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Ano: 2008 1 MANUAL TÉCNICO Técnico de Segurança do Trabalho 1 o período Legislação e Normas Professor: Renato Horta

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Page 1: Apostila TST 1o - Prof. Renato Horta · Ano: 2008 1 MANUAL TÉCNICO Técnico de Segurança do Trabalho 1o período Legislação e Normas

Ano: 2008 1

MANUAL TÉCNICO Técnico de Segurança do Trabalho

1o período

Legislação e Normas

Professor: Renato Horta

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Índice

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1. Introdução ao Curso de TST

A preocupação com a saúde do empregado possui guarida legal em nossa Constituição Republicana e em demais normas legais e infralegais. Segundo Cesariano Jr, em sua obra Direito Social Brasileiro, v. 02, há que se traçar diferença entre higiene e medicina do trabalho: “A medicina do trabalho compreende o estudo das formas de proteção à saúde do trabalhador enquanto no exercício do trabalho, indicando medidas preventivas (higiene do trabalho) e remediando os efeitos através da medicina do trabalho propriamente dita.” A segurança do trabalho, por seus aspectos técnicos, em face da ação traumática e não patogênica pertence à engenharia do trabalho, a técnicos especializados e visa efetivamente evitar acidentes. 1.1.Conceito de segurança do trabalho É a ciência que visa reconhecer, avaliar e encontrar os perigos e conseqüentemente os riscos potenciais, inerentes aos processos de trabalho. 1.2.Exercício da profissão Para exercer a profissão de TST é necessária formação acadêmica e o registro no MTb, na forma descrita na Portaria no 262 de 29/05/2008.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO GABINETE DO MINISTRO

PORTARIA Nº 262 DE 29 DE MAIO DE 2008 (DOU de 30/05/2008 – Seção 1 – Pág. 118)

O MINISTRO DO TRABALHO E EMPREGO, no uso das atribuições que lhe conferem o inciso II do parágrafo único do art. 87 da Constituição Federal, o art. 3º da Lei n.º 7.410, de 27 de novembro de 1985, e o art. 7º do Decreto n.º 92.530, de 9 de abril de 1986, resolve: Art. 1º O exercício da profissão do Técnico de Segurança do Trabalho depende de prévio registro no Ministério do Trabalho e Emprego. Art. 2º O registro profissional será efetivado pelo Setor de Identificação e Registro Profissional das Unidades Descentralizadas do Ministério do Trabalho e Emprego, mediante requerimento do interessado, que poderá ser encaminhado pelo sindicato da categoria. § 1º O requerimento deverá estar acompanhado dos seguintes documentos: I – Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS, para lançamento do registro profissional; II – cópia autenticada de documento comprobatório de atendimento aos requisitos constantes nos incisos I, II ou III do artigo 2º da Lei n.º 7.410, de 27 de novembro de 1985; III – cópia autenticada da Carteira de Identidade (RG); e

IV – cópia autenticada do comprovante de inscrição no Cadastro de Pessoa Física (CPF). § 2º A autenticação das cópias dos documentos dispostos nos incisos II, III e IV poderá ser obtida mediante apresentação dos originais para conferência na Unidade Descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego. Art. 3º Permanecerão válidos os registros profissionais de técnico de segurança do trabalho emitidos pela Secretaria de Inspeção do Trabalho - SIT. Art. 4º Os recursos interpostos em razão de indeferimento dos pedidos de registro pelas unidades descentralizadas serão analisados pelo Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho – DSST, da SIT. Art. 5º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. Art. 6º Ficam revogadas a Portaria SNT n.º 4, de 6 de fevereiro de 1992; a Portaria DNSST n.º 01, de 19 de maio de 1992; e a Portaria SSST n.º 13, de 20 de dezembro de 1995, que deu nova redação à Norma Regulamentadora – NR 27.

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2. Controle de qualidade Os anos 90 caracterizaram-se como a era da informação, da aprendizagem e da criatividade. Estas características fornecem vantagem competitiva as prestadoras de serviços e produtoras de bens de consumo. Com a maior informação é possível ao adquirente de produto ou serviço avaliar de forma objetiva e variada a qualidade daquilo que adquirir, bem como aos produtores e prestadores de serviço acerca das necessidades do mercado e das novas técnicas existentes. Com o mercado competitivo aliado a informação farta a qualidade do material oferecido torna-se o grande diferencial, quebrando o anterior paradigma até então vigente que era apoiado na produção de massa e de qualidade duvidosa. A proposta da gestão da qualidade total atende aos requisitos exigidos pela nova postura mundial. Se a empresa precisa mudar a sua forma de realizar coisas é preciso mudar as pessoas que nela trabalham, ou seja, é preciso que cada uma delas invistam arduamente no seu processo de mudança. O primeiro passo de qualquer processo de mudança é conhecer os porquês. Se for necessário que as pessoas mudem e adotem posturas no sentido de implantar na empresa um sistema de qualidade, é preciso que primeiramente se explique a elas o que é qualidade e porque qualidade é condição de permanência no mercado. 2.1. Redução de custo A empresa que implanta a Qualidade Total pode reduzir significativamente seus custos de produção, seja pela redução de desperdícios e retrabalho, seja pela racionalização dos processos, ou ainda eliminação de controles desnecessários e burocracia. 2.2. Competitividade Somando-se os fatores já mencionados, a empresa pode tornar-se altamente competitiva, fornecendo produtos e serviços de alta qualidade e a preços mais baixos. 2.3. Prática Praticar um bom controle da qualidade é desenvolver, projetar, produzir e comercializar um produto de qualidade que seja mais econômico, mais útil e sempre satisfatório para o consumidor. Para atingir este objetivo, todos na empresa precisam trabalhar juntos. Os seguintes itens formam o conceito de controle de qualidade total: Orientação pelo cliente; Qualidade em primeiro lugar; Ação orientada por prioridades; Ação orientada por fatos e dados; Controle de processos; Controle de dispersão; Controle a montagem;

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Ação de bloqueio; Respeito pelo empregado como Ser humano; Comprometimento da alta direção. 2.4. A gestão de qualidade total A gestão pela qualidade total significa criar, intencionalmente, uma cultura organizacional em que todas as transações são perfeitamente entendidas e corretamente realizadas e onde os relacionamentos entre funcionários, fornecedores e clientes são bem-sucedidos (Crosby, 1998). Sob o ponto de vista mais amplo, a gestão de qualidade total não é apenas uma coleção de atividades, procedimentos e eventos. É baseada em uma política inabalável que requer o cumprimento de acordos com requisitos claros para as transações, educação e treinamento contínuos, atenção aos relacionamentos e envolvimentos da gerencia nas operações, seguindo a filosofia da melhoria contínua. A gestão pela qualidade total é uma abordagem abrangente que visa melhorar a competitividade, a eficácia e a flexibilidade de uma organização por meio de planejamento, organização por meio de planejamento, organização e compreensão de cada atividade, envolvendo cada individuo em cada nível. É útil em todos os tipos de organização. 2.5. Princípios da qualidade total a) total satisfação dos clientes; b) desenvolvimento de recursos humanos; c) constância de propósitos; d) gerencia participativa; e) aperfeiçoamento contínuo; f) garantia da qualidade; g) delegação; h) não aceitação dos erros; i) gerencia de processos; j) disseminação de informações. 2.6. Principais conceitos genéricos a) Qualidade: Conjunto de características contidas num produto ou serviço que atende e, por vezes, supera as expectativas dos clientes. Engloba: qualidade intrínseca, preço adequado, prazo adequado e pós-venda ou pós-transação. b) Produtividade: Redução do tempo e/ou custo na execução de um serviço ou elaboração de um produto, com a manutenção dos níveis de qualidade, sem acréscimo de mão-de-obra. c) Competitividade: Produtos ou serviços de qualidade superior e/ou de custo menor que os dos concorrentes nacionais e internacionais.

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2.7. Gestão da rotina Na gestão pela qualidade total a gestão de rotina é o gerenciamento das tarefas diárias, a nível operacional, realizado por todos os funcionários de uma organização, tendo como base o ciclo PDCA. Através do gerenciamento da rotina podem ser obtidas confiabilidade, padronização e delegação. Algumas ferramentas da gestão de qualidade total ajudam na gestão da rotina, dentre as quais destacamos: a) PDCA; b) MASP; (método de análise de problemas) c) Programa 5S; d) CCQ. (círculo de controle de qualidade) Neste momento daremos ênfase a dois dos mais conhecidos métodos de gestão de qualidade, sejam eles: PDCA e 5S.

2.7.1. PDCA Criado nos Estados Unidos, é um método gerencial de tomada de decisões para garantir o alcance das metas necessárias à sobrevivência de uma organização. Consiste nas seguintes etapas: P = Plan = planejar D = Do = executar C = Check = verificar A = Action = tomar ações corretivas ou de padronização Na etapa de planejamento, devemos ter claros nossos objetivos, as metas e os métodos para alcançar essas metas. Na etapa de execução, se necessário, deve haver treinamentos para todos os envolvidos no processo. A etapa seguinte, Verificar, poderá não ser alcançada, ficando o PDCA incompleto, pois pode ocorrer de não há verificação dos resultados obtidos após a execução do que foi planejado. Caso isso ocorra, deve-se passar a etapa seguinte e tomar ações corretivas sobre a inexistência de resultados e iniciar um novo PDCA. A partir da verificação pode ser feito um novo planejamento que leve em conta as deficiências do planejamento anterior. Caso na verificação as metas tenham sido atingidas, as ações que levaram à esses resultados podem tornar-se referencia (padrão). Determinar falhas na etapa P do ciclo PDCA custa muito pouco que detecta-las na etapa C, portanto, um planejamento criterioso e participativo, em todos os níveis da organização, é uma das bases da qualidade total. O ciclo PDCA é usado tanto na gestão da rotina, quanto na gestão da melhoria (SDCA), quanto na gestão da melhoria, conforme o gráfico abaixo.

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2.7.2. Programa 5S

Criado no Japão, esse programa pode ser conhecido com outros nomes, porém 5S é o mais utilizado e vem das iniciais das cinco técnicas que o compõe: Seiri = organização, liberação da área; Seiton = ordem, arrumação; Seiso = limpeza; Seiketsu = padronização, asseio, saúde; Shitsuke = disciplina, autodisciplina. O 5S pode ser implantado como um plano estratégico que, ao longo do tempo, passa a ser incorporado na rotina, contribuindo para a conquista da qualidade total e tendo como vantagem o fato de provocar mudanças comportamentais em todos os níveis hierárquicos. A qualidade total é um processo e não um fato que possa ser considerado concluído. Numa primeira etapa é necessário estabelecer a ordem para então buscar a qualidade desejada. Para estabelecer a ordem usamos o 5S. Alguns objetivos desse programa são: Melhoria do ambiente de trabalho; Prevenção de acidentes;

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Incentivo à criatividade; Redução de custos; Eliminação de desperdícios; Desenvolvimento do trabalho em equipe; Melhoria das relações humanas; Melhoria da qualidade de produtos e serviços. Para implantar o 5S é necessário a definição de um gestor ou comitê central que deve ter capacidade de liderança e conhecimento dos conceitos que fazem parte desse programa. É função do gestor: Criar a estrutura para implantar o 5S; Elaborar o plano diretor; Treinar líderes; Promoção integrada do 5S. A implantação do sistema 5S deve ser anunciada oficialmente com fim de dar publicidade e criar expectativa transformista além de poder cobrar a sua efetivação já que será de conhecimento de todos.

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3. ISO ISO significa Organização Internacional de Normas localizada em Genebra, Suíça. A sigla ISO é uma referencia à palavra grega que significa igualdade. O propósito da ISO é desenvolver e promover normas e padrões mundiais que traduzam o conhecimento dos diferentes países do mundo de forma a facilitar o comércio internacional. A ISO tem 130 países membros. A ABNT é a representante brasileira.

3.1. ISO 9000 A ISO 9000 é uma série de 4 normas internacionais para “Gestão da qualidade” e “Garantia da qualidade”. Ela não é destinada a um “produto” nem para alguma industria especifica. Tem como objetivo orientar a implantação de sistemas de qualidade nas organizações. A série 9000 é composta por: ISO 9000 – fundamentos e vocábulos ISO 9001 – sistemas de gerenciamentos da qualidade – requisitos ISO 9004 – sistema de gerenciamento da qualidade – guia para melhoramento de performance ISO 19011 – auditorias internas da qualidade e ambiental. As séries ISO são revisadas a cada 5 anos. Após a empresa ser certificada o prazo do certificado é de três anos devendo ser renovado posteriormente. Além disso, em prazo não superior a 12 meses são realizadas avaliações para verificar se ele continua a atender aos requisitos da norma. O certificado poderá não ser revalidado se a organização deixar de cumprir os requisitos. Para a manutenção do sistema implantado é necessário um plano de auditorias internas. Para isso precisamos formar os auditores internos. Criada as auditorias estas indicarão pontos do sistema que não estão sendo seguidos e, portanto, precisam ser melhorados. Apontados os gargalos devem-se tomar as medidas corretivas que vão introduzir as melhorias no sistema. Sua correta implantação vai melhorar os indicadores da organização. É o tópico que assegura o retorno do investimento feito através da redução do re-trabalho. Acreditando estar credenciada a empresa irá escolher a Entidade Certificadora. Cada Entidade possui um perfil, devendo ser escolhida aquela que identificar a expectativa do cliente. 3.2. Objetivo A ISO 9000 visa a redução de desperdícios, maior eficiência da mão-de-obra e maquinaria, análise de segurança e melhoria das relações de mercado, proporcionando aumento da produtividade e maximização dos lucros. Outro objetivo relevante é garantir ao mercado mundial a qualidade do produto ou serviço a ser adquirido em qualquer lugar do planeta.

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3.3. ISO 9000 : Revisão 2000

As normas ISO como dito acima, estão sujeitas a passarem por um ciclo de revisão a cada 5 anos para se aprimorarem, acompanhando assim, a evolução do mercado. A Revisão 2000 busca a simplificação do sistema de gestão, para que se torne mais prático, semelhante aos modelos japoneses (5S). A revisão também objetiva a redução de número de normas ISO 9000 e a maior compatibilidade entre as normas ISO em geral, para facilidade de adoção de sistemas integrados de gestão. A nova norma terá como embasamento o ciclo PDCA que possibilita a prevenção de erros e implantação de ações buscando a solução para problemas no sistema. Dessa forma se incentivaria a melhoria continuada, uma das principais criticas do atual sistema. 3.4. Prêmios de qualidade A ISO 9000 deve ser considerada como requisitos mínimos para um Sistema da Qualidade. Implantar a ISO 9000 não significa automaticamente ter padrão elevado de qualidade. Depende da forma como foi implantado. Ter o sistema de qualidade certificado pela ISO 9000 significa que todos os processos da organização são executados de forma controlada. Os prêmios nacionais de qualidade, como por exemplo, o brasileiro (PNQ), o americano (Prêmio Malcolm Baldrige) e o japonês (Prêmio Deming) têm requisitos de avaliação muito mais exigentes para avaliar organizações consideradas de Classe Mundial. Organizações que tem sistema de qualidade certificada pela norma ISO 9000 tem de 30 a 50% dos pontos requeridos por esses prêmios. O procedimento completo poderão ser encontrados no site oficial da ABNT: http://www.abnt.org.br/IMAGENS/CERTIFICACAO/pg-02.05__avaliacao_da_conformidade.pdf

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4. Riscos na segurança do trabalho Observando o aspecto legal do exercício da Segurança do Trabalho por profissional habilitado, cabe, no entanto, aos demais profissionais o conhecimento das normas relativas à segurança para um bom entrosamento habilitado, na busca de minimizar os riscos existentes na relação da atividade laboral. A nossa Constituição Federal em seu artigo 7o, inciso XXII, assim enuncia: “Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança” Desta forma temos que, a norma admite que ao trabalho estão associados riscos e que se deve trabalhar para minimiza-los. As normas fixadas na lei visam justamente atuar nas condições e no ambiente de trabalho, bem como nos procedimentos necessários para a realização da atividade, para que os riscos a saúde do trabalhador no desempenho de suas funções sejam minimizados. 4.1. Acidente: Acidente do trabalho é aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, ou perda, ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Integra o conceito de acidente o fato lesivo à saúde física ou mental, o nexo causal entre este e o trabalho e a redução da capacidade laborativa. É preciso que, para a existência do acidente do trabalho, exista um nexo entre o trabalho e o efeito do acidente. Esse nexo de causa-efeito é tríplice, pois envolve o trabalho, o acidente, com a conseqüente lesão, e a incapacidade, resultante da lesão. Deve haver um nexo causal entre o acidente e o trabalho exercido. Inexistindo essa relação de causa-efeito entre o acidente e o trabalho, não se poderá falar em acidente do trabalho. Mesmo que haja lesão, mas que esta não venha a deixar o segurado incapacitado para o trabalho, não haverá direito a qualquer prestação acidentária. A diferença entre acidente do tipo próprio para o impróprio é que enquanto no próprio o acidente resulta de causa direta (perder a mão numa serra), no impróprio a causa e o efeito estão ligados, só que indiretamente, como no caso de doenças. Quanto às causas podem ser divididas em direta ou indireta: Impróprio: a) Doença profissional: é aquela desempenhada pelo exercício do trabalho característico de uma atividade, como por exemplo, a tendinite em digitadores; b) Doença do trabalho: é aquela adquirida em função das condições em que o trabalho é realizado, como por exemplo, a surdez em operários que trabalham em local muito ruidoso. Próprio: a) Acidente típico: trata-se de lesão corporal ou perturbação funcional ou fato

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lesivo à saúde física ou mental do trabalhador em seu ambiente de trabalho, no desempenho de suas atividades ou enquanto aguarda ordens (perda da mão em uma serra) b) Acidente de trajeto: Em se tratando de acidente de trajeto, que se refere ao "percurso da residência para o trabalho ou desta para aquela" ou ainda "no percurso para o local de refeição ou de volta dele, em intervalo de trabalho", a Lei é clara ao dizer que há uma ligação direta entre causa e efeito. O acidente de trabalho também se caracteriza quando o trabalhador vem a ser atropelado ou assaltado no trajeto, mas se há um desentendimento com alguma pessoa por divergências pessoais e o trabalhador sofre lesões corporais por isso, não se caracterizará acidente de trajeto, sendo com isso não amparado na lei acidentária. Outra observação a ser feita e quando o trabalhador se desvia do trajeto, ou seja, altera o percurso que caracteriza o trajeto para o trabalho; 4.2. Riscos Ocupacionais: Para poder conhecer e atuar sobre os riscos inerentes ao trabalho, ou a uma função, os chamados Riscos Ocupacionais faz-se necessário dividi-los em alguns campos. a) Riscos operacionais: são os riscos associados às condições adversas no ambiente de trabalho, apresentadas por aspectos administrativos ou operacionais, que aumentam a probabilidade de ocorrer um acidente. Podemos exemplificar a execução de uma tarefa com uma ferramenta ou equipamento inadequado ou defeituoso, ausência de procedimentos de permissão para trabalho perigoso ou de treinamento. b) Riscos ambientais: são os riscos que estão definidos pela NR09, NR15 e NR16, como sendo os agentes potencializadores das atividades e operações insalubres e perigosas. São eles: agentes físicos (ruído, calor, vibrações, frio, umidade, radiações, pressões), agentes químicos (substancias químicas na forma de gases, vapores, aerodispersóides, combustíveis, explosivos e eletricidade) e agentes biológicos. c) Riscos comportamentais: são os riscos que envolvem os aspectos individuais do trabalhador, motivados por um despreparo técnico, desequilíbrio psíquicos ou de saúde. Estes aspectos são fatores limitantes para o trabalhador no exercício de uma tarefa, independente da qualidade e da freqüência do treinamento. d) Riscos ergométricos: são riscos que estão definidos pela NR17 como aqueles decorrentes das condições de trabalho, envolvendo fatores biomecânicos (postura, esforço e movimento), exigências psicofísicas do trabalho (esforço visual, atenção, raciocínio), deficiência do processo (ritmo de produção, trabalho monótono e repetitivo, trabalho noturno ou em turno) ou, até mesmo, condições ambientais como ventilação, iluminação e ruído, que podem acarretar grandes desconfortos ou estresse ocupacional. Sobre os acidentes o controle é extremamente difícil. A prevenção é feita através do treinamento, da instrução normativa adequada e da capacitação do pessoal. No entanto, sobre os fatores que podem levar a doença do trabalho ou a ocupacional, a partir do conhecimento destes fatores e de suas influencias na saúde do trabalhador, se pode e se deve atuar, através de medidas preventivas,

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sobre as causas prováveis de acidentes e doenças, minimizando a doença do trabalho. Segundo dados do MTb os acidentes típicos correspondem a aproximadamente 85% das ocorrências, acidentes de trajeto correspondem a aproximadamente 10% e as doenças correspondem a aproximadamente 5% das ocorrências.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

1° Trim.

Acidentes típicos

Acidentes de trajeto

Doença

5. Introdução ao estudo das Normas

5.1. Normatização As ordens de serviços ou normas internas elaboradas pela empresa devem descrever o modo correto e seguro de executar uma tarefa, de maneira simples e direita. Deve ser elaborado, preferencialmente, de acordo com as normas ou procedimentos já existentes, a fim de não colidirem ou não contraporem a eles. Norma Interna: é um acordo entre os que, na empresa, tenham interesse substancial no assunto e concordem em reunir conhecimentos e experiências a fim de alcançar uma solução ótima ou a melhor adequada, na ocasião, para o benefício máximo da empresa. É chamada em algumas empresas de Instrução de Segurança do Trabalho. Normatização: é o processo de esclarecer e aplicar regras para abordar, ordenadamente, uma atividade específica para o beneficio e com participação de todos os interesses e, em particular, para promover a otimização da economia, levando em consideração as condições funcionais e as exigências de segurança e do meio ambiente. A norma para ser eficiente deve satisfazer quatro requisitos básicos: a) Atender uma necessidade real; b) Deve apresentar uma solução aceitável; c) Deve gerar benefícios para empresa; d) Deve ser implantada (usada).

5.1.1. Benefício da normatização

a) Facilitar o dia-a-dia do supervisor, pois suas rotinas estarão definidas; b) Possibilita ao supervisor melhores condições para analisar os itens de controle do processo produtivo, bem como treinar e motivar seus subordinados; c) Propicia melhor gestão, padronização, redução e especificação de materiais e menores desvios de produção; d) Uniformização o trabalho, reduz o desperdício e o retrabalho; e) Aumenta a segurança das atividades e operações e, portanto, reduz os acidentes;

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5.1.2. Fases da Normatização 1o Coletas de dados: fluxograma do processo, tipos de operação, número de trabalhadores expostos, horário de trabalho, posição de trabalho predominantes, máquinas e equipamentos, fontes de energia, riscos ambientais, tipos de matérias-primas, etc; 2o Elaboração de textos; 3o Obtenção de consenso interno e das interfaces; 4o Verificação e adequação do texto base; 5o Processamento e aprovação das normas; 6o Impressão e distribuição das normas; 7o Implantação da norma.

5.1.3. Técnicas da Normatização As normas devem ser simples, de fácil compreensão e diretas, de forma a não deixar dúvida ou criar margem para interpretações diversas, devendo assim obedecer a seguinte sistemática: a) Frases em ordem direta: verbo + complemento; b) Palavras de uso corrente e de sentido preciso; c) Frases curtas; d) Aspas nos termos de língua estrangeira. Sem equivalente em português ou em termos técnicos, ainda não incorporados ao vernáculo; e) Parênteses em termos de língua estrangeira, com o equivalente em português, colocado a seguir; f) Frases impessoais e sem apreciações subjetivas; g) Termos técnicos utilizados devem já ter definidos em terminologia existente; h) Abreviaturas e siglas só devem ser utilizadas quando, anteriormente, já foram usadas com as palavras ou expressões correspondentes; i) Referencias a outros documentos técnicos devem ser evitados; Há itens fundamentais que devem compor as normas internas: a) Título: tarefa a ser realizada, de forma clara e inconfundível; b) Objetivo: o que se pretende alcançar com a norma em questão; c) Campo de avaliação: a quem ou a quais setores deve atingir a norma; d) Documentos complementares: que outros documentos integram a referida norma; e) Definições: termos ou expressões técnicas, ainda não incorporadas ao vernáculo; f) Condições gerais: aspectos relacionados com a segurança do trabalho e com o controle do macro ambiente; g) Anexos: material complementar por meio de tabelas, gráficos, diagramas.

5.1.4. Condições mínimas para o êxito das normas in ternas a) apoio da alta direção e compromisso dos níveis de direção da empresa; b) participação de todos os níveis da organização; c) ampla difusão e compreensão dos objetivos e benefícios do processo de normatização; d) estabelecimento de um sistema dinâmico, não burocrático do processo e permanente para a elaboração, revisão dos documentos técnicos;

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6. Normas Regulamentadoras

As Normas Regulamentadoras - NR, relativas à segurança e medicina do trabalho, são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, empresas tomadoras de serviços que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. 6.1. Objetivo das NRs

a) Garantir a integridade física, psíquica e saúde do trabalhador; b) Garantir que as atividades da empresa não sejam prejudicadas; 6.2. A legislação e as NRs Principio constitucional da legalidade – Art. 5o, II “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” Segundo o principio da legalidade somente em virtude de lei alguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, tal principio diz respeito a LEI em seu sentido formal, ou seja, leis criadas pelo poder legislativo, Congresso Nacional (Lei Federal), ou pela Assembléia Legislativa (Lei Estadual) ou pela Câmara dos vereadores (Lei Municipal). Entretanto, as NRs são criadas pela SSST que pertence ao poder executivo e não ao poder legislativo. Contudo, ainda sim são obrigatórias, pois possuem fundamento em lei (criada pelo poder legislativo), vg, art. 155 caput da CLT. 6.3. Principais definições (NR 01)

Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho - SSST é o órgão de âmbito nacional competente para coordenar, orientar, controlar e supervisionar as atividades relacionadas com a segurança e medicina do trabalho. É o órgão competente para julgar em última instância recurso administrativo. Delegacia Regional do Trabalho - DRT, nos limites de sua jurisdição, é o órgão regional competente para executar as atividades relacionadas com a segurança e medicina do trabalho. Possui competência para: impor penalidades por descumprimento de normas; notificar as empresas, estipulando prazos, para eliminação e/ou neutralização de insalubridade; embargar obra, interditar estabelecimento, setor de serviço, canteiro de obra, frente de trabalho, locais de trabalho, máquinas e equipamentos entre outros. Empregado, a pessoa física que presta serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário; Empregador, a empresa individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. Equipara-se ao empregador os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitem trabalhadores como empregados;

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Estabelecimento, cada uma das unidades da empresa, funcionando em lugares diferentes, tais como: fábrica, refinaria, usina, escritório, loja, oficina, depósito, laboratório; Setor de serviço, a menor unidade administrativa ou operacional compreendida no mesmo estabelecimento; Canteiro de obra, a área do trabalho fixa e temporária, onde se desenvolvem operações de apoio e execução à construção, demolição ou reparo de uma obra; Frente de trabalho, a área de trabalho móvel e temporária, onde se desenvolvem operações de apoio e execução à construção, demolição ou reparo de uma obra; Local de trabalho, a área onde são executados os trabalhos. Grupo industrial ou comercial, uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob direção, controle ou administração de outra. A responsabilidade será sempre solidária entre as empresas que compõem o grupo. 6.4. NR 02, Art. 160 da CLT e Portaria n.º 35 de 28 .12.1983 da SSMT

Inspeção Prévia: Estabelece as situações em que as empresas deverão solicitar ao MTb a realização de inspeção prévia em seus estabelecimentos, bem como a forma de sua realização. A fundamentação legal, ordinária e específica, que dá embasamento jurídico à existência desta NR, é o artigo 160 da CLT. Todo estabelecimento (verifique o conceito acima�) novo, antes de iniciar suas atividades, deverá solicitar aprovação de suas instalações ao órgão regional do MTb. As empresas ao se estabelecem devem constituir projeto de instalações e construções com o fim de assegurar que o novo estabelecimento inicie suas atividades livres de riscos de acidentes e/ou de doenças do trabalho. Constituído o projeto, as empresas poderão solicitar previamente, a execução do mesmo, a aprovação deste junto a DRT (verifique o conceito acima�) evitando, assim, maior dispêndio financeiro. Submetido ou não à apreciação prévia do órgão regional do MTb os projetos de construção e respectivas instalações, devem ser as instalações inspecionadas pela DRT que caso aprove emitirá CAI (Certificado de Aprovação de Instalações). Contudo, em razão da morosidade e do quadro reduzido de inspetores poderá a empresa interessada encaminhar ao órgão regional do MTb uma declaração das instalações do estabelecimento novo, que poderá ser aceita pelo referido órgão, para fins de fiscalização, quando não for possível realizar a inspeção prévia antes de o estabelecimento iniciar suas atividades. Caso aprovado as instalações e construções e posteriormente venha a empresa promover modificações substanciais nestas ou em equipamentos já aprovados

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deverá comunicar e solicitar nova aprovação do órgão regional do MTb.

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6.4.1. Modelo de formulários conforme Portaria 35 da SSMT

MINISTÉRIO DO TRABALHO SECRETARIA DE SEGURANÇA E ME DICINA DO TRABALHO

DELEGACIA_____________________________ DRT ou DTM CERTIFICADO DE APROVAÇÃO DE INSTALAÇÕES

CAI n.º________________ O DELEGADO REGIONAL DO TRABALHO OU DELEGADO DO TRABALHO MARÍTIMO, diante do que consta no processo DRT no _______________________________________ em que é interessada a firma __________________________________ resolve expedir o presente Certificado de Aprovação de Instalações - CAI para o local de trabalho, sito na ___________________________________________n.º __________, na cidade de ___________________________________ neste Estado. Nesse local serão exercidas atividades __________________________________________ por um máximo de ______________________________ empregados. A expedição do presente Certificado é feita em obediência ao art. 160 da CLT com a redação dada pela Lei n.º 6.514, de 22.12.77, devidamente regulamentada pela NR 02 da Portaria n.º 35 de 28 de dezembro de 1983, não isenta a firma de posteriores inspeções, a fim de ser observada a manutenção das condições de segurança e medicina do trabalho previstas na NR. Nova inspeção deverá ser requerida, nos termos do §1o do citado art. 160 da CLT, quando ocorrer modificação substancial nas instalações e/ou nos equipamentos de seu(s) estabelecimento(s). _______________________________ Diretor da Divisão ou Chefe da Seção de Segurança e Medicina do Trabalho ____________________________ Delegado Regional do Trabalho ou do Trabalho Marítimo

DECLARAÇÃO DE INSTALAÇÃO 1. Razão Social: CNPJ: Endereço: Atividade principal: No de empregados previstos:

CEP: Masculino: Feminino:

Fone: Maiores: Menores: Maiores: Menores:

2. Descrição das Instalações e dos Equipamentos (deverá ser feita obedecendo ao disposto nas NR 8, 11, 12, 13, 14, 15 (anexos), 17, 19, 20, 23, 24, 25 e 26) (use o verso e anexe outras folhas, se necessário).

3. Data: ____/____/200__

________________________________________________ (Nome legível e assinatura do empregador ou preposto)

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6.5. NR 03, Art. 161 da CLT e Port. 06.03.1983 da S SMT Embargo ou Interdição: Estabelece às situações em que as empresas se sujeitam a sofrer paralisação de seus serviços, máquinas ou equipamentos, bem como os procedimentos a serem observados, pela fiscalização trabalhista, na adoção de tais medidas punitivas no tocante à Segurança e a Medicina do Trabalho. A fundamentação legal, ordinária e específica, que dá embasamento jurídico à existência desta NR, é o artigo 161 da CLT. A NR 03 determina que na inspeção promovida pelo órgão regional do MTb será emitido laudo técnico conclusivo, caso este demonstre grave e iminente risco para o trabalhador o delegado Regional decretará o embargo da obra ou a interdição do estabelecimento, setor de serviços, máquinas ou equipamentos, imediatamente. Considera-se grave e iminente risco toda condição ambiental de trabalho que possa causar acidente do trabalho ou doença profissional com lesão grave à integridade física do trabalhador. O referido laudo técnico poderá ser confeccionado por engenheiros, médicos, arquitetos e/ou TST dependendo, obviamente, da matéria a ser inspecionada.

6.5.1. Definições (NR 03) Interdição poderá importar na paralisação total ou parcial do estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento. Embargo importará na paralisação total ou parcial da obra, sendo esta todo e qualquer serviço de engenharia de construção, montagem, instalação, manutenção e reforma.

6.5.2. Processo Administrativo (NR 03)

O processo que visa a interdição ou embargos terá inicio com requerimento junto ao MTb, sendo efetivado por Setor de Segurança e Medicina do Trabalho da Delegacia Regional do Trabalho - DRT ou da Delegacia do Trabalho Marítimo - DTM, pelo agente da inspeção do trabalho ou por entidade sindical. Nada impede que o individual faça denuncia a DRT que por sua vez poderá inspecionar o local. Baseado em laudo técnico poderá o Delegado decretar a interdição parcial ou total ou o embargo. A decisão será comunicada imediatamente a empresa apontando quais as providencias que deverão ser adotadas para a prevenção de acidentes do trabalho. A referida decisão terá efeito imediato respondendo aquele que der causa ao atentado por crime de desobediência (art. 330 do CP – pena: detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, e multa), podendo ainda vir a responder por outros além de indenizações em caso de ocorrer danos a terceiros. A empresa, não concordando com a decisão do Delegado, poderá recorrer a SSMT no prazo de 10 dias apresentando argumentos e documentos que julgar

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útil e requerendo efeito suspensivo ao recurso. Enquanto estiver em trâmite recurso ou não, caso a empresa promova as alterações necessárias, poderá o Delegado levantar a interdição anteriormente imposta. Durante a paralisação dos serviços, em decorrência da interdição ou embargos, os empregados receberão os salários como se estivessem em efetivo exercício. Se a interrupção do trabalho for superior a 30 dias não serão devidas as férias aos empregados (art. 133, III da CLT). 6.6. NR 28, Art. 201 da CLT e Port. 06.03.1983 da S SMT Fiscalização e Penalidades: Estabelece os procedimentos a serem adotados pela fiscalização trabalhista de Segurança e Medicina do Trabalho, tanto no que diz respeito à concessão de prazos às empresas para a correção das irregularidades técnicas, como também, no que concerne ao procedimento de autuação por infração às Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho. A fundamentação legal, ordinária e específica, tem a sua existência jurídica assegurada, em nível de legislação ordinária, através do artigo 201 da CLT, com as alterações que lhe foram dadas pelo artigo 2° da Lei n° 7.855 de 24 de outubro de 1989, que institui o Bônus do Tesouro Nacional - BTN, como valor monetário a ser utilizado na cobrança de multas, e posteriormente, pelo artigo 1° da Lei n° 8.383 de 30 de dezembro de 1991 , especificamente no tocante à instituição da Unidade Fiscal de Referência -UFIR, como valor monetário a ser utilizado na cobrança de multas em substituição ao BTN. Para realizar a inspeção tem como objetivo fiscalizar o cumprimento das disposições legais e/ou regulamentares sobre segurança e saúde do trabalhador. Como dito acima, o Delegado Regional do Trabalho embasado no laudo técnico poderá determinar a interdição ou o embargo, razão pela qual o inspetor do Trabalho quando realizado seu oficio poderá anexar quaisquer documentos quer de pormenorização de fatos circunstanciais, quer comprobatório, podendo ainda utilizar todos os meios, inclusive audiovisuais, necessários à comprovação da infração, pois com fundamentos contidos nos autos é que a autoridade poderá decretar a interdição ou embargos. Havendo descumprimento de alguma norma legal ou infralegal, o agente da inspeção do trabalho deverá lavrar o AI, na forma estipulada pela portaria 3159/71 e 3292/71.

6.6.1.Critério da dupla visita

Será dada uma segunda chance a empresa infratora, sendo realizada nova visita, quando: I- A empresa contar com até dez empregados, salvo quando for constatada infração por falta de registro de empregado, anotação de sua Carteira de Trabalho e Previdência Social e na ocorrência de fraude, resistência ou embaraço à fiscalização. Se a empresa que for autuada, depois de obedecido o dito anteriormente, não será mais observado o critério da dupla visita em relação ao dispositivo infringido.;

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II- Quando ocorrer promulgação ou expedição de novas normas, sendo que, com relação exclusivamente a esses atos, será feita apenas a instrução dos responsáveis; III- Quando se tratar de primeira inspeção dos estabelecimentos ou locais de trabalho, recentemente inaugurados ou empreendidos;

6.6.2.Notificação O agente de inspeção verificando que a infração não é grave, que não causou prejuízos e que é passível de reparo poderá deixar de lavrar o AI e notificar a empresa para que corrija as irregularidades encontradas no prazo máximo de 60 (sessenta) dias. Se a empresa acreditar que o prazo concedido não será suficiente poderá dentro do prazo de 10 (dez) dias do recebimento da notificação requerer ao Delegado Regional do Trabalho a prorrogação do prazo então concedido não podendo ultrapassar 120 (cento e vinte) dias contados da notificação. Se a empresa acreditar que, mesmo com o prazo prorrogado para 120 dias, ainda não será suficiente, poderá o lapso ser estendido condicionada, em todo caso, à prévia negociação entre o notificado e o sindicato representante da categoria dos empregados, com a presença da autoridade regional.

6.6.3.Auto de Infração - AI Poderão ainda os agentes da inspeção do trabalho lavrar auto de infração pelo descumprimento dos preceitos legais e/ou regulamentares sobre segurança e saúde do trabalhador, à vista de laudo técnico emitido por engenheiro de segurança do trabalho ou médico do trabalho, devidamente habilitado. Vejamos a seguir um modelo de Auto de Infração. A defesa deve ser apresentada para cada AI.

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Número DV

MINISTÉRIO DO TRABALHO SISTEMA FEDERAL DE INSPEÇÃO DO TRABALHO ENDEREÇO:___________________________________

CIF DV

NOME OU RAZÃO SOCIAL | | | | | ENDEREÇO/BAIRRO/CIDADE

CNAE Nº DE EMPREGADOS CEP

CGC CÓD. EMENTA/NR - DV HORA

DESCRIÇÃO EMENTAR/NR: _____________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ HISTÓRICO:_______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAPITULAÇÃO:_____________________________________________________________ _______________________________________________________________________ ELEMENTO DE CONVICÇÃO:_____________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________ Lavrei o presente Auto em três vias, sendo a 2ª entregue / remetida ao autuado, que fica notificado a apresentar defesa escrita ao Sr. Delegado Regional do Trabalho no prazo de dez (dez) dias, contados da data do recebimento deste auto, devendo ser entregue no órgão do Ministério do Trabalho, no endereço acima, sendo facultada a remessa de defesa, via postal, em porte registrado, postada até o último dia do prazo.

Recebi em LOCAL DATA

/ / Assinatura do Empregador ou Preposto Assinatura do Agente da Inspeção do Trabalho

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6. 7. NR 05, Art. 163 da CLT Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA: Estabelece a obrigatoriedade das empresas públicas e privadas organizarem e manterem em funcionamento, por estabelecimento, uma comissão constituída exclusivamente por empregados com o objetivo de prevenir infortúnios laborais, através da apresentação de sugestões e recomendações ao empregador para que melhore as condições de trabalho, eliminando as possíveis causas de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. A fundamentação legal, ordinária e específica, que dá embasamento jurídico à existência desta NR, são os artigos 163 a 165 da CLT.

6. 7. 1. Constituição A CIPA é criada por estabelecimentos (vide NR01), em empresas públicas e privadas. Existindo dois ou mais estabelecimento no mesmo município se deve garantir a integração das CIPAs com objetivo de trocar experiências e informações pertinentes.

6. 7. 2. Objetivo Prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho.

6. 7. 3. Organização O numero de membros da CIPA variará conforme número de empregados e atividade desempenhada pela empresa (CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas), conforme Quadro I do anexo a NR05; Se a atividade desempenha pela empresa não estiver descrita no Quadro I do anexo, a empresa designará um responsável podendo os empregados participarem, devendo para tanto tal possibilidade ser apontada em ACT ou CCT; O representante da empresa será escolhido, sendo este o presidente da CIPA; Os representantes da CIPA serão eleitos, pelos empregados sendo o escrutínio facultativo e secreto; O mais votado será nomeado vice-presidente da CIPA. É possível por apenas uma vez a recondução; O número de membros titulares e suplentes da CIPA observa-se-á a ordem decrescente de votos recebidos; O mandato será de 1 (um) anos, permitida uma recondução; Será garantida a estabilidade provisória a partir da candidatura até um ano após o fim do mandato; É vedada a transferência do membro da CIPA, exceto quando houver anuência

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deste e a transferência não o prejudicar; Os eleitos tomarão posse no primeiro dia útil após o fim do pleito anterior; Cabe aos membros da CIPA indicarem um secretário e seu substituto entre seus próprios membros, ou externamente desde que com a aprovação do empregador; Depois de empossados, a empresa tem 10 (dez) dias para protocolizar cópia da ata de eleição e posse, bem como o calendário anual das reuniões ordinárias, a DRT; Não poderá ser reduzido ou extinto o número de cipistas, mesmo que reduzido o número de funcionários, exceto no caso de encerramento das atividades do estabelecimento.

6. 7. 4. Principais atribuições da CIPA � Identificar os riscos do processo de trabalho e elaborar mapa de risco; O mapa de risco é obrigatório nas empresas, conforme Portaria nº 25/94 do MTE. O mapa de risco é a representação gráfica do reconhecimento dos riscos de acidente existentes nos diversos locais de trabalho, inerentes ou não ao trabalho produtivo, de fácil visualização por meio de círculos de diferentes tamanhos e cores e fixados em locais acessíveis no ambiente de trabalho.

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7. CLT CAPÍTULO V DA SEGURANÇA E DA MEDICINA DO TRABALHO (Redação dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977) SEÇÃO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art . 154 - A observância, em todos os locais de trabalho, do disposto neste Capitulo, não desobriga as empresas do cumprimento de outras disposições que, com relação à matéria, sejam incluídas em códigos de obras ou regulamentos sanitários dos Estados ou Municípios em que se situem os respectivos estabelecimentos, bem como daquelas oriundas de convenções coletivas de trabalho. Art. 155 - Incumbe ao órgão de âmbito nacional competente em matéria de segurança e medicina do trabalho: I - estabelecer, nos limites de sua competência, normas sobre a aplicação dos preceitos deste Capítulo, especialmente os referidos no art. 200; II - coordenar, orientar, controlar e supervisionar a fiscalização e as demais atividades relacionadas com a segurança e a medicina do trabalho em todo o território nacional, inclusive a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho; III - conhecer, em última instância, dos recursos, voluntários ou de ofício, das decisões proferidas pelos Delegados Regionais do Trabalho, em matéria de segurança e medicina do trabalho. O órgão competente é a Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho. Compete ao mesmo órgão a expedição de NR, criar diretrizes para fiscalização e análise de recursos. Art. 156 - Compete especialmente às Delegacias Regionais do Trabalho, nos limites de sua jurisdição: I - promover a fiscalização do cumprimento das normas de segurança e medicina do trabalho; II - adotar as medidas que se tornem exigíveis, em virtude das disposições deste Capítulo, determinando as obras e reparos que, em qualquer local de trabalho, se façam necessárias; III - impor as penalidades cabíveis por descumprimento das normas constantes deste Capítulo, nos termos do art. 201. Compete as DRT a fiscalização e a aplicação de multas. Art. 157 - Cabe às empresas: I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho; II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais; III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente; IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente. A omissão do empregador na adoção de medidas tendentes à preservação de acidentes pode ocasionar, de acordo com a gravidade ou repetição dos fatos, conseqüências jurídicas diversas, dentre as quais a rescisão indireta, indenizações além das decorrentes do seguro obrigatório contra acidentes do trabalho, multas administrativas e interdição do estabelecimento ou equipamento. Art. 158 - Cabe aos empregados: I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as instruções de que trata o item II do artigo anterior; Il - colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Capítulo. Parágrafo único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada: a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item II do artigo

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anterior; b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa. A segurança do trabalho é vital na preservação de acidente e na defesa da saúde do empregado, evitando o sofrimento humano e o desperdício econômico lesivo ás empresas, ao empregado e ao país. Pratica falta o empregado que não obedece às normas de segurança do trabalho, inclusive quanto ao de equipamentos. A lei quer que as instruções tenham sido expedidas pelo empregador, que hajam sido veiculadas por ele aos seus empregados.

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Art. 159 - Mediante convênio autorizado pelo Ministro do Trabalho, poderão ser delegadas a outros órgãos federais, estaduais ou municipais atribuições de fiscalização ou orientação às empresas quanto ao cumprimento das disposições constantes deste Capítulo. SEÇÃO II DA INSPEÇÃO PRÉVIA E DO EMBARGO OU INTERDIÇÃO Art. 160 - Nenhum estabelecimento poderá iniciar suas atividades sem prévia inspeção e aprovação das respectivas instalações pela autoridade regional competente em matéria de segurança e medicina do trabalho. § 1º - Nova inspeção deverá ser feita quando ocorrer modificação substancial nas instalações, inclusive equipamentos, que a empresa fica obrigada a comunicar, prontamente, à Delegacia Regional do Trabalho. § 2º - É facultado às empresas solicitar prévia aprovação, pela Delegacia Regional do Trabalho, dos projetos de construção e respectivas instalações. Art. 161 - O Delegado Regional do Trabalho, à vista do laudo técnico do serviço competente que demonstre grave e iminente risco para o trabalhador, poderá interditar estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, ou embargar obra, indicando na decisão, tomada com a brevidade que a ocorrência exigir, as providências que deverão ser adotadas para prevenção de infortúnios de trabalho. § 1º - As autoridades federais, estaduais e municipais darão imediato apoio às medidas determinadas pelo Delegado Regional do Trabalho. § 2º - A interdição ou embargo poderão ser requeridos pelo serviço competente da Delegacia Regional do Trabalho e, ainda, por agente da inspeção do trabalho ou por entidade sindical. § 3º - Da decisão do Delegado Regional do Trabalho poderão os interessados recorrer, no prazo de 10 (dez) dias, para o órgão de âmbito nacional competente em matéria de segurança e medicina do trabalho, ao qual será facultado dar efeito suspensivo ao recurso. § 4º - Responderá por desobediência, além das medidas penais cabíveis, quem, após determinada a interdição ou embargo, ordenar ou permitir o funcionamento do estabelecimento ou de um dos seus setores, a utilização de máquina ou equipamento, ou o prosseguimento de obra, se, em conseqüência, resultarem danos a terceiros. § 5º - O Delegado Regional do Trabalho, independente de recurso, e após laudo técnico do serviço competente, poderá levantar a interdição. § 6º - Durante a paralização dos serviços, em decorrência da interdição ou embargo, os empregados receberão os salários como se estivessem em efetivo exercício. SEÇÃO III DOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA E DE MEDICINA DO TRABALHO NAS EMPRESAS Art. 162 - As empresas, de acordo com normas a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho, estarão obrigadas a manter serviços especializados em segurança e em medicina do trabalho. Parágrafo único - As normas a que se refere este artigo estabelecerão: a) classificação das empresas segundo o número de empregados e a natureza do risco de suas atividades b) o numero mínimo de profissionais especializados exigido de cada empresa, segundo o grupo em que se classifique na forma da alínea anterior; c) a qualificação exigida para os profissionais em questão e o seu regime de trabalho; d) as demais características e atribuições dos serviços especializados em segurança e em medicina do trabalho, nas empresas. Art. 163 - Será obrigatória a constituição de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), de conformidade com instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho, nos estabelecimentos ou locais de obra nelas especificadas. Parágrafo único - O Ministério do Trabalho regulamentará as atribuições, a composição e o funcionamento das CIPA (s). Art. 164 - Cada CIPA será composta de representantes da empresa e dos empregados, de acordo com os critérios que vierem a ser adotados na regulamentação de que trata o parágrafo único do artigo anterior. § 1º - Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, serão por eles designados. § 2º - Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos em escrutínio secreto, do qual participem, independentemente de filiação sindical, exclusivamente os

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empregados interessados. § 3º - O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de 1 (um) ano, permitida uma reeleição. § 4º - O disposto no parágrafo anterior não se aplicará ao membro suplente que, durante o seu mandato, tenha participado de menos da metade do número de reuniões da CIPA. § 5º - O empregador designará, anualmente, dentre os seus representantes, o Presidente da CIPA e os empregados elegerão, dentre eles, o Vice-Presidente. A proibição de reeleger por mais de uma vez o representante dos empregados não se estende aos suplentes que não tenham participado de pelo menos metade das reuniões. Art. 165 - Os titulares da representação dos empregados nas CIPA (s) não poderão sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro. Parágrafo único - Ocorrendo a despedida, caberá ao empregador, em caso de reclamação à Justiça do Trabalho, comprovar a existência de qualquer dos motivos mencionados neste artigo, sob pena de ser condenado a reintegrar o empregado. O Tribunal Superior do Trabalho através da súmula 339 estendeu também aos suplentes a estabilidade. SEÇÃO IV DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados. Art. 167 - O equipamento de proteção só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho. Nenhum equipamento obrigatório é considerado salário. Os fatores que segundo parte dos doutrinadores influenciam no aumento de acidente do trabalho são: máquinas desprotegidas; prorrogação do trabalho normal; inexistência de meios individuais e coletivos de proteção. SEÇÃO V DAS MEDIDAS PREVENTIVAS DE MEDICINA DO TRABALHO Art. 168 - Será obrigatório exame médico, por conta do empregador, nas condições estabelecidas neste artigo e nas instruções complementares a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho: I - a admissão; II - na demissão; III - periodicamente. § 1º - O Ministério do Trabalho baixará instruções relativas aos casos em que serão exigíveis exames: a) por ocasião da demissão; b) complementares. § 2º - Outros exames complementares poderão ser exigidos, a critério médico, para apuração da capacidade ou aptidão física e mental do empregado para a função que deva exercer. § 3º - O Ministério do Trabalho estabelecerá, de acordo com o risco da atividade e o tempo de exposição, a periodicidade dos exames médicos. § 4º - O empregador manterá, no estabelecimento, o material necessário à prestação de primeiros socorros médicos, de acordo com o risco da atividade. § 5º - O resultado dos exames médicos, inclusive o exame complementar, será comunicado ao trabalhador, observados os preceitos da ética médica. Os exames acima relacionados serão de custeados pelo empregador. O exame dimensional deverá ser realizado até a data da homologação da

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rescisão. Toda empresa é obrigada a manter kit de primeiros socorros. Art. 169 - Será obrigatória a notificação das doenças profissionais e das produzidas em virtude de condições especiais de trabalho, comprovadas ou objeto de suspeita, de conformidade com as instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho. SEÇÃO VI DAS EDIFICAÇÕES A seção se refere aos locais de trabalho, o recinto onde trabalham ou por onde transite os empregados, qualquer que seja a atividade. Há necessidade de inspeção prévia para funcionamento de obra nova ou que tenha sofrido modificações substanciais, sendo passível de interdição. Art. 170 - As edificações deverão obedecer aos requisitos técnicos que garantam perfeita segurança aos que nelas trabalhem. Art. 171 - Os locais de trabalho deverão ter, no mínimo, 3 (três) metros de pé-direito, assim considerada a altura livre do piso ao teto. Parágrafo único - Poderá ser reduzido esse mínimo desde que atendidas as condições de iluminação e conforto térmico compatíveis com a natureza do trabalho, sujeitando-se tal redução ao controle do órgão competente em matéria de segurança e medicina do trabalho. Art. 172 - 0s pisos dos locais de trabalho não deverão apresentar saliências nem depressões que prejudiquem a circulação de pessoas ou a movimentação de materiais Art. 173 - As aberturas nos pisos e paredes serão protegidas de forma que impeçam a queda de pessoas ou de objetos. Art. 174 - As paredes, escadas, rampas de acesso, passarelas, pisos, corredores, coberturas e passagens dos locais de trabalho deverão obedecer às condições de segurança e de higiene do trabalho estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e manter-se em perfeito estado de conservação e limpeza. SEÇÃO VII DA ILUMINAÇÃO Art. 175 - Em todos os locais de trabalho deverá haver iluminação adequada, natural ou artificial, apropriada à natureza da atividade. § 1º - A iluminação deverá ser uniformemente distribuída, geral e difusa, a fim de evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos. § 2º - O Ministério do Trabalho estabelecerá os níveis mínimos de iluminamento a serem observados. A boa iluminação repercute na produção da empresa, no esforço físico dos empregados e em acidentes do trabalho. Em 1991 a sua deficiência deixou de ser enquadrada como insalubridade e passou para o campo da organização do trabalho (ergonomia). SEÇÃO VIII DO CONFORTO TÉRMICO Art. 176 - Os locais de trabalho deverão ter ventilação natural, compatível com o serviço realizado. Parágrafo único - A ventilação artificial será obrigatória sempre que a natural não preencha as condições de conforto térmico. Art . 177 - Se as condições de ambiente se tornarem desconfortáveis, em virtude de instalações

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geradoras de frio ou de calor, será obrigatório o uso de vestimenta adequada para o trabalho em tais condições ou de capelas, anteparos, paredes duplas, isolamento térmico e recursos similares, de forma que os empregados fiquem protegidos contra as radiações térmicas. Art . 178 - As condições de conforto térmico dos locais de trabalho devem ser mantidas dentro dos limites fixados pelo Ministério do Trabalho. Segundo estudos do MTb uma ventilação eficiente em uma fábrica pode aumentar 12% a produção, ou mais. A preocupação com a ventilação tenta evitar o agravamento da evolução das doenças e intoxicações. Sua insuficiência poderá gerar insalubridade. SEÇÃO IX DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Art. 179 - O Ministério do Trabalho disporá sobre as condições de segurança e as medidas especiais a serem observadas relativamente a instalações elétricas, em qualquer das fases de produção, transmissão, distribuição ou consumo de energia. Art . 180 - Somente profissional qualificado poderá instalar, operar, inspecionar ou reparar instalações elétricas. Art . 181 - Os que trabalharem em serviços de eletricidade ou instalações elétricas devem estar familiarizados com os métodos de socorro a acidentados por choque elétrico. SEÇÃO X DA MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE MATERIAIS Art . 182 - O Ministério do Trabalho estabelecerá normas sobre: I - as precauções de segurança na movimentação de materiais nos locais de trabalho, os equipamentos a serem obrigatoriamente utilizados e as condições especiais a que estão sujeitas a operação e a manutenção desses equipamentos, inclusive exigências de pessoal habilitado; II - as exigências similares relativas ao manuseio e à armazenagem de materiais, inclusive quanto às condições de segurança e higiene relativas aos recipientes e locais de armazenagem e os equipamentos de proteção individual; III - a obrigatoriedade de indicação de carga máxima permitida nos equipamentos de transporte, dos avisos de proibição de fumar e de advertência quanto à natureza perigosa ou nociva à saúde das substâncias em movimentação ou em depósito, bem como das recomendações de primeiros socorros e de atendinento médico e símbolo de perigo, segundo padronização internacional, nos rótulos dos materiais ou substâncias armazenados ou transportados. Parágrafo único - As disposições relativas ao transporte de materiais aplicam-se, também, no que couber, ao transporte de pessoas nos locais de trabalho. Art . 183 - As pessoas que trabalharem na movimentação de materiais deverão estar familiarizados com os métodos raciocinais de levantamento de cargas. A NR 11 traçará normas especificas de manuseio de material e pessoas com operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras. SEÇÃO XI DAS MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS Art . 184 - As máquinas e os equipamentos deverão ser dotados de dispositivos de partida e parada e outros que se fizerem necessários para a prevenção de acidentes do trabalho, especialmente quanto ao risco de acionamento acidental. Parágrafo único - É proibida a fabricação, a importação, a venda, a locação e o uso de máquinas e equipamentos que não atendam ao disposto neste artigo.

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Art . 185 - Os reparos, limpeza e ajustes somente poderão ser executados com as máquinas paradas, salvo se o movimento for indispensável à realização do ajuste. Art . 186 - O Ministério do Trabalho estabelecerá normas adicionais sobre proteção e medidas de segurança na operação de máquinas e equipamentos, especialmente quanto à proteção das partes móveis, distância entre estas, vias de acesso às máquinas e equipamentos de grandes dimensões, emprego de ferramentas, sua adequação e medidas de proteção exigidas quando motorizadas ou elétricas. A NR 12 não trata apenas a respeito de máquinas e equipamentos, mas também a área de trabalho, ao espaço de circulação. Quanto às máquinas a NR, determina que estas possuam dispositivos de acionamento e parada afim de evitar acidentes ou agravamentos. SEÇÃO XII DAS CALDEIRAS, FORNOS E RECIPIENTES SOB PRESSÃO Art . 187 - As caldeiras, equipamentos e recipientes em geral que operam sob pressão deverão dispor de válvula e outros dispositivos de segurança, que evitem seja ultrapassada a pressão interna de trabalho compatível com a sua resistência. Parágrafo único - O Ministério do Trabalho expedirá normas complementares quanto à segurança das caldeiras, fornos e recipientes sob pressão, especialmente quanto ao revestimento interno, à localização, à ventilação dos locais e outros meios de eliminação de gases ou vapores prejudiciais à saúde, e demais instalações ou equipamentos necessários à execução segura das tarefas de cada empregado. Art . 188 - As caldeiras serão periodicamente submetidas a inspeções de segurança, por engenheiro ou empresa especializada, inscritos no Ministério do Trabalho, de conformidade com as instruções que, para esse fim, forem expedidas. § 1º - Toda caldeira será acompanhada de "Prontuário", com documentação original do fabricante, abrangendo, no mínimo: especificação técnica, desenhos, detalhes, provas e testes realizados durante a fabricação e a montagem, características funcionais e a pressão máxima de trabalho permitida (PMTP), esta última indicada, em local visível, na própria caldeira. § 2º - O proprietário da caldeira deverá organizar, manter atualizado e apresentar, quando exigido pela autoridade competente, o Registro de Segurança, no qual serão anotadas, sistematicamente, as indicações das provas efetuadas, inspeções, reparos e quaisquer outras ocorrências. § 3º - Os projetos de instalação de caldeiras, fornos e recipientes sob pressão deverão ser submetidos à aprovação prévia do órgão regional competente em matéria de segurança do trabalho. SEÇÃO XIII DAS ATIVIDADES INSALUBRES OU PERIGOSAS Art . 189 - Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. Art . 190 - O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes. Parágrafo único - As normas referidas neste artigo incluirão medidas de proteção do organismo do trabalhador nas operações que produzem aerodispersóides tóxicos, irritantes, alérgicos ou incômodos. Art . 191 - A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá: I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância; II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância. Parágrafo único - Caberá às Delegacias Regionais do Trabalho, comprovada a insalubridade,

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notificar as empresas, estipulando prazos para sua eliminação ou neutralização, na forma deste artigo. Insalubridade só existe a partir da inclusão das respectivas na relação baixada pelo MTb. Do ponto de vista conceitual são insalubres as atividades ou operações que exponham a pessoa humana a agentes nocivos à saúde, que exponham os agentes nocivos acima do limite de tolerância fixado em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. A lei deixa para a regulamentação ministerial o enquadramento das atividades consideradas insalubres, os agentes biológicos exigem contato com pacientes, animais ou materiais infecto-contagiantes, mas esse contado tem que ser permanente. A eliminação da insalubridade ou diminuição de seus efeitos sobre a pessoa humana é uma preocupação constante da medicina do trabalho. Art . 192 - O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. A tipificação da insalubridade depende, para cada caso, do que o MTb considere acima dos limites toleráveis à saúde. O adicional é devido de acordo com o grau de insalubridade (máximo, médio ou mínimo) sobre o salário mínimo. Ao menor é proibido o trabalho em ambientes insalubres, perigosos ou prejudiciais à sua moralidade. Art . 193 - São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado. § 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. § 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido. Art . 194 - O direito do empregado ao adicional de insalubridade ou de periculosidade cessará com a eliminação do risco à sua saúde ou integridade física, nos termos desta Seção e das normas expedidas pelo Ministério do Trabalho. Inflamáveis, explosivos e eletricidade são as únicas fontes judiciais reconhecidas como produtoras de periculosidades com efeitos judiciais reconhecidas como produtoras de periculosidade com efeitos remuneratórios trabalhistas. Inexistindo o perigo ou a insalubridade deverá cessar também a prestação pecuniária. O índice de periculosidade é de 30% sobre o salário do empregado, sendo inadmissível a cumulação dos dois adicionais (periculosidade/insalubridade), cabendo a escolha ao empregado. Art . 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho. § 1º - É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais interessadas requererem ao Ministério do Trabalho a realização de perícia em estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou delimitar as atividades insalubres ou perigosas. § 2º - Argüida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde

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não houver, requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho. § 3º - O disposto nos parágrafos anteriores não prejudica a ação fiscalizadora do Ministério do Trabalho, nem a realização ex officio da perícia. Art . 196 - Os efeitos pecuniários decorrentes do trabalho em condições de insalubridade ou periculosidade serão devidos a contar da data da inclusão da respectiva atividade nos quadros aprovados pelo Ministro do Trabalho, respeitadas as normas do artigo 11. Art . 197 - Os materiais e substâncias empregados, manipulados ou transportados nos locais de trabalho, quando perigosos ou nocivos à saúde, devem conter, no rótulo, sua composição, recomendações de socorro imediato e o símbolo de perigo correspondente, segundo a padronização internacional. Parágrafo único - Os estabelecimentos que mantenham as atividades previstas neste artigo afixarão, nos setores de trabalho atingidas, avisos ou cartazes, com advertência quanto aos materiais e substâncias perigosos ou nocivos à saúde. SEÇÃO XIV DA PREVENÇÃO DA FADIGA Art . 198 - É de 60 kg (sessenta quilogramas) o peso máximo que um empregado pode remover individualmente, ressalvadas as disposições especiais relativas ao trabalho do menor e da mulher. Parágrafo único - Não está compreendida na proibição deste artigo a remoção de material feita por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou quaisquer outros aparelhos mecânicos, podendo o Ministério do Trabalho, em tais casos, fixar limites diversos, que evitem sejam exigidos do empregado serviços superiores às suas forças Art . 199 - Será obrigatória a colocação de assentos que assegurem postura correta ao trabalhador, capazes de evitar posições incômodas ou forçadas, sempre que a execução da tarefa exija que trabalhe sentado. Parágrafo único - Quando o trabalho deva ser executado de pé, os empregados terão à sua disposição assentos para serem utilizados nas pausas que o serviço permitir. SEÇÃO XV DAS OUTRAS MEDIDAS ESPECIAIS DE PROTEÇÃO Art . 200 - Cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer disposições complementares às normas de que trata este Capítulo, tendo em vista as peculiaridades de cada atividade ou setor de trabalho, especialmente sobre: I - medidas de prevenção de acidentes e os equipamentos de proteção individual em obras de construção, demolição ou reparos; II - depósitos, armazenagem e manuseio de combustíveis, inflamáveis e explosivos, bem como trânsito e permanência nas áreas respectivas; III - trabalho em escavações, túneis, galerias, minas e pedreiras, sobretudo quanto à prevenção de explosões, incêndios, desmoronamentos e soterramentos, eliminação de poeiras, gases, etc. e facilidades de rápida saída dos empregados; IV - proteção contra incêndio em geral e as medidas preventivas adequadas, com exigências ao especial revestimento de portas e paredes, construção de paredes contra-fogo, diques e outros anteparos, assim como garantia geral de fácil circulação, corredores de acesso e saídas amplas e protegidas, com suficiente sinalização; V - proteção contra insolação, calor, frio, umidade e ventos, sobretudo no trabalho a céu aberto, com provisão, quanto a este, de água potável, alojamento profilaxia de endemias; VI - proteção do trabalhador exposto a substâncias químicas nocivas, radiações ionizantes e não ionizantes, ruídos, vibrações e trepidações ou pressões anormais ao ambiente de trabalho, com especificação das medidas cabíveis para eliminação ou atenuação desses efeitos limites máximos quanto ao tempo de exposição, à intensidade da ação ou de seus efeitos sobre o organismo do trabalhador, exames médicos obrigatórios, limites de idade controle permanente dos locais de trabalho e das demais exigências que se façam necessárias; VII - higiene nos locais de trabalho, com discriminação das exigências, instalações sanitárias, com separação de sexos, chuveiros, lavatórios, vestiários e armários individuais, refeitórios ou condições de conforto por ocasião das refeições, fornecimento de água potável, condições de limpeza dos locais de trabalho e modo de sua execução, tratamento de resíduos industriais; VIII - emprego das cores nos locais de trabalho, inclusive nas sinalizações de perigo.

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Parágrafo único - Tratando-se de radiações ionizantes e explosivos, as normas a que se referem este artigo serão expedidas de acordo com as resoluções a respeito adotadas pelo órgão técnico. SEÇÃO XVI DAS PENALIDADES Art . 201 - As infrações ao disposto neste Capítulo relativas à medicina do trabalho serão punidas com multa de 3 (três) a 30 (trinta) vezes o valor de referência previsto no artigo 2º, parágrafo único, da Lei nº 6.205, de 29 de abril de 1975, e as concernentes à segurança do trabalho com multa de 5 (cinco) a 50 (cinqüenta) vezes o mesmo valor. Parágrafo único - Em caso de reincidência, embaraço ou resistência à fiscalização, emprego de artifício ou simulação com o objetivo de fraudar a lei, a multa será aplicada em seu valor máximo.

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8. Fontes 1- CLT-LTr, organizadores: Armando Casimiro Costa, Irany Ferrari, Melchíades Rodrigues Martins, 34a Edição, Ano 2007, Editora LTr, SP; 2- Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho, Valentim Carrion, 27a edição, Ano 2002, Editora Saraiva, SP; 3- Segurança e Medicina do Trabalho, 60a Edição, Ano 2008, editora Atlas, SP; 4- Site oficial do Ministério do Trabalho: http://www.mtb.gov.br; 5- Site oficial da Associação Brasileira de Normas Técnicas: http://www.abnt.org.br;

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO Carga horária: 40 horas semestrais. 2 horas semanais • Leitura e interpretação das legislações e normas pertinentes à segurança do

trabalho. • Normas nacionais sobre sistema de gestão da qualidade. • Estudo de fontes da lei trabalhista como: 1- CLT 2- CLPS • NRs 02, 03, 28 • ABNT • ISO • Introdução a NR 05 (CIPA)