbanidade e zelo.

a) Lealdade (ou fidelidade)O agente público não é um autômato anônimo. É

um ser humano, dotado de liberdade, discernimento eprincípios morais, empregando sua energia e atençãono desempenho do cargo, com respeito integral às leis

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e instituições, sempre a serviço da causa pública, fina-lidade precípua de todo o aparelhamento administrati-vo, identificando-se com os interesses do Estado.

Acrescente-se a isso o comprometimento com o tra-balho. O grau de comprometimento profissional do ser-vidor com o trabalho, com a consecução das metasestabelecidas, com o conceito da instituição e da Admi-nistração Pública como um todo. Enfim, comprometi-mento com a missão do órgão ou entidade.

b) ObediênciaPelo poder hierárquico, próprio da Administração,

estabelecem-se relações de subordinação entre os servi-dores. O dever de obediência consiste na obrigação emque se acha o servidor subalterno de acatar as ordensemanadas do legítimo superior hierárquico, salvo asmanifestamente ilegais.

Por ordem legal entende-se a emanada da autorida-de competente, em forma adequada e com objetivos lí-citos.

Acompanha a disciplina: observância sistemática aosregulamentos às normas emanadas das autoridades com-petentes.

c) Conduta éticaO equilíbrio e sincronicidade entre a legalidade e a

finalidade, na conduta do servidor, é que consagram amoralidade do ato administrativo. O dever de condutaética decorre do princípio constitucional da moralidadeadministrativa e impõe ao servidor a obrigação de ob-servar, sempre, o elemento ético, seja no exercício docargo (ou função) ou fora dele, em sua vida particularconduzir-se de maneira impecável, evitando qualqueratitude que possa influir no prestígio da função pública.

d) Sigilo funcionalPelo dever de sigilo funcional impõem-se ao servi-

dor reserva sobre assunto e informações de que tomouconhecimento em razão do cargo e que por sua naturezanão podem ultrapassar os limites da esfera a que se des-tinam.

O dever de guardar sigilo deve ser observado nãoapenas durante o tempo em que o servidor exercer efeti-vamente o cargo, mas também quando ele não mais per-tencer ao quadro do funcionalismo.

e) AssiduidadeO servidor deve ser assíduo, isto é, comparecer ha-

bitualmente ao local de trabalho e desempenhar as fun-ções e atribuições próprias do cargo que é titular, emsua esfera de competência.

Assiduidade, responsabilidade, produtividade, ca-pacidade de iniciativa, disciplina, quantidade de traba-lho, comprometimento, tempestividade, relacionamen-to e criatividade são alguns dos fatores avaliados, hoje,em desempenho.

f) PontualidadeO servidor deve ser pontual, isto é, observar rigoro-

samente o horário de início e término do expediente darepartição e do interstício para refeição e descanso, quan-do houver.

g) UrbanidadeO servidor que lida com o público, deve fazê-lo com

solicitude, cortesia, tolerância, atenção e disponibilida-de; respeitando a capacidade e limitações individuais dosusuários, sem qualquer espécie de distinção e conscien-tes de sua posição de “servidor do público”.

Igual postura deve o servidor demonstrar perante oscolegas de trabalho, mantendo sempre o esprit de corps.

Urbanidade, relacionamento e comunicação definema cordialidade, a habilidade e a presteza do servidor noatendimento às pessoas que demandam seus serviços.

h) ZeloO dever de zelo, também conhecido como dever de

diligência ou dever de aplicação, pode ser definido comoa meticulosidade no exercício da função; a atenção einiciativa para encontrar a solução mais adequada paraquestões problemáticas emergentes no cotidiano do ser-viço, zelando pelos interesses do Estado como o fariapelos seus interesses particulares.

O dever de zelo com a res publica caminha juntocom o dever de responsabilidade: grau de compromissocom o trabalho e com os riscos decorrentes de seus atos.

Dever, no sentido genérico, significa “obrigação defazer ou deixar de fazer alguma coisa”. É exatamenteesse o sentido refletido na expressão “deveres do servi-dor” a que se refere o art. 116 do RJ.

Art. 116. São DEVERES do servidor:I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do

cargo;Desempenhar suas atribuições com rapidez, perfei-

ção e rendimento, isto é, com eficiência, promovendo,com toda sua energia, o andamento do serviço na suatotalidade, dando sempre o melhor de si, atendendo oprincípio emergente da qualidade.

II - ser leal às instituições a que servir;Ter firmeza e constância consciente ao compromis-

so assumido e ao vínculo que liga o servidor ao Estado,com respeito às leis e instituições e zelo pelos interessesdo Estado, identificando-se com eles. O servidor queatuar contra os fins e objetivos legítimos da Adminis-tração incorre em infidelidade funcional. Não é lealda-de pessoal ao chefe e sim a instituição a que serve. Con-siste em “vestir a camisa da empresa”.

III - observar as normas legais e regulamentares;É dever do servidor conhecer as normas legais, as

constitucionais e as regulamentares, para poder nortearsua conduta dentro da legalidade, princípio constitucio-nal, pelo qual o agente público só pode agir nosparâmetros limítrofes que a lei estabelece. É seu deverconhecer, observar, divulgar as normas e manter-se atu-alizado em relação a elas.

IV - cumprir as ordens superiores, exceto quan-do manifestamente ilegais;

O dever de obediência advém do poder hierárquico,típico da Administração. Obediência que não deve serabsoluta, acatando somente as ordens legais, emanadaspela autoridade competente, nos ditames da Lei. Esteinciso está estreitamente ligado ao anterior, visto que é o

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servidor subalterno que deve ter a clareza e odiscernimento (se a ordem recebida é legal ou não),advindo este do conhecimento, pois quem conhece, re-conhece.

V - atender com presteza:a) ao público em geral, prestando as informações

requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; (estaalínea é literal).

É direito constitucional o acesso a informações (art.5º, XIV) e dever do servidor atendê-las com presteza,ressalvadas as protegidas por sigilo, por exemplo: in-vestigação policial, proposta de licitação (até sua aber-tura), assuntos que envolvam segurança nacional, etc.

b) à expedição de certidões requeridas para de-fesa de direito ou esclarecimento de situações de in-teresse pessoal;

Direito assegurado pela Constituição (art. 5º,XXXIV, b) a obtenção de tais certidões (certidões nega-tivas, que equivalem a um atestado de “nada consta” ouestar o usuário quite em relação ao órgão em questão).

Lei nº 9.051, de 18/5/95Art. 1º As certidões para a defesa de direitos e

esclarecimentos de situações, requeridas aos órgãosda administração centralizada ou autárquica, àsempresas públicas, às sociedades de economia mis-ta e às fundações públicas da União, Estados, doDistrito Federal e dos Municípios, deverão serexpedidas no prazo improrrogável de 15 (quinze)dias, contados do registro do pedido no órgãoexpedidor.

c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública;Atender prontamente, com preferência sobre qual-

quer outro serviço, as requisições de papéis, documen-tos, informações ou providências que lhe forem feitaspelas autoridades judiciárias ou administrativas, paradefesa do Estado, em juízo.

VI - levar ao conhecimento da autoridade supe-rior as irregularidades de que tiver ciência em razãodo cargo;

É dever do servidor levar ao conhecimento da auto-ridade superior as irregularidades de que tiver ciência,porque se não o fizer, torna-se conivente com elas, con-figurando condescendência criminosa e assumindo aposição de responsável solidário, respondendo, na esfe-ra cível, administrativa e penal, ao que couber.

VII - zelar pela economia do material e a conser-vação do patrimônio público;

Todo o patrimônio público é adquirido com verbapública, isto é, com dinheiro do povo, e o servidor, naqualidade de contribuinte, zelando pela economia domaterial contribui pela economia de verbas públicas e,indiretamente, pelo que é seu.

Cabe lembrar a importância do cuidado com o localde trabalho como um todo; a atenção na lida com máqui-nas e computadores; no final do expediente verificar seestá tudo desligado e organizado, enfim, zelar pela boamanutenção geral da repartição.

VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;É o dever de sigilo funcional. O servidor deve man-

ter irrestrita reserva e discrição sobre informação de quetomou conhecimento em razão do cargo, cuja publici-dade possa trazer danos quaisquer à Administração. Estepreceito deve ser rigorosamente observado. A simplesrevelação oral, em caráter confidencial, a terceiro quede outro modo jamais ficaria conhecendo, ainda que nãoproduza prejuízo algum, já configura a quebra e desres-peito ao sigilo funcional.

IX - manter conduta compatível com a moralidadeadministrativa;

O elemento ético deve estar sempre presente enortear a conduta do servidor, no exercício da função efora dela, devendo ser impecável em suas palavras, ati-tudes, costumes e apresentação pessoal, zelando pelaprópria imagem e igualmente pelo prestígio da funçãopública.

X - ser assíduo e pontual ao serviço;O servidor deve comparecer habitualmente ao local

de trabalho, observando fielmente o horário de início etérmino do expediente. Esse preceito é um dos fatoresque serão objeto de avaliação para o desempenho docargo durante o estágio probatório: sem ausênciasinjustificadas e comparecimento rigoroso nos horáriosde entrada e saída estabelecidos.

XI - tratar com urbanidade as pessoas;O servidor deve tratar as pessoas, o público e os cole-

gas de trabalho com educação e respeito, zelando pela har-monia do ambiente e bem-estar geral.

XII - representar contra ilegalidade, omissão ouabuso de poder;

Esse dever decorre do princípio constitucional da le-galidade, que impõe ao agente público agir nos limites editames da Lei, cabendo a quem souber de ilegalidade,omissão ou abuso de poder, representar à autoridade com-petente.

O abuso de poder (gênero) configura-se em duas es-pécies: excesso de poder e desvio de finalidade.

No excesso de poder, o agente, embora competente,extrapola os limites das atribuições que a lei lhe confere,exorbitando sua competência legal.

Já no desvio de finalidade o agente público, embora atu-ando nos limites de sua competência, procura fim diversoao que seria legítimo, determinado por lei ou pelo interessepúblico, o bem comum, atentando contra o princípio daimpessoalidade. Ambas situações invalidam o ato: o ato éarbitrário, ilícito e nulo.

Parágrafo único. A representação de que trata oinciso XII será encaminhada pela via hierárquica e apre-ciada pela autoridade superior àquela contra a qual éformulada, assegurando-se ao representando ampla de-fesa.

A presunção de legitimidade é atributo inerente a todoato administrativo, e decorre do princípio constitucional dalegalidade, pelo qual o administrador público só pode agirestritamente de acordo com o que a lei autoriza, distinto doadministrador privado que pode fazer tudo que não sejacontrário à Lei.

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Por esse atributo presume-se o ato administrativoverdadeiro e conforme o Direito, autorizada sua imediataexecução até ser sua legitimidade questionada e declara-da sua invalidação (anulação ou revogação).

Como conseqüência do atributo de presunção de legiti-midade está a inversão e transferência do ônus da prova dainvalidação do ato para quem a invocou, isto é, o ônus daprova cabe ao alegante e a ele é assegurada ampla defesa.

A representação deve ser encaminhada pela via hierár-quica, isto é, por intermédio do chefe imediato (ainda que arepresentação seja contra ele) e este a encaminhará, para apre-ciação, à autoridade superior àquela contra a qual é formula-da.

O Código de Ética Profissional do Servidor PúblicoCivil lista os principais deveres do servidor, são eles:

a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo,função ou emprego público de que seja titular;

b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição erendimento, pondo fim ou procurando prioritariamenteresolver situações procrastinatórias, principalmente diantede filas ou de qualquer outra espécie de atraso na presta-ção dos serviços pelo setor em que exerça suas atribui-ções, com o fim de evitar dano moral ao usuário;

c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda aintegridade do seu caráter, escolhendo sempre, quandoestiver diante de duas opções, a melhor e a mais vantajo-sa para o bem comum;

d) jamais retardar qualquer prestação de contas, con-dição essencial da gestão dos bens, direitos e serviços decoletividade a seu cargo;

e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços,aperfeiçoando o processo de comunicação e contato como público;

f) ter consciência de que seu trabalho é regido porprincípios éticos que se materializam na adequada pres-tação dos serviços públicos;

g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e aten-ção, respeitando a capacidade e as limitações individuaisde todos os usuários do serviço público, sem qualquerespécie de preconceito ou distinção de raça, sexo, nacio-nalidade, cor, idade, religião, cunho político e posiçãosocial, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes danomoral;

h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum te-mor de representar contra qualquer comprometimentoindevido da estrutura em que se funda o poder estatal;

i) resistir a todas as pressões de superiores hierárqui-cos, de contratantes, interessados e outros que visem aobter quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidasem decorrência de ações imorais, ilegais ou aéticas e de-nunciá-las;

j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigên-cias específicas da defesa da vida e da segurança coletiva;

l) ser assíduo e freqüente ao serviço, na certeza de quesua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletin-do negativamente em todo o sistema;

m) comunicar imediatamente a seus superiores todoe qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exi-gindo as providências cabíveis;

n) manter limpo e em perfeita ordem o local de tra-balho, seguindo os métodos mais adequados à sua orga-nização e distribuição;

o) participar dos movimentos e estudos que se rela-cionem com a melhoria do exercício de suas funções, ten-do por escopo a realização do bem comum;

p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequa-das ao exercício da função;

q) manter-se atualizado com as instruções, as nor-mas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão ondeexerce suas funções;

r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e asinstruções superiores, as tarefas de seu cargo ou função,tanto quanto possível, com critério, segurança e rapidez,mantendo tudo sempre em boa ordem;

s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços porquem de direito;

t) exercer com estrita moderação as prerrogativasfuncionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos usuáriosdo serviço público e dos jurisdicionados administrativos;

u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua fun-ção, poder ou autoridade com finalidade estranha ao inte-resse público, mesmo que observando as formalidadeslegais e não cometendo qualquer violação expressa à lei;

v) divulgar e informar a todos os integrantes da suaclasse sobre a existência deste código de ética, estimu-lando o seu integral cumprimento.

XIII - declarar no ato da posse os bens e valores quecompõem o seu patrimônio privado (Lei nº 8.429/92).

O servidor deve declarar no ato da posse, os bensmóveis, imóveis e valores monetários que compõem oseu patrimônio pessoal, comprometendo-se a manter atu-alizado, anualmente, os valores respectivos (art. 13da Lei nº 8.429/92 e Lei nº 8.730/93).

• Das ProibiçõesArt. 117. Ao servidor é PROIBIDO :I - ausentar-se do serviço durante o expediente,

sem prévia autorização do chefe imediato;O servidor faz jus à remuneração referente ao efe-

tivo exercício do serviço e para não desmerecê-la é ne-cessário que nele permaneça. Se, por motivo imperioso,precisar ausentar-se, deve fazê-lo com prévia autoriza-ção do chefe imediato.

II - retirar, sem prévia anuência da autoridade com-petente, qualquer documento ou objeto da repartição;

O normal é que documento e objetos de trabalho per-maneçam na repartição, por questões de segurança e ain-da por praticidade, uma vez que é o local da lide diária.Mas se houver a necessidade de retirá-los para diligênciaexterna é possível mediante o preenchimento de um ter-mo de autorização, em várias vias, ficando cada qual coma respectiva autoridade competente.

III - recusar fé a documentos públicos;O servidor é dotado de fé pública. Ele não pode exigir

que o usuário traga documento autenticado em cartório.Mediante a apresentação do documento original, o servi-dor tem o dever de dar fé, isto é, reconhecer autenticidade,apondo na cópia registro de “confere com o original”.

IV - opor resistência injustificada ao andamentode documento e processo ou execução de serviço;

A impessoalidade, princípio constitucional, deve

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estar sempre presente. O servidor, por razões pessoais oumotivos obscuros, não deve manifestar sua vontade nemusar de artifícios para procrastinar, prejudicar delibera-damente ou dificultar o andamento de documento ou pro-cesso, ou ainda o exercício regular de direito por qualquerpessoa, causando-lhe dano material ou moral.

V - promover manifestação de apreço ou desapreçono recinto da repartição;

Pelo princípio constitucional da isonomia segundo oqual “todos são iguais perante a lei” (art. 5º) merecendoidêntico tratamento, sem distinção seja ela positiva ounegativa, que, de uma forma ou de outra é discriminatória.

Assim, não é compatível a manifestação ou conside-rações de apreço ou desapreço em relação a superior oucolega no recinto da repartição. Em outras palavras, écondenável tanto a bajulação quanto a detração. Insisti-mos, no âmbito da repartição pública. Tal receita nãoimpede, por exemplo, que seja comemorado o aniversá-rio do chefe num local neutro: churrascaria, pizzaria, chá-cara, etc., visando à manutenção do espírito de equipe.

VI - cometer a pessoa estranha à repartição, forados casos previstos em lei, o desempenho de atribuiçãoque seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado;

Essa falta é mais grave do que aparenta ser.O exercício da função é intuito personae ou perso-

nalíssimo, isto é, somente a pessoa do titular do cargo (ouseu substituto legal) é que pode, efetivamente, realizar oexercício das atribuições funcionais. Sua não observân-cia atenta frontalmente o princípio da legalidade.

Além disso, põe em risco a questão da segurança edo sigilo funcional.

Os casos previstos em lei dizem respeito aos atos dedelegação avocação ou a troca de plantão devidamenteautorizadas pela autoridade competente.

VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido defiliarem-se a associação profissional ou sindical, ou apartido político;

A Constituição Federal, no art. 5º, XX, prevê a liber-dade associativa genericamente: “ninguém será compeli-do a associar-se ou a permanecer associado”; ratificandotal direito de forma mais específica no caput do art. 8º:“É livre a associação profissional ou sindical...”; e, paranão deixar dúvidas, reafirma-o mais uma vez, no mesmoartigo, inciso V: “ninguém será obrigado a filiar-se oumanter-se filiado a sindicato”.

A filiação partidária e sindical é um direito do servi-dor e não uma imposição legal.

VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargoou função de confiança, cônjuge, companheiro ou pa-rente até o segundo grau civil;

O servidor pode ter, sob sua chefia imediata, cônjugeou companheiro ou parente até o segundo grau civil (pais,avós, filhos, netos e irmãos) apenas em cargo efetivo, cujainvestidura se dá mediante aprovação em concurso pú-blico, sendo-lhes vedado ocupar cargo ou função de con-fiança, de livre nomeação e exoneração.

IX - valer-se do cargo para lograr proveito pes-soal ou de outrem, em detrimento da dignidade da fun-ção pública;

“O princípio constitucional da impessoalidade, nada

mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual impõeao administrador público que só pratique o ato para seufim legal. E o fim legal é unicamente aquele que a norma deDireito indica expressa ou virtualmente como objetivo doato, de forma impessoal”, nos evidencia, com singeleza(H.L. Meirelles).

A satisfação do interesse público é, com primazia, oquerer da Administração. Mas, para a validade do ato,não basta que se almeje ao interesse coletivo. A finalida-de precípua se manifesta no resultado definido pelo efei-to jurídico produzido pelo ato.

Assim, o servidor que valer-se do cargo para lograr pro-veito próprio ou de terceiro incorre em improbidade admi-nistrativa que atenta contra princípio da Administração Pú-blica, do tipo abuso de poder por desvio de finalidade.

“Praticar ato visando fim proibido em Lei ou regula-mento ou diverso daquele previsto na regra de competên-cia constitui improbidade administrativa punível com apena máxima de ‘demissão a bem do serviço público esuspensão dos direitos políticos de três a cinco anos’(arts. 11 e 12, III, da Lei nº 8.429/92)”.

X - participar de gerência ou administração deempresa privada, sociedade civil, salvo a participaçãonos conselhos de administração e fiscal de empresasou entidades em que a União detenha, direta ou indi-retamente, participação do capital social, sendo-lhevedado exercer o comércio, exceto na qualidade deacionista, cotista ou comanditário;*

O servidor, em horário compatível, pode trabalharem empresa privada. O que o estatuto veda é a sua parti-cipação na gerência dos negócios, seja como administra-dor, diretor, sócio-gerente ou simplesmente constando donome comercial da sociedade ou firma. O legislador en-tendeu que a prática de atos de comércio e a prática deatos de administração são incompatíveis.

A proibição tem caráter pessoal. Nada obsta, portan-to do exercício do comércio pela mulher do proibido. Pro-vado que este serve do cônjuge para obter vantagens emfunção de seu cargo sofrerá sanções administrativas, ci-vis ou criminais, conforme teor da infração.

Veja que a vedação estatutária excetua a possibilida-de de o servidor possuir um comércio na qualidade deacionista (majoritário ou não, cotista, com 99% das co-tas) ou ainda comanditário sendo este o capitalista queresponde apenas pela integralização das cotas subscritas,presta só capital e não trabalho, e não tem qualquer inge-rência na administração da sociedade e não se faz do cons-tar da razão social.

XI - atuar, como procurador ou intermediário, jun-to a repartições públicas, salvo quando se tratar de be-nefícios previdenciários ou assistenciais de parentes atéo segundo grau, e de cônjuge ou companheiro;

Ao servidor é proibido patrocinar (defender/pleitear) di-reta ou indiretamente, direito alheio perante a administraçãopública valendo-se da qualidade de funcionário. Excepcionou-se os casos em que promova o acompanhamento de procedi-mentos que tratam de benefícios assistenciais ou previden-ciários de parente até o segundo grau (pais, avós, filhos, netose irmãos), cônjuge ou companheiro.

* Redação dada pela Medida Provisória nº 1.794-10, de 25/2/99.

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Por este dispositivo o servidor não pode, por exem-plo reclamar, junto a administração pública, um benefícioprevidenciário de tio ou um trabalhista de irmão. Porém,pode pleitear uma pensão alimentícia para a mãe ouintermediar a petição de aposentadoria para o pai.

XII - receber propina, comissão, presente ou vanta-gem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;

A Lei nº 8.429 de 2/6/92 prevê situações e estabeleceinstrumentos de responsabilização dos que tentarem le-sar o erário:

Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativaimportando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipode vantagem patrimonial indevida em razão do exercíciode cargo, mandato, função ou atividade nas entidadesmencionadas no art. 1º desta Lei, notadamente:

I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bemmóvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica,direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gra-tificação ou presente de quem tenha interesse, direto ouindireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ouomissão decorrente das atribuições do agente público;

A Constituição Federal, art. 37, § 4º, já previa: “Osatos de improbidade administrativa importarão a suspen-são dos direitos políticos (de 3 a 10 anos), a perda dafunção pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarci-mento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível”.

XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de es-tado estrangeiro;

Esta falta é de substancial seriedade, podendo, emrazão do cargo que o servidor ocupe, por em risco a sobe-rania do Estado, e se cometida em tempo de guerra oficial-mente declarada, pode ser punido com pena de morte(Constituição Federal, art. 5º, XLVII, a).

XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;Usura é sinônimo de agiotagem, ou seja, especula-

ção sobre fundos, câmbios ou mercadorias, com objetivode obter lucro exagerado mediante juros exorbitantes.

XV - proceder de forma desidiosa;Ser negligente, indolente e preguiçoso. Agir com

descaso e apatia, não empregando a devida atenção, cui-dado e eficiência na ação praticada.

XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais darepartição em serviços ou atividades particulares;

Conforme esclarecimentos anteriores, o ato não podedesviar-se de sua finalidade, que certamente tem comoobjetivo algum benefício público, sendo incompatível coma utilização de pessoal ou recursos materiais da reparti-ção em serviços ou atividades particulares.

A Lei nº 8.429, de 2/6/92, nos reporta:

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrati-va, que causa lesão ao erário qualquer ação ou omis-são, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial,desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidaçãodos bens ou haveres dos órgãos e entidades públicos.

I - ..............................................................................

II - permitir ou concorrer para que pessoa física oujurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valoresintegrantes do acervo patrimonial das entidades mencio-nadas no art. 1º desta Lei, sem a observância das forma-lidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;

XVII - cometer a outro servidor atribuições estra-nhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de emer-gência e transitórias;

Cargo público é um lugar na estrutura organizacional,criado por lei, com atribuições a ele inerentes e com venci-mentos próprios.

Assim, um servidor não pode determinar ou alterar asatribuições a serem desempenhadas por outro a ele su-bordinado porque elas já são previstas, excetuando-sesituações de emergência e transitoriedade, onde todosdevem colaborar, no que for possível, para que as condi-ções normais se reestabeleçam.

Perceba que não basta ser situação de urgência háque ser de emergência, e, não só de emergência, requertransitoriedade.

XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam in-compatíveis com o exercício do cargo ou função e com ohorário de trabalho.

O elemento ético deve nortear a conduta do servidor,dentro e fora do exercício da função, devendo ele evitarquaisquer atitudes que atentem contra o princípio damoralidade administrativa.

Além das atividades incompatíveis retratadas noinciso X: participar de gerência ou administração deempresa privada de sociedade civil, ou exercer comér-cio, exceto na qualidade de acionista, cotista oucomanditário.

A Constituição Federal/88, art. 37, XVI prevê a veda-ção da acumulação de cargos públicos:

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargospúblicos, exceto, quando houver compatibilidade de horá-rios, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:

a) a de dois cargos de professor;b) a de um cargo de professor com outro, técnico ou

científico;c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis-

sionais de saúde, com profissões regulamentadas; (NR)*

Obs.: Por cargo técnico ou científico, entende-se aque-le que tenha como pré-requisito para investidura a forma-ção em 3º grau, isto é, nível superior.

A Constituição Federal/88 traz outras duas exceçõesà vedação da acumulação de cargos públicos:

Art. 38, III - investido no mandato de Vereador, ha-vendo compatibilidade de horários, perceberá as vanta-gens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo daremuneração do cargo eletivo...

Art. 95, parágrafo único – Aos juízes é vedado:I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo

ou função, salvo uma de magistério.A Constituição Federal/88 explicita a acumulação re-

munerada de cargos públicos, deixando em aberta sobre aacumulação não-remunerada.

Outras vedações são impostas ao servidor pelo Códigode Ética, são elas:

* Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 14/12/2001.

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a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades,tempo, posição e influências, para obter qualquerfavorecimento, para si ou para outrem;

b) prejudicar deliberadamente a reputação de outrosservidores ou de cidadãos que deles dependam;

c) ser, em função de seu espírito de solidariedade,conivente com erro ou infração a este Código de Ética ouao Código de Ética de sua profissão;

d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar oexercício regular de direito por qualquer pessoa, causan-do-lhe dano moral ou material;

e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicosao seu alcance ou do seu conhecimento para atendimentodo seu mister;

f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, capri-chos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram notrato com o público, com os jurisdicionados administrativosou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores;

g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qual-quer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comis-são, doação ou vantagem de qualquer espécie, para si,familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da suamissão ou para influenciar outro servidor para o mesmofim;

h) alterar ou deturpar o teor de documentos que devaencaminhar para providências;

i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessitedo atendimento em serviços públicos;

j) desviar servidor público para atendimento a inte-resse particular;

l) retirar da repartição pública, sem estar legalmenteautorizado, qualquer documento, livro ou bem pertencen-te ao patrimônio público;

m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas noâmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, deparentes, de amigos ou de terceiros;

n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora delehabitualmente;

o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atentecontra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoahumana;

p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seunome a empreendimentos de cunho duvidoso.

XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastraisquando solicitado.*

• Acumulação de Cargos PúblicosRessalvados os casos previstos na Constituição, é

vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.A proibição de acumular estende-se a cargos, em-

pregos e funções em Autarquias, Fundações Públicas,Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista daUnião, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territóriose dos Municípios.

A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condi-cionada à comprovação da compatibilidade de horários.

O servidor não poderá exercer mais de um cargo emcomissão, nem ser remunerado pela participação em ór-gão de deliberação coletiva.

* Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/97.

O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumu-lar licitamente dois cargos efetivos, quando investidoem cargo de provimento em comissão, ficará afastado deambos os cargos efetivos.

Verificada em processo disciplinar acumulação proibi-da e provada a boa-fé, o servidor optará por um dos cargos.

Provada má-fé, perderá também o cargo que exer-cia há mais tempo e restituirá o que tiver percebidoindevidamente.*

Na hipótese de provada a má-fé, sendo um dos car-gos, emprego ou função exercido em outro órgão ouentidade, a demissão lhe será comunicada.*

• Das Responsabilidades

a) Do servidorO servidor responde civil, penal e administrativa-

mente pelo exercício irregular de suas atribuições.O servidor responde civil por ato omissivo ou

comissivo, doloso ou culposo, praticado no desempe-nho do cargo ou função.

Ato omissivo: nasce de um não-agir por parte doagente quando este tinha o dever de agir.

Ato comissivo: é aquele resultante de um agir, deuma ação positiva por parte do agente.

Ato doloso: é o ato praticado com plena consciên-cia do dano a ser causado e a nítida intenção de alcançartal objetivo ou assumir o risco de produzi-lo.

Ato culposo: é o ato do agente caracterizado pelaimprevisibilidade, pela manifestação da falta do deverde cuidado em face das circunstâncias. São modalida-des da culpa:

a) imprudência: atitude em que o agente atua comprecipitação, sem a devida cautela;

b) negligência: quando o agente, podendo tomar asprecauções exigidas não o faz por displicência, inérciaou preguiça;

c) imperícia: é a inabilidade, a falta de conhecimen-tos técnicos para o exercício do ofício.

A responsabilidade civil, em sua essência, pressupõeprejuízo patrimonial, e visa à reparação material.

A responsabilidade civil do agente público é subjeti-va, isto é, fica sujeita à comprovação de dolo ou culpa.

Por outro lado, a Constituição adota, no tocanteàs entidades de direito público, a responsabilidadeobjetiva, com base na teoria do risco administrativo,onde responderão pelos danos que seus agentes, nessaqualidade, causarem a terceiros. Em ação regressiva,o servidor fica obrigado a reparar os danos causados àFazenda Pública. Esta obrigação de repasse estende-se aos sucessores até o limite da herança recebida.

Concluída a infração como ilícito penal, a autoridadecompetente encaminhará cópia dos autos ao Ministério Pú-blico, onde a autoridade policial apurará a falta caracteriza-da na categoria de crimes contra a Administração Pública.

As sanções civis, penais e administrativas poderãocumular-se, sendo independentes entre si.

A responsabilidade administrativa do servidor seráafastada no caso de absolvição criminal que negue a exis-tência do fato ou sua autoria.

* Vide rito sumário.

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Código CivilObrigações por atos ilícitos

Art. 1.525. A responsabilidade civil é independenteda criminal; não se poderá, porém, questionar mais so-bre a existência do fato, ou quem seja o seu autor, quan-do estas questões se acharem decididas no crime.

Código de Processo Penal

Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízocriminal, a ação civil poderá ser proposta quando nãotiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistênciamaterial do fato.

Do Estado (ou da Administração)

Vale salientar que a responsabilidade civil do Esta-do, de acordo com a teoria do risco administrativo, é juristantum (relativa), de sorte que, provada a culpa total ouparcial do lesado, exime-se a Administração, na mesmaescala, da obrigação de reparar o dano.

Penalidades Disciplinares Aplicadas ao ServidorPúblico

I - advertência*;II - suspensão*;III - demissão;IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;V - destituição de cargo em comissão;VI - destituição de função comissionada.Na aplicação das penalidades serão consideradas a

natureza e a gravidade da infração cometida, os danos quedela provierem para o serviço público, as circunstânciasagravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais.

A advertência será aplicada por escrito, nos casosde violação das seguintes proibições constantes da lei:

I - ausentar-se do serviço durante o expediente, semprévia autorização do chefe imediato;

II - retirar, sem prévia anuência da autoridade com-petente, qualquer documento ou objeto da repartição;

III - recusar fé a documentos públicos;IV - opor resistência injustificada ao andamento de

documento e processo ou execução de serviço;V - promover manifestação de apreço ou desapreço no

recinto da repartição;VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos

casos previstos em lei, o desempenho de atribuição queseja de sua responsabilidade ou de seu subordinado;

VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido defiliarem-se a associação profissional ou sindical, ou apartido político;

VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo oufunção de confiança, cônjuge, companheiro ou parenteaté o segundo grau civil;

A suspensão que não poderá exceder a 90 dias, seráaplicada em caso de reincidência das faltas punidas comadvertência e de violação das seguintes proibições:

* A aplicação de penalidade de advertência ou suspensão até trinta dias serásempre precedida de apuração mediante sindicância, assegurada ampla defesado acusado. (ON nº 97)

I - cometer a outro servidor atribuições estranhas aocargo que ocupa, exceto em situações de emergência etransitórias;

II - exercer quaisquer atividades que sejam incompa-tíveis com o exercício do cargo ou função e com o horá-rio de trabalho;

III - Será punido com suspensão de até 15 (quinze)dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se a sersubmetido à inspeção médica determinada pela autorida-de competente, cessando os efeitos da penalidade umavez cumprida a determinação.

Quando houver conveniência para o serviço, a pe-nalidade de suspensão poderá ser convertida em multa,na base de 50% (cinqüenta por cento) por dia de venci-mento, ou remuneração, ficando o servidor obrigado apermanecer em serviço.

As penalidades de advertência e de suspensão terão seusregistros cancelados, após o decurso de três e cinco anos deefetivo exercício, respectivamente, se o servidor não hou-ver, nesse período, praticado nova infração disciplinar.

O cancelamento da penalidade não surtirá efeitos re-troativos.

A demissão será aplicada nos seguintes casos:I - crime contra a Administração Pública;

___________________________________________CÓDIGO PENAL

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A seguir estão relacionados os crimes que, praticados por servi-dor público no exercício de seu cargo, constituem crimes contra aAdministração Pública, nos termos do Código Penal.

PeculatoArt. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou

qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse emrazão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.§ 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora

não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorrepara que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se defacilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.

§ 2º Se o funcionário concorre culposamente para o crime deoutrem:

Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.§ 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano se prece-

de à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior,reduz de metade a pena imposta.

Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documentoArt. 314. Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que

tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ouparcialmente:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se o fato não cons-titui crime mais grave.

Emprego irregular de verbas ou rendas públicasArt. 315. Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da

estabelecida em lei:Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.

ConcussãoArt. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,

ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,vantagem indevida:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

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Excesso de exação§ 1º Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que

sabe ou deveria saber indevido, ou quando devido, emprega na co-brança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:

Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.§ 2º Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o

que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Facilitação de contrabando ou descaminhoArt. 318. Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de

contrabando ou descaminho (art. 334):Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

PrevaricaçãoArt. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de

ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazerinteresse ou sentimento pessoal:

Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

Condescendência criminosaArt. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar

subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quandolhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridadecompetente:

Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa.

Advocacia administrativaArt. 321. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado

perante a Administração Pública, valendo-se da qualidade de funcio-nário:

Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo:Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além da multa.

Abandono de funçãoArt. 323. Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em

lei:Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa.§ 1º Se do fato resulta prejuízo público:Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.§ 2º Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fron-

teira.Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Violação de sigilo funcionalArt. 325. Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e

que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa, se o

fato não constitui crime mais grave.§ 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:I - permite ou falicita, mediante atribuição, fornecimento e em-

préstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas nãoautorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Adminis-tração Pública;

II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Públi-

ca ou a outrem:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (§§ 1º e 2º

acrescidos pela Lei nº 9.983, de 14/7/2000.)

Violação do sigilo de proposta de concorrênciaArt. 326. Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública,

ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

___________________________________________II - abandono de cargo;III - inassiduidade habitual;IV - improbidade administrativa;V - incontinência pública e conduta escandalosa, na

repartição;

VI - insubordinação grave em serviço;VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particu-

lar, salvo em legítima defesa própria ou de outrem;VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;IX - revelação de segredo do qual se apropriou em

razão do cargo;X - lesão aos cofres públicos de dilapidação do

patrimônio nacional;XI - corrupção;XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun-

ções públicas;XIII - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal

ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pú-blica;

XIV - participar de gerência ou administração deempresa privada, de sociedade civil, ou exercer o comér-cio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comandi-tário;

XV - atuar, como procurador ou intermediário, juntoa repartições públicas, salvo quando se tratar de benefí-cios previdenciários ou assistenciais de parentes até osegundo grau, e de cônjuge ou companheiro;

XVI - receber propina, comissão, presente ou vanta-gem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;

XVII - aceitar comissão, emprego ou pensão de esta-do estrangeiro;

XVIII - praticar usura sob qualquer de suas formas;XIX - proceder de forma desidiosa;XX - utilizar pessoal ou recursos materiais da repar-

tição em serviços ou atividades particulares;XXI - recusa da prestação da declaração dos bens e

valores patrimoniais (Lei nº 8.429/92);XXII - ação de omissão que resulte em não recolhi-

mento de tributos a União (Lei nº 8.026/90);XXIII - ação ou omissão que facilite a prática de cri-

me contra a Fazenda Pública (Lei nº 8.026/90).Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do

inativo que houver praticado, na atividade, falta punívelcom a demissão.

A destituição de cargo em comissão exercido por nãoocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de in-fração sujeita às penalidades de suspensão e de demis-são.

A demissão ou a destituição de cargo em comissão,nos casos enumerados abaixo, implica a indisponibilidadedos bens e ressarcimento ao erário, sem prejuízo da açãopenal cabível:

a) improbidade administrativa punida na forma da Leinº 8429, de 2/6/92;

b) aplicação irregular de dinheiros públicos;c) lesão aos cofres públicos de dilapidação do

patrimônio nacional;d) corrupção.A demissão, ou a destituição de cargo em comissão

por infringência dos casos enumerados a seguir, incom-patibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargopúblico federal, pelo prazo de cinco anos:

a) valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou deoutrem, em detrimento da dignidade da função pública;

b) atuar, como procurador ou intermediário, junto arepartições públicas, salvo quando se tratar de benefíciosprevidenciários ou assistenciais de parentes até o segun-do grau, e de cônjuge ou companheiro.

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Não poderá retornar ao serviço público federal o ser-vidor que for demitido ou destituído do cargo em comis-são por cometer:

I - crime contra a Administração Pública;II - improbidade administrativa;III - aplicação irregular de dinheiros públicos;IV - lesão aos cofres públicos de dilapidação do

patrimônio nacional;V - corrupção.Configura abandono do cargo a ausência intencional

do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecuti-vos.

Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser-viço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpolada-mente, durante o período de doze meses.

O ato de imposição da penalidade mencionará sem-pre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.

As penalidades disciplinares serão aplicadas:I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes

das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federaise pelo Procurador-Geral da República, quando se tratarde demissão e cassação, de aposentadoria ou disponibili-dade de servidor vinculado ao respectivo Poder, órgãoou entidade;

II - pelas autoridades administrativas de hierarquia,imediatamente inferior àquelas mencionadas no incisoanterior quando se tratar de suspensão superior a trintadias;

III - pelo chefe da repartição e outras autoridades naforma dos respectivos regimentos ou regulamentos, noscasos de advertência ou de suspensão de até trinta dias;

IV - pela autoridade que houver feito a nomeação,quando se tratar de destituição de cargo em comissão.

A ação disciplinar prescreverá:I - em cinco anos, quanto às infrações puníveis com

demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidadee destituição de cargo em comissão;

II - em dois anos, quanto à suspensão;III - em cento e oitenta dias quanto à advertência.• O prazo de prescrição começa a correr da data em

que o fato se tornou conhecido.• Os prazos de prescrição previstos em lei penal

aplicam-se às infrações disciplinares capituladastambém como crime.

• A abertura de sindicância ou a instauração de pro-cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a de-cisão final proferida por autoridade competente.

• Interrompido o curso da prescrição, o prazo co-meçará a correr a partir do dia em que cessar ainterrupção.

• Princípios do Processo Administrativo

Legalidade objetiva: o princípio da legalidade obje-tiva exige que o processo administrativo seja instauradocom base e para preservação da lei. Daí o processo, comoo recurso administrativo, ao mesmo tempo em que ampa-ra o particular, serve também ao interesse público na de-fesa da norma jurídica objetiva, visando a manter o impé-rio da legalidade e da justiça no funcionamento da Admi-nistração. Todo processo administrativo há que embasar-se, portanto, numa norma legal específica para apresen-tar-se com legalidade objetiva, sob pena de invalidade.

Oficialidade: atribui sempre a movimentação do pro-cesso administrativo à Administração, ainda que instau-rado por provocação do particular: uma vez iniciado, passaa pertencer ao Poder Público, a quem compete seuimpulsionamento, até a decisão final. Se a Administra-ção o retarda, ou dele se desinteressa, infringe o princípioda oficialidade e seus agentes podem ser responsabilizadospela omissão. Outra conseqüência deste princípio é a deque a instância não perime, nem o processo se extinguepelo decurso do tempo, senão quando a lei expressamen-te o estabelece.

Informalismo : dispensa ritos sacramentais e formasrígidas para o processo administrativo, principalmentepara os atos a cargo do particular. Bastam as formalida-des estritamente necessárias à obtenção da certeza jurídi-ca e à segurança procedimental. Este princípio é de seraplicado com espírito de benignidade e sempre em bene-fício do administrado, para que por defeito de forma nãose rejeitem atos de defesa e recurso mal-qualificados.

Realmente, o processo administrativo deve ser sim-ples, despido de exigências formais excessivas, tanto maisque a defesa pode ficar a cargo do próprio administrado,nem sempre familiarizado com os meandros processuais.Todavia, quando a lei impõe uma forma ou uma formali-dade, esta deverá ser atendida, sob pena de nulidade doprocedimento, mormente se da inobservância resulta pre-juízo para as partes.

Verdade material: o princípio da verdade material,também denominado de princípio da liberdade na prova,autoriza a Administração a valer-se de qualquer prova deque a autoridade processante ou julgadora tenha conheci-mento, desde que a faça trasladar para o processo. É a bus-ca da verdade material em contraste com a verdade formal.Enquanto nos processos judiciais o juiz deve cingir-se àsprovas indicadas no devido tempo pelas partes, no proces-so administrativo a autoridade processante ou julgadorapode, até o julgamento final, conhecer de novas provas,ainda que produzidas em outro processo ou decorrentes defatos supervenientes que comprovem as alegações em tela.

Garantia de defesa: o princípio da garantia de defe-sa, entre nós, está assegurado no inciso LV do art. 5º daCF, juntamente com a obrigatoridade do contraditório,como decorrência do devido processo legal (CF, art. 5º,LIV).

Por garantia de defesa deve-se entender não só a ob-servância do rito adequado como a cientificação do pro-cesso ao interessado, a oportunidade para contestar aacusação, produzir prova de seu direito, acompanhar osatos da instrução e utilizar-se dos recursos cabíveis.

Isto posto, evidente se torna que a AdministraçãoPública, ainda que exercendo seus poderes de autotutela,não tem o direito de impor aos administrados gravames esanções que atinjam, direta ou indiretamente, seu patri-mônio sem ouvi-los adequadamente, preservando-lhes odireito de defesa.

DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLI-NAR (Arts. 143 a 182)

Do Processo Administrativo Disciplinar

A autoridade que, na sua jurisdição, tiver ciência deirregularidade no serviço público, é obrigada a promo-

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ver a sua apuração imediata, mediante instauração desindicância ou processo administrativo disciplinar, asse-gurado ao acusado ampla defesa.

Os servidores que, em razão do cargo, tiveremconhecimento de irregularidades no serviço público de-vem levá-las ao conhecimento da autoridade superior paraadoção das providências cabíveis.

Constitui crime de condescendência deixar ofuncionário, por indulgência, de responsabilizar subordi-nado que cometeu infração no exercício do cargo ou,quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhe-cimento da autoridade competente (art. 320, CP).

• Das Denúncias

As denúncias sobre irregularidades serão objetode apuração, desde que sejam formuladas por escri-to, contenham informações sobre o fato e sua autoriae a identificação e o endereço do denunciante, con-firmada a autenticidade.

Quando o fato narrado não configurar evidente in-fração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arqui-vada por falta de objeto.

O processo administrativo disciplinar é o instru-mento destinado a apurar responsabilidade de servi-dor por infração praticada no exercício de suas atri-buições, ou que tenha relação com as atribuições docargo em que se encontre investido.

O processo administrativo disciplinar (lato sensu)abrange a sindicância e o Processo Administrativo Disci-plinar – PAD (stricto sensu).

• Da SindicânciaA sindicância, dependendo da gravidade da irregulari-

dade e a critério da autoridade instauradora, poderá serconduzida por um sindicante ou por uma comissão dedois ou três servidores de cargo de nível igual ou superiorao do acusado.

Aplicam-se à sindicância as disposições do processoadministrativo disciplinar relativos ao contraditório e aodireito à ampla defesa, especialmente a citação do indiciadopara apresentar defesa escrita, no prazo de 10 (dez) dias,assegurando-se-lhe vista do processo na repartição.

• Do Processo Administrativo Disciplinar – PAD(stricto sensu)

O PAD não tem por finalidade apenas apurar aculpabilidade do servidor acusado de falta, mas, também,oferecer-lhe oportunidade de provar sua inocência.

• Da Comissão de InquéritoA fase do PAD denominada inquérito administrati-

vo, que compreende instrução, defesa e relatório, seráconduzida por comissão composta de três servidores es-táveis, de cargo de nível (superior, médio ou auxiliar) igualou superior ao do acusado, designados pela autoridadecompetente (instauradora), que indicará dentre eles o seupresidente.

As exigências do art. 149 da Lei nº 8.112/90, entretan-to, não autorizam qualquer resultado interpretativo que

conduza à nulidade do processo disciplinar na hipótesede compor-se a comissão sem observar o princípio da hi-erarquia que se assere existente nos quadros funcionaisda Administração Federal.

A portaria instauradora do PAD conterá o nome, car-go e matrícula do servidor e especificará, de forma resu-mida e objetiva, as irregularidades a ele imputadas, bemcomo determinará a apuração de outras infrações conexasque emergirem no decorrer dos trabalhos.

Para compor a comissão de inquérito, devem ser de-signados servidores do órgão onde tenham ocorrido asirregularidades que devam ser apuradas, exceto quandomotivos relevantes recomendem a designação de servi-dores de outros órgãos.

São circunstâncias configuradoras de suspeição paraos membros da comissão processante ou sindicante emrelação ao envolvido ou denunciante:

I - amizade íntima com ele ou parentes seus;II - inimizade capital com ele ou parentes seus;III - parentesco;IV - tiver com o denunciante, quando tratar-se de

pessoas estranhas ao serviço público, compromissos pes-soais ou comerciais como devedor ou credor;

V - tiver amizade ou inimizade pessoal ou familiarmútua e recíproca com o próprio advogado do indiciadoou com parentes seus; e

VI - tiver aplicado ao denunciante ou ao envolvidoindiciado, enquanto seu superior hierárquico, penalida-des disciplinares decorrentes de sindicância ou processodisciplinar.

São circunstâncias de impedimento para os compo-nentes da comissão:

I - instabilidade no serviço público;II - tiver como superior ou subordinado hierárquico

do denunciante ou do indiciado participado de sindicânciaou de processo administrativo, na qualidade de testemu-nha do denunciante, do indiciado ou da comissãoprocessante;

III - ter sofrido punição disciplinar;IV - ter sido condenado em processo penal;V - estar respondendo a processo criminal; eVI - se encontrar envolvido em processo administra-

tivo disciplinar.

Devem ser adiadas as férias e licenças-prêmiopor assiduidade e para tratar de interesses particula-res dos servidores designados para integrar comis-são de inquérito sendo permitida, por motivos justi-ficados e a critério da autoridade instauradora, a subs-tituição de um ou de todos os seus componentes.

• Da Instauração do PADA instauração do PAD se dará através da publicação

da portaria baixada pela autoridade competente, quedesignará seus integrantes e indicará, dentre eles, o presi-dente da comissão de inquérito.

a) No caso de empregados requisitados ou cedidospor entidades da Administração indireta, que não este-jam sujeitos ao regime disciplinar da Lei nº 8.112/90, oprocesso, após concluído, deverá ser remetido para osreferidos órgãos ou empresas para fins de adoção das pro-vidências cabíveis de acordo com a respectiva legislaçãotrabalhista.

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b) Com a publicação da portaria instauradora do PADdecorrem os seguintes efeitos:

I - interrupção da prescrição;II - impossibilidade de exoneração a pedido e apo-

sentadoria voluntária.A instauração do PAD não impede que o acusado ou

o indiciado, no decorrer do processo, seja exonerado, apedido, de um cargo para ocupar outro da mesma esferade governo, desde que continue vinculado ao mesmo re-gime disciplinar.

No Direito Administrativo disciplinar, desde a publi-cação da portaria instauradora do processo, o servidor aquem se atribui as irregularidades funcionais é denomi-nado acusado ou imputado, passando à situação deindiciado somente quando a comissão, ao encerrar a ins-trução, concluir, com base nas provas constantes dos au-tos, pela responsabilização do acusado, enquadrando-onum determinado tipo disciplinar.

Na hipótese de o PAD ter-se originado de sindicância,cujo relatório conclua que a infração está capitulada comoilícito penal a autoridade competente (instauradora) enca-minhará cópia dos autos ao Ministério Público, indepen-dentemente da imediata instauração do processo disciplinar.

A comissão processante dará conhecimento ao Minis-tério Público e ao Tribunal de Contas da União da instau-ração de procedimento administrativo para apurar a prá-tica de atos de improbidade administrativa de que trataa Lei nº 8.429/92, que importem em enriquecimento ilí-cito, prejuízo ao erário e atentem contra os princípios daAdministração Pública.

• Dos PrazosOs prazos do PAD serão contados em dias corridos,

excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do ven-cimento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útilseguinte, o prazo vencido em dia em que não haja expe-diente.

Esgotados os 120 (cento e vinte) dias a que aludeo art. 152 da Lei nº 8.112/90 (prorrogação), sem que oinquérito tenha sido concluído, designa-se nova comis-são para refazê-lo ou ultimá-lo, a qual poderá ser integra-da pelos mesmos servidores.

Da instruçãoDurante a instrução, a comissão promoverá a tomada

de depoimentos, acareações, investigações e diligênciascabíveis, objetivando à coleta de provas, recorrendo, quan-do necessário, a técnicos e peritos, de modo a permitir acompleta elucidação dos fatos.

A comissão deve notificar pessoalmente o acusadosobre o processo administrativo disciplinar contra eleinstaurado, indicando o horário e local de funcionamentoda comissão, de modo a assegurar-lhe o direito de acom-panhar o processo desde o início, pessoalmente ou porintermédio de procurador legalmente constituído, arrolare reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovase formular quesitos, quando se tratar de prova pericial,bem como requerer diligências ou perícias.

Da inquirição das testemunhasAs testemunhas serão intimadas a depor com, no

mínimo, 24 horas de antecedência, mediante mandado

expedido pelo presidente da comissão, com indicação dolocal, dia e hora para serem ouvidas, devendo a segundavia, com o ciente do interessado, ser anexada aos autos.

A intimação de testemunhas para depor deve:I - sempre que possível, ser entregue direta e pesso-

almente ao destinatário, contra recibo lançado na cópiada mesma; e

II - ser individual, ainda que residam no mesmo localou trabalhem na mesma repartição ou seção.

As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si,de modo que umas não saibam nem ouçam os depoi-mentos das outras.

Não será permitido que a testemunha manifeste suasapreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da nar-rativa do fato.

O presidente da comissão, antes de dar início à inqui-rição, advertirá o depoente de que se faltar com a verdadeestará incurso em crime de falso testemunho tipificado noart. 342 do Código Penal (art. 210, CPP), bem como per-guntará se encontra-se em algumas hipóteses de suspeiçãoou impedimento previstas em lei, especialmente se é ami-go íntimo ou inimigo capital do acusado.

Se ficar comprovado no processo que alguma teste-munha fez afirmação falsa, calou ou negou a verdade, opresidente da comissão remeterá cópia do depoimento àautoridade policial para a instauração de inquérito, comvistas ao seu indiciamento no crime de falso testemunho(art. 211, CPP).

Na redução a termo do depoimento, o presidente dacomissão deverá cingir-se, tanto quanto possível, às ex-pressões usadas pelas testemunhas, reproduzindo fielmen-te as suas frases.

Se a testemunha servir em localidade distante de ondese acha instalada a comissão, poderá ser ouvida porprecatória, a fim de que sejam obtidas as declarações ne-cessárias com base no rol de perguntas adrede elaboradas.

A expedição de precatória não suspenderá a ins-trução do inquérito (art. 222, § 1º, CPP).

A comissão empregará, ao longo de toda a argüi-ção, tom neutro, não lhe sendo lícito usar de meios querevelem coação, intimidação ou invectiva.

As perguntas devem ser formuladas com precisão ehabilidade e, em certos casos, contraditoriamente, paraque se possa ajuizar da segurança das alegações do depo-ente.

Do interrogatório do acusadoConcluída a inquirição das testemunhas, a comissão

promoverá o interrogatório do acusado.Antes de iniciar o interrogatório, o presidente da co-

missão observará ao acusado que, embora não esteja obri-gado a responder às perguntas que lhe forem formuladas,o seu silêncio poderá ser interpretado em prejuízo da pró-pria defesa.

O acusado será perguntado sobre o seu nome, núme-ro e tipo de documento de identidade, CPF, naturalidade,estado civil, idade, filiação, residência, profissão e lugaronde exerce a sua atividade, e, depois de cientificado daacusação, será interrogado sobre os fatos e circunstânciasobjeto do inquérito administrativo e sobre a imputaçãoque lhe é feita.

As respostas do acusado serão ditadas pelo presiden-te da comissão e reduzidas a termo que, depois de lido

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pelo secretário ou por quaisquer dos membros da comis-são, será rubricado em duas folhas e assinado pelo presi-dente da comissão, pelos vogais, pelo secretário, peloacusado e seu procurador, se presente.

Da indiciaçãoEncerrada a colheita dos depoimentos, diligências,

perícias, interrogatório do acusado e demais providênciasjulgadas necessárias, a comissão instruirá o processo comuma exposição sucinta e precisa dos fatos arrolados queindiciam o acusado como autor da irregularidade, que de-verá ser anexada à citação do mesmo para apresentar de-fesa escrita.

A indiciação, além de tipificar a infração disciplinar,indicando os dispositivos legais infringidos, deverá espe-cificar os fatos imputados ao servidor e as respectivasprovas, com indicação das folhas do processo onde seencontram.

Da prorrogação do prazoSe motivos justificados impedirem o término dos tra-

balhos no prazo regulamentar de 60 (sessenta) dias, jáincluído o prazo para apresentação da defesa e de elabo-ração do relatório, o presidente poderá solicitar, median-te ofício à autoridade instauradora e antes do término doprazo, a prorrogação do mesmo por até 60 (sessenta) dias.

Da citaçãoTerminada a instrução do processo, o indiciado será

citado por mandado expedido pelo presidente da comis-são de inquérito, que terá como anexo cópia da indiciação,para apresentar defesa escrita, assegurando-se-lhe vistado processo na repartição, pessoalmente ou por intermé-dio de seu procurador.

A citação é pessoal e individual, devendo ser entre-gue diretamente ao indiciado mediante recibo em cópiado original. No caso de recusa do indiciado em apor ociente na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-áda data declarada, em termo próprio, pelo membro da co-missão que fez a citação, com a assinatura de duas teste-munhas.

Da citação por editalAchando-se o indiciado em lugar incerto e não sa-

bido, será citado por edital, publicado pelo menos umavez no Diário Oficial da União e uma vez em jornal degrande circulação na localidade do último domicílio co-nhecido, para apresentar a defesa:

I - verificando-se que o indiciado se oculta para nãoser citado, a citação far-se-á por edital;

II - havendo mais de um indiciado, a citação por editalserá feita coletivamente;

III - na hipótese deste item, o prazo para defesa seráde 15 (quinze) dias a partir da publicação do edital queocorreu, por último, no Diário Oficial da União ou emjornal de grande circulação.

Da defesaO prazo para defesa será de 10 (dez) dias. Havendo

dois ou mais indiciados, o prazo será comum e de 20 (vin-te) dias.

O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro,ou seja, por 20 (vinte) ou 40 (quarenta) dias, se for um ou

mais de um indiciado, respectivamente, para diligênciasreputadas indispensáveis.

O indiciado poderá, mediante instrumento hábil, dele-gar poderes para procurador efetuar sua defesa, desde quenão seja funcionário público, face aos impedimentos legais.

Da reveliaConsiderar-se-á revel o indiciado que, regularmente

citado, não apresentar defesa no prazo legal.A revelia será declarada, por termo, nos autos do pro-

cesso e devolverá no prazo de 15 (quinze) dias para adefesa dativa se houver apenas um indiciado, e de 20 (vin-te) dias, quando houver dois ou mais indiciados.

Para defender o indiciado revel, a autoridadeinstauradora do processo, após solicitação do presidenteda comissão, designará um servidor como defensordativo, ocupante de cargo de nível igual ou superiorao do indiciado.

Do relatórioApreciada a defesa, a comissão elaborará relatório

minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos emencionará as provas em que se baseou para formar suaconvicção.

O relatório será sempre conclusivo quanto à ino-cência ou à responsabilidade do servidor e informará sehouve falta capitulada como crime e se houve danos aoscofres públicos.

Reconhecida a responsabilidade do servidor, a co-missão indicará o dispositivo legal ou regulamentar trans-gredido, bem como as circunstâncias agravantes ou ate-nuantes.

Do julgamentoNo prazo de 20 (vinte) dias, contado do recebimento

do processo, a autoridade julgadora proferirá sua deci-são.

O julgamento acatará o relatório da comissão, salvoquando contrário às provas dos autos.

A autoridade julgadora formará sua convicção pelalivre apreciação das provas, podendo solicitar, se julgarnecessário, parecer fundamentado de assessor ou de se-tor jurídico a respeito do processo.

Quando for verificada a ocorrência de prejuízo aoscofres públicos, a autoridade instauradora expedirá aoórgão competente ofício encaminhando cópia do relató-rio da comissão e do julgamento, para as providênciascabíveis com vistas ao ressarcimento do prejuízo à Fa-zenda Nacional e, se for o caso, baixa dos bens da cargada repartição ou do responsável.

A ação civil por responsabilidade do servidor em ra-zão de danos causados ao erário é imprescritível.

Da aplicação das penalidadesAs penalidades disciplinares serão aplicadas:I - pelo Presidente da República, quando se tratar de

demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilida-de do servidor;

II - pelo ministro quando se tratar de suspensão superiora 30 (trinta) dias;

III - pelo chefe da repartição e outras autoridades naforma dos respectivos regimentos ou regulamentos, noscasos de advertência ou de suspensão até 30 (trinta) dias;

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IV - pela autoridade que houver feito a nomeação,quando se tratar de destituição de cargo em comissão.

Havendo mais de um indiciado e diversidade de san-ções, o julgamento caberá à autoridade competente paraa imposição da pena mais grave, que também decidirásobre os demais indiciados.

Quando houver conveniência para o serviço e a cri-tério da autoridade julgadora, a penalidade de suspensãopoderá ser convertida em multa, na base de 50% (cin-qüenta por cento) por dia de remuneração, ficando o ser-vidor obrigado a permanecer em serviço.

Das nulidadesVerificada a existência de vício insanável, a autori-

dade julgadora declarará a nulidade total ou parcial doprocesso e ordenará a constituição de outra comissão, parainstauração de novo processo.

Eivam de nulidade absoluta os vícios:I - de competência:a) instauração de processo por autoridade incompe-

tente;b) incompetência funcional dos membros da comis-

são; ec) incompetência da autoridade julgadora;

II - relacionados com a composição da comissão:a) composição com menos de 3 (três) membros, no

caso de inquérito;b) composição por servidores demissíveis ad nutum

ou instáveis; ec) comissão composta por servidores de notória e

declaradamente inimigos do servidor acusado ou doindiciado;

III - relativos à citação do indiciado:a) falta de citação;b) citação por edital de indiciado que se encontre preso;c) citação por edital de indiciado que tenha endereço

certo;d) citação por edital de indiciado que se encontre asi-

lado em país estrangeiro;e) citação por edital de servidor internado em

estabelecimento hospitalar para tratamento de saúde; ef) citação, de pronto, por edital, quando inexiste no

processo qualquer indicação que traduza o empenho pelalocalização do indiciado;

IV - relacionados com o direito de defesa do acusadoou do indiciado:

a) indeferimento, sem motivação, de perícia técnica soli-citada pelo acusado;

b) não-oitiva, sem motivação, de testemunha arrola-da pelo acusado;

c) ausência de alegações escritas de defesa;d) inexistência de notificação do servidor acusado

para acompanhar os atos apuratórios do processo,notadamente a oitiva de testemunhas, que poderão ser porele inquiridas e reinquiridas;

e) indeferimento de pedido de certidão, sobre aspec-to relevante, por parte da Administração, interessada noprocesso;

f) negativa de vista dos autos do processo adminis-trativo disciplinar ao servidor indiciado, ao seu advogadolegalmente constituído ou ao defensor dativo; e

g) juntada de elementos probatórios aos autos após aapresentação da defesa, sem abertura de novo prazo paraa defesa;

V - relacionados com o julgamento do processo:a) julgamento com base em fatos ou alegativas

inexistentes na peça de indiciação;b) julgamento feito de modo frontalmente contrário

às provas existentes no processo;c) julgamento discordante das conclusões factuais da

comissão, quando as provas dos autos não autorizam taldiscrepância;

d) julgamento feito por autoridade administrativa quese tenha revelado, em qualquer circunstância do cotidia-no, como inimiga notória do acusado ou do indiciado;

e) falta de indiciação do fato ensejador da sanção dis-ciplinar; e

f) falta de capitulação da transgressão atribuída aoacusado ou ao indiciado.

Da extinção da punibilidadeExtingue-se a punibilidade (art. 107, CP, e Lei nº

8.112/90):I - pela aposentadoria ou morte do agente, no caso de

advertência ou suspensão;II - pela retroatividade de lei que não mais considera o

fato como infração;III - pela prescrição, decadência ou perempção;

Da exoneração de servidor que responde a pro-cesso administrativo disciplinar

I - O servidor que responder à sindicância ou PAD sópoderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntari-amente, após a conclusão do processo e o cumprimentoda penalidade, caso aplicada.

II - A exoneração de servidor que responde a inqué-rito administrativo antes de sua conclusão, em virtude denão ter sido aprovado em estágio probatório, conformedetermina o inciso I do parágrafo único do art. 34 da Leinº 8.112/90, será convertida em demissão, caso seja essaa penalidade a ser-lhe aplicada por ocasião do julgamen-to do processo.

PROCEDIMENTO SUMÁRIO

A acumulação ilegal de cargos, empregos ou funçõespúblicas, abandono de cargo (ausência intencional do ser-vidor, ao serviço superior a 30 dias) e inassiduidade ha-bitual (faltas injustificadas por período igual ou superiora 60 dias), são faltas graves puníveis com a demissão,apuradas em processo administrativo disciplinar de ritosumário, desenvolvido nas seguintes fases:

a) instrução sumária, compreendendo indiciação,defesa e relatório; e

b) julgamento pela autoridade instauradora que, noprazo de 5 dias, contados do recebimento do processo,proferirá sua decisão.

A comissão do procedimento sumário, composta por2 servidores estáveis, terá até 30 dias, contados da datada publicação do ato que a constituir, para apresentar re-latório conclusivo quanto à inocência ou a responsabili-dade do servidor. Este prazo admite prorrogação por até15 dias, quando as circunstâncias assim exigirem.

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Detectada, a qualquer tempo, a acumulação proibidade cargos ou emprego (efetivo ou da inatividade) a auto-ridade competente (Presidente da República, Presidentesdas Casas Legislativas e dos Tribunais Federais e Pro-curador-Geral da República) ou autoridade delegada doórgão ou de entidade em que tenha ocorrido a irregulari-dade notificará o servidor, por intermédio de sua chefiaimediata, para apresentar opção no prazo improrrogávelde 10 dias, contados da data da ciência.

A opção pelo servidor até o último dia de prazo paraa defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se con-verterá automaticamente em pedido de exoneração dooutro cargo.

Na hipótese de omissão, será instaurado o procedi-mento sumário e o servidor indiciado será citado pessoal-mente ou por intermédio de sua chefia imediata, para, noprazo de 5 dias, a apresentar defesa escrita.

Compete ao órgão central do SIPEC (Sistema de Pes-soal Civil) supervisionar e fiscalizar o cumprimento daaplicação ou omissão dos procedimentos e penalidadesprevistas.

DA SEGURIDADE SOCIAL (ARTS. 183 A 231)

Plano de Seguridade Social do Servidor

“O Plano de Seguridade Social do servidor será cus-teado com o produto da arrecadação de contribuições so-ciais obrigatórias dos servidores ativos dos Poderes daUnião, das autarquias e das fundações Públicas” (Leinº 9.630, de 23/4/98). A contribuição do servidor,deferenciada em função da remuneração mensal, bemcomo dos órgãos e entidades, será fixada em lei.O custeio das aposentadorias e pensões é de responsabili-dade da União e de seus servidores.

O servidor ocupante de cargo em comissão que nãoseja, simplesmente, ocupante de cargo ou emprego efeti-vo na Administração Pública direta, autárquica efundacional não terá direito aos benefícios do Plano deSeguridade Social, com exceção de assistência à saúde.*

O Plano de Seguridade Social visa a dar coberturaaos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, ecompreende um conjunto de benefícios e ações que aten-dam às seguintes finalidades:

I - garantir meios de subsistência nos eventos de do-ença, invalidez, velhice, acidente em serviço, inativida-de, falecimento e reclusão;

II - proteção à maternidade, à adoção e à paternida-de;

III - assistência à saúde.Os benefícios serão concedidos nos termos e condi-

ções definidos em regulamento, observadas as disposi-ções desta Lei.

Os benefícios do Plano de Seguridade Social do ser-vidor compreendem, com o advento da Emenda Consti-tucional nº 20/98 (Reforma Previdenciária), que a aposen-tadoria para o setor público ficou assim:

– Quanto ao servidor:• AposentadoriaO servidor será aposentado:

* Redação dada pela Lei nº 8.647, de 13/4/93.

I - por invalidez permanente, sendo os proventos in-tegrais quando decorrente de acidente em serviço, molés-tia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurá-vel, especificada em lei, e proporcionais nos demais ca-sos;

II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, comproventos proporcionais ao tempo de contribuição;

III - voluntariamente:a) aos 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se

homem, e aos 30 (trinta) se mulher, com proventos inte-grais;

b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em fun-ções de magistério, se professor, e 25 (vinte e cinco) seprofessora, com proventos integrais;

c) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,e aos 60 (sessenta) se mulher, com proventos proporcio-nais ao tempo de contribuição.

Regra permanente ou geral – para ingressos apartir de 16/12/98

É a regra para os servidores públicos contratados apósa publicação da Emenda Constitucional nº 20/98. Só vale-rá a contagem do tempo de contribuição e não mais tempode serviço. Para se aposentar o servidor público terá quecombinar a idade mínima de 60 anos de idade e 35 de con-tribuição se homem, e 55 anos de idade e 30 de contribui-ção se mulher. A aposentadoria por idade será aos 65 anosde idade para homem e 60 para mulher, com proventosproporcionais ao tempo de contribuição.

Mantida a aposentadoria compulsória aos 70 anos deidade com proventos proporcionais ao tempo de contri-buição.

Regra transitória ou de transiçãoÉ a regra para os servidores públicos contratados até

a data da publicação da emenda (16/12/98). Este servidortambém pode escolher a aposentadoria pela Regra Per-manente. Para a Aposentadoria Integral o servidor teráque reunir os critérios de idade mínima de 53 a 48 anos,respectivamente, para homem e mulher; tempo de contri-buição de 35 anos para homem e 30 para mulher, e pedá-gio de 20% a mais do tempo que falta na data de publica-ção da emenda para o tempo de contribuição acima.

Para a Aposentadoria Proporcional, o servidor, alémda idade mínima acima, terá que contar no mínimo com30 anos de contribuição se homem e 25 anos se mulher.Neste caso, o acréscimo (pedágio) será de 40% do tempoque faltava para se aposentar pela regra anterior à refor-ma.

ProfessoresNa regra permanente o professor universitário do

setor público se aposentará como os outros servidorespúblicos. Os outros professores, desde que comprovem,exclusivamente, tempo de exercício nas funções de ma-gistério terão a idade mínima e o tempo de contribuiçãoreduzidos em 5 anos. Para o homem, 55 anos de idade e 30de contribuição e, para a mulher, 50 anos de idade e 25 decontribuição.

Exemplo:Um professor com 25 anos de serviço necessitaria de

mais 5 anos para se aposentar. Pelas novas regras, ele sópoderá se aposentar com 35 anos de contribuição. Os 25anos já trabalhados serão contados com um acréscimo de

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17% (4,25), ou seja, os 25 anos de serviços cumpridosequivalerão, na verdade, a 29,25 anos. Para que se cum-pram os 35 anos de contribuição, agora exigidos, serãonecessários mais 5,75 anos (35 – 29,25 anos) que serãocontados com acréscimo (pedágio) de 20% sobre o tem-po que falta (35 – 29,25 ð 5,75 x 1,20 = 6,9 anos), so-mando-se o tempo proposto pela regra de transição (nocaso 29,25 anos) ao tempo acrescido pelo “pedágio” (nocaso 6,9 anos), o nosso professor terá que trabalhar e con-tribuir até 36,15 anos.

Ressalte-se que para o magistério houve um “abono”de tempo (17% para professor e 20% para professora)que as demais categorias não tiveram, salvo os juízes,membros do Ministério Público e dos Tribunais de Contaque ganharam um acréscimo de 17% (bônus).

MagistradosJuízes, membros do Ministério Público ou de Tribu-

nais de Contas terão acréscimo de 17% (bônus) ao tempode serviço anterior à reforma. Após a reforma, se aposen-tarão como os outros servidores públicos.

Consideram-se doenças graves, contagiosas ou in-curáveis tuberculose ativa, alienação mental, esclerosemúltipla, neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingres-so no serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, do-ença de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante,espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estadosavançados do mal de Paget (osteíte deformante), Síndromeda Imunodeficiência Adquirida – AIDS, e outras que alei indicar, com base na medicina especializada.

A aposentadoria compulsória será automática, e de-clarada por ato, com vigência a partir do dia imediatoàquele em que o servidor atingir a idade-limite de perma-nência ao serviço ativo.

A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigora-rá a partir da data de publicação do respectivo ato.

A aposentadoria por invalidez será precedida de li-cença para tratamento de saúde, por período não exce-dente a 24 (vinte e quatro) meses.

Expirado o período de licença e não estando em con-dições de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o ser-vidor será aposentado.

O lapso de tempo compreendido entre o término dalicença e a publicação do ato da aposentadoria será con-siderado como de prorrogação da licença.

O provento da aposentadoria será revisto na mesmadata e proporção, que se modificar a remuneração dosservidores em atividade.

São estendidos aos inativos quaisquer benefícios ouvantagens posteriormente concedidas aos servidores ematividade, inclusive quando decorrentes de transforma-ção ou reclassificação do cargo ou função em que se deua aposentadoria.

O servidor aposentado com provento proporcionalao tempo de contribuição, se acometido de qualquer dasmoléstias especificadas anteriormente, passará a perce-ber provento integral.

Quando proporcional ao tempo de contribuição, oprovento não será inferior a 1/3 (um terço) da remunera-ção da atividade.

Auxílio-natalidadeO auxílio-natalidade é devido à servidora por motivo

de nascimento de filho, em quantia equivalente ao menorvencimento do serviço público, inclusive no caso denatimorto.

Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescidode 50% (cinqüenta por cento), por nascituro.

O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro ser-vidor público, quando a parturiente não for servidora,mediante a apresentação de cópia da certidão de nasci-mento, tornando-se prescindível o requerimento (Orien-tação Normativa nº 22 da SAF).

Salário-famíliaO salário-família é devido ao servidor ativo ou inati-

vo, por dependente econômico, de baixa renda.Consideram-se dependentes econômicos para efei-

tos de percepção do salário-família:I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive

os enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estu-dante até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, de qual-quer idade;

II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, medianteautorização judicial, viver na companhia e às expensasdo servidor, ou do inativo;

III - a mãe e o pai sem economia própria.Não se configura a dependência econômica quando

o beneficiário do salário-família perceber rendimento dotrabalho ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão ouprovento de aposentadoria, em valor igual ou superior aosalário mínimo.

Quando pai e mãe forem servidores públicos e vive-rem em comum, o salário-família será pago a um deles;quando separados, será pago a um e outro, de acordo coma distribuição dos dependentes.

Ao pai e à mãe equiparam o padastro, a madastra e,na falta destes, os representantes legais dos incapazes.

O salário-família não está sujeito a qualquer tributo,nem servirá de base para qualquer contribuição, inclusi-ve para a Previdência Social.

O afastamento do cargo efetivo, sem remuneraçãonão acarreta a suspensão do pagamento do salário-famí-lia.

Licença para tratamento de saúdeSerá concedida ao servidor licença para tratamento

de saúde, a pedido ou de ofício, com base em períciamédica, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus.

Para licença até 30 (trinta) dias, a inspeção será feitapor médico do setor de assistência do órgão de pessoal e,se por prazo superior, por junta médica oficial.

Sempre que necessário, a inspeção médica será reali-zada na residência do servidor ou no estabelecimentohospitalar onde se encontrar internado.

Inexistindo médico do órgão ou entidade no localonde se encontra o servidor, será aceito atestado passadopor médico particular.

No caso do parágrafo anterior, o atestado só produzi-rá efeitos depois de homologado pelo setor médico dorespectivo órgão ou entidade.

Findo o prazo da licença, o servidor será submetido anova inspeção médica, que concluirá pela volta ao servi-ço, pela prorrogação da licença ou pela aposentadoria.

O atestado e o laudo da junta médica não se referirãoao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de

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lesões produzidas por acidente em serviço, doença pro-fissional ou qualquer das doenças especificadas em lei.

Licença à gestante, à adotante e licença-paterni-dade

Será concedida licença à servidora gestante por 120(cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remu-neração.

A licença poderá ter início no primeiro dia do nonomês da gestação, salvo antecipação por prescrição médi-ca.

No caso de nascimento prematuro, a licença terá iní-cio a partir do parto.

No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias doevento, a servidora será submetida a exame médico, e sejulgada aposta, reassumirá o exercício.

No caso de aborto atestado por médico oficial, aservidora terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remu-nerado.

Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terádireito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecuti-vos.

Para amamentar o próprio filho, até a idade de 6 (seis)meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornadade trabalho, a uma hora de descanso, que poderá ser par-celada em dois períodos de meia hora.

À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial decriança até 1 (um) ano de idade, o prazo será de 90 (no-venta) dias.

No caso de adoção ou guarda judicial de criança commais de 1 (um) ano de idade, o prazo será de 30 (trinta) dias.

A licença à adotante será deferida mediante apresen-tação do Termo de Adoção ou Termo Provisório (Termode Guarda e Responsabilidade), expedido por autoridadecompetente (Orientação Normativa nº 76 da SAF).

Licença por acidente em serviçoSerá licenciado com remuneração integral, o servi-

dor acidentado em serviço.Configura acidente em serviço o dano físico ou men-

tal sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ouimediatamente, com as atribuições do cargo exercido.

Equipara-se ao acidente em serviço o dano:I - decorrente de agressão sofrida e não provocada

pelo servidor no exercício do cargo;II - sofrido no percurso da residência para o trabalho

e vice-versa.O servidor acidentado em serviço que necessite de

tratamento especializado poderá ser tratado em institui-ção privada, à conta de recursos públicos.

O tratamento recomendado por junta médica oficialconstitui medida de execução e somente será admissívelquando inexistirem meios e recursos adequados em insti-tuição pública.

A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez)dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem.

Assistência à saúdeA assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e

de sua família, compreende assistência médica, hospita-lar, odontológica, psicológica e farmacêutica, prestadapelo Sistema Único de Saúde ou diretamente pelo órgãoou entidade ao qual estiver vinculado o servidor, ou, ain-

da, mediante convênio, na forma estabelecida em regula-mento.

Garantia de condições individuais e ambientais detrabalho satisfatórias.

– Quanto ao dependente:• Pensão vitalícia e temporáriaPor morte do servidor, os dependentes fazem jus a uma

pensão mensal de valor correspondente ao da respectivaremuneração ou provento, a partir da data de óbito.

As pensões distinguem-se, quanto à natureza, em vita-lícias e temporárias.

A pensão vitalícia é composta de cota ou cotas per-manentes, que somente se extinguem ou revertem com amorte de seus beneficiários.

A pensão temporária é composta de cota ou cotas quepodem se extinguir ou reverter por motivo de morte, ces-são de invalidez ou maioridade do beneficiário.

São beneficiários das pensões:I - vitalícia:a) o cônjuge;b) a pessoa desquitada, separada judicialmente ou

divorciada, com percepção de pensão alimentícia;c) o companheiro ou companheira designado que

comprove união estável como entidade familiar;d) a mãe e o pai que comprovarem dependência eco-

nômica do servidor;e) a pessoa designada, maior de 60 (sessenta) anos e

a pessoa portadora de deficiência, que vivam na depen-dência econômica do servidor;

II - temporária:a) os filhos, ou enteados, até 21 (vinte e um) anos de

idade ou, se inválidos, enquanto durar a invalidez;b) o menor sob guarda ou tutela até 21 (vinte e um)

anos de idade;c) o irmão órfão, até 21 (vinte e um) anos, e o inváli-

do, enquanto durar a invalidez, que comprovem depen-dência econômica do servidor;

d) a pessoa designada que viva na dependência eco-nômica do servidor, até 21 (vinte e um) anos, ou, se invá-lida, enquanto durar a invalidez.

A concessão de pensão vitalícia aos beneficiários de quetratam as alíneas a e c do inciso I deste artigo exclui dessedireito os demais beneficiários referidos nas alíneas d e e.

A concessão da pensão temporária aos beneficiáriosde que tratam as alíneas a e b do inciso II exclui dessedireito os demais beneficiários referidos nas alíneas c e d.

A pensão será concedida integralmente ao titular depensão vitalícia, exceto se existirem benefíciários da pen-são temporária.

Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensãovitalícia, o seu valor será distribuído em partes iguais en-tre os beneficiários habilitados.

Ocorrendo habilitação às pensões vitalícia e tempo-rária, metade do valor caberá ao titular ou titulares de pen-são vitalícia, sendo a outra metade, em partes iguais, entreos titulares da pensão temporária.

Ocorrendo habilitação somente à pensão temporária,o valor integral da pensão será rateado, em partes iguais,entre os que se habilitarem.

A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo, pres-crevendo tão-somente as prestações exigíveis há mais de5 (cinco) anos.

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Concedida a pensão, qualquer prova posterior ouhabilitação tardia que implique exclusão de beneficiáriosou redução de pensão só produzirá efeitos a partir da dataem que for oferecida.

Não faz jus à pensão o beneficiário condenado pelaprática de crime doloso de que tenha resultado a morte doservidor.

Será concedida pensão provisória por morte presumi-da ao servidor, nos seguintes casos:

I - declaração de ausência, pela autoridade judiciáriacompetente;

II - desaparecimento em desabamento, inundação,incêndio ou acidente não caracterizado como em serviço;

III - desaparecimento no desempenho das atribuiçõesdo cargo ou em missão de segurança.

A pensão provisória será transformada em vitalíciaou temporária, conforme o caso, decorridos 5 (cinco) anosde sua vigência, ressalvado o eventual reaparecimento doservidor, hipótese em que o benefício será automatica-mente cancelado.

Acarreta perda de qualidade de beneficiário:I - o seu falecimento;II - a anulação do casamento, quando a decisão ocor-

rer após a concessão da pensão ao cônjuge;III - a cessão de invalidez, em se tratando de beneficiá-

rio inválido;IV - a maioridade de filho, irmão, órfão ou pessoa de-

signada, aos 21 (vinte e um) anos de idade;V - a acumulação de pensão;VI - a renúncia expressa.Por morte ou perda da qualidade de beneficiário, a

respectiva cota reverterá:I - da pensão vitalícia para os remanescentes desta

pensão ou para os titulares da pensão temporária, se nãohouver pensionista remanescente da pensão vitalícia;

II - da pensão temporária para os co-beneficiários ou,na falta destes, para o beneficiário da pensão vitalícia.

As pensões serão automaticamente atualizadas namesma data e na mesma proporção dos reajustes dos ven-cimentos dos servidores.

Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepçãocumulativa de mais de duas pensões.

Auxílio-funeralO auxílio-funeral é devido à família do servidor faleci-

do na atividade ou aposentado, em valor equivalente a 1(um) mês da remuneração ou provento.

No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio serápago somente em razão do cargo de maior remuneração.

O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito)horas por meio de procedimento sumariíssimo, à pessoa dafamília que houver custeado o funeral.

Se o funeral for custeado por terceiros, este será inde-nizado, observado o disposto no artigo anterior.

Em caso de falecimento de servidor em serviço forado local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas detransporte do corpo correrão à conta de recursos da União,autarquia ou fundação pública.

Auxílio-reclusão – será devido ao servidor de baixarenda

À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclu-são, nos seguintes valores:

I - dois terços da remuneração, quando afastado pormotivo de prisão, em flagrante ou preventiva, determinadapela autoridade competente, enquanto perdurar a prisão;

II - metade da remuneração, durante o afastamento,em virtude de condenação, por sentença definitiva, à penaque não determine a perda do cargo.

Nos casos previstos no item I, o servidor terá direitoà integralização da remuneração, desde que absolvido.

O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir dodia imediato àquele em que o servidor for posto em liber-dade, ainda que condicional.

Assistência à saúdeAs aposentadorias e pensões serão concedidas e

mantidas pelos órgãos ou entidades aos quais se encon-tram vinculados os servidores.

O recebimento indevido de benefícios havidos porfraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao Erário dototal auferido, sem prejuízo da ação penal cabível.

O Plano de Seguridade Social do servidor será custe-ado com o produto da arrecadação de contribuições soci-ais obrigatórias dos servidores dos três Poderes da União,das autarquias e das fundações públicas.

A contribuição do servidor, diferenciada em funçãoda remuneração mensal, bem como dos órgãos e entida-des, será fixada em lei.

O custeio das aposentadorias e pensões é de respon-sabilidade da União e de seus servidores (Lei nº 8.688, de21/7/93).

Assistência pré-escolarPara os dependentes dos servidores públicos na faixa

etária compreendida desde do nascimento até seis anos deidade, em período integral ou parcial, a critério do servidor.

Observações:1 - O tempo de serviço público é comprovado

mediante apresentação de certidão expedida por ór-gão ou entidades públicos.

2 - O servidor aposentado com provento proporci-onal ao tempo de contribuição, se acometido de qual-quer das moléstias especificadas em Lei (alienaçãomental, AIDS, doença de Parkinson, esclerose múltiplae outros), passará a receber provento integral.

3 - O servidor que, na data do ato que o colocouem disponibilidade, contava com tempo de contribui-ção para aposentadoria voluntária, poderá requerê-lacom base no art. 40, III, da Constituição Federal, aqual deverá ser concedida pelo órgão ou entidaderesponsável pelo pagamento de seus proventos(Orientação Normativa nº 74 da SAF).

DISPOSIÇÕES GERAIS

O Dia do Servidor Público será comemorado em 28(vinte e oito) de outubro.

Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes Exe-cutivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivosfuncionais, além daqueles já previstos nos respectivosplanos de carreira:

I - prêmios pela apresentação de idéias, inventos outrabalhos que favoreçam o aumento de produtividade e aredução dos custos operacionais;

II - concessão de medalhas, diplomas de honra aomérito, condecoração e elogio.

Os prazos previstos nesta lei serão contados em dias cor-ridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do venci-mento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil seguinte, oprazo vencido em dia em que não haja expediente.

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Por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófi-ca ou política, o servidor não poderá ser privado de quais-quer dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida fun-cional, nem eximir-se do cumprimento de seus deveres.

Ao servidor público civil é assegurado, nos termos daConstituição Federal, o direito à livre associação sindical, eos seguintes direitos, entre outros, dela decorrentes:

a) de ser representado pelo sindicato, inclusive comosubstituto processual;

b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até 1 (um)ano após o final do mandato, exceto se a pedido;

c) de descontar em folha, sem ônus para a entidadesindical a que for filiado, o valor das mensalidades e con-tribuições definidas em assembléia-geral da categoria;

d) de negociação coletiva;*e) de ajuizamento, individual e coletivamente, frente

à Justiça do Trabalho, nos termos da Constituição Fe-deral.**

Consideram-se da família do servidor, além do cônju-ge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensase constem do seu assentamento individual.

Equipara-se ao cônjuge a companheira ou companhei-ro, que comprove união estável com entidade familiar.

Para os fins desta Lei, considera-se sede o municípioonde a repartição estiver instalada e onde o servidor tiverexercício, em caráter permanente.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO E CONTROLEDA ADMINISTRAÇÃO: ESPÉCIES DE CONTROLE E SUASCARACTERÍSTICAS

O CONTROLE JUDICIÁRIO DOS ATOS ADMINISTRATI-VOS

O controle judiciário ou judicial é exercido privativa-mente pelos órgãos do Poder Judiciário sobre os atos ad-ministrativos do Executivo, do Poder Legislativo e do pró-prio Judiciário quando este realize atividade administrati-va. É um controle a posteriori eminentemente de legalida-de. É, sobretudo, um meio de preservação de direitos indi-viduais, pois visa a impor a observância da lei em ques-tões reclamadas por seus beneficiários.

Meios de Controle Judicial

Mandado de Segurança

• Individual• Coletivo

I - Mandado de segurança individual: é o meio cons-titucional (art. 5º, LXIX) posto à disposição de toda pes-soa física ou jurídica, órgão com capacidade processualou universalidade reconhecida por lei para proteger di-reito individual, próprio, líquido e certo, não amparadapor habeas corpus, lesado ou ameaçado de lesão porato de qualquer autoridade, seja de que categoria for esejam quais forem as funções que exerça. Está reguladopela Lei nº 1.533, de 31/12/51, e legislação subseqüente.

O mandado de segurança é ação civil de rito sumárioespecial, sujeito a normas procedimentais próprias, peloque só supletivamente lhe são aplicáveis disposições ge-rais do Código de Processo Civil. Destina-se a coibir atosilegais de autoridade que lesam direito subjetivo, líquido ecerto, do impetrante. Por ato de autoridade suscetível demandado de segurança, entende-se toda ação ou omissãodo poder público ou de seus delegados, no desempenhode suas funções ou a pretexto de exercê-las. Direito líqui-

do e certo é o que se apresenta manifesto na sua existên-cia, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado nomomento da impetração. O prazo para impetração é de cen-to e vinte dias do conhecimento oficial do ato a ser impug-nado. Esse remédio heróico admite suspensão liminar doato, e, quando concedida, a ordem tem efeito fundamental eimediato, não podendo ser impedida sua execução por ne-nhum recurso comum, salvo pelo Presidente do Tribunalcompetente para apreciação da decisão inferior.

II - Mandado de segurança coletivo: inovação da atualCarta (art. 5º, LXX), é remédio posto à disposição de partidopolítico com representação no Congresso Nacional, ou deorganização sindical, entidade de classe ou associação le-galmente constituída, e em funcionamento há pelo menosum ano, em defesa dos interesses de seus membros ouassociados. Seus pressupostos são os mesmos do manda-do de segurança individual, inclusive quanto ao direito lí-quido e certo, só que, como é evidente, a tutela não é indi-vidual, mas coletiva.

Ação Popular

É a via constitucional (art. 5º, LXXIII) posta à disposi-ção de qualquer cidadão (eleitor) para obter a anulação deatos ou contratos administrativos – ou a eles equiparados– lesivos ao patrimônio público ou de entidades de que oEstado participe, à moralidade administrativa e ao meioambiente natural ou cultural. Está regulada pela Leinº 4.717, de 29/6/65.

A ação popular é um instrumento de defesa dos inte-resses da coletividade, utilizável por qualquer de seus mem-bros, no gozo de seus direitos cívicos e políticos. Por elanão se amparam direitos próprios mas, sim, interesses dacomunidade. O beneficiário direto e imediato da ação não éo autor popular; é o povo, titular do direito subjetivo aogoverno honesto. Tem fins preventivos e repressivos daatividade administrativa lesiva do patrimônio público, as-sim entendidos os bens e direitos de valor econômico, ar-tístico, estético ou histórico. A própria lei regulamentadoraindica os sujeitos passivos da ação e aponta casos em quea ilegalidade do ato já faz presumir a lesividade aopatrimônio público, além daqueles em que a prova fica acargo do autor popular. O processo, a intervenção do Mi-nistério Público, os recursos e a execução da sentençaacham-se estabelecidos na própria Lei nº 4.717/65. A normaconstitucional isenta o autor popular, salvo comprovadamá-fé, de custas e de sucumbência.

Interna Corporis

São aquelas questões ou assuntos que se relacionamdireta e imediatamente com a economia interna dacorporação legislativa e dos tribunais judiciais, como aformação ideológica da lei, atos de escolha da mesa (elei-ções internas), e cassação de mandatos, licenças, organi-zação interna, etc.

Tais atos sujeitam-se à apreciação da Justiça que podeconfrontar o ato praticado com as prescrições constitucio-nais legais ou regimentais, verificando, pois, se háinconstitucionalidade, legalidade ou infringências regimen-tais nos seus alegados interna corporis, sem adentrar oconteúdo/mérito, de seus atos.

A Justiça não pode, por exemplo, substituir a delibe-ração da Câmara por um pronunciamento judicial sobre oque é de exclusiva competência discricionária do Plenário,da Mesa ou da Presidência.

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Atos Legislativos

As leis não ficam sujeitas a anulação judicial pelosmeios processuais comuns, mas sim pela via especial daação direta de inconstitucionalidade promovida pelas pes-soas e, órgãos indicados na Constituição Federal (art. 103),cabendo ao STF declarar a inconstitucionalidade da lei oude qualquer outro ato normativo.

Atos Políticos

São os praticados pelos agentes do Governo, no usoda competência constitucional. Devido ao seu elevadodiscricionarismo, provocam maiores restrições ao contro-le judicial.

Quando argüidos de lesivos a direito individual ou aopatrimônio público vão à apreciação da Justiça.

A RESPONSABILIDADE CIVIL DAADMINISTRAÇÃO OU DO ESTADO

A Constituição adota, no que tange às entidades deDireito Público, a responsabilidade objetiva, com base nateoria do risco administrativo, que, diferindo da teoria dorisco integral, admite abrandamento, quer dizer: a culpa davítima influi para minorar ou mesmo excluir a responsabili-dade civil do Estado.

Na responsabilidade civil do Estado, de acordo com ateoria do risco administrativo, há a presunção relativa juristantum da culpa do servidor, de sorte que, provada a cul-pa total ou parcial do lesado, exime-se a Administração,na mesma escala, da obrigação de reparar o dano.

A nova diretriz constitucional, mantida na vigenteConstituição (art. 37, § 6º), é: “As pessoas jurídicas deDireito Público e as de Direito Privado prestadoras de ser-viços públicos responderão pelos danos que seus agen-tes, nessa qualidade, causaram a terceiros, assegurado odireito de regresso contra o responsável nos casos dedolo ou culpa”.

As pessoas jurídicas de Direito Público são civilmen-te responsáveis por atos de seus representantes, que,nessa qualidade, causem dano a terceiros, procedendo demodo contrário ao direito ou faltando a dever prescritopor lei, salvo o direito regressivo contra os causadores dodano (é o que estabelece o art. 15 do Código Civil Brasilei-ro).

Responsabilidades por Atos Legislativos e Judiciais

Para os atos administrativos, a regra constitucional é aresponsabilidade objetiva da Administração. Mas, quantoaos atos legislativos e judiciais, a Fazenda Pública só res-ponde mediante a comprovação de culpa manifesta na suaexpedição, de maneira ilegítima e lesiva. Essa distinção re-sulta do próprio texto constitucional, que só se refere aosagentes administrativos (servidores), sem aludir aos agen-tes políticos (parlamentares e magistrados), que não sãoservidores da Administração Pública, mas, sim, membrosde Poderes de Estado.

O ato legislativo típico, que é a lei, dificilmente poderácausar prejuízo indenizável ao particular, porque, comonorma abstrata e geral, atua sobre toda a coletividade,em nome da soberania do Estado, que, internamente, seexpressa no domínio eminente sobre todas as pessoas ebens existentes no território nacional. Como a reparaçãocivil do Poder Público visa a restabelecer o equilíbriorompido com o dano causado individualmente a um ou

alguns membros da comunidade, não há falar em indeni-zação da coletividade. Só excepcionalmente poderá umalei inconstitucional atingir o particular uti singuli, cau-sando-lhe um dano injusto e reparável. Se tal ocorrer,necessária se torna a demonstração cabal da culpa doEstado, através da atuação de seus agentes políticos,mas isto se nos afigura indemonstrável no regime demo-crático, em que o próprio povo escolhe seus represen-tantes para o legislativo. Onde, portanto, o fundamentopara a responsabilização da Fazenda Pública se é a pró-pria coletividade que investe os elaboradores da lei nafunção legislativa e nenhuma ação disciplinar têm os de-mais Poderes sobre agentes políticos? Não encontra-mos, assim, fundamento jurídico para a responsabilizaçãocivil da Fazenda Pública por danos eventualmente cau-sados por lei, ainda que declarada inconstitucional. Oque o STF já admitiu foi a responsabilização da Adminis-tração por ato baseado em decreto posteriormente julga-do inconstitucional. Mas decreto, embora com efeitosnormativos, não é lei, como erroneamente está dito naementa deste julgado.

O ato judicial típico, que é a sentença, enseja res-ponsabilidade civil da Fazenda Pública, como dispõe,agora, a CF de 1988, em seu art. 5º, LXXV. Ficará, entre-tanto, o juiz individual e civilmente responsável por dolo,fraude, recusa, omissão ou retardamento injustificadode providências de seu ofício, nos expressos termos doart. 133 do CPC, cujo ressarcimento do que foi pago peloPoder Público deverá ser cobrado em ação regressivacontra o magistrado culpado. Quanto aos atos adminis-trativos praticados por órgãos do Poder Judiciário, equi-param-se aos demais atos da Administração e, se lesi-vos, empenham a responsabilidade civil objetiva da Fa-zenda Pública.

Teoria do Risco Administrativo

A teoria do risco administrativo faz surgir a obrigaçãode indenizar o dano do só ato lesivo e injusto causado àvítima pela Administração. Não se exige qualquer falta doserviço público, nem culpa de seus agentes. Basta a le-são, sem o concurso do lesado. Na teoria do risco admi-nistrativo, exige-se, apenas, o fato do serviço.

Aqui não se cogita da culpa da Administração ou deseus agentes, bastando que a vítima demonstre o fatodanoso e injusto ocasionado por ação ou omissão do Po-der Público. Tal teoria, como o nome está a indicar, ba-seia-se no risco que a atividade pública gera para osadministrados e na possibilidade de acarretar dano a cer-tos membros da comunidade, impondo-lhes um ônus nãosuportado pelos demais. Para compensar essa desigual-dade individual, criada pela própria Administração, to-dos os outros componentes da coletividade devem con-correr para a reparação do dano, através do Erário, repre-sentado pela Fazenda Pública. O risco e a solidariedadesocial são, pois, os suportes desta doutrina que, por suaobjetividade e partilha dos encargos, conduz a mais per-feita justiça distributiva, razão pela qual tem merecido oacolhimento dos Estados modernos. A teoria do riscoadministrativo, embora dispense a prova da culpa daAdministração, permite que o Poder Público demonstrea culpa da vítima para excluir ou atenuar a indenização.

A Reparação do Dano

A reparação do dano causado pela Administração aterceiros obtém-se amigavelmente ou por meio de ação de

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indenização, e, uma vez indenizada a lesão da vítima, fica aentidade pública com o direito de voltar-se contra o servi-dor culpado para haver dele o despendido, através daação regressiva autorizada pelo § 6º do art. 37 da Consti-tuição Federal.

O legislador constituinte bem separou as responsabi-lidades: o Estado indeniza a vítima; o agente indeniza oEstado, regressivamente.

Ação de Indenização

Para obter a indenização, basta que o lesado acione aFazenda Pública e demonstre o nexo causal entre o fatolesivo (comissivo ou omissivo) e o dano, bem como seumontante. Comprovados esses dois elementos, surge na-turalmente a obrigação de indenizar. Para eximir-se dessaobrigação incumbirá à Fazenda Pública comprovar que avítima concorreu com culpa ou dolo para o evento dano-so. Enquanto não evidenciar a culpabilidade da vítima,subsiste a responsabilidade objetiva da Administração.Se total a culpa da vítima, fica excluída a responsabilidadeda Fazenda Pública; se parcial, reparte-se o quantum daindenização.

A indenização do dano deve abranger o que a vítimaefetivamente perdeu, o que despendeu e o que deixou deganhar em conseqüência direta e imediata do ato lesivo daAdministração, ou seja, em linguagem civil, o dano emer-gente e os lucros cessantes, bem como honoráriosadvocatícios, correção monetária e juros de mora, se hou-ver atraso no pagamento.

A indenização por lesão pessoal e morte da vítima abran-gerá o tratamento, o sepultamento e a prestação alimentíciaàs pessoas a quem o falecido a devia, levada em conta aduração provável de sua vida. Essa indenização, por setratar de uma dívida de valor, admite reajustamento às con-dições atuais do custo de vida, dado o caráter alimentar quea preside. Admite-se, ainda, a correção monetária.

Ação Regressiva

A ação regressiva da Administração contra o causa-dor direto de dano está instituída pelo § 6º do art. 37 da CFcomo mandamento a todas as entidades públicas e parti-culares prestadoras de serviços públicos. Para o êxito destaação exigem-se dois requisitos: primeiro, que a Administra-ção já tenha sido condenada a indenizar a vítima do danosofrido; segundo, que se comprove a culpa do funcionáriono evento danoso. Enquanto para a Administração a res-ponsabilidade independe da culpa, para o servidor a res-ponsabilidade depende da culpa: aquela é objetiva, esta ésubjetiva e se apura pelos critérios gerais do Código Civil.

Como ação civil, que é, destinada à reparação patrimo-nial, a ação regressiva (Lei nº 8.112/90, art. 122, § 3º) trans-mite-se aos herdeiros e sucessores do servidor culpado,podendo ser instaurada mesmo após a cessação do exer-cício no cargo ou na função, por disponibilidade, aposen-tadoria, exoneração ou demissão.

Evolução, teorias e características

Em termos de evolução da obrigatoriedade que o Es-tado tem de recompor o patrimônio diminuído em razão deseus atos, a Administração Pública viveu fases distintas,indo da irresponsabilidade para a responsabilidade comculpa, civil ou administrativa, e desta para a responsabili-dade sem culpa, nas modalidades do risco administrativoe do risco integral.

Quadro sinótico

1. Irresponsabilidade Civil do Estado

2.1. Com culpa

a) do agente ou civil ou subjetiva;

b) do serviço ou administrativa.

Evolução 2. Responsa-

2. bilidade 2.2. Sem culpa

a) risco administrativo ou objetiva;

b) risco integral.

A fase da irresponsabilidade civil do Estado vigo-rou de início em todos os Estados, mas notabilizou-se nosEstados absolutistas. Nesses, negava-se tivesse a Admi-nistração Pública a obrigação de indenizar os prejuízosque seus agentes, nessa qualidade, pudessem causar aosadministrados. Seu fundamento encontrava-se em outroprincípio vetor do Estado absoluto ou Estado de polícia,segundo o qual o Estado não podia causar males ou da-nos a quem quer que fosse. Era expressado pelas fórmu-las: Le roi ne peut mal faire e The king can do no wrong,ou, em nossa língua: “O rei não pode fazer mal” e “O reinão erra”.

O estágio da responsabilidade com culpa civil doEstado, também chamada de responsabilidade subjetivado Estado, instaura-se sob a influência do liberalismo, queassemelhava, para fins de indenização, o Estado ao indiví-duo. Por esse artifício o Estado tornava-se responsável e,como tal, obrigado a indenizar sempre que seus agenteshouvessem agido com culpa ou dolo. O fulcro, então, daobrigação de indenizar era a culpa do agente. É a teoria daculpa civil. Essa culpa ou dolo do agente público era acondicionante da responsabilidade patrimonial do Estado.Sem ela inocorria a obrigação de indenizar. O Estado e oindivíduo eram, assim, tratados de forma igual. Ambos,em termos de responsabilidade, respondiam conforme oDireito Privado, isto é, se houvessem se comportado comculpa ou dolo. Caso contrário, não respondiam.

Essa doutrina foi acolhida pelo nosso ordenamentoatravés do art. 15 do Código Civil (“As pessoas jurídicasde direito público são civilmente responsáveis por atosde seus representantes que nessa qualidade causem da-nos a terceiros, procedendo de modo contrário ao direitoou faltando a dever prescrito por lei, salvo o direito re-gressivo contra os causadores do dano”) e vigorou sozi-nha até o advento da Constituição da República de 1946.A partir daí começou a viger a responsabilidade sem culpaou responsabilidade objetiva, como mais adiante se verá.

A solução civilista, preconizada pela teoria da respon-sabilidade patrimonial com culpa, embora representasse umprogresso em relação à teoria da irresponsabilidadepatrimonial do Estado, não satisfazia os interesses de justi-ça. De fato, exigia muito dos administrados, pois o lesadotinha que demonstrar, além do dano, a situação culposa doagente estatal. Tornam-se, assim, inaplicáveis, em sua pu-reza, os princípios da culpa civil, para obrigar o Estado aresponder pelos danos que seus servidores pudessem cau-sar aos administrados.

Em razão disso, procurou-se centrar a obrigação deindenizar na culpa do serviço ou, segundo os franceses,na faute du service. Ocorria a culpa do serviço sempre que

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este não funcionava (não existia, devendo existir), funcio-nava mal (devendo funcionar bem) ou funcionava atrasa-do (devendo funcionar em tempo). Era a teoria da culpaadministrativa , ou da culpa anônima (não se tem o causa-dor direto do dano), que recebeu de Hely Lopes Meirelleso seguinte comentário: “A teoria da culpa administrativarepresenta o primeiro estágio da transição entre a doutri-na subjetiva da culpa civil e a tese objetiva do risco admi-nistrativo que a sucedeu, pois leva em conta a falta doserviço para dela inferir a responsabilidade da Adminis-tração. É o binômio falta do serviço – culpa da Adminis-tração. Já aqui não se indaga da culpa subjetiva do agenteadministrativo, mas perquire-se a falta objetiva de serviçoem si mesmo, como fato gerador da obrigação do indeni-zar o dano causado a terceiro. Exige-se, também, uma cul-pa, mas uma culpa especial da Administração, a que seconvencionou chamar de culpa administrativa” (DireitoAdministrativo, cit., p. 550).

Assim, havia culpa do serviço e, portanto, a obriga-ção de o Estado indenizar o dano causado se: a) devesseexistir um serviço de prevenção e combate a incêndio emprédios altos e não houvesse (o serviço não funcionava,não existia); b) o serviço de prevenção e combate a in-cêndio existisse, mas ao ser demandado ocorresse umafalha, a exemplo da falta d’água ou do emperramento decertos equipamentos (o serviço funcionava mal); c) o ser-viço de prevenção e combate a incêndio existisse, maschegasse ao local do sinistro depois que o fogo consumi-ra tudo (o serviço funcionou atrasado). O mesmo poderiaser exemplificado com o serviço de desobstrução e lim-peza de bocas-de-lobo e galerias de águas pluviais ou como serviço de desassoreamento de rios e córregos.

O êxito do pedido de indenização ficava, dessa for-ma, condicionado à demonstração, por parte da vítima,de que o serviço se houvera com culpa. Assim, cabia-lhedemonstrar, além do dano, a culpa do serviço, e isso ain-da era muito, à vista dos anseios de justiça. Procurou-se,destarte, novos critérios que, de forma objetiva, tornas-sem o Estado responsável patrimonialmente pelos danosque seus servidores, nessa qualidade, pudessem causaraos administrados.

Por fim, diga-se que, se tais teorias obedeceram a essacronologia, não quer isso dizer que hoje só vigore a últi-ma a aparecer no cenário jurídico dos Estados, isto é, ateoria da responsabilidade patrimonial objetiva do Es-tado ou teoria do risco administrativo. Ao contráriodisso, em todos os Estados acontecem ou estão presentesas teorias da culpa administrativa e do risco adminis-trativo , desprezadas as da irresponsabilidade e do riscointegral. Aquela (culpa administrativa) se aplica, porexemplo, para responsabilizar o Estado nos casos de da-nos decorrentes de casos fortuitos ou de força maior, emque o Estado, normalmente, não indeniza. Esta (risco ad-ministrativo), nos demais casos.

SERVIÇOS PÚBLICOS

Noções Gerais: Conceito

Segundo Hely Lopes Meirelles “serviço público étodo aquele prestado pela Administração ou por seusdelegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer

necessidades essenciais ou secundárias da coletividade,ou simples conveniência do Estado”. São exemplos deserviços públicos: o ensino público, o de polícia, o desaúde pública, o de transporte coletivo, o de telecomu-nicações, etc.

Classificação

Os serviços públicos, conforme sua essencialidade,finalidade, ou seus destinatários podem ser classificados em:

• públicos;• de utilidade pública;• próprios do Estado;• impróprios do Estado;• administrativos;• industriais;• gerais;• individuais.

Públicos

São os essenciais à sobrevivência da comunidade edo próprio Estado. São privativos do Poder Público e nãopodem ser delegados. Para serem prestados o Estado podesocorrer-se de suas prerrogativas de supremacia e império,impondo-os obrigatoriamente à comunidade, inclusivecom medidas compulsórias. Exs.: serviço de polícia, desaúde pública, de segurança.

De Utilidade Pública

São os que são convenientes à comunidade, mas nãoessenciais, e o Poder Público pode prestá-los diretamenteou por terceiros (delegados), mediante remuneração. Aregulamentação e o controle é do Poder Público. Os riscossão dos prestadores de serviço. Exs.: fornecimento de gás,de energia elétrica, telefone, de transporte coletivo, etc.Estes serviços visam a facilitar a vida do indivíduo nacoletividade.

Próprios do Estado

São os que relacionam intimamente com asatribuições do Poder Público. Exs.: segurança, política,higiene e saúde públicas, etc. Estes serviços são prestadospelas entidades públicas (União, Estado, Municípios)através de seus órgãos da Administração direta. Nestecaso, diz-se que os serviços são centralizados, porque sãoprestados pelas próprias repartições públicas daAdministração direta. Aqui, o Estado é o titular e o pres-tador do serviço, que é gratuito ou com baixa remuneração.Exs.: serviço de polícia, de saúde pública. Estes serviçosnão são delegados.

Impróprios do Estado

São os de utilidade pública, que não afetam substan-cialmente as necessidades da comunidade, isto é, não sãoessenciais. A Administração presta-os diretamente ou porentidades descentralizadas (Autarquias, EmpresasPúblicas, Sociedades de Economia Mista, FundaçõesGovernamentais), ou os delega a terceiros por concessão,permissão ou autorização. Normalmente são rentáveis e

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são prestados sem privilégios, mas sempre sob aregulamentação e controle do Poder Público. Exs.: serviçode transporte coletivo, conservação de estradas, de forne-cimento de gás, etc.

Administrativos

São os executados pela Administração para atenderàs suas necessidades internas. Ex.: datilografia, etc.

Industriais

São os que produzem renda, uma vez que são pres-tados mediante remuneração (tarifa). Pode ser prestadodiretamente pelo Poder Público ou por suas entidades daAdministração indireta ou transferidos a terceiros, me-diante concessão ou permissão. Exs.: transporte, telefonia,correios e telégrafos.

Gerais

São os prestados à coletividade em geral, sem ter umusuário determinado. Exs.: polícia, iluminação pública,conservação de vias públicas, etc. São geralmentemantidos por impostos.

Individuais

São os que têm usuário determinado. Sua utilizaçãoé mensurável. São remunerados por tarifa. Exs.: telefone,água e esgotos, etc.

Regulamentação e Controle

A regulamentação e o controle do serviço públicocabem sempre ao Poder Público, o qual tem a possibilidadede modificação unilateral das cláusulas da concessão,permissão ou autorização. Há um poder discricionário derevogar a delegação, respondendo, conforme o caso, porindenização.

Princípios do Serviço Público (Requisitos e Direitosdo Usuário)

Os requisitos do serviço público são sintetizados emcinco princípios:

1º) permanência (continuidade do serviço);2º) generalidade (serviço igual para todos);3º) eficiência (serviços atualizados);4º) modicidade (tarifas módicas);5º) cortesia (bom tratamento para o público).

Competência da União, Estados e Municípios

A Constituição Federal faz a partição das competên-cias dos serviços públicos.

A matéria está prevista nos arts. 21, 25, §§ 1º e 2º, e30 da Constituição Federal.

Competência da União (CF, art. 21 e incisos)

Os serviços que competem à União estão discrimi-nados na Constituição Federal. São eles:

I - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;

II - explorar diretamente ou mediante concessão asempresas sob o controle acionário estatal, os serviçostelefônicos, telegráficos, ou transmissão de dados e demaisserviços públicos de telecomunicações, assegurada aprestação de serviços de informações por entidade dedireito privado através da rede pública de telecomu-nicações explorada pela União;

III - explorar, diretamente ou mediante autorização,concessão ou permissão:

a) os serviços de radiodifusão sonora, de sons eimagens e demais serviços de telecomunicações;

b) os serviços e instalações de energia elétrica e oaproveitamento energético dos cursos de água, em arti-culação com os Estados onde se situam os potenciaishidroenergéticos;

c) a navegação aérea, aeroespacial e infra-estruturaaeroportuárias;

d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário en-tre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transpo-nham os limites de Estado ou Território;

e) os serviços de transporte rodoviário interestaduale internacional de passageiros;

f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;IV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística,

geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;V - executar os serviços de polícia marítima, aérea e de

fronteira;VI - organizar e manter a polícia federal, a polícia

rodoviária e ferroviária federal, a polícia civil, militar e docorpo de bombeiros do Distrito Federal;

VII - explorar os serviços e instalações nucleares dequalquer natureza e exercer monopólio estatal sobre apesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, aindustrialização e o comércio de minérios nucleares e seusderivados, atendidos os seguintes princípios e condições:

a) toda atividade nuclear em território nacional so-mente será admitida para fins pacíficos e mediante apro-vação do Congresso Nacional;

b) sob regime de concessão ou permissão, é autori-zada a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usosmedicinais, agrícolas, industriais e atividades análogas;

VIII - organizar, manter e executar a inspeção do tra-balho.

Competência dos Estados (CF, art. 25, §§ 1º e 2º)

“São reservadas aos Estados as competências que nãolhes sejam vedadas por esta Constituição”. Portanto, sãoda competência dos Estados a prestação dos serviços quenão sejam da União e do Município. Os Estados têmcompetência residual.

Competência dos Municípios (CF, art. 30)

Aos Municípios compete a prestação dos serviçospúblicos de interesse local, incluindo o de transportecoletivo.

Competem-lhe também os serviços de educação pré-escolar e de ensino fundamental (com a cooperaçãotécnica e financeira da União e do Estado). Competem-lhe ainda os serviços de atendimento à saúde da população(com a cooperação técnica e financeira da União e doEstado).

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Diz a Constituição Federal:

Art. 30. Compete aos Municípios:...................................................................................V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de

concessão ou permissão, os serviços públicos de interesselocal, incluído o de transporte coletivo, que tem caráteressencial.

VI - manter, com a cooperação técnica e financeirada União e do Estado, programas de educação pré-escolare de ensino fundamental;

VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira daUnião e do Estado, serviços de atendimento à saúde dapopulação;

Formas de Prestação

A prestação do serviço pode ser centralizada oudescentralizada. Será centralizada quando o Estado,através de um de seus órgãos, prestar diretamente oserviço. Será descentralizada quando o Estado transferira titularidade ou a prestação do serviço a outras pessoas.

O serviço centralizado é o que permanece integradona Administração Direta (art. 4º do Decreto-Lei nº 200/67). A

competência para a prestação destes serviços é da Uniãoe/ou dos Estados e/ou dos Municípios. São da competênciada União apenas os serviços previstos na ConstituiçãoFederal. Ao Município pertencem os serviços que sereferem ao seu interesse local. Ao Estado pertencem todosos outros serviços. Neste caso, o Estado tem competênciaresidual, isto é, todos os serviços que não forem dacompetência da União e dos Municípios serão daobrigação do Estado.

Os serviços descentralizados referem-se ao que oPoder Público transfere a titularidade ou a simplesexecução, por outorga ou por delegação, às autarquias,entidades paraestatais ou empresas privadas. Há outorgaquando transfere a titularidade do serviço. Há delegaçãoquando se transfere apenas a execução dos serviços, oque ocorre na concessão, permissão e autorização.

A descentralização pode ser territorial (União,Estados, Municípios) ou institucional (quando setransferem os serviços para as autarquias, entes para-estatais e entes delegados).

Não se deve confundir descentralização comdesconcentração, que é a prestação dos serviços daAdministração direta pelos seus vários órgãos.

A prestação de serviços assim se resume:

É possível descentralizar o serviço por dois diferentesmodos:

Outorga

Transferindo o serviço à titularidade de uma pessoajurídica de direito público criada para este fim, que passaráa desempenhá-lo em nome próprio, como responsável esenhor dele, embora sob controle do Estado. Neste caso,o serviço é transferido para uma Autarquia, EmpresaPública ou Sociedade de Economia Mista. É a outorgada.Os serviços são outorgados. Exs.: Telebrás, Eletrobrás.

Delegação

Transferindo o exercício, o mero desempenho doserviço (e não a titularidade do serviço em si) a uma pessoajurídica de direito privado que o exercerá em nome do

Estado (não em nome próprio), mas por sua conta e risco.Esta técnica de prestação descentralizada de serviçopúblico se faz através da concessão de serviço público eda permissão de serviço público. É a delegação. Osserviços são delegados, sem transferir a titularidade.

A concessão e a permissão podem ser feitas a umparticular ou a empresa de cujo capital participe o Estado,Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista.

Diz-se por outro lado que a prestação de serviçopúblico é prestado de modo:

• concentrado – quando apenas órgãos centrais detêmo poder de decisão e prestação dos serviços. Ocorre em Es-tados unitários. Não ocorre no Brasil.

• desconcentrado – quando o poder de decisão e osserviços são distribuídos por vários órgãos distribuídospor todo o território da Administração centralizada. É oque ocorre no Brasil que é uma República Federativa.

A concentração ou desconcentração são modos de

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prestação de serviços pela Administração centralizada,União, Estados e Municípios.

Analisemos agora a distinção entre outorga e dele-gação.

Outorga Delegação

• o Estado cria a entidade • o particular cria a entidade• o serviço é transferido por lei • o serviço é transferido por lei, con-

trato (concessão), ato unilateral(permissão, autorização)

• transfere-se a titularidade • transfere-se a execução• caráter definitivo • caráter transitório

Outorga

Tecemos, agora, algumas considerações sobre osserviços sociais autônomos, ou Entes de Cooperação.

São pessoas jurídicas de direito privado, criados ouautorizados por lei, para prestar serviços de interesse socialou de utilidade pública, geridos conforme seus estatutos,aprovados por Decretos, e podendo arrecadar contribuiçõesparafiscais. São pessoas jurídicas de direito privado, semfins lucrativos. Podem receber dotações orçamentárias.

Geralmente se destinam à realização de atividadestécnicas, científicas educacionais ou assistencial, como oSesi, Sesc, Senai, Senac. Revestem a forma de sociedadescivis, fundações ou associações.

Estes entes estão sujeitos à supervisão ministerial, nostermos do Decreto-Lei nº 200/67, e se sujeitam a umavinculação ao ministério em cuja área de competência seenquadrar sua principal atividade. Utilizam-se dedinheiros públicos, como são as contribuições parafiscais,e devem prestar contas do regular emprego deste dinheiro,na conformidade da lei competente. Seus funcionários sãoceletistas e são equiparados a funcionários públicos parafins penais. Sujeitam-se a exigência de licitação.

Delegação

É o ato pelo qual o Poder Público transfere aparticulares a execução de serviços públicos, medianteregulamentação e controle pelo Poder Público delegante.

A delegação pode ser feita por:• concessão;• permissão;• autorização.

Concessão de Serviço Público

Concessão de serviço público é o contrato através doqual o Estado delega a alguém o exercício de um serviçopúblico e este aceita prestá-lo em nome do Poder Públicosob condições fixadas e alteráveis unilateralmente peloEstado, mas por sua conta, risco, remunerando-se pelacobrança de tarifas diretamente dos usuários do serviço etendo a garantia de um equilíbrio econômico-financeiro.

A concessão pode ser contratual ou legal. É contratualquando se concede a prestação de serviços públicos aosparticulares. É legal quando a concessão é feita a entidadesautárquicas e empresas estatais.

A concessão é intuitu personae, isto é, não pode oconcessionário transferir o contrato para terceiros.

A concessão exige:• autorização legislativa;• regulamentação por decreto;• concorrência pública.O contrato de concessão tem que obedecer à lei, ao

regulamento e ao edital. Por este contrato não se transferea prerrogativa pública (titularidade), mas apenas aexecução dos serviços. As condições do contrato podemser alteradas unilateralmente pelo Poder concedente, quetambém pode retomar o serviço, mediante indenização(lucros cessantes). Nas relações com o público, oconcessionário fica sujeito ao regulamento e ao contrato.Findo o contrato, os direitos e bens vinculados ao serviçoretornam ao poder concedente. O Poder Público regula-menta e controla o concessionário. Toda concessão ficasubmetida a normas de ordem regulamentar, que são alei do serviço. Estas normas regram sua prestação epodem ser alteradas unilateralmente pelo Poder Público.Fica também submetida a normas de ordem contratual,que fixam as cláusulas econômicas da concessão e sópodem ser alteradas pelo acordo das partes. A alteraçãodas tarifas que remuneram os serviços concedidos se fazpor decreto.

Garantia do concessionário

O concessionário tem a seguinte garantia: o equilíbrioeconômico-financeiro do contrato (rentabilidadeassegurada).

Poderes do concedente

A Administração Pública tem sobre o concessionárioos seguintes poderes:

• poder de inspeção e fiscalização sobre as ativida-des do concessionário, para verificar se este cum-pre regularmente as obrigações que assumiu;

• poder de alteração unilateral das cláusulas re-gulamentares, isto é, poder de impor modificaçõesrelativas à organização do serviço, seu funciona-mento, e às tarifas e taxas cobradas do usuário;

• poder de extinguir a concessão antes de findo oprazo inicialmente previsto.

A concessão é uma técnica através da qual o PoderPúblico procura obter o melhor serviço possível; por isto,cabe-lhe retomar o serviço sempre que o interesse públicoo aconselhar.

Remuneração

É feita através de tarifas e não por taxas. Esta tarifadeve permitir uma justa remuneração do capital. A revisãodas tarifas é ato exclusivo do poder concedente e se fazpor decreto.

Direito do concessionário

O concessionário tem, basicamente, dois direitos:• o de que não lhe seja exigido o desempenho de ati-

vidade diversa daquela que motivou a concessão;• o da manutenção do equilíbrio econômico-finan-

ceiro.

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Para que o equilíbrio econômico-financeiro semantenha, o Estado, cada vez que impuser alterações nasobrigações do concessionário, deverá alterar a suaremuneração, para que não tenha prejuízos.

Direito do usuário (ver art. 7º da Lei nº 8.987/95)

Os usuários, atendidas as condições relativas àprestação do serviço e dentro das possibilidades normaisdele, têm direito ao serviço. O concessionário não lhepoderá negar ou interromper a prestação. Cumpridas pelousuário as exigências estatuídas, o concessionário estáobrigado a oferecer, de modo contínuo e regular, o serviçocuja prestação lhe incumba.

Extinção da concessão (Ver art. 35 da Lei nº 8.987/95)

A extinção da concessão pode se dar por:• advento do termo contratual – é o retorno do servi-

ço ao poder concedente, pelo término do prazocontratual. Abrange os bens vinculados ao servi-ço.

• encampação – é o retorno do serviço ao poderconcedente pela retomada coativa do serviço, an-tes do término do contrato mediante lei autoriza-dora. Neste caso, há indenização. A encampaçãopode ocorrer pela desapropriação dos bens vin-culados ao serviço ou pela expropriação das ações.

• caducidade – é o desfazimento do contrato por atounilateral da Administração ou por decisão judi-cial. Há indenização. Ocorre rescisão por ato unila-teral quando há inadimplência.

• anulação – é a invalidação do contrato por ilegali-dade. Não há indenização. Os efeitos são a partirdo início do contrato.

Permissão

Permissão de serviço público é o ato unilateral,precário e discricionário, através do qual o Poder Públicotransfere a alguém o desempenho de um serviço público,proporcionando ao permissionário a possibilidade decobrança de tarifa aos usuários.

A permissão pode ser unilateralmente revogada, aqualquer tempo, pela Administração, sem que deva pagarao permissionário qualquer indenização, exceto se se tratarde permissão condicionada que é aquela em que o PoderPúblico se autolimita na faculdade discricionária de revogá-la a qualquer tempo, fixando em lei o prazo de sua vigência.

A permissão condicionada é usada geralmente paratransportes coletivos. Neste caso, se revogada ou alterada,dá causas a indenização.

São características da permissão:• unilateralidade (é ato administrativo e não con-

trato);• discricionariedade;• precariedade;• intuitu personae.

A revogação da permissão pela Administração podeser a qualquer momento, sem que o particular se oponha,exceto se for permissão condicionada.

Os riscos do serviço são por conta do permissionário.O controle do serviço é por conta da Administração, quepode intervir no serviço.

A permissão não assegura exclusividade ao per-missionário, exceto se constar de cláusula expressa.

Assim como a concessão, a permissão deve serprecedida de licitação para escolha do permissionário.

Os atos praticados pelos permissionários revestem-se de certa autoridade em virtude da delegação recebida esão passíveis de mandado de segurança.

A responsabilidade por danos causados a terceiros édo permissionário. Apenas subsidiariamente a Adminis-tração pode ser responsabilizada pela culpa na escolhaou na fiscalização do executor dos serviços.

Autorização

É o ato administrativo discricionário e precário peloqual o Poder Público torna possível ao particular arealização de certa atividade, serviço ou utilização dedeterminados bens particulares ou públicos, de seuexclusivo ou predominante interesse, que a lei condicionaà aquiescência prévia da Administração. Exs.: serviço detáxi, serviço de despachante, serviço de segurançaparticular.

Características

É ato unilateral da Administração:• precário;• discricionário;• no interesse do particular;• intuitu personae.

Cessação

Pode dar-se a qualquer momento, sem que a Adminis-tração tenha que indenizar.

Remuneração

Dá-se por tarifas.

Licitação

Exige-se se for para permissão de serviços públicos(CF, art. 175). Para a realização de atividade pelo particularou para a utilização de certos bens, como regra não seexige a licitação, mas pode-se coletar seleção por outrosistema.

Há que se observar que os serviços autorizados nãose beneficiam da prerrogativa de serviço público.

Os executores dos serviços autorizados não sãoagentes públicos, não praticam atos administrativos e,portanto, não há responsabilidade da Administração pelosdanos causados a terceiros.

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Tarifas

É o preço correspondente à remuneração dos serviçosdelegados (concessão, permissão e autorização). Seupreço é pago pelo usuário do serviço ao concessionário,permissionário ou autoritário, e é proporcional aos serviçosprestados. Não é tributo. A tarifa deve permitir a justaremuneração do capital pelo que deve incluir em seu cálculoos custos do serviço prestado mais a remuneração docapital empregado, que vai-se deteriorando e desvalori-zando com o decurso do tempo. As revisões das tarifassão de exclusiva competência do Poder Público.

Convênios e consórcios

Convênios

Convênios administrativos são acordos firmados porentidades públicas entre si ou com organizações parti-culares, para a realização de objetivos de interesses recí-procos.

São utilizados para a realização de grandes obras ouserviços.

Particularidades

a) Não é contrato. Não há partes. Há partícipes.b) Os interesses são coincidentes e não opostos como

no contrato.c) Cada um colabora conforme suas possibilidades.d) Não existe vínculo contratual.e) Cada um pode denunciá-lo quando quiser.f) É uma cooperação associativa.g) Não adquire personalidade jurídica.h) Não tem representante legal.i) É instrumento de descentralização (art. 10, § 1º, b,

do Decreto-Lei nº 200/67).j) Não tem forma própria.l) Exige autorização legislativa e recursos financeiros

reservados.m) Não tem órgão diretivo.

Consórcios

Consórcios administrativos são acordos firmadosentre entidades estatais, autarquias ou paraestatais,sempre da mesma espécie, para a realização de objetivosde interesse comum dos partícipes.

Diferença com o Convênio

Convênio – é realizado entre partícipes de espéciesdiferentes.

Consórcios – é realizado entre partícipes da mesmaespécie.

Término dos Convênios

Qualquer partícipe pode denunciá-lo e retirar suacooperação quando quiser, ficando responsável pelasobrigações e auferindo as vantagens do tempo em queparticipou do Convênio.

DECRETO Nº 1.655, DE 3 DE OUTUBRO DE 1995

Define a competência daPolícia Rodoviária Federal, edá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso das atri-buições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, da Cons-tituição,

DECRETA:

Art. 1º À Polícia Rodoviária Federal, órgão perma-nente, integrante da estrutura regimental do Ministério daJustiça, no âmbito das rodovias federais, compete:

I - realizar o patrulhamento ostensivo, executandooperações relacionadas com a segurança pública, com oobjetivo de preservar a ordem, a incolumidade das pes-soas, o patrimônio da União e o de terceiros;

II - exercer os poderes de autoridade de polícia detrânsito, cumprindo e fazendo cumprir a legislação e de-mais normas pertinentes, inspecionar e fiscalizar o trânsi-to, assim como efetuar convênios específicos com outrasorganizações similares;

III - aplicar e arrecadar as multas impostas por infra-ções de trânsito e os valores decorrentes da prestação deserviços de estadia e remoção de veículos, objetos, ani-mais e escolta de veículos de cargas excepcionais;

IV - executar serviços de prevenção, atendimento deacidentes e salvamento de vítimas nas rodovias federais;

V - realizar perícias, levantamentos de locais boletinsde ocorrências, investigações, testes de dosagem alcoóli-ca e outros procedimentos estabelecidos em leis e regula-mentos, imprescindíveis à elucidação dos acidentes detrânsito;

VI - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e ado-tar medidas de segurança relativas aos serviços de remo-ção de veículos, escolta e transporte de cargas indivisíveis;

VII - assegurar a livre circulação nas rodovias federais,podendo solicitar ao órgão rodoviário a adoção de medi-das emergenciais, bem como zelar pelo cumprimento dasnormas legais relativas ao direito de vizinhança, promo-vendo a interdição de construções, obras e instalaçõesnão autorizadas;

VIII - executar medidas de segurança, planejamento eescoltas nos deslocamentos do Presidente da República,Ministros de Estado, Chefes de Estados e diplomatas es-trangeiros e outras autoridades, quando necessário, e soba coordenação do órgão competente;

IX - efetuar a fiscalização e o controle do tráfico demenores nas rodovias federais, adotando as providênciascabíveis contidas na Lei nº 8.069 de 13 junho de 1990 (Es-tatuto da Criança e do Adolescente);

X - colaborar e atuar na prevenção e repressão aoscrimes contra a vida, os costumes, o patrimônio, a ecolo-gia, o meio ambiente, os furtos e roubos de veículos ebens, o tráfico de entorpecentes e drogas afins, o contra-bando, o descaminho e os demais crimes previstos emleis.

Art. 2º O documento de identidade funcional dos ser-vidores policiais da Polícia Rodoviária Federal confere aoseu portador livre porte de arma e franco acesso aos lo-cais sob fiscalização do órgão, nos termos da legislação

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em vigor, assegurando-lhes, quando em serviço, priorida-de em todos os tipos de transporte e comunicação.

Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de suapublicação.

Brasília, 3 de outubro de 1995; 174º da Independênciae 107º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSONelson A. Jobim

LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992

Dispõe sobre as sançõesaplicáveis aos agentes públicosnos casos de enriquecimentoilícito no exercício de manda-to, cargo, emprego ou função naadministração pública direta,indireta ou fundacional e dáoutras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que oCongresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

CAPÍTULO IDas Disposições Gerais

Art. 1º Os atos de improbidade praticados por qual-quer agente público, servidor ou não, contra a administra-ção direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Pode-res da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Muni-cípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimôniopúblico ou de entidade para cuja criação ou custeio oerário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüentapor cento do patrimônio ou da receita anual, serão puni-dos na forma desta lei.

Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalida-des desta lei os atos de improbidade praticados contra opatrimônio de entidade que receba subvenção, benefícioou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bemcomo daquelas para cuja criação ou custeio o erário hajaconcorrido ou concorra com menos de cinqüenta por cen-to do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestescasos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobrea contribuição dos cofres públicos.

Art. 2º Reputa-se agente público, para os efeitos des-ta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamenteou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,contratação ou qualquer outra forma de investidura ouvínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entida-des mencionadas no artigo anterior.

Art. 3º As disposições desta lei são aplicáveis, noque couber, àquele que, mesmo não sendo agente públi-co, induza ou concorra para a prática do ato de improbidadeou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.

Art. 4º Os agentes públicos de qualquer nível ou hie-rarquia são obrigados a velar pela estrita observância dosprincípios de legalidade, impessoalidade, moralidade epublicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos.

Art. 5º Ocorrendo lesão ao patrimônio público poração ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou deterceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.

Art. 6º No caso de enriquecimento ilícito, perderá oagente público ou terceiro beneficiário os bens ou valoresacrescidos ao seu patrimônio.

Art. 7º Quando o ato de improbidade causar lesão aopatrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, ca-berá a autoridade administrativa responsável pelo inqué-rito representar ao Ministério Público, para a indisponibi-lidade dos bens do indiciado.

Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere ocaput deste artigo recairá sobre bens que assegurem ointegral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimopatrimonial resultante do enriquecimento ilícito.

Art. 8º O sucessor daquele que causar lesão ao pa-trimônio público ou se enriquecer ilicitamente está sujeitoàs cominações desta lei até o limite do valor da herança.

CAPÍTULO IIDos Atos de Improbidade Administrativa

Seção IDos Atos de Improbidade Administrativa que

Importam Enriquecimento Ilícito

Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativaimportando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo devantagem patrimonial indevida em razão do exercício decargo, mandato, função, emprego ou atividade nas enti-dades mencionadas no art. 1º desta lei, e notadamente:

I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem mó-vel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica,direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gra-tificação ou presente de quem tenha interesse, direto ouindireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ouomissão decorrente das atribuições do agente público;

II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta,para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem mó-vel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entida-des referidas no art. 1º por preço superior ao valor demercado;

III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta,para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem pú-blico ou o fornecimento de serviço por ente estatal porpreço inferior ao valor de mercado;

IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos,máquinas, equipamentos ou material de qualquer nature-za, de propriedade ou à disposição de qualquer das enti-dades mencionadas no art. 1º desta lei, bem como o traba-lho de servidores públicos, empregados ou terceiros con-tratados por essas entidades;

V - receber vantagem econômica de qualquer nature-za, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a práticade jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contra-bando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ouaceitar promessa de tal vantagem;

VI - receber vantagem econômica de qualquer nature-za, direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobremedição ou avaliação em obras públicas ou qualquer ou-tro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidadeou característica de mercadorias ou bens fornecidos aqualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;

VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício demandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qual-quer natureza cujo valor seja desproporcional à evoluçãodo patrimônio ou à renda do agente público;

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VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividadede consultoria ou assessoramento para pessoa física oujurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ouamparado por ação ou omissão decorrente das atribui-ções do agente público, durante a atividade;

IX - perceber vantagem econômica para intermediar aliberação ou aplicação de verba pública de qualquer natu-reza;

X - receber vantagem econômica de qualquer nature-za, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, provi-dência ou declaração a que esteja obrigado;

XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimôniobens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervopatrimonial das entidades mencionadas no art. 1º destalei;

XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbasou valores integrantes do acervo patrimonial das entida-des mencionadas no art. 1º desta lei.

Seção IIDos Atos de Improbidade Administrativa

que Causam Prejuízo ao Erário

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativaque causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão,dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio,apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ouhaveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, enotadamente:

I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para aincorporação ao patrimônio particular, de pessoa física oujurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantesdo acervo patrimonial das entidades mencionadas no art.1º desta lei;

II - permitir ou concorrer para que pessoa física oujurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valoresintegrantes do acervo patrimonial das entidades mencio-nadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formali-dades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao entedespersonalizado, ainda que de fins educativos ou assis-tências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio dequalquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei,sem observância das formalidades legais e regulamenta-res aplicáveis à espécie;

IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou loca-ção de bem integrante do patrimônio de qualquer das en-tidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestaçãode serviço por parte delas, por preço inferior ao de merca-do;

V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou loca-ção de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;

VI - realizar operação financeira sem observância dasnormas legais e regulamentares ou aceitar garantia insufi-ciente ou inidônea;

VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sema observância das formalidades legais ou regulamentaresaplicáveis à espécie;

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório oudispensá-lo indevidamente;

IX - ordenar ou permitir a realização de despesas nãoautorizadas em lei ou regulamento;

X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ourenda, bem como no que diz respeito à conservação dopatrimônio público;

XI - liberar verba pública sem a estrita observânciadas normas pertinentes ou influir de qualquer forma para asua aplicação irregular;

XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceirose enriqueça ilicitamente;

XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço parti-cular, veículos, máquinas, equipamentos ou material dequalquer natureza, de propriedade ou à disposição dequalquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei,bem como o trabalho de servidor público, empregados outerceiros contratados por essas entidades.

Seção IIIDos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam

Contra os Princípios da Administração Pública

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativaque atenta contra os princípios da administração públicaqualquer ação ou omissão que viole os deveres de hones-tidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às institui-ções, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regula-mento ou diverso daquele previsto, na regra de compe-tência;

II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, atode ofício;

III - revelar fato ou circunstância de que tem ciênciaem razão das atribuições e que deva permanecer em segre-do;

IV - negar publicidade aos atos oficiais;V - frustrar a licitude de concurso público;VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a

fazê-lo;VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento

de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor demedida política ou econômica capaz de afetar o preço demercadoria, bem ou serviço.

CAPÍTULO IIIDas Penas

Art. 12. Independentemente das sanções penais, ci-vis e administrativas, previstas na legislação específica,está o responsável pelo ato de improbidade sujeito àsseguintes cominações:

I - na hipótese do art. 9º, perda dos bens ou valoresacrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento inte-gral do dano, quando houver, perda da função pública,suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, paga-mento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimopatrimonial e proibição de contratar com o Poder Públicoou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pes-soa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo dedez anos;

II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral dodano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamenteao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda dafunção pública, suspensão dos direitos políticos de cincoa oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes ovalor do dano e proibição de contratar com o Poder Públi-co ou receber benefícios ou incentivos fiscais oucreditícios, direta ou indiretamente, ainda que por inter-

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médio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,pelo prazo de cinco anos;

III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral dodano, se houver, perda da função pública, suspensão dosdireitos políticos de três a cinco anos, pagamento de mul-ta civil de até cem vezes o valor da remuneração percebidapelo agente e proibição de contratar com o Poder Públicoou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pes-soa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo detrês anos.

Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nes-ta lei o juiz levará em conta a extensão do dano causado,assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.

CAPÍTULO IVDa Declaração de Bens

Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficamcondicionados à apresentação de declaração dos bens evalores que compõem o seu patrimônio privado, a fim deser arquivada no serviço de pessoal competente.

§ 1º A declaração compreenderá imóveis, móveis,semoventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra es-pécie de bens e valores patrimoniais, localizado no Paísou no exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens evalores patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos fi-lhos e de outras pessoas que vivam sob a dependênciaeconômica do declarante, excluídos apenas os objetos eutensílios de uso doméstico.

§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizadae na data em que o agente público deixar o exercício domandato, cargo, emprego ou função.

§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem doserviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis,o agente público que se recusar a prestar declaração dosbens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.

§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópiada declaração anual de bens apresentada à Delegacia daReceita Federal na conformidade da legislação do Impos-to sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, comas necessárias atualizações, para suprir a exigência conti-da no caput e no § 2º deste artigo .

CAPÍTULO VDo Procedimento Administrativo

e do Processo Judicial

Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à auto-ridade administrativa competente para que seja instaura-da investigação destinada a apurar a prática de ato deimprobidade.

§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida atermo e assinada, conterá a qualificação do representante,as informações sobre o fato e sua autoria e a indicaçãodas provas de que tenha conhecimento.

§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a represen-tação, em despacho fundamentado, se esta não contiveras formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejei-ção não impede a representação ao Ministério Público,nos termos do art. 22 desta lei.

§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a au-toridade determinará a imediata apuração dos fatos que,

em se tratando de servidores federais, será processada naforma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 dedezembro de 1990 e, em se tratando de servidor militar, deacordo com os respectivos regulamentos disciplinares.

Art. 15. A comissão processante dará conhecimentoao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Con-tas da existência de procedimento administrativo para apu-rar a prática de ato de improbidade.

Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ouConselho de Contas poderá, a requerimento, designar re-presentante para acompanhar o procedimento administra-tivo.

Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabili-dade, a comissão representará ao Ministério Público ou àprocuradoria do órgão para que requeira ao juízo compe-tente a decretação do seqüestro dos bens do agente outerceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causadodano ao patrimônio público.

§ 1º O pedido de seqüestro será processado de acor-do com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Pro-cesso Civil.

§ 2º Quando for o caso, o pedido incluirá a investiga-ção, o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias eaplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exte-rior, nos termos da lei e dos tratados internacionais.

Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário,será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurí-dica interessada, dentro de trinta dias da efetivação damedida cautelar.

§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nasações de que trata o caput.

§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promove-rá as ações necessárias à complementação do ressarci-mento do patrimônio público.

§ 3º No caso de a ação principal ter sido propostapelo Ministério Público, aplica-se, no que couber, o dis-posto no § 3º do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de1965. (Redação dada pela Lei nº 9.366, de 16.12.1996)

§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processocomo parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei,sob pena de nulidade.

§ 5º A propositura da ação prevenirá a jurisdição dojuízo para todas as ações posteriormente intentadas quepossuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. (Pará-grafo incluído pela Medida Provisória nº 2.180-34, de24/8/2001)

§ 6º A ação será instruída com documentos ou justifi-cação que contenham indícios suficientes da existênciado ato de improbidade ou com razões fundamentadas daimpossibilidade de apresentação de qualquer dessas pro-vas, observada a legislação vigente, inclusive as disposi-ções inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de ProcessoCivil. (Redação da pela Medida Provisória nº 2.225-45,de 4/9/2001)

§ 7º Estando a inicial em devida forma, o juiz mandaráautuá-la e ordenará a notificação do requerido, para ofere-cer manifestação por escrito, que poderá ser instruída comdocumentos e justificações, dentro do prazo de quinzedias. (Redação da pela Medida Provisória nº 2.225-45,de 4/9/2001)

§ 8º Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trintadias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se con-vencido da inexistência do ato de improbidade, da impro-

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cedência da ação ou da inadequação da via eleita. (Reda-ção da pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)

§ 9º Recebida a petição inicial, será o réu citado paraapresentar contestação. (Redação da pela Medida Pro-visória nº 2.225-45, de 4/9/2001)

§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberáagravo de instrumento. (Redação da pela Medida Provi-sória nº 2.225-45, de 4/9/2001)

§ 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida ainadequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá oprocesso sem julgamento do mérito. (Redação da pelaMedida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)

§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições reali-zadas nos processos regidos por esta Lei o disposto noart. 221, caput e § 1º, do Código de Processo Penal. (Reda-ção da pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)

Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civilde reparação de dano ou decretar a perda dos bens havi-dos ilicitamente determinará o pagamento ou a reversãodos bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídicaprejudicada pelo ilícito.

CAPÍTULO VIDas Disposições Penais

Art. 19. Constitui crime a representação por ato deimprobidade contra agente público ou terceiro beneficiário,quando o autor da denúncia o sabe inocente.

Pena: detenção de seis a dez meses e multa.Parágrafo único. Além da sanção penal, o denuncian-

te está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos ma-teriais, morais ou à imagem que houver provocado.

Art. 20. A perda da função pública e a suspensãodos direitos políticos só se efetivam com o trânsito emjulgado da sentença condenatória.

Parágrafo único. A autoridade judicial ou administra-tiva competente poderá determinar o afastamento do agentepúblico do exercício do cargo, emprego ou função, semprejuízo da remuneração, quando a medida se fizer neces-sária à instrução processual.

Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta leiindepende:

I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio públi-co;

II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgãode controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Con-tas.

Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei,o Ministério Público, de ofício, a requerimento de autori-dade administrativa ou mediante representação formula-da de acordo com o disposto no art. 14, poderá requisitara instauração de inquérito policial ou procedimento admi-nistrativo.

CAPÍTULO VIIDa Prescrição

Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as san-ções previstas nesta lei podem ser propostas:

I - até cinco anos após o término do exercício de man-dato, de cargo em comissão ou de função de confiança;

II - dentro do prazo prescricional previsto em lei espe-cífica para faltas disciplinares puníveis com demissão abem do serviço público, nos casos de exercício de cargoefetivo ou emprego.

CAPÍTULO VIIIDas Disposições Finais

Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publica-ção.

Art. 25. Ficam revogadas as Leis nºs 3.164, de 1º dejunho de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demaisdisposições em contrário.

Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171º da Indepen-dência e 104º da República.

FERNANDO COLLORCélio Borja

LEI Nº 9.654, DE 2 DE JUNHO DE 1998

Cria a carreira de PolicialRodoviário Federal e dá outrasprovidências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICAFaço saber que o Congresso Nacional decreta e eu

sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Fica criada, no âmbito do Poder Executivo, acarreira de Policial Rodoviário Federal, com as atribuiçõesprevistas na Constituição Federal, no Código de TrânsitoBrasileiro e na legislação específica.

Parágrafo único. A implantação da carreira far-se-ámediante transformação dos atuais dez mil e noventa eoito cargos efetivos de Patrulheiro Rodoviário Federal, doquadro geral do Ministério da Justiça, em cargos de Poli-cial Rodoviário Federal.

Art. 2º A carreira de que trata esta Lei terá a mesmaestrutura de classes e padrões e tabela de vencimentosprevistos na Lei nº 8.460, de 17 de setembro de 1992, en-quadrando-se os servidores na mesma posição em que seencontrem na data da publicação desta Lei.

Art. 3º O ingresso nos cargos da carreira de que trataesta Lei dar-se-á mediante aprovação em concurso públi-co, constituído de duas fases, ambas eliminatórias eclassificatórias, sendo a primeira de exame psicotécnico ede provas e títulos e a segunda constituída de curso deformação.

§ 1º São requisitos de escolaridade para o ingresso nacarreira o diploma de curso de segundo grau oficialmentereconhecido, assim como os demais critérios que vierem aser definidos no edital do concurso.

§ 2º A investidura nos cargos dar-se-á sempre na clas-se D, padrão I.

Art. 4º Os vencimentos do cargo de Policial Rodovi-ário Federal constituem-se do vencimento básico e dasseguintes gratificações:

I - Gratificação de Atividade Policial Rodoviário Fe-deral, para atender as peculiaridades decorrentes da inte-gral e exclusiva dedicação às atividades do cargo, nopercentual de cento e oitenta por cento;

II - Gratificação de Desgaste Físico e Mental, decor-rente da atividade inerente ao cargo, no percentual decento e oitenta por cento;

III - Gratificação de Atividade de Risco, decorrentedos riscos a que estão sujeitos os ocupantes do cargo, nopercentual de cento e oitenta por cento.

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§ 1º A percepção dos benefícios pecuniários previs-tos neste artigo é incompatível com a de outros benefíciosinstituídos sob o mesmo título ou idêntico fundamento.

§ 2º As gratificações referidas neste artigo serão cal-culadas sobre o vencimento básico percebido pelo servi-dor, a este não se incorporando, e não serão computadasou acumuladas para fins de concessão de acréscimos ul-teriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento.

Art. 5º Os ocupantes de cargos efetivos da carreirade que trata o art. 1º farão jus, ainda, à Gratificação deAtividade, instituída pela Lei Delegada nº 13, de 27 deagosto de 1992, no percentual de cento e sessenta porcento, aplicando-se o disposto nos §§ 1º e 2º do artigoanterior.

Art. 6º Fica extinta a Gratificação Temporária, nos ter-mos do § 3º do art. 1º da Lei nº 9.166, de 20 de dezembro de1995.

Art. 7º Os ocupantes de cargos da carreira de PolicialRodoviário Federal ficam sujeitos a integral e exclusivadedicação às atividades do cargo.

Art. 8 º Os cargos em comissão e as funções de confi-ança do Departamento de Polícia Rodoviária Federal se-rão preenchidos, preferencialmente, por servidores inte-grantes da carreira que tenham comportamento exemplar eque estejam posicionados nas classes finais, ressalvadosos casos de interesse da administração, conforme normasa serem estabelecidas pelo Ministro de Estado da Justiça.

Art. 9 º É de quarenta horas semanais a jornada detrabalho dos integrantes da carreira de que trata esta Lei.

Art. 10. Compete ao Ministério da AdministraçãoFederal e Reforma do Estado, ouvido o Ministério da Jus-tiça, a definição de normas e procedimentos para promo-ção na carreira de que trata esta Lei.

Art. 11. O disposto nesta Lei aplica-se aos proventosde aposentadoria e às pensões.

Art. 12. As despesas decorrentes da execução destaLei correrão à conta das dotações constantes do orça-mento do Ministério da Justiça.

Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-cação, retroagindo seus efeitos financeiros a 1o de janeirode 1998.

Brasília, 2 de junho de 1998; 177o da Independência e110o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

LEI Nº 4.878, DE 3 DE DEZEMBRO DE 1965

Dispõe sobre o regime jurí-dico peculiar dos funcionáriospoliciais civis da União e doDistrito Federal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que oCONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a se-guinte lei:

CAPÍTULO IDas Disposições Prelimimares

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre as peculiaridades do regi-me jurídico dos funcionários públicos civis da União e doDistrito Federal, ocupantes de cargos de atividade policial.

Art. 2º São policiais civis abrangidos por esta Lei osbrasileiros legalmente investidos em cargos do Serviço dePolícia Federal e do Serviço Policial Metropolitano, previs-to no Sistema de Classificação de Cargos aprovado pela Leinº 4.483, de 16 de novembro de 1964, com as alteraçõesconstantes da Lei nº 4.813, de 25 de outubro de 1965.

Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, é conside-rado funcionário policial o ocupante de cargo em comis-são ou função gratificada com atribuições e responsabili-dades de natureza policial.

Art. 3º O exercício de cargos de natureza policial éprivativo dos funcionários abrangidos por esta Lei.

Art. 4º A função policial, pelas suas características efinalidades, fundamenta-se na hierarquia e na disciplina.

Art. 5º A precedência entre os integrantes das clas-ses e séries de classes do Serviço de Polícia Federal e doServiço Policial Metropolitano, se estabelece básica e pri-mordialmente pela subordinação funcional.

Comentário:O art. 144 da Constituição Federal estabelece

que a segurança Pública é dever do Estado, direitoe responsabilidade de todos, é exercida para a pre-servação da ordem pública e deixar as pessoas sal-vas do perigo (são e salvo), através dos seguintesórgãos:

I - .......................................................................II - Polícia Rodoviária FederalIII - .....................................................................IV - .....................................................................V - ......................................................................

Lei nº 96.454/98 cria a carreira de PolicialRodoviário Federal, mediante a transformação dosatuais cargos de Patrulheiro Rodoviário Federal.

A função de policial fundamenta-se em 3 pila-res: hierarquia, disciplina e subordinação.

CAPÍTULO IIDas Disposições Peculiares

Art. 6º A nomeação será feita exclusivamente:I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo inte-

grante de classe singular ou inicial de série de classes,condicionada à anterior aprovação em curso específicoda Academia Nacional de Polícia;

II - em comissão, quando se tratar de cargo isoladoque, em virtude de lei, assim deva ser provido.

Art. 7º A nomeação obedecerá a rigorosa ordem declassificação dos candidatos habilitados em curso a quese tenham submetido na Academia Nacional de Polícia.

Art. 8º A Academia Nacional de Polícia manterá, per-manentemente, cursos de formação profissional dos can-didatos ao ingresso no Departamento Federal de Segu-rança Pública e na Polícia do Distrito Federal.

Art. 9º São requisitos para matrícula na AcademiaNacional de Polícia:

I - ser brasileiro;II - ter completado dezoito anos de idade;III - estar no gozo dos direitos políticos;IV - estar quite com as obrigações militares;V - ter procedimento irrepreensível;VI - gozar de boa saúde, física e psíquica, comprova-

da em inspeção médica;

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VII - possuir temperamento adequado ao exercício dafunção policial, apurado em exame psicotécnico realizadopela Academia Nacional de Polícia;

VIII - ter sido habilitado previamente em concursopúblico de provas ou de provas e títulos.

§ 1º A prova da condição prevista no item IV desteartigo não será exigida da candidata ao ingresso na PolíciaFeminina.

§ 2º Será demitido, mediante processo disciplinar re-gular, o funcionário policial que, para ingressar no Depar-tamento Federal de Segurança Pública e na Polícia do Dis-trito Federal, omitiu fato que impossibilitaria a sua matrí-cula na Academia Nacional de Polícia.

Comentário:Para ingresso na carreira de Policial Rodo-

viário Federal, além do exigido no art. 7º da Leinº 4.878/65, art. 5º da Lei nº 8.112/90, requer aaprovação em concurso público de provas e títu-los no curso de formação, ambas as fases elimi-natórias e classificatórias. A investidura no car-go dar-se-á sempre na classe D e padrão/nível I.

A escolaridade exigida é o segundo grau oficial-mente reconhecido.

Art. 10. São competentes para dar posse:I - o Diretor-Geral do Departamento Federal de Segu-

rança Pública, ao Chefe de seu Gabinete, ao Corregedor,aos Delegados Regionais e aos diretores e chefes de ser-viço que lhe sejam subordinados;

II - o Diretor da Divisão de Administração do mesmoDepartamento, nos demais casos;

III - o Secretário de Segurança Pública do DistritoFederal, ao Chefe de seu Gabinete e aos Diretores que lhesejam subordinados;

IV - o Diretor da Divisão de Serviços Gerais da Políciado Distrito Federal, nos demais casos.

Parágrafo único. O Diretor-Geral do DepartamentoFederal de Segurança Pública, o Secretário de SegurançaPública do Distrito Federal e o Diretor da Divisão de Ad-ministração do referido Departamento poderão delegarcompetência para dar posse.

Art. 11. O funcionário policial não poderá afastar-sede sua repartição para ter exercício em outra ou prestarserviços ao Poder Legislativo ou a qualquer Estado daFederação, salvo quando se tratar de atribuição inerente àdo seu cargo efetivo e mediante expressa autorização doPresidente da República ou do Prefeito do Distrito Fe-deral, quando integrante da Polícia do Distrito Federal.

Art. 12. A freqüência aos cursos de formação profis-sional da Academia Nacional de Polícia para primeirainvestidura em cargo de atividade policial é consideradade efetivo exercício para fins de aposentadoria.

Art. 13. Estágio probatório é o período de dois anosde efetivo exercício do funcionário policial, durante o qualse apurarão os requisitos previstos em lei.

Parágrafo único. Mensalmente, o responsável pelarepartição ou serviço, em que esteja lotado funcionáriopolicial sujeito a estágio probatório, encaminhará ao ór-gão de pessoal relatório sucinto sôbre o comportamentodo estagiário.

Comentário:O Estágio Probatório no cargo, segundo regras

do próprio edital, será de 3 (três) anos ou 36 meses,

no qual serão avaliados os fatores de responsabili-dade, assiduidade, produtividade, capacidade deiniciativa e disciplina.

Art. 14. Sem prejuízo da remessa prevista no parágra-fo único do artigo anterior, o responsável pela repartiçãoou serviço em que sirva funcionário policial sujeito a está-gio probatório, seis meses antes da terminação deste, in-formará reservadamente ao órgão de pessoal sobre o fun-cionário, tendo em vista os requisitos previstos em lei.

Art. 15. As promoções serão realizadas em 21 de abrile 28 de outubro de cada ano, desde que verificada a exis-tência de vaga e haja funcionários em condições de a elaconcorrer.

Art. 16. Para a promoção por merecimento é requisitonecessário a aprovação em curso da Academia Nacionalde Polícia correspondente à classe imediatamente supe-rior àquela a que pertence o funcionário.

Art. 17. O órgão competente organizará para cadavaga a ser provida por merecimento uma lista não exce-dente de três candidatos.

Art. 18. O funcionário policial, ocupante de cargo declasse singular ou final de série de classes, poderá teracesso à classe inicial de séries afins, de nível mais eleva-do, de atribuições correlatas porém mais complexas.

§ 1º A nomeação por acesso, além das exigências le-gais e das qualificações em cada caso, obedecerá a pro-vas práticas que compreendam tarefas típicas relativas aoexercício do nôvo cargo e, quando couber, à ordem declassificação em concurso de títulos que aprecie a experi-ência profissional, ou em curso específico de formaçãoprofissional, ambos realizados pela Academia Nacionalde Polícia.

§ 2º As linhas de acesso estão previstas nos AnexosIV dos Quadros de Pessoal do Departamento Federal deSegurança Pública e da Polícia do Distrito Federal, apro-vados pela Lei nº 4.483, de 16 de novembro de 1964.

Art. 19. As nomeações por acesso abrangerão meta-de das vagas existentes na respectiva classe, ficando aoutra metade reservada aos provimentos na forma previs-ta no artigo 6º desta Lei.

Comentário:A figura do acesso foi banida pelo STF por

inconstitucionalidade. Foram julgadas tambéminconstitucionais a transferência, a transposição ea ascenção (concurso interno).

Art. 20. O funcionário policial que, comprovadamente,se revelar inapto para o exercício da função policial, semcausa que justifique a sua demissão ou aposentadoria, seráreadaptado em outro cargo mais compatível com a sua ca-pacidade, sem decesso nem aumento de vencimento.

Parágrafo único. A readaptação far-se-á mediante atransformação do cargo exercido em outro mais compatí-vel com a capacidade física ou intelectual e vocação.

Art. 21. O funcionário policial não poderá ser obriga-do a interromper as suas férias, a não ser em virtude deemergente necessidade da segurança nacional ou manu-tenção da ordem, mediante convocação da autoridadecompetente.

§ 1º Na hipótese prevista neste artigo, in fine, o funcio-nário terá direito a gozar o período restante das férias emépoca oportuna.

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§ 2º Ao entrar em férias, o funcionário comunicará aochefe imediato o seu provável endereço, dando-lhe ciên-cia, durante o período, de suas eventuais mudanças.

CAPÍTULO IIIDas Vantagens Específicas

Art. 22. O funcionário policial fará jus ainda às se-guintes vantagens:

I - Gratificação de função policial;Il - Auxílio para moradia.Art. 23. A gratificação de função policial é devida ao

policial pelo regime de dedicação integral que o incompatibilizacom o exercício de qualquer outra atividade pública ou priva-da, bem como pelos riscos dela decorrentes.

§ 1º Pelo efetivo exercício da função policial, o fun-cionário fará jus a uma gratificação percentual calculadasôbre o vencimento de seu cargo efetivo, a ser fixada peloPresidente da República.

Comentário:As gratificações que constituem os vencimentos

do Policial Rodoviário Federal são as constantesda Lei nº 9.654/98 (art. 4º):

– 180% de Gratificação de Atividade Policial;– 180% de Gratificação de Desgaste Físico e

Mental;– 180% de Gratificação de Atividade de Risco;– 160% de Gratificação de Atividade;Todas Calculadas sobre o vencimento básico.

§ 2º Ressalvado o magistério na Academia Nacional dePolícia, o exercício da profissão de Jornalista, para os ocu-pantes de cargos das séries de classes de Censor e CensorFederal, e a prática profissional em estabelecimento hospita-lar, para os ocupantes de cargos da série de classes de Médi-co Legista, ao funcionário policial é vedado exercer outraatividade, qualquer que seja a forma de admissão, remune-rada ou não, em entidade pública ou empresa privada.

Art. 24. O regime de dedicação integral obriga o fun-cionário policial à prestação, no mínimo, de 200 (duzentas)horas mensais de trabalho.

Comentário:Segundo o disposto no art. 9º da Lei nº 9.654/98

é de 40 horas semanais a jornada de trabalho doPolicial Rodoviário Federal, com integral e exclu-siva declaração.

Art. 25. A gratificação de função policial não será pagaenquanto o funcionário policial deixar de perceber o venci-mento do cargo em virtude de licença ou outro afastamen-to, salvo quando investido em cargo em comissão ou fun-ção gratificada com atribuições e responsabilidades de na-tureza policial, hipótese em que continuará a perceber agratificação na base do vencimento do cargo efetivo.

Art. 26. A gratificação de função policial incorporar-se-á aos proventos da aposentadoria à razão de 1/30 (umtrinta avos) do seu valor por ano de efetivo exercício deatividade estritamente policial.

Art. 27. O funcionário policial casado, quando lotadoem Delegacia Regional, terá direito a auxílio para moradiacorrespondente a 10% (dez por cento) do seu vencimentomensal.

Parágrafo único. O auxílio previsto neste artigo serápago ao funcionário policial até completar 5 (cinco) anos nalocalidade em que, por necessidade de serviço, nela devaresidir, e desde que não disponha de moradia própria.

Art. 28. Quando o funcionário policial, de que trata oartigo anterior, ocupar imóvel sob a responsabilidade doórgão em que servir, 20% (vinte por cento) do valor doauxílio previsto no artigo anterior serão recolhidos comoreceita da União e o restante, empregado conforme forestabelecido pelo referido órgão de acordo com as suaspeculiaridades.

Art. 29. Quando o funcionário policial ocupar imóvelde outra entidade, a importância referida no artigo 28 teráo seguinte destino:

a) a importância correspondente ao aluguel, recolhi-da ao órgão responsável pelo imóvel;

b) o restante, empregado na forma estabelecida noartigo anterior, in fine.

Art. 30. Esgotado o prazo previsto no parágrafo úni-co do artigo 27, o funcionário que continuar ocupandoimóvel de responsabilidade da repartição em que servirindenizá-la-á da importância correspondente ao auxíliopara moradia.

Parágrafo único. Se a ocupação for de imóvel perten-cente a outro órgão o funcionário indeniza-la-á pelo alu-guel correspondente.

CAPÍTULO IVDa Assistência Médico-Hospitalar

Art. 31. A assistência médico-hospitalar compreen-derá:

a) assistência médica contínua, dia e noite, ao policialenfermo, acidentado ou ferido, que se encontre hospitali-zado;

b) assistência médica ao policial ou sua família, atra-vés de laboratórios, policlínicas, gabinetes odontológicos,pronto-socorro e outros serviços assistenciais.

Art. 32. A assistência médico-hospitalar será presta-da pelos serviços médicos dos órgãos a que pertença outenha pertencido o policial, dentro dos recursos próprioscolocados à disposição deles.

Art. 33. O funcionário policial terá hospitalização etratamento por conta do Estado quando acidentado emserviço ou acometido de doença profissional.

Art. 34. O funcionário policial em atividade, excetuadoo disposto no artigo anterior, o aposentado e, bem assim, aspessoas de sua família, indenizarão, no todo ou em parte, aassistência médico-hospitalar que lhes for prestada, de acor-do com as normas e tabelas que forem aprovadas.

Parágrafo único. As indenizações por trabalhos deprótese dentária, ortodontia, obturações, bem como pelofornecimento de aparelhos ortopédicos, óculos e artigoscorrelatos, não se beneficiarão de reduções, devendo serfeitas pelo justo valor do material aplicado ou da peçafornecida.

Art. 35. Para os efeitos da prestação de assistênciamédico-hospitalar, consideram-se pessoas da família dofuncionário policial, desde que vivam às suas expensas eem sua companhia:

a) o cônjuge;b) os filhos solteiros, menores de dezoito anos ou

inválidos e, bem assim, as filhas ou enteadas, solteiras,viúvas ou desquitadas;

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c) os descendentes órfãos, menores ou inválidos;d) os ascendentes sem economia própria;e) os menores que, em virtude de decisão judicial,

forem entregues à sua guarda;f) os irmãos menores e órfãos, sem arrimo.Parágrafo único. Continuarão compreendidos nas dis-

posições deste capítulo a viúva do policial, enquanto per-durar a viuvez, e os demais dependentes mencionadosnas letras b a f, desde que vivam sob a responsabilidadelegal da viúva.

Art. 36. Os recursos para a assistência de que trataeste capítulo provirão das dotações consignadas no Or-çamento Geral da União e do pagamento das indenizaçõesreferidas no artigo 34.

CAPÍTULO VDas Disposições Especiais sobre Aposentadoria

Art. 37. O funcionário policial será aposentado com-pulsoriamente aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade,qualquer que seja a natureza dos serviços prestados.

Comentário:Segundo o disposto no art. 40, II, CF, a aposen-

tadoria compulsória dos servidores titulares de car-gos efetivos dar-se-á aos 70 anos de idade comproventos proporcionais ao tempo de contribuição.

Art. 38. O provento do policial inativo será revistosempre que ocorrer:

a) modificação geral dos vencimentos dos funcioná-rios policiais civis em atividade; ou

b) reclassificação do cargo que o funcionário policialinativo ocupava ao aposentar-se.

Art. 39. O funcionário policial, quando aposentadoem virtude de acidente em serviço ou doença profissional,ou quando acometido das doenças especificadas no arti-go 178, item III, da Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952,incorporará aos proventos de inatividade a gratificaçãode função policial no valor que percebia ao aposentar-se.

Comentário:Onde se lê art. 178, item III, da Lei nº 1.711/52,

leia-se 186, § 1º, da Lei nº 8.112, de 11 de dezembrode 1990.

CAPÍTULO VIDa Prisão Especial

Art. 40. Preso preventivamente, em flagrante ou emvirtude de pronúncia, o funcionário policial, enquanto nãoperder a condição de funcionário, permanecerá em prisãoespecial, durante o curso da ação penal e até que a sen-tença transite em julgado.

§ 1º O funcionário policial nas condições deste artigoficará recolhido a sala especial da repartição em que sirva,sob a responsabilidade do seu dirigente, sendo-lhe defesoexercer qualquer atividade funcional, ou sair da repartiçãosem expressa autorização do Juízo a cuja disposição seencontre.

§ 2º Publicado no Diário Oficial o decreto de demis-são, será o ex-funcionário encaminhado, desde logo, aestabelecimento penal, onde permanecerá em sala espe-

cial, sem qualquer contato com os demais presos não su-jeitos ao mesmo regime, e, uma vez condenado, cumprirá apena que lhe tenha sido imposta, nas condições previstasno parágrafo seguinte.

§ 3º Transitada em julgado a sentença condenatória,será o funcionário encaminhado a estabelecimento penal,onde cumprirá a pena em dependência isolada dos demaispresos não abrangidos por esse regime, mas sujeito, comoeles, ao mesmo sistema disciplinar e penitenciário.

CAPÍTULO VIIDos Deveres e das Transgressões

Art. 41. Além do enumerado no artigo 194 da Leinº 1.711, de 28 de outubro de 1952, é dever do funcionáriopolicial freqüentar com assiduidade, para fins de aperfei-çoamento e atualização de conhecimentos profissionais,curso instituído periodicamente pela Academia Nacionalde Polícia, em que seja compulsoriamente matriculado.

Comentário:Onde se lê art. 194 da Lei nº 1.711/52, leia-se

art. 116 da Lei nº 8.112/90.A Lei nº 1.711/52 foi expressamente revogada

pela Lei 8.112/90. Regime Jurídico Único dos Servi-dores Públicos Civis da União.

Art. 42. Por desobediência ou falta de cumprimentodos deveres o funcionário policial será punido com a penade repreensão, agravada em caso de reincidência.

Art. 43. São transgressões disciplinares:I - referir-se de modo depreciativo às autoridades e

atos da administração pública, qualquer que seja o meioempregado para esse fim;

II - divulgar, através da imprensa escrita, falada outelevisionada, fatos ocorridos na repartição, propiciar-lhesa divulgação, bem como referir-se desrespeitosa e depre-ciativamente às autoridades e atos da administração;

III - promover manifestação contra atos da adminis-tração ou movimentos de apreço ou desapreço a quais-quer autoridades;

IV - indispor funcionários contra os seus superioreshierárquicos ou provocar, velada ou ostensivamente, ani-mosidade entre os funcionários;

V - deixar de pagar, com regularidade, as pensões aque esteja obrigado em virtude de decisão judicial;

VI - deixar, habitualmente, de saldar dívidas legítimas;VII - manter relações de amizade ou exibir-se em públi-

co com pessoas de notórios e desabonadores anteceden-tes criminais, sem razão de serviço;

VIII - praticar ato que importe em escândalo ou queconcorra para comprometer a função policial;

IX - receber propinas, comissões, presentes ou auferirvantagens e proveitos pessoais de qualquer espécie e,sob qualquer pretexto, em razão das atribuições que exer-ce;

X - retirar, sem prévia autorização da autoridade com-petente, qualquer documento ou objeto da repartição;

XI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora doscasos previstos em lei, o desempenho de encargo que lhecompetir ou aos seus subordinados;

XII - valer-se do cargo com o fim, ostensivo ou vela-do, de obter proveito de natureza político-partidária, parasi ou terceiros;

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XIII - participar da gerência ou administração de em-presa, qualquer que seja a sua natureza;

XIV - exercer o comércio ou participar de sociedadecomercial, salvo como acionista, cotista ou comanditário;

XV - praticar a usura em qualquer de suas formas;XVI - pleitear, como procurador ou intermediário, jun-

to a repartições públicas, salvo quando se tratar de per-cepção de vencimentos, vantagens e proventos de paren-tes até segundo grau civil;

XVII - faltar à verdade no exercício de suas funções,por malícia ou má-fé;

XVIII - utilizar-se do anonimato para qualquer fim;XIX - deixar de comunicar, imediatamente, à autorida-

de competente faltas ou irregularidades que haja presen-ciado ou de que haja tido ciência;

XX - deixar de cumprir ou de fazer cumprir, na esferade suas atribuições, as leis e os regulanentos;

XXI - deixar de comunicar à autoridade competente,ou a quem a esteja substituindo, informação que tiver so-bre iminente perturbação da ordem pública, ou da boamarcha de serviço, tão logo disso tenha conhecimento;

XXII - deixar de informar com presteza os processosque lhe forem encaminhados;

XXIII - dificultar ou deixar de levar ao conhecimentode autoridade competente, por via hierárquica e em 24(vinte e quatro) horas, parte, queixa, representação, peti-ção, recurso ou documento que houver recebido, se nãoestiver na sua alçada resolvê-lo;

XXIV - negligenciar ou descumprir a execução dequalquer ordem legítima;

XXV - apresentar maliciosamente, parte, queixa ourepresentação;

XXVI - aconselhar ou concorrer para não ser cumpri-da qualquer ordem de autoridade competente, ou para queseja retardada a sua execução;

XXVII - simular doença para esquivar-se ao cumpri-mento de obrigação;

XXVIII - provocar a paralisação, total ou parcial, doserviço policial, ou dela participar;

XXIX - trabalhar mal, intencionaImente ou por negli-gência;

XXX - faltar ou chegar atrasado ao serviço, ou deixarde participar, com antecedência, à autoridade a que esti-ver subordinado, a impossibilidade de comparecer à re-partição, salvo motivo justo;

XXXI - permutar o serviço sem expressa permissãoda autoridade competente;

XXXII - abandonar o serviço para o qual tenha sidodesignado;

XXXIII - não se apresentar, sem motivo justo, ao fimde licença, para o trato de interesses particulares, fériasou dispensa de serviço, ou, ainda, depois de saber quequalquer delas foi interrompida por ordem superior;

XXXIV - atribuir-se a qualidade de representante dequalquer repartição do Departamento Federal de Segu-rança Pública e da Polícia do Distrito Federal, ou de seusdirigentes, sem estar expressamente autorizado;

XXXV - contrair dívida ou assumir compromisso su-perior às suas possibilidades financeiras, comprometen-do o bom nome da repartição;

XXXVI - freqüentar, sem razão de serviço, lugaresincompatíveis com o decoro da função policial;

XXXVII - fazer uso indevido da arma que lhe hajasido confiada para o serviço;

XXXVIII - maltratar preso sob sua guarda ou usar deviolência desnecessária no exercício da função policial;

XXXIX - permitir que presos conservem em seu po-der instrumentos com que possam causar danos nas de-pendências a que estejam recolhidos, ou produzir lesõesem terceiros;

XL - omitir-se no zelo da integridade física ou moraldos presos sob sua guarda;

XLI - desrespeitar ou procrastinar o cumprimento dedecisão ou ordem judicial, bem como criticá-las;

XLII - dirigir-se ou referir-se a superior hierárquico demodo desrespeitoso;

XLIII - publicar, sem ordem expressa da autoridadecompetente, documentos oficiais, embora não reservados,ou ensejar a divulgação do seu conteúdo, no todo ou emparte;

XLIV - dar-se ao vício da embriaguez;XLV - acumular cargos públicos, ressalvadas as exce-

ções previstas na Constituição;XLVI - deixar, sem justa causa, de submeter-se a ins-

peção médica determinada por lei ou pela autoridade com-petente;

XLVII - deixar de concluir, nos prazos legais, sem mo-tivo justo, inquéritos policiais ou disciplinares, ou, quan-to a estes últimos, como membro da respectiva comissão,negligenciar no cumprimento das obrigações que lhe sãoinerentes;

XLVIII - prevalecer-se, abusivamente, da condição defuncionário policial;

XLIX - negligenciar a guarda de objetos pertencentesà repartição e que, em decorrência da função ou para o seuexercício, lhe tenham sido confiados, possibilitando quese danifiquem ou extraviem;

L - dar causa, intencionalmente, ao extravio ou danifi-cação de objetos pertencentes à repartição e que, para osfins mencionados no item anterior, estejam confiados àsua guarda;

LI - entregar-se à prática de vícios ou atos atentatóriosaos bons costumes;

LII - indicar ou insinuar nome de advogado para as-sistir pessoa que se encontre respondendo a processo ouinquérito policial;

LIII - exercer, a qualquer título, atividade pública ouprivada, profissional ou liberal, estranha à de seu cargo;

LIV - lançar em livros oficiais de registro anotações,queixas, reivindicações ou quaisquer outras matérias es-tranhas à finalidade deles;

LV - adquirir, para revenda, de associações de classeou entidades beneficentes em geral, gêneros ou quais-quer mercadorias;

LVI - impedir ou tornar impraticável, por qualquer meio,na fase do inquérito policial e durante o interrogatório doindiciado, mesmo ocorrendo incomunicabilidade, a pre-sença de seu advogado;

LVII - ordenar ou executar medida privativa da liber-dade individual, sem as formalidades legais, ou com abu-so de poder;

LVIII - submeter pessoa sob sua guarda ou custódia avexame ou constrangimento não autorizado em lei;

LIX - deixar de comunicar imediatamente ao Juiz com-petente a prisão em flagrante de qualquer pessoa;

LX - levar à prisão e nela conservar quem quer que seproponha a prestar fiança permitida em lei;

LXI - cobrar carceragem, custas, emolumentos ouqualquer outra despesa que não tenha apoio em lei;

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LXII - praticar ato lesivo da honra ou do patrimônioda pessoa, natural ou jurídica, com abuso ou desvio depoder, ou sem competência legal;

LXIII - atentar, com abuso de autoridade ou prevale-cendo-se dela, contra a inviolabilidade de domicílio.

CAPÍTULO VIIIDas Penas Disciplinares

Art. 44. São penas disciplinares:I - repreensão;II - suspensão;III - multa;IV - detenção disciplinar;V - destituição de função;VI - demissão;VII - cassação de aposentadoria ou disponibilidade.Art. 45. Na aplicação das penas disciplinares serão

considerados:I - a natureza da transgressão, sua gravidade e as

circunstâncias em que foi praticada;Il - os danos dela decorrentes para o serviço público;Ill - a repercussão do fato;IV - os antecedentes do funcionário;V - a reincidência.Parágrafo único. É causa agravante da falta discipli-

nar o haver sido praticada em concurso com dois ou maisfuncionários.

Art. 46. A pena de repreensão será sempre aplicadapor escrito nos casos em que, a critério da Administração,a transgressão seja considerada de natureza leve, e deve-rá constar do assentamento individual do funcionário.

Parágrafo único. Serão punidas com a pena de repre-ensão as transgressões disciplinares previstas nos itensV, XVII, XIX, XXll, XXIII, XXIV, XXV, XLIX e LIV do arti-go 43 desta Lei.

Art. 47. A pena de suspensão, que não excederá denoventa dias, será aplicada em caso de falta grave ou rein-cidência.

Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, são denatureza grave as transgressões disciplinares previstasnos itens I, II, III, VI, VII, Vlll, X, XVIII, XX, XXI, XXVI,XXVII, XXIX, XXX, XXXI XXXII, XXXIII, XXXIV, XXXV,XXXVII, XXXIX, XLI, XLII, XLVI, XLVIl, LVI, LVII, LIX,LX e LXIII do art. 43 desta Lei.

Art. 48. A pena de demissão, além dos casos previs-tos na Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952, será tambémaplicada quando se caracterizar (Lei nº 8.112, de 11/12/90):

I - crimes contra os costumes e contra o patrimônio,que, por sua natureza e configuração, sejam consideradoscomo infamantes, de modo a incompatibilizar o servidorpara o exercício da função policial.

II - transgressão dos itens IV, IX, XI, XII, XIII, XIV, XV,XVI, XXVIII, XXXVI, XXXVIII, XL, XLIII, XLIV, XLV, XLVIII,L, LI, LII, LIII, LV, LVIII, LXI e LXII do art. 43 desta Lei.

§ 1º Poderá ser, ainda, aplicada a pena de demissão,ocorrendo contumácia na prática de transgressões disci-plinares.

§ 2º A aplicação de penalidades pelas transgressõesdisciplinares constantes desta Lei não exime o funcionárioda obrigação de indenizar a União pelos prejuízos causados.

Art. 49. Tendo em vista a natureza da transgressão eo interesse do Serviço Púbico, a pena e suspensão até 30

(trinta) dias poderá ser convertida em detenção discipli-nar até 20 (vinte) dias, mediante ordem por escrito do Dire-tor-Geral do Departamento Federal de Segurança Públicaou dos Delegados Regionais, nas respectivas jurisdições,ou do Secretário de Segurança Pública, na Polícia do Dis-trito Federal.

Parágrafo único. A detenção disciplinar, que não acar-reta a perda dos vencimentos, será cumprida:

I - na residência do funcionário, quando não excederde 48 (quarenta e oito) horas;

II - em sala especial, na sede do Departamento Fe-deral de Segurança Pública ou na Polícia do Distrito Fede-ral, quando se tratar de ocupante de cargo em comissãoou função gratificada ou funcionário ocupante de cargopara cujo ingresso ou desempenho seja exigido diplomade nível universitário;

III - em sala especial na Delegacia Regional, quandose tratar de funcionário nela lotado;

IV - em sala especial da repartição, nos demais casos.

Comentário:A detenção disciplinar é figura inconstitucional,

admitida apenas para militares.

CAPÍTULO IXDa Competência Para Imposição de Penalidades

Art. 50. Para imposição de pena disciplinar são com-petentes:

I - o Presidente da República, nos casos de demissão ecassação de aposentadoria ou disponibilidade de funcionáriopolicial do Departamento Federal de Segurança Pública;

II - o Prefeito do Distrito Federal, nos casos previstosno item anterior quando se tratar de funcionário policialda Polícia do Distrito Federal;

Comentário:Onde se lê Prefeito do Distrito Federal leia-se

Governador do Distrito Federal.

III - o Ministro da Justiça e Negócios Interiores ou oSecretário de Segurança Pública do Distrito Federal, res-pectivamente, nos casos de suspensão até noventa dias;

IV - o Diretor-Geral do Departamento Federal de Se-gurança Pública, no caso de suspensão até sessenta dias;

V - os diretores dos órgãos centrais do DepartamentoFederal de Segurança Pública e da Polícia do Distrito Fe-deral, os Delegados Regionais e os titulares das ZonasPoliciais, no caso de suspensão até trinta dias;

VI - os diretores de Divisões e Serviços do Departa-mento Federal de Segurança Pública e da Polícia do Distri-to Federal, no caso de suspensão até dez dias;

VII - a autoridade competente para a designação, nocaso de destituição de função;

VIII - as autoridades referidas nos itens III a VII, nocaso de repreensão.

CAPÍTULO XDa Suspensão Preventiva

Art. 51. A suspensão preventiva, que não excederáde noventa dias, será ordenada pelo Diretor-Geral do De-partamento Federal de Segurança Pública ou pelo Secre-

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tário de Segurança Pública do Distrito Federal, conformeo caso, desde que o afastamento do funcionário policialseja necessário, para que este não venha a influir na apu-ração da transgressão disciplinar.

Parágrafo único. Nas faltas em que a pena aplicávelseja a de demissão, o funcionário poderá ser afastado doexercício de seu cargo, em qualquer fase do processo dis-ciplinar, até decisão final.

CAPÍTULO XIDo Processo Disciplinar

Art. 52. A autoridade que tiver ciência de qualquerirregularidade ou transgressão a preceitos disciplinares éobrigada a providenciar a imediata apuração em processodisciplinar, no qual será assegurada ampla defesa.

Art. 53. Ressalvada a iniciativa das autoridades quelhe são hieràrquicamente superiores, compete ao Diretor-Geral do Departamento Federal de Segurança Pública, aoSecretário de Segurança Pública do Distrito Federal e aosDelegados Regionais nos Estados, a instauração do pro-cesso disciplinar.

§ 1º Promoverá o processo disciplinar uma ComissãoPermanente de Disciplina, composta de três membros depreferência bacharéis em Direito, designada pelo Diretor-Geral do Departamento Federal de Segurança Pública oupelo Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal,conforme o caso.

§ 2º Haverá até três Comissões Permanentes de Disci-plina na sede do Departamento Federal de Segurança Pú-blica e na da Polícia do Distrito Federal e uma em cadaDelegacia Regional.

§ 3º Caberá ao Diretor-Geral do Departamento Federalde Segurança Pública a designação dos membros dasComissões Permanentes de Disciplina na sede da reparti-ção e nas Delegacias Regionais mediante indicação dosrespectivos Delegados Regionais.

§ 4º Ao Secretário de Segurança Pública do DistritoFederal compete designar as Comissões Permanentes deDisciplina da Polícia do Distrito Federal.

Art. 54. A autoridade competente para determinar ainstauração de processo disciplinar:

I - remeterá, em três vias, com o respectivo ato, à Comis-são Permanente de Disciplina de que trata o § 1º do artigoanterior, os elementos que fundamentaram a decisão;

II - providenciará a instauração do inquérito policialquando o fato possa ser configurado como ilícito penal.

Art. 55. Enquanto integrarem as Comissões Perma-nentes de Disciplina, seus membros ficarão à disposiçãodo respectivo Conselho de Polícia e dispensados do exer-cício das atribuições e responsabilidades de seus cargos.

§ 1º Os membros das Comissões Permanentes de Dis-ciplina terão o mandato de seis meses, prorrogável pelotempo necessário à ultimação dos processos disciplinaresque se encontrem em fase de indiciação, cabendo o estudodos demais aos novos membros que foram designados.

§ 2º O disposto no parágrafo anterior não constituiimpedimento para a recondução de membro de ComissãoPermanente de Disciplina.

Art. 56. A publicação da portaria de instauração doprocesso disciplinar em Boletim de Serviço, quando indi-car o funcionário que praticou a transgressão sujeita aapuração, importará na sua notificação para acompanhar

o processo em todos os seus trâmites, por si ou por defen-sor constituído, se assim o entender.

Art. 57. Na hipótese de autuação em flagrante dofuncionário policial como incurso em qualquer dos crimesreferidos no artigo 48 e seu item I, a autoridade que presi-dir o ato encaminhará, dentro de vinte e quatro horas, àautoridade competente para determinar a instauração doprocesso disciplinar, traslado das peças comprovadorasda materialidade do fato e sua autoria.

Parágrafo único. Recebidas as peças de que trata esteartigo, a autoridade procederá na forma prevista no artigo54, item I, desta Lei.(Vide Medida Provisória nº 2.184-23,de 24/8/2001)

§ 2º (Vide Medida Provisória nº 2.184-23, de 24/8/2001)§ 3º (Vide Medida Provisória nº 2.184-23, de 24/8/2001)§ 4º (Vide Medida Provisória nº 2.184-23, de 24/8/2001)

CAPÍTULO XIIDos Conselhos de Polícia

Art. 58. Os Conselhos de Polícia, levando em conta arepercussão do fato, ou suas circunstâncias, poderão, porconvocação de seu Presidente, apreciar as transgressõesdisciplinares passíveis de punição com as penas de repre-ensão, suspensão até trinta dias e detenção disciplinaraté vinte dias.

Parágrafo único. No ato de convocação, o Presidentedo Conselho designará um de seus membros para relatorda matéria.

Art. 59. O funcionário policial será convocado, atra-vés do Boletim de Serviço, a comparecer perante o Conse-lho para, em dia e hora prèviamente designados e após aleitura do relatório, apresentar razões de defesa.

Art. 60. Após ouvir as razões do funcionário, o Con-selho, pela maioria ou totalidade de seus membros, con-cluirá pela procedência ou não da transgressão, delibera-rá sobre a penalidade a ser aplicada e, finalmente, o Presi-dente proferirá a decisão final.

Parágrafo único. Votará em primeiro lugar o relator doprocesso e por último o Presidente do órgão, asseguradoa este o direito de veto às deliberações do Conselho.

CAPÍTULO XIIIDas Disposições Gerais

Art. 61. O dia 21 de abril será consagrado ao Funcio-nário Policial Civil.

Art. 62. Aos funcionários do Serviço de Polícia Fe-deral e do Serviço Policial Metropolitano aplicam-se asdisposições da legislação relativa ao funcionalismo civilda União no que não colidirem com as desta Lei.

Parágrafo único. Os funcionários dos quadros de pes-soal do Departamento Federal de Segurança Pública e daPolícia do Distrito Federal ocupantes de cargos não inte-grantes do Serviço de Polícia Federal e do Serviço PolicialMetropolitano, continuarão subordinados integralmenteao regime jurídico instituído pela Lei nº 1.711, de 28 deoutubro de 1952.

Art. 63. O disposto nesta Lei aplica-se aos funcioná-rios que, enquadrados no Serviço Policial de que trata aLei nº 3.780, de 10 de julho de 1960 e transferidos para aAdministração do Estado da Guanabara, retornaram aoServiço Público Federal.

Art. 64. Os funcionários do Quadro de Pessoal doDepartamento Federal de Segurança Pública ocupantes

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EXERCÍCIOS

1. Julgue os seguintes itens relativos aos princípiosconstitucionais da Administração Pública.a) Contraria o princípio constitucional de publicida-

de da Administração Pública o fato de um fiscal decontribuições previdenciárias autuar empresa ex-clusivamente porque o proprietário é seu desafeto.

b) No regime da Constituição de 1988, em nenhumahipótese haverá greve lícita do servidor público.

c) No regime constitucional vigente, a perda da fun-ção pública e dos direitos políticos, a indisponibi-lidade de bens e a obrigação de ressarcir as entida-des de direito público por improbidade no exercí-cio de cargo público só podem ser cumulatividadedecretadas em conseqüência de condenação cri-minal.

d) O princípio constitucional da inacumulabilidade decargos públicos não se aplica sempre que o ser-vidor ocupar um cargo federal e outro municipal.

e) Uma vez que a licitação permite a disputa de váriaspessoas que satisfaçam a critérios da lei e do edital,é correto afirmar que, com isso, estão sendo obser-vados os princípios constitucionais da isonomia,da legalidade e da impessoalidade da Administra-ção Pública.

2. Em relação aos princípios do Direito Administrativo,julgue os seguintes itens.a) De um ponto de vista eminentemente prático, não

há diferença entre os princípios e as regras jurídi-cas, desde que ambos estejam consubstanciadosem normas de direito positivo.

b) É correto afirmar que, como decorrência do Estadodemocrático de direito e do princípio da legalida-de, a lei, em sentido formal e material, deve regularcompleta e exaustivamente toda a atividade da Ad-ministração Pública.

c) Admite-se terem eficácia tão-somente os princípi-os expressamente consagrados em normas de di-reito positivo.

d) O princípio da moralidade, pela vagueza, pela sub-jetividade e pela indeterminação que caracterizamo termo moralidade, constitui, na verdade, normaprogramática na Constituição, como exortação aoadministrador.

e) Os atos da Administração praticados sob sigilotêm natureza excepcional, sendo, em princípio,inconstitucionais, as leis que atribuam caráter não-público, a atos estatais de modo generalizado.

3. Quanto à estrutura da Administração Pública federal,julgue os itens a seguir.a) Embora seja pessoa jurídica de direito privado, a

empresa pública federal caracteriza-se por ser com-posta apenas por capital público.

b) Ao contrário das entidades da Administração Pú-blica indireta, os órgãos da Administração Públicadireta, têm personalidade jurídica de direito públi-co.

c) O fato de as sociedades de economia mista qualifi-carem-se como pessoas jurídicas de direito priva-do torna desnecessário que as mesmas sejam cria-das por lei específica.

de cargos não incluídos no Serviço de Polícia Federal,quando removidos ex officio, farão jus ao auxílio previstono art. 22, item II, nas mesmas bases e condições fixadaspara o funcionário policial civil.

Art. 65. O disposto no Capítulo IV desta Lei é exten-sivo a todos os funcionários do Quadro de Pessoal doDepartamento Federal de Segurança Pública e respecti-vas famílias.

Art. 66. É vedada a remoção ex officio do funcionáriopolicial que esteja cursando a Academia Nacional de Polí-cia, desde que a sua movimentação impossibilite a fre-qüência no curso em que esteja matriculado.

Art. 67. O funcionário policial poderá ser removido:I - Ex officio;II - A pedido;III - Por conveniência da disciplina.§ 1º Nas hipóteses previstas nos itens II e III deste

artigo, o funcionário não fará jus a ajuda de custo.§ 2º A remoção ex officio do funcionário policial, sal-

vo imperiosa necessidade do serviço devidamentejustificada, só poderá efetivar-se após dois anos, no míni-mo, de exercício em cada localidade.

Art. 68. Não são considerados herança os vencimen-tos e vantagens devidos ao funcionário falecido, os quaisserão pagos, independentemente de ordem judicial, à viú-va ou, na sua falta, aos legítimos herdeiros daquele.

Art. 69. Será concedido transporte à família do fun-cionário policial falecido no desempenho de serviço forada sede de sua repartição.

Parágrafo único. A família do funcionário falecido emserviço na sede de sua repartição terá direito, dentro deseis meses após o óbito, a transporte para a localidade doterritório nacional em que fixar residência.

CAPÍTULO XIVDas Disposições Transitórias

Art. 70. A competência atribuída por esta Lei ao Pre-feito do Distrito Federal e ao Secretário de Segurança Pú-blica do Distrito Federal será exercida, em relação à Políciado Distrito Federal, respectivamente, pelo Presidente daRepública e pelo Chefe de Polícia do Distrito Federal, até31 de janeiro de 1966.

Art. 71. Ressalvado o disposto no art. 11 desta Lei,os funcionários do Departamento Federal de SegurançaPública e da Polícia do Distrito Federal, que se encontremà disposição de outros órgãos, deverão retornar ao exercí-cio de seus cargos no prazo máximo de trinta dias, conta-dos da publicação desta Lei.

Art. 72. O Poder Executivo, no prazo de noventa dias,contados da publicação desta Lei, baixará por decreto oRegulamento-Geral do Pessoal do Departamento Federalde Segurança Pública, consolidando as disposições des-ta Lei com as da Lei número 1.711, de 28 de outubro de1952, e legislação posterior relativa a pessoal.

Art. 73. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-cação.

Art. 74. Revogam-se as disposições em contrário.Brasília, 3 de dezembro de 1965; 144º da Independên-

cia e 77º da República.

H. CASTELLO BRANCOJuracy Magalhães

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d) No Direito Administrativo brasileiro, autarquiaconceitua-se como um patrimônio público dotadode personalidade jurídica para consecução de fi-nalidade especificada em lei.

e) A autarquia é concebida como pessoa jurídica des-tinada ao desenvolvimento de atividade econômi-ca pelo Estado, de modo descentralizado.

4. Julgue os itens. As autarquias caracterizam-sea) pelo desempenho de atividades tipicamente esta-

tais.b) por serem entidades dotadas de personalidades

jurídica de direito público.c) por beneficiarem-se dos mesmos prazos proces-

suais aplicáveis à Administração Pública centrali-zada.

d) como órgãos prestadores de serviços públicosdotados de autonomia administrativa.

e) por integrarem a Administração Pública centralizada.

5. Em decorrência da conformação constitucional dosprincípios da Administração, julgue os itens.a) Não pode o Judiciário avaliar o elemento moral do

ato administrativo discricionário, porque aquele seencontra no âmbito do mérito deste.

b) Há détournement de pouvoir ou desvio de poderquando o agente persegue finalidade de interessepúblico estranha à destinação do ato que praticou.

c) A Constituição não admite exceções ao princípioda legalidade.

d) A ação estatal lícita, harmônica com a Constitui-ção e com as leis, não fere o direito e, portanto, nãogera responsabilidade civil.

e) Supre a exigência de publicidade a divulgação dosatos administrativos na imprensa não-oficial, pelatelevisão ou pelo rádio, desde que em horário ofi-cial.

6. De acordo com o Direito Administrativo, a personali-dade jurídica de direito público é conferida a determi-nados entes, em razão do desempenho de funçãopública própria e típica. Diversamente à entidade seráatribuída personalidade jurídica de direito privado, emrazão do desempenho de função pública atípica, dele-gada pelo Estado. Em relação a esse tema, julgue osseguintes itens.a) A União é pessoa jurídica de direito público exter-

no.b) Os Estados e os Municípios são pessoas jurídicas

de direito público interno.c) As sociedades de economia mista, ao contrário das

empresas públicas, são pessoas jurídicas de direi-to privado.

d) As fundações públicas são pessoas jurídicas dedireito privado.

e) As autarquias e os partidos políticos são pessoasjurídicas de direito público interno.

7. Com relação ao fato administrativo, julgue os itensque se seguem.a) Pode ser entendido como realizado material da

Administração em decorrência de decisão admi-nistrativa.

b) Sob a ótica dos contratos administrativos, con-funde-se com o fato do príncipe, permitindo aocontratante particular, no regime da atual Lei deLicitações, invocar a exceptio non adimpleticontractus.

c) Assim como o ato administrativo, o fato adminis-trativo goza de presunção de legitimidade, a qual,no entanto, é juris tantum e não juris et de jure,podendo ser afastada por decisão em procedimen-to administrativo ou processo judicial.

d) O fato administrativo não é passível de anulaçãoou de revogação, mesmo quando decorrente dedecisão administrativa inconstitucional.

e) Os Tribunais de Contas, diferentemente do PoderJudiciário, podem e devem aquilatar o conteúdode discricionariedade do fato administrativo, noexame de sua economicidade, por expressa deter-minação constitucional.

8. A respeito dos atos administrativos, julgue os itensque se seguem.a) A nomeação de Ministro do Supremo Tribunal

Federal caracteriza um ato administrativo comple-xo.

b) A escolha do Diretor-Geral do Senado Federal ca-racteriza um ato administrativo discricionário.

c) O ato administrativo discricionário é insuscetívelde controle judicial.

d) A anulação do ato administrativo é o desfazimentodo ato inoportuno ou inconveniente, ou, em ou-tras palavras, é o desfazimento do ato por vício demérito.

e) Além da própria Administração, editora do ato, oPoder competente para a revogação do ato admi-nistrativo é o Judiciário.

9. Julgue os itens abaixo, quanto aos atos administrati-vos.a) Caso exista norma jurídica válida, prevendo que o

atraso no recolhimento de contribuição previ-denciária enseja multa de 5% calculada sobre ovalor devido, a aplicação desse dispositivo legalserá definida como atividade discricionária.

b) Segundo a lei e a doutrina majoritária, motivo, for-ma, finalidade, competência e objeto integram oato administrativo.

c) No Direito brasileiro, atos administrativos válidospodem ser revogados.

d) Mesmo que ditada pelo interesse público, a revo-gação de um ato administrativo que afete a relaçãojurídica mantida entre o Estado e um particular podegerar o dever de o primeiro indenizar o segundo.

e) Não cabe ao Judiciário indagar do objetivo visadopelo agente público ao praticar determinado ato,se verificar que o administrador atuou nos limitesde sua competência.

10. Ainda acerca dos atos administrativos, julgue os se-guintes itens.a) Em linha de princípio, o agente público carente de

competência para a prática de um certo ato podesubstituir o agente competente para tanto, desdeque ambos pertençam ao mesmo órgão ao qualestá afeto o conteúdo do ato a ser praticado.

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b) Em razão do princípio constitucional da legalida-de, a Administração Pública pode, unilateralmente– isto é, sem ouvir o particular – editar o ato admi-nistrativo II para revogar o ato administrativo I,que reconheceu, ao administrado, o preenchimen-to das condições para exercer um direito subjeti-vo, caso constate a ilicitude do ato I.

c) Ao Judiciário somente é dado anular atos adminis-trativos, não podendo revogá-los.

d) Um ato administrativo será válido, se preenchertodos os requisitos jurídicos para a sua prática,nada importando considerações morais a respeitodo seu conteúdo.

e) Sendo o ato administrativo legal, porém inconve-niente ou inoportuno, à Administração Pública édado anulá-lo.

11. Acerca do controle da Administração, julgue os itensseguintes.a) A revogação é privativa da própria Administra-

ção.b) O motivo da revogação é a inconveniência ou a

inoportunidade de um ato administrativo.c) A Administração, para anular ato administrativo,

depende de provocação do interessado.d) Todo ato administrativo ilegal tem, necessariamen-

te, de ser anulado e seus efeitos, em conseqüên-cia, excluídos do mundo jurídico.

e) Os tribunais de contas, órgãos do Poder Legis-lativo, podem, em certos casos, sustar a execuçãode atos administrativos que julgue ilegais.

12. Julgue os itens a seguir, a respeito dos atos adminis-trativos.a) Domina o Direito Administrativo o princípio da

supremacia do interesse público. Um de seuscorolários é o de que o ato administrativo, se atin-gir finalidade pública, não será passível de anula-ção por alegação de desvio de poder.

b) Havendo revogação da revogação do ato admi-nistrativo, este voltará a produzir efeitos tão-so-mente a partir da segunda revogação.

c) A despeito do princípio constitucional da inafasta-bilidade ou universalidade da jurisdição (“a lei nãoexcluirá da apreciação do Poder Judiciário lesãoou ameaça a direito”), nem todos os atos adminis-trativos os seus efeitos são passíveis de invalida-ção judicial.

d) De acordo com Seabra Fagundes, “administrar éaplicar a lei de ofício”: a administração não carecede ordens judiciais para agir, necessitando de re-curso ao Poder Judiciário apenas excepcionalmen-te. A executoriedade (ou auto-executoriedade) é arazão dessa característica do funcionamento daAdministração Pública e consiste em apanágio dosatos da administração em geral.

e) No Brasil, vigora o sistema inglês de controle dosatos da Administração Pública.

13. Julgue os itens. O ato administrativo normativoa) a despeito de seu conteúdo genérico, é sempre

passível de contraste por via de mandado de se-gurança, segundo a jurisprudência do STF, em facedo princípio da universalidade (ou inafastabilidade)da jurisdição.

b) quando omissa a lei, pode ser praeter legem, dis-pondo sobre qualquer matéria concernente à ativi-dade administrativa.

c) quando configura o chamado decreto autônomo,é aceito pela maioria da doutrina administrativabrasileira.

d) em razão da generalidade que caracteriza a lei strictosensu, deve sempre interpor-se entre a produção ea aplicação dela, a fim de que esta possa regular-mente ocorrer no âmbito da Administração Públi-ca.

e) quanto à forma, deve estar exclusivamente conti-do em decretos.

14. Acerca dos poderes da Administração Pública, jul-gue os itens a seguir.a) Considere que Cândido seja fiscal do Instituto Bra-

sileiro do Meio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenováveis (IBAMA), atuando na repressão à ex-ploração ilegal de madeiras, e que, pelas normasaplicáveis a seu trabalho, Cândido seja obrigado aapreender a madeira ilegalmente extraída que en-contrar no trabalho de fiscalização e a aplicar multaaos responsáveis pela extração e pelo transportedo madeirame. Assim, estes são exemplos de atosresultantes do poder discricionário que Cândidodetém.

b) O ato praticado no exercício de poder discricioná-rio é imune a controle judicial.

c) Considere a seguinte situação: Fátima é Delegadade Polícia Federal e Superintendente Regional daSR do DPF no Estado de Minas Gerais. Um servi-dor lotado naquela SR foi alvo de procedimentoadministrativo, por haver-se envolvido em vias defato com um colega, por discussão irrelevante. Pordelegação do Diretor do DPF, a Superintendenteaplicou ao servidor, após o devido processo legal,pena de suspensão por quinze dias. Em outra oca-sião, a Superintendente constatou que os atos ad-ministrativos praticados na SR freqüentemente apre-sentavam defeitos formais, o que a fez chamar aseu gabinete os servidores responsáveis e orientá-los, no exercício de coordenação e revisão pró-prias da Administração. Na situação apresentada,as medidas tomadas pela Superintendente sãoexemplos de atos praticados em decorrência do po-der disciplinar.

d) A hierarquia implica o dever de obediência do su-balterno, dever que, no entanto, não é absoluto.

e) A hierarquia implica, como regra geral, as faculda-des de o superior delegar ou avocar atribuições.

15. Com relação aos poderes da Administração Pública,julgue os itens seguintes.a) Nos sistemas administrativos hierarquizados, o

poder de delegação não precisa ser expresso nalei, a despeito do princípio da legalidade, que ca-racteriza a atividade administrativa.

b) Mesmo nos atos praticados no exercício de poderdiscricionário, há certos aspectos ou elementos doato que são vinculados.

c) Nos atos chamados vinculados, não existe espaçoalgum para a interferência de aspectos subjetivosdo agente público.

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d) A capacidade de avocar é inerente ao poder hierár-quico, de modo que o superior pode avocar quais-quer atos de competência do inferior.

e) A despeito do que diz Súmula do STF (“A Admi-nistração pode anular seus próprios atos, quandoeivados de vícios que os tornam ilegais, porquedeles não se originam direitos; ou revogá-los, pormotivos de conveniência e oportunidade, respei-tados os direitos adquiridos, e ressalvado em to-dos os casos a apreciação judicial.”), a revisão dosatos administrativos, com base no poder hierár-quico, não pode modificar, revogar ou anular to-dos os atos praticados pela administração pública(ou seus efeitos), ainda que respeitando os direi-tos adquiridos.

16. A respeito dos agentes públicos e dos poderes admi-nistrativos, julgue os itens abaixo.a) Considere a seguinte situação: Lucíola é servidora

pública, encarregada de dar seqüência a procedi-mentos administrativos no órgão em que trabalha.Em um determinado dia, ela chegou de mau humorà repartição e resolveu que nada faria com os au-tos sob sua responsabilidade, deixando para dar,no dia subseqüente, o andamento devido a eles, oque realmente fez. Os autos administrativos sofre-ram apenas o atraso de um dia em seu processa-mento, e ninguém chegou a sofrer prejuízo em ra-zão disso. Na situação descrita, Lucíola, juridica-mente, não infringiu seus deveres funcionais.

b) Considere a seguinte situação: Ana é Delegada dePolícia Federal e tem, sob sua responsabilidade,diversos bens de alto valor apreendidos em açõespoliciais. Em certa e recente ocasião, em um dia dedomingo em que estava escalada para trabalhar,Ana chegou cansada à repartição policial, devidoà festa de aniversário a que compareceu na véspe-ra e que se prolongou noite adentro. Ana dormiudurante boa parte de seu horário de trabalho nessedia e, com isso, culposamente, propiciou que João,desonesto servidor do DPF, surrupiasse algunsdos bens sob custódia da referida servidora. Aautoria da subtração jamais foi descoberta, con-cluindo-se pela culpa da Delegada. Na situaçãodescrita, a ação de indenização cabível contra Ana,para ressarcimento do erário, poderá ser ajuizadaindependentemente de prazo.

c) Considere a seguinte situação: Ricardo é fiscal sa-nitário e, em operação de rotina, constatou quedeterminado estabelecimento comercial vendia ali-mentos impróprios para consumo. Segundo anormatização aplicável, competiria ao fiscal ape-nas apreender o produto e aplicar multa ao respon-sável. Ricardo, no entanto, acreditando que suaação seria mais eficaz, também interditou o estabe-lecimento. Na situação descrita, a interdição é juri-dicamente inválida.

d) Considere a seguinte situação: uma lei permite aosestados da Federação a emissão de títulos da dívi-da pública, cujo produto da venda deverá ser, emrazão do mesmo instrumento normativo, aplicadoexclusivamente nos serviços de saúde e educa-ção. O governador de determinado estado delibe-

rou emitir tais títulos, mas, devido às dificuldadespor que passavam as finanças públicas estaduais,determinou a utilização dos recursos oriundos danegociação dos títulos no pagamento de dívidaspara com fornecedores do estado e de vencimen-tos dos servidores públicos. Na situação descrita,como foi atendido interesse público, a utilizaçãodos recursos foi juridicamente válida.

e) O poder de polícia é conferido à administraçãopública, decorre da supremacia do interesse públi-co sobre o particular e implica a limitação de certosdireitos dos cidadãos; entretanto, o exercício daatribuição de polícia pode ser delegado.

17. Quanto à disciplina dos servidores regidos pelo Re-gime Jurídico da União (Lei nº 8.112/90), julgue ositens.a) Alcança tanto os servidores públicos das autar-

quias federais quanto os das fundações públicasfederais.

b) Prevê expressamente a aposentadoria por invalidez,com proventos integrais, nos casos de síndromede imunodeficiência adquirida (Sida/Aids).

c) Prevê pagamento, apenas para as servidoras, deauxílio-natalidade, por motivo de nascimento ouadoção.

d) Determina que o provento proporcional de apo-sentadoria não seja inferior a 3/5 (três quintos) daremuneração da atividade.

e) Determina que o servidor aposentado com proven-to proporcional ao tempo de serviço que vier a seracometido por hanseniase passe a perceberprovento integral.

18. Na análise dos atos relativos a pessoal, inclusive parafins de registro, os Tribunais de Contas devem consi-derar certas regras. Com relação a essas regras, jul-gue os itens a seguir.a) O Supremo Tribunal Federal admite o provimento

derivado de cargo público.b) O Supremo Tribunal Federal admite que a União

mantenha sistema de investidura derivada horizon-tal (transferência).

c) Os estados-membros podem estabelecer mecanis-mos de investidura derivada vertical, como a as-censão, o acesso e a transposição.

d) No TCU, a análise do ato sujeito a registro nãogera instauração de tomada de contas especial.

e) Ante a vigente Constituição, não mais se admitemlimitações a livre acessibilidade dos brasileiros aoscargos públicos em razão do sexo ou da idade (sal-vo, neste caso, em decorrência de normas da pró-pria Constituição).

19. A Constituição da República prevê a possibilidadede o servidor público civil exercer o direito de greve.Passado o mês de janeiro de 1997, sem que tenhahavido o reajuste anual de vencimentos, os funcioná-rios do Poder Executivo federal, cientes daquela ino-vação constitucional, decidem deflagrar um movimen-to paredista. O Ministério da Administração Federal eReforma do Estado (MARE), todavia, determina o cortedo ponto dos grevistas e a aplicação das sanções

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adequadas às situações de ausência ao serviço. Emface da situação apresentada, considerando o atualquadro legislativo brasileiro, julgue os seguintes itens.a) É correta a atitude do Mare, pois, com base no

entendimento dos Tribunais Superiores, não po-diam os servidores entrar em greve.

b) Cabia aos servidores impetrar mandado de segu-rança, com o escopo de garantir o direito ao reajus-te de vencimentos na data-base, segundo entendi-mento jurisprudencial recentemente firmado.

c) Os servidores que não tiverem aderido à paralisa-ção poderão perceber, durante o período de greve,adicional por serviço extraordinário (horas extras).

d) Os danos ao erário provocados pelos grevistaspoderão ser objeto de ação, imprescritível, de res-sarcimento.

e) Os ocupantes de cargos em comissão deverão serdemitidos.

20. Ainda a respeito do servidor público, julgue os itensabaixo.a) O princípio da não-cumulatividade das sanções,

aplicável aos servidores públicos, significa que aimposição de sanção penal por cometimento decrime praticado por servidor público, na qualidadede agente administrativo, afasta a responsabilida-de administrativa.

b) Absolvido o servidor público de imputação decometimento de crime, por negativa da existênciado fato ou por negativa de autoria, afastada estaráa responsabilidade administrativa.

c) No processo administrativo disciplinar, nunca há aoportunidade de prova testemunhal, pois, sendo aatividade administrativa formal, todo o ato admi-nistrativo irregular provar-se-á sempre mediantedocumento.

d) A conjugação dos princípios da verdade material eda legalidade, aplicáveis ao processo administrati-vo, pode, excepcionalmente, afastar a audiência dointeressado, mas nunca o acesso ao Judiciário.

e) Após dois anos de efetivo exercício, o servidorpúblico nomeado em virtude de aprovação em con-curso público torna-se estável, só perdendo o car-go, a partir de então, em razão de sentença judicialtransitada em julgado.

21. Com relação aos servidores públicos, julgue os itensque se seguem.a) A nacionalidade brasileira, a idade mínima de

dezesseis anos e a aptidão física e mental são al-guns requisitos básicos para a investidura em car-go público.

b) A feição hierarquizada da Administração Públicaimpõe que o servidor cumpra as ordens superio-res, mesmo que manifestamente ilegais.

c) O servidor público pode atuar em repartições pú-blicas como procurador ou intermediário de cônju-ge, quando se tratar de benefício previdenciário.

d) O exercício irregular das atribuições do cargo podeacarretar responsabilidade civil e administrativa doservidor público.

e) A lei impõe expressamente os seguintes deveresao servidor público: sigilo acerca de assuntos darepartição, conservação do patrimônio público elealdade à instituição.

22. A Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que dispõesobre o Regime Jurídico (RJ) dos servidores públicoscivis federais, sofreu diversas e profundas alteraçõescom a conversão da Medida Provisória nº 1.573, esuas diversas reedições, na Lei nº 9.527, de 10 de de-zembro de 1997. Acerca dessas alterações, julgue ositens abaixo.a) Apenas os servidores da União e das autarquias,

federais passam a ser regidos pelo RJ, os emprega-dos de empresas públicas, sociedades de econo-mia mista e fundações públicas serão regidos peloregime celetista.

b) A ascensão e o acesso, que já haviam sido decla-rados inconstitucionais pelo STF, foram excluídosdo RJ.

c) Da data da posse, o servidor deverá entrar em exer-cício no prazo de quinze dias, improrrogáveis.

d) O estágio probatório para servidor nomeado paracargo de provimento efetivo passa a ser de trintameses.

e) Passa a ser admitida a demissão de servidor está-vel em decorrência de número excessivo de servi-dores.

23. Em face das regras constantes no RJ dos servidorespúblicos civis da União acerca das suas responsabi-lidades civil, penal e administrativa, julgue os itensseguintes.a) Considere que tenha sido instaurado, contra ser-

vidor, processo penal pelo cometimento de crimecontra a Administração Pública, e que este foi ab-solvido pela negativa de autoria. Em face dessasituação, a responsabilidade administrativa do ser-vidor ficará automaticamente afastada.

b) Caso o servidor público a quem se imputou o de-ver de indenizar prejuízo causado ao erário venhaa falecer, essa obrigação de reparar o dano poderáser estendida aos sucessores.

c) As sanções civis, penais e administrativas nãopoderão ser cumuladas, a fim de se evitar múltiplapunição.

d) Condenado criminalmente o servidor por fato quecausou prejuízo a terceiro, a vítima do dano deverádemandar a indenização apenas do servidor, res-tando de pronto afastada a responsabilidade civilda administração.

e) A responsabilidade civil do servidor decorrerá ape-nas de ato doloso, seja este comissivo ou omissivo.

24. A responsabilidade civil da Administração Pública,disciplinada pela Constituição Federal em seu art. 37,§ 6º, passou por diversas etapas até chegar ao seuestágio atual de evolução. De uma fase inicial em queo Estado não respondia pelos prejuízos causados aosparticulares, a responsabilidade civil da Administra-ção Pública obedece atualmente a regras especiais deDireito Público. A respeito desse tema, julgue os itensa seguir.a) Vigora no Brasil, como regra, a teoria do risco inte-

gral da responsabilidade civil.b) Quando demandado regressivamente, o agente

causador do prejuízo responderá de forma objeti-va perante a Administração Pública.

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c) Em face de prejuízos causados a particulares, asempresas privadas prestadoras de serviços públi-cos submetem-se às mesmas regras de responsa-bilidade civil aplicáveis aos entes públicos.

d) Será subjetiva a responsabilidade civil do Estadopor acidentes nucleares.

e) Ainda que se comprove erro judiciário, o Estadonão estará obrigado a indenizar o condenado, hajavista a sentença judicial não possuir natureza deato administrativo.

25. Fernanda, Delegada de Polícia Federal, comanda umaequipe que está em perseguição automobilística a umaquadrilha de traficantes internacionais de crianças.Ambos os veículos – o do DPF e o dos delinqüentes– trafegam em velocidade relativamente elevada emzona urbana. Durante a perseguição, Lúcia, Agentede Polícia Federal, que conduzia a viatura policial, ape-sar de toda a cautela com que dirigia, não conseguiuevitar colisão com o automóvel de Francisca, cidadãque trafegava em uma das vias pelas quais passaramos automóveis envolvidos na perseguição. O auto-móvel de Francisca sofreu danos materiais e a filhamenor dela, lesões corporais graves. Ao final do com-petente procedimento administrativo, instaurado paraapurar esses fatos, concluiu-se que Fernanda e Lúcianão agiram com culpa.Em face da situação apresentada e considerando asnormas aplicáveis à responsabilidade do Estado e deseus agentes, julgue os itens a seguir, observando,em cada um, apenas os aspectos especificamente in-dicados.a) A União poderá ser civilmente responsabilizada

pelos danos materiais causados à propriedade deFrancisca.

b) Ainda que estejam corretas as conclusões do pro-cedimento administrativo, Fernanda poderá ser ci-vilmente responsabilizada pelos danos materiaiscausados à propriedade de Francisca.

c) Ainda que estejam corretas as conclusões do pro-cedimento administrativo, Lúcia poderá ser civil-mente responsabilizada pelos danos materiais cau-sados à propriedade de Francisca.

d) Se Lúcia fosse penalmente condenada pelas lesõescorporais causadas à filha de Francisca, as conclu-sões do procedimento administrativo estariam pre-judicadas, para efeito de responsabilidades civil epenal.

e) Independentemente das responsabilidades civil epenal e ainda que seja absolvido em relação a es-tas, o agente público pode, dependendo do casoconcreto, ser responsabilizado na esfera adminis-trativa.

26. Acerca do Regime Jurídico dos Servidores Civis daUnião, instituído com a Lei nº 8.112, de 11 de dezem-bro de 1990, julgue os seguintes itens.a) Apenas o cidadão, pessoalmente, pede tomar pos-

se em cargo público, sendo vedada a posse porprocuração.

b) O indivíduo considerado mentalmente inapto nãopode, pela lei, tomar posse em cargo público.

c) Após a posse, o servidor terá até sessenta diaspara entrar em exercício.

d) Sempre que o servidor for transferido, removido,redistribuído, requisitado ou cedido, devendo, emrazão disso, ter exercício em outra sede, deverá ini-ciar o trabalho imediatamente após o período estri-tamente necessário ao deslocamento para a novalocalidade.

e) O ocupante de cargo em comissão tem o dever detrabalhar unicamente até o máximo de quarentahoras semanais, ressalvado o disposto em lei es-pecial.

27. Lúcio foi aprovado em concurso público para o cargode Agente de Polícia Federal. Tomou posse e, no pra-zo legal, entrou em exercício. Durante o estágioprobatório, verificou-se que Lúcio infringiu, sistema-ticamente, o dever de assiduidade, o que foi apuradona avaliação final desse período. Considerando essequadro e à luz da Lei nº 8.112/90, julgue os itens quese seguem.a) Ao cabo do estágio probatório, Lúcio poderá ser

exonerado, em razão da infringência ao dever legalde assiduidade.

b) Se Lúcio fosse servidor estável da AdministraçãoPública federal antes da posse no novo cargo, nãoseria afastado do serviço público devido à repro-vação no estágio probatório. Nesse caso, seriareconduzido ao cargo que anteriormente ocupava.

c) O período de avaliação conhecido como estágioprobatório dura, no máximo, trinta meses.

d) Caso Lúcio adquirisse estabilidade no novo car-go, só mediante sentença judicial poderia perdê-lo.

e) A indisciplina, a falta de tentativa, a deficiência deprodutividade e a ausência de responsabilidadesão causas que podem levar o servidor à reprova-ção do estágio probatório.

28. Acerca do regime jurídico dos servidores públicoscivis, julgue os itens que se seguem.a) A ação de responsabilidade civil do servidor, por

dano ao erário, é imprescritível, a despeito da sis-temática e da tradição geral do Direito brasileiro.

b) Se a Administração apurar, a qualquer momento,que a conduta de serviço público apresenta indí-cios de ilicitude penal, deverá remeter ao Ministé-rio Público cópia dos autos do inquérito, mas ape-nas quando de sua conclusão.

c) As sanções punitivas disciplinares previstas naLei nº 8.112/90 estão indicadas em escala ascen-dente de gravidade (advertência, suspensão e de-missão, para os servidores da ativa; cassação deaposentadoria ou disponibilidade, para os inati-vos; e destituição de cargo ou função comissionada,nos casos de comissionamento). Essas puniçõesnão podem ser aplicadas per saltum, devendo sem-pre a mais grave ser aplicada em caso de reincidên-cia em infração menos grave.

d) O Direito Administrativo disciplinar baseia-se emcerto grau de discricionariedade, tanto que nelenão se aplica rigorosamente o princípio datipicidade, próprio do Direito Penal, uma vez queas infrações disciplinares não são necessariamen-te descritas de modo preciso. Não obstante, desdeque seja regularmente apurado o cometimento deilícito disciplinar, não há margem para que a autori-

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1. F, F, F, F, V 2. F, F, F, F, V 3. V, F, V, F, F 4. V, V, V, F, F 5. F, V, F, F, F 6. F, V, F, F, F 7. V, F, F, F, F 8. V, V, F, F, F 9. F, V, V, V, F10. F, F, V, F, F11. V, V, F, F, V12. F, V, V, F, V13. F, F, F, F, F14. F, F, F, V, V15. V, V, F, F, F16. F, V, V, F, V17. V, V, F, F, V18. V, F, F, F, F19. V, F, V, V, F20. F, V, F, F, F21. F, F, V, V, V22. F, V, V, F, F23. V, V, F, F, F24. F, F, V, F, F25. V, F, F, V, V26. F, V, F, F, F27. V, V, F, F, V28. V, F, F, V, F29. F, F, F, F, V30. V, V, F, V, V

dade administrativa deixe de aplicar a sanção cor-respondente e, se for o caso, de comunicá-la aoMinistério Público, porque, para esse fim, não hádiscricionariedade.

e) A liquidação administrativa da responsabilidadedo servidor por dano ao erário deve, necessaria-mente, dar-se mediante o desconto mensal de par-celas não-excedentes a décima parte da remunera-ção ou provento, em valores atualizados.

29. Julgue os itens abaixo relativos ao regime jurídico dosservidores públicos civis.a) São formas de provimento de cargo público, valida-

mente aplicáveis no Direito brasileiro, as previstasna Lei nº 8.112/90, a saber: nomeação, promoção,ascensão, transferência, readaptação, reversão, apro-veitamento, reintegração e recondução.

b) A Lei nº 8.112/90, baniu do Direito Administrativobrasileiro a exigência de exame psicotécnico, que,por conseguinte, não mais pode ser exigido doscandidatos a cargos públicos.

c) A Constituição da República estabelece como fun-damental o direito de petição, que se aplica, tam-bém, aos servidores públicos, inclusive para o re-querimento de interesses patrimoniais e créditosresultantes da relação de trabalho. Nestes casos,aplica-se, a favor da Administração, o prazo geralde prescrição dos direitos pessoais, que é vintená-rio, conforme estipulado no Código Civil.

d) Tendo em vista as circunstâncias especiais do casoconcreto e a relevância do objeto da petição doservidor, a autoridade administrativa pode relevara prescrição.

e) Em relação à responsabilidade do servidor, vigoraa independência entre as esferas civil, penal e ad-ministrativa, que, no entanto, cede em certos ca-sos, nos quais há prejudicialidade de uma sobreoutra esfera.

30. A seguridade social do servidor público civil é regu-lada pela Lei nº 8.112/90. Com base nessa disciplinalegal, julgue os itens que se seguem.a) O auxílio-natalidade é devido à servidora pública

por motivo de nascimento do filho, mas será devi-do, também, ao servidor do sexo masculino, se aparturiente – sua esposa ou companheira – não forservidora pública.

b) A pensão devida à filha de um servidor públicofalecido é temporária; somente na hipótese deinvalidez, o pagamento da pensão prosseguirá apósa beneficiária atingir vinte e um anos de idade.

c) A quantia paga a título de pensão por morte equi-vale, no início, ao montante dos proventos com osquais o servidor público era remunerado em vida.O reajustamento do benefício, contudo, dar-se-ános percentuais e datas definidos para os demaisaposentados e pensionistas da Previdência Social.

d) A família do servidor condenado só não terá direi-to ao auxílio-reclusão – enquanto perdurar o afas-tamento do servidor, por estar recolhido em esta-belecimento prisional – na hipótese de a pena im-posta, em sentença transitada em julgado, incluir aperda do cargo.

e) Não é devido o auxílio-funeral ao servidor em virtu-de do falecimento de algum de seus dependentes.