apostila - técnicas de apresentação e comunicação

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  • Apostila compilada pela Equipe de Capacitao/MDS/Senarc

    MINISTRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE FOME Secretaria Nacional de Renda de Cidadania

    Tcnicas de Apresentao e Comunicao

    e

    Formao de Instrutores de Capacitao

    Braslia/ 2009

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    ndice

    1. Apresentao ...................................................................................................... 3 2. Mdulo - Comunicao........................................................................................ 4

    2.1 Conceito ......................................................................................................... 4 2.2 Elementos da Comunicao .......................................................................... 5 2.3 Falar em pblico Necessidade e importncia ............................................. 8 2.4 Tcnicas de Apresentao e Comunicao ................................................... 8 2.5 Dicas para falar bem .................................................................................... 15 2.6 Estimular perguntas e saber ouvir ............................................................... 18 2.7 Sistematizao das principais idias ........................................................... 19

    3. Mdulo - Didtica .............................................................................................. 20 3.1 Didtica ........................................................................................................ 20 3.2 Processo educativo ..................................................................................... 21 3.3 Educao para adultos ................................................................................ 25 3.4 Papel do multiplicador.................................................................................. 26 3.5 Plano de aula ............................................................................................... 28 3.6 Apresentaes ............................................................................................. 30 3.7 Materiais didticos ....................................................................................... 30 3.8 Dinmicas de grupo ..................................................................................... 31 3.9 Recursos audiovisuais ................................................................................. 32 3.10 Avaliao ................................................................................................... 33 3.11 Preparando palestras................................................................................. 34 3.12 Preparando oficinas ................................................................................... 36 3.13 Aula expositiva .......................................................................................... 37 3.14 Aula dialogada .......................................................................................... 37 3.15 Seminrio .................................................................................................. 37 3.17 Painel simples ............................................................................................ 38 3.18 Estilos de Aprendizagem .......................................................................... 38 3.19 Concluindo ................................................................................................. 40

    Referncias Bibliogrficas ..................................................................................... 41 Apndices.............................................................................................................. 42

    Apndice I Modelo de plano de aula ............................................................... 42 Anexos .................................................................................................................. 44

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    1. Apresentao

    Falar em pblico uma habilidade essencial em qualquer organizao e fundamental para partilhar o conhecimento adquirido nas reas especficas de trabalho que cada um ocupa. A comunicao precisa acontecer de maneira clara, objetiva e envolvente. Essas habilidades podem ser desenvolvidas com tcnicas especficas e com a prtica bem fundamentada. Alm de uma boa desenvoltura ao falar para o pblico, para transmitir conhecimento necessrio desenvolver tcnicas de didtica do ensino. Para ensinar no basta ser um especialista no assunto, preciso saber ouvir, entender as necessidades do seu pblico, planejar, executar um plano de ensino e avaliar de forma continuada todo o processo. A maneira como executar um plano de ensino tambm pode ser aprendida e aprimorada com a prtica. O objetivo desta apostila capacitar o profissional em Tcnicas de Apresentao e Comunicao e Formao de Instrutores de Capacitao. A finalidade proporcionar habilidades para falar em pblico alm de conduzir palestras e oficinas. A apostila possui embasamento terico de vrios profissionais da rea com diversos anos de experincia como Vera Brtolo1 e Reinaldo Polito2. Esta apostila est dividida em dois mdulos, sendo que o primeiro trata da comunicao e o segundo fala sobre o processo educativo com nfase na didtica para instrutores. Alm disso, voc encontrar textos de apoio que iro fornecer subsdios para aprimorar sua comunicao, a fim de que possa se apresentar com desenvoltura e confiana sempre que precisar falar em pblico. Ao final est disposio para consulta uma lista de referncias bibliogrficas que podero ampliar o conhecimento dos profissionais.

    1 Vera Brtolo Mestre em Educao e Consultora de empresas na rea de Educao Executiva.

    2 Reinaldo Polito Professor de Expresso Verbal, escritor e Mestre em Cincias da Comunicao.

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    2. Mdulo - Comunicao

    2.1 Conceito

    Comunicao provm do latim communis, que significa tornar comum. A comunicao pode ser definida como a transmisso de informaes e compreenso mediante o uso de smbolos comuns (verbais e no-verbais). Sendo assim, a comunicao no significa apenas enviar uma informao ou mensagem, mas torn-la comum entre as pessoas envolvidas. Para que haja comunicao, preciso que o destinatrio da informao a receba e a compreenda. Comunicar significa tornar comum a uma ou mais pessoas determinada informao ou mensagem (CHIAVENATTO, 2005).

    As relaes sociais esto sujeitas influncia de um conjunto de variveis que determinam, ou pelo menos influenciam a conduo dos processos de comunicao. Comunicar uma arte de bem enviar e receber mensagens. O tempo, espao, o meio fsico envolvente, o clima relacional, o corpo, os fatores histricos da vida pessoal e social de cada indivduo, as expectativas condicionam e determinam a maneira de se relacionar dos seres humanos. , portanto, importante se conhecer alguns dos fatores que podem constituir-se como barreiras comunicao e fontes no rudo na comunicao, para evit-los e assim realizar a comunicao de forma mais clara e efetiva.

    Para que haja comunicao, preciso que o destinatrio da

    informao a receba e a compreenda.

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    2.2 Elementos da Comunicao

    A comunicao pode ampliar ou limitar conhecimentos, facilitar ou dificultar o desenvolvimento de criatividade e de habilidades inerentes ao melhor desempenho do aluno. Por meio da comunicao, instrutores e alunos explicitam objetivos, revelam poderes, valores e culturas que norteiam as relaes profissionais e interpessoais no ambiente de aprendizagem. Deve-se, portanto, administrar o processo global de comunicao, que necessariamente abrange os seguintes elementos:

    Fonte: o emissor, a pessoa que est tentando enviar uma mensagem (falada, escrita, por meio de sinais ou no-verbal) a uma pessoa ou pessoas, por meio da codificao do pensamento;

    Codificao: a traduo dos smbolos escolhidos pela fonte para que a mensagem possa ser adequadamente transmitida pelo canal;

    Mensagem: o produto fsico codificado pelo emissor, e pode ser a fala, o texto escrito, um quadro, uma msica, os movimentos de nossos braos e expresses faciais;

    Canal: o meio que existe fora do emissor pelo qual escolhido para conduzir a mensagem. Esse veculo pode ser o discurso oral (audio), a documentao escrita (viso e tato) e a comunicao no-verbal (sentidos bsicos);

    Decodificao: a traduo da mensagem, para que a mesma possa ser compreendida pelo receptor;

    Receptor: o sujeito a quem a mensagem se dirige, o destino final da comunicao. Tambm chamado de destinatrio;

    Feedback: o elo final no processo de comunicao. O feedback ou retorno determina se a compreenso foi alcanada ou no e,

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    Rudos: perturbao indesejvel que tende a deturpar, distorcer ou alterar, de maneira imprevisvel, a mensagem transmitida.

    2.2.1 Barreiras comunicao eficaz - rudos

    As barreiras ou rudos existem em todas as fases do processo de comunicao, mas mais provvel que ocorram quando a mensagem complexa, provoca emoes ou se choca com o estado mental do receptor.

    So listadas abaixo algumas dessas barreiras:

    Filtragem: refere-se manipulao da informao de um emissor para Mn que seja vista mais favoravelmente pelo receptor;

    Percepo seletiva: tanto o emissor como o receptor vem e escutam seletivamente, com base em suas prprias necessidades, motivaes, experincias e caractersticas pessoais;

    Semntica: tanto as palavras como o comportamento no-verbal, usados na comunicao, podem ter diferentes significados para diferentes pessoas;

    Sobrecarga de informao: ocorre quando o volume ou a quantidade de comunicao muito grande e ultrapassa a capacidade pessoal do destinatrio de processar as informaes, o que faz com que ele perca grande parte delas ou distora seu contedo;

    Credibilidade do transmissor: quanto mais confivel for a fonte de uma mensagem, maior ser a probabilidade de que ela ser entendida corretamente e,

    Julgamento de valor: normalmente acontece antes de se receber a mensagem completa. Julgamento de valor uma opinio geral sobre algo, baseada em uma rpida percepo de seu mrito.

    2.2.2 Aspectos de maior impacto na comunicao do professor

    Emissor e transmissor so papis assumidos tanto pelo professor quanto pelo aluno, em uma verdadeira interao dos trs tipos de comunicao: a verbal

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    (por meio da escrita e da fala); a no verbal (as fisionomias, os gestos); e a factual (quando se considera a prtica, a habilidade, a experincia passada, o exemplo dado, que levam o profissional a ter fama positiva ou negativa). Ento, se quisermos saber o significado da comunicao, devemos observar a reao obtida com os sinais que emitimos, pois quando nos comunicamos no somente o que falamos que est em jogo, mas a maneira como falamos tambm muito representativa e significativa no processo de comunicao. Estudos mostram que do que se aprende apenas 20% da mensagem verbal, o resto no verbal e factual. Segundo OConnor e Seymour, as palavras so o contedo da mensagem, e a postura, os gestos, a expresso e o tom de voz so o contexto no qual a mensagem est embutida. Juntos eles formam o significado da comunicao (p. 35, 1995). Ainda para estes autores, a comunicao corporal corresponde a 55% do total das formas como nos comunicamos, as palavras correspondem a 7% e o tom de voz 38%.

    2.2.3 Comunicao verbal, no verbal e factual Na comunicao verbal devem-se levar em conta os seguintes pontos: grau

    de domnio do assunto; vocabulrio ao nvel do interlocutor; pontuao clara e variao; articulao de idias; fluncia e ritmo (altos e baixos); uso de audiovisuais.

    Na comunicao no verbal alguns cuidados a serem observados: mobilidade da cabea e rosto; olhar (direcionado a todos, ou a alguns); gestos enriquecedores; voz graduada ao ambiente; respirao e desinibio; postura corporal; andar; roupas; cores; penteados; adornos.

    Na comunicao factual existem alguns pontos a considerar: coordenao e domnio das atividades pedaggicas; uso do espao e administrao do tempo; administrao de conflitos em sala de aula; ser exemplo de ao (coerncia entre teoria e prtica); ser decidido e prtico nas propostas de ao; saber usar os recursos instrucionais.

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    2.3 Falar em pblico Necessidade e importncia

    No h como fugir. O especialista Reinaldo Polito (2006) salienta que qualquer que seja a atividade, daqui em diante voc estar sempre correndo o risco de falar em pblico. A habilidade em tcnicas de comunicao e apresentaes passou a ser competncia importante para profissionais de todas as atividades. Falar em

    pblico, seja em pequenas reunies, diante de poucas pessoas, seja em grandes eventos, diante de platias numerosas, tornou-se tarefa quase corriqueira, independentemente da posio hierrquica ocupada pelo profissional na organizao. Embora as pessoas estejam frequentemente s voltas com apresentaes em pblico, poucas esto bem preparadas para desempenhar a tarefa com eficincia. Todos os profissionais, por maior que seja sua dificuldade para se apresentar em pblico, podem, em poucas horas de capacitao criteriosa, expressar-se com eficincia nas mais diversas circunstncias, diante de qualquer tipo de platia.

    2.4 Tcnicas de Apresentao e Comunicao

    Tcnica pode ser definida como maneira, jeito ou habilidade especial de executar ou fazer algo. Para que o instrutor de capacitao possa se comunicar com sucesso existem maneiras apropriadas para tal. As tcnicas de apresentao podem ser aprendidas e praticadas visando ao aprimoramento das habilidades de comunicao fazendo assim com que o instrutor possa ter sucesso em suas aulas, palestras, oficinas e outros eventos de capacitao. A seguir, uma srie de dicas importantes para o seu aperfeioamento:

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    2.4.1 Respirao tranqilize-se O primeiro passo para uma boa apresentao estar tranqilo. A

    respirao pode ser uma aliada fundamental para o instrutor. Para controlar a ansiedade, antes de iniciar a apresentao importante fazer a respirao abdominal pelo menos trs vezes com o objetivo de oxigenar o crebro.

    Estar calmo perante a platia faz com que o instrutor transmita segurana a quem assiste palestra. Durante a apresentao importante manter uma respirao pausada para que no se atropelem as palavras e assim torne sua aula ininteligvel.

    A respirao deve ser utilizada nos momentos de tenso ou ansiedade que antecedem uma apresentao ou aula, mas que com o tempo e a prtica pode se tornar um processo natural do instrutor.

    2.4.2 Posicionamento o que fazer e o que no fazer O instrutor dever encontrar um ponto central que servir como local de

    referncia. Em uma sala de aula, pode ser entre o quadro e as cadeiras dos alunos. Em um auditrio, pode ser num ponto mais prximo platia. O importante que haja mobilidade por parte do instrutor, mas sempre com objetivo e alguma finalidade, por exemplo, se voc se desloca de um lado para o outro da platia para dar nfase determinada informao, ou para recuperar a ateno de pessoas que comeam a se desconcentrar, estar agindo de maneira correta. Se, todavia, os movimentos ocorrerem apenas porque no se sente confortvel, e voc se desloca apenas para tentar se sentir mais vontade, quase certo que esteja se comportando de forma inadequada.

    No fique de costas para o pblico, mesmo que para mostrar algo que est na sua apresentao, ao ficar de costas sua voz se perder e seus ouvintes no o entendero. Se quiser apontar algo na apresentao, use uma rgua, laser pointer ou mostre primeiro e explique depois.

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    Nunca se posicione na frente da luz do data show, pois isso pode ser um grande incmodo para quem est na platia tentando fazer anotaes ou mesmo prestar ateno ao que est sendo projetado. Caminhe nas laterais do data show, de maneira a no atravessar na sua frente.

    Evite fazer a sua apresentao sentado, a menos que seja estritamente necessrio. Permanecer sentado tornar sua apresentao cansativa e montona para a platia.

    2.4.3 Postura e expresso corporal De acordo com Polito (2006) h dois erros comuns que precisam ser

    evitados na gesticulao. O primeiro deles a ausncia de gestos, pois os movimentos do corpo so importantes no processo de comunicao da mensagem. O outro, geralmente mais grave do que o primeiro o exagero de gestos. Provavelmente o resultado da sua apresentao ser muito mais positivo se voc for comedido nos gestos do que se voc exagerar na gesticulao.

    2.4.4 As pernas Procure se posicionar com equilbrio sobre as duas pernas, evitando ficar

    apoiado ora sobre a perna esquerda, ora sobre a direita observe que elas no fiquem demasiadamente abertas, para que no tornem sua postura deselegante, ou, ao contrrio, que no permaneam muito juntas, para que sua mobilidade no seja prejudicada.

    2.4.5 Os braos e as mos No carregue caneta, papel e outros objetos, pois eles podem muito mais

    atrapalhar do que ajudar. Se voc estiver visivelmente nervoso, tremer a mo ao segurar um papel ou o laser, e isso ficar claro para a platia. Deixe suas anotaes sobre a mesa e verifique-as quando necessrio.

    2.4.6 Laser pointer um timo instrumento para apontar dados na apresentao. O seu uso s

    deve ser feito pelo instrutor que possui a mo firme, porque do contrrio, o laser

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    estar trmulo e no servir para o seu propsito que indicar alguma informao, alm de deixar claro para os participantes que voc est nervoso.

    2.4.7 Gestos Ao gesticular, recomendvel fazer os movimentos acima da linha da

    cintura e alternar a posio de apoio dos braos, deixando-os s vezes ao longo do corpo, em outros momentos gesticulando apenas com um deles, para em seguida atuar com os dois. Dessa forma evitar a rigidez da postura e tornar os gestos mais elegantes e harmoniosos.

    Evite cruzar os braos, posicion-los nas costas ou colocar as mos nos bolsos, procure fazer os repousos de mos a frente ou deixar os braos soltos. Se agir assim com freqncia e por tempo prolongado, talvez demonstre desnecessariamente aos ouvintes que est inseguro e intranqilo.

    Evite tambm esfregar ou apertar nervosamente as mos, principalmente no princpio, quando essas atitudes so mais comuns. Tome cuidado ainda para no coar a cabea o tempo todo, ou ficar segurando sucessivamente a gola da blusa ou do palet. Quase sempre os ouvintes tm a impresso de que, quando o orador domina o assunto de sua apresentao, no fica nervoso diante da platia. Portanto, mesmo que essa interpretao do pblico no seja verdadeira, essas demonstraes de hesitao podem comprometer o resultado de sua exposio.

    2.4.8 Olhar para a platia Olhar na direo das pessoas far com que elas se sintam includas no

    ambiente, por isso no esquive o seu olhar. Caso tenha dificuldades em olhar para seu pblico, voc pode utilizar a Tcnica da Triangulao. Escolha trs pontos no auditrio ou sala de aula, trs rostos familiares ou trs pessoas que lhe dem feedback positivo durante sua fala. Olhe para a primeira pessoa do lado esquerdo, vagarosamente olhe para a pessoa no centro, e v movendo seu olhar para a pessoa no lado direito. Dessa maneira voc estar percorrendo o auditrio ou sala de aula com seu olhar e de maneira segura. Quando estiver se sentindo mais a vontade, olhar para todos e ver muitos rostos interessados no seu assunto.

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    2.4.9 A voz importante diferenciar o tom da sua voz para lugares grandes e

    pequenos. Voc dever falar mais alto ou mais baixo dependendo da acstica do local, da distncia em que se encontrar do ltimo ouvinte da platia, dos rudos que possam interferir na compreenso do pblico.

    Evite falar alto quando estiver prximo de poucas pessoas em uma pequena reunio, e utilize o microfone diante de platias numerosas.

    Caso voc tenha de usar o microfone fique atento para a sensibilidade do mesmo. A boca deve ficar distante do microfone aproximadamente dez centmetros. Faa o teste antes da palestra para saber se precisa afastar ou aproximar o microfone para que a voz seja bem captada.

    O melhor momento para fazer a dosagem da voz quando voc realiza a sua apresentao pessoal, que deve ser feita sempre no incio da palestra. Lembre-se que esse um momento muito importante da sua fala, a apresentao pessoal deve sempre ser objetiva, no adequado alongar-se muito nessa hora, mas a fala deve conter as informaes essenciais sobre o trabalho que voc desempenha e sua formao.

    2.4.10 Repeties Cuidado com repeties de palavras como: n? Ok? T? E outras. Esses

    recursos costumam ser utilizados quando o instrutor quer enfatizar o assunto ou buscar aprovao da platia. Evite-os, pois em excesso servem para deixar a fala caricata e desagradvel de ouvir. Preste ateno ao seu prprio discurso e perceba se existe um chavo ou palavra que costuma repetir. Experimente construir suas frases sem eles e oua como ir soar de maneira mais agradvel.

    Pessoas que falam devagar tendem a preencher os espaos de tempo com sons do tipo: ou . Fique atento para esse fato e prefira o silncio entre as frases. Uma tcnica utilizada para evitar esse tipo de som iniciar imediatamente a frase seguinte.

    2.4.11 Ritmo

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    Depois de certo tempo de durao entre 20 e 30 minutos de palestra ou aula os ouvintes comeam a ter sua ateno desviada. Se o palestrante utilizar uma fala montona e monocrdia se tornar impossvel prender a ateno no assunto. Procure mudar sua entonao quando se tratar de um tpico importante, frise com a sua voz aquilo que todos precisam prestar ateno.

    2.4.12 Vocabulrio O seu vocabulrio dever estar de acordo com o pblico alvo da aula ou

    palestra. No caso do uso das siglas, utilize-as somente se voc tiver certeza que seu pblico est familiarizado com elas. Caso voc esteja querendo ensinar conceitos ou utilizar as siglas para abreviar nomes ou expresses muito longas, explique primeiro o que cada sigla significa para depois comear a falar sobre elas.

    O vocabulrio tcnico s deve ser utilizado tambm para o pblico que est familiarizado com ele. As regras so as mesmas utilizadas para as siglas. Muitos palestrantes gostam de demonstrar seu conhecimento com vocabulrio rebuscado ou com o uso de estrangeirismos. Se esse tipo de fala faz parte da cultura organizacional sua fala estar contextualizada. Caso no faa, sua fala no ser compreendida e logo a platia ir perder o interesse no que voc est dizendo.

    2.4.13 Domnio do tema De nada adiantar falar com naturalidade, envolvimento e disposio se

    no dominar o assunto a ser apresentado. Por isso, estude o assunto com a maior profundidade que puder. Saiba muito mais do que precisar para expor. Deixe sobrar informaes. Primeiro, porque esse conhecimento lhe dar mais confiana diante do pblico. Depois, porque demonstrao de domnio da matria poder dar mais credibilidade sua apresentao.

    Caso um de seus alunos ou ouvintes da platia faa uma pergunta cujo contedo voc no domina ou voc no tenha certeza sobre a resposta, fique

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    calmo diga simplesmente No sei a resposta no momento, mas vou pesquisar e trarei a informao amanh. Pesquise o tema e de fato traga a resposta no dia seguinte.

    2.4.14 Linguagem ftica Linguagem ftica, ou funo ftica da linguagem est centralizada no

    canal, tendo como objetivo prolongar ou no o contato com o receptor, ou testar a eficincia do canal (BECHARA, 2000). o tipo de linguagem das falas telefnicas, saudaes e similares. Numa situao de sala de aula ou palestra interessante que o instrutor faa uso da linguagem ftica como recurso para verificar se o canal de comunicao est funcionando ou se ele est sendo compreendido pelas pessoas que o ouvem.

    A seguir alguns exemplos da funo ftica: (NICOLA, 2004)

    Ex: entenderam?.

    tambm a funo empregada, quando no decorrer de uma conversa, emitimos sons:

    Ex: heim!, hum hum!.

    E alem de ser utilizada para testar o canal, a funo ftica ocorre tambm quando o emissor quer iniciar uma comunicao:

    Ex: - ol! Como vai? perguntou o homem de olhos empapuados

    Ou quando visa prolongar o contato com seu receptor:

    Ex: - ela no desanima nunca... Voc concorda? No acha?

    Ou quando deseja interromper o ato de comunicao: Ex: - qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar.

    E em alguns casos, percebe- se que a nica preocupao do emissor manter o contato com o destinatrio ou testando o canal com frases do tipo:

    veja bem ou olha... ou compreende?.

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    Essa preocupao com o contato caracteriza- se funo ftica.

    2.4.15 Conquistando o pblico Conquistar o pblico uma habilidade que pode ser

    desenvolvida, principalmente se voc iniciar sua palestra utilizando uma frase que possa provocar impacto. Sua frase deve estar relacionada ao assunto tratado e faa isso de tal forma que as pessoas percebam, pela fora da informao que a mensagem importante.

    2.4.16 Contar uma histria interessante Voc tambm pode contar uma histria interessante. As histrias tm um

    poder mgico para conquistar a ateno dos ouvintes. Entretanto, tome cuidado para que seja curta, pois histrias longas, por melhores que sejam, podem prejudicar a concentrao do pblico. Mas ateno, evite histrias pessoais, para que o pblico no pense que voc est contando vantagem sobre algum aspecto.

    2.4.17 Levantar uma reflexo Ao levantar uma reflexo, voc far com que os ouvintes sejam instigados a

    acompanhar a mensagem com maior interesse. Contar com seu prprio comportamento.

    Vale a sua simpatia, gentileza, humildade, demonstrao de envolvimento com o assunto tratado.

    No dar aspecto infantil apresentao.

    2.5 Dicas para falar bem

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    Voc j passou pelas tcnicas mais utilizadas para realizar uma apresentao eficaz, agora sugerimos algumas dicas para que voc possa falar com desenvoltura e naturalidade sobre os assuntos que deseja abordar.

    2.5.1 Continue sendo voc mesmo Parece ironia, mas somente depois que estiver muito bem preparado para falar em pblico voc conseguir se expressar diante da platia mantendo seu estilo e suas caractersticas. E quanto mais espontneo for, melhores sero os resultados de suas exposies. O especialista Reinaldo Polito (2006) recomenda que ao se apresentar diante de um grupo de pessoas, reflita se est conseguindo se comunicar da mesma maneira como faria se estivesse conversando vontade com amigos, familiares ou colegas de trabalho. Se a resposta for negativa, significa que provavelmente sua maneira de falar est artificial. Quando tiver condies de levar para frente do pblico a forma natural como se comunica com as pessoas de seu relacionamento mais prximo, ter resolvido uma importante etapa de seu

    desenvolvimento como comunicador. Por isso, sempre que tiver que fazer uma apresentao, procure conversar bastante sobre o assunto antes de enfrentar o pblico. Lembre-se de que no basta apenas preparar por escrito o que pretende comunicar. H muita diferena entre a comunicao escrita e a comunicao oral. O ritmo, a cadncia, as pausas, o vocabulrio e tantos outros aspectos da comunicao se mostram

    distintos na fala e na escrita. Se voc pretende falar da mesma maneira como escreve, quase certo que no far uma boa apresentao. Esse exerccio simples de conversar com as pessoas a respeito do tema que vai expor far com que descubra as palavras apropriadas, a velocidade certa, a entonao adequada. Depois, diante da platia, o comportamento dever ser praticamente o mesmo: continuar a conversa ensaiada.

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    2.5.2 Mostre interesse pelo assunto Embora sua apresentao diante do pblico deva seguir o estilo conversacional, essa circunstncia exigir que fale com envolvimento e disposio. Isto , deve ser uma conversa, mas uma conversa bem animada. No tenha iluses: se no demonstrar aos ouvintes que o assunto importante para voc, dificilmente far com que as pessoas se envolvam no tema de sua apresentao. Concentre-se nessa premissa. Antes de envolver a platia, voc precisar mostrar, pelo seu entusiasmo, o interesse que tem pela matria. Quando conseguir conjugar esses dois aspectos relevantes da comunicao espontaneidade e envolvimento , se aproximar dos ouvintes com segurana e credibilidade.

    2.5.3 No seja prolixo Quem assiste a uma palestra ou a uma aula deseja objetividade por parte

    do instrutor. Palestras muito longas ou difusas fazem com que a platia perca o interesse no assunto. Os exemplos utilizados, as apresentaes preparadas para o evento tambm no precisam ser excessivas.

    O instrutor prolixo d aulas muito longas e enfadonhas. Procure ser o oposto disso, criando atividades adequadas s circunstncias e voltadas para a realidade prtica do grupo.

    2.5.4 Preparao do contedo Se voc no souber planejar de maneira correta uma apresentao,

    dificilmente conseguir transmitir a mensagem com eficincia. Qualquer que seja o tipo de exposio de que venha a fazer precisar ter todas as etapas ordenadas de maneira lgica e concatenadas, desde o princpio at a concluso.

    O primeiro passo identificar o objetivo. Talvez essa seja a falha mais comum do instrutor: no saber exatamente qual o objetivo da apresentao. Depois que voc determinar o assunto a ser exposto, analise o que pretende

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    conseguir com a mensagem. Estruture sua apresentao em introduo, desenvolvimento e concluso. A introduo deve ser curta, com um ou dois slides, contendo conceitos principais. No desenvolvimento, esmice os conceitos, utilize imagens que remetam ao assunto tratado. Conclua o assunto sistematizando as principais idias.

    2.6 Estimular perguntas e saber ouvir

    Perguntas e respostas fazem parte integrante de uma comunicao efetiva entre o instrutor e a platia. A pergunta um timo instrumento do instrutor, pois a partir dela possvel descobrir o que a sua platia conhece sobre o assunto, mas muito importante que voc no confunda uma pergunta legtima, que tem o objetivo de realmente saber o que os alunos pensam com uma pergunta retrica, cujo nico objetivo dar continuidade a fala do instrutor.

    Uma dica til iniciar a aula com perguntas abertas sobre o assunto O que voc faria diante disso? ou O que vocs sabem sobre o assunto?. Oua o que seus alunos tm a dizer sobre o assunto, faa anotaes num flip chart, por exemplo, ou simplesmente utilize a fala dos prprios alunos para iniciar a sua. Ouvir as perguntas e saber aproveitar as contribuies da platia faz com que os alunos se envolvam muito mais no processo.

    Em diversos momentos voc pode pensar que alguma pergunta foi inconveniente, evite demonstrar que achou a pergunta desnecessria ou mal formulada, pois voc poder inibir futuras perguntas. Responda o que for possvel ou diga esse assunto tratarei mais tarde ou esse assunto no bem o foco da nossa palestra, posso te indicar onde encontrar uma resposta.

    E muito importante: no retarde o progresso do grupo. Quando alguns participantes no conseguem entender o assunto e o instrutor insiste, o restante do grupo se desinteressa. uma boa prtica, marcar um horrio especial para explicar o assunto, detidamente, aos mais vagarosos.

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    2.7 Sistematizao das principais idias

    Ao encerrar a palestra ou aula importante fazer o fechamento do assunto junto com a turma. Contextualize o assunto dentro do panorama geral, trazendo da viso macro para a viso micro, mas lembre-se de que no precisa refazer toda a palestra novamente.

    Busque o entendimento da platia fazendo perguntas aos participantes e apresente uma sntese do assunto.

    Lembre-se:

    1. Chegue antes dos participantes d exemplo, seja pontual; 2. Prepare o ambiente para receber os participantes; 3. Prepare seu material na vspera e, 4. Verifique todos os equipamentos antes da apresentao.

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    3. Mdulo - Didtica

    O mdulo 2 desta apostila tem o objetivo de introduzir o instrutor de capacitao no tema da didtica e do processo educativo como um todo. Esses assuntos so fundamentais para aqueles que desejam conduzir eventos educativos em seus locais de trabalho e assim multiplicar os conhecimentos adquiridos.

    3.1 Didtica

    A didtica a cincia que tem como objetivo fundamental ocupar-se das estratgias de ensino, das questes prticas relativas metodologia e das estratgias de aprendizagem.

    A expresso grega techn didaktik, traduzida como didtica pode ser interpretada como arte ou tcnica de ensinar e indica a caracterstica de realizao lenta por meio do tempo, prpria do processo de instruir, o que refora a viso de mtodo no ato de educar. Dentro desse processo educativo existem ainda as tcnicas didticas que so ferramentas utilizadas em aula ou em outra situao de ensino por agentes que exercem uma autoridade (professores, instrutores, auxiliares), a fim de criar condies favorveis aprendizagem (INEP, 2008).

    A didtica se ocupa das estratgias de ensino- aprendizagem, e das questes prticas relativas metodologia. A didtica se diferencia para cada tendncia pedaggica utilizada e isso norteia a prtica do instrutor e lhe d o suporte terico necessrio. Importante perceber que a prtica docente no pode ser vista como algo neutro, livre de influncias e contingncias, pois a dinmica social que permeia a vida do ser humano est presente na prxis de qualquer trabalhador, assim como deve estar visvel no modo como o instrutor exerce o seu trabalho. Como formador de opinio, o instrutor jamais deve se furtar de se compreender como um intelectual que exerce uma profunda influncia no s no

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    campo pedaggico, mas em todo o mundo cognitivo, afetivo e social das pessoas que se relacionam com ele (ENAP, 2007).

    3.2 Processo educativo

    Podemos perceber, no mundo de hoje, que o leque de conhecimentos e o acesso s informaes muito mais abrangente e est disposto a uma quantidade cada vez maior de indivduos (BERNTEIN, 1996). Para fazer melhor uso desses conhecimentos pelo ser humano, necessria uma mudana na forma de pensamento e, nesse sentido, as grandes questes colocadas por Morin (1999) so: como proceder para articular e organizar tantas informaes? Como tornar evidente o contexto numa educao do futuro? Como reconhecer o carter multidimensional da sociedade e inser-lo no meio escolar?

    Nesse sentido, a organizao onde trabalhamos pode funcionar como uma escola que um espao dialgico onde se pratica o ato de ensinar e de aprender juntos, onde o aluno tambm o agente do seu prprio desenvolvimento cultural e o ensino deve adaptar-se ao educando e no submeter-se s regras pr-estabelecidas. Cada organizao deve encontrar a melhor maneira de conduzir seu processo educativo dentro de um referencial terico pr-estabelecido e conhecido por todos os envolvidos.

    O processo educativo ento engloba a escolarizao e todos os seus aspectos tericos e prticos, como o processo de aprendizagem, os mtodos de ensino, o sistema de avaliao da aprendizagem e o sistema educacional como um todo. Nesse contexto, est includo a didtica e alguns tpicos que sero mostrados a seguir.

    3.2.1 Motivao Motivao o processo interno responsvel pela intensidade, direo e

    persistncia dos esforos de uma pessoa para o alcance de uma determinada meta.

    De acordo com Vera Brtolo, motivao no somente uma questo de algumas observaes introdutrias. A maioria dos instrutores que consegue

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    incentivar seus grupos descobre que dedica muitas horas de trabalho em expressar clara e precisamente os objetivos de seus programas e necessidades

    dos educandos. Motivao no assunto apenas no momento inicial de uma aprendizagem, mas sim, um processo contnuo que se desenvolve durante toda a capacitao. Para o xito final do trabalho necessrio que a motivao seja trabalhada de incio e da melhor forma possvel. uma das fases mais difceis de todo o processo de ensino, exigindo do instrutor

    aperfeioamento constante das tcnicas e habilidades incentivadoras utilizadas em sala de aula. A motivao um processo interno de cada um, que pode ser incentivado pelo instrutor, por isso cabe a ele a tarefa de ser agente incentivador a cada momento, mantendo o grupo num alto nvel de motivao. Vale acrescentar que os incentivos podem ser negativos ou positivos. Ambos fazem com que o objetivo seja atingido. Os incentivos negativos provocam sempre uma conseqncia de afastamento instrutor/educando. So exemplos de incentivos negativos as ameaas, as notas baixas, repreenses, constrangimentos etc.

    Os incentivos positivos provocam sempre a conseqncia de aproximao. So exemplos os prmios, elogios e tudo que implica em aceitao social. A motivao um fenmeno contnuo, isto , nunca definitivamente resolvido para o indivduo. preciso que saibamos a distino entre MOTIVOS e INCENTIVOS, uma vez que so duas coisas importantes para a obteno da aprendizagem e tambm para a qualidade em tudo que se faz.

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    MOTIVO: o qual vai dar origem motivao do educando, durante a capacitao. INCENTIVO: um objeto, uma situao qualquer que se insere no meio ambiente, para valorizar e determinar a ao. Enquanto o motivo est sempre dentro da pessoa, o incentivo sempre de fora, externo pessoa. Com isso, podemos concluir que toda srie de elementos externos constitui incentivo.

    3.2.1.1 So consideradas tcnicas de incentivo

    Justificativa do tema ou correlao com o real: ao ser lanado um tema para o grupo necessrio que cada participante compreenda imediatamente o valor deste tema colocando-o na sua realidade de trabalho. importante que cada um transfira os conhecimentos tericos para a prtica. Cabe, portanto, ao instrutor justificar seu tema dentro da realidade do grupo, tornando-o objetivo e til;

    Perguntas ou afirmativas que provocam impactos: uma afirmao chocante ser capaz de despertar a motivao num grupo. Este choque provoca interferncias e raciocnio. Verbalizar uma idia velha de maneira renovada provocar reflexo;

    Tarefa individual desafiante: quando apresentamos, no incio do trabalho, uma tarefa desafiante para cada membro do grupo, certo que ele ir se envolver durante as atividades, pois depender delas para alcanar xito na tarefa proposta;

    Tcnica de grupo estimulante: quanto mais dinmicas e variadas forem as tcnicas utilizadas pelo instrutor, maior a possibilidade de manter o grupo motivado. O instrutor deve procurar conhecer uma variedade de tcnicas de grupo para utiliz-las com criatividade e inovao e,

    xito inicial: quase ningum se interessa por algo que no consegue realizar bem. Facilite a compreenso inicial das idias expostas e

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    debatidas, afaste as dificuldades, garantindo o bom xito da aprendizagem. Aumente o nvel de dificuldade gradativamente.

    3.2.2 Processo de ensino e aprendizagem O processo de ensino e aprendizagem pode ser definido como um

    "conjunto de aes e estratgias que o sujeito/educando, considerado individual ou coletivamente, realiza, contando para tal, com a gesto facilitadora e orientadora do professor, para atingir os objetivos propostos pelo plano e formao (CATAPAN, 1996). importante frisar que por se tratar de um processo seus resultados seguem uma evoluo que pode ser imediata ou de mdio prazo.

    O processo de ensino e aprendizagem deve ser avaliado longitudinalmente para verificao de sua efetividade na organizao, a fase de controle e acompanhamento. Essa fase permeia todo o processo, requerendo aplicao de feedback constante. Faz-se tambm a consolidao das informaes referentes s aes de capacitao realizadas na organizao com vistas ao ajustamento de procedimentos que garantam o alcance dos objetivos propostos e ao fornecimento de informaes gerenciais.

    Esse processo pode se desenvolver de maneira presencial, no presencial ou mista, utilizando para esse fim ambientes educacionais como escolas, centros de formao, empresas e comunidades urbanas e rurais. Constitui essencialmente o trabalho educativo, cujos produtos so os conhecimentos construdos, os atitudes adquiridas e as habilidades desenvolvidas. Compreende a organizao do ambiente educativo, a motivao dos participantes, a definio do plano de formao, o desenvolvimento das atividades de aprendizagem e a avaliao do processo e do produto.

    O processo deve estar centrado no educando e d nfase tanto ao mtodo quanto ao contedo:

    A escolha do mtodo de ensino e aprendizagem fundamental. A matria por si inerte para fins de aprendizagem, apenas uma fora potencial. Quando trabalhada com um bom mtodo, torna-se rica, sugestiva e eficaz, dinamizando a mente dos participantes, inspirando e abrindo novas perspectivas de estudo. Se, porm, transmitida sem mtodo, torna-se rida, irritante e ineficaz, no contribuindo para o

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    enriquecimento da inteligncia e o desenvolvimento dos participantes. (ENAP, p. 19).

    O mtodo deve ser escolhido conforme os objetivos pretendidos no processo de ensino e aprendizagem.

    3.3 Educao para adultos

    A educao para adultos ou andragogia a arte ou cincia de orientar adultos a aprender. A UNESCO j utilizou o termo para referir-se educao continuada. A andragogia deve se apresentar de maneira diferenciada da educao infantil, pois se utiliza de metodologia e tcnicas especficas para auxiliar e facilitar a prtica pedaggica.

    Essa educao deve ser caracterizada por abordagens e mtodos apropriados que garantam o maior sucesso possvel das atividades educativas. Uma das marcas da andragogia o fato de partir do mundo j conhecido pelo adulto, considerando seu contexto, suas vivncias, suas experincias e suas aprendizagens por meio dos prprios erros e acertos.

    Eduard C. Lindeman (USA) foi um dos maiores contribuidores para a pesquisa da educao de adultos por meio de seu trabalho The meaning of adult education publicado em 1926. Suas idias eram fortemente influenciadas pela filosofia educacional de John Dewey.

    Lindeman identificou pelo menos cinco pressupostos-chave para a educao de adultos e que mais tarde transformaram-se em suporte de pesquisas. Hoje eles fazem parte dos fundamentos da moderna teoria de aprendizagem do adulto:

    Adultos so motivados a aprender medida que experimentam que suas necessidades e interesses sero satisfeitos. Por isto estes so os pontos mais apropriados para se iniciar a organizao das atividades de aprendizagem do adulto;

    A orientao de aprendizagem do adulto est centrada na vida; por isto as unidades apropriadas para se organizar seu programa de aprendizagem so as situaes de vida e no disciplinas;

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    A experincia a mais rica fonte para o adulto aprender; por isto, o centro da metodologia da educao do adulto a anlise das experincias;

    Adultos tm uma profunda necessidade de serem auto dirigidos; por isto, o papel do professor engajar-se no processo de mtua investigao com os alunos e no apenas transmitir-lhes seu conhecimento e depois avali-los e,

    As diferenas individuais entre pessoas crescem com a idade; por isto, a educao de adultos deve considerar as diferenas de estilo, tempo, lugar e ritmo de aprendizagem.

    De acordo com Lindeman (1926) O ensino autoritrio; exames que predeterminam o pensamento original; frmulas pedaggicas rgidas - tudo isto no tem espao na educao de adulto. Adultos que desejam manter sua mente fresca e vigorosa comeam a aprender por meio do confronto das situaes pertinentes. Buscam seus referenciais nos reservatrios de suas experincias, antes mesmo das fontes de textos e fatos secundrios. So conduzidos a discusses pelos professores, os quais so, tambm, referenciais de saber e no orculos. Isto tudo constitui os mananciais para a educao de adultos, o moderno questionamento para o significado da vida. (Ibid., pp.10-11).

    Dessa maneira, o instrutor deve pensar as capacitaes e palestras voltadas para esse pblico de forma diferenciada: partindo da prtica e das experincias de trabalho de cada um, voltadas para solues de questes que surgem no dia a dia e valorizando a vivncia de seus alunos e partindo delas para criar situaes educativas de ensino e aprendizagem.

    3.4 Papel do multiplicador

    O multiplicador a pessoa responsvel por disseminar contedos especficos no ambiente organizacional. aquele que, tendo adquirido o nvel cultural ou de conhecimentos necessrios para o desempenho da sua atividade, d direo ao processo de ensino e aprendizagem. ele quem assume o papel de mediador entre a cultura elaborada, o coletivo da sociedade e o individual do aluno. Para tanto, o multiplicador deve conhecer e compreender a realidade com a qual trabalha, deve ter o comprometimento esperado porque quem entende que a

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    educao um ato eminentemente poltico - como j sentenciou Paulo Freire -, conhecer o campo terico do conhecimento em que atua e ter competncia tcnica e profissional.

    Portanto, as funes do multiplicador na organizao so: Facilitar os conhecimentos acumulados em sua rea e torn-los acessveis

    aos seus pares; Organizar o processo educativo de maneira que possa compartilhar seu

    conhecimento; Atender s necessidades dos indivduos relativas ao seu desempenho

    profissional, o qual depende de determinado conhecimento, habilidade ou atitude e,

    Atender s necessidades da organizao se prontificando a disseminar seu conhecimento acumulado e as boas prticas institucionais.

    Algumas caractersticas requeridas do multiplicador:

    REQUISITOS TCNICOS REQUISITOS PESSOAIS Preparo especializado na matria

    Cultura geral Conhecimentos e habilidades pedaggicas

    Entusiasmo Clareza vocal

    Pontualidade e exemplo Organizao e mtodo

    Empatia Capacidade de comunicao

    REQUISITOS INTELECTUAIS REQUISITOS ATITUDINAIS Inteligncia abstrata inteligncia verbal

    Raciocnio lgico Rapidez no raciocnio

    Estabilidade emocional Versatilidade

    Iniciativa

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    Imaginao Discriminao

    Crtica Associao

    Coordenao

    Autoconfiana Disciplina Pacincia

    Cooperao Estabilidade de ritmo

    Ateno difusa

    3.5 Plano de aula

    O planejamento da aula fundamental para o bom andamento da aula ou do evento e para que os objetivos propostos sejam atingidos.

    Trata-se de um instrumento de trabalho docente que especifica os comportamentos esperados do aluno e os meios (contedos, procedimentos e recursos) que sero utilizados para sua realizao, buscando sistematizar todas as atividades que se desenvolvem no perodo em que o professor e o aluno interagem. O plano de aula um roteiro de trabalho a ser realizado na sala de aula, tendo em vista a determinao de objetivos imediatos, contedo a ser adquirido, atividades que orientaro e fixaro a aprendizagem, tcnica adequada e seleo de recursos materiais. (CRUZ, 1972). Segundo Piletti, planejamento de aula a seqncia de tudo que vai ser desenvolvido em um dia letivo. (...) a sistematizao de todas as atividades que se desenvolvem num perodo de tempo em que o professor e o aluno interagem, numa dinmica de ensino aprendizagem. O plano de aula deve ser preparado seguindo o seguinte esquema (vide modelo no apndice I):

    1. Dados da capacitao: Preencher os dados fundamentais para registro. 2. Objetivo geral e objetivos especficos:

    Objetivo geral: O que quero ensinar? O que os educandos devem aprender? Objetivos especficos: meios utilizados para alcanar o objetivo geral.

    3. Fases da aula: Introduo Desenvolvimento Concluso. 4. Observaes: inserir nesse campo anotaes diversas.

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    A seguir a estrutura da aula relacionada s fases da aprendizagem:

    FASES DA APRENDIZAGEM FASE DA AULA Motivao Apreenso

    Introduo

    Aquisio Reteno

    Rememorao

    Desenvolvimento

    Generalizao Concluso

    Desempenho (feedback) Aplicao

    Algumas orientaes sobre a introduo: Tenha tudo organizado: anotaes, auxlios visuais, materiais; No pea desculpas pela sua falta de conhecimento ou habilidade. Comece

    com confiana resultante de uma preparao bem feita e, Apresente os objetivos da aula.

    Quanto ao desenvolvimento: Elabore um roteiro; Destine tempo a cada um dos itens a serem trabalhados e, Mantenha e aumente o interesse do grupo. Para isso faa referncias sua

    experincia, a autores, viagens e outros que achar adequado.

    Quanto ao fechamento: Se terminar antes da hora, termine mesmo. No encha lingia; Faa uma recapitulao dos assuntos discutidos e ou apresentados e, Elabore uma sntese.

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    3.6 Apresentaes

    Uma apresentao pode ser dividida em vrias partes, ou pode seguir a regra geral de uma estrutura de trs partes. No comeo, introduz-se o tema que se quer apresentar. Este ser inserido no meio e para finalizar, faz-se um resumo do que foi apresentado. Portanto, uma apresentao tem comeo, meio e fim.

    Algumas dicas para criar sua apresentao:

    Utilize sempre o modelo padro do MDS; O texto deve ser curto e objetivo; As melhores fontes: Arial e Tahoma; O tamanho da fonte deve ser visvel, inclusive nas

    tabelas e grficos: usar sempre 26 a 32; Divida os contedos em mais de um slide; Use pouca ou nenhuma animao, e lembre-se de padronizar os efeitos; Padronizar os marcadores; Utilize apenas uma ilustrao em cada slide e, Prepare-as antes da aula e disponibilize-as sempre aos participantes por

    meio eletrnico ou impressa.

    3.7 Materiais didticos

    Materiais didticos so o suporte ao ensino e aprendizagem, por exemplo, textos de apoio, apostilas, estudos de caso, exerccios e outros.

    O material didtico deve ter linguagem adequada ao pblico, portanto prepare seu material com antecedncia buscando informaes que sejam acessveis aos seus alunos. O bom material de fcil manuseio, como apostilas encadernadas, textos, ou at mesmo um CD ROM. O material, como fator de incentivo ao estudo, tambm deve ser esteticamente agradvel, pois estimula o seu manuseio e leitura.

    O ideal que o material didtico utilizado em capacitaes possa ser consultado em outras ocasies, por isso interessante que o instrutor prepare

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    algo que possa ser levado pelos alunos, como uma cpia da apresentao em Power Point ou uma apostila, por exemplo.

    Apostila: um material mais completo sobre o contedo explanado que deve ser entregue para consultas futuras ou apoio durante a aula;

    Textos de apoio: textos complementares para ampliar a viso do aluno sobre o tema explanado. O multiplicador deve buscar os textos para leitura prvia ou disponibiliz-los ao final do curso;

    Estudos de caso: so situaes prticas do dia a dia dos participantes e um timo recurso para trabalhar com adultos;

    Exerccios: so simulaes sobre o tema trabalhado. Servem para quebrar a rotina da aula e praticar o contedo que est sendo estudado;

    Laboratrio: pode ser utilizado para praticar exerccios e estudos de caso. utilizado em situaes especficas que requeiram seu uso como navegao em sistemas, por exemplo, e,

    Vdeos: devem ser utilizados para ilustrar o assunto desenvolvido, de forma objetiva ou por meio de analogia. Devem ser preferencialmente curtos e o instrutor precisa atentar para os equipamentos necessrios e verificar se a acstica do ambiente ideal para a utilizao desse recurso.

    3.8 Dinmicas de grupo

    A dinmica de grupo um timo instrumento de trabalho utilizado em ambientes de desenvolvimento educativo. uma ferramenta de estudo de grupos e tambm um termo geral para processos de grupo. As dinmicas so simulaes ldicas da realidade, no podendo assim serem contextualizadas como brincadeiras. Independente das suas metas especficas, as dinmicas de grupo contribuem definitivamente para facilitar e aperfeioar a ao dos grupos, em virtude do seu poder de ativao dos impulsos e motivaes individuais e de estimulao tanto da dinmica interna (indivduo grupo) como da externa (grupo grupos), de forma a potencializar a integrao das foras existentes no grupo e

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    melhor direcion-las para os objetivos estabelecidos pelo instrutor para determinado contedo.

    As dinmicas devem ser utilizadas para facilitar e promover a integrao entre pessoas e a melhor assimilao do assunto. importante que o instrutor esteja seguro da tcnica que ser utilizada. O ideal praticar antes e verificar se todos os recursos didticos para a realizao da dinmica estejam previamente disponibilizados, lembrando que preciso estabelecer uma clara relao entre a dinmica e o contedo trabalhado.

    3.8.1 Tipos de dinmica Quebra gelo: tira as tenses do grupo e promove o entrosamento; Apresentao: para grupos onde as pessoas no se conhecem. Mesmo nos

    grupos onde h um entrosamento, existem dinmicas de apresentao onde os participantes podem conhecer outros aspectos de seus pares. Essa atividade deve ser rpida e de curta durao;

    Integrao: busca a coeso do grupo; Animao: para momentos de cansao, por exemplo, depois do almoo ou

    um dia inteiro de curso e, Relaxamento: para aliviar as tenses do grupo.

    A concretizao e o sucesso das dinmicas dependero no s da pessoa que as implemente (como, quando e em que circunstncias), mas tambm, e principalmente, da participao e caractersticas intrnsecas dos participantes, bem como do clima gerado no grupo durante sua aplicao.

    3.9 Recursos audiovisuais

    So instrumentos utilizados no processo de ensino aprendizagem e servem como suporte a ao do instrutor. Apresentamos a seguir alguns dos recursos audiovisuais mais utilizados. Data show: no substitui o instrutor, serve para ilustrar os pontos chave da

    aula. Antes de iniciar a instruo, ajuste o foco, prepare um telo ou local de

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    projeo adequado, cuidado com a iluminao do ambiente. O data show tem o uso similar ao do retro projetor;

    Retro projetor: utilize grficos e cores fortes, frases curtas e fonte de tamanho 32 para melhor leitura. Preparar antes a distncia em que o retro projetor deve ficar, regulando o foco;

    Flip chart: utilizar letras do mesmo tamanho e cores fortes, usando bem o espao, no escrevendo nas beiradas ou reutilizando espaos no preenchidos para novas anotaes;

    DVD: levar em considerao a acstica e o tempo disponvel. O vdeo deve ser adequado ao assunto e ao grupo de educandos e,

    Quadro branco: utilize letra legvel, cores diferentes para destacar idias. No se deve utilizar excesso de informaes ou caneta do tipo piloto. Apagar o quadro branco com lcool faz com que ele se torne poroso e ento ele perde sua funcionalidade. Deixar o quadro escrito (mesmo que com caneta prpria) faz com que a tinta seque e o quadro fique manchado.

    3.10 Avaliao

    Avaliar inerente a toda atividade humana e, portanto, a avaliao est presente em qualquer proposta de educao. Assim, avaliar no pode ser um ato mecnico, nem mecanizante, para que possa contribuir com a construo de competncias tcnicas, sociais, polticas e culturais. Nesse sentido, necessrio investigar, indagar, avaliar a todo instante o trabalho e a ao educativa. O processo avaliativo deve estar ligado ao ato de fazer uma apreciao sobre algum ou sobre alguma coisa, tendo base uma escala de valores e critrios pr-estabelecidos. Assim, a avaliao consiste na coleta de dados qualitativos e quantitativos e na interpretao desses dados com base em critrios previamente definidos (HAYDT, 2003 apud. ENAP). De maneira

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    simplificada podemos dizer que avaliar basicamente verificar o que os alunos conseguiram aprender e o que o professor conseguiu ensinar. importante ter em mente que:

    Avaliar um processo que se realiza permanentemente e em diversas instncias;

    Deve ser pensada num contexto planejamento-ao-avaliao e, Ressalta a importncia do feedback nas relaes interpessoais.

    Durante uma capacitao existem dois tipos de avaliao que podem ser realizadas:

    Avaliao de reao: permite conhecer as opinies dos alunos em relao ao curso realizado. Aborda pontos relacionados com o Desempenho do Instrutor, procedimentos instrucionais e as instalaes fsicas. Pode ser feita por meio de um questionrio e,

    Avaliao de aprendizagem: tem o objetivo de conhecer os alunos, identificar as dificuldades de aprendizagem ou para a promoo dos alunos. Pode ser feita de forma escrita (objetiva ou dissertativa), em forma de prova oral ou prtica.

    Apresentamos aqui um roteiro sobre como organizar palestras e oficinas, que so duas maneiras eficientes e didticas para trabalhar no contexto da andragogia, bem como so os recursos mais utilizados nas organizaes para disseminar o conhecimento.

    3.11 Preparando palestras

    Antes de preparar uma palestra necessrio verificar os seguintes pontos: Quem o pblico alvo? Para quem voc ir falar, qual o seu tipo de pblico? Quais so as necessidades do pblico alvo?

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    Antes de iniciar qualquer evento de capacitao interessante levantar as necessidades do seu pblico, o que eles mais desejam aprender sobre determinado assunto? Estudo detalhado do assunto a ser trabalhado Prepare cuidadosamente o assunto, pois grande parte do sucesso da sua apresentao depende da qualidade e profundidade com a qual o assunto ser abordado. Preparao prvia da apresentao A apresentao em Power Point, retro projetor ou at com cartazes deve ser preparada com pelo menos dois dias de antecedncia. sempre interessante revisar a apresentao para que no passem erros ortogrficos ou complementar alguma informao que passou despercebida. Preparao prvia do material de apoio: textos, pastas, blocos de

    anotaes, canetas. Esse ponto refere-se aos materiais que serviro aos alunos ou ouvintes da palestra. Pastas so teis para guardar a apostila ou outros tipos de materiais que sejam entregues durante o curso. Preparao do ambiente: auditrio, sala de aula O ambiente onde ser realizada a palestra precisa ser organizado para que os participantes encontrem um ambiente propcio ao aprendizado. Preparao dos equipamentos: data show, laser pointer So equipamentos que costumam prejudicar a apresentao quando no so testados com antecedncia. Procure resolver qualquer falha tcnica pelos menos algumas horas antes da palestra. Avaliao da palestra pelos ouvintes: ficha de avaliao Uma ficha de avaliao de reao fundamental para verificar quais foram os pontos fortes da sua palestra e quais pontos precisam ser melhorados para os prximos eventos.

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    3.12 Preparando oficinas

    Oficinas so atividades prticas em grupos pequenos, onde os participantes devero produzir ou analisar um conhecimento ou realizar uma atividade prtica, como um estudo de caso.

    Seleo do tema Qual ser o assunto estudado, selecionar previamente um estudo de caso ou situao problema a ser resolvida. Preparao prvia dos materiais Que materiais os participantes da oficina precisaro para resolver o estudo de caso ou situao problema? Como os grupos menores iro apresentar os resultados para o grande grupo, que materiais iro utilizar? Prepare previamente tudo para que a atividade possa acontecer dentro do tempo previsto. Preparao prvia do ambiente Uma oficina pode requerer um ambiente diferenciado de trabalho, deixe tudo organizado antes da atividade acontecer. Roteiro da oficina com as atividades do facilitador No momento da oficina, o instrutor trabalhar como um facilitador apenas. Esse momento deve ser de mais autonomia dos participantes. O facilitador deve ter em mos um roteiro de atividades que acontecero durante a oficina e qual ser a sua participao no processo. Objetivo da oficina: o que se espera alcanar dos participantes? A oficina deve ter um objetivo claro de resolver determinada situao. Tenha claro para voc e para os participantes qual esse objetivo. Avaliao da oficina Assim como acontece em qualquer evento de capacitao, a oficina tambm deve ser avaliada pelos participantes. importante conhecer a opinio daqueles que vivenciaram a situao sempre visando melhoria do evento.

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    A variedade de sugestes apresentadas nesta apostila colabora para que todos os estilos de aprendizagem sejam contemplados em um programa de capacitao. importante que o instrutor conhea as diversas maneiras de aprender e possa programar uma oficina, palestra ou aula em que todos os participantes tenham seus estilos contemplados e o processo de ensino e aprendizagem acontea de forma eficaz.

    3.13 Aula expositiva

    A aula expositiva consiste numa preleo verbal utilizada principalmente para apresentao de um contedo novo, para dar uma viso global de determinado assunto, para motivar os alunos a estudarem determinados tpicos. O aluno assume postura passiva e o papel do professor privilegiado.

    3.14 Aula dialogada

    O professor conduz a aula dando explicaes por meio do dilogo com os alunos, fazendo e respondendo perguntas. O professor prope o assunto da aula e d uma viso geral sobre ele, relacionando-o com o que vem sendo tratado. O desenvolvimento do assunto feito por meio de perguntas aos alunos, fazendo com que eles prprios cheguem s concluses antecipadas pelo professor ou a novas concluses. importante que estas perguntas sejam planejadas, num sentido geral, para que o dilogo no se perca. Os alunos tambm podem formular perguntas dentro do assunto, que sero respondidas pelo prprio professor ou pela classe. Ao final do trabalho o professor faz uma sntese do assunto com as concluses finais. Esta sntese tambm poder ser feita em conjunto com os alunos.

    3.15 Seminrio

    Um grupo de alunos investiga ou estuda intensivamente um assunto e relata os resultados, em uma sesso conjunta da classe, para discusso e crtica.

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    Tem como caracterstica bsica a participao de todos os participantes para um aprofundamento maior do contedo estudado. em uma turma grande, podem ser feitos subgrupos de alunos, que ao final do tempo estabelecido, apresentam seu estudo para a classe, abrindo-se debates que podero ser feitos aps cada apresentao e/ou ao final, para se chegar a uma sntese global do assunto.

    3.16 Estudo de texto

    Leitura analtica de um texto com o objetivo de desenvolver no aluno sua capacidade de compreenso, anlise, sntese, crtica, associao, deduo. O professor apresenta um texto, com uma anlise sucinta de contedo. Os alunos fazem uma primeira leitura individual e depois realizam um estudo em grupo, onde cada um destaca os pontos que considerou mais importantes.

    3.17 Painel simples

    1 fase: distribuem-se os participantes em subgrupos de 4 a 6 pessoas, para leitura e anlise de um texto, ou estudo de uma situao problema. Cada subgrupo analisa um aspecto ou parte de um determinado texto, ou todos analisam o mesmo texto ou situao problema. 2 fase: todos se renem em grupo aberto (grupo), onde cada subgrupo apresenta suas idias, seguindo-se o debate para as concluses do grupo.

    3.18 Estilos de Aprendizagem

    Uma boa estratgia de capacitao satisfaz a uma ampla variedade de estilos de aprendizagem. A maioria dos adultos tem um estilo preferido de aprendizagem. Seu estilo de aprendizagem a maneira pela qual voc prefere aprender. Ele simplesmente descreve como o seu crebro funciona para assimilar novas informaes.

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    Nenhum estilo de aprendizagem melhor que os demais, mas bom saber qual o seu estilo prprio, para que busque as maneiras mais eficazes de aprender.

    Alguns formatos de aprendizagem so mais compatveis com as necessidades e estilos individuais de aprendizagem e utilizando diversas estratgias de ensino ser possvel atingir um nmero maior de alunos nos programas de capacitao que voc implementar.

    Existem trs estilos de aprendizagem e estratgias prprias para cada um:

    Visual; Auditivo e, Cinestsico.

    Voc provavelmente tem uma preferncia que foi desenvolvida ao longo de sua vida e por meio de suas experincias por um desses estilos ou aprende melhor usando uma combinao de dois ou trs estilos. Embora voc utilize os trs modos para aprender, seu estilo preferido de aprendizagem determinado pelas maneiras que voc usa predominantemente para aprender e acessar informaes na memria.

    3.18.1 O aluno visual O aluno visual traduz o que ouve ou l em imagens em seu crebro. Ele

    aprende melhor quando as informaes lhes so apresentadas por meio de elementos visuais, como diagramas, ilustraes, vdeos, tabelas e textos impressos. Para recuperar as informaes na memria, os alunos visuais recorrem s imagens que armazenaram no crebro.

    O aluno visual tende a preferir o estudo solitrio em lugares quietos, necessitando de um lugar tranqilo para satisfazer suas necessidades de aprendizagem que so basicamente, aprender no seu prprio ritmo sem ser distrado por outros.

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    3.18.2 O aluno auditivo O aluno auditivo filtra as informaes recebidas usando suas habilidades de

    audio e repetio. Ele aprende melhor quando recebe as informaes no formato de linguagem oral, como palestras ou fitas em udio. Uma das caractersticas do aluno auditivo ter a tendncia de falar sobre os problemas (s vezes apenas para si prprio) como uma forma de resolv-los. Alm disso, a interao com outros especialmente proveitosa quando ele usa a linguagem verbal para apresentar suas idias para serem discutidas.

    3.18.3 O aluno cinestsico O aluno cinestsico processa e memoriza informaes melhor quando toca

    algo ou executa uma ao. Os alunos cinestsicos gostam de manipular materiais para aprender coisas novas, por isso interessante que o instrutor utilize simulaes ou aplicaes prticas dos conhecimentos estudados, proporcionando ao aluno excelentes oportunidades de praticar habilidades recm-adquiridas.

    Os alunos cinestsicos aprendem melhor por meio de atividades prticas que lhes permitam manterem-se fisicamente ativos no ambiente de aprendizagem e podem aplicar o que aprenderam.

    3.19 Concluindo

    O instrutor de capacitao o responsvel pelo desempenho do curso; A elaborao e preparao prvia so fundamentais para o sucesso da

    ao educativa; Os recursos didticos esto disposio para apoiar o trabalho e atender a

    todos os estilos de aprendizagem e, A comunicao como principal ferramenta do instrutor, deve ser

    desenvolvida com o tempo e a prtica.

  • 41

    Referncias Bibliogrficas

    BECHARA, E., , Moderna Gramtica Portuguesa, 37 ed., Editora Lucerna, Rio de Janeiro, RJ, 2000

    BERNSTEIN, Basil. A estruturao pedaggica do discurso moral. Petrpolis: Vozes, 1996.

    CATAPAN, A. Hack. O processo do trabalho escolar, In: Perspectiva, jul/dez, 1996

    CHIAVENATTO, Idalberto. Comportamento Organizacional. So Paulo: Editora Thomson, 2005.

    CRUZ, Edna Chagas - "Princpios e Critrios para o Planejamento das Atividades Didticas" in Didtica para a Escola de 1 e 2 Graus, Ed. Edibell, SP, 1972.

    ENAP Cursos, Didtica para facilitadores de aprendizagem. Apostila. Braslia, 2007.

    HAIDT, Clia C. Z. Curso de didtica geral. 7 ed. tica. So Paulo, 2003.

    INEP. Thesaurus Brasileiro da Educao (Brased). Centro de Informao e Biblioteca em Educao (Cibec). Braslia, 2008 http://www.inep.gov.br/pesquisa/thesaurus/

    LINDEMAN, Eduard C. THE MEANING OF ADULT EDUCATION. New Oork, New Republic, 1926.

    MORIN, Edgar. Os setes saberes necessrios educao do futuro. Paris: UNESCO, 1999.

    NICOLA, Ernani; PORTUGUES - De Olho no Mundo do Trabalho - Volume nico para Ensino Mdio - Edio 1- Editora Sapiane p: 30 - 32 SO PAULO- SP- 2004.

    OCONNOR, J. e SEYMOUR, J. Introduo programao neurolinguistica: como entender e influenciar pessoas. 3 Ed. So Paulo, Summus. 1995.

    POLITO, Reinaldo. Tcnicas de Apresentao e comunicao in BOOG,Gustavo G. e Magdalena T. Boog coord. Manual de Treinamento e Desenvolvimento: processos e operaes / So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.

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    Apndices

    Apndice I Modelo de plano de aula

    PLANO DE AULA

    Dados da Capacitao:

    Capacitao:

    Instrutor:

    Data da realizao:

    Fases da Aula:

    Introduo

    Contedos Procedimento Recursos Tempo

    Desenvolvimento

    Contedos Procedimento Recursos Tempo

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    Concluso

    Contedos Procedimento Recursos Tempo

    Observaes:

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    Anexos

    Coletnea de Textos de Apoio

    Tcnicas de Apresentao e Comunicao

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    IMPORTNCIA DO FEEDBACK NAS RELAES INTERPESSOAIS

    Fela Moscovici

    Feedback

    No processo de desenvolvimento da competncia interpessoal, feedback um processo de ajuda para mudanas de comportamento; comunicao a uma pessoa, ou grupo, no sentido de fornecer-lhe informaes sobre como sua atuao est afetando outras pessoas. Feedback eficaz ajuda o indivduo (ou grupo) a melhorar seu desempenho e assim alcanar seus objetivos.

    Para que o feedback seja til, essencial que:

    1. Seja especfico, ao invs de genrico

    Dizer a algum que ele est sendo dominador, provavelmente, no ser to eficaz quanto dizer quando estvamos decidindo sobre o projeto X, voc parecia no estar prestando ateno ao que os outros falavam.

    2. Descreva a situao, no a avalie

    Descrever a reao de algum, sem julgamento, aumenta a possibilidade da pessoa aproveitar ou o feedback, conforme sua percepo do fato. Assim, ela pode ouvir e sentir-se vontade para utilizar aquela informao como achar conveniente, sem reaes defensivas.

    3. Leve em considerao as necessidades de quem vai receblo

    O feedback s til quando atende s necessidades de ambas as partes envolvidas no processo.

    4. Seja dado no tempo certo

    Em geral o feedback mais til logo aps o evento observado, dependendo, claro, da disposio da pessoa para ouvi-lo e do clima emocional decorrente da situao.

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    5. Seja dirigido para os aspectos sobre os quais o receptor tenha controle

    A lembrana de alguma falha sobre a qual a pessoa no tenha qualquer controle serve, somente, para alimentar frustraes.

    6. Assegure uma comunicao clara importante solicitar do receptor a descrio do feedback com suas prprias palavras, para verificar a exatido da sua compreenso.

    RESUMO:

    O feedback deve ser, ento:

    Especfico Neutro Aplicvel Oportuno Objetivo - Claro

    Por que difcil receber feedback?

    difcil aceitar nossas ineficincias e ainda mais admiti-las para os outros, publicamente.

    A questo de confiana na outra pessoa crtica, especialmente em situaes de trabalho ou outras que podem afetar nosso status ou imagem. Podemos tambm recear o que a outra pessoa pensa a nosso respeito. Podemos sentir que nossa independncia esteja sendo violada ou que o apoio que espervamos nos esteja sendo negado.

    Quando percebemos que estamos contribuindo para manter o problema e que precisaremos mudar para resolv-lo, podemos reagir defensivamente: paramos de ouvir (desligamos), negamos a validade do feedback, agredimos o comunicador apontando-lhe tambm seus erros etc. s vezes, a resoluo de um problema pode significar descobrir e reconhecer algumas facetas de nossa personalidade que temos evitado ou desejado evitar at de pensar.

    Por que dfcil dar feedback?

    Gostamos de dar conselhos e com isso sentimo-nos competentes e importantes. Da o perigo de pensar no feedback como forma de demonstrar nossa inteligncia e habilidade, ao invs de pensar na sua utilidade para o receptor e seus objetivos. Podemos reagir somente a um aspecto do que vemos no comportamento do outro, dependendo de nossas prprias motivaes, e com isso tornamo-nos

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    parciais e avaliativos.

    Podemos temer as reaes do outro sua mgoa, sua agresso, etc., isto , que o feedback seja mal interpretado, pois, em nossa cultura, feedback ainda percebido como crtica e tem implicaes emocionais (afetivas) e sociais muito fortes, em termos de amizade (ou sua negao), status, competncia e reconhecimento social.

    Muitas vezes, a pessoa no est preparada, psicologicamente, para receber feedback ou no deseja nem sente sua necessidade. preciso atentar para estes aspectos de nula ou fraca prontido perceptiva, que constituem verdadeiros bloqueios comunicao interpessoal. Se insistirmos no feedback, a pessoa poder duvidar dos nossos motivos para tal, negar a validade dos dados, racionalizar procurando justificar-se etc.

    Como superar as dificuldades

    1) Estabelecendo uma relao de confiana recproca para diminuir as barreiras entre comunicador e receptor.

    2) Reconhecendo que o feedback um processo de exame conjunto. 3) Aprendendo a ouvir, a receber feedback sem reaes emocionais (defensivas)

    intensas. 4) Aprendendo a dar feedback de forma habilidosa, sem conotaes emocionais

    intensas.

    Todos ns precisamos de feedback tanto do positivo quanto do negativo. Necessitamos saber o que estamos fazendo inadequadamente, como tambm o que conseguimos fazer com adequao, de modo a podermos corrigir as ineficincias e mantermos os acertos.

    Os dados subjetivos referentes a sentimentos e emoes tambm so importantes no processo de feedback. Por exemplo: Quando voc fez aquilo, senti-me numa situao muito desagradvel. Isto no tem por objetivo invalidar os motivos da outra pessoa, apenas indicar como a ao repercutiu em ns. No sabemos por que agiu assim, sabemos, porm, como o seu comportamento nos fez sentir.

    Quando recebemos feedback de uma pessoa, precisamos confront-lo com reaes de outras pessoas para verificar se devemos mudar nosso comportamento de maneira geral ou somente em relao quela pessoa.

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    Feedback de grupo

    O grupo tambm tem necessidade de receber informaes sobre o seu desempenho. Ele pode precisar saber se a atmosfera defensiva, se h muita rigidez nos procedimentos, se est havendo subtilizao de pessoas e de recursos, qual o grau de confiana no lder e outras informaes sobre o seu nvel de maturidade como grupo.

    Os mesmos problemas envolvidos no feedback individual esto presentes no de grupo, em maior ou menor grau. Assim, o grupo pode receber feedback de:

    1) Membros atuando como participantes-observadores. 2) Membros selecionados para desempenhar uma funo especfica de observador para o grupo. 3) Consultores externos ou especialistas que vm para fazer observaes, valendo-se de perspectivas mais objetivas. 4) Formulrios, questionrios, folhas de reao, entrevistas.

    medida que os membros amadurecem e desenvolvem suas habilidades em dar e receber feedback individual, tornam-se, tambm, hbeis em dar feedback ao grupo como um todo, sempre que necessrio e oportuno.

    Habilidades de comunicao a serem desenvolvidas

    O desenvolvimento de competncia interpessoal exige a aquisio e o aperfeioamento de certas habilidades de comunicao para facilidade de compreenso mtua. Estas habilidades precisam ser treinadas e praticadas constantemente para maior eficincia de resultados.

    Entre as primeiras habilidades de comunicao interpessoal podem ser indicadas a parfrase, a descrio de comportamento, a verificao de percepo e a descrio de sentimentos, as quais constituem recursos valiosos para o processo de feedback til.

    1. Parfrase

    Consiste em dizer, com suas prprias palavras, aquilo que o outro disse. Voc enuncia a idia do outro com seu vocabulrio usual, d um exemplo indicando o que voc pensa a respeito ou, por qualquer outra forma, mostra ao outro o significado do que voc apreendeu do que ele disse. Uma boa parfrase , usualmente, mais especfica do que a afirmao original.

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    A habilidade de parfrase envolve ateno, escuta ativa e empatia. Uma parfrase neutra constitui um autntico feedback para o emissor da mensagem. Por exemplo: Ser isto (afirmao) a correta expresso de sua idia? Ou ento: Seria isto (fato especfico) um exemplo do que voc disse?.

    Da parfrase decorrem dois benefcios principais:

    1) Aumento de preciso da comunicao e, conseqentemente, de compreenso mtua ou compartilhada.

    2) O ato de parfrase em si transmite um sentimento: seu interesse no outro, sua preocupao em ver como ele v as coisas.

    Um exemplo tpico:

    Carlos diz: Mrio no serve para ser gerente.

    Parfrase A: Voc acha que ele no est se saindo bem no cargo? (Muito geral, vago. Se Carlos concordar, voc no saber o que ele quis dizer com no serve e ficar com a iluso de ter compreendido.)

    Parfrase B: Voc quer dizer que Mrio desonesto? (Especfico. Carlos pode responder: No, Mrio honesto, mas no planeja as coisas e esquece detalhes. Esta parfrase leva a um esclarecimento do significado da expresso no serve".)

    Pode-se tambm obter esclarecimento perguntando diretamente: Que voc quer dizer com isto? ou No entendi bem o que voc disse. Entretanto, quando voc usa parfrase, voc est mostrando sua compreenso do momento e assim possibilita ao interlocutor esclarecer especificamente a mensagem em relao compreenso que voc revelou.

    Antes de concordar ou discordar com uma afirmao, voc deve assegurar-se de que est respondendo mensagem que o outro enviou. A parfrase uma das maneiras de testar a compreenso da mensagem antes de reagir a ela.

    2. Descrio de comportamento

    Consiste em relatar as aes especficas, observveis, dos outros, sem fazer julgamentos ou generalizar seus motivos, ou traos de personalidade.

    possvel informar aos outros a que comportamento voc est reagindo por meio

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    de descrio bastante clara e especfica. importante descrever evidncias visveis, ou seja, comportamentos acessveis observao de qualquer pessoa presente. Exemplo:

    Esta a terceira vez que voc disse concordar comigo e acrescentar mas e em seguida expressar exatamente o ponto de vista oposto.

    Lus e Alfredo falaram quase o tempo todo e ns ficamos sem oportunidade, praticamente, de falar.

    A habilidade de descrever comportamento exige o relato de aes observveis sem:

    1) Colocar-lhes um julgamento de valor como certo ou errado, bom ou mau, devido ou indevido;

    2) Fazer acusaes ou generalizaes sobre os motivos, atitudes ou traos de personalidade da outra pessoa.

    Significa, enfim, evitar descrever caractersticas pessoais e intenes, ou interpretar o comportamento da outra pessoa, restringindo-se a relatar o comportamento observvel da outra pessoa. Um exemplo comparativo:

    Joo, voc est se opondo a tudo que Henrique est sugerindo hoje ao invs de Joo, voc est negativista e contrariando Henrique o tempo todo. Isto no uma descrio e sim uma acusao de motivos negativos.

    Para desenvolver a habilidade de descrever comportamento, voc ter que aprimorar sua capacidade de observao do que realmente ocorre. medida que isto for acontecendo, voc tambm poder descobrir que muitas de suas afirmaes e concluses so menos baseadas em evidncias observveis do que em seus prprios sentimentos de irritao, afeto, insegurana, cime, medo ou alegria.

    muito importante desenvolver esta habilidade se voc desejar dar feedback til. Ao mesmo tempo, constitui uma valiosa aprendizagem para compreender como voc responde a mensagens que o outro no enviou, como voc mesmo distorce os sinais, como voc comunica mensagens sem perceber e como os outros vem voc diferentemente de sua auto-imagem. O processo, como um todo, extremamente necessrio para a efetiva comunicao e o desenvolvimento de competncia interpessoal.

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    3. Verificao de percepo

    Consiste em dizer sua percepo sobre o que o outro est sentindo, a fim de verificar se voc est compreendendo tambm seus sentimentos, alm do contedo das palavras. Exemplos: Tenho a impresso de que voc se magoou com meu comentrio. verdade? Sinto que voc gostaria de mudar de assunto. correta esta sensao? Voc parece estar mais vontade agora ou apenas impresso minha?

    Por meio da habilidade de observar e relatar percepes de sentimentos, pode-se chegar a compreender melhor as outras pessoas, pois a comunicao se realiza por meio de vrios canais concomitantes cujos sinais precisam ser captados para que as mensagens tenham significado total. Alm disso, a comunicao passa a ser realmente compartilhada, com a preocupao de entender as idias, informaes e sugestes e, ao mesmo tempo, como o emissor est se sentindo ao enviar as mensagens e ao perceber como esto sendo recebidas.

    Muitas vezes, o emissor no est consciente dos sinais no-verbais que emite e que transmitem mensagens emocionais que podem facilitar, perturbar ou contradizer a mensagem verbal principal. O processo de verificar percepes passa a ser uma das formas mais teis de feedback e aprendizagem para o emissor.

    Esta habilidade constitui um dos melhores exerccios para desenvolver a capacidade de empatia, em que observao acurada, comparao com sentimentos j experimentados e autocolocao no lugar do outro se conjugam, levando compreenso mtua e maior competncia interpessoal para a vida em comum.

    4. Descrio de sentimentos

    Consiste em identificar ou especificar sentimentos verbalmente, seja por meio do nome do sentimento, de figuras de linguagem ou de impulso de ao.

    Alguns exemplos:

    1) Eu me sinto constrangido. Eu gosto muito de voc. (identificao de sentimentos pelo seu nome)

    2) Sinto vontade de abraar todo mundo. (impulso de ao)

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    3) Sinto-me um pssaro aprisionado. (figura de linguagem) 4) Derreto-me ao olhar seus olhos. (figura de linguagem)

    Verificao de percepo e discrio de sentimentos so habilidades de comunicao ajudam os outros a compreend-lo como pessoa, pois voc lhes transmite aquilo que fazem em termos do que afetam a voc, pessoalmente ou como membro de um grupo e, principalmente, revela aos outros de forma to clara e espontnea, possvel, aquilo que voc sente.

    Em resumo, as principais habilidades de comunicao so:

    PARAFRASE

    Repetio do que o outro disse

    DESCRIO DE COMPORTAMENTO

    Relato de aes especficas, observveis

    VERIFICAO DE PERCEPO

    Relato da percepo sobre os sentimentos do outro

    DESCRIO DE SENTIMENTOS

    Identificao ou especificao verbal de sentimentos

    Texto extrado do livro Desenvolvimento interpessoal: Treinamento em Grupo, Fela Moscovici, Rio de Janeiro, Jos Olympio Ed., 1995.

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    Dicas para driblar o medo de falar

    1) Saiba exatamente o que vai dizer no incio, quase palavra por palavra, pois neste momento estar ocorrendo maior liberao da adrenalina.

    2) Leve sempre um roteiro escrito com os principais passos de apresentao, mesmo que no precise dele. s para dar mais segurana.

    3) Se tiver que ler algum discurso ou mensagem, imprima o texto em um carto grosso ou cole a folha de papel numa cartolina, assim, se as suas mos tremerem um pouco o pblico no perceber e voc ficar mais tranqilo.

    4) Ao chegar diante do pblico no tenha pressa para comear. Respire o mais tranqilo que puder, acerte devagar a altura do microfone (sem demonstrar que age assim de propsito), olhe para todos os lados da platia e comece a falar mais lentamente e com volume de voz mais baixo. Assim, no demonstrar a instabilidade emocional para o pblico.

    5) No incio, quando o desconforto de ficar na frente do pblico maior, se houver uma mesa diretora, cumprimente cada um dos componentes com calma. Desta forma, ganhar tempo para superar os momentos iniciais to difceis. Se entre os componentes da mesa estiver um conhecido aproveite tambm para fazer algum comentrio pessoal.

    6) Antes de falar, quando j estiver no ambiente, no fique pensando no que vai dizer, preste ateno no que as outras pessoas esto fazendo e tente se distrair um pouco.

    7) Antes da apresentao evite conversar com pessoas que o aborream, prefira falar com gente mais simptica.

    8) Antes de fazer sua apresentao, rena os colegas de trabalho ou pessoas prximas e treine vrias vezes. Lembre-se de exercitar respostas para possveis perguntas ou objees, com este cuidado no se surpreender diante do pblico.

    9) Se der o branco, no se desespere. Repita a ltima frase para tentar lembrar a seqncia. Se este recurso falhar, diga aos ouvintes que mais a frente voltar ao assunto. Se ainda assim no se lembrar, provavelmente ningum ir cobrar por isso.

    10) Todas essas recomendaes ajudam no momento de falar, mas nada substitui uma consistente preparao. Use sempre todo o tempo de que dispe.

    Fonte: http://www.polito.com.br/portugues/dicas.php?id_nivel=15&id_nivel2=132

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    Dicas para falar melhor

    1) Seja voc mesmo. Nenhuma tcnica mais importante que a sua naturalidade.

    2) Pronuncie bem as palavras - sem exagero.

    3) Fale com boa intensidade - nem alto nem baixo demais - sempre de acordo com o ambiente.

    4) Fale com boa velocidade - nem rpido nem lento demais.

    5) Fale com bom ritmo, alternando a altura e a velocidade da fala para manter aceso o interesse dos ouvintes.

    6) Tenha um vocabulrio adequado ao pblico.

    7) Cuide da gramtica, pois um erro nessa rea poder comprometer a apresentao.

    8) Tenha postura fsica correta.

    9) D sua fala incio, meio e fim.

    10) Fale com emoo - demonstre interesse e envolvimento pelo assunto.

    Fonte: http://www.polito.com.br/portugues/dicas.php?id_nivel=15&id_nivel2=134 em 16/6/08

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    Dez regras bsicas para uma boa apresentao

    1. Coloque um ttulo

    O ttulo do slide auxilia o ouvinte a identificar imediatamente as informaes que ir observar. Um bom ttulo deve ser simples, de poucas palavras e muito esclarecedor. Normalmente o ttulo deve ser colocado na parte superior do slide.

    2. Faa legendas

    Colunas coloridas e linhas horizontais sero apenas colunas coloridas e linhas horizontais se no forem identificadas por legendas. Facilite a visualizao das legendas arredondando os nmeros. Prefira, por exemplo, colocar que a populao de 15 milhes de habitantes, em vez de escrever 15.001.600, a no ser que esses 1.600 habitantes sejam muito importantes para a informao - o que pouco provvel.

    3. Escreva com letras legveis

    Alguns slides so produzidos com letras to pequenas que s quem est nas primeiras fileiras consegue ler. Os demais ficam sem entender do que se trata e, por isso, podem perder o interesse pela exposio. Escolha letras grandes, com tamanho suficiente para serem lidas por todas as pessoas da sala.

    4. Limite a quantidade de tamanho das letras

    Voc conseguir melhor uniformidade se usar o mximo de trs tamanhos de letra por visual. Com um nmero reduzido de tamanho, as letras podero ser lidas mais rapidamente.

    5. Componha frases curtas

    Cada frase deve representar em essncia uma idia completa, com o menor nmero de palavras possvel. De maneira geral, seis ou sete palavras so suficientes.

    6. Use poucas linhas

    Como idia de grandeza, se o slide for elaborado no sentido horizontal, procure usar seis ou sete linhas. Se for no sentido vertical, poder chegar a oito ou nove linhas.

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    7. Use cores

    Use, mas no abuse. Com a facilidade proporcionada pelos atuais programas de computadores, algumas pessoas fazem de seus slides verdadeiros mostrurios de cores e pecam pelo excesso. Use cores contrastantes para destacar bem as informaes e, a no ser que seja muito necessrio usar um nmero maior, estabelea um limite de trs a quatro cores por apresentao.

    8. Use apenas uma idia em cada slide

    Identifique a idia central da mensagem e restrinja-se a ela no slide.

    9. Utilize apenas uma ilustrao em cada slide

    A ilustrao pode ajudar a tornar clara a mensagem, facilitando a compreenso dos ouvintes. Uma nica ilustrao suficiente. Se precisar, complemente o slide com setas e flechas que orientem o sentido em que a informao deve ser lida - horizontal, vertical, de cima para baixo, de baixo para cima, etc.

    10. Retire tudo o que prejudicar a compreenso da mensagem

    Retire todas as informaes desnecessrias, como nmeros, grficos, legendas que possam distrair a concentrao ou dificultar o entendimento do ouvinte. S deixe no slide os dados que facilitem a compreenso da mensagem.

    Fonte: Livro Recursos audiovisuais nas apresentaes de sucesso de Reinaldo Polito

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    Pecados capitais da linguagem oral

    1) Exemplo: 'Haja visto o progresso da cincia...' Explicao: a forma 'haja visto' no se aplica a este caso. O correto 'haja vista', e no varia. 'Rubens Barrichello poder ser campeo, haja vista o progresso que tem feito com o novo carro'.

    2) Exemplo: 'Para mim no errar...' Explicao: 'mim' no pode ser sujeito, apenas complemento verbal ('Ele trouxe a roupa para mim'). Tambm pode completar o sentido de adjetivos: 'Fica difcil para mim...'

    3) Exemplo: 'Vou estar enviando o fax...' Explicao: embora no seja gramaticalmente incorreto, o gerndio uma praga. feio e desnecessrio. Melho